Documentos, 101 ISSN 1413-3903 Oleaginosas no Estado do Rio de Janeiro Observações Preliminares 2003-2007 Recomendações Gerais PESAGRO-RIO EMPRESA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Niterói-RJ dezembro/2008 Oleaginosas Documentos, 101 ISSN 1413-3903 no Estado do Rio de Janeiro Observações Preliminares 2003-2007 Recomendações Gerais PESAGRO-RIO EMPRESA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Niterói-RJ dezembro/2008 PESAGRO-RIO Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro Alameda São Boaventura, 770 - Fonseca 24120-191 - Niterói - RJ www.pesagro.rj.gov.br Governador do Estado do Rio de Janeiro Sérgio Cabral Secretário de Estado de Agricultura, Pecuária, Pesca e Abastecimento Christino Áureo da Silva DIRETORIA DA PESAGRO-RIO Silvio José Elia Galvão Presidente Arivaldo Ribeiro Viana Diretor Técnico José Antônio Cordeiro Cruz Diretor de Administração EMPRESA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Oleaginosas no Estado do Rio de Janeiro: observações preliminares 2003-2007: recomendações gerais. Niterói, 2008. 36 p. (PESAGRO-RIO. Documentos, 101). 1. Planta oleaginosa. 2. Amendoim. 3. Gergelim. 4. Girassol. 5. Mamona. 6. Nabo forrageiro. 7. Pinhão manso. 8. Rio de Janeiro (Estado). CDD 633.85 SUMÁRIO SUMÁRIO INTRODUÇÃO......................................................... 5 AMENDOIM.............................................................. 7 GERGELIM.............................................................1 1 GIRASSOL..............................................................15 MAMONA................................................................19 NABO FORRAGEIRO.............................................27 PINHÃO MANSO.....................................................31 ELABORAÇÃO.......................................................35 EQUIPE DE PESQUISA..........................................36 INTRODUÇÃO INTRODUÇÃO Esta publicação reúne observações preliminares sobre o potencial produtivo de culturas oleaginosas nas condições de solo e clima do Estado do Rio de Janeiro, bem como recomendações técnicas gerais. Como não há tradição no cultivo de oleaginosas no Estado e faltam informações sobre o seu potencial produtivo para definir tecnologias apropriadas, a PESAGRO-RIO, desde 2003, realiza experimentos para acompanhar o desenvolvimento e a adaptação de seis culturas às condições pedoclimáticas do Estado do Rio de Janeiro - amendoim, gergelim, girassol, mamona, nabo forrageiro e pinhão manso. São apresentados mapas de potencialidades pedoclimáticas que mostram as áreas experimentadas pela PESAGRO-RIO com menores riscos para o plantio de amendoim, gergelim, girassol e mamona, resultado do cruzamento de informações da base de solos do estado (Embrapa Solos), da fisiologia vegetal de cada cultura e dos dados altimétricos e climatológicos do estado. As pesquisas realizadas contaram com o apoio da Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia, através da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ); da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária, Pesca e Abastecimento (SEAPPA) e do Ministério de Ciência e Tecnologia, por intermédio da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP). Em 2007, o governo estadual, através da SEAPPA, lançou o Plano Diretor de Agroenergia - RIO AGROENERGIA, que aponta as características mais relevantes para a produção sustentável de etanol e biodiesel. 5 Assim, a PESAGRO-RIO, consciente da necessidade de gerar energia limpa para o bem-estar do cidadão, de possibilitar a geração de novos empregos no meio rural e de distribuir renda de modo mais eficiente, oferece aos agricultores fluminenses informações rápidas e fundamentais para a implantação do cultivo de oleaginosas no Estado do Rio de Janeiro. Esclarecimento As recomendações contidas nesta publicação resultam de considerações técnicas gerais sobre as culturas oleaginosas e da utilização de nível tecnológico médio na condução dos experimentos desenvolvidos em 6 Órgãos de Execução de Pesquisa da PESAGRO-RIO: Estações Experimentais de Campos, Itaocara, Macaé e Seropédica e Campos Experimentais de Silva Jardim e Avelar. Devem ser entendidas como parte de um processo evolutivo, ou seja, não estão consolidadas e validadas. São tendências, principalmente quanto ao potencial produtivo das culturas. Sem a utilização dos meios produtivos adequados, mesmo as plantas resistentes à seca e tolerantes à baixa fertilidade dos solos, podem apresentar resultados inferiores aos obtidos nas áreas experimentais. 6 AMENDOIM AMENDOIM A planta Leguminosa originária da América do Sul (vales dos rios Paraná e Paraguai). O sistema radicular é vigoroso, capaz de retirar nutrientes de camadas mais profundas, o que confere à planta resistência a estresses hídricos. É de ciclo curto, entre 90 e 130 dias. O amendoim é energético (585 cal/100 g de semente), protéico (cerca de 30%), rico em vitaminas (E, B1 e B2) e oleoso (aproximadamente 50%). Presta-se a diversos arranjos produtivos, o que o torna bastante adequado para a agricultura familiar. 7 Ambiente mais favorável É de clima quente, próprio para os cultivos das águas (setembro-outubro) e da seca (fevereiro-abril). Indicado para solos leves, devendo ser evitados solos argilosos, compactados e ácidos. É altamente exigente em cálcio (calagem), sendo adequado para o controle de erosão em solos declivosos. Cultivares/híbridos De acordo com os experimentos conduzidos pela PESAGRO-RIO, recomenda-se: Porte ereto e precoce: - IAC Tatu, IAC 5 (vermelhos); - IAC 22 e IAC 8112 (cremes e tipo exportação). Porte prostrado e tardio: - IAC 886 Runner e IAC Caiapó (cremes, tipo exportação, adequados para a colheita mecânica); - Coletas RJ e ES (castanhos escuros, muito tardios, com sementes grandes). Recomendações técnicas É rústico e pouco exigente em controle fitossanitário. Todavia, inspeções freqüentes nos primeiros 30 dias são aconselháveis. Aproveita bem a adubação residual de outros cultivos e responde à adubação foliar e amontoa. 8 A colheita deve ser feita quando as folhas adquirirem coloração amarela. Deve ser seco adequadamente para evitar a aflatoxina (substância tóxica induzida por fungo). O armazenamento das vagens em lugar seco e ventilado é preferível para a manutenção da qualidade do grão. Capacidade de uso da planta Espaçamento (0,5-0,6 m para eretos e 07-0,9 m para prostrados). Densidade (15-20 sementes/ metro linear de sulco). Excelente para recuperar solos degradados, notadamente em rotação com a cana-de-açúcar. O amendoim pode ser consorciado com cana-deaçúcar ou com outras oleaginosas (mamona, girassol, pinhão manso, etc), aumentando consideravelmente a capacidade de uso da terra na produção de energia (etanol e biodiesel). Para a alimentação animal, pode ser utilizado como feno e torta, com altos índices protéicos (cerca de 40%). Potencial de produção Esses materiais foram avaliados na região Norte Fluminense, no período 2005-2007, com rendimentos médios de 1.800 kg/ha de amêndoas e 5,3 t de matéria seca (palha). Todavia, em ótimas condições, o amendoim tem potencial para produzir 6.000 kg/ha, permitindo à pesquisa grande possibilidade para o aprimoramento da produção estadual. Rendimento de óleo Considerando-se o teor mínimo de óleo de 50%, é possível obter 850 kg de óleo e 950 kg de torta/ ha. Vale ressaltar que óleo de amendoim é um óleo nobre, equivalente ao óleo de oliva e de ótima conservação (não fica rançoso com facilidade). 9 . AMENDOIM . Aptidão boa, com risco climático mínimo - 5% das áreas do Estado (219.321ha). Condições térmicas satisfatórias (temperaturas superiores a 21°C) e condições hídricas que permitem um ou dois cultivos anuais, desde que respeitado o período das chuvas. Abrange regiões de relevo plano a suave ondulado (0% a 8% de declividade). Área situada, principalmente, na região do Médio Paraíba, envolvendo parte dos municípios de Itatiaia, Resende, Porto Real e Quatis; na região das Baixadas Litorâneas, em parte dos municípios de Saquarema, São Pedro d'Aldeia, Cabo Frio e Armação de Búzios; e na região Norte Fluminense, envolvendo parte dos municípios de Campos dos Goytacazes, Carapebus, Quissamã e São Francisco do Itabapoana. PEDOCLIMÁTICO POTENCIAL GERGELIM GERGELIM A planta O gergelim é originário da Ásia e da África. Provavelmente, chegou ao Brasil por intermédio dos portugueses. É uma oleaginosa adaptada às condições semi-áridas de diversas partes do mundo, daí a sua rusticidade. Apesar de ser uma cultura de grande valor econômico, o Brasil produz pouco. É uma cultura anual e se presta a diversos arranjos produtivos, tornando-se, assim, bastante adequada para a agricultura familiar. 11 Ambiente mais favorável Embora seja uma planta que se adapta facilmente ao clima, os melhores resultados são obtidos em condições tropicais e subtropicais, exigindo umidade moderada e clima quente. O cultivo é recomendado em áreas com altitude média de 250 m, temperatura média entre 25° C e 27º C e precipitação pluvial de 400 a 650 mm. Os solos devem ser moderadamente férteis e bem drenados, de textura leve. As plantas de gergelim preferem solos com pH neutro ou próximo da neutralidade. Cultivares De acordo com os experimentos conduzidos pela PESAGRO-RIO, são recomendados os seguintes materiais: G4, G3, Skoba e Blanco, provenientes da Embrapa Algodão. Recomendações técnicas A época recomendada para o cultivo do gergelim no Estado do Rio de Janeiro é a de primavera-verão (novembro-dezembro), coincidindo a colheita com a época menos chuvosa. O espaçamento recomendado é de 1,0 m entre linhas, deixando-se 10 plantas por metro linear após o desbaste. 12 Desbaste: esta prática deverá ser feita, de preferência, em duas etapas. A primeira, quando as plantas apresentarem quatro folhas e a segunda quando atingirem 12 a 15 cm de altura, com uma população de 100.000 plantas/ha. A cultura deve ser mantida no limpo durante primeiros 60 dias. os De acordo com a análise de solo, deve-se corrigir a acidez do solo e proceder à adubação necessária. A colheita é feita manualmente quando as plantas começarem a amadurecer. Se passar dessa fase, haverá grande perda na produção, pois as cultivares recomendadas são deiscentes, ou seja, seus frutos abrem por si sós e espalham as sementes. As plantas colhidas devem ser amarradas em feixes e colocadas em pé, sobre uma lona. Potencial de produção As cultivares indicadas chegaram a atingir 2.000 kg/ha de grãos, enquanto a média nacional é de 591 kg/ha e a média mundial é de 396 kg/ha. Rendimento de óleo Com o potencial de produção citado, e o teor de óleo na semente de 50%, é possível obter até 1.000 kg de óleo/ha. 13 . GERGELIM . Aptidão boa - No período de chuvas, de novembro a fevereiro, levando-se em conta um ciclo médio de 90 dias, com temperatura média entre 24ºC e 30ºC e pluviosidade situada entre 400 mm e 900 mm durante o ciclo produtivo. Abrange áreas de relevo plano a suave ondulado (0% a 8% de declividade). Área situada, principalmente, na região do Médio Paraíba, envolvendo parte dos municípios de Itatiaia, Resende, Porto Real e Quatis; na região das Baixadas Litorâneas, em parte dos municípios de Cabo Frio e Armação de Búzios; e na região Norte Fluminense, envolvendo parte dos municípios de Campos dos Goytacazes, Carapebus e São Francisco do Itabapoana. PEDOCLIMÁTICO POTENCIAL GIRASSOL GIRASSOL A planta Acredita-se que o girassol seja originário do Peru, mas sua domesticação ocorreu no México. No Brasil, o cultivo iniciou-se pela região Sul, no período da colonização. No Rio de Janeiro, a área explorada ainda é muito limitada. É uma cultura de ciclo curto (de 90 a 110 dias). Pode ser plantada do Rio Grande do Sul a Roraima. Presta-se a diversos arranjos produtivos, o que o torna bastante adequado para a agricultura familiar. 15 Ambiente mais favorável Apesar de resistente à seca, os rendimentos viáveis somente são atingidos com bom abastecimento de água (400mm a 500mm bem distribuídos). Os períodos em que não pode faltar água são o que vai do início da formação do capítulo (disco onde ficam as sementes) ao começo da floração e logo após a floração, quando ocorre o enchimento dos grãos (aquênios). A temperatura ótima para o desenvolvimento situa-se entre 27°C e 28°C. Os solos devem se apresentar bem corrigidos, profundos, férteis, planos e bem drenados, sem limitações ao crescimento das raízes. Quanto à fertilidade dos solos, são fundamentais dois aspectos: o pH (em CaCl2) deve ser superior a 5,2 e o boro (micronutriente) deve estar acima de 0,35 mg/dm3. Caso contrário, corrigi-los no preparo o solo. Cultivares/híbridos De acordo com os experimentos conduzidos pela PESAGRO-RIO em Campos, recomenda-se a cultivar Catissol para o Norte Fluminense, no mês de abril, que tem a vantagem de permitir ao agricultor produzir sua própria semente, tomados os devidos cuidados. Com os híbridos - Helio 250 e Helio 251 - deve-se adquirir a semente toda vez que se iniciar novo plantio para manutenção do poder produtivo. Recomendações técnicas 16 A época de semeadura mais adequada no Estado do Rio de Janeiro parece ser a de outono-inverno (abrilmaio); na primavera-verão, deve-se plantar mais cedo (início de outubro), devido à possibilidade de excesso de chuvas na fase de floração. Nesse caso, abre-se a perspectiva de cultivo em áreas de renovação de canaviais. O espaçamento pode variar de 0,70m a 0,90m, com densidade de 5 a 7 plantas por metro na linha. Até o momento não foram constatadas ocorrências de doenças e pragas que requeiram controle, exceto a “mancha de alternaria” após a floração. Como adubação, sugere-se a recomendação da análise de solo, sendo essencial a correção da acidez e do teor de boro no solo. Como trato cultural, recomenda-se manter a cultura no limpo nos primeiros 30 dias. A colheita é feita com os grãos secos e a colhedeira de milho pode ser adaptada para essa operação. O beneficiamento é feito logo após a colheita. Áreas suscetíveis ao ataque de pássaros (maritacas, pardais e pombos do mato) devem ser evitadas para que não ocorram perdas de produção e prejuízos econômicos. Potencial de produção Adotando-se as tecnologias e cultivar/híbridos recomendados, o potencial de produção é de 2.000 kg/ha. Rendimento de óleo Considerando-se o teor mínimo de óleo de 40%, é possível obter 500 kg de óleo/ha. 17 . GIRASSOL . Aptidão boa, com risco climático - 5% das áreas do Estado (219.321,50 ha). Condições térmicas entre 13ºC e 30ºC e condições hídricas que permitem apenas um ciclo anual, desde que respeitados os ciclos das chuvas. Área situada, principalmente, na região das Baixadas Litorâneas, em parte dos municípios de Armação de Búzios e Cabo Frio; e na região Norte Fluminense, em parte dos municípios de São Francisco do Itabapoana, Quissamã, Carapebus e Campos dos Goytacazes. Aptidão boa, com risco climático mínimo - 1% das áreas do Estado (43.864 ha). Condições térmicas entre 13ºC e 30ºC e condições hídricas que permitem até dois ciclos de cultivos anuais, desde que respeitados os ciclos de chuva. Abrange regiões de relevo plano a suave ondulado (0 a 8% de declividade). Área situada, principalmente, na região do Médio Paraíba, em parte dos municípios de Resende, Porto Real, Quatis e Itatiaia. PEDOCLIMÁTICO POTENCIAL MAMONA MAMONA A planta É da família das euforbiáceas (parente do aipim e do pinhão manso) e originária da África. A mamoneira é uma planta de fácil adaptação a diversos ambientes e se encontra espalhada por todo o território nacional. Entre as espécies cultivadas economicamente no Brasil, a mamona é das menos exigentes em termos de clima, solo e manejo cultural. É de ciclo anual. Quanto ao porte, pode variar de 1 m até 8 m de altura, sendo classificada da seguinte forma: porte baixo (até 1,6 m); porte médio (de 1,6 m a 2,5 m); porte alto (superior a 2,5 m). 19 Ambiente mais favorável A temperatura ideal para o desenvolvimento da mamona deve situar-se entre 20ºC e 35ºC. A temperatura ótima fica em torno de 28ºC. A mamona é considerada uma planta tolerante à seca, provavelmente devido ao sistema radicular bem desenvolvido. A necessidade mínima de água, visando à produção economicamente viável, é de 500 mm, sendo o ideal entre 650 e 800 mm. A cultura prefere solos profundos, com boa drenagem, de textura franca e com boa capacidade de suprimento de nutrientes. A mamona tem pouca capacidade de proteção contra a erosão e crescimento inicial muito lento, demorando a cobrir o solo para protegê-lo da ação das gotas de chuva. Por isso, é importante plantá-la em áreas com declividade máxima de 12%, conforme a figura abaixo. 12m 100m Cultivares/híbridos De acordo com os experimentos conduzidos pela PESAGRO-RIO, são recomendados os seguintes materiais: - IAC 80 (Instituto Agronômico de Campinas); 20 - AL Guarany 2002 (Coordenadoria de Assistência Técnica Integral do Estado de São Paulo); - BRS 149 Nordestina e BRS 188 Paraguaçu (Embrapa Algodão). Recomendações técnicas A época de plantio deve ser determinada de forma a aproveitar ao máximo o período chuvoso, mas sendo a colheita feita em época seca. Para isso, deve-se observar o ciclo da cultivar a ser plantada e o início e fim do período chuvoso. Uma das principais enfermidades da mamona é o mofo-cinzento. O fungo se desenvolve em condições de temperatura e umidade relativas altas. Para controle, recomenda-se o uso de cultivares resistentes ou tolerantes, eliminação dos restos culturais e de plantas afetadas pela enfermidade próximas à área de cultivo e realizar o tratamento das sementes antes do plantio com formol 40% (1 litro de formol em 240 litros de água durante 15 minutos). A semeadura pode ser feita de forma manual ou mecanizada. No plantio manual, devem ser abertas covas com profundidade de 5 a 10 cm e plantadas 3 sementes. Deve-se fazer um desbaste, deixando-se uma planta por cova, 15 dias após a emergência. O espaçamento a ser utilizado no cultivo da mamona é determinado pelo porte da cultivar, fertilidade do solo, sistema de cultivo, disponibilidade de água no solo e pelo tráfego de máquinas ou animais, para o controle de plantas daninhas e de pragas. A mamoneira é muito exigente em fertilidade do solo, tendo produtividade muito alta em solos de alta fertilidade natural ou que recebam adubação em quantidade adequada, devendo-se sempre fazer a análise de solo. Deve-se efetuar capina para manter a cultura no limpo até 60 dias da geminação para evitar competição por luz, água e nutrientes com outras plantas e a conseqüente redução da produção. Com cultivares deiscentes, a colheita deve-se iniciar logo após o início da maturação dos frutos. Com 21 cultivares semideiscentes, iniciá-la quando 90% dos frutos de cada cacho, ou mais, estiverem maduros (secos). Com cultivares indeiscentes, a colheita deve ser feita com 100% dos frutos maduros (secos). O plantio de cultivares com frutos deiscentes deve ser evitado devido às perdas e à dificuldade de colheita, pois as sementes se desgranam facilmente dos frutos e caem. A colheita manual é indicada para pequenos e médios produtores. O corte deve ser feito na base do cacho, com ferramentas afiadas, como faca, canivete, tesoura ou foice pequena. Os cachos devem ser depositados em cesto ou carroça e depois colocados no terreiro para secagem e posterior descascamento. A colheita mecânica é indicada para grandes áreas plantadas com cultivares indeiscentes de porte baixo ou anãs. É utilizada colheitadeira adaptada de arroz ou de milho, que colhe e faz o descascamento ao mesmo tempo. Para a secagem, os cachos devem ser espalhados em camadas de no máximo 10 cm e revolvidos várias vezes durante o dia. Se possível, os cachos devem ser amontoados no final da tarde e cobertos com lona plástica para evitar chuvas e mesmo o sereno. A amontoa deve ser feita com os frutos ainda quentes, ou seja, antes do solo esfriar, para conservar o calor. Pela manhã, os frutos só devem ser espalhados quando o sol já estiver quente. 22 O tempo de secagem dependerá do nível de umidade no momento da colheita e das condições ambientais, principalmente temperatura e insolação. Geralmente, os frutos estarão prontos para o descascamento após 2 ou 3 dias de secagem. O ideal é que a secagem seja feita em terreiro de cimento, mas também pode ser feita sobre lona ou chão batido. Após a colheita, as sementes ou grãos de mamona devem ser mantidos com umidade de 6 a 10% para evitar a acidificação do óleo e a perda de qualidade na sua extração. É melhor armazenar o fruto seco para evitar perdas por quebra de sementes. O armazenamento por prazo superior a um ano não é recomendado, seja pelas perdas provocadas pela acidificação, seja pelos elevados custos de armazenamento. Capacidade de uso da planta Cultivares de porte médio (BRS 188 Paraguaçu e BRS 149 Nordestina) em sistema de cultivo isolado: 2m x 1m em solos de baixa fertilidade; 3m x 1m em solos de média; 4m x 1m em solos de alta fertilidade. De modo geral, o melhor espaçamento é o de 3m x 1m, com 1 planta/cova, ficando a população com 3.333 plantas por hectare. Cultivares de porte baixo: utilizar sistema de cultivo isolado, com espaçamento de 1m x 1m ou 1m x 0,5m. Todos devem ficar com uma planta por cova. O tamanho médio da lavoura de mamona pode ser estimado entre um e dez hectares/produtor, geralmente desenvolvida com mão-de-obra familiar. Nessas condições, em geral, a mamona é consorciada com culturas alimentícias, como feijão, milho, arroz, abóbora e outras espécies de ciclo curto, para otimizar o uso da terra. Potencial de produção IAC-80 - Tem potencial produtivo de até 4.000 kg/ha. Apesar do potencial produtivo muito alto, a deiscência dos frutos exige que se faça a colheita parcelada em até 5 vezes, o que encarece a produção e inviabiliza a colheita mecânica. 23 AL Guarany 2002 - A produtividade varia de 1.000 a 2.500 kg/ha. Tem bom potencial produtivo e exige nível tecnológico mediano, com descascamento exclusivamente por máquinas. A colheita pode ser manual ou mecânica, realizada de uma única vez, pois os frutos são indeiscentes. BRS 149 Nordestina e BRS 188 Paraguaçu - Essas cultivares foram desenvolvidas para plantio em região semi-árida e para uso na agricultura familiar, com plantio e colheita manual (parcelada), ciclo longo (até 250 dias se houver disponibilidade de água) e boa tolerância à seca. Em condições normais, com fertilidade do solo mediana, altitude superior a 300m, tratos culturais adequados e pelo menos 500mm de chuva, podem produzir 1.500 kg de sementes por hectare a cada ano. Rendimento de óleo O rendimento de óleo das cultivares recomendadas gira em torno de 48%. 24 . MAMONA . Aptidão boa, com risco climático - 1% das áreas do Estado (43.864 ha). Estação seca pouco pronunciada, com riscos de umidade excessiva para a cultura e problemas fitossanitários. Área situada, principalmente, na região do Médio Paraíba, envolvendo parte dos municípios de Itatiaia, Resende, Porto Real e Quatis. Aptidão boa, com risco climático mínimo - 5% das áreas do Estado (219.321,50 ha). Condições hídricas e térmicas satisfatórias para uma boa vegetação e frutificação. Abrange regiões de relevo plano a suave ondulado (0 a 8% de declividade). Área situada, principalmente, na região das Baixadas Litorâneas, envolvendo parte dos municípios de Armação de Búzios e Cabo Frio; e na região Norte Fluminense, em parte dos municípios de São Francisco do Itabapoana, Quissamã, Carapebus e Campos dos Goytacazes. PEDOCLIMÁTICO POTENCIAL NABO NABO FORRAGEIRO FORRAGEIRO A planta Pertence à família das crucíferas (parente das couves), sendo uma cultura de ciclo curto (120 dias). Bastante versátil, serve para adubação verde, rotação de culturas, alimentação animal e formação de palhada no sistema de plantio direto. Por apresentar sementes ricas em óleo, os estudos se voltaram para a produção de óleo vegetal para biodiesel. Presta-se a diversos arranjos produtivos, o que o torna bastante adequado para a agricultura familiar. Não há dados estatísticos disponíveis sobre o cultivo do nabo forrageiro no Estado do Rio de Janeiro. 27 Ambiente mais favorável O nabo forrageiro não é exigente quanto ao ambiente por ser muito vigoroso e cobrir rapidamente o solo. A cultura é boa competidora com as ervas daninhas, não sendo necessárias ações de controle, a não ser em condições de infestação muita elevada. Devido ao seu período de floração (acima de 30 dias), é excelente atrativo de abelhas, produzindo mel de boa qualidade. Cultivares De acordo com os experimentos conduzidos pela PESAGRO-RIO, o único material trabalhado de nabo forrageiro é a variedade CATI AL 1000. Recomendações técnicas A época de semeadura mais adequada é a de outonoinverno (março-abril). Plantios tardios aumentam a chance de ocorrência do pulgão Aphis craccivora que, dependendo do nível de infestação, pode inviabilizar a cultura. A semeadura se faz a lanço, diretamente na área de cultivo, utilizando-se 17 a 20 kg de sementes por hectare. O nabo forrageiro desenvolve-se razoavelmente bem em solos com baixo nível de nutrientes, é tolerante à acidez do solo e promove a reciclagem de nutrientes (a palhada é rica em nitrogênio e fósforo). 28 Estudos conduzidos na região Norte Fluminense mostram que a palhada do nabo forrageiro extrai 31 kg de fósforo e 119 kg de potássio por hectare. Como adubação, sugere-se a recomendação da análise do solo, que pode ser dispensada, em alguns casos, devido à rusticidade da planta. Caso se utilize adubação, a semente, por ser muito pequena, pode ser misturada na proporção de 1 kg de sementes para 50 kg de corretivo e/ou fertilizante. Para fins de produção de óleo, a colheita do nabo forrageiro é feita com os grãos secos. O beneficiamento é muito dificultado em função da vagem apresentada pela planta que, para melhor rendimento, precisa estar bem seca. Potencial de produção Adotando-se as tecnologias recomendadas, o potencial de produção da cultivar recomendada é de 500 a 600 kg/ha. Rendimento de óleo Considerando-se o teor médio de óleo de 35%, é possível obter de 175 a 210 litros de óleo por hectare. 29 PINHÃO PINHÃO MANSO MANSO A planta O pinhão manso é uma planta da família Euphorbiaceae, perene, de cujas sementes se extrai óleo que queima sem emitir fumaça. A sua origem ainda é controversa, mas tem distribuição natural do México até o Brasil. É adaptável a condições climáticas muito variáveis no Brasil, sendo encontrado desde o Nordeste até o Paraná. No Estado do Rio de Janeiro, a área explorada com a cultura ainda é muito limitada, mas com tendência de aumento. Pode alcançar de 3 a 12 metros de altura. A produção começa já no primeiro ano, podendo produzir por mais de 40 anos. Produções comerciais são consideradas após 3 anos. 31 Ambiente mais favorável A planta é rústica, adaptável a diversas condições climáticas, suportando longas estiagens e terras de baixa fertilidade. Pode ser cultivada em terras de encosta e em áreas degradadas. Para uma boa produção, valores acima de 600 mm de chuva por ano são o ideal. Pode ser utilizada na agricultura familiar, adaptandose bem ao consócio com diversas culturas. Apesar de considerado rústico, o pinhão manso é suscetível à ação de diversas pragas e/ou doenças. Para a produção, são exigidas temperaturas médias anuais de 18°C a 28,5°C. Cultivares/híbridos Não há, até o momento, material oficialmente recomendado. Os plantios efetuados no Estado do Rio de Janeiro estão sendo incentivados por organizações particulares ou de produtores, que também são responsáveis pela introdução das sementes e/ou mudas. O pinhão manso tanto pode ser multiplicado via semente quanto por estacas. Por apresentar fecundação cruzada, deve-se ter bastante cuidado quanto à procedência das sementes para plantio, já que poderá haver muita variabilidade entre plantas. 32 Recomendações técnicas Não há, ainda, nenhuma recomendação técnica oficial para esta oleaginosa por parte da pesquisa. Considerando-se o caráter perene da cultura, e apesar de sua rusticidade, a adubação na cova (40 cm x 40 cm x 40 cm), por ocasião da implantação da cultura, não deve ser dispensada. É uma oportunidade única para incorporar ao sistema radicular não só o calcário, mas os nutrientes essenciais para a planta, de acordo com a recomendação da análise de solo. A utilização do espaço entre linhas com adubação verde é recomendável. A época de plantio mais indicada é o início da estação chuvosa. Apesar de ser uma prática que ainda gera controvérsias no Brasil, o pinhão manso suporta podas. A colheita é feita quando os frutos se apresentam secos, o que ocorre normalmente de dois a quatro meses após a polinização. Colhidos, os frutos são secos e encaminhados ao beneficiamento para debulha, manual ou mecânica. Após o beneficiamento, o grão já pode ser levado ao processo de extração de óleo, sendo necessário o “cozimento” inicial dos grãos para se obter o máximo rendimento na extração. Capacidade de uso da planta Alguns trabalhos experimentais têm avaliado diferentes espaçamentos entre linhas de plantio e entre plantas na linha (3,0 m x 3,0 m; 3,0 m x 2,0 m; 2,0 m x 2,0 m e 2,0 m x 1,0 m), com populações de plantas variando de 1.111 plantas/ha (3,0 m x 3,0 m) até 5.000 plantas/ha (2,0 m x 1,0 m). A adubação orgânica e a adubação química na formação da planta, nesses diferentes espaçamentos, também estão sendo avaliadas. 33 O pinhão manso pode ser usado na recuperação de solos degradados e consorciado com várias culturas (particularmente outras leguminosas), aumentando consideravelmente a capacidade de uso da terra na produção de óleo. Potencial de produção Em condições ideais de cultivo, o pinhão manso pode produzir, segundo dados da literatura, 400 kg/ha no primeiro ano, 1.000 kg/ha no segundo ano, 3.000 kg/ha no terceiro ano e 6.000 kg/ha do quarto ano em diante. Rendimento de óleo O rendimento médio de óleo, considerando-se a extração mecânica, é de 33% a 34%. Assim, após o quarto ano de cultivo, e considerando-se a produtividade citada para essa condição (6.000 kg/ha), é possível obter 2.000 kg de óleo por hectare. 34 ELABORAÇÃO ELABORAÇÃO Coordenação Henrique Marques Ribeiro da Silva, Eng. Agrônomo Silvio José Elia Galvão, Eng. Agrônomo Redação Benedito Fernandes de Souza Filho - Pesquisador José Márcio Ferreira - Pesquisador Lúcia Valentini - Pesquisadora Luiz Antônio Antunes de Oliveira - Pesquisador Luiz de Morais Rêgo Filho - Pesquisador Wander Eustáquio de Bastos Andrade - Pesquisador Editoração Mario José Gomes Saraiva - Assistente Técnico 35 EQUIPE DE PESQUISA EQUIPE DE PESQUISA Arivaldo Ribeiro Viana - Pesquisador, Eng. Agr., M.Sc. Fitotecnia (soja, cana-de-açúcar) Benedito Fernandes de Souza Filho - Pesquisador, Eng. Agr., M.Sc. - Fitopatologia (amendoim) Carlos Xavier - Assistente Técnico, Economista (girassol) Francisco Valdevino Bezerra Neto - Eng. Agr., Doutorando CCTA/UENF (girassol) Guilherme Eugênio Machado Lopes - Pesquisador, Eng. Agr., M.Sc. - Fitotecnia (mamona) José Márcio Ferreira - Pesquisador, Eng. Agr., M.Sc.Fitotecnia (nabo forrageiro, gergelim e pinhão manso) Lúcia Valentini - Pesquisadora, Engª. Agrª., M.Sc. Fitotecnia (nabo forrageiro e gergelim) Luiz Antônio Antunes de Oliveira - Pesquisador, Eng. Agr., M.Sc. - Fitotecnia (girassol, mamona) Luiz de Morais Rêgo Filho - Pesquisador, Eng. Agr., D.Sc. - Fitotecnia (girassol, mamona) Saul de Barros Ribas Filho - Assistente Técnico, Economista (soja e cana-de-açúcar) Silvino Amorim Neto - Pesquisador, Eng. Agr., M.Sc. Melhoramento (girassol) Wander Eustáquio de Bastos Andrade Pesquisador, Eng. Agr., Pós D.Sc.- Fitotecnia (girassol, nabo forrageiro, amendoim, gergelim e pinhão manso) José Geraldo Custódio dos Santos - Técnico 36 Agrícola (amendoim) Lenício José Ribeiro - Técnico Agrícola (girassol, nabo forrageiro, gergelim e pinhão manso) Válber Ribeiro da Silva - Técnico Agrícola (girassol) Editoração e arte: Coordenadoria de Difusão de Tecnologia