ENTENDENDO AS LESÕES O QUE É LESÃO A lesão é

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ENTENDENDO AS LESÕES
O QUE É LESÃO
A lesão é caracterizada por uma alteração ou deformidade tecidual diferente do
estado normal do tecido, que pode atingir vários níveis de tecidos, assim como os
mais variados tipos de células. As lesões ocorrem em função de um desequilíbrio
fisiológico ou mecânico, por trauma direto ou indireto, por uso excessivo de um
determinado gesto motor, ou até por gestual motor realizado de forma incorreta.
No caso da população atlética, as lesões envolvem mais comumente o sistema
musculoesquelético e, mais raramente o sistema nervoso. As lesões primárias são
quase sempre descritas na medicina esportiva como sendo de natureza crônica ou
aguda, resultantes de forças macrotraumáticas ou microtraumáticas. As lesões
classificadas como microtraumáticas ocorrem em decorrência do trauma agudo e
produzem dor e incapacidade imediatas. As lesões macrotraumáticas incluem
fraturas, luxações, subluxações, entorses, distensões e contusões. As lesões
microtraumáticas são geralmente denominadas lesões por excesso de uso
(overuse) e são resultantes da sobrecarga repetitiva ou de uma mecânica gestual
motora incorreta, relacionada ao treinamento contínuo ou à competição. As lesões
microtraumáticas incluem tendinite, tenossinovite, bursite, etc. A lesão secundária
é, essencialmente, a resposta inflamatória ou hipóxia secundária que ocorre em
razão da lesão primária.
TIPOS DE LESÕES E OS TECIDOS MAIS LESIONADOS
As lesões podem ser ósseas, musculares, ligamentares ou articulares. As lesões
podem ser internas e/ou externas; causadas por trauma direto ou indireto.
Vejamos a seguir algumas das lesões mais comuns no esporte e os tecidos mais
afetados por essas determinadas lesões.
As lesões ligamentares são comumente relacionadas ao entorse ligamentar. Um
entorse envolve dano a um ligamento que fornece suporte a uma articulação. O
ligamento é uma faixa de tecido rígido, relativamente inelástico, que liga um osso
a outro. Os ligamentos podem ser espessamentos da cápsula articular como
também podem ser faixas totalmente separadas da cápsula. Os ligamentos são
formados por tecido conectivo denso, disposto em feixes paralelos de colágeno
compostos por fileiras de fibroblastos. Embora os feixes estejam dispostos em
paralelo, isso não ocorre a todas as fibras colágenas.
Sua função primária é tripla: proporcionar estabilidade a uma articulação,
controlar a posição de um osso em relação a outro durante o movimento articular
normal e fornecer informação proprioceptiva ou o senso posicional articular das
terminações nervosas livres ou dos mecanoreceptores localizados no ligamento.
Os ligamentos e os tendões são muito semelhantes em sua estrutura. Porém, os
ligamentos são geralmente mais achatados do que os tendões; e as fibras
colágenas no ligamento são mais compactas. O posicionamento anatômico dos
ligamentos determina, parcialmente, os movimentos que podem ser feitos por
uma articulação.
Se estresses forem aplicados a uma articulação que forcem o movimento além de
seus limites ou planos de movimento normais, é provável que ocorra lesão ao
ligamento. A gravidade do dano ao ligamento é classificada de diferentes
maneiras; entretanto, o sistema mais comumente usado envolve três classes
(graus) de entorse ligamentares:
Entorse de 1º Grau: Existe algum estiramento ou talvez ruptura das fibras
ligamentares, com pouca ou nenhuma instabilidade articular. Dor branda, pouco
edema e rigidez articular podem ser observados.
Entorse de 2º Grau: Existe certa ruptura e separação das fibras ligamentares e
instabilidade moderada da articulação. Dor de moderada a aguda; edema e
rigidez articular devem ser esperados.
Entorse de 3º Grau: Existe ruptura total do ligamento, manifestada
primariamente por grande instabilidade articular. Pode haver dor aguda no início,
seguida por pouca ou nenhuma dor, devido à ruptura total das fibras nervosas. O
edema pode ser volumoso e, desse modo, a articulação tende a tornar-se muito
rígida algumas horas após a lesão. Um entorse de terceiro grau com instabilidade
acentuada geralmente requer alguma forma de imobilização durante várias
semanas. A força que produz a lesão ligamentar costuma ser tão grande que
outras estruturas ligamentares ao redor da articulação também podem ser
lesadas. Em casos nos quais ocorre lesão em múltiplas estruturas articulares o
reparo cirúrgico ou a reconstrução podem ser necessários para corrigir a
instabilidade.
As lesões ósseas são caracterizadas geralmente por fraturas, que são lesões
extremamente comuns entre a população atlética. Podem ser classificadas, de
modo geral, como aberta ou fechadas. A fratura fechada envolve pouco ou
nenhum deslocamento dos ossos e, portanto, pouca ou nenhuma ruptura do
tecido mole. A fratura aberta, por outro lado, envolve deslocamento suficiente das
extremidades fraturadas para que o osso rompa de fato as camadas cutâneas e
abra caminho para a pele. Ambas as fraturas podem ser relativamente graves se
não forem tratadas adequadamente. No entanto existe maior possibilidade de
infecção em uma fratura aberta. As fraturas são consideradas completas quando o
osso é quebrado em no mínimo dois fragmentos; são denominadas incompletas,
quando não se estendem completamente pelo osso.
Dentre as diferentes fraturas que podem ocorrer estão as em galho verde,
transversas, oblíquas, espirais, cominutivas, por compressão, por avulsão e por
estresse.
As lesões articulares são muito relacionadas a danos à cartilagem. A
osteoartrose é um distúrbio degenerativo do osso é da cartilagem na articulação
e em torna dela. A artrite deve ser definida basicamente como um distúrbio
inflamatório com possível destruição secundária. A artrose é um processo
degenerativo com destruição da cartilagem, remodelação do osso e possíveis
componentes inflamatórios secundários.
A osteofitose ocorre quando um osso procura aumentar sua área de superfície
para diminuir as forças de contato. Normalmente, as pessoas descrevem esse
crescimento como “esporões ósseos” ou “bico de papagaio”. A condromalacia é a
transformação não progressiva da cartilagem, com superfícies irregulares e de
áreas de amolecimento.
Outros tipos de lesões que envolvem as articulações são a luxação e a
subluxação, que são, respectivamente, o afastamento de duas superfícies
articulares, mantendo-se afastadas no primeiro caso, e voltando a posição inicial
no segundo.
Em atletas e praticantes de atividades físicas regulares, algumas articulações
podem ser mais suscetíveis a uma resposta parecida com a osteoartrose. A
proporção do peso corporal em repouso sobre a articulação, a distensão da
unidade musculotendinosa e qualquer força externa importante aplicada sobre a
articulação são fatores de predisposição. Uma mecânica articular alterada,
causada por frouxidão ou por traumas anteriores, são também fatores a serem
considerados.
As lesões musculares são classificadas: quanto à ação, que pode ser direta
(mais comum em esportes de contato), ou indireta (comuns em esportes
individuais); quanto à funcionalidade, que podem ser parciais, onde o músculo
perde força mais ainda consegue se contrair, ou podem ser totais, quando a
mobilidade articular e força muscular, podem ser nulas, ou seja, o músculo não se
contrai mais; e, quanto ao agente agressor, que pode ser traumática,
exemplos, estiramento ou distensão (quando uma unidade musculotendinea é
excessivamente estirada ou forçada a se contrair contra uma resistência
excessiva, excedendo seus limites de extensibilidade ou capacidade tênsil);
contusão (é uma lesão por compressão, causada por trauma direto que resulta
em ruptura capilar, sangramento e resposta inflamatória); e laceração (onde há
perda do tecido muscular); ou podem ser não-traumáticas, tipo cãibra (dor
gerada por motivos ainda não esclarecidos cientificamente, que diminui a
capacidade funcional da musculatura gerando dor, espasmo e perda de força) e
dor muscular tardia (dor resultante de um exercício intenso ou realizado pela
primeira vez, que gera um ruptura tecidual, gerando microlesões nas fibras
musculares e desencadeia um processo inflamatório, causando a dor muscular).
As causas mais comuns das lesões musculares são: excesso de treinamento; falta
de controle nas tensões de exercícios e alongamentos; gestual motor (técnica)
indevido nos exercícios e alongamentos; carência de exercícios de alongamento
compensatórios após os exercícios físicos; excesso de força e insuficiência de
flexibilidade, ou fraqueza com muita flexibilidade; excesso de exercícios, tanto de
força quanto de alongamento, em músculos fracos, particularmente naqueles que
suportam estruturas de apoio; excesso de exercícios de força isoladamente em
grupos musculares com encurtamento; dispensa de aquecimento antes do
treinamento e retorno ao treinamento antes da cura total de uma lesão.
Conseqüência das lesões Musculares
As lesões danificam a estrutura do retículo sarcoplasmático (endomísio, perimísio
e epimísio), fáscias e tendões; são estas estruturas que compõem o interior dos
músculos, assim como seus revestimentos e suas junções com os ossos. As lesões
rompem o retículo sarcoplasmático interferindo no metabolismo do cálcio, que é
responsável pela contração muscular.
As lesões diminuem a capacidade de contração muscular devido à degradação de
proteína. Assim como também diminuem a capacidade de relaxamento e
alongamento das fibras musculares por ocasionar espasmos dos músculos
tônicos.
As lesões provocam dor muscular tardia, rigidez e desconforto. As lesões do
sistema muscular podem afetar a propriocepção neuromuscular de uma área
produzindo danos funcionais ao invés de danos estruturais. A estrutura pode estar
intacta numa avaliação estática, mas com disfunção nos movimentos.
OVERTRAINING E AS LESÕES (OVERUSE)
A síndrome de supertreinamento (overtraining) representa muito mais que a
simples incapacidade a curto prazo de treinar com a mesma intensidade habitual
ou uma ligeira queda no desempenho em nível de competição. Pelo contrário,
envolve fadiga crônica experimentada durante as sessões de exercícios e nos
períodos subseqüentes de recuperação.
Entre os diversos sintomas que o excesso de treinamento apresenta, estão as
infecções freqüentes, taxações de fadiga persistentemente altas, funções imunes
alteradas (deficientes), alterações agudas e crônicas nas respostas dos processos
inflamatórios. Ou seja, vários fatores que predispõe um indivíduo a lesões,
principalmente as lesões funcionais.
As lesões corporais (musculares, ósseas, articulares e ligamentares) ocorrem com
mais freqüência no estado de supertreinamento, devido a um estresse maior
destas regiões por uso excessivo. E talvez, também, por períodos de recuperação
inadequados. A participação em treinamentos adequados e eficientes, a
alimentação e o repouso apropriados podem minimizar os efeitos potencialmente
negativos do excesso de treinamento.
Entre todos os problemas causados por overuse (excesso de uso) e relacionados à
atividade física, a tendinite é o mais comum. Tendinite é um termo abrangente
que pode descrever muitos distúrbios patológicos diferentes de um tendão. Tratase, essencialmente, de qualquer resposta inflamatória dentro do tendão, sem
inflamação do paratendão. Durante a atividade muscular, o tendão deve mover-se
ou deslizar sobre outras estruturas ao seu redor sempre que o músculo se
contrair. Caso um movimento específico seja realizado repetidamente, o tendão
fica irritado e inflamado. Essa inflamação manifesta-se pela dor durante o
movimento, por edema, possivelmente algum aquecimento e geralmente
crepitação (estalido semelhante ao som produzido por esfregar o cabelo sobre os
dedos próximos à orelha).
O segredo para tratar a tendinite, assim como qualquer processo de overuse, é o
repouso. Caso o movimento repetitivo que causa irritação ao tendão seja
eliminado, as chances são de que o processo inflamatório permita que o tendão
se recupere. Medicamentos antiinflamatórios e modalidades terapêuticas também
ajudam na recuperação da resposta inflamatória.
TIPOS DE LESÕES MAIS COMUNS RELACIONADAS AOS SEGMENTOS
CORPORAIS
OMBRO
Qualquer estudo relacionado ao ombro deve fundamentar-se no fato de que se
está tratando de duas estruturas anatômicas distintas: a cintura escapular e a
articulação do ombro. A cintura escapular consiste dos ossos da clavícula e da
escápula, e a articulação do ombro é formado pelos ossos da escapulo e do
úmero.
A articulação do ombro é uma região muito suscetível a lesões por esporte, isto
acontece devido a sua organização anatômica e a quantidade de movimentos
realizados sobre essa articulação. Entre as lesões mais comuns nesta articulação
destacamos as:
- entorses da articulação esternoclavicular
- entorses da articulação acromioclavicular
- luxações/ instabilidades glenoumerais
- síndrome do impacto do ombro
- tendinite e rupturas do manguito rotador
COTOVELO E ANTEBRAÇO
O cotovelo e o antebraço são compostos por três ossos: o úmero, a ulna e o
rádio. Juntos , eles formam quatro articulações, três na extremidade proximal do
antebraço (umeroradial, umeroulnar e radiulnar proximal) e uma na extremidade
distal do antebraço (radiulnar distal). O úmero, a ulna e o rádio se encontram
para formar a estrutura comumente conhecida como cotovelo; a ulna e o rádio
formam o antebraço. A extremidade distal do úmero fornece os encaixes ósseos
para os tecido moles que ligam o braço ao antebraço, formando a articulação do
cotovelo.
Dentre as lesões mais comuns nestas estruturas podemos citar:
-
fraturas do cotovelo
lesões no ligamento colateral ulnar
compressão nervosa
luxações do cotovelo
epicondilite medial e lateral
PUNHO E MÃO
O punho e a mão são estruturas complexas formadas por vários ossos,
ligamentos, articulações e músculos. E entre as lesões que mais acometem estas
estruturas devido a treinamento físico e os desportos estão:
- síndrome do túnel do carpo
- luxação das articulações dos dedos
QUADRIL, VIRILHA E COXA
Qualquer discussão a respeito do quadril deve incluir os ossos da pelve e da coxa
e os músculos da coxa, bem como os ligamentos e os músculos do quadril.
Lembrando que vários dos músculos que atravessam a articulação do quadril
também atravessam a articulação do joelho. Assim as várias lesões que
acometem estas estruturas devem ser analisadas minuciosamente a fim de
descobrir o real local da lesão. E entre as lesões mais comuns estão:
-
contusão da crista ilíaca
síndrome do piriforme (ciática)
bursite trocantérica
bursite isquiática
bursite iliopectínea
síndrome de estalido do quadril
distensões do flexor da virilha e do quadril
luxação do quadril
distensão dos isquiotibiais
fraturas por estresse do fêmur
distensão do quadríceps
contusão do quadríceps
miosite ossificante
JOELHO
A articulação do joelho é a maior do corpo. Uniaxial e sinovial, geralmente
chamada de articulação dobradiça. Na realidade, a articulação do joelho não é
uma verdadeira articulação dobradiça e sim uma articulação modificada, pelo fato
da a tíbia (osso distal) deslizar ao redor da extremidade distal do fêmur (osso
proximal). O movimento se desenvolve em um único plano (sagital), sobre um
eixo mutante. Em cada grau de movimento, no plano sagital, o eixo látero-lateral
é alterado.
Ainda que a articulação do joelho pareça ser bem construída estruturalmente, ela
não foi feita para suportar muita sobrecarga imposta por certas atividades
atléticas. Ao examinarmos a sua anatomia, evidenciamos casos comuns de
sobrecarga excessiva, que predispõem os praticantes de atividades físicas a
lesões. Dentre elas as mais comuns, são:
-
entorse do ligamento colateral medial
entorse do ligamento colateral lateral
entorse do ligamento cruzado anterior
entorse do ligamento cruzado posterior
lesões de menisco
síndrome do estresse femoropatelar
condromalacia patelar
subluxação ou luxação patelar aguda
tendinite patelar (joelho de saltador)
bursite
plica patelar
PERNA, TORNOZELO E PÉ
Podemos comparar esta tríade à do complexo superior (antebraço, punho e mão),
porém neste caso devemos levar em consideração que o complexo inferior é
responsável pela sustentação de carga (o peso corporal) e absorve a força
aplicada a cada passo, sendo esta altamente elevada quando em situações de
atividades físicas, principalmente as que envolvem a corrida.
Entre as lesões mais comuns nestas estruturas podemos citar:
-
fraturas tibiais e fibulares
distensões musculares
síndrome do estresse tibial medial
tendinite do tendão de Aquiles
ruptura do tendão de Aquiles
bursite retrocalcaneal
entorses do tornozelo (entorse em inversão e entorse em eversão)
fraturas e luxações no tornozelo
subluxação e luxação dos tendões dos fibulares
tendinite
Excesso de pronação e/ou supinação
fraturas por estresse no pé
fascite plantar
hálux valgo (joanete)
síndrome do túnel do tarso
COLUNA
A coluna vertebral consiste de um empilhamento de 33 ossos, chamados
vértebras. Os ossos são mantidos juntos por ligamentos e músculos, com discos
cartilaginosos. Ao longo da coluna vertebral podemos verificar que as vértebras
são divididas em 5 grupos distintos, cada grupo possuindo um curvatura e
funções especificas. A coluna esta relacionada com a função de sustentação do
nosso corpo em posição ortoestática (em pé) e esta sujeita a sofrer muitos
distúrbios e lesões, como:
-
lombalgia
distensões musculares
distensão do piriforme
distensão do quadrado lombar
dor miofascial e pontos-gatilho
síndrome de hipermobilidade (espondilólise/ espondilolistese)
disfunção na articulação sacroilíaca
entorse cervical
entre outras.
COMO PREVINIR AS LESÕES
As lesões podem ocorrer por fatores intrínsecos ou extrínsecos, por microlesões
musculares cumulativas, por uso excessivo de um mesmo movimento, por má
postura ao longo dos anos, e outros fatores predisponentes, como:
- fatores intrínsecos: desvios posturais; desequilíbrio na força muscular; falta ou
excesso de arco de movimento articular; déficit no equilíbrio estático,
semidinâmico ou dinâmico; morfologia constitucional (características ósseas
individuais); gestual motor com mecânica incorreta; e idade.
- fatores extrínsecos: superfície de treinamento; calçados; equipamentos;
métodos de treinamento. Sobrecarga excessiva no volume e/ou na intensidade.
Existem cinco campos de atuação quando o assunto é lesão, e cada campo pode
ser ocupado por diferentes profissionais. O profissional de educação física atua no
campo da prevenção, que é o primeiro; o fisioterapeuta desportivo, e o professor
de educação física que tenha conhecimentos da fisioterapia, assim como o médico
ortopedista, que atuam no segundo campo, que é a intervenção imediata após a
lesão; o fisioterapeuta atua no terceiro e quarto campo, o de ação curativa e a
reintegração do atleta as atividades físicas, respectivamente; e o fisioterapeuta e
o professor de educação física irão atuar no ultimo campo, que é o retorno às
atividades físicas diárias e as competições.
Para evitar as lesões, deve-se adotar medidas preventivas durante o treinamento.
Tais medidas incluem treinar visando aumentar a força muscular, assim como a
resistência e a potência muscular; o equilíbrio, tanto estático, quanto o
semidinâmico e o dinâmico; o controle neuromuscular; o a flexibilidade, que ainda
é um assunto muito controverso, pois a maioria dos profissionais (professores de
Educação Física e fisioterapeutas esportivos) concordam que a boa flexibilidade é
essencial para o sucesso no desempenho físico, embora suas idéias baseiem-se
primariamente na observação, em vez de pesquisas cientificas. Do mesmo modo,
esses profissionais acreditam que a manutenção da boa flexibilidade é importante
na prevenção da lesão na unidade músculotendinosa e, geralmente, insistem em
incluir os exercícios de alongamento como parte do aquecimento, antes de
atividades extenuantes, o que pode aumentar o risco de lesão. No entanto, não
existem evidências cientificas que comprovem essa hipótese.
A flexibilidade é específica para determinada articulação ou movimento. Uma
pessoa pode ter boa amplitude de movimento nos tornozelos, joelhos, quadris e
coluna lombar, e em uma outra articulação não ter o movimento normal, o que
poderia acarretar riscos de lesões, se esse individuo praticar exercícios que
envolvam essa articulação. Esse é um problema que precisa ser corrigido para
que a pessoa possa apresentar uma função normal da articulação no que diz
respeito à flexibilidade.
Outro fato que deve ser observado é quanto à forma de treinamento, para que
este não aconteça de maneira inadequada, tanto quanto ao seu volume, quanto a
sua intensidade, devendo haver uma periodização do treinamento para que não
haja problemas do tipo: overtraining ou a síndrome de overuse. Assim como
também devemos atentar muito para a forma de execução das atividades, para
que o uso abusivo de um gestual motor incorreto não gere lesões.
COMPREENDENDO O PROCESSO DE RECUPERAÇÃO
Os programas de reabilitação devem basear-se na duração do processo de
recuperação. O fisioterapeuta deve conhecer profundamente a seqüência das
várias fases desse processo. As respostas fisiológicas dos tecidos ao trauma
seguem uma seqüência e ocorrem em um período de tempo previsível. Decisões
sobre quando e como alterar o processo do programa de reabilitação devem
basear-se no reconhecimento dos sinais e sintomas, assim como na fase em que
o processo de recuperação se encontra.
O processo de recuperação é constituído pelas fases de resposta inflamatória,
reparo fibroblástico e maturação-remodelação. Deve-se salientar que, embora
essas fases sejam apresentadas como três entidades distintas, o processo de
recuperação é uma série contínua. Elas sobrepõem-se umas às outras e não
apresentam pontos definidos de início e conclusão.
Depois que o tecido é lesado, inicia-se imediatamente o processo de recuperação.
A destruição do tecido produz lesão direta nas células de vários tecidos moles. A
lesão celular leva a uma alteração metabólica e à liberação de matérias que
iniciam a resposta inflamatória. Caracteriza-se sintomaticamente por
vermelhidão, edema, dor à palpação e aumento de temperatura. Essa fase
inflamatória inicial é critica para todo o processo de recuperação. Caso essa
resposta não realize o que se espera dela ou, caso não ceda, a recuperação
normal não ocorre.
A inflamação é o processo pelo qual leucócitos e outras células fagocitárias e
exudatos são levados ao tecido lesado. Essa reação celular é geralmente
protetora e tende a localizar ou desfazer-se dos subprodutos da lesão (por
exemplo, sangue e células danificadas) através da fagocitose, estabelecendo
assim um cenário para o reparo. Nessa fase, ocorrem efeitos vasculares locais,
distúrbios na troca de fluídos e migração de leucócitos do sangue para os tecidos.
Deve-se diferenciar a resposta inflamatória aguda, conforme descrito acima, e a
inflamação crônica. A inflamação crônica ocorre quando a resposta inflamatória
aguda não elimina o agente causador da lesão e não restaura o tecido à sua
condição fisiológica normal. A inflamação crônica envolve a substituição de
leucócitos por macrófagos, linfócitos e células de plasma. Essas células
acumulam-se em uma matriz de tecido conectivo frouxo, altamente vascularizado
e inervado na área da lesão.
Os mecanismos específicos que convertem uma resposta inflamatória aguda em
uma resposta inflamatória crônica são até hoje desconhecidos. Entretanto,
parecem estar relacionados com situações que envolvem o overuse ou sobrecarga
em virtude de microtraumas cumulativos em uma estrutura específica. Do mesmo
modo, não existe um prazo de tempo específico no qual a inflamação deixa de ser
aguda para se tornar crônica. Parece que a inflamação crônica é resistente tanto
ao tratamento físico como ao farmacológico.
QUAL O TRATAMENTO PARA LESÕES E A QUEM DEVEMOS PROCURAR
A abordagem da reabilitação é consideravelmente diferente no cenário da
medicina esportiva se comparada à maioria dos outros cenários de reabilitação. A
natureza dos praticantes de atividades físicas traz a necessidade de uma
abordagem agressiva na reabilitação. O objetivo é retornar à atividade, com
segurança, o mais cedo possível.
Felizmente, poucas são as lesões no cenário esportivo que oferecem risco de vida.
A maioria das lesões não é grave e permite uma reabilitação rápida. Quando
ocorrem lesões, atenção do fisioterapeuta esportivo transfere-se da prevenção
para o tratamento e a reabilitação. No cenário da medicina esportiva o
fisioterapeuta assume, geralmente, a responsabilidade primária pela criação,
implementação e supervisão do programa de reabilitação para o individuo lesado.
Uma vez que este individuo tenha passado por um médico, na maioria dos casos,
um ortopedista, e este tenha diagnosticado com precisão o tipo de lesão a qual
deve ser tratada.
As decisões sobre quando e como alterar ou avançar no programa de reabilitação
devem basear-se no processo de recuperação da lesão. O fisioterapeuta,
responsável pela supervisão do programa de tratamento e reabilitação, precisa
ter a mais completa compreensão da lesão, inclusive como ela ocorreu, quais as
principais estruturas anatômicas afetadas, o grau ou classificação do trauma e o
estágio ou fase de recuperação da lesão. Assim como também deve ter
compreensão profunda da seqüência e da duração das diversas fases da
recuperação e deve saber que determinados eventos fisiológicos precisam ocorrer
durante cada uma delas.
O objetivo principal do fisioterapeuta é possibilitar que o individuo possa retornar
as atividades normais, com segurança e rapidez. E para que isso aconteça é
necessário passar por vários componentes básicos do programa de reabilitação.
Esses componentes também podem ser considerados como objetivos a curto
prazo, e devem incluir: prestar os primeiros socorros adequados e imediatamente
após a lesão para limitar ou controlar o edema; reduzir ou minimizar a dor;
restaurar a amplitude total de movimento; restaurar e aumentar a força,
resistência e potencia muscular; restabelecer o controle neuromuscular; melhorar
o equilíbrio; manter a capacidade cardiorespiratória; e incorporar progressões
funcionais adequadas.
Quando uma articulação ou outra estrutura anatômica são prejudicadas por uma
lesão, a biomecânica normal é comprometida. Ocorrem mudanças adaptativas
que alteram a maneira pela qual várias forças atuam coletivamente sobre aquela
articulação para produzir o movimento. Portanto, a biomecânica do movimento
articular é modificada como resultado da lesão.
A melhora, ou a restauração, da amplitude de movimento é um objetivo
importante em qualquer programa de reabilitação. Algumas atividades esportivas
requerem níveis relativamente “normais” de flexibilidade, porém, algumas outras
atividades exigem flexibilidade acima da média. O atleta com amplitude de
movimento restrita tem, provavelmente, suas capacidades de desempenho
diminuídas. A falta de flexibilidade também pode resultar em padrões de
movimento descoordenados ou inadequados.
O desenvolvimento da força, resistência e potencia muscular é um componente
essencial de qualquer programa de treinamento e condicionamento físico para
atletas e praticantes de atividades físicas. Do ponto de vista do fisioterapeuta
esportivo que supervisiona o programa de reabilitação, recuperar e, em muitos
casos, melhorar os níveis de força, resistência e potência é primordial não só para
conquistar um nível de condicionamento ótimo, mas também para fazer com que
o indivíduo volte a um nível funcional após a lesão.
O restabelecimento do controle neuromuscular é um componente primordial para
a reabilitação de articulação patológicas. O objetivo das atividades que envolvem
controle neuromuscular é integrar as sensações periféricas com relação às cargas
sobre as articulações e processar esses sinais em respostas motoras coordenadas.
Essa atividade muscular serve para proteger as estruturas articulares das tensões
excessivas e para fornecer um mecanismo profilático à reincidência da lesão. As
atividades que envolvem o controle neuromuscular destinam-se a complementar
os protocolos tradicionais de reabilitação, que abrangem a modulação da dor e da
inflamação, além de recuperar a flexibilidade, a força e a resistência.
O equilíbrio conclui mais uma das bases de atenção ao qual o processo de
tratamento e reabilitação envolvem. Embora a manutenção do equilíbrio na
posição em pé possa parecer uma habilidade motora bastante simples para
atletas sadios, essa façanha não pode ser menosprezada em um atleta com
disfunção musculoesquelética. Fraqueza muscular, alterações na acuidade
proprioceptiva e na amplitude de movimento (ADM) podem desafiar a capacidade
do atleta em manter seu centro de gravidade dentro da base de sustentação
corporal, ou seja, podem fazer com que o individuo perca o equilíbrio.
O equilíbrio é o componente mais importante para seleção de estratégias de
movimento em cadeia cinética fechada (posição na qual pelo menos um dos pés
ou uma das mãos estão em contato com alguma superfície). A adoção de
estratégias eficazes para a manutenção do equilíbrio é, portanto, essencial para o
desempenho esportivo. Embora o equilíbrio seja freqüentemente considerado um
processo estático, é, na verdade, um processo dinâmico que envolve vias
neurológicas múltiplas. O termo equilíbrio postural refere-se ao alinhamento dos
segmentos articulares necessário para manter o centro de gravidade dentro dos
limites máximos da estabilidade.
Apesar de estar no fim da lista de objetivos relacionados com os exercícios
terapêuticos, a manutenção do equilíbrio é um componente vital para a
reabilitação de lesões articulares e não deve ser negligenciada. A reabilitação
ortopédica sempre enfocou a mecânica articular isolada, como a melhora da ADM
e da flexibilidade e o aumento da força e resistência muscular, e não as
informações aferentes, obtidas pelas articulações, e que devem ser processadas
pelo sistema de controle postural. Porém, mais recentemente, as pesquisas na
área da propriocepção e sinestesia têm destacado a necessidade de treinar o
sistema nervoso articular. O senso posicional articular, a propriocepção e a
sinestesia são vitais para todas as atividades esportivas, mas especialmente para
aquelas que requerem equilíbrio. Assim, os protocolos de reabilitação atuais
concentram-se mais nos exercícios em cadeia cinética fechada, e o treinamento
de equilíbrio está recebendo mais atenção na comunidade de medicina desportiva.
CONCLUSÃO
Ao final deste estudo concluímos que ao realizar atividades físicas, devemos nos
preocupar com uma série de fatores que vai desde o nosso condicionamento físico
atual até o mínimo detalhe na execução do gestual motor correto para a pratica
de um determinado exercício. Que é importante respeitar os princípios do
treinamento desportivo para evitar lesões por excesso de uso ou uso inadequado
do nosso corpo, e que devemos procurar sempre um professor de educação física
para nos orientar em relação à atividade física, assim como devemos escutar o
nosso corpo a qualquer sintoma de dor ou desconforto, e procurar um médico ou
fisioterapeuta, ou até o próprio professor, e comunicar, através de um relato
sincero o sinais e sintomas que estamos sentindo. Desta forma estaremos nos
precavendo do risco de ser acometido por uma lesão, e poderemos atuar de
forma preventiva para fortalecer ainda mais o nosso corpo.
Autor: Raphael Lorete CREF 9576-G/RJ
Graduado em Educação Física/Pós-Graduado em Musculação e Personal Trainner
Fonte: http://www.saudenarede.com.br
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