Oleaginosas - Pesagro-Rio

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Documentos, 101
ISSN 1413-3903
Oleaginosas
no Estado do
Rio de Janeiro
Observações Preliminares
2003-2007
Recomendações
Gerais
PESAGRO-RIO
EMPRESA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA
DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Niterói-RJ
dezembro/2008
Oleaginosas
Documentos, 101
ISSN 1413-3903
no Estado do
Rio de Janeiro
Observações Preliminares
2003-2007
Recomendações
Gerais
PESAGRO-RIO
EMPRESA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA
DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Niterói-RJ
dezembro/2008
PESAGRO-RIO
Empresa de Pesquisa Agropecuária
do Estado do Rio de Janeiro
Alameda São Boaventura, 770 - Fonseca
24120-191 - Niterói - RJ
www.pesagro.rj.gov.br
Governador do Estado do Rio de Janeiro
Sérgio Cabral
Secretário de Estado de Agricultura,
Pecuária, Pesca e Abastecimento
Christino Áureo da Silva
DIRETORIA DA PESAGRO-RIO
Silvio José Elia Galvão
Presidente
Arivaldo Ribeiro Viana
Diretor Técnico
José Antônio Cordeiro Cruz
Diretor de Administração
EMPRESA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA DO
ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Oleaginosas no
Estado do Rio de Janeiro: observações preliminares
2003-2007: recomendações gerais. Niterói, 2008. 36 p.
(PESAGRO-RIO. Documentos, 101).
1. Planta oleaginosa. 2. Amendoim. 3. Gergelim. 4.
Girassol. 5. Mamona. 6. Nabo forrageiro. 7. Pinhão
manso. 8. Rio de Janeiro (Estado).
CDD 633.85
SUMÁRIO
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO......................................................... 5
AMENDOIM.............................................................. 7
GERGELIM.............................................................1 1
GIRASSOL..............................................................15
MAMONA................................................................19
NABO FORRAGEIRO.............................................27
PINHÃO MANSO.....................................................31
ELABORAÇÃO.......................................................35
EQUIPE DE PESQUISA..........................................36
INTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO
Esta publicação reúne observações preliminares sobre o potencial produtivo de culturas
oleaginosas nas condições de solo e clima do Estado
do Rio de Janeiro, bem como recomendações
técnicas gerais.
Como não há tradição no cultivo de oleaginosas no Estado e faltam informações sobre o seu
potencial produtivo para definir tecnologias apropriadas, a PESAGRO-RIO, desde 2003, realiza
experimentos para acompanhar o desenvolvimento e
a adaptação de seis culturas às condições pedoclimáticas do Estado do Rio de Janeiro - amendoim,
gergelim, girassol, mamona, nabo forrageiro e pinhão
manso.
São apresentados mapas de potencialidades
pedoclimáticas que mostram as áreas experimentadas pela PESAGRO-RIO com menores riscos para o
plantio de amendoim, gergelim, girassol e mamona,
resultado do cruzamento de informações da base de
solos do estado (Embrapa Solos), da fisiologia vegetal
de cada cultura e dos dados altimétricos e climatológicos do estado. As pesquisas realizadas contaram
com o apoio da Secretaria de Estado de Ciência e
Tecnologia, através da Fundação Carlos Chagas Filho
de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro
(FAPERJ); da Secretaria de Estado de Agricultura,
Pecuária, Pesca e Abastecimento (SEAPPA) e do
Ministério de Ciência e Tecnologia, por intermédio da
Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP).
Em 2007, o governo estadual, através da
SEAPPA, lançou o Plano Diretor de Agroenergia - RIO
AGROENERGIA, que aponta as características mais
relevantes para a produção sustentável de etanol e
biodiesel.
5
Assim, a PESAGRO-RIO, consciente da
necessidade de gerar energia limpa para o bem-estar
do cidadão, de possibilitar a geração de novos
empregos no meio rural e de distribuir renda de modo
mais eficiente, oferece aos agricultores fluminenses
informações rápidas e fundamentais para a
implantação do cultivo de oleaginosas no Estado do
Rio de Janeiro.
Esclarecimento
As recomendações contidas nesta publicação resultam de considerações técnicas gerais
sobre as culturas oleaginosas e da utilização de
nível tecnológico médio na condução dos experimentos desenvolvidos em 6 Órgãos de Execução de Pesquisa da PESAGRO-RIO: Estações
Experimentais de Campos, Itaocara, Macaé e
Seropédica e Campos Experimentais de Silva
Jardim e Avelar.
Devem ser entendidas como parte de um
processo evolutivo, ou seja, não estão consolidadas e validadas. São tendências, principalmente
quanto ao potencial produtivo das culturas.
Sem a utilização dos meios produtivos
adequados, mesmo as plantas resistentes à seca
e tolerantes à baixa fertilidade dos solos, podem
apresentar resultados inferiores aos obtidos nas
áreas experimentais.
6
AMENDOIM
AMENDOIM
A planta
Leguminosa originária da América do Sul (vales dos
rios Paraná e Paraguai).
O sistema radicular é vigoroso, capaz de retirar
nutrientes de camadas mais profundas, o que confere
à planta resistência a estresses hídricos.
É de ciclo curto, entre 90 e 130 dias.
O amendoim é energético (585 cal/100 g de semente),
protéico (cerca de 30%), rico em vitaminas (E, B1 e B2)
e oleoso (aproximadamente 50%).
Presta-se a diversos arranjos produtivos, o que o torna
bastante adequado para a agricultura familiar.
7
Ambiente mais favorável
É de clima quente, próprio para os cultivos das águas
(setembro-outubro) e da seca (fevereiro-abril).
Indicado para solos leves, devendo ser evitados solos
argilosos, compactados e ácidos.
É altamente exigente em cálcio (calagem), sendo
adequado para o controle de erosão em solos
declivosos.
Cultivares/híbridos
De acordo com os experimentos conduzidos pela
PESAGRO-RIO, recomenda-se:
Porte ereto e precoce:
- IAC Tatu, IAC 5 (vermelhos);
- IAC 22 e IAC 8112 (cremes e tipo exportação).
Porte prostrado e tardio:
- IAC 886 Runner e IAC Caiapó (cremes, tipo exportação, adequados para a colheita mecânica);
- Coletas RJ e ES (castanhos escuros, muito tardios,
com sementes grandes).
Recomendações técnicas
É rústico e pouco exigente em controle fitossanitário.
Todavia, inspeções freqüentes nos primeiros 30 dias
são aconselháveis.
Aproveita bem a adubação residual de outros cultivos
e responde à adubação foliar e amontoa.
8
A colheita deve ser feita quando as folhas adquirirem
coloração amarela. Deve ser seco adequadamente
para evitar a aflatoxina (substância tóxica induzida por
fungo).
O armazenamento das vagens em lugar seco e
ventilado é preferível para a manutenção da qualidade
do grão.
Capacidade de uso da planta
Espaçamento (0,5-0,6 m para eretos e 07-0,9 m para
prostrados). Densidade (15-20 sementes/ metro linear
de sulco).
Excelente para recuperar solos degradados, notadamente em rotação com a cana-de-açúcar.
O amendoim pode ser consorciado com cana-deaçúcar ou com outras oleaginosas (mamona, girassol,
pinhão manso, etc), aumentando consideravelmente a
capacidade de uso da terra na produção de energia
(etanol e biodiesel).
Para a alimentação animal, pode ser utilizado como
feno e torta, com altos índices protéicos (cerca de
40%).
Potencial de produção
Esses materiais foram avaliados na região Norte
Fluminense, no período 2005-2007, com rendimentos
médios de 1.800 kg/ha de amêndoas e 5,3 t de matéria
seca (palha).
Todavia, em ótimas condições, o amendoim tem
potencial para produzir 6.000 kg/ha, permitindo à
pesquisa grande possibilidade para o aprimoramento
da produção estadual.
Rendimento de óleo
Considerando-se o teor mínimo de óleo de 50%, é
possível obter 850 kg de óleo e 950 kg de torta/ ha.
Vale ressaltar que óleo de amendoim é um óleo nobre,
equivalente ao óleo de oliva e de ótima conservação
(não fica rançoso com facilidade).
9
.
AMENDOIM
.
Aptidão boa, com risco climático mínimo - 5% das áreas do Estado
(219.321ha). Condições térmicas satisfatórias (temperaturas superiores a
21°C) e condições hídricas que permitem um ou dois cultivos anuais, desde
que respeitado o período das chuvas. Abrange regiões de relevo plano a suave
ondulado (0% a 8% de declividade).
Área situada, principalmente, na região do Médio Paraíba, envolvendo parte
dos municípios de Itatiaia, Resende, Porto Real e Quatis; na região das
Baixadas Litorâneas, em parte dos municípios de Saquarema, São Pedro
d'Aldeia, Cabo Frio e Armação de Búzios; e na região Norte Fluminense,
envolvendo parte dos municípios de Campos dos Goytacazes, Carapebus,
Quissamã e São Francisco do Itabapoana.
PEDOCLIMÁTICO
POTENCIAL
GERGELIM
GERGELIM
A planta
O gergelim é originário da Ásia e da África.
Provavelmente, chegou ao Brasil por intermédio dos
portugueses.
É uma oleaginosa adaptada às condições semi-áridas
de diversas partes do mundo, daí a sua rusticidade.
Apesar de ser uma cultura de grande valor econômico,
o Brasil produz pouco.
É uma cultura anual e se presta a diversos arranjos
produtivos, tornando-se, assim, bastante adequada
para a agricultura familiar.
11
Ambiente mais favorável
Embora seja uma planta que se adapta facilmente ao
clima, os melhores resultados são obtidos em condições tropicais e subtropicais, exigindo umidade
moderada e clima quente.
O cultivo é recomendado em áreas com altitude média
de 250 m, temperatura média entre 25° C e 27º C e
precipitação pluvial de 400 a 650 mm.
Os solos devem ser moderadamente férteis e bem
drenados, de textura leve. As plantas de gergelim
preferem solos com pH neutro ou próximo da
neutralidade.
Cultivares
De acordo com os experimentos conduzidos pela
PESAGRO-RIO, são recomendados os seguintes
materiais: G4, G3, Skoba e Blanco, provenientes da
Embrapa Algodão.
Recomendações técnicas
A época recomendada para o cultivo do gergelim no
Estado do Rio de Janeiro é a de primavera-verão
(novembro-dezembro), coincidindo a colheita com a
época menos chuvosa.
O espaçamento recomendado é de 1,0 m entre linhas,
deixando-se 10 plantas por metro linear após o
desbaste.
12
Desbaste: esta prática deverá ser feita, de
preferência, em duas etapas. A primeira,
quando as plantas apresentarem quatro folhas
e a segunda quando atingirem 12 a 15 cm de
altura, com uma população de 100.000
plantas/ha.
A cultura deve ser mantida no limpo durante
primeiros 60 dias.
os
De acordo com a análise de solo, deve-se corrigir a
acidez do solo e proceder à adubação necessária.
A colheita é feita manualmente quando as plantas
começarem a amadurecer. Se passar dessa fase,
haverá grande perda na produção, pois as cultivares
recomendadas são deiscentes, ou seja, seus frutos
abrem por si sós e espalham as sementes.
As plantas colhidas devem ser amarradas em feixes e
colocadas em pé, sobre uma lona.
Potencial de produção
As cultivares indicadas chegaram a atingir 2.000 kg/ha
de grãos, enquanto a média nacional é de 591 kg/ha e
a média mundial é de 396 kg/ha.
Rendimento de óleo
Com o potencial de produção citado, e o teor de óleo
na semente de 50%, é possível obter até 1.000 kg de
óleo/ha.
13
.
GERGELIM
.
Aptidão boa - No período de chuvas, de novembro a fevereiro,
levando-se em conta um ciclo médio de 90 dias, com temperatura média
entre 24ºC e 30ºC e pluviosidade situada entre 400 mm e 900 mm durante o
ciclo produtivo. Abrange áreas de relevo plano a suave ondulado (0% a 8%
de declividade).
Área situada, principalmente, na região do Médio Paraíba, envolvendo
parte dos municípios de Itatiaia, Resende, Porto Real e Quatis; na região
das Baixadas Litorâneas, em parte dos municípios de Cabo Frio e Armação
de Búzios; e na região Norte Fluminense, envolvendo parte dos municípios
de Campos dos Goytacazes, Carapebus e São Francisco do Itabapoana.
PEDOCLIMÁTICO
POTENCIAL
GIRASSOL
GIRASSOL
A planta
Acredita-se que o girassol seja originário do Peru, mas
sua domesticação ocorreu no México.
No Brasil, o cultivo iniciou-se pela região Sul, no
período da colonização. No Rio de Janeiro, a área
explorada ainda é muito limitada.
É uma cultura de ciclo curto (de 90 a 110 dias).
Pode ser plantada do Rio Grande do Sul a Roraima.
Presta-se a diversos arranjos produtivos, o que o torna
bastante adequado para a agricultura familiar.
15
Ambiente mais favorável
Apesar de resistente à seca, os rendimentos viáveis
somente são atingidos com bom abastecimento de
água (400mm a 500mm bem distribuídos).
Os períodos em que não pode faltar água são o que
vai do início da formação do capítulo (disco onde ficam
as sementes) ao começo da floração e logo após a
floração, quando ocorre o enchimento dos grãos
(aquênios).
A temperatura ótima para o desenvolvimento situa-se
entre 27°C e 28°C.
Os solos devem se apresentar bem corrigidos,
profundos, férteis, planos e bem drenados, sem
limitações ao crescimento das raízes.
Quanto à fertilidade dos solos, são fundamentais dois
aspectos: o pH (em CaCl2) deve ser superior a 5,2 e o
boro (micronutriente) deve estar acima de 0,35
mg/dm3. Caso contrário, corrigi-los no preparo o solo.
Cultivares/híbridos
De acordo com os experimentos conduzidos pela
PESAGRO-RIO em Campos, recomenda-se a cultivar
Catissol para o Norte Fluminense, no mês de abril,
que tem a vantagem de permitir ao agricultor produzir
sua própria semente, tomados os devidos cuidados.
Com os híbridos - Helio 250 e Helio 251 - deve-se
adquirir a semente toda vez que se iniciar novo plantio
para manutenção do poder produtivo.
Recomendações técnicas
16
A época de semeadura mais adequada no Estado do
Rio de Janeiro parece ser a de outono-inverno (abrilmaio); na primavera-verão, deve-se plantar mais cedo
(início de outubro), devido à possibilidade de excesso
de chuvas na fase de floração. Nesse caso, abre-se a
perspectiva de cultivo em áreas de renovação de
canaviais.
O espaçamento pode variar de 0,70m a 0,90m, com
densidade de 5 a 7 plantas por metro na linha.
Até o momento não foram constatadas ocorrências de
doenças e pragas que requeiram controle, exceto a
“mancha de alternaria” após a floração.
Como adubação, sugere-se a recomendação da
análise de solo, sendo essencial a correção da acidez
e do teor de boro no solo.
Como trato cultural, recomenda-se manter a cultura no
limpo nos primeiros 30 dias.
A colheita é feita com os grãos secos e a colhedeira de
milho pode ser adaptada para essa operação. O
beneficiamento é feito logo após a colheita.
Áreas suscetíveis ao ataque de pássaros (maritacas,
pardais e pombos do mato) devem ser evitadas para
que não ocorram perdas de produção e prejuízos
econômicos.
Potencial de produção
Adotando-se as tecnologias e cultivar/híbridos
recomendados, o potencial de produção é de 2.000
kg/ha.
Rendimento de óleo
Considerando-se o teor mínimo de óleo de 40%, é
possível obter 500 kg de óleo/ha.
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.
GIRASSOL
.
Aptidão boa, com risco climático - 5% das áreas do Estado (219.321,50
ha). Condições térmicas entre 13ºC e 30ºC e condições hídricas que permitem
apenas um ciclo anual, desde que respeitados os ciclos das chuvas.
Área situada, principalmente, na região das Baixadas Litorâneas, em parte dos
municípios de Armação de Búzios e Cabo Frio; e na região Norte Fluminense, em
parte dos municípios de São Francisco do Itabapoana, Quissamã, Carapebus e
Campos dos Goytacazes.
Aptidão boa, com risco climático mínimo - 1% das áreas do Estado
(43.864 ha). Condições térmicas entre 13ºC e 30ºC e condições hídricas que
permitem até dois ciclos de cultivos anuais, desde que respeitados os ciclos de
chuva. Abrange regiões de relevo plano a suave ondulado (0 a 8% de
declividade).
Área situada, principalmente, na região do Médio Paraíba, em parte dos
municípios de Resende, Porto Real, Quatis e Itatiaia.
PEDOCLIMÁTICO
POTENCIAL
MAMONA
MAMONA
A planta
É da família das euforbiáceas (parente do aipim e do
pinhão manso) e originária da África.
A mamoneira é uma planta de fácil adaptação a
diversos ambientes e se encontra espalhada por todo
o território nacional.
Entre as espécies cultivadas economicamente no
Brasil, a mamona é das menos exigentes em termos
de clima, solo e manejo cultural.
É de ciclo anual.
Quanto ao porte, pode variar de 1 m até 8 m de altura,
sendo classificada da seguinte forma: porte baixo (até
1,6 m); porte médio (de 1,6 m a 2,5 m); porte alto
(superior a 2,5 m).
19
Ambiente mais favorável
A temperatura ideal para o desenvolvimento da
mamona deve situar-se entre 20ºC e 35ºC. A
temperatura ótima fica em torno de 28ºC.
A mamona é considerada uma planta tolerante à seca,
provavelmente devido ao sistema radicular bem
desenvolvido.
A necessidade mínima de água, visando à produção
economicamente viável, é de 500 mm, sendo o ideal
entre 650 e 800 mm.
A cultura prefere solos profundos, com boa drenagem,
de textura franca e com boa capacidade de
suprimento de nutrientes.
A mamona tem pouca capacidade de proteção contra
a erosão e crescimento inicial muito lento, demorando
a cobrir o solo para protegê-lo da ação das gotas de
chuva.
Por isso, é importante plantá-la em áreas com
declividade máxima de 12%, conforme a figura
abaixo.
12m
100m
Cultivares/híbridos
De acordo com os experimentos conduzidos pela
PESAGRO-RIO, são recomendados os seguintes
materiais:
- IAC 80 (Instituto Agronômico de Campinas);
20
- AL Guarany 2002 (Coordenadoria de Assistência
Técnica Integral do Estado de São Paulo);
- BRS 149 Nordestina e BRS 188 Paraguaçu
(Embrapa Algodão).
Recomendações técnicas
A época de plantio deve ser determinada de forma a
aproveitar ao máximo o período chuvoso, mas sendo a
colheita feita em época seca. Para isso, deve-se
observar o ciclo da cultivar a ser plantada e o início e
fim do período chuvoso.
Uma das principais enfermidades da mamona é o
mofo-cinzento. O fungo se desenvolve em condições
de temperatura e umidade relativas altas. Para
controle, recomenda-se o uso de cultivares
resistentes ou tolerantes, eliminação dos restos
culturais e de plantas afetadas pela enfermidade
próximas à área de cultivo e realizar o tratamento das
sementes antes do plantio com formol 40% (1 litro de
formol em 240 litros de água durante 15 minutos).
A semeadura pode ser feita de forma manual ou
mecanizada. No plantio manual, devem ser abertas
covas com profundidade de 5 a 10 cm e plantadas 3
sementes. Deve-se fazer um desbaste, deixando-se
uma planta por cova, 15 dias após a emergência.
O espaçamento a ser utilizado no cultivo da mamona é
determinado pelo porte da cultivar, fertilidade do solo,
sistema de cultivo, disponibilidade de água no solo e
pelo tráfego de máquinas ou animais, para o controle
de plantas daninhas e de pragas.
A mamoneira é muito exigente em fertilidade do solo,
tendo produtividade muito alta em solos de alta
fertilidade natural ou que recebam adubação em
quantidade adequada, devendo-se sempre fazer a
análise de solo.
Deve-se efetuar capina para manter a cultura no limpo
até 60 dias da geminação para evitar competição por
luz, água e nutrientes com outras plantas e a
conseqüente redução da produção.
Com cultivares deiscentes, a colheita deve-se iniciar
logo após o início da maturação dos frutos. Com
21
cultivares semideiscentes, iniciá-la quando 90% dos
frutos de cada cacho, ou mais, estiverem maduros
(secos). Com cultivares indeiscentes, a colheita deve
ser feita com 100% dos frutos maduros (secos).
O plantio de cultivares com frutos deiscentes deve ser
evitado devido às perdas e à dificuldade de colheita,
pois as sementes se desgranam facilmente dos frutos
e caem.
A colheita manual é indicada para pequenos e médios
produtores. O corte deve ser feito na base do cacho,
com ferramentas afiadas, como faca, canivete,
tesoura ou foice pequena. Os cachos devem ser
depositados em cesto ou carroça e depois colocados
no terreiro para secagem e posterior descascamento.
A colheita mecânica é indicada para grandes áreas
plantadas com cultivares indeiscentes de porte baixo
ou anãs. É utilizada colheitadeira adaptada de arroz
ou de milho, que colhe e faz o descascamento ao
mesmo tempo.
Para a secagem, os cachos devem ser espalhados
em camadas de no máximo 10 cm e revolvidos várias
vezes durante o dia.
Se possível, os cachos devem ser amontoados no
final da tarde e cobertos com lona plástica para evitar
chuvas e mesmo o sereno. A amontoa deve ser feita
com os frutos ainda quentes, ou seja, antes do solo
esfriar, para conservar o calor. Pela manhã, os frutos
só devem ser espalhados quando o sol já estiver
quente.
22
O tempo de secagem dependerá do nível de umidade
no momento da colheita e das condições ambientais,
principalmente temperatura e insolação. Geralmente,
os frutos estarão prontos para o descascamento após
2 ou 3 dias de secagem. O ideal é que a secagem seja
feita em terreiro de cimento, mas também pode ser
feita sobre lona ou chão batido.
Após a colheita, as sementes ou grãos de mamona
devem ser mantidos com umidade de 6 a 10% para
evitar a acidificação do óleo e a perda de qualidade na
sua extração.
É melhor armazenar o fruto seco para evitar perdas
por quebra de sementes.
O armazenamento por prazo superior a um ano não é
recomendado, seja pelas perdas provocadas pela
acidificação, seja pelos elevados custos de
armazenamento.
Capacidade de uso da planta
Cultivares de porte médio (BRS 188 Paraguaçu e BRS
149 Nordestina) em sistema de cultivo isolado: 2m x
1m em solos de baixa fertilidade; 3m x 1m em solos de
média; 4m x 1m em solos de alta fertilidade. De modo
geral, o melhor espaçamento é o de 3m x 1m, com 1
planta/cova, ficando a população com 3.333 plantas
por hectare.
Cultivares de porte baixo: utilizar sistema de cultivo
isolado, com espaçamento de 1m x 1m ou 1m x 0,5m.
Todos devem ficar com uma planta por cova.
O tamanho médio da lavoura de mamona pode ser
estimado entre um e dez hectares/produtor, geralmente desenvolvida com mão-de-obra familiar.
Nessas condições, em geral, a mamona é consorciada com culturas alimentícias, como feijão, milho,
arroz, abóbora e outras espécies de ciclo curto, para
otimizar o uso da terra.
Potencial de produção
IAC-80 - Tem potencial produtivo de até 4.000 kg/ha.
Apesar do potencial produtivo muito alto, a deiscência
dos frutos exige que se faça a colheita parcelada em
até 5 vezes, o que encarece a produção e inviabiliza a
colheita mecânica.
23
AL Guarany 2002 - A produtividade varia de 1.000 a
2.500 kg/ha. Tem bom potencial produtivo e exige
nível tecnológico mediano, com descascamento
exclusivamente por máquinas. A colheita pode ser
manual ou mecânica, realizada de uma única vez,
pois os frutos são indeiscentes.
BRS 149 Nordestina e BRS 188 Paraguaçu - Essas
cultivares foram desenvolvidas para plantio em região
semi-árida e para uso na agricultura familiar, com
plantio e colheita manual (parcelada), ciclo longo (até
250 dias se houver disponibilidade de água) e boa
tolerância à seca. Em condições normais, com
fertilidade do solo mediana, altitude superior a 300m,
tratos culturais adequados e pelo menos 500mm de
chuva, podem produzir 1.500 kg de sementes por
hectare a cada ano.
Rendimento de óleo
O rendimento de óleo das cultivares recomendadas
gira em torno de 48%.
24
.
MAMONA
.
Aptidão boa, com risco climático - 1% das áreas do Estado (43.864 ha).
Estação seca pouco pronunciada, com riscos de umidade excessiva para a cultura
e problemas fitossanitários.
Área situada, principalmente, na região do Médio Paraíba, envolvendo parte
dos municípios de Itatiaia, Resende, Porto Real e Quatis.
Aptidão boa, com risco climático mínimo - 5% das áreas do Estado
(219.321,50 ha). Condições hídricas e térmicas satisfatórias para uma boa
vegetação e frutificação. Abrange regiões de relevo plano a suave ondulado (0 a
8% de declividade).
Área situada, principalmente, na região das Baixadas Litorâneas, envolvendo
parte dos municípios de Armação de Búzios e Cabo Frio; e na região Norte
Fluminense, em parte dos municípios de São Francisco do Itabapoana,
Quissamã, Carapebus e Campos dos Goytacazes.
PEDOCLIMÁTICO
POTENCIAL
NABO
NABO
FORRAGEIRO
FORRAGEIRO
A planta
Pertence à família das crucíferas (parente das
couves), sendo uma cultura de ciclo curto (120 dias).
Bastante versátil, serve para adubação verde, rotação
de culturas, alimentação animal e formação de
palhada no sistema de plantio direto. Por apresentar
sementes ricas em óleo, os estudos se voltaram para a
produção de óleo vegetal para biodiesel.
Presta-se a diversos arranjos produtivos, o que o torna
bastante adequado para a agricultura familiar.
Não há dados estatísticos disponíveis sobre o cultivo
do nabo forrageiro no Estado do Rio de Janeiro.
27
Ambiente mais favorável
O nabo forrageiro não é exigente quanto ao ambiente
por ser muito vigoroso e cobrir rapidamente o solo.
A cultura é boa competidora com as ervas daninhas,
não sendo necessárias ações de controle, a não ser
em condições de infestação muita elevada.
Devido ao seu período de floração (acima de 30 dias),
é excelente atrativo de abelhas, produzindo mel de
boa qualidade.
Cultivares
De acordo com os experimentos conduzidos pela
PESAGRO-RIO, o único material trabalhado de nabo
forrageiro é a variedade CATI AL 1000.
Recomendações técnicas
A época de semeadura mais adequada é a de outonoinverno (março-abril).
Plantios tardios aumentam a chance de ocorrência do
pulgão Aphis craccivora que, dependendo do nível de
infestação, pode inviabilizar a cultura.
A semeadura se faz a lanço, diretamente na área de
cultivo, utilizando-se 17 a 20 kg de sementes por
hectare.
O nabo forrageiro desenvolve-se razoavelmente bem
em solos com baixo nível de nutrientes, é tolerante à
acidez do solo e promove a reciclagem de nutrientes
(a palhada é rica em nitrogênio e fósforo).
28
Estudos conduzidos na região Norte Fluminense
mostram que a palhada do nabo forrageiro extrai 31 kg
de fósforo e 119 kg de potássio por hectare.
Como adubação, sugere-se a recomendação da
análise do solo, que pode ser dispensada, em alguns
casos, devido à rusticidade da planta.
Caso se utilize adubação, a semente, por ser muito
pequena, pode ser misturada na proporção de 1 kg de
sementes para 50 kg de corretivo e/ou fertilizante.
Para fins de produção de óleo, a colheita do nabo
forrageiro é feita com os grãos secos.
O beneficiamento é muito dificultado em função da
vagem apresentada pela planta que, para melhor
rendimento, precisa estar bem seca.
Potencial de produção
Adotando-se as tecnologias recomendadas, o
potencial de produção da cultivar recomendada é de
500 a 600 kg/ha.
Rendimento de óleo
Considerando-se o teor médio de óleo de 35%, é
possível obter de 175 a 210 litros de óleo por hectare.
29
PINHÃO
PINHÃO
MANSO
MANSO
A planta
O pinhão manso é uma planta da família
Euphorbiaceae, perene, de cujas sementes se extrai
óleo que queima sem emitir fumaça.
A sua origem ainda é controversa, mas tem
distribuição natural do México até o Brasil.
É adaptável a condições climáticas muito variáveis no
Brasil, sendo encontrado desde o Nordeste até o
Paraná. No Estado do Rio de Janeiro, a área
explorada com a cultura ainda é muito limitada, mas
com tendência de aumento.
Pode alcançar de 3 a 12 metros de altura.
A produção começa já no primeiro ano, podendo
produzir por mais de 40 anos. Produções comerciais
são consideradas após 3 anos.
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Ambiente mais favorável
A planta é rústica, adaptável a diversas condições
climáticas, suportando longas estiagens e terras de
baixa fertilidade.
Pode ser cultivada em terras de encosta e em áreas
degradadas.
Para uma boa produção, valores acima de 600 mm de
chuva por ano são o ideal.
Pode ser utilizada na agricultura familiar, adaptandose bem ao consócio com diversas culturas.
Apesar de considerado rústico, o pinhão manso é
suscetível à ação de diversas pragas e/ou doenças.
Para a produção, são exigidas temperaturas médias
anuais de 18°C a 28,5°C.
Cultivares/híbridos
Não há, até o momento, material oficialmente
recomendado.
Os plantios efetuados no Estado do Rio de Janeiro
estão sendo incentivados por organizações
particulares ou de produtores, que também são
responsáveis pela introdução das sementes e/ou
mudas.
O pinhão manso tanto pode ser multiplicado via
semente quanto por estacas.
Por apresentar fecundação cruzada, deve-se ter
bastante cuidado quanto à procedência das sementes
para plantio, já que poderá haver muita variabilidade
entre plantas.
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Recomendações técnicas
Não há, ainda, nenhuma recomendação técnica
oficial para esta oleaginosa por parte da pesquisa.
Considerando-se o caráter perene da cultura, e apesar de sua rusticidade, a adubação na cova (40 cm x
40 cm x 40 cm), por ocasião da implantação da cultura,
não deve ser dispensada.
É uma oportunidade única para incorporar ao sistema
radicular não só o calcário, mas os nutrientes
essenciais para a planta, de acordo com a
recomendação da análise de solo.
A utilização do espaço entre linhas com adubação
verde é recomendável.
A época de plantio mais indicada é o início da estação
chuvosa.
Apesar de ser uma prática que ainda gera
controvérsias no Brasil, o pinhão manso suporta
podas.
A colheita é feita quando os frutos se apresentam
secos, o que ocorre normalmente de dois a quatro
meses após a polinização.
Colhidos, os frutos são secos e encaminhados ao
beneficiamento para debulha, manual ou mecânica.
Após o beneficiamento, o grão já pode ser levado ao
processo de extração de óleo, sendo necessário o
“cozimento” inicial dos grãos para se obter o máximo
rendimento na extração.
Capacidade de uso da planta
Alguns trabalhos experimentais têm avaliado diferentes espaçamentos entre linhas de plantio e entre
plantas na linha (3,0 m x 3,0 m; 3,0 m x 2,0 m; 2,0 m x
2,0 m e 2,0 m x 1,0 m), com populações de plantas
variando de 1.111 plantas/ha (3,0 m x 3,0 m) até 5.000
plantas/ha (2,0 m x 1,0 m).
A adubação orgânica e a adubação química na
formação da planta, nesses diferentes espaçamentos,
também estão sendo avaliadas.
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O pinhão manso pode ser usado na recuperação de
solos degradados e consorciado com várias culturas
(particularmente outras leguminosas), aumentando
consideravelmente a capacidade de uso da terra na
produção de óleo.
Potencial de produção
Em condições ideais de cultivo, o pinhão manso pode
produzir, segundo dados da literatura, 400 kg/ha no
primeiro ano, 1.000 kg/ha no segundo ano, 3.000
kg/ha no terceiro ano e 6.000 kg/ha do quarto ano em
diante.
Rendimento de óleo
O rendimento médio de óleo, considerando-se a
extração mecânica, é de 33% a 34%. Assim, após o
quarto ano de cultivo, e considerando-se a produtividade citada para essa condição (6.000 kg/ha), é
possível obter 2.000 kg de óleo por hectare.
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ELABORAÇÃO
ELABORAÇÃO
Coordenação
Henrique Marques Ribeiro da Silva, Eng. Agrônomo
Silvio José Elia Galvão, Eng. Agrônomo
Redação
Benedito Fernandes de Souza Filho - Pesquisador
José Márcio Ferreira - Pesquisador
Lúcia Valentini - Pesquisadora
Luiz Antônio Antunes de Oliveira - Pesquisador
Luiz de Morais Rêgo Filho - Pesquisador
Wander Eustáquio de Bastos Andrade - Pesquisador
Editoração
Mario José Gomes Saraiva - Assistente Técnico
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EQUIPE DE PESQUISA
EQUIPE DE PESQUISA
Arivaldo Ribeiro Viana - Pesquisador, Eng. Agr., M.Sc.
Fitotecnia (soja, cana-de-açúcar)
Benedito Fernandes de Souza Filho - Pesquisador,
Eng. Agr., M.Sc. - Fitopatologia (amendoim)
Carlos Xavier - Assistente Técnico, Economista
(girassol)
Francisco Valdevino Bezerra Neto - Eng. Agr.,
Doutorando CCTA/UENF (girassol)
Guilherme Eugênio Machado Lopes - Pesquisador,
Eng. Agr., M.Sc. - Fitotecnia (mamona)
José Márcio Ferreira - Pesquisador, Eng. Agr., M.Sc.Fitotecnia (nabo forrageiro, gergelim e pinhão manso)
Lúcia Valentini - Pesquisadora, Engª. Agrª., M.Sc. Fitotecnia (nabo forrageiro e gergelim)
Luiz Antônio Antunes de Oliveira - Pesquisador,
Eng. Agr., M.Sc. - Fitotecnia (girassol, mamona)
Luiz de Morais Rêgo Filho - Pesquisador, Eng. Agr.,
D.Sc. - Fitotecnia (girassol, mamona)
Saul de Barros Ribas Filho - Assistente Técnico,
Economista (soja e cana-de-açúcar)
Silvino Amorim Neto - Pesquisador, Eng. Agr., M.Sc. Melhoramento (girassol)
Wander Eustáquio de Bastos Andrade Pesquisador, Eng. Agr., Pós D.Sc.- Fitotecnia (girassol,
nabo forrageiro, amendoim, gergelim e pinhão manso)
José Geraldo Custódio dos Santos - Técnico
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Agrícola (amendoim)
Lenício José Ribeiro - Técnico Agrícola (girassol,
nabo forrageiro, gergelim e pinhão manso)
Válber Ribeiro da Silva - Técnico Agrícola (girassol)
Editoração e arte:
Coordenadoria de Difusão de Tecnologia
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