CLASSIFICAÇÃO E RECOMENDAÇÃO DE USO DO SOLO EM UMA PROPRIEDADE AGRÍCOLA Autor: Valtair Francisco Nunes de Brito (Licenciado em Geografia). [email protected]) Co-autores: José Arlindo Braga Neto (Tecnólogo em Irrigação e Drenagem – Instituto Federal de Educação Tecnológica do Triângulo Mineiro-Campus Uberaba); Kathereyn Jéssica Rosa Fiordelice (Estudante de Tecnologia em Gestão Ambiental no Instituto Federal de Educação Tecnológica do Triângulo Mineiro-Campus Uberaba) 1 INTRODUÇÃO A partir da segunda metade do século XX, o cerrado brasileiro apresentou mudanças importantes em sua estrutura demográfica e agrária como a intensa migração campo-cidade, migrações inter-regionais, além da incorporação das áreas agrícolas à lógica da produção capitalista. Isto trouxe conseqüências diretas ao meio físico natural, como a retirada indiscriminada da cobertura vegetal, exploração de grandes áreas para produção, lançamentos de efluentes nos córregos e rios, mudanças na dinâmica hídrica no solo devido ao diversos usos como pastagens e plantações, etc. Uma das principais deteriorações da ambiência está associada à intensa retirada da cobertura vegetal para introdução de pastagens, cultivos agrícolas à base de agroquímicos, excesso de utilização do solo e dos recursos hídricos. Com a mudança da forma de uso das terras em muitas áreas não foi respeitada à recomendação de sustentabilidade em função da capacidade de uso. Com isso os problemas relacionados incluem desmatamento do cerrado, inclusive às margens das nascentes, revolvimento do solo, erosão e assoreamento de mananciais de água que se agravaram cada vez mais. Pensando nisso, foi feito um levantamento de usos, conflitos e classificação dos solos em uma propriedade rural localizada na cidade de Conceição das Alagoas na meso-região do Triângulo Mineiro, estado de Minas Gerais para fins de conhecimento e de recomendações de uso da área. Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN 978-85-99907-02-3 1 2 OBJETIVO. O presente trabalho tem por objetivo realizar uma proposta de uso ideal para um pequena propriedade agrícola situada no município de Conceição das Alagoas, próxima às coordenadas 19°49’20” de Latitude Sul e 48°20’43” de Longitude Oeste, condizente com a sua capacidade de uso, sendo esta avaliada por critérios de classificação, por meio de um levantamento atual da utilização da área, seus conflitos, seu histórico, bem como tentar propor um uso ideal como meio de adequação conservacionista. 3 METODOLOGIA. Foi feito um levantamento cartográfico da região para fins localização. A carta topográfica na qual a área se localiza é a carta Conceição das Alagoas cuja nomenclatura é SE-22-Z-D-VI-3 MI-2526-3, escala 1:50.000 pertencente ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No campo, houve outro levantamento em maior escala para planialtimetria da área utilizando o Sistema de Posicionamento Global (GPS), observando e delimitando atividades agrícolas, construções, instalações e conflitos de uso, contornando todas as ocupações da área a fim de gerar um mapa de uso atual do solo, elaborado com o auxílio do Autocad. A partir destes dados foram avaliados todos os conflitos de uso existentes na área e gerado o mapa de conflitos de uso. Também por observação visual na área, pela localização e análises de fertilidade, pedregosidade, declividade foi gerado o mapa de classes de uso do solo. Todos os três mapas serviram de subsídio para o objetivo final do trabalho, a proposta de recomendação ideal de uso e ocupação da propriedade em acordo com a sua classificação, sendo este um quarto mapa. 4 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN 978-85-99907-02-3 2 A área de estudo está localizada no município de Conceição das Alagoas, há 60 km de Uberaba-MG. É um sítio às margens do Rio Uberaba, pertencente a Bacia Hidrográfica do Rio Grande que nasce no Sul de Minas Gerais e que, juntamente com o Rio Paranaíba formam o Rio Paraná. Os rios Grande e Paranaíba formam uma espécie de “Mesopõnea” que caracteriza a região com o formato de um “triângulo sendo, por esse motivo, chamada de Triângulo Mineiro e comparada a antiga Mesopotânea que ficava entre os rios Tigres e Eufrates. O Triângulo Mineiro fica entre os rios Grande e Paranaíba. Imagem Aérea do local Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN 978-85-99907-02-3 3 5 RESULTADOS E DISCUSSÕES O sítio possui uma grande disponibilidade de recursos hídricos , tendo divisas definidas por uma nascente, pelo Rio Uberaba e por um córrego (Córrego Geraldo), além de quatro represas alimentadas pelo córrego. A grande disponibilidade hídrica existente é representada em uma imagem aérea e na carta topográfica utilizada no presente no trabalho. De toda a sua área, 54% permanecem com pouquíssima intervenção antrópica (contendo matas ciliares e de galeria), 30% são atualmente ocupadas como pastagem, o que caracterizam quase toda a propriedade, tendo também uma área de hortifrutos e goiabal nativo, cascalheira e algumas construções, conforme expostos no mapa de uso atual. Em relação as classes de uso da área houve prevalência da classes II, III, IV e VIII, sobretudo da classe VIII (63,77%), o que a caracteriza como uma propriedade não muito agricultável, mas de alto valor e riqueza ecológica, e merece ser explorada de maneira singular, econômica e sustentável. Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN 978-85-99907-02-3 4 Mapa 1: Mapa de caracterização do uso atual da propriedade, Conceição das Alagoas-MG O Mapa 2 representa as classes de uso da propriedade segundo as suas características. Mesmo com o alto percentual de matas existente, trechos precisam ser repostos ao longo dos cursos d'água. Algumas represas foram construídas de maneira incorreta, em áreas que supostamente deveriam ser preservadas de acordo com a lei n° 4.771, de 15 de setembro de 1965, que define uma largura mínima de trinta metros de matas ciliar entorno do córrego. A sede está situada a cerca de 20 metros do leito do córrego, sendo também definida como um conflito. Como conflito de uso, foi levantada uma área de 0,25 ha de cascalheira, inviável para cultivo, erosões e grandes índices de declividade. Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN 978-85-99907-02-3 5 Mapa 2: Mapa de caracterização das classes de uso da propriedade, Conceição da Alagoas-MG. O Mapa 3 representa os conflitos de uso existentes na área em estudo. Mapa 3: Mapa de representação dos conflitos de uso. Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN 978-85-99907-02-3 6 Mapa 4: Mapa de representação da recomendação ideal proposta para a propriedade, Conceição das Alagoas-MG. Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN 978-85-99907-02-3 7 Após todo os levantados o uso atual do solo, seus conflitos e as classes de uso, foi feita uma recomendação de uso para a área que é apresentada no quarto mapa, segundo os critérios de classificação, de forma a fazer um uso planejado, produzindo uma proposta sustentável e conservacionista que deverá ser acompanhada com a geração de outros estudos e observações. Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN 978-85-99907-02-3 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVARENGA. M. I. N. Planejamento Conservacionista em microbacias. In: Informe Agropecuário. Belo Horizonte, v. 21, n. 207, p. 55-64, nov/dez. 2000. BARUQUI, A.M.; FERNANDES, M.R. Práticas de conservação do solo. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v. 11, n. 128, p. 55 - 59, ago. 1985. BERTONI, J.; LOMBARDI NETO, F. Conservação do solo. São Paulo: Ícone, 1990. p.213-245. BIASI, M. Carta de declividade de vertentes: confecção e utilização. Geomorfologia, v. 21, p. 8 – 13, 1970. 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