‘’Gluteoplastia de Aumento- Revisão da Bibliografia’’ - Autor: Rodrigo Ribeiro Credidio* - Orientador: Antônio Carlos vieira** *Medico do Serviço de Cirurgia Plástica do Hospital Mater Dei, Belo Horizonte – MG. **Preceptor em Cirurgia Plástica do Hospital Santa Casa Montes Claros – MG Introdução: A gluteoplastia de aumento tem se tornado uma cirurgia mais requisitada pelos pacientes nos últimos anos no Brasil. Dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica estimam que, de 2008 aos dias atuais, houve um aumento de 20% na realização do procedimento. O uso de implantes para aumentar a região glútea trouxe interessantes opções para tratamento de hipotrofias moderadas e acentuadas dessa região. Técnicas atuais, com a obtenção de melhores resultados e diminuição considerável das complicações, tornaram essa conduta cirúrgica opção satisfatória para melhorar o contorno corporal. Histórico: Bartels (1967) descreveram o uso de próteses mamárias na região glútea posicionadas no plano subcutâneo - Mario González-Ulloa (1977) descreveu a utilização de implante glúteo subcutâneo com incisão no sulco subglúteo. -Robles (1984) nova técnica de aumento glúteo com o uso do plano submuscular com a incisão na linha mediana da região sacral. -Raul Gonzalez (1992) fez modificações na técnica de Robles com a preservação do ligamento sacro cutâneo, posicionamento da prótese junto à crista ilíaca superior e descolamento restrito da loja. -Vergara e Marcos (1996) publicaram a possibilidade de uso do espaço intramuscular para abrigar o implante glúteo. -La Peña (2004) descreveu a colocação de próteses em posição subaponeurótica superficial do músculo glúteo máximo. -Raul Gonzalez (2004) descreveu a técnica XYZ de colocação de prótese glútea na posição intramuscular. Anatomia: O músculo glúteo máximo é uma massa carnosa, larga e espessa de forma quadrilátera que forma a proeminência das nádegas. O músculo é constituído de fascículos paralelos uns aos outros, reunidos em volumosos feixes separados por septos fibrosos. Origina-se na linha pectínea, crista ilíaca, face póstero-inferior do sacro, borda do cóccix, aponeurose e ligamento sacro espinhal. Tem inserção através de uma espessa lâmina tendínea que passa pelo trocânter maior do fêmur e se insere na faixa ílio-tibial da fáscia lata. Tem como ação estender e girar lateralmente à coxa. Sua inervação é feita pelo nervo glúteo inferior e sua irrigação principal é feita pelas artérias glútea superior e inferior Indicações: As melhores candidatas para a gluteoplastia de aumento são mulheres saudáveis, psicologicamente estáveis, realistas em suas expectativas, relativamente em boa forma, mas incomodadas com o tamanho ou a forma das suas nádegas. Avaliação pré- cirúrgica: -Alergias -Tabagismo -Doença cardiovascular -Doença pulmonar -Diabetes -Hepatite C -Portadora de HIV -Variações ponderais (avaliar o Índice de Massa Corpórea) -Uso de drogas ou medicamentos -Historia de doenças tromboembólicas -Qual a queixa da paciente e suas expectativas (atenção ao identificar distúrbios como a dismorfia corporal) -Avaliação cardiológica. -Exames laboratoriais. -Exames de imagem. Planejamento Cirúrgico: O volume do implante - Discutir com a paciente dentro do bom senso -IDEAL Visão posterior: predomínio da maior projeção glútea nos dois terços superiores ou no meio Visão lateral: predomínio da maior projeção glútea ao nível da aresta superior do púbis O tipo do implante -Liso: por causar maior aderência local oferecendo menor possibilidade de deslocamento. -Redondo: indicado para quadril largo, ganha projeção e preenchimento lateral do quadril, menor chance de assimetria por preencher o quadril de maneira mais uniforme. -Anatômico: indicado para quadril mais estreito promove boa projeção glútea A via de acesso que será utilizada - Via sulco Inter glúteo: e a mais indicada devido ao fato de ficar escondida entre os glúteos e deve ser realizada com preservação do ligamento sacro cutâneo, garantindo naturalidade e sustentação do glúteo. -Subcutâneo: implante fica facilmente visível em casos de pouca cobertura adiposa e com alguns anos de pós-operatório, a pele cede podendo haver mobilidade do implante e ptose glútea -Subfascial: em media com três anos de pós-operatório a fáscia torna- se frouxa podendo haver ptose, assimetria e implante visível, assim como maios chance de seroma intracapsular tardio -Intramuscular: plano ideal, mais utilizado atualmente, pois apesar de apresentar maior dificuldade técnica, apresenta menor índice de complicação e aspecto mais natural -Submuscular: deve ser evitada pela relação anatômica local com o nervo ciático e o descolamento não pode ultrapassar caudalmente a borda inferior do musculo piramidal, o que restringe o implante ao andar superior do glúteo, dando impressão de nadega dupla Limites de Descolamento A espinha ilíaca póstero-superior (EIPS) é uma estrutura palpável, localizada logo abaixo da articulação sacro-ilíaca. A partir de 3 a 4 cm lateral à EIPS, marcamos um ponto. Traçamos uma linha deste ponto até a face póstero-lateral do tocante, que indica o limite lateral e a metade do músculo glúteo máximo no plano ideal de descolamento (linha G). O ponto X corresponde à incisão muscular próxima ao sacro-cóccix. O ponto Y corresponde ao ponto mais cranial da linha G. O ponto Z corresponde ao ponto mais caudal da linha G, tangencialmente à face póstero-lateral do trocânter. Melhor método - Técnica: XYZ - Via: sulco Inter glúteo (com preservação do ligamento sacro cutâneo) -Plano: intramuscular (plano sanduiche) -Anestesia: peridural e sedação Técnica: Incisa-se a pele e preserva-se o ligamento sacro cutâneo. Essa incisão progride lateralmente na projeção do desenho do coração invertido, expondo e preservando a fáscia glúteo sacra (foto 1). Foto 1. No meio desse descolamento e no sentido das fibras musculares, realiza-se uma incisão de seis cm de comprimento. Com a ponta do dedo indicador, faz-se então uma divulsão muscular de aproximadamente 2,5 a 3 cm de profundidade, que corresponde ao ponto X. Introduz-se um descolador no ponto X e segue em direção à EIPS, ao chegar nessa estrutura anatômica, fazemos uma ligeira rotação inferior e seguimos em direção ao ponto Y. Usando as fibras musculares como suporte junto ao sacro, fazemos um movimento de rotação com a ponta do descolador, desde o ponto Y até ponto mais caudal da linha G (ponto Z), tangencialmente à face pósterolateral do trocânter, tendo-se o cuidado de nunca tocar o trocânter (foto 2 e 3). Foto 2 Foto 3 Podemos usar nesse momento iluminação de fibra óptica para complementar o descolamento com o dedo indicador e, em seguida, usamos o divulsor muscular (bico de pato) com visão direta da loja muscular. O descolamento deve ser exatamente do tamanho da prótese (foto 4). Foto 4 Curativo -Com fita microporosa de unindo uma nádega à outra durante 15 dias (foto 5). Foto 5 -O decúbito ventral é mantido por 7 dias, sendo que a paciente pode deambular e sentar com auxílio de travesseiros no dia seguinte à cirurgia. Complicações: Precoces - Hematomas - Seromas - Infecção - Deiscência - Estrias Tardias - Implante visível - Seromas - Ruptura do implante - Assimetria - Retração Bibliografia 1- González-Ulloa M - Belt lipectomy. Br J Plast Surg 13:179, 1960, 2- Melega, Virtebo, Mendes, Cirurgia Plástica- Os Princípios e a Atualidade, (Cap 140) Implantes Gluteos, Rio de Janeiro, Guanabara Koogan,2011. 4- Almeida Junior GL; Reconstrução do sulco interglúteo: relato de caso; Rev. Bras. Cir. Plást. (Impr.) vol.26 no.1 São Paulo Jan./Mar. 2011 5- Cardenas- Camarena, LazaroMD, Pailet JCMD, Combined Gluteoplasty: Liposuction and Gluteal Implants; Plastic and Reconstructive Surgery 119(3) 1067-1074, Mar2007 6- Lima DA, Minakami DA, Pereira LC, Grando MC, Cruz RS,Braga AR, Cardoso MM, Resende JHC, Gluteoplastia de aumento: a importância do ensino na formação atual do residente frente à demanda crescente , Rev. Bras. Cir. Plást. (Impr.) vol.26 no.1 São Paulo jan./mar. 2011 7- Almeida Jr GL, Almeida EG; Implante glúteo- técnica xyz: estudo retrospectivo, Rev. Bras. Cir. Plást. vol.23 no.2 Abr./Mai. 2008 8- Cárdenas-Camarena, L., Silva-Gavarrete, J.F., Colocación de implantes glúteos y de cadera: una alternativa para mejorar el contorno en hipoplasia glúteo-trocantérea, Cir. plást. iberolatinoam. vol.38 no.1 Madrid ene.-mar. 2012 9- Almeida Jr GL, Castro WC, Almeida EG; Implante Gluteo em Posicao Intramuscular Parcial: Relato de Caso, Rev. Bras. Cir. Plást. (Impr.) Nov 2008 10- Gohia, F.Serra, Die Intramuskulere gluteosaugmentation Anatomie und Technik, Magazin Fur Astethische Chirurgie1-12 6. Jahrgang 2012. 11- Azevedo DM, Pinto EBS, Saldanha OS, Gluteoplastia de Aumento : experiencia do Servico de Cirurgia Plastica Dr. Ewaldo Bolivar de Souza Pinto; Rev. Bras. Cir. Plást. 2012;27(1):87-92. 12- Sherrell J. Aston, Cirurgia Plastica Estetica; (Cap 70) Aumento Gluteo, RIO de Janeiro : Elsevier , 2011. 13- Raul Gonzalez; Buttocks Reshaping: a step-by-step approach to posterior contour syrgery: including thigh and calf implant ; Rio de Janeiro , RJ (Brasil): Indexa, 2006.