XVI Congresso Brasileiro de Biblioteconomia e Documentação 22 a 24 de julho de 2015 Comunicação Científica PROPOSTAS DE FUNCIONALIDADES PARA DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE BIBLIOTECA VOLTADO AO PÚBLICO INFANTO-JUVENIL Resumo expandido As atividades desempenhadas pelas bibliotecas escolares contribuem com a aprendizagem dos estudantes, auxiliando, inclusive, em seus ganhos acadêmicos. Escolas que contam com bibliotecas bem aparelhadas e bibliotecários que desempenham atividades de estimulo à leitura, literacia e auxílio a pesquisas, contribuem com a evolução de aprendizado dos estudantes, destacando-se de forma positiva em relação a instituições de ensino que não exploram estes recursos. O espaço da biblioteca, ao favorecer o acesso a materiais diversos, possibilita o contato com o acervo existente, independentemente de seus formatos, facultando sua aplicação nas atividades pedagógicas. Desta forma, aos bibliotecários cabe um papel de co-educadores, ao contribuírem com as práticas de leitura e pesquisa, auxiliando na localização do acervo custodiado pela instituição, assim como sua potencial utilização. Ao analisar a literatura sobre bibliotecas escolares, evidenciase a complexidade de aplicação de instrumentos de classificação, devido as dificuldades de entendimento das divisões presentes nas tabelas CDD e CDU por parte do público infantil e infanto-juvenil. Disto decorre uma característica desta tipologia de bibliotecas no emprego de cores e imagens para representar áreas do conhecimento e temas onde, além de organizar, permitem uma identificação visual que favorece a descoberta. Não foram identificados sistemas de biblioteca no Brasil que tenham sua aplicação voltada especificamente ao ambiente escolar e tampouco que possuam funcionalidades que permitam a criação de categorias com atributos de cores e imagens. Em virtude da legislação brasileira que estabelece que até 2020 todas as escolas devem contar com uma biblioteca e, devido a carência de sistemas de automação que assistam este segmento em suas especificidades, o objetivo deste artigo é identificar recursos e funcionalidades específicos ao ambiente de bibliotecas escolares para orientar a elaboração de um software que permita a inclusão de categorias e subcategorias, aliados com recursos iconográficos (imagens e cores), com a distribuição e representação dos temas ocorrendo nos catálogos dispostos na Web. A metodologia empregada neste estudo foi a identificação de características presentes nas cinco ferramentas mais utilizadas por bibliotecas escolares nos Estados Unidos e Europa, levantamento realizado na edição de 2014 do documento Library Systems Report, editado por Marshall Breeding. A análise dos resultados permitiu identificar as funcionalidades necessárias para atender ao público escolar, como a distribuição das áreas do conhecimento por categorias e subcategorias, além da indicação de assuntos, vinculando imagens e cores às categorias, e com possibilidades de navegação em nível, expandindo ou não os elementos agrupados. A visualização das capas das publicações mostra-se importante, com o objetivo de facilitar a identificação dos recursos, enquanto a customização da interface de pesquisa, preserva a identidade visual da instituição. Tomando como referência a “Margarida”, proposta pelo Instituto Nacional de Tecnologías Educativas y de Formación del Profesorado (INTEF), foi estruturada a criação e distribuição das áreas do conhecimento com os atributos de cores e imagens no sistema, com o intuito de facilitar a compreensão da organização do acervo aos estudantes. A estes recursos, na discussão dos resultados foram incluídas outras funcionalidades como o auto completar na digitação de caracteres, a busca por navegação em categorias ou por palavras digitadas na interface de pesquisa e a possibilidade de alterar as descrições, imagens e cores das categorias. A divulgação das últimas aquisições incluídas ao acervo e visualização dos títulos mais emprestados também foram identificados como critérios interessantes para divulgação do acervo aos potenciais leitores. A partir do levantamento destas necessidades específicas, foi possível estabelecer os elementos necessários a um software que atenda bibliotecas escolares. Nas considerações finais destaca-se a elaboração de protótipo de sistema com elementos para descrição de categorias, aliadas a recursos iconográficos de imagens e cores, com a possibilidade de expansão da indexação em subcategorias e assuntos. Desta forma, a pesquisa em catálogos online na Web pode ser realizada por meio de digitação de palavras ou por navegação em categorias. Esta ferramenta visa ser uma alternativa às bibliotecas escolares que desejam aplicar a organização do acervo em categorias e transpor este modelo a seu catálogo na Web, permitindo a descoberta e divulgação das obras presentes na biblioteca aliada ao emprego de elementos lúdicos. Palavras-chave: biblioteca escolar; catálogo online; categorias; classificação por cor; sistema de biblioteca. PROPOSTAS DE FUNCIONALIDADES PARA DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE BIBLIOTECA VOLTADO AO PÚBLICO INFANTO-JUVENIL Autor: Liliana Giusti Serra, Prima Informática, [email protected]; Introdução O artigo visa identificar funcionalidades e recursos desejados para a indexação de obras e recursos de recuperação em catálogos de acervos de bibliotecas de instituições de ensino fundamental e médio na Web, agregando elementos iconográficos que facilitem a navegação e pesquisa por parte dos usuários frequentadores de bibliotecas escolares. A biblioteca escolar é o espaço que favorece o acesso a materiais para consulta, não limitando-se a recursos no formato de impressão sobre o papel. Ela cumpre sua função de fornecimento de subsídios para a realização de pesquisas, é o espaço para contato com a leitura, e possibilita a consulta a diversas fontes, de gêneros e temas diversos, apropriadas as faixas etárias, corroborando a importância do espaço na formação cultural de estudantes, ampliando seus conhecimentos para além da sala de aula. "A biblioteca escolar deve representar um espaço onde seus usuários desenvolvam o gosto pela leitura e ofereça um ambiente onde possamos adquirir e absorver informações, como também proporcione um ambiente capaz de nos fazer esquecer os problemas do dia-a-dia e adentrar no mundo do saber, através dos livros. As bibliotecas são peças fundamentais para despertar o interesse das crianças pela leitura" (SOARES; NASCIMENTO, 2007, p.2). A participação da biblioteca no processo de aprendizagem e estímulo da leitura é inegável, porém não basta à instituição possuir uma biblioteca física, mas facilitar a descoberta dos recursos, de forma intuitiva e amigável. As características da educação no século 21 estão em evolução contínua e, com o intuito de aprimorar seu desenvolvimento, identifica-se que os alunos precisam de literacia em leitura, informação e tecnologia, além de competência para construção de conhecimento pessoal e habilidades matemáticas e orais. Pesquisas realizadas no Canadá, Estados Unidos e Austrália, cujos dados são mensurados em testes padronizados, demonstram que escolas cujas bibliotecas são fomentadas com recursos e geridas por bibliotecários com experiência na área educacional, possuem altos níveis de qualidade de ensino e estímulos a leitura, e mostram-se superiores que o de escolas que não possuem estas condições. Estudos realizados nos últimos cinquenta anos apoiam esta conclusão. Na última década, com o aumento de pesquisas e aplicação de metodologias, reforça-se a credibilidade e assertividade da relação positiva entre bibliotecas escolares e a evolução acadêmica dos estudantes (BARRETT, 2010). Com a tendência de disponibilização de catálogos de bibliotecas escolares na Web, destaca-se a importância em desenvolver recursos e funcionalidades que facilitem aos estudantes encontrar os materiais desejados no acervo e estimular a utilização da biblioteca. Normalmente as ferramentas de gestão utilizadas em bibliotecas escolares são as mesmas presentes em bibliotecas públicas, universitárias ou corporativas, permitindo diversas formas de controle de circulação e busca, porém com interface não atrativa para buscas dos usuários. Desta forma, faz-se necessário analisar recursos desejáveis em uma ferramenta para gestão de bibliotecas escolares, agregando funcionalidades que favoreçam a atividade do bibliotecário e que sejam atrativas aos estudantes. “A biblioteca infantil é um ambiente que possui características próprias e sua comunicação visual merece atenção especial: a busca de um sistema de sinalização que utilize recurso de linguagem visual visa não só a estética, mas principalmente a facilidade de uso do seu ambiente, o que proporciona uma melhor interação entre o usuário e a informação” (PINHEIRO; SACHETTI, 2004, p.4). Além da organização do acervo, observa-se que: [...] “o ambiente da biblioteca, de uma unidade escolar, precisa estar de acordo com a faixa etária do aluno que o frequenta, de forma que as crianças possam sentir-se atraídas pelo local e sintam prazer em visita-lo. Por isso, a biblioteca necessita de uma classificação acessível à criança, além de ter um espaço agradável, divertido, bem colorido, que chame a atenção dos frequentadores” (PINHEIRO, 2009, p. 166). Desta forma, [...] “a cor deve ser sempre bem destacada para que possa chamar a atenção do usuário e deve ser tratada em conjunto com todo o espaço físico, mobiliário e equipamentos da biblioteca no sentido de buscar um melhor aspecto visual de todo o ambiente” (PINHEIRO; SACHETTI, 2004, p.5). Expandindo o pensamento das autoras ao ambiente virtual, entende-se que a aplicação da organização dos acervos bibliográficos por meio de cores e imagens deve estender-se aos catálogos para consulta na Web, facilitando a identificação e localização dos recursos existentes. Este pensamento é corroborado por Hillesheim e Fachin (2000) ao incluírem os registros do computador na utilização de sistemas de cores. De acordo com Breeding (2014), bibliotecas escolares possuem necessidades de automação específicas. A presença de elementos gráficos é constante na Web, com imagens e recursos multimídia dando suporte a informações textuais. No contexto da biblioteca escolar, além das capas das publicações, um catálogo online deve contar com recursos iconográficos, tanto para expor as opções presentes em um acervo, como para estimular o conhecimento e a leitura por parte dos estudantes. Método da pesquisa O método de pesquisa empregado foi a realização de análise de OPACs (Online Public Access Catalog, Catálogo Público para Acesso Online, tradução nossa) de bibliotecas estrangeiras que utilizam sistemas de gestão de acervos com foco no público infanto-juvenil, observando as funcionalidades presentes e as formas de apresentação dos resultados de pesquisa. A partir da identificação destes elementos é possível estabelecer critérios de funcionalidades desejadas em um sistema integrado de bibliotecas, com foco no ambiente escolar, que reúna as necessidades tradicionais das unidades de informação como catalogação, indexação e circulação, aliado aos elementos visuais que facilitem a descoberta e utilização dos recursos existentes nos acervos no ambiente da Web. A seleção das ferramentas avaliadas foi retirada do relatório elaborado por Marshall Breeding, na edição de 2014. Este relatório, publicado anualmente, apresenta os principais sistemas para bibliotecas do mundo, com destaque do mercado norteamericano, relacionando instituições onde estão implantadas. Neste documento foram identificadas as cinco ferramentas mais utilizadas em bibliotecas escolares. Também foi realizada revisão de literatura visando identificar artigos que discutem a utilização de atributos iconográficos (imagens e cores) aos registros bibliográficos para auxiliar na identificação dos recursos, tanto por sua temática como na distribuição dos itens por faixas etárias, de acordo com o nível de letramento dos usuários. Textos sobre a importância da biblioteca escolar nas atividades pedagógicas também foram consultados. Resultados Devido a carência no Brasil da oferta de sistemas que ofereçam interface de busca que privilegiem o público infanto-juvenil, optou-se por pesquisar o mercado externo, com o intuito de identificar as soluções existentes, o alcance das ferramentas e a presença de elementos descritivos e iconográficos diferenciados, voltados ao atendimento de demandas específicas inerentes ao público de bibliotecas escolares. Ao analisar o documento Library Systems Report, editado por Marshall Breeding em 2014, foram identificadas as cinco ferramentas mais utilizadas por bibliotecas escolares da Europa e Estados Unidos, que, juntas, atendem mais de 86.000 instituições. Alguns sítios que utilizam estas ferramentas foram visitados, com o intuito de identificar os recursos disponibilizados aos usuários. Apesar de serem utilizados por diversas escolas, observou-se baixa presença de catálogos online na Web, com a utilização dos recursos limitados ao espaço da biblioteca. Nem sempre o sítio da instituição apresentava área ou descrição da unidade de informação e, ainda em menor ocorrência, ofereciam a possibilidade de consulta ao acervo. Desta forma, acredita-se que os recursos online ainda não são plenamente utilizados pelas bibliotecas escolares e seu alcance mostra-se restrito à aplicação presencial, sem explorar as possibilidades de emprego na forma virtual. Dentre os sítios das instituições consultadas foram identificadas as seguintes características nas interfaces de busca do catálogo online: 1) Distribuição dos temas em categorias; 2) Predominância de criação das categorias divididas por áreas do conhecimento, de acordo com os sistemas de classificação; 3) Utilização de imagens e cores na identificação das categorias; 4) Possibilidade de navegação em nível, por subcategorias; 5) Visualização dos registros por meio de capas alinhadas (mesa de luz), com informações complementares somente ao entrar nos detalhes dos registros; 6) Possibilidade de customização da interface, incluindo logotipo e imagens da instituição. A organização dos acervos ocorre com a descrição e distribuição das fontes bibliográficas por assuntos. Esta atividade é, comumente, orientada pela aplicação de tabelas de classificação como a CDD (Classificação Decimal de Dewey) ou a CDU (Classificação Decimal Universal), com a utilização de áreas e subáreas do conhecimento. Segundo Leite (2001, p.18 apud PINHEIRO; SACHETTI, 2009, p.5), “as atuais classificações parecem ser de difícil entendimento para o público infantil”. Para tanto, o autor recomenda a aplicação de cores e imagens que permitam a identificação das temáticas dos recursos bibliográficos por parte dos usuários. O emprego de cores para simbolizar assuntos é uma prática usual observada em bibliotecas escolares, além das universitárias e corporativas. Para Pinheiro (2009), esta metodologia favorece a recuperação das informações no ambiente escolar ao construir um elo entre a linguagem visual e a localização dos itens nas estantes, identificados por meio das cores que representam os assuntos. Segundo Pinheiro e Sachetti (2004, p. 6), “a classificação por cores facilita o encontro da obra desejada, pois, as cores são uma das primeiras linguagens que a criança aprende quando pequena. Neste sentido fica mais fácil sua busca”. Ao aplicar cores na distribuição dos assuntos existentes, a biblioteca favorece a apropriação dos recursos por parte dos usuários, agrupando as temáticas nas estantes. Ao empregar este recurso no catálogo online, a biblioteca padroniza suas ações na descrição temática do acervo, realizando a reunião dos recursos por meio de categorias, subcategorias e assuntos, facilitando a navegação no ambiente virtual. Foi observado que, em geral, a distribuição das categorias dos sítios visitados seguia padronização adotada na tabela de classificação CDU, com a distribuição dos temas em dez categorias. A partir desta premissa, tomou-se como referência o exemplo de categorias utilizado pelo Instituto Nacional de Tecnologías Educativas y de Formación del Profesorado (INTEF), denominado como “Margarida”, identificado na Figura 1. Figura 1: CDU distribuída em Margarida Fonte: Instituto Nacional de Tecnologías Educativas y de Formación del Profesorado (INTEF) Neste modelo, os assuntos das classes são divididos em dez categorias, sinalizadas por cores e imagens. Na Tabela 1 é possível comparar as classes da CDU e a proposta da distribuição por cores do INTEF. Tabela 1: Comparativo entre a CDU e categorias Classe CDU 0 Generalidades. Ciência. Conhecimento etc. Filosofia. Psicologia Religião. Teologia Ciências sociais. Direito. Administração etc. Vaga Matemática e ciências naturais Ciências aplicadas. Medicina. Tecnologia Arte. Belas Artes. Recreação. Diversão e Esporte Linguagem. Linguística. Literatura Geografia. Biografia. História 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Categorias para escolas Dicionários e enciclopédias Pensar e Conhecer Rezar Viver juntos Cor Lilás Vermelho Laranja Vazio Natureza Preto Verde Curar. Fabricar Azul Criar. Divertir Rosa Ler e falar Amarelo Os países e o passado Branco Marrom Ao observar a proposta de distribuição da CDU com cores e imagens e pensando na visualização destes recursos no catálogo na Web, nota-se que a descrição das categorias foi simplificada, com adoção de termos familiares e acessíveis ao público infanto-juvenil. Ao invés de utilizar uma imagem única, diversos componentes foram empregados para descrever visualmente o entendimento compreendido pelas categorias. Temos, assim, a presença de diversos elementos iconográficos representando uma área temática, buscando facilitar a compreensão por parte de crianças e jovens e permitir uma busca por meio de recursos gráficos. Discussão A adoção de cores visa facilitar a identificação dos assuntos no espaço físico da biblioteca, com inclusão destes atributos nas etiquetas de sinalização. Ao expandir a aplicação de cores ao ambiente virtual, a biblioteca padroniza o tratamento temático do acervo, transmitindo familiaridade aos usuários. Ao analisar demais recursos presentes em sítios da Web, também mostram-se úteis as seguintes funcionalidades em um terminal de consulta para bibliotecas escolares: 1) Auto completar: ao digitar uma palavra (ou parte dela) na caixa de busca, ter a opção de visualizar a presença dos termos presentes no acervo. Esta funcionalidade facilita a identificação dos registros da coleção mostrando alternativas de recuperação; 2) Possibilidade de recuperação dos registros por meio de digitação de palavras em caixa de busca ou por meio de navegação por categorias; 3) Bibliotecário ter autonomia para incluir ou modificar imagens/ícones e descrição das categorias, com possibilidade de navegação entre os níveis. Esta flexibilidade permite que a apresentação do acervo seja realizada de acordo com o interesse da biblioteca, ressaltando as áreas de destaque do acervo, em consonância com a linha pedagógica da instituição; 4) Flexibilidade para definição das categorias, permitindo que a biblioteca altere os temas existentes, de acordo com o uso de seu acervo; 5) Divulgar as obras mais emprestadas (no geral) e de acordo com a faixa etária do estudante; 6) Utilizar cores para identificar a faixa etária dos estudantes; 7) Divulgar as últimas aquisições de forma dinâmica, apresentando as publicações recebidas ou adquiridas. Evidentemente outras funcionalidades são interessantes e contribuem para o incremento de um catálogo online, porém, para este estudo, estes foram os pontos analisados. A totalidade do conjunto de requisitos identificados não foi encontrada em nenhuma biblioteca cujos sítios foram consultados. A partir deste estudo foram consideradas as funcionalidades de inclusão de categorias utilizando ícones e cores para embasar a criação de protótipo de sistema específico para aplicação em bibliotecas escolares, com operação em nuvem. Com foco no incremento de funcionalidade deste software, a partir dos exemplos observados e das funcionalidades desejadas, foi sugerida a criação de estrutura que permitisse uma descrição temática por: 1) Categorias: agrupamento de grandes áreas. Um registro pode ser vinculado a uma ou mais categorias, sem a necessidade de incluir subcategorias ou assuntos nos registros; 2) Sub-categorias: temas que são vinculados a uma única categoria, sem necessidade de inclusão de assunto. Ao incluir uma subcategoria, a categoria à qual está vinculada é preenchida de forma automática; 3) Assuntos: inclusão de diversos assuntos que podem ou não estar associados a categorias e sub-categorias. Caso o assunto esteja vinculado a uma categoria ou sub-categoria, ao seleciona-lo no momento da indexação, estes dados serão incluídos no registro de forma automática; 4) Garantir que as informações de cor serão repassadas às etiquetas, facilitando a identificação dos recursos físicos existentes na biblioteca; 5) Agregar ao registro identificação de cores de acordo com a faixa etária do usuário. Além do uso de cores para definição de temática, também é possível inclui-las para identificar os graus de aprendizado; 6) Possuir sinalização para divulgar os registros recém cadastrados para visualização dinâmica como últimas aquisições; 7) Sinalizar os registros mais emprestados, como forma de divulgação do acervo. Partindo das premissas identificadas, uma sugestão para inclusão de categorias nos registros bibliográficos, de forma independente do assunto ou número de classificação adotado, pode ser visualizada na Figura 2. Figura 2: Protótipo para inclusão de categorias e subcategorias Nesta imagem é possível pesquisar e visualizar as dez categorias existentes, dando autonomia ao bibliotecário para renomeá-las, de acordo com seu interesse. Além disso, também é possível incluir inúmeras subcategorias às categorias existentes, com navegação ocorrendo ao expandir os nós da árvore. Uma subcategoria não pode ser criada sem que esteja vinculada a uma categoria. Ao realizar a indexação de um registro, o sistema permite ao bibliotecário a inclusão de categoria(s), visualizando a(s) cor(es) correspondente(s); a estrutura em segundo nível das subcategorias e agregar assuntos, que por sua vez, também podem ser vinculados a categorias e subcategorias (Figura 3). Ao selecionar os temas que representam um registro, o bibliotecário permite ao usuário a identificação por meio de todos os elementos temáticos (categorias, subcategorias e assuntos), já identificando a cor que será adotada na etiqueta de sinalização da obra. A inclusão de categorias e subcategorias pode ser realizada por busca ou por navegação em árvore. A seleção dos assuntos é feita mediante busca ao vocabulário controlado. A natureza da indexação é identificada, facilitando a visualização dos temas relacionados, com a possibilidade de excluir assuntos, categorias e subcategorias. A quantidade de termos e temas que podem ser incluídos aos registros bibliográficos é ilimitada. Figura 3: Indexação de registro com categoria, subcategoria e assuntos Ao permitir o agrupamento de registros bibliográficos por meio de categorias, o bibliotecário poderá contar com outra possibilidade de descrição temática do acervo, realizando a organização e distribuição dos recursos existentes no catálogo online, de forma automática, com a descoberta das obras ocorrendo por meio de navegação orientada, de acordo com o interesse do usuário. A vinculação de imagens ou ícones fica restrita às categorias. No momento de visualização no catálogo online, as categorias, com suas imagens e cores, podem ser selecionadas (Figura 4), direcionando o usuário para a visualização das obras que correspondem ao seu tema de interesse, já permitindo a visualização das capas das publicações. As categorias não são os assuntos, porém permitem a reunião dos registros. A pesquisa textual é limitada aos assuntos e demais metadados descritivos. Desta forma, ao selecionar diversas categorias, o recurso bibliográfico poderá ser consultado por todas elas, com a busca ocorrendo também por meio de digitação de dados como título, autores ou assuntos. Esta funcionalidade permite exposição do acervo e amplia as possibilidades de localização da obra, além de favorecer sua descoberta e utilização. Figura 4: Protótipo de catálogo online com categorias Analisando a Figura 4, na parte superior da tela possui espaço para inclusão de logotipo e nome da instituição que, juntamente com a imagem de fundo empregada, contribui com a preservação da identidade visual adotada pela instituição. Na parte central da tela são apresentadas as categorias, com suas imagens e cores correspondentes. É importante que a ferramenta permita customização de cores, imagens e categorias, que podem ser alteradas de acordo com a necessidade descritiva da biblioteca. Na parte inferior, são apresentadas as últimas aquisições, visualizando imagens das capas das obras. Ao lado, é disposto um botão que permite consultar os itens mais emprestados do acervo, novamente apresentando os resultados em formato de mesa de luz, ou seja, distribuindo as imagens das capas das obras. Caso um registro bibliográfico não possua uma capa (imagem de referência), recomenda-se que seja adotada uma imagem padrão que tenha preenchimento automático de autoria e título do recurso. Desta forma, mesmo aqueles títulos que não possuem uma imagem vinculada terão representação iconográfica no catálogo online. Ao classificar as obras presentes em um acervo na forma tradicional, o bibliotecário realiza a distribuição do mesmo em áreas do conhecimento, cabendo ao usuário realizar buscas para identificar os itens de seu interesse. Estas buscas exigem a digitação de termos, que podem estar contidos em campos como autor, título, assunto etc. Ao exigir que o esforço de busca fique concentrado no usuário, com o sistema respondendo às palavras pesquisadas, diminui-se a chance de descoberta de obras sem que ocorra uma orientação (professores, bibliotecários, pais etc.) para identificação das mesmas, diminuindo a visibilidade do acervo. Ao distribuir os recursos por categorias, a biblioteca favorece a localização de itens que poderiam passar desapercebidos por estudantes, permitindo que o ato de percorrer uma estante seja realizado de forma virtual, pelo catálogo online. A utilização de imagens e ícones para representar temas favorece a compreensão de jovens leitores, permitindo que, mesmo estudantes em fases iniciais de letramento, tenham condições de descobrir e visualizar as obras presentes nos acervos. A aplicação de cores e imagens também estimula o aprendizado ao agregar características lúdicas à biblioteca, estimulando a leitura e apropriação do espaço. Como nos demais sistemas integrados, um software para bibliotecas escolares deve ser aderente aos principais padrões descritivos como o AACR2 (Código de Catalogação Anglo-Americano, 2ª. Edição) e o MARC (Machine-Readable Cataloging). Ao adotar padrões internacionais para representação descritiva, a biblioteca pode utilizar-se de registros bibliográficos dispostos em projetos colaborativos, tanto no Brasil quanto no exterior. A aderência aos padrões não deve, contudo, proporcionar complexidade na representação descritiva, permitindo uma catalogação correta e enxuta, com elementos suficientes para a descoberta e recuperação dos itens presentes nos acervos. Seria interessante poder contar com elementos ricos (capas, resumos etc.) no processo de importação de registros, contudo estes elementos não estão presentes nos padrões ISO2709 ou Z39.50, ficando sua disponibilidade dependente de integrações com sistemas que possuam e compartilhem estes dados em sintonia com os metadados descritivos. A utilização de capas das obras catalogadas faz-se necessária como um elemento identificador dos recursos disponíveis, promovendo o reconhecimento visual da publicação existente, além de aguçar o interesse pela leitura ao contar com elementos gráficos que embasam o lúdico na criança. Evidentemente esta solução deve ser compatível com dispositivos móveis, como smartphones e tablets, favorecendo a realização de consultas, cadastro e operações de empréstimo de forma ágil, dando liberdade ao bibliotecário de consultar e realizar alterações fora do espaço da biblioteca, como em salas de aula ou salas de leitura. Ao usuário esta mobilidade permite a consulta ao acervo ocorra em diversos locais, realizando buscas e identificação as obras desejadas em atividades coletivas na sala de aula, ou em família. Considerações Finais A partir deste estudo foi possível estipular funcionalidades desejadas a sistema integrado para bibliotecas escolares, possibilitando recursos tecnológicos, interativos e funcionais específicos para atender as demandas deste segmento. Embora o emprego do catálogo online na Web ainda não seja uma prática frequente nas escolas, observa-se que, mesmo que sejam utilizados somente no ambiente das instituições, uma ferramenta desta natureza auxilia o trabalho do bibliotecário na organização e utilização do acervo existente na instituição. Devido a ausência de ferramenta apropriada no Brasil e as dificuldades para contratação de um sistema estrangeiro, procurou-se identificar procedimentos recorrentes nos cinco maiores sistemas para bibliotecas escolares dos Estados Unidos e Europa com o intuito de criação de protótipo que possa ser oferecido no Brasil. Esta iniciativa foi motivada pela demanda de sistema específico para bibliotecas escolares, em virtude da Lei no. 12.244, de 24 de maio de 2010, que institui que, até 2020, toda instituição de ensino deve contar com uma biblioteca escolar como instrumento de suporte a consulta, pesquisa, estudo ou leitura. Na ausência de uma ferramenta específica e de acordo com as demandas desejadas à organização destes acervos, buscou-se o desenvolvimento de solução que propiciasse, além das funcionalidades necessárias à representação descritiva, aspectos que favorecessem a indexação, replicando a distribuição dos temas em categorias, atreladas a atributos de cores e imagens. Ao permitir a inclusão destes elementos de descrição temática e expandindo-os ao catálogo online, a proposta do sistema apresenta metodologia inovadora, ao reunir em um único produto as funcionalidades técnicas e a organização lúdica, tanto para o acervo físico, como para a consulta e utilização dos recursos em ambiente virtual. Referências BARRETT, Lynn. Effective school libraries: evidence of impacto n student achievement. School Librarian, Swindon, UK, v.58, n.3, p.136-139, 2010. Disponível em: http://www.stratfordcollege.ie/content/files/sla-effective-schoollibraries.pdf. Acesso em: 30 mar. 2015. BREEDING, Marshall. Library Systems Report 2014: Competition and strategic cooperation. 2014. Disponível em: <http://americanlibrariesmagazine.org/2014/04/15/library-systems-report-2014/>. Acesso em: 17 dez. 2014. HILLESHEIM, Araci I.; FACHIN, Gleisy R. Bories. Biblioteca escolar: relato de experiência.. Revista ABC, Florianópolis, v.5, n.5, p.90-103, 2000. Disponível em: < http://revista.acbsc.org.br/racb/article/view/349> Acesso em: 23 mar.2015. INSTITUTO NACIONAL DE TECNOLOGÍAS EDUCATIVAS Y DE FORMACIÓN DEL PROFESORADO. CDU simplificada: Señalización de la biblioteca y Organización por la CDU. 200?. Disponível em: <http://almez.pntic.mec.es/~cgalle2/pagina_nueva_8.htm>. Acesso em: 16 dez. 2014. PINHEIRO, Mariza Inês da Silva. Classificação em cores: uma metodologia inovadora na organização das bibliotecas escolares do município de Rondonópolis-MT. Revista Digital de Biblioteconomia e Ciência da Informação, Campinas, v.7, n.1, p. 163-179, jul./dez. 2009. Disponível em: < http://143.106.108.14/seer/ojs/include/getdoc.php?id=699&article=239&mode=pdf> . Acesso em: 1 mar. 2015. PINHEIRO, Mariza Inês da Silva; SACHETTI, Vana Fátima Preza. Classificação em cores: uma alternativa para bibliotecas infantis, SEMINÁRIO BIBLIOTECA ESCOLAR: ESPAÇO DE AÇÃO PEDAGÓGICA, 3.,2004, Belo Horizonte. Anais... Belo Horizonte: UFMG, 2004. Disponível em: <http://gebe.eci.ufmg.br/downloads/319.pdf>. Acesso em: 23 mar 2015. SOARES, Giovanna Costa; NASCIMENTO, Genoveva Batista do. Biblioteca escolar: (re) pensando o seu papel na formação de leitores no contexto educacional. Biblionline, João Pessoa, v. 3, n. 2, p.1-5, 2007. Disponível em: <http://www.ies.ufpb.br/ojs/index.php/biblio/article/view/1919>. Acesso em: 01 fev. 2015.