Caracterização Fenotípica da População de Vetor Transmissor da Dengue no Campus Senador Helvídio Nunes de Barros/UFPI (UFPI/PI) Jailson da Silva Santana (bolsista do PIBIC/AF), Ana Carolina Landim Pacheco (Orientadora, Depta de Ciências Biológicas – UFPI/CSHNB). INTRODUÇÃO Doenças negligenciadas correspondem a um grupo de doenças infecciosas que afeta predominantemente as populações mais pobres e vulneráveis e contribui para a perpetuação dos ciclos de pobreza, desigualdade e exclusão social nas camadas da população (WERNECK; HASSELMANN; GOUVÊA, 2011). Nas Américas, a espécie Aedes aegypti é o principal responsável pela transmissão da dengue, zika vírus e chikungunya. Outra espécie, Aedes albopictus, embora presente no Brasil, ainda não tem comprovada sua participação na transmissão, embora na Ásia seja um importante vetor (BRASIL, 2007). Os vetores, mosquitos da família Culicidae do gênero Aedes, é muito típico e fácil de ser reconhecido (NEVES, 2007). O conhecimento das características do referido vetor transmissor é muito importante, de modo a proporcionar informações relevantes e necessárias a respeito das possibilidades de transmissão dessas arboviroses. O presente trabalho tem como objetivo geral fazer a caracterização da população/criadouro do Aedes Aegypti através da identificação e classificação fenotípica/morfológica dos insetos vetores, no Campus Senador Helvídeo Nunes de Barros, Picos, Piauí (CSHNB/UFPI). METODOLOGIA A pesquisa foi realizada no CSHNB/UFPI, localizado no município de Picos-PI, onde para a realização da mesma foram feita coletas semanais em pelo menos 5 locais diferentes do Campus, totalizando 55 coletas, entre agosto de 2015 e julho de 2016. Em cada semana de coleta, as armadilhas foram alternadas entre intradomicílio e peridomicílio, e sempre colocadas na quinta-feira e retiradas na terça-feira. As espécies foram capturadas por armadilhas Adultrap colocadas em carteiras inutilizáveis e presas com barbante. A forma de atração dos insetos foi dividida em dois momentos, ano de 2015, de agosto a dezembro de 2015, e ano 2016, de janeiro a julho de 2016. Fora utilizado apenas um tipo de isca uma solução composta 200ml de água potável, 50g de açúcar mascavo e 1g de fermento químico. RESULTADOS E DISCUSSÃO Com a pesquisa, as respostas emanaram-se relevantes e satisfatórias para descrever e discutir a respeito da presença diversificada de mosquitos na área do CSHNB. Foram capturados vários tipos de insetos dentre eles: Aedes aegypti, Anopheles darlingi e Lutzomyia longipalpis. As coletas realizadas permitiram a obtenção de uma amostra total de 1769 dípteros nematoceros capturados nas armadilhas até julho de 2016. No primeiro período de coleta, de julho a dezembro de 2015, foram capturados 976 (55%) e no segundo, de janeiro a julho de 2016, foram capturados 793 (45%). A quantidade de amostras coletadas, mensalmente, a partir de julho de 2014, apresentou como saldo, 96 mosquitos em julho (5%), 269 mosquitos em agosto (15%), 167 mosquitos em setembro (10%), 44 em outubro (3%), 112 em novembro (6%), 288 em dezembro (16%), 237 em janeiro (13%),127 em fevereiro (7%),92 em março (5%), 126 em abril (7%), 117 em maio (7%),51 em junho(3%) e 43 mosquitos em julho (3%). Em relação aos locais em que as armadilhas foram distribuídas para a captura dos mosquitos foi observado que 1389 (79%) mosquitos foram capturados no intradomicílio e 380 (21%) mosquitos no peridomicílio. Através análise fenotípica foram identificadas e classificadas 32 amostras de mosquitos pertencentes à família Mycetophylidae, um Lutzomyia longipalpis, dois Anopheles darlingi e quatro Aedes aegypti. Assim, do total de 1769 amostras, um pertencia à família Psychodidae (0,1%), 32 amostras à família Mycetophilidae (2,9%), e 1736 à família Culicidae (98%). Além destas famílias, também foram capturados alguns representantes das famílias Tipulidae e Muscidae; no entanto, só foram identificados, não foram quantificados. Neste contexto descrito, é possível salientar que do total de mosquitos catalogados nesta pesquisa, elucida-se mosquitos com importância parasitológica, sendo estes 10 Aedes aegypti (0,5%) 29 Anopheles darlingi (2,4%), e um (0,1%) mosquito da espécie Lutzomya longipalpis sendo esse percentual calculado a partir do total de amostras. Mesmo o Aedes aegypti mostrar-se presente em menor quantidade em relação a alguns dos outros mosquitos capturados, é importante haver preocupação no que se refere as possibilidades de manifestação do vetor, considerando que o campus apresenta todas as condições necessárias ao desenvolvimento do mesmo, como temperatura e água parada (lagoas), o que permite o possível aumento da população do mosquito, sabendo que no local encontra-se tanto o vetor, mesmo que em pequena quantidade até o momento, podendo aumentar, principalmente no período chuvoso, quanto lagoas como potenciais fontes para reprodução e consequente aumento da população do mosquito. O que torna claro um possível aumento dos riscos aos frequentadores do referido local. CONCLUSÃO A presença do vetor transmissor da dengue, zika vírus e chikungunya no CSHNB é preocupante, mesmo pequena, pois o Campus apresenta ambientes (lagoas) como prováveis reservatórios, bem como o fluxo de pessoas é grande e assim aumenta os riscos de infecção. Portanto, a partir deste estudo é possível selecionar informações e auxiliar no monitoramento do A. aegypti, um importante transmissor de arboviroses, que vem preocupando as autoridades de saúde púbica de Picos e de todo país. Palavras chave: Doenças negligenciadas, Aedes aegypti, Arboviroses, Referências Bibliográficas WERNECK L. G. ; HASSELMAN H. A. ; GOUVÊA G. T. Panorama dos estudos sobre nutrição e doenças negligenciadas no Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, vol. 16, núm. 1. 2011. 39-41. GUBLER, D. J.; CLARK, G. G. Dengue/dengue hemorrhagic fever: the emergence of a global health problem. Emerging Infectious Diseases, Atlanta, v.1, 45-73, 1995. BARROS, L.P.S et al. Análise crítica dos achados hematológicos e sorológicos de pacientes com suspeita de Dengue. Rev. Bras. Hematol. Hemoter. 30(5): 363-366, 2008.