Centro de Diabetes e Endocrinologia da Bahia Publicação do Centro de Diabetes e Endocrinologia da Bahia - Cedeba | ano 4 - nº 14 - Fevereiro e Março de 2013 Mensagem da Direção Novos avanços, novas responsabilidades! C omeçamos 2013 avançando no atendimento dos pacientes diabéticos, assumindo a responsabilidade pela dispensação, no âmbito estadual, dos análogos de insulina, em cumprimento à portaria 1603, assinada no dia 14 de novembro de 2012, pelo excelentíssimo senhor secretário, Dr. Jorge Solla, no Dia Mundial do Diabetes. A portaria instituiu o protocolo técnico para a dispensação de análogos de insulina de ação basal e ultra-rápida, medicamentos de alto custo indicados para pacientes que têm dificuldade para manter a glicemia sob controle com o uso de insulina comum. O protocolo técnico que deu origem à portaria é muito importante por possibilitar ao SUS a incorporação de novas tecnologias, além de representar ganho importante para o controle do diabetes. Mas os análogos da insulina exigem uso racional e por isso, terão o controle técnico de profissionais do Cedeba e da diretoria de Assistência Farmacêutica, da Secretaria da Saúde do Estado. A nova responsabilidade do Cedeba, de acordo com as estimativas iniciais, significará o atendimento de 12 mil pacientes. Atualmente, a dispensação já atende mais de oito mil pacientes, entre medicamentos da farmácia básica e de alto custo. O trabalho interno crescerá significativamente, porque a dispensação de análogos de insulina obedece a critérios definidos em protocolo, daí a necessidade de os pedidos serem analisados pela comissão médica. A preocupação com a qualidade do atendimento aos nossos pacientes nos levou a investir na infra–estrutura das nossas instalações, para atender a nova demanda que será criada com a dispensação de análogos de insulina, com a implantação da Central de Distribuição de Análogos de Insulina (CEDAI). Entendemos que a dispensação de análogos de insulina é um importante avanço no tratamento dos pacientes que não respondem ao tratamento com insulina humana e por isso apresentam, dentre outros problemas, episódios frequentes de hipoglicemia. Os análogos são muito importantes, mas para o seu uso, o paciente terá que manter o diabetes sob controle, que será avaliado com o exame de hemoglobina glicada. Os pacientes também terão que contar com um plano alimentar. Apesar desse avanço, continuaremos investindo na educação em diabetes, caminho essencial para o paciente manter o diabetes sob controle, evitando as complicações associadas à doença e garantindo melhor qualidade de vida. O Servidora destaca a importância da experiência profissional no Cedeba s filhos aprovados em concurso público, morando em Brasília, estimularam a servidora Jurgleide Madeiros Bastos, 57 anos, a buscar a aposentadoria. Foram 32 anos de serviço público, mas a assistente social graduada em Serviço Social em 1979, conta que os últimos sete anos trabalhando no Cedeba foram muito importantes porque “pude fazer um trabalho que me permitiu maior aproximação com o público, exatamente a experiência que eu sonhei ter”. Jurgleide começou no serviço público estadual na Secretaria do Trabalho, mas o trabalho de natureza burocrática a inquietava. “Queria me realizar com atividades que me possibilitassem atuar mais perto do cidadão, mais no social. O sonho se tornou realidade no Cedeba, onde a servidora atuou no Programa Especial de Medicamentos de Alto Custo. Até a transferência, a assistente social não conhecia o trabalho do CEDEBA. A experiência no Cedeba foi tão positiva que Jurgleide, mesmo tendo tempo de serviço para a aposentadoria, avalia que só deixou o serviço público por necessidade de morar em Brasília, porque o marido foi transferido para a Capital Federal. Em seguida, os filhos também foram para lá. Na avaliação de Jurgleide, o Cedeba é um lugar ótimo para se trabalhar. “Tive a oportunidade de dar minha contribuição lá, exatamente próximo da aposentadoria, porque ao completar 50 anos, eu queria fazer o que sempre gostei”. Jurgleide sente saudade do Cedeba, das atividades que desenvolvia com o público do Sistema Único de Saúde, mas está muito feliz na nova vida, porque a rica experiência de ser avó lhe exige muita atenção e dedicação. E d u c a ç ã o : chave que abre o caminho para o controle do diabetes O diabetes é a doença crônica que exige mais conhecimento do paciente, daí a importância do tripé: educação, atividade física e aplicação correta do medicamento. Portanto, o profissional que cuida do paciente diabético tem que atuar como conselheiro e educador. A análise foi feita pela coordenadora de Apoio à Rede do Cedeba, Júlia Coutinho, ao abrir a sessão de atualização em Diabetes do mês de março, no auditório do CAS. Na sessão, foram apresentados a experiência "Doce Conviver: Conquistas e Desafios" e a implantação do Programa para Dispensação de Análogo de Insulina do Estado da Bahia. A importância da educação do paciente foi ressaltada, sinalizando que se um paciente diabético consome uma melancia inteira, nem o análogo de insulina vai resolver. Sem educação, sem conhecimento, é muito difícil o controle do diabetes, pontuou Júlia Coutinho. METODOLOGIA PARTICIPATIVA No Cedeba, a educação do paciente diabético é focada na metodologia participativa, respeitando as experiências, as crenças e o conhecimento do paciente, que se enriquece com as discussões em grupo. A experiência com "Doce Conviver", que nasceu com o projeto piloto da Comissão de Educação do Cedeba, em 2004, vem atestando a importância da participação do paciente nos grupos para a mudança de hábitos. A assistente social Conceição Barreto, à frente do grupo “Doce Conviver” com a enfermeira Ana Cláudia Perrota, explicou que os pacientes com Diabetes Mellitus tipo 2 participam de cinco oficinas quinzenais durante dois meses, em grupos de 15 pacientes, e uma de retroalimentação, aos três meses. Eles aprendem fazendo, porque a metodologia aplicada utiliza a problematização para reflexão da realidade, fazendo a inclusão de saberes prévios e a interação dos saberes. O ingresso no grupo Doce Conviver é precedido pelo atendimento individual, quando o paciente é avaliado sobre condições de saúde, feita a identificação das suas crenças sociais. O primeiro trabalho é para estabelecer um clima de confiança. No grupo, o paciente discute os problemas e partilha o seu saber; interage. A partir daí, os facilitadores sistematizam o conhecimento com as experiências nas oficinas. Numa oficina de modelagem, por exemplo, os pacientes revelam através da construção de bonecos o grande medo da amputação. As figuras modeladas estão em cadeira de rodas ou cama, amputados. A partir dessa construção, os facilitadores mostram por que acontece a amputação nos diabéticos. A enfermeira Ana Cláudia Perrota, que atua no “Doce Conviver”, acredita que “não se trata de um grupo onde apenas passamos conhecimentos, pois fazemos a troca de experiências, o que é muito importante.” A sessão também teve apresentação sobre a implantação do Programa para Dispensação de Análogos de Insulina no Estado da Bahia e o fluxo de encaminhamento para a abertura de processos. O tema foi apresentado pela coordenadora de Farmácia do Cedeba, Jamile Neves. A dispensação de análogos de insulina será feita pelo Cedeba, que já faz distribuição de medicamentos da farmácia básica e de medicações de alto custo. Para atender a nova demanda, houve necessidade de implantar a Central de Distribuição de Análogos de Insulina (CEDAI). Os participantes contaram com ampla apresentação sobre o fluxo de encaminhamento para abertura de processos para solicitação de análogos de insulina e receberam materiais informativos. 02 Centro de Diabetes e Endocrinologia da Bahia Almoço em família, hábito importante que está sendo deixado de lado "A gente não quer só comida/a gente quer comida diversão e arte/A gente não quer só comida/A gente quer saída para qualquer parte". A música "Comida", dos Titãs, marcou o encerramento da apresentação "Aspectos Simbólicos da Alimentação", da coordenadora de Planejamento do Cedeba, a endocrinologista Odelisa Matos, que despertou grande interesse nos participantes do Grupo de Reflexão sobre Obesidade. A palestrante mostrou que o alimento é a coisa mais essencial na nossa vida. Alimenta-se o corpo, a alma e o espírito. Envolve muitos aspectos simbólicos, como os culturais e religiosos cada povo tem sua cultura alimentar. Uma palavra que arrepia - destacou - é a dieta, porque exige mudanças de hábitos de alimentação que estão sedimentados em valores culturais. Uma solução é tentar adequar a preparação dos alimentos tornando-os mais saudáveis. A saúde - explicou - passa pelo prazer do alimento e o bem-estar, cabendo a cada um fazer escolhas, diante da grande oferta de alimentos oferecidos pela indústria. Além do crescente consumo de alimentos industrializados, a população também está deixando de lado hábitos importantes como o momento da refeição com a família em torno da mesa. Mesmo nos finais semana, quando há maior possibilidade dessa integração, muitas famílias preferem os restaurantes à comida feita em casa, com carinho. A partilha do alimento com o momento da família reunida é muito importante, segundo Odelisa Matos. É o momento em que também são partilhadas informações, desejos, sonhos. E isso resumiu - é muito importante para o relacionamento familiar saudável. Realidade da saúde em Moçambique Lanches nos fast - foods: concorrência desleal com alimentos saudáveis Exposição aof osol adequados i aem p r horários esentad a n o C e dé e b a importante para a produção de vitamina D H ábitos alimentares errados na infância são a principal causa da obesidade. Se não for tratada, a N o ritmo da vida moderna, as pessoas, em sua maioria, saem de casa cedo, pegam o carro em direção ao trabalho e voltam para casa à noite, deixando de aproveitar os benefícios da luz solar. A exposição de meia hora ao sol nas primeiras horas da manhã (até as 10) e, à tarde, depois das 15 horas, é muito importante, uma vez que a vitamina D, que participa da formação e estabilização óssea, juntamente com o cálcio, é produzida pela pele, a partir da luz solar. A produção de vitamina D também se dá com a ingestão de alimentos verdes folhosos, principalmente couve e brócolis, e alimentos de origem animal (sardinha, leite, ovos, queijos) ."Vitamina D - Endocrine Society Guideline" foi o tema da sessão clínica de março, no Centro de Diabetes e Endocrinologia da Bahia (Cedeba). A exposição do tema, seguida de prolongado debate, foi feita pela médica, Ludmila Chaves Fonseca. Ela apontou como causas que levam à deficiência da vitamina D: pouco sol, a obesidade (o excesso de tecido adiposo seqüestra as vitaminas lipossolúveis, grupo onde se inclui a vitamina D) e alguns medicamentos (anticonvulsivantes, antiácidos dentre outros). A deficiência de vitamina D produz anormalidade no metabolismo do cálcio e fósforo. As manifestações mais conhecidas da deficiência de vitamina D, segundo a médica Ludmila Chaves Fonseca, são o raquitismo (nas crianças) e a osteomalácia (nos adultos), ambas caracterizadas pela perda de mineral a partir dos ossos, resultando em deformidades do esqueleto. No grupo de pacientes de risco para deficiência de vitamina D estão os obesos e os que apresentam osteoporose. Nos idosos, a absorção do sol pela pele diminui. Também é menor a exposição ao sol, em função da rotina. É quando aumenta o risco de quedas e fraturas, daí ser recomendada a suplementação de vitamina D para a prevenção de quedas. A suplementação de vitamina D deve ser feita nos grupos de risco: idosos, gestantes, pacientes submetidos à cirurgia bariátrica. Mas, segundo ficou evidenciado na exposição e ratificado durante os debates, a reposição de vitamina D precisa ser feita de forma criteriosa, com o acompanhamento do médico. Fevereiro A n i v e r s á r i o s Março EXPEDIENTE Foto: Leonardo Nicolau doença se agrava na adolescência e na idade adulta. A observação é da nutricionista do Setor de Pediatria do Cedeba, Isis Theodoro, ao analisar projetos de lei aprovados no final de 2012, pela Assembléia de São Paulo, com o objetivo de combater a obesidade infantil, mal que atinge 30% das crianças e pode ser considerado como epidemia no Brasil. Um dos projetos proíbe a comercialização de lanches com brindes. A criança, segundo a análise da nutricionista, é muito vulnerável aos estímulos. Mas o problema – observa- é que esse tipo de consumo vai doutrinando a criança para o consumo de alimentos que não são saudáveis. Algumas lanchonetes já estão percebendo o equívoco e passando a vender apenas o brinquedo, dissociado do lanche. O segundo projeto restringe a publicidade de alimentos não - saudáveis direcionada a crianças. Para Isis Theodoro, mudanças na legislação são bem-vindas, mas o caminho mais importante para práticas saudáveis de alimentação deve começar na família e continuar na escola, além do papel dos meios de comunicação. O problema dos alimentos associados aos brindes, comercializados nos fast-foods, é a concorrência desleal com os alimentos saudáveis, por serem ricos em gordura, sal e açúcar, que contribuem para mudanças no paladar e para acelerar a obesidade. No Cedeba, no Setor de Pediatria, os adolescentes são maioria, reflexo principalmente dos hábitos alimentares errados na infância. Se a obesidade não for cuidada, começam as dificuldades para a prática de atividades físicas, importantes para o tratamento. E se o problema não for encarado na adolescência, abre portas para doenças crônicas e degenerativas na idade adulta. O tratamento da obesidade na adolescência, fase do desenvolvimento marcada pela rebeldia e contestação, exige muita habilidade. “Temos que ganhar a confiança do paciente para a adesão ao tratamento”, justifica Isis Theodoro. No Cedeba, o trabalho é multidisciplinar, e os adolescentes participam de grupos com suporte psicológico para a discussão do problema. Muito importante, segundo a nutricionista do Cedeba, é a prevenção da obesidade. O exemplo da família é fundamental. A educação deve começar em casa com uma alimentação saudável, a partir do exemplo dos pais, porque a criança aprende imitando os adultos. A escola também deve estimular práticas de alimentação saudável. Na realidade, porém, observa a nutricionista, as cantinas oferecem alimentos calóricos (salgadinhos industrializados, salgados fritos, refrigerantes), contribuindo para aumentar os casos de obesidade. Governador do Estado Jaques Wagner Secretário da Saúde do Estado Jorge José Santos Pereira Solla Superintendente de Atenção Integral à Saúde Gisélia Santana Diretor de Gestão da Rede Própria José Walter Santos Júnior Diretora do Cedeba Reine Marie Chaves Fonseca Jornalistas responsáveis Ângela Guimarães(MTB 696) e Ana Vieira (MTB 694) Diagramação Leonardo Soares | Tiago Silva