Recapitalizar as Pequenas e Médias Empresas Portuguesas Apresentação na 1ª Reunião do Fórum CMVM/PME para o Mercado de Capitais Carlos Tavares 27 Março 2012 1 Redução dos desequilíbrios externos da Economia Portuguesa Requer: • Crescimento da poupança empresas), e • Melhor investimento. (famílias, estado, O que implica: Alocação eficiente de recursos financeiros escassos. 2 Redução dos desequilíbrios externos da Economia Portuguesa A alocação de recursos ao investimento enfrenta deficiências estruturais: • Papel dominante do sector bancário; • Papel secundário das área não bancária do sector financeiro: - Apenas cerca de 50 empresas estão cotadas - Capitalização Bolsista/PIB (28% no 3 TRIM 2011) - Capital de Risco/ PIB (~1.4% do PIB vs. 4.4% na UE) 3 Poupanças são investidas em… in Dec 2011 AuM % Var 2011/2006 Bank deposits (€bn) Individual portfolio management Closed pension funds Open-ended pension funds Unit-linked products Financial insurance operations Savings certificates (public) Treasury certificates (public) Domestic UCITS Alternative investment funds Real estate investment funds Real estate alternative investment funds Foreign UCITS 130,1 55,8 19,1 0,6 14,3 2,5 11,4 1,3 6,0 4,8 9,6 2,4 0,6 50,3 21,6 7,4 0,2 5,5 0,9 4,4 0,5 2,3 1,9 3,7 0,9 0,2 39,5% -7,0% -6,9% -14,3% 14,8% 15,4% -34,0% -77,0% 58,4% 3,5% 428,0% -50,0% Total 258,5 Fonte: CMVM 4 Financiamento ao Investimento das Empresas Banks' loans Internal financing Debt and equity Public sector EU funding Others 29% 59% 0,3% 1,2% 4,0% 6,8% 100% Fonte: INE Os empréstimos bancários representam 71% do total do financiamento externo 5 Private equity é muito baixo Investimento como % do PIB(2010) 0,9 0,8 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0 Fonte: EVCA 6 Private equity (por estádio) Investimento (por estádio) 100% Buyout 90% 80% Replacement capital 70% 60% 50% Rescue/Turn around 40% 30% Growth 20% 10% 0% Europe Portugal Venture capital Fonte: EVCA (2010) 7 Private equity por setor Investimento (por sector) Europe Agriculture Agriculture Business & industrial products Business & industrial services Chemicals & materials Communications Computer & consumer electronics Construction Source: EVCA (2010) Portugal Business & industrial products Business & industrial services Chemicals & materials Communications Computer & consumer electronics Construction Consumer goods & retail Consumer goods & retail Consumer services Consumer services Energy & environment Energy & environment Financial services Financial services Life sciences Life sciences Real estate Real estate Transportation Transportation Unknown 8 Para além dos números… A maior parte da actividade não-bancária do sector financeiro é detida pelos bancos comerciais: • > 80% das empresas de gestão de activos; • A maioria das grandes empresas de capital de risco; • Prestadores quase exclusivos de serviços bancários de investimento. => Fraca competição na captação e aplicação das poupanças internas 9 Para além dos números… Juntamente com as distorções motivadas pelo sistema fiscal, bem como questões culturais, esta situação conduziu a: • Elevada alavancagem das Empresas, em especial das PME (Dívida/PIB, entre as mais elevadas da UE); • Elevado peso do crédito de curto prazo, nas empresas; • Falta de fontes de financiamento (especialmente para as PME); alternativas • Falta de instrumentos de poupança estáveis e atractivos para os clientes de retalho. 10 Para além dos números… Estas especificidades têm implicações a nível micro e macro: • Financiamento instável e inadequado ao sector empresarial implica limitações severas ao investimento e crescimento sustentado (essencial e urgente no sector transaccionável) • A preferência atribuída ao financiamento do sector não transaccionável tem contribuído significativamente para os desequilíbrios macro. 11 Para além dos números… (juros /excedente bruto de exploração) Fonte: Banco de Portugal 12 Para além dos números… • Esta situação das condições de financiamento das empresas portuguesas representa em si uma desvantagem competitiva quando comparada com as empresas que têm acesso equilibrado a fontes diversificadas de financiamento. • A crise actual tem agravado este problema; os empréstimos bancários tendem a ser menos abundantes, de mais difícil acesso e mais caro. 13 A desalavancagem como uma oportunidade As dificuldades reportadas relativamente ao financiamento às PME, em Portugal, não se resolvem apenas minimizando os constrangimentos de curto prazo, mas corrigindo o problema estrutural de financiamento ao sector empresarial • Considerando o nível de alavancagem da economia, aparentemente não se trata de um problema de excessiva restrição de crédito; O rácio crédito para Empresas/PIB nominal foi de (em %): Total financial debt (in % of GDP) Bank loans (in % of GDP) 2005 116,3 59,5 2007 122,1 64,7 2009 138,3 72,6 2011* 138,0 Fonte: Banco de Portugal 69,1 • No entanto, parece haver um problema real de financiamento a empresas dos sectores de transaccionáveis. 14 A desalavancagem como uma oportunidade O processo de desalavancagem em curso deve ser visto como uma oportunidade para mudar radicalmente a questão estrutural do financiamento às empresas portuguesas (principalmente PME): • Os Empresários e os tradicionais “donos” das PMEs serão muito mais abertos a fontes diversificadas de funding, dada a relativa escassez de crédito bancário. • No entanto, para aproveitar esta oportunidade, será necessário um conjunto de instrumentos e acções políticas. • Um amplo programa de recapitalização das PME seria mais adequado, em lugar de mecanismos que apenas prolonguem a sua alavancagem excessiva. 15 Acções política sugeridas i. Criar incentivos à poupança de longo prazo; ii. Assegurar a poupanças; concorrência na captação das iii. Assegurar a concorrência no financiamento às empresas; iv. Adoptar políticas regulamentares e fiscais que favoreçam o financiamento equilibrado e saudável das empresas portuguesas. 16 i. Incentivos à poupança de longo prazo • Reintroduzir as características tradicionais nos certificados de aforro; • Estender o regime fiscal dos produtos de seguros financeiros para todos os instrumentos de poupança (ou seja, uma taxa decrescente); • Reformar a tributação dos fundos de investimento • Possibilitar o diferimento da tributação do rendimento pessoal em caso de afectação a fundos de pensões. 17 ii. Concorrência na captação de poupanças • Assegurar que os fundos de investimento são geridos com independência e ausência de conflitos de interesses; • Garantir a prestação concorrencial do serviço de depositário a entidades de gestão de activos independentes; • Assegurar o acesso de entidades gestoras independentes a redes de distribuição de fundos de investimento. 18 iii. concorrência no financiamento às empresas • Maximizar a alocação de fundos do QREN (estrutural) ao capital de risco, de preferência realizado em associação com empresas ou fundos privados; • Tornar a generalidade dos serviços da banca de Investimento (consultoria financeira) disponível para as PME. . 19 iv. Políticas regulatórias e fiscais • Eliminar a dupla tributação económica de dividendos; • Eliminar a discriminação fiscal negativa de financiamento de capitais próprios versus dívida (P.e. reintroduzir, de forma eficiente, o "custo nocional de capital" no sistema de tributação das empresas); • Co-financiar os custos de acesso das PME ao mercado de capitais; • Reduzir a tributação dos fundos de investimento que: – estejam listados na bolsa de valores; – invistam predominantemente em acções e/ou obrigações de PME (acesso indirecto ao mercado de capitais). 20 Projecto IOSCO- Financiamento às PME através do Mercado de Capitais • A IOSCO criou um grupo de trabalho mandatado para analisar os desafios regulatórios e outros que enfrentam as PME na formação do capital (ex.: complexidade, custos, divulgação de informação, governação,…) de que resultará: – A identificação de lacunas que podem ser resolvidas pelas entidades reguladoras do mercado de valores e – A elaboração das recomendações consideradas adequadas. O Relatório final deverá estar disponível em Fev.2013 21 Comissão Europeia Acesso das PME ao financiamento • A Comissão Europeia desenvolveu e comunicou, em De.2011, o Plano de Acção que pretende implementar para melhorar o acesso das PME europeias (23 milhões de empresas) ao financiamento, com intervenção em: i. Soluções regulamentares para aumentar a visibilidade das PME; ii. Utilização do Orçamento da EU para facilitar o acesso ao financiamento; iii. Coordenação entre os Estados Membros (intercâmbio de melhores práticas e sinergias) 22 Comissão Europeia Acesso das PME ao financiamento i) Medidas de Natureza Regulamentar: – Criação de um novo regime europeu de Capital de Risco e Reformas fiscais; – Definição de novas regras para auxílios Estatais; – Melhorar a visibilidade das PME junto dos investidores (DMIF, utilização dos Sistemas de Negociação Multilateral,…); – Redução dos encargos com prestação de informação, para as PME cotadas; – Implementação da Directiva relativa aos atrasos de pagamentos; – Novo regime para os Fundos Europeus de Empreedendorismo Social. 23 Comissão Europeia Acesso das PME ao financiamento ii) Medidas de Natureza Financeira: Implementação do Programa para a competitividade das Empresas e PME, COSME (2014-2020): – Acesso a Crédito, com obtenção de garantias para financiamento em capital alheio e titularização de carteiras de crédito; – Acesso ao Capital de Risco, destinado a crescimento, investigação e inovação. ii) Outras Medidas: – Melhorar a qualidade da informação e acompanhamento do mercado de crédito; – Promover uma notação qualitativa; – Fomentar a actividade dos business angels e transfronteiriços,… 24 CMVM/PME fórum para o mercado de capitais • A CMVM lança assim um fórum para a discussão de soluções e medidas de política regulatória para melhorar o acesso das PME ao mercado de capitais. • O fórum tem, na fase inicial, 26 membros que representam as PME, as empresas cotadas, associações de empresários, intermediários financeiros, auditores, advogados e académicos. 25