a visão holística do enfermeiro frente a um paciente

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Trabalho 1097 - 1/3
A VISÃO HOLÍSTICA DO ENFERMEIRO FRENTE A UM PACIENTE
PORTADOR DA DOENÇA DE GAUCHER
Pontes, Ana Rosa Botelho1
Souza, Joice Reis2
Chaves, Miriam de O3
Teixeira, Mirian R. F.4
INTRODUÇÃO: A visão holística do enfermeiro frente a um paciente portador da
Doença de Gaucher justifica-se pela importância da atuação da enfermagem de
maneira a atender às necessidades bio-psico-sociais e espirituais do paciente que
possam interferir no tratamento de uma doença. Sabe-se que atualmente, estudos
demonstram que o cuidado ao paciente deve ser completo, e isto implica em uma
abordagem cultural e espiritual tanto do paciente quanto de seus familiares.
Segundo Wanda de Aguiar Horta, a interação enfermeiro-paciente depende deste
conjunto sistemático perceptual nos dois indivíduos. Em cada situação particular
de anormalidade, o indivíduo deve ajustar-se ao novo ambiente, e em face de
muitas novas experiências, cuja capacidade está intimamente relacionada às
informações que recebe. Segundo a teoria holística, a enfermagem sempre se
caracterizou por seu objetivo intensamente humanístico. Assim, também cita
Brunner e Suddarth que esse modelo se ajusta à filosofia que procura equilibrar e
integrar o uso da medicina de alta complexidade e a tecnologia avançada com a
influência da mente e do espírito sobre a cura. Uma conduta holística para a
saúde volta a unir as condutas tradicionalmente distintas à mente e ao corpo. Os
fatores como ambiente físico, condições econômicas, questões socioculturais,
estado emocional, relações interpessoais e sistemas de apoio podem trabalhar,
em conjunto ou isoladamente, para influenciar a saúde. As conexões entre a
saúde física, saúde emocional e bem-estar espiritual devem ser compreendidas e
consideradas quando se fornecem os cuidados de saúde. É a integração
conceitual, feito pela enfermagem, da condição de saúde fisiológica com os
contextos emocional e social, juntamente com as tarefas e desenvolvimentos do
estágio de vida do paciente, que possibilita o desenvolvimento de um plano
holístico de cuidados de enfermagem. A Doença de Gaucher, descrita pela
primeira vez em 1882 pelo médico francês Phillippe Gaucher, tem origem
genética, progressiva, e recebe esse nome devido ao acúmulo de restos de
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células envelhecidas depositadas nos lisossomos. É a mais comum das
glicoesfingolipidoses e a primeira a ter tratamento específico através da reposição
enzimática. É uma doença que compromete o metabolismo lipídico resultando em
acúmulo de glucocerebrosídeo nos macrófagos. Essa nosologia tem como
característica a deficiência de uma enzima e apresenta três formas clínicas, quais
sejam: 1) tipo 1 ou forma não neuropática, no adulto é a mais freqüente e
manifesta-se por hepatoesplenomegalia, manifestações hematológicas e graus
variados de envolvimento ósseo; 2) tipo 2 ou forma neuropática aguda é a forma
infantil neuronopática e está associada com hepatoesplenomegalia, alterações
neurológicas graves e morte, usualmente nos primeiros dois anos de vida e 3) tipo
3 ou forma neuropática subaguda, ocorre em qualquer fase da infância e combina
aspectos das duas formas anteriores com leve disfunção neurológica lentamente
progressiva (Trindade et al, 2003). OBJETIVOS: Este estudo pretende descrever
as características clínicas da Doença de Gaucher, avaliar a resposta à terapia de
reposição enzimática (TRE) no paciente acometido por essa doença e verificar a
influência da educação em saúde na adesão do tratamento. METODOLOGIA:
Trata-se de um relato de experiência, do tipo descritivo, realizado em um hospital
público pediátrico, em Belém do Pará, no período de abril a junho de 2009. O
sujeito da pesquisa é uma criança de 02 anos, do sexo feminino, portadora de
Doença de Gaucher. Utilizaram-se como instrumentos: entrevista com a genitora,
histórico e exame físico do paciente e coleta de dados do prontuário. As questões
éticas foram respeitadas, conforme as recomendações contidas na resolução
196/96, do Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde. RESULTADOS:
Durante a internação da menor na pediatria do hospital observou-se que as
manifestações clínicas mais evidentes foram: hepatoesplenomegalia; desnutrição
grave,
fraqueza
generalizada,
alterações
hematológicas
como
anemia,
trombocitopenia e mais raramente leucopenia; lesões ósseas e comprometimento
do sistema nervoso central, estando essa sintomatologia de acordo com a
descrita na literatura estudada. Com relação ao tratamento, a criança realizava a
reposição enzimática, por meio da imiglucerase que é a forma modificada por
técnica de DNA-recombinante da glicocerebrosidase, cuja reposição produz
melhora clínica da doença e considerada essencial na elevação da qualidade de
vida dos portadores dessa doença, o que foi comprovado após um mês de
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tratamento. Observou-se ainda que à medida que transcorria a terapia aumentava
ainda mais a ansiedade e o medo dos familiares relacionado ao estigma da morte,
caracterizado pela carência de conhecimento sobre a doença e seu tratamento,
aliada à dificuldade de adaptação ao ambiente hospitalar e às situações adversas,
sendo de grande valia a percepção do enfermeiro quanto a esses problemas, os
quais foram corrigidos a partir da educação em saúde. Assim, pode-se perceber
que a influência de uma orientação adequada aos familiares é papel fundamental
para o bom andamento da terapia, visto que se almeja alcançar o bem-estar
físico, mental e social tanto do paciente
quanto de seus familiares.
CONCLUSÃO: a assistência a um paciente portador da Doença de Gaucher deve
ser executada de forma holística, ou seja, uma assistência baseada no cuidado e
na orientação, levando este paciente a alcançar um prognóstico satisfatório.
Neste estudo foi observado um bom prognóstico tendo em vista que a paciente
superou o tratamento com eficácia, recebendo alta hospitalar e prosseguindo com
a terapia no serviço ambulatorial, uma vez por semana. BIBLIOGRAFIA: 1.
BRUNNER; SUDDARTH. Tratado de enfermagem médico-cirúrgica. 10ºed. Vol
1. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. 2. TRINDADE, L. P., SILVA, Helena,
CABRERA, Heidy. Serviço de Medicina Interna. Hospital de Sousa Martins. Viseu,
2003. 3. Caso clínico Doença de Gaucher. Acta Med Port 2007. Disponível em:
http://www.doencadegaucher.com.br/pacientes/index.aspx acesso em 25/04/09 as
14h. 4. HORTA, Wanda de Aguiar. Processo de enfermagem. São Paulo: EPU,
1979.
Palavras – chaves: Doença de Gaucher; Enfermagem; Educação em Saúde.
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Enfermeira, mestre, docente, Universidade Federal do Pará
Graduandas do 6º semestre do curso de enfermagem, Universidade Federal do
Pará.
4
Graduanda do 6º semestre do curso de enfermagem, Universidade Federal do
Pará. Email: [email protected]
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