64º Congresso Nacional de Botânica Belo Horizonte, 10-15 de Novembro de 2013 ACANTHACEAE NA REGIÃO DO SERIDÓ DO RIO GRANDE DO NORTE. 1 1 Alan de Araújo Roque * & Jomar Gomes Jardim . 1 Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Biociências, Departamento de Botânica, Ecologia e Zoologia. *[email protected] Introdução Acanthaceae apresenta cerca de 240 gêneros e aproximadamente 3.250 spp. [1]. O Brasil é um dos seus principais centros de diversidade com 41 gêneros e 437 spp., destaque para Justicia (125 spp.), Ruellia (84) e Aphelandra (44) [2]. A família é caracterizada pelas folhas geralmente decussadas e com cistólitos, inflorescência com brácteas vistosas, flores pentâmeras com 2-4 estames e anteras biloculares e cápsulas loculicidas com retináculo [3]. A maioria dos gêneros de Acanthaceae constitui um grupo bem definido e monofilético, mas alguns gêneros tornam duvidoso o monofiletismo da família. [4] A região Nordeste apresenta grande diversidade de spp. (202) e a Caatinga está representada por 35 delas [2]. O presente trabalho objetivou investigar a diversidade de spp. de Acanthaceae na região do Seridó do Rio Grande do Norte. Metodologia Área de estudo: A região do Seridó engloba os estados da Paraíba e do Rio Grande do Norte. A porção potiguar localiza-se ao extremo sul do estado e abrange uma área 2 de 9.554 km , em 23 municípios [5]. A fitofisionomia predominante na região é a savana estépica gramíneolenhosa com um estrato herbáceo bem definido e formações lenhosas de baixo e médio porte com spp. xerófitas e decíduas. É uma área apontada como de extrema importância biológica, mas ainda com flora pouco conhecida [6]. Métodos: Este estudo foi baseado na coleta e observação das spp. em campo e posterior análise morfológica de materiais depositados no herbário UFRN. A identificação das spp. foi com base em literatura específica [3, 7, 8, 9] e por comparação com espécimes previamente identificados por especialistas. Resultados e Discussão A família está representada na área por nove spp. distribuídas em cinco gêneros, a saber: Dicliptera mucronifolia, Elytraria imbricata, Hygrophila sp., Justicia aequilabris, Ruellia asperula, R. bahiensis, R. elegans, R. paniculata e uma espécie ainda indeterminada. O número de spp. encontradas na área é bastante significativo comparado aos resultados encontrados em outros trabalhos para o semiárido do Nordeste brasileiro. Para a Flora de Mirandiba, em Pernambuco, por exemplo, foram registradas quatro spp. [8] e um estudo na região do Xingó, nos estados de Alagoas e Sergipe, cinco espécies [9]. Destaca-se que R. elegans é um novo registro para a vegetação de Caatinga e para o Nordeste do Brasil e que sua ocorrência está associada a áreas serranas com afloramentos rochosos. Justicia. aequilabris se mostrou restrita às áreas preservadas. Já R. paniculata ocorre preferencialmente em áreas sombreadas e geralmente associadas a riachos ou pequenos corpos d’água e a solos arenosos, ao passo que R. asperula ocorre em ambientes abertos incluindo ainda áreas ruderais com proximidade à construções e margem de estradas. Figura. Justicia aequilabris (Nees) Lindau Conclusões O elevado número de spp. em comparação com resultados de outros estudos em áreas de Caatinga, demonstra a importância florística das Acanthaceae no Seridó; e o registro de novas ocorrências, a importância de estudos de cunho florístico. Agradecimentos Ao Projeto PPBio Semiárido que subsidiou parte das coletas. Referências Bibliográficas [1] Wasshausen, D.C. & Wood, J.R.I. 2004. Acanthaceae of Bolivia. Contributions from the United States National Herbarium 49: 152p. [2] Profice, S.R.; Kameyama, C.; Côrtes, A.L.A.; Braz, D.M.; Indriunas, A.; Vilar, T.; C. Pessoa; Ezcurra, C.; Wasshausen, D. 2013. Acanthaceae in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. (http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB33). Acessado em 12/07/2013. [3] Côrtes, A.L.A. 2009. Justicieae (Acanthaceae) do Bioma Caatinga do Estado da Bahia. Dissertação de Mestrado, UEFS, Feira de Santana, BA. 142p [4] Judd, W.S.; Campbell, C.S.; Kellogg, E.A.; Stevens, P.F.; Donoghue, M.J. 2009. Sistemática Vegetal: um enfoque filogenético. Porto Alegre, Artmed. 612p. [5] BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. 1992. Manual Técnico da Vegetação Brasileira. 276p. [6] BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. 2003. Biodiversidade da caatinga: áreas e ações prioritárias para a conservação. Brasília: Ministério do Meio Ambiente e Universidade Federal de Pernambuco. 382p. [7] Barroso, G.M., Peixoto, A.L., Costa, C.G., Ichaso, C.L.F., Guimarães, E.F. & Lima, H.C. 1991. Sistemática das angiospermas do Brasil. Viçosa, Imprensa Universitária. 255p. [8] Alves, M., Araújo, M.F., Maciel, J.R., Martins, S. 2009. Flora de Mirandiba. Recife, Associação Plantas do Nordeste. 359p. [9] Silva, M.J. da, Melo, J.I.M., Sales, M.F. 2010. Flora da região do Xingó, Alagoas e Sergipe: Acantaceae A. Juss. Mossoró, Revista Caatinga. 09p.