PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS E FORMAÇÃO INTEGRADA ESPECIALIZAÇÃO EM FISIOTERAPIA DERMATOFUNCIONAL LIANA DA SILVA GOMES A IMPORTÂNCIA DA ATUAÇÃO FISIOTERAPEUTICA NA REABILITAÇÃO DE UM PACIENTE QUEIMADO: REVISÃO DE LITERATURA Goiânia 2012 LIANA DA SILVA GOMES A IMPORTÂNCIA DA ATUAÇÃO FISIOTERAPEUTICA NA REABILITAÇÃO DE UM PACIENTE QUEIMADO: REVISÃO DE LITERATURA Artigo apresentado ao curso de Especialização em Fisioterapia Dermatofuncional do Centro de Estudos Avançados e Formação Integrada, chancelado pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás. Orientador: Prof. Dr. Giulliano Gardenghi Goiânia 2012 2 RESUMO A Importância da Atuação Fisioterapeutica na Reabilitação de um Paciente Queimado: revisão de literatura. Gomes, Liana Da Silva Gardenghi, Giulliano Introdução: As queimaduras constituem, nas diferentes idades, uma importante causa de morte por trauma, tanto em países desenvolvidos quanto naqueles em desenvolvimento. É uma lesão em uma área do corpo provocada por alguma reação térmica, química ou elétrica, podendo ser classificada da seguinte forma: queimadura de primeiro grau; queimadura de segundo grau; queimadura de terceiro grau e de quarto grau. A intervenção fisioterapêutica exerce um papel primordialmente preventivo, caso seja iniciada precocemente. Caso contrário, o paciente poderá desenvolver seqüelas. Objetivos: Mostrar a importância da intervenção fisioterápica na reabilitação de um paciente queimado e citar os principais objetivos e recursos utilizados na reabilitação do mesmo. Métodos: A metodologia precedeuse à pesquisa de artigos publicados em bases de dados eletrônicos, nomeadamente, SCIELO, PUBMED, GOOGLE ACADÊMICO e MEDSTUDENTS, limitou-se a pesquisa desde 1998 até 2011, nas línguas inglesa e portuguesa, e em artigos científicos de revistas e livros especializados sobre o tema. Considerações Finais: O tratamento das queimaduras envolve uma equipe multiprofissional,e deve ser precoce e contínua. A intervenção fisioterapêutica neste tipo de lesão é de extrema importância, no que se refere à diminuição das seqüelas deixadas pela lesão, pois dispõe de técnicas capazes de tratar de forma eficiente e precisa, assegurando resultados satisfatórios,resultando numa melhoria da qualidade de vida e da integração do individuo na sociedade. Palavras- chave: Fisioterapia; Queimaduras; Tratamento 3 Introdução Borges¹ conceitua queimadura como um trauma de origem térmica capaz de causar lesões diversas nos tecidos orgânicos. Essas lesões seguem desde hiperemia restrita à área queimada, alterações celulares e imunológicas, envolvimento das vias aéreas e ocorrências de traumatismo associados, podendo evoluir até o óbito. No Brasil acontece um milhão de casos de queimadura a cada ano, dos quais 40 mil demandam hospitalização. Ainda que o prognóstico para o tratamento da queimadura tenha melhorado nos últimos anos, ela ainda configura importante causa de mortalidade, além de resultar em morbidade pelo desenvolvimento de seqüelas8. Basicamente, a fisiopatologia da lesão por queimadura se dá pela destruição da integridade capilar e vascular, em razão de seus efeitos serem locais e sistêmicos. O comprometimento do tecido vai depender da intensidade da exposição térmica, das características da área queimada e das reações locais e sistêmicas². Conforme Pereira³, a queimadura, quando extensa e profunda, representa umas das formas mais graves e complexas do traumatismo. Com ela surgem graves alterações metabólicas, hormonais e imunológicas, como o aumento acentuado na taxa metabólica basal. O tratamento de queimaduras sempre foi um desafio na equipe multidisciplinar, tanto pela sua gravidade, como pela multiplicidade de complicações que normalmente ocorrem. A atuação do Fisioterapeuta na equipe multiprofissional deve ser iniciada precocemente após o acidente, com raras exceções, e é fundamental para a prevenção de seqüelas e redução de tempo de permanência do paciente no hospital. Say et al.4,relata que, além do aspecto estético importante para o individuo, o aspecto funcional do aparelho locomotor pode ser prejudicado pela aderência tecidual causado pela queimadura, sendo estas, razões primordiais para submeter o individuo a um tratamento clinico, cirúrgico e/ou fisioterapeutico. Atualmente, existem inúmeros recursos fisioterapeuticos, como: crioterapia, massoterapia, drenagem linfática, hidroterapia, cinesioterapia, radiação ultra-violeta, ultrasom, eletroestimulação, laser de baixa potencia e oxigênio hiperbárico, que agem na melhora 4 na nutrição tecidual das áreas acometidas e às vizinhas feridas,assim como no próprio processo de cicatrização15. Considerando O’Sullivan & Schmitz5, precisamos definir e classificar as lesões por queimadura para que a partir daí, possamos estabelecer um plano de tratamento. Segundo Andrade et al6., existem várias formas de classificação de uma lesão por queimadura,dentre elas a que se baseia na profundidade da pele prejudicada, o que determinará o tratamento e prognóstico do paciente. Essas lesões são denominadas como superficiais (antes referidas como 1° grau), de espessura parcial (conhecidas como de 2º grau) ou de espessura total (referidas como de 3º grau). Para Guirro7, cada fase cronológica do avanço da queimadura, o fisioterapeuta possui um recurso específico que irá permitir que a lesão se cicatriz e de maneira correta e evitando complicações futuras. Sabe-se que as queimaduras são lesões frequentes em nosso meio e acomete vários órgãos, sendo a pele sempre acometida em vários graus. Quando a região afetada não for bem tratada na sua fase inicial, a evolução cicatricial se faz de forma rápida e com grande potencial de sequela8. A importância do estudo de como prevenir e/ou tratar as sequelas em todos os órgãos supostamente afetados é relevante porque irá orientar o profissional a estabelecer um bom tratamento para o paciente queimado. Sendo assim, justificou-se a realização deste trabalho, visto que, este pode orientar o fisioterapeuta a atuar desde o dia de admissão do paciente queimado no hospital, a fim de tratar e/ou evitar essas sequelas através dos principais recursos fisioterapêuticos fornecidos na atualidade e, possivelmente, melhorar a qualidade de vida e reintegrar o indivíduo novamente na sociedade. Por fim, esta pesquisa tem por objetivo mostrar, de maneira direta, a importância da intervenção fisioterapêutica e os principais recursos utilizados na reabilitação do paciente queimado, e colaborar com os estudos já realizados referentes a este assunto. 5 Metodologia Trata-se de uma revisão de literatura com limitação de 1998 a 2011. A busca foi realizada a partir dos seguintes descritores existentes nas bases de dados da literatura da América e do Caribe em Ciências da Saúde ( LILACS), Scientific Eletronic Library Online (SCIELO) e Google Acadêmico, nas línguas inglesa e portuguesa, com as palavras-chaves Fisioterapia, Queimaduras e Tratamento, associadas ou não, e por vezes complementadas por termos específicos, e em artigos científicos de revistas e livros especializados sobre o tema. 6 Revisão de Literatura As queimaduras vêm sendo um grande problema de saúde pública, não só quanto à gravidade de suas lesões e ao grande número de complicações, mas também quanto às seqüelas relevantes que marcam o paciente queimado. É uma patologia muito frequente nos centros hospitalares, podendo ser provocada por estímulos térmicos, químicos ou elétricos, sendo os primeiros os mais frequentes, enquanto os últimos são os mais graves9. De acordo com Oliveira et al.8, a alta incidência de ocorrência de queimaduras se dá em ambiente doméstico, em contextos que poderiam ser evitados. Dados de uma pesquisa realizada na Unidade de Queimados do Hospital de Clínicas de Ribeirão Preto demonstraram que: 80% dos acidentes dos pacientes lá internados ocorreram em ambiente doméstico, atingindo principalmente crianças; 8% ocorreram no trabalho, atingindo adultos do sexo masculino; 7% foram vítimas de tentativas de suicídio; 3% de acidentes automobilísticos, e 2% foram vítimas de agressões. Segundo Mello et al.10, A queimadura é a lesão dos tecidos decorrente de um trauma térmico. Pode ser provocada por calor, eletricidade, irradiação, frio, congelamento, substâncias químicas ácidas ou álcalis. É a 2ª causa de mortalidade em crianças abaixo dos 6 anos e, para as que se situam acima dessa idade, a 3ª causa, ficando atrás somente dos acidentes automobilísticos e afogamentos. Atualmente o prognóstico e a expectativa de vida de indivíduos por lesões com queimaduras tem melhorado bastante, apesar da epidemiologia das queimaduras ter permanecido basicamente a mesma. As medidas preventivas têm ajudado muito na diminuição do índice de queimadura, além do aprimoramento médico no decorrer dos anos11. Conforme Takejima12, a prevenção é a arma mais importante para diminuir o número de acidentes e mortes relacionados às queimaduras. A divulgação de medidas preventivas e a orientação da população por meio de campanhas educacionais é fundamental e de responsabilidade das equipes de saúde e do poder público. 7 Todas as dimensões da prevenção primária (redução da incidência de novos casos), assim como a prevenção secundária (redução da prevalência) e a terciária (redução de incapacidades oriundas das doenças) são práticas importantes para promover a qualidade de vida na sociedade além de apresentarem benefícios à população e ao sistema de saúde13. Ainda que o prognóstico para o tratamento da queimadura tenha melhorado nos últimos anos, ela ainda configura importante causa de mortalidade, além de resultar em morbidade pelo desenvolvimento de seqüelas como14: (a) a incapacidade funcional, principalmente quando atinge os membros superiores e inferiores; (b) as deformidades, sobretudo da face; (c) as seqüelas de ordem psicossocial, e (c) dependendo da localização, as queimaduras podem ainda causar danos neurológicos, oftalmológicos e geniturinários. Para Lianza18, os constantes avanços tecnológicos e da ciência médica reduziram-se significativamente a morbidade e a mortalidade ocasionadas pelas queimaduras. Além dos novos recursos terapêuticos utilizados no tratamento das queimaduras, o processo de reabilitação também vem se modernizando. Há pouco tempo a fisioterapia só poderia iniciar sua abordagem terapêutica após a alta hospitalar. Hoje apresenta grande alteração, iniciando já na fase aguda da injúria térmica e permanecendo até aproximadamente dois anos após a alta hospitalar, ambulatorialmente, nas queimaduras de espessura total. Existe uma revista científica, o Journal of Burn Care Rehabilation, dedicada exclusivamente à fisioterapia e a reabilitação do paciente queimado. Três pontos são salientados na ação do médico fisiatra em relação à fisioterapia do paciente queimado: 1Cuidado especial para as queimaduras da região da face, pescoço, pelas aderências que podem causar na cicatrização das queimaduras de terceiro e quarto graus, 2- queimaduras na região dos genitais que podem causar alterações na uretra, pênis e vagina, por destruição de tecidos nobres, 3-Queimaduras de mãos e pés, que podem deixar seqüelas de posições viciosas que posteriormente, impeçam na recuperação, na obtenção de atitudes adequadas para o trabalho e para a deambulação16. Segundo Gomes et al.15 apud Ferreira (2003), a intervenção fisioterapêutica exerce um papel primordialmente preventivo, caso seja iniciada precocemente. Caso contrário, o paciente poderá desenvolver seqüelas, principalmente pela imobilização ou pela posição 8 antálgica que exerce. Quanto mais precoce for iniciada a fisioterapia, melhores serão os resultados futuros. A reabilitação do paciente queimado começa no momento em que este chega ao hospital. Este é um processo sempre mutável, que é modificado diariamente. Com um trabalho duro e dedicação ao programa, o paciente queimado pode, certamente, retornar a uma vida produtiva17. O tratamento fisioterapêutico deve ser iniciado precocemente após o acidente, com raras exceções. O principal objetivo da intervenção fisioterapêutica em pacientes queimados é prevenir a perda de movimento, minimizar e evitar as deformidades anatômicas, diminuir a perda de massa corporal. O papel do fisioterapeuta envolve, também, a elaboração de um programa de tratamento adequado a cada tipo de paciente, as atividades devem ser planejadas e com assistência diária, avaliando as condutas diariamente de acordo com a evolução do paciente, visto que as necessidades de reabilitação se modificam com freqüência (Rocha19, 2010). Considerando O`Sullivan; Schmitz5, precisamos definir e classificar as lesões por queimadura para que a partir daí, possamos estabelecer um plano de tratamento. Podemos classificar as queimaduras da seguinte forma: 1) Queimadura superficial ou 1º grau: nesta queimadura, o traumatismo e a lesão celular ocorre apenas na parte externa da epiderme. Devido à natureza avascular da epiderme externa, não ocorrerá sangramento. Normalmente, ocorre uma leve reação inflamatória e a pele estará dolorida ao toque, mas não se formarão bolhas e a cicatrização normalmente ocorrerá dentro de 2 a 5 dias. Haverá também algum “despelamento” (descamação) da epiderme externa. 2)Queimadura superficial de espessura parcial ou 2º grau: Numa lesão de espessura parcial, a lesão ocorre através da epiderme até as camadas superiores da derme. A camada epidérmica é completamente destruída, mas a camada dérmica sofre apenas lesão leve a moderada. Este tipo de queimadura é extremamente doloroso, devido à irritação das terminações nervosas e dos sensores para a dor que sobrevivem ao insulto térmico. 3)Queimadura profunda de espessura parcial ou 2º grau profundo : Envolve a destruição da epiderme e uma grave lesão também da camada dérmica. A maioria das terminações nervosas, folículos pilosos e glândulas sudoríparas serão lesionadas, com a destruição da maioria da 9 derme. Esta é ainda uma lesão dolorosa, porque nem todas as terminações nervosas foram destruídas. O tecido pode estar anestesiado imediatamente após o traumatismo provocado pela queimadura. Haverá o desenvolvimento de escaras, ou de tecido morto resultante da lesão e da destruição tissular, em decorrência da presença da lesão necrosada e do plasma. 4)Queimadura de espessura integral ou 3º grau: neste caso todas as camadas epidérmicas e dérmicas estão completamente destruídas. A extensão da lesão leva à necrose de coagulação das células, destruição dos vasos sanguíneos, edema maciço e infiltração celular na ferida. Devido à completa destruição das terminações nervosas na área, a ferida estará relativamente indolor. É altamente provável a ocorrência de infecção e todos os esforços precisam ser feitos para manter um mínimo de infecção. 5)Queimadura elétrica ou 4º grau: envolve a completa destruição de todos os tecidos, desde a epiderme até (e inclusive) o tecido ósseo subjacente. Este tipo de queimadura ocorre normalmente em resultado do contato com a eletricidade e, se a corrente for forte o suficiente, também poderão ocorrer fraturas do osso subjacente. Antes de qualquer intervenção é necessário conhecer profundamente o paciente a ser tratado, inclusive seu estado psicológico, ou, a existência de algum prejuízo intelectual. Segundo Guirro; Guirro7, a avaliação deve constar de quesitos indispensáveis para a efetivação de um protocolo de atendimento eficiente: Cabeçalho com os dados de identificação pessoal; Identificação de patologias progressivas; Identificação do tipo de acidente, agente causador, data, hora, local, traumas associados, inalação de fumaça ou gases, etc.; Data de internação e número de prontuário (para pacientes que foram hospitalizados); Identificação do local, tipo e profundidade da queimadura; Identificação do percentual da superfície corporal atingida; Avaliação respiratória; Avaliação articular e funcional dos segmentos envolvidos; Avaliação postural quando possível – servirá de complemento na avaliação funcional; Avaliação do estado emocional. Para Gragnani; Ferreira20, a vitima de queimadura e a fisioterapia tem uma intensa e estreita relação resultando na conquista de uma qualidade de vida digna. Traçamos então nossos principais objetivos: reduzir o risco de complicações cardiovasculares, reduzir edema, preservar o funcionamento do aparelho respiratório, prevenir macerações das lesões, diminuir 10 contraturas e rigidez muscular,manter o paciente ativo transformando-o no principal agente do seu processo de cura e reabilitação. O`Sullivan; Schmitz5 ressaltam que, as metas para o tratamento reabilitativo e fisioterápico são contingentes com o prognóstico e potencial do paciente. É difícil determinar metas específicas por causa da natureza variada das lesões, porém, as metas típicas que precisam ser estabelecidas pelo fisioterapeuta são: • Obter uma ferida limpa por queimadura, para o desenvolvimento da cicatrização e aplicação de enxerto; • Manter a amplitude de movimentos; • Impedir complicações ou reduzir as contraturas cicatriciais; • Impedir complicações pulmonares; • Promover a independência na deambulação; • Promover a independência nas atividades de vida diária; • Melhorar a resistência e a força cardiovascular; • Viabilizar o retorno do paciente ao funcionamento normal, e à vida preexistente à lesão por queimadura. Para Gomes; Serra; Junior15, o processo de reabilitação compreende várias etapas onde a meta é o restabelecimento funcional e social do paciente. Durante este processo de recuperação, a Fisioterapia utiliza-se de vários métodos e técnicas terapêuticas, sendo as principais condutas: a cinesioterapia, que faz uso do movimento e de exercícios terapêuticos, e a massoterapia, que utiliza como recurso terapêutico as técnicas de massagens. No estudo de Knoplich16, ressalta que, a maioria dos autores afirma que as técnicas de fisioterapia em relação aos queimados encontram-se em evolução, realizando-se atualmente uma série de atividades que antes eram consideradas como tabus. A mobilização das articulações, para evitar sinequias e aderências de fáscias, músculos e tendões, deve começar imediatamente. Na medida das possibilidades do quadro clínico, as massagens, mobilizações, exercícios passivos e ativos devem ser iniciados precocemente, ainda na fase aguda da queimadura. Orteses simplificadas devem ser logo colocadas para que o pescoço, as mãos e pés não assumam posições viciosas. A movimentação na água, com hidroginástica, também é recomendada. Além da maior amplidão de movimentos, os autores têm recomendado que a 11 fisioterapia cuide da manutenção da força muscular e dificultar a aderência dos planos musculares e dos tendões com exercícios adequados, mesmo que doloridos. Segundo O’Sullivan; Schmitz5, no tratamento fisioterapêutico vamos utilizar os seguintes recursos: 1. Limpeza da ferida por queimadura; 2. Hidroterapia; 3. Exercícios ativos e passivos; 4. Posicionamento e imobilização das feridas por queimaduras. A hidroterapia é de grande importância a fim de manter a amplitude de movimentos disponível do paciente. A água atua como um meio de flutuabilidade, para a redução do peso do membro, e também serve para manter úmida a pele em processo de cicatrização,o que facilitará o movimento. Enquanto o paciente estiver dentro da água, a amplitude de movimentos ativos e passivos precisa ser monitorada e cuidadosamente documentada, para que fique assegurado que o paciente não esteja perdendo amplitude de movimento17. É importante destacar que se o paciente realizar uma aplicação de enxerto, este não poderá realizar o tratamento fisioterapêutico no primeiro momento e ele precisará aguardar a total cicatrização e recuperação cirúrgica a fim de iniciar a fisioterapia21. Segundo Borges1, a fisioterapia articular, funcional e postural envolve exercícios passivos que auxiliam no retorno venosos e linfático, preservação ou recuperação da integridade articular, prevenindo a rigidez articular e o encurtamento de tecidos moles, impedindo aderências e dificultando a atração tecidual: exercícios ativos assistidos; exercícios ativos: o paciente é estimulado a executar sozinho os movimentos, vencendo a força da gravidade; exercícios resistidos que atuam no sentido de recuperar e/ou aumentar a força e o volume muscular, a resistência deve ser progressiva: exercícios isométrico cuja finalidade é manter massa muscular nesse paciente e é utilizada em regiões enxertadas do 5º ao 8º dia de pós-cirúrgico; estiramento: técnica utilizada para alongamento de fibras musculares e estruturas tendinosas com base em fixação do segmento, colaboração do paciente e utilização de padrões funcionais de movimentos: exercícios de equilíbrio, coordenação e propriocepção; exercícios para correção postural. 12 Para Sampaio; Riviti22, o exercício ativo é encorajado em todas as áreas queimadas. Todas as articulações, mesmo as das regiões não queimadas, devem passar por exercícios ativos de amplitude integral. Exercícios ativos auxiliados e passivos deverão ser iniciados se o paciente não conseguir realizar a total amplitude de movimentos com exercícios ativos. Para cada fase de uma queimadura existe um recurso terapêutico especifico que irá contribuir na reparação da lesão. Segundo Guirro7, os principais recursos fisioterapêuticos a serem utilizados são: posicionamento; cinesioterapia respiratória; cinesioterapia geral; eletroterapia; crioterapia; ultrassom; radiação ultravioleta; radiação infravermelha e Laser. Portanto o Fisioterapeuta tem papel importante na recuperação funcional do paciente com queimaduras, pois dispõe de técnicas capazes de tratar de forma eficiente e precisa, assegurando resultados satisfatórios. 13 Considerações Finais O tratamento das queimaduras envolve uma equipe multiprofissional desde a fase de internação ao acompanhamento ambulatorial, e deve ser precoce e contínua. A atuação de uma equipe multidisciplinar se faz necessária para alcançar os melhores resultados. Na equipe multidisciplinar, o fisioterapeuta intervém na conduta respiratória, articular, funcional e postural, devendo adequar seus objetivos e protocolos à evolução clínico-cirúrgica de cada paciente, pois para cada fase de uma queimadura, existe um recurso terapêutico especifico. O objetivo deste estudo foi relatar a importância da intervenção fisioterapêutica na reabilitação de um individuo queimado, citando as principais metas e técnicas para se ter um bom tratamento. A atuação da fisioterapia se faz necessária desde o dia de admissão do paciente no hospital, com raras exceções. Uma queimadura quando é bem tratada desde o início tem um resultado final melhor, evitando assim, seqüelas mais graves. 14 Abstract The Importance of the physical therapeutic intervention a burnt patient’s rehabilitation: a literary review Gomes, Liana Da Silva Gardenghi, Giulliano Introduction: Burn injuries in all ages, is na important cause of death to trauma, both developed and under developed countries. It’s a body injury caused by a thermal, chemical, or eletrical reaction and can be classified as: first degree burn; second degree burn; third degree burn and fourth degree burn. The physical therapeutic plays, primarily, a preventive role IF initiated immediately. If not, the patient may develop sequelae. Objectives: Show the importance of the physical therapeutic intervention in a burnt patient’s rehabilitation, and point out the main objectives and resources used durind this sane rehabilitation. Method: The methodology was preceeded by the research of electronic data-based, published articles such as: Scielo, Pubmed, Google Academic, and Medstudents. It was limited to researches publisched between 1998 and 2011, in the english or portuguese languages, and scientific articles published in books and magazines specialized in this matter. Final Considerations: The burn treatment is made upo f a multi-professional team and must be immediate and continuous. The physical therapeutic intervention plays na important part in treating burn injuries and is extremely essential in matters of diminishing the sequelae left by the injury because it consists of tecniques capable of offering na efficient and precise treatment. It assures satisfying results, stimulating a greater quality of life and the integration of the individual in the society. Key-words: Physical Therapy, Burn-injuries, Treatment. Pesquisadores: Liana Da Silva Gomes Fisioterapeuta, Pós graduando em Fisioterapia Dermatofuncional no CEAFI; Pós graduando em Anatomia Humana no CEEN. Prof. Dr. Giulliano Gardenghi Doutor em Ciências pela FMUSP. 15 Referências Bibliográficas 1. Borges, FS. Dermato-Funcional: modalidades terapêuticas nas disfunções estéticas. São Paulo: Phorte, 2006. 2. . Helm OP, Fisher SV, Cromes Junior GF. Reabilitação de queimados. In: Delisa AJ, Gans BM, eds. Tratado de medicina da reabilitação: princípios e pratica. 3ª ed. São Paulo: Manole;2002. p.1653-77. 3. Pereira, RM. Efeito dos lasers de baixa potencia em diferentes comprimento de onda no processo de cicatrização de queimaduras de 3º grau. [dissertação de Mestrado].São José dos Campos:Universidade do Vale do Paraíba. Mestrado em Engenharia Biomédica. Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento, 2005. [Acesso em 2012 Jan 12]. Disponível em: http://biblioteca.univap.br/dados/000001/00000146.pdf. 4. Say, KG, et al. O tratamento fisioterápico de ulceras cutâneas venosas crônicas através da laserterapia com dois comprimentos de onda. Rev Fisiot Br 2003 Jan/Fev; 4(1):39-48. 5. O`Sullivan Susan B, Schimitz Thomas J. Fisioterapia: avaliação e tratamento. 4ed. São Paulo: Manole,2004. 6. Andrade Alexsandra G. de, Lima Cláudia F de; Albuquerque Ana Karlla B. de. Efeitos do laser terapêutico no processo de cicatrização das queimaduras: uma revisão bibliográfica. Revista Brasileira de Queimaduras. 2010; 9(1):21-30. 7. Guirro E, Guirro R. Fisioterapia Dermato-Funcional: Fundamentos, Recursos e Patologias. Barueri, SP: Manole, 2007. 8.Oliveira Fabiana P. S. de, Ferreira Eleonora A. P, Carmona Shirley S. Queimaduras. Revista Brasiliera de Crescimento e Desenvolvimento Humano. v.19 n.1. São Paulo, abr. 2009 9. Maciel E, Serra MC. Tratado de queimaduras. São Paulo: Atheneu;2004 10 Mello J, Oliveira ASM; Tibola J. Prevenção em Queimaduras: em séries do ensino fundamental de escolas de Florianópolis – Sc. [Acesso em 2011 Nov 30]. Disponível em: http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAaK0AG/prevencao-queimaduras-criancas. 11. Melo Isabella Perilo de, Jayme Heliane da Cunha. Queimaduras em Crianças: a necessidade da prevenção. [Acesso em 2011 Nov 30]. Disponível em: http://www.fisioweb.com.br/portal/artigos/50-art-variedades/474-queimaduras-em-criancas-anecessidade-da-prevencao.html. 12. Takejima Milka L, et al. Prevenção de queimaduras: avaliação do conhecimento sobre prevenção de queimaduras em usuários das unidades de saúde de Curitiba. Revista Brasileira de Queimaduras. 2011; 10(3):85-88. 16 13. Casseb MS. Prevenção em diabetes: efeito do treino de automonitoração na redução de fatores de risco. Projeto de qualificação de mestrado no Programa de Pós-Graduação em Teoria e Pesquisa do Comportamento. Universidade Federal do Pará, 2004. 14. Lima Júnior Edmar Maciel et al. Tratado de queimaduras. 1ª edição São Paulo, Sp: Atheneu,2006. 15. Gomes Dino Roberto, Serra Maria Cristina, Júnior Luiz Macieira Guimarães. Condutas Atuais em Queimaduras. Rio de Janeiro: Revinter, 2001. 16. Knoplich José. Queimaduras e Reabilitação Precoce – A importância da fisioterapia. [Acesso em 2012 Jan 10]. Disponível em: http://boasaude.uol.com.br/realce/emailorprint.cfm?id=12012&type=lib. 17. Sasak Susane Rodrigues. A Importância da Semiologia e do Tratamento Fisioterapêutico em Pacientes Queimados . [Acesso em 2011 Out 22]. Disponível em:http://www.nead.unama.br/site/bibdigital/pdf/artigos_revistas/89.pdf. 18. Lianza Sérgio. Medicina de Reabilitação . 3ª Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001. 19. Rocha Carolina de Lourdes J. V. Abordagem Fisioterapêutica do Paciente Queimado. Revista Interdisciplinar de Estudos Experimentais, v. 2, n. 2, p. 52- 56, 2010. 20. Gragnani Alfredo, Ferreira Lydia Masako. Pesquisa em queimaduras. Revista Brasileira de Queimaduras. 2009; 8(3):91-96. 21. Knobel, E. Condutas no paciente grave. 2 ed. São Paulo: Atheneu,1998. 22. Sampaio SA, Riviti GA. Dermatologia. São Paulo:Artes Médicas;1998.