11 O ALZHEIMER SOBRE O OLHAR DA NEUROPSICOLOGIA E NEUROLOGIA. ¹Edilaine Bernardes DE SÁ RESUMO O presente trabalho foi realizado para verificar se as avaliações neuropsicológicas e neurológicas são excludentes diante do diagnóstico da demência de Alzheimer (DA). Demência que atua de maneira progressiva e irreversível provocando declínio em certas funções intelectuais, podendo afetar diretamente a vida laboral e social do indivíduo. É atualmente a causa mais comum de demência no mundo. Ao perceber os primeiros sinais desta doença muitas pessoas procuram ajuda médica que solicita uma bateria de exames, dentre eles as avaliações neuropsicológica e neurológica. Mas a final qual a importância destas avaliações para o diagnóstico de DA? Muitas pessoas se questionam se é necessário realizar ambas as avaliações. Muitas vezes devido ao custo optam por realizar uma determinada avaliação, ou por achar desnecessário a realização das duas avaliações. Ao término desta pesquisa se pode concluir que ambas tem um papel relevante diante do diagnóstico de Alzheimer, sendo complementares seus objetos de investigação. A avaliação neuropsicológica avalia aspectos cognitivos enquanto que a avaliação neurológica investiga áreas cerebrais comprometidas ou preservadas. Palavras chave: Alzheimer, Neuropsicologia, Neurologia, Avaliação. ABSTRACT The present project was made to check if neuropsychological and neurological assessments are excluding faced with diagnosis of Alzheimer’s disease (AD). Such type of dementia acts in progressive and irreversible condition causing decline in certain intellectual functions, it may affect the working and social life of the person. At present, it is the most common cause of dementia in the world. When noticed the first signs of 12 this disease, many people seek medical attention which request a battery of medical test, neuropsychological and neurological assessments are among them. But, what is the advantage about these medical exams to the AD diagnosis? Many people ask themselves if it is necessary to undergo both exams. Many times due to the cost they choose to undergo only one of them or by thinking that undergoing both are unnecessary. At the end of this research it is able to realize that both medical exams are important for Alzheimer’s diagnosis, being complementary its investigation objectives. Neuropsychological exam evaluates cognitive aspects; meanwhile neurological exam evaluates compromised or preserved cerebral areas. Key words: Alzheimer, Neuropsychology, Neurology. ¹ Discente do curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior– FASIPE. SinopMT- Brasil. E-mail: [email protected] 13 INTRODUÇÃO A doença de Alzheimer foi diagnosticada pela primeira vez em 1906 pelo Dr. Alois Alzheimer e desde então apresenta grande incidência na população. É atualmente a causa mais comum de demência no mundo. Segundo a OMS pelo menos 35,6 milhões de pessoas no mundo sofrem com problemas decorrentes de demência mental e a estimativa é que até 2030 esse número aumente para 65,7 milhões. Com o desenvolvimento desta demência podemos observar no indivíduo um progressivo e irreversível declínio em certas funções intelectuais, podendo afetar diretamente sua vida social. Muitas pessoas que buscam atendimento médico saem da consulta com várias indicações de exames para serem feitos e nem sempre estas solicitações são seguidas à risca. No caso específico da Doença de Alzheimer dois exames são solicitados e por não perceber a real importância desses exames, ou por parecerem desnecessários, perda de tempo e dinheiro, os pacientes acabam por escolher um ou outro. O presente trabalho apresenta as diferenças nas avaliações neuropsicológicas e neurológicas da doença de Alzheimer e como são realizadas. Procuraremos assim verificar qual a importância de cada uma destas avaliações para a formação de um diagnóstico mais preciso em relação à doença de Alzheimer. Também foram levantados dados históricos desta doença que é atualmente a causa mais comum de demência no mundo. Nas posteriores sessões debatido sobre o que é esta doença, quais são seus principais sintomas e principalmente o que diferencia a avaliação neuropsicológica da avaliação neurológica. 2.1. ALZHEIMER E SUA HISTÓRIA A demência chamada Alzheimer foi diagnosticada pela primeira vez em 1902 pelo psiquiatra e neuropatologista Alois Alzheimer (1864 -1915). A paciente que recebeu o primeiro diagnóstico desta demência foi Auguste D, que a partir dos 51 anos, começou a demonstrar sintomas delirantes como ciúmes intensos em relação ao marido, desorientação no tempo e no espaço, problemas de linguagem e perda de memória. Estes sintomas continuaram a agravar-se progressivamente passados quatro anos e meio, que se encontrava em fase avançada de demência, não encontrando uma cura, a paciente veio a óbito aos 55 anos apresentando um quadro grave da doença. 14 Para descobrir as causas da doença de Auguste, Dr. Alzheimer realizou a autopsia da paciente fazendo um exame atomopatológico, realizado após o óbito. Este exame é realizado através de uma análise minuciosa de tecidos ou órgãos, que são estudados para buscar possíveis alterações. Através deste exame Alois Alzheimer observou lesões no interior dos neurônios e uma grande acumulação de placas senis (que são depósitos esféricos de β-amilóide (Aβ), associadas à função intelectual ocupam grandes volumes de substância cinzenta cerebral acometida) nos espaços extracelulares. Este conjunto de alterações mais tarde recebeu o nome doença de Alzheimer. O Alzheimer é uma doença que atinge o cérebro de forma progressiva, desenvolve-se lenta, mas continuamente, provocando a morte das células cerebrais e por consequência atrofiando o cérebro, ocasionando prejuízo progressivo das funções intelectuais, das habilidades de pensar, raciocinar e memorizar. A demência segundo o DSM-IV: é um conjunto de déficits cognitivos e de comprometimentos. Indivíduos com Alzheimer apresentam algumas alterações características que são: uma marcante redução no volume cerebral, particularmente no hipocampo, região importante do sistema límbico, responsável pela regulação das emoções. Estas alterações dificultam a comunicação entre os neurônios o que acaba afetando as sinapses. MIOTTO (2012) estas alterações inicialmente começam afetando a memória, a linguagem e o comportamento, com o tempo afetam outras funções mentais, acabando por gerar a completa perda de autonomia nos doentes. A forma como esta doença atua é diferenciada, variando de pessoa para pessoa, assim não é pré-determinada por um conjunto de sintomas. Dependendo da idade, qualidade de vida, escolaridade, dentre outros, pode evoluir de forma rápida ou de forma mais lenta. O fator genético de acordo com SMITH (1999) é considerado atualmente como coadjuvante. Pois para a autora o fator genético é apenas uma pequena porção se comparado com os demais fatores. Tais como agentes etiológicos, a toxicidade a agentes infecciosos, ao alumínio, a radicais livres de oxigênio, etc. 2.2. NEUROLOGIA E ALZHEIMER Segundo LENT (2013) a neurologia é uma área da medicina tradicionalmente caracterizada por um pensamento racional e pela precisão em definir o local do sistema 15 nervoso atingido pelas enfermidades. Até pouco tempo não dispunha de muitos exames que pudessem confirmar um diagnóstico, além de poucas formas de tratamento. Nas últimas décadas ocorreu grande avanço nestes quesitos. Segundo Cowan e Kandel(2001), a maior parte desses avanços está diretamente ligada aos avanços na tecnologia incluindo o aprimoramento dos métodos para rastrear as conexões entre as diferentes partes do cérebro, visualizar neurônios individuais e registrar sua atividade, além de estudar o funcionamento de neurotransmissores. 2.2.1. NEUROLOGIA NO PROCESSO DE AVALIAÇÃO Segundo MIOTTO (2012) durante estágios leves ou iniciais da demência Alzheimer pode-se observar que as alterações de ressonância magnética são discretas, e são encontrados alguns resultados controversos sobre a esperada redução no volume do hipocampo e as alterações nos parâmetros de espectroscopia de prótons. Esta controvérsia tem estimulado novos estudos destinados a um diagnóstico diferencial mais preciso entre: (a) pacientes com pré-demência (comprometimento cognitivo leve) (b) pacientes com uma forma pré-clínica da D.A (assintomática) e pacientes no estágio inicial da D.A. A neurologia na atualidade segundo LENT (2013) utiliza de métodos avaliativos para chegar ao possível diagnóstico de pacientes DA. Somente um médico com especialização em neurologia pode realizar estes métodos avaliativos nos pacientes, pois estas avaliações são de extrema importância para um diagnóstico preciso. Este neurologista deve realizar a avaliação baseando-se na anamnese obtida com o paciente e com familiares, exame físico e neurológico, resultados laboratoriais e de imagem cerebral. Utiliza-se de métodos como a neuroimagem, tomografia computadorizada, ressonância nuclear magnética, SPECT e PET,os exames laboratoriais: hemograma completo. 2.2.2. ALGUNS INSTRUMENTOS NEUROLOGIA O PET e SPEC são utilizados para verificar se há redução bilateral e frequentemente assimétrica do fluxo sanguíneo e do metabolismo em regiões temporais ou têmporo parietais. Também podem diferenciar sujeitos idosos normais (ou com comprometimento cognitivo leve) de pacientes com DA. Sendo ambos de grande importância para o diagnóstico. 16 A ressonância magnética funcional (FMRI) pode visualizar a atividade neuronal ou durante o repouso ou em associação com uma tarefa que ativa regiões específicas do cérebro. O método mais comum é dependente de oxigênio no sangue de nível que mede alterações no fluxo sanguíneo, com base em mudanças na deoxihemoglobina. Demonstra mínimas alterações, possibilitando uma imagem detalhada do cérebro. Tomografia computadorizada (TC) e ressonância magnética (RM) de crânio – Estes exames são necessários para afastar outras causas de demência. Nas fases iniciais da D.A, nas quais a amnésia é habitualmente a manifestação mais importante, a RM de alta resolução pode mostrar atrofia da formação hipocampal, particularmente do córtex entorrinal, onde se têm observado as alterações neuropatológicas mais precoces da doença. É possível que RM possa detectar alterações nestas mesmas regiões ainda mais precocemente ESPECTROSCOPIA POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA (ERM) do hipocampo pode, portanto ser considerada um instrumento importante por permitir conhecer a composição de metabolitos de amostra(s) de tecido nervoso normal e patológico in vivo e de modo não invasivo, permitindo uma melhor compreensão dos mecanismos fisiológicos e fisiopatológicos com objetivos clínicos e de pesquisa. Eletroencefalografia (EEG) tem uso estabelecido como método diagnóstico auxiliar nas demências, principalmente quando o diagnóstico permanece aberto após as avaliações clínicas iniciais. 2.2.3. EXAME CLÍNICO Muitas vezes o paciente não consegue fornecer detalhes sobre seus sintomas, assim é de fundamental importância que os familiares estejam presentes no momento da consulta médica para relatar os sinais de anormalidade que tenham observado. Após a entrevista médica detalhada, o paciente será submetido ao exame físico tradicional, com ênfase no sistema neurológico, que pode não apresentar alterações na fase inicial. Segundo os autores STOHR E KRAUS (2009) uma das formas de fazer um diagnóstico diferencial da D.A é através da EEG (eletroencefalografia clínica) que assume grande importância no diagnóstico diferencial, mostrando quais são as estruturas alteradas. As alterações eletroencefalográficas encontradas na demência de Alzheimer apresentam evolução menos característica do que outras demências. A 17 variabilidade dos traçados aumenta de acordo com o grau de atrofia cerebral. São exemplos de alterações encontradas na EEG de um indivíduo com DA: aparecimento de discretas alterações gerais, aumento progressivo da gravidade das alterações, focos de retardamento. 2.3. NEUROPSICOLOGIA A palavra neuropsicologia foi empregada pela primeira vez no ano de 1913, mas o seu estudo ganhou maior desenvolvimento a partir dos anos 40, através dos trabalhos do psicólogo canadense, DONALD OLDING HEBB (1904 -1985). No ano de 1949 Hebb propôs a teoria do funcionamento do córtex cerebral baseado nas conexões neuronais alteráveis. Assim HEBB sugeriu uma “teoria para a memória com base na plasticidade sináptica”. Em resumo a teoria, aceita que a transferência de mensagens entre os neurônios pode ser regulada, não sendo um fenômeno rígido e imutável, mas algo modificável dependendo das circunstâncias. Desta forma o armazenamento de memória não consistiria na modificação das propriedades dos neurônios, nem muito menos implicaria na presença de circuitos considerados determinados e imutáveis, mas “o traço mnésico estaria ligado à formação e à persistência de uma rede de conexões entre as células, embora nenhuma delas contenha a informação necessária à restituição da lembrança”. (SANVITO, 1991, p. 89). Podemos entender diante do pensamento de HEBB que podemos melhorar o processamento das informações mentais mesmo havendo o comprometimento nas células neuronais. Podemos estimular o cérebro do paciente para este realizar mais conexões sinápticas, assim não deixando o cérebro se deteriorar rapidamente. Segundo CUNHA (1993) inicialmente, a avaliação neuropsicológica pretendia chegar à identificação e localização de lesões cerebrais focais. Atualmente, baseiam-se na localização dinâmica de funções, tendo por objetivo a investigação das funções corticais superiores, como, por exemplo, a atenção, a memória, a linguagem, percepção, entre outros. Já LURIA (1902-1977), Alexander Romanovich Luria, famoso neuropsicólogo russo, investigou as funções superiores nas suas relações com os mecanismos cerebrais e desenvolveu a noção do sistema nervoso funcionando como um todo, considerando o ambiente social como determinante fundamental dos sistemas funcionais responsáveis pelo comportamento humano. Luria afirmava que as funções psíquicas do homem são 18 produtos de uma larga evolução, possuem uma estrutura complexa e estão sujeitas a modificações em seus elementos constitutivos. Os sistemas funcionais não podem ser localizados senão dinamicamente, em constelações de trabalho, com a ajuda de diferentes neurônios. Segundo LURIA, Toda atividade mental humana é um sistema funcional complexo efetuado por meio de uma combinação de estruturas cerebrais funcionando em concerto, cada uma das quais dá a sua contribuição particular para o sistema funcional como um todo. (LURIA, 1981, p. 23). 2.3.1. AVALIAÇÕES NEUROPSICOLÓGICAS E SEUS OBJETIVOS “As avaliações utilizadas pela neuropsicologia têm o objetivo de investigar quais as funções cognitivas que estão preservadas e quais estão comprometidas” (MIOTTO, 2012). Para a realização desta avaliação o profissional deve recorrer de instrumentos como testes, baterias e escalas validados pelo Conselho Federal de Psicologia. Estes devem ser específicos para avaliação das funções cognitivas. O profissional neuropsicólogo irá investigar através destes o desempenho de habilidades cognitivas como percepção, atenção, linguagem, raciocínio, abstração, memória, aprendizagem, processamento da informação, visuoconstrução, executivas e habilidades motoras. Estas avaliações são realizadas unicamente pelo profissional psicólogo que tenha especialização em neuropsicologia. Segundo a definição de LEZAK (2005), “Avaliação Neuropsicológica é o método para investigação do funcionamento cerebral através do estudo comportamental”. Tendo como objeto central de estudo o cérebro e não o comportamento como a avaliação psicológica. Assim seus objetivos são fundamentalmente fazer um diagnóstico diferencial, verificar se há presença ou não de alguma disfunção cognitiva. Localizar alterações discretas, a fim de detectar as disfunções ainda em estágios precoces. Contribuir para o planejamento do tratamento e no acompanhamento da evolução dessa doença em relação aos tratamentos que estão sendo ministrados no paciente. Com base nesta avaliação é possível decidir por qual tipo de intervenção seguir. Na avaliação neuropsicológica consegue-se identificar quais são as áreas neuropsicológicas que possam estar em comprometimento ou atuando de forma 19 adequada. Segundo MIOTTO (2012) existem alguns critérios que são analisados para chegar a um quadro de DA, são eles: comprometimento da memória, déficits cognitivos, comprometimento de pelo menos duas funções cognitivas: a) linguagem, b) Praxias, c) Gnosias, d) funções executivas. Assim o profissional deve estar atento para com estes critérios escolher testes que consigam rastrear o funcionamento dessas funções. Dependendo das particularidades do paciente o profissional terá que adaptar suas testagem, escolhendo instrumentos acessíveis ao paciente, por exemplo, diante de um teste que exija leitura do enunciado, se o paciente não souber ler, não conseguirá realizar as tarefas solicitadas. Assim terá influência no resultado da testagem. Segundo ZANINI (2010) outro fator que pode interferir na testagem é o gênero, no qual podemos observar que mulheres apresentam melhor desempenho nas habilidades verbais e os homens em contrapartida em tarefas matemáticas. Também a idade do paciente e a escolaridade podem influenciar, sendo a que pessoas com nível de escolaridade mais elevados são mais tolerantes aos sinais do envelhecimento mental. 2.3.2. COMO É FEITA A AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA A avaliação neuropsicológica pode ser subdividida em detalhada e breve, dependendo da demanda de tempo e do paciente pode ser escolhido pelo profissional a que mais se adapte a situação. O que é uma avaliação detalhada e o que é uma avaliação breve? A avaliação detalhada é uma avaliação mais demorada, implica na aplicação de várias técnicas e de tempo útil maior. Uma avaliação neuropsicológica detalhada deve incluir o exame das funções cognitivas e emocionais (LEZAK, 2004). Uma avaliação detalhada inclui a aplicação de vários testes, para que se avalie adequadamente. Estes testes devem avaliar várias áreas, para fornecer uma visão ampla tanto dos aspectos emocionais do paciente, quanto dos aspectos cognitivos. De acordo com ZANINI (2010) a avaliação neuropsicológica detalhada é recomendada especialmente nos estágios iniciais de demência em que os testes breves podem ser normais ou apresentar resultado limítrofe. 10 1 E a avaliação breve por outro lado como o nome já diz, dispõem de um tempo menor para sua aplicação, são testes mais simples de serem ministrados. Uma das vantagens da avaliação cognitiva breve, é que ela permite uma diferenciação entre depressão e a demência em pacientes idosos psiquiátricos ambulatoriais que apresentam queixas de memória, proporcionando dados para a organização de um protocol Simples, racional e de baixo custo para o atendimento da população em serviços de saúde pública. São exemplos de avaliação neuropsicológica breve: o mini- exame estado mental, o NEUROPSILIN, A escala de avaliação de demência (DRS),Teste do Desenho do relógio (Clock Drawing Test - TDR),teste de fluência verbal, questionário de Pfeffer(QPAF). Já a Escala de Inteligência de Adultos de Wechsler (WAIS) e o teste da reprodução visual de figuras da escala de memória de Wechsler, são instrumentos de avaliação detalhada, também a utilização de várias escalas combinadas, formando uma bateria de testes, pode ser considerada uma forma detalhada. 2.3.3. O MINI-EXAME DO ESTADO MENTAL (MEEM) Elaborado por FOLSTEIN et al (1975), é o instrumento mais utilizado para avaliar as funções cognitivas por ser rápido e de fácil aplicação, apenas necessita de um roteiro para sua aplicação, que não ultrapassa 10 minutos. Deve ser utilizado com o objetivo de identificar um possível comprometimento não descartando uma avaliação mais detalhada, pois, apesar de avaliar vários domínios (orientação espacial, temporal, memória imediata e de evocação, cálculo, linguagem, repetição, compreensão, escrita e cópia de desenho), não tem caráter diagnóstico, mas sim pra indicar funções que precisam ser investigadas. É utilizado pelos neuropsicólogos como um dos primeiros instrumentos a serem aplicados. A folha de aplicação deste teste é encontrada facilmente na internet devido ao seu caráter mais investigativo do que diagnóstico. 2.3.4. BATERIA DE AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA BREVE (NEUROPSILIN) Esta bateria foi criada por FONSECA (2009) o qual desenvolveu um instrumento de avaliação neuropsicológica breve. Construído com todo rigor metodológico, e utilizando procedimentos teóricos e empíricos com a finalidade de garantir uma ampla fonte de evidências de validade. Seu objetivo é fornecer um perfil neuropsicológico breve através da avaliação de habilidades cognitivas: orientação temporo-espacial, atenção, percepção, memória de trabalho, memória verbal episódicasemântica, memória visual de curto prazo, memória visual de longo prazo, memória 111 prospectiva, habilidades aritméticas, linguagem, praxias e funções executivas, por meio de 32 tarefas. Permitindo assim identificar quais funções estão preservadas e quais estão deficitárias. É considerado breve, pois tem duração de 30 a 40 minutos, variando de paciente para paciente, dependendo das funções cognitivas estarem preservadas ou mais comprometidas. 2.3.5. ESCALA DE AVALIAÇÃO DE DEMÊNCIA (DEMENTIA RATING SCALE – DRS) A escala de avaliação de demência (DRS) tem sido utilizada de maneira sistemática pelo grupo de neurologia cognitiva e do comportamento (GNCC) do departamento de neurologia da faculdade de medicina de são Paulo (FMUSP) na avaliação de pacientes com demência há 15 anos. O DRS contém sub-escalas que possibilita o acesso parcial das áreas comprometidas e preservadas que pode auxiliar na complementação da avaliação neuropsicológica, alertando para áreas que devem ser avaliadas mais profundamente. A presença das sub-escalas também permite a análise da progressão ou não da doença. É um instrumento que permite o acesso a um número maior de informações a respeito do paciente e sua doença, em diferentes graus. De intensidade, além de auxiliar no diagnóstico diferencial. Avalia a atenção, iniciativa/perseverança, construção, conceituação e memória. 2.3.6. TESTE DESENHO DO RELÓGIO Teste do Desenho do relógio (ClockDrawing Test - TDR). Originalmente descrito na avaliação da disfunção do lobo parietal, avalia de forma simples, as funções viso-espaciais, linguagem, capacidade de planejamento, praxia, memória, habilidade visuoconstrucional e função executiva. Este teste é basicamente focado no desenho de um relógio mostrando o horário solicitado. Contendo os ponteiros, horas e minutos. 2.3.7. TESTE DE FLUÊNCIA VERBAL Verifica a existência de prejuízo de memória semântica e nas estratégias de busca, relacionadas à função executiva. Consiste em solicitar à pessoa que fale o maior número possível de animais em 1(um) minuto. Este teste conclui se há presença de declínio cognitivo. 2.3.8. QUESTIONÁRIO DE PFEFFER (QPAF) É uma escala de 11 questões aplicada ao acompanhante ou cuidador da pessoa idosa discorrendo sobre a capacidade desse em desempenhar determinadas funções. As 112 respostas seguem um padrão: sim é capaz (0); nunca o fez, mas poderia fazer agora (0); com alguma dificuldade, mas faz (1); nunca fez e teria dificuldade agora (1); necessita de ajuda (2); não é capaz (3). A pontuação de seis ou mais sugere maior dependência. A pontuação máxima é igual a 33 pontos. Esta escala tem como objetivo verificar a presença de declínio cognitivo e o grau deste. Quanto mais elevado o escore maior a dependência de assistência. 2.3.9. ESCALA WECHSLER DE INTELIGÊNCIA PARA ADULTOS - BATERIA WAIS – III A aplicação da bateria WAIS –III é indicada. Nesse caso, com a finalidade primordial da avaliação da memória e da inteligência de pessoas com DA, medindo o grau de deterioração. É útil em apontar declínios nas áreas intelectual, funções executivas, linguagem e memória. Trata-se de um teste bastante completo (Compreensão Verbal, Organização Perceptual, Memória de Trabalho e Velocidade de Processamento, QIs Verbal, de Execução e Total). Sua aplicação demanda de um tempo maior, em média de 90 a 120 minutos, sendo considerado um instrumento detalhado. 3. CONCLUSÕES Observou-se que a avaliação neurológica é baseada em exames e instrumentos que avaliam os aspectos físicos da doença, assim verificando quais as áreas do sistema cerebral se encontram comprometidas, o que estas alterações implicam, quais medidas podem ser tomadas para amenizar o progresso biológico destas disfunções. Enquanto que a avaliação neuropsicológica avalia aspectos cognitivos, verifica quais as áreas da cognição foram prejudicadas, o que estas alterações podem afetar no comportamento e na vida social. Diante dos dados analisados anteriormente se pode verificar que as avaliações neurológicas e neuropsicológicas tem suas especificidades, cada qual avalia um objeto em especial. A avaliação Neurológica tem como objetivo avaliar quais as células cerebrais estão afetadas e quais estão preservadas, se ocorreu redução no volume cerebral ou se há alterações neuroquímicas nos neurotransmissores. Em contrapartida a avaliação neuropsicológica avalia as funções cognitivas, verificando se essas encontram-se preservadas ou estão comprometidas. 113 Concluindo que as avaliações neuropsicológicas e neurológicas são complementares para o diagnóstico do paciente com Alzheimer. No entanto quando for solicitado ao paciente que realize ambas as avaliações fica claro que ambas as avaliações são necessárias para fornecer um diagnóstico preciso. Um diagnóstico fidedigno ajuda na execução de um tratamento para retardar o progresso desta demência, o que pode fornecer uma melhor qualidade de vida para o paciente, uma vez que a cura para tal doença ainda não foi confirmada. RERERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMBRÓZIO, C.;RIECHI, T.; BRITES M., JAMUS, D.; PETRI,C., ROSA, T.; FAJARDO, D. Neuropsicologia Teoria e Prática, p. 4 – 6. BUCHPIGUEL, Carlos Alberto. PET e SPECT cerebrais na avaliação dos estados demências. Revista Brasileira Psiquiatria, 2001. CAETANO, Dorgival. Classificação de transtornos mentais e de comportamento da CID 10: descrições clínicas e diretrizes diagnósticas. Porto Alegre: Artmed, 1993. DAMACENO, BP. Envelhecimento Cerebral: o problema dos limites entre o normal e o patológico. Academia Brasileira de Neurologia. v. 57. nº 1. São Paulo: 1999. ENGELHARDT, E. Z; ROZENTHAL, M.; LAKS, J. Neuropsicologia II: História. Rio de Janeiro: Revista Brasileira de Neurologia, 1995.p. 107-113. 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