DIFERENTES MANEJOS DE PODAS EM PEPINO `NAGAI JAPONÊS´ João Gabriel Prandini (PIBIC/Fundação Araucária – [email protected]), Bárbara Saque Marquez, Larissa Vinis Correia, Hatiro Tashima (Co-orientador), Elisete Aparecida Fernandes Osipi (Orientadora), e-mail: [email protected] Universidade Estadual do Norte do Paraná/CampusLuiz Meneghel. Ciências Agrárias - Fitotecnia Palavras-chave: Cucumis sativus, poda, arejamento. Resumo: A poda no pepineiro (Cucumis sativus) pode ser vantajosa por promover e acelerar o desenvolvimento de hastes laterais, onde se localizam a maioria das flores femininas. Considerando que os efeitos da poda variam de acordo com a cultivar, arquitetura da planta, tipo e manejo de poda e também a falta de informações, nesse aspecto, para a cultivar em questão, o presente trabalho teve como objetivo avaliar diferentes tipos de manejos de poda, no cultivo tutorado e ao ar livre, da cultivar de pepino `Nagai japonês´. O trabalho foi conduzido na horta da Universidade Estadual do Norte do Paraná – UENP, na cidade de Bandeirantes – PR. O delineamento experimental foi em blocos casualizados com 6 tratamentos e 4 repetições totalizando 24 parcelas de 3m2 cada, compostas por 10 plantas. Os tratamentos consistiram em: T1: Testemunha: Crescimento normal, sem a realização de podas; T2: Deixar hastes laterais somente 2° e 7° nó, com poda apical no 8° nó; T3: Deixar hastes laterais somente 2° e 7° nó, sem poda apical; T4: Podar hastes laterais alternadamente, sem poda apical; T5: Podar hastes laterais alternadamente com poda apical à 1,5m; T6: Crescimento normal com poda apical a 1,5m. A colheita de frutos foi realizada duas vezes por semana, sendo avaliados diâmetro, comprimento, massa e o número de frutos comerciais (aproximadamente 25 cm de comprimento e retilíneos), assim como, número total de frutos. Não houve influência dos diferentes manejos de poda nas características avaliadas. Novos estudos devem ser realizados para melhor investigar o comportamento do pepineiro submetido à essas técnicas. Introdução O pepino (Cucumis sativus) por ser muito apreciado e consumido em todo o Brasil, tem tido um crescimento importante na comercialização de hortaliças (PEREIRA, et al., 2003). Encontra-se entre as hortaliças de frutos com maior interesse comercial no país, sendo muito consumido nas formas in natura, curtido em salmoura ou vinagre na forma de picles (FONTES e PUIATTI, 2005; FILGUEIRA, 2008). No país, o pepino apresenta uma produção de 215.177 toneladas, cerca de 4,4% da produção nacional de hortaliças (IBGE, 2006). A arquitetura das plantas depende de correlações de crescimento entre suas várias partes, sendo que o crescimento de ramos laterais está geralmente, sob controle do ápice vegetativo. Deste modo, tanto o grau de ramificação quanto o estímulo do crescimento lateral e desenvolvimento do ramo principal, parecem ser função da dominância apical (TAIZ e ZEIGER, 2004). Pereira et al. (2003) também cita que a poda nas hastes principais do ápice da planta promove uma aceleração no crescimento das hastes laterais, devido a auxina. A poda vem sendo cada vez mais utilizada para aumentar a produção e a qualidade dos frutos em certas hortaliças, como é o caso da abobrinha, influenciando em seu crescimento, arquitetura e nos processos fisiológicos da planta. (PEREIRA, et al., 2003). Martins et al., (1994) diz que a poda melhora o arejamento, favorece a formação de flores femininas nesses ramos, facilita as pulverizações e aumenta a precocidade do fruto. A elevada porcentagem de nós com emissão de hastes laterais é uma característica favorável na produção de pepino, sendo que a maioria das flores femininas se localiza nessas hastes (RAMALHO, 1973). Os frutos de pepineiro tem relação direta com o compartimento vegetativo da planta, que é responsável pela produção de assimilados. Quando se atinge a produção potencial de assimilados na planta inteira e em seguida é alocado aos frutos, obtém-se a máxima produção na planta e uma das formas de se atingir melhor essa relação é através da poda. (SCHVAMBACH et al., 2002). O presente trabalho teve como objetivo avaliar o comportamento do pepineiro `Nagai Japonês´ tutorado e cultivado ao ar livre, sob diferentes manejos de poda das hastes. Material e métodos O experimento foi realizado em condições de campo, na horta da Universidade Estadual Norte do Paraná – UENP, Campus Luiz Meneghel no município de Bandeirantes – PR, localizado sob a latitude sul 23° 06’ e longitude oeste 50° 21’, altitude de 400m, em solo classificado como Latossolo Vermelho Eutroférrico Típico (Embrapa, 2006) e clima subtropical úmido, segundo a classificação de Koppen. Foi utilizada a cultivar de pepino `Nagai japonês´ cuja semeadura foi realizada em 20/01/2015, direta nas covas, em espaçamento de 0,5 X 1,0m, ocorrendo a condução no decorrer do primeiro semestre de 2015. As plantas foram conduzidas verticalmente, tutoradas com bambu e submetidas aos manejos de poda, de acordo com os tratamentos a seguir: T1: Testemunha: Crescimento normal, sem a realização de podas; T2: Deixar hastes laterais somente 2° e 7° nó, com poda apical no 8° nó; T3: Deixar hastes laterais somente 2° e 7° nó, sem poda apical; T4: Podar hastes laterais alternadamente, sem poda apical; T5: Podar hastes laterais alternadamente com poda apical à 1,5m; T6: Crescimento normal com poda apical a 1,5m. O delineamento estatístico foi em blocos casualizados com seis tratamentos e quatro repetições, resultando um total de 24 parcelas de 3m2 cada, compostas por 10 plantas/parcela. Os tratos culturais consistiram em controle manual de plantas daninhas, controle químico de pragas e moléstias e irrigação por mangueira de gotejamento. As adubações foram efetuadas de acordo com resultados da análise de solo e conforme recomendações para a cultura do pepino, (ABCSEM, 2011). A partir de 25 de fevereiro de 2015 foi iniciada a colheita e frutos com aproximadamente 25 cm de comprimento foram colhidos duas vezes por semana, sendo avaliados a massa, o diâmetro e o comprimento dos mesmos, assim como, número de frutos comerciais e número total de frutos. Os resultados foram submetidos à análise de variância, e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Resultados e Discussão Os resultados (Tabela 1) mostram que não houve diferença estatística entre os diferentes manejos de podas testados para as variáveis avaliadas. Não fosse pelo tutoramento efetuado nas plantas, os resultados obtidos concordariam com a afirmação de Salata et al., (2006), de que, no pepineiro cultivado ao ar livre e sem tutoramento, as podas não influenciam na produção. Fontes e Puiatti, 2005; Filgueira, 2008 colocam que, a prática da poda é controversa em relação a alguns resultados obtidos em pesquisas, as quais ressaltam que os benefícios da poda variam de acordo com cada cultivar, podendo surtir efeito positivo ou negativo em relação ao tipo de poda de acordo com a sua arquitetura e posição de flores. TABELA 1 - Valores médios de diâmetro (cm), comprimento (cm), massa (g), número de frutos comerciais e número total de frutos, em pepino `Nagai japonês´ cultivado à campo. Tratamento Trat. 01 Trat. 02 Trat. 03 Trat. 04 Trat. 05 Trat. 06 C.V. Diâmetro 3,11 3,11 3,07 3,17 3,17 3,02 4,91 a a a a a a % Comprimento 25,09 25,01 25,28 25,57 24,82 24,70 2,15 Massa a a a a a a % 847,31 1365,78 943,50 750,50 788,65 841,96 35,00 a a a a a a % No frutos comerciais 2,91 a 7,38 a 4,63 a 3,98 a 4,06 a 4,58 a 46,26 % No. Total Frutos 11,34 21,46 13,75 13,02 13,97 13,56 32,57 a a a a a a % As médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si. Foi aplicado o Teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade Embora não tenham ocorrido diferenças entre os manejos de poda testados, chama a atenção os maiores valores absolutos obtidos para massa, número de frutos comerciais e número total de frutos, obtidos com o tratamento 2, onde foram deixadas apenas duas hastes laterais no 2° e 7° nó do ramo principal, com poda apical do mesmo no 8° nó. Também é interessante observar que, as características diâmetro e comprimento do fruto, conferiram padrão comercial (diâmetro aproximado de 3 cm e comprimento aproximado de 25 cm) necessário para a qualidade dos frutos nesses quesitos, em todos os tratamentos. Conclusões Não houve influência dos diferentes manejos de poda nas características avaliadas do pepineiro `Nagai japonês´, cultivado a campo. Novos estudos devem ser realizados para melhor investigar o comportamento do pepineiro submetido a essas técnicas. Agradecimentos Ao Pibic/Uenp, pela oportunidade de participação a Fundação Araucária pela bolsa concedida. Referências FILGUEIRA FAR. 2008. Novo manual de olericultura: agrotecnologia moderna na produção e comercialização de hortaliças. Viçosa: UFV. 421p. FONTES PCR; PUIATTI M. 2005. Cultura do Pepino. In: FONTES PCR (ed). Olericultura: teoria e prática. Viçosa: FONTES PCR. 486p. IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 2006. Censo agropecuário: Brasil, Grandes Regiões e Unidades da Federação. Rio de Janeiro: IBGE. 777p. MARTINS, S. R.; FERNANDES, H. S.; POSTINGHER, D.; SCHWENGBER, J. E.; QUINTANILLA, L. F. Avaliação da cultura do pepino (cucumis sativus, l.), cultivado em estufa plástica, sob diferentes tipos de poda e arranjos de plantas. Agrociência, Pelotas, n. 1, v. 1. 1994. Disponível em: <http://www.ufpel.tche.br/faem/agrociencia/v1n1/artigo5.pdf>. Acesso em: 15 abr. 2014. PEREIRA, F.H.F.; NOGUEIRA, I.C.C.; PEDROSA, J.F.; NEGREIROS, M.Z.; BEZERRA NETO, F. Poda da haste principal e densidade de cultivo sobre a produção e qualidade de frutos em híbridos de melão. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 21, n. 2, p. 191-196, 2003. RAMALHO, M. A. P. Hábito de florescimento e frutificação do pepino (Cucumis sativus L.). 1973. 48 p. Dissertação (Mestrado em Genética e melhoramento de plantas) – ESALQ, Piracicaba, 1973. SALATA, A. C.; BERTOLINI, E.V.; CARDOSO, A.I.I. Produção de pepino com poda da haste principal, 2006. Disponível em: <http://www.abhorticultura.com.br/biblioteca/arquivos/Download/Biblioteca/46_0306.pdf>. Acesso em: 15 abr. 2014. SCHVAMBACH JL; ANDRIOLO JL; HELDWEIN AB. 2002. Produção e distribuição da matéria seca do pepino para conserva em diferentes populações de plantas. Ciência Rural 32: 35-41. TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia vegetal 3 ed. Porto Alegre: Artmed, 2003. 719p.