Untitled - Faac Unesp

Propaganda
editorial [ 03 ]
seja bem vindo ao
universo doob
Depois de muito trabalho e dedicação, finalmente conseguimos concluir a edição de estréia da
revista doob. Não medimos esforços para deixar a
revista bonitinha, com matérias e textos feitos sob
medidas para você.
Mas você deve estar com a revista na mão, se
perguntando: O que é doob?
Sabe quando um amigo te fala de alguma banda pelo MSN e você já corre no Google atrás do site
deles e acaba encontrando o Myspace, ouve o som,
curte e acaba descobrindo que eles estão disponibilizando todo o álbum para baixar em MP3 direto do
Blog oficial da banda e enquanto você baixa as músicas você fica assistindo os clipes mais legais deles
no You Tube? Se você sabe do que estamos falando
você já é um pouco doob.
Ser doob é ficar ligado em tudo que está acontecendo ao seu redor, interconectado com tudo que
há de novo, em constante evolução. Nosso compromisso é deixar você sempre atualizado e bem informado e para isso contaremos com um ajudante importantíssimo para nós: você!
Isso mesmo, você é que vai nos ajudar a deixar a
revista com a sua cara, mandando criticas, sugestões
de matérias, vídeos e sites bacanas, fotos de shows,
crônicas, ilustrações. Quanto mais você interage com
a revista, melhor ela fica. Contamos com você!
Eduardo Lucas Bessa
Designer
Seja Bem
Vindo!
A galera
solta o
verbo!
editorial [ 03 ]
speak up! [ 08 ]
Franz ferdinand
usa instrumentos
bizarros
doob [ 10 ]
news
conheça as bandas
que estão fazendo
barulho na internet
[ 30 ] história
[ 32 ] doob live!
the National faz
show inesquecível
no tim festival
[ 36 ] doob online
videos e sites que
estão bombando
na internet
[ 39 ] crônica
doob [ 13 ]
hype
[ 40 ] atitude
novo disco
do Oasis não
surpreende
CLichês de um
show de rock
alternativo
AS musas da música
mostram que
vieram para ficar
reviews [ 18 ]
[ 42 ] top8
O som dançante
da dupla mgmt
as histórias
da banda
papai elefante
50 anos da
revolução
dos Beatles
headline [ 20 ]
entrevista [ 26 ]
[ 44 ] agenda
8 discos que
fizeram história
no rock
programe sua
agenda para os
shows da temporada
[ 46 ] doob
art
A enigmática
capa do disco
X&Y do coldplay
[ 08 ] speak up!
speak up! [ 09 ]
Demais a matéria sobre as maiores bandas do
planeta, na edição passada. Radiohead, Coldplay e
U2 são realmente grupos gigantescos no mainstream e que agradam muitos fãs da boa música
- caso contrário, dificilmente teriam chegado a
esse sucesso todo.
speak up!
Aloísio Chaves Medeiros, 26 anos
Bauru - SP
O seu canal direto com a doob. Mande o seu
recado, expresse suas idéias e dê sua opinião!
Achei a reportagem de capa da edição passada, com
o of Montreal, bem bacana. Só acho que vocês poderiam
ter colocado mais informações sobre os outros discos e
sobre os futuros projetos da banda, como shows e parcerias. Acho o grupo muito legal - é uma das minhas
bandas favoritas - e queria vê-los mais vezes aqui na
revista. Se possível, gostaria de ler uma resenha sobre o
novo álbum, o Skeletal Lamping .
Daniel Oliveira, 21 anos
São Paulo - SP
Gosto da revista e curti bastante aquela matéria da
edição retrasada com o Snow Patrol. Eles acabaram de
lançar outro trabalho - não chega a ser como o Eyes Open,
mas é legal. Acho que vocês deveriam fazer outra reportagem com eles e, se possível, conseguir uma entrevista
com a banda sobre essa nova fase, falando sobre o que
mudou depois da explosão de sucesso que eles tiveram
com hits como “Open Your Eyes”.
Tomás Vendramini, 25 anos
Chapecó - SC
Acho que a seção dedicada às resenhas de novos
discos deveria ser ampliada, porque muitos lançamentos
bons acabam ficando de fora - inclusive de DVDs, livros
sobre música, álbuns de MP3, entre outros. Vocês deveriam aumentar em umas cinco páginas essa parte da
revista - que, confesso, é a primeira coisa que leio assim
que tenho um novo exemplar em mãos.
Ana Cristina Lopes Andrade, 17 anos
Rio de Janeiro - RJ
Mande seu e-mail: [email protected]
SMS: 24886
Deixe sua mensagem em nosso site:
www.doob.com
expediente
Estou escrevendo para dizer que, na minha
opinião, faltam matérias mais longas na revista. Queria textos maiores e mais densos, além de reportagens com mais páginas. Também sinto falta de um
destaque maior para as bandas brasileiras de indie
rock. Acho que temos uma grande cena alternativa
por aqui - especialmente com os grupos do sul - e
eles merecem atenção. Temos que valorizar nossa
música, porque não é só o que vem de fora que é
bom. A revista deveria incentivar esse movimento
falando das bandas já consagradas (como Cachorro Grande, Bidê ou Balde e Moptop) e daquelas que
ainda podem estourar e que estão batalhando para isso. Também gostaria de ver por aqui os grupos
que ainda fazem sucesso só no “mundo indie”, como
Faichecleres e Ecos Falsos.
Acho que a revista deveria dar dicas de bandas brasileiras desconhecidas, dessas que ainda
estão tentando um lugar ao sol. Seria bem legal
dar essa chance para quem está começando e que
precisa de motivação e divulgação.
Clara Jacinto Peres, 24 anos
São Paulo - SP
d-zine
Direção geral:
Eduardo Lucas Bessa
[email protected]
www.twitter.com/dudsbessa
www.dudsign.com
Redatora chefe:
Mariana Mandelli
[email protected]
www.twitter.com/mari_m
Fotógrafa Convidada:
Natalie Gunji
[email protected]
www.ngunji.zenfolio.com
Projeto Experimental de Conclusão de Curso apresentado ao
Departamento de Desenho Industrial da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação (FAAC) da Universidade Estadual
Paulista (UNESP), para obtenção do bacharelado em Desenho
Industrial com habilitação em Programação Visual
Orientador:
Prof. Dr. Cláudio Roberto y Goya
[email protected]
Maria Emanuela Garcia, 19 anos
Campinas - São Paulo
Novembro, 2008
Queria sugerir um especial de fim de ano. Vocês deveriam fazer um apanhado geral de tudo de
legal - e de ruim também, como não pode deixar
de ser - que rolou em 2008. Uma espécie de retrospectiva que fale das novas bandas, fatos do
mundo da música que marcaram o ano, melhores
discos, revelações, retornos, decepções, etc. Acho
que ficaria bem massa.
Samanta Palsiski, 22 anos
Santo André - SP
Queria ver uma matéria sobre o Jeff Buckley
aqui na revista. Gosto muito dele e acho que ele
não é tão valorizado pela mídia. O trabalho lindo
que ele fez enquanto estava vivo deveria ser melhor divulgado para mais gente ter o privilégio de
conhecer a obra que ele deixou.
Ana Lúcia Monteiro Paes, 32 anos
Curitiba - PR
Desenhos enviados pelo famoso ilustrador Brasileiro Will Murai. Confira mais do seu trabalho
no seu site: www.willmurai.com
Envie seus desenhos, cartoons e ilustrações
para: [email protected]
Impressão:
Apoio:
www.avalondigital.com.br
www.lumierecitroen.com.br
Todos os direitos reservados. Proibido a cópia parcial ou total, distribuição, transmissão reprodução, edição, tradução,
reformatação ou publicação sem prévia autorização.
© 2008 - eduardo lucas bessa
[ 10 ] doob news
doob news [ 11 ]
novo disco do guns
vai ser lançado em
novembro
doob news
FIque por dentro das últimas
novidades do mundo da música
POR mariana mandelli
franz grava com instrumentos
feitos de ossos humanos
O tão esperado terceiro disco dos escoceses do
Franz Ferdinand está saindo do forno. E vem temperado com elementos, digamos, estranhos. Tonight, nome do novo trabalho, conta com tantas experimentações inovadoras na sonoridade da banda que até um
instrumento feito de ossos humanos foi utilizado nas
gravações. Alex Kapranos, vocalista e guitarrista, afirmou em entrevista à MTV americana que a percussão
da faixa “Katherine, Kiss Me” conta com esse tipo de
contribuição bizarra.
Algumas canções do novo disco foram gravadas no
porão do estúdio e utilizaram apenas um microfone para
captar a energia da banda
ao vivo.
Já o nome do disco foi escolhido quando as
sessões de gravação já estavam praticamente finalizadas. O título se deve à atmosfera do álbum,
que é, segundo o próprio Kapranos, “noturna”.
A banda está há um ano debruçada sobre a
produção do novo álbum. O recesso veio depois
dos cansativos lançamentos e turnês dos dois primeiros discos do grupo, Franz Ferdinand (2004) e
You Could Have It So Much Better (2005). Os escoceses vêm tocando as novas composições há
meses em “shows surpresa” em Glasgow. “Turn it
on”, “Ulysses” e “Bite Hard” já foram conferidas ao
vivo. O lançamento de Tonight está previsto para
o ano que vem.
Parece que agora vai... depois de mais de 13
anos de espera, o Guns N’ Roses vai finalmente
lançar o tão aguardado Chinese Democracy. De
acordo com a Billboard, o álbum já tem até data
marcada para ser lançado: 23 de novembro deste ano, pela Best Buy. A data foi escolhida por
ser próxima do dia de Ações de Graças, feriado
nos Estados Unidos que é próximo do Natal. Uma
curiosidade: a empresa norte-americana Dr. Pepper havia prometido dar uma lata de refrigerante a cada cidadão dos Estados Unidos se o disco
fosse lançado ainda em 2008.
foo fighters de férias
Depois de anos sem sair das paradas de sucesso pelo mundo, Dave Grohl e seus companheiros de banda resolveram anunciar uma pausa
sem data de retorno aos palcos. O vocalista disse
ao semanário inglês New Musical Express que a
banda nunca tirou férias e que esse será um período de hiato nas atividades do grupo. Ele também declarou que “já tocaram para muita gente
e que foram tantas vezes à Inglaterra que podem
ficar 10 anos sem voltar. As “últimas” apresentações aconteceram nos dias 25 e 26 de setembro,
em Las Vegas, e no dia 28 no Austin City Limits,
no Texas, Estados Unidos.
red hot chili peppers
param por um tempo
Mais uma banda de recesso: os norte-americanos do Red Hot Chili Peppers também resolveram entrar hiato. Após saírem em turnê
mundial para divulgar o último disco, Stadium
Arcadium (2006), Anthony Kiedis e seus amigos
declararam esgotamento emocional e físico. O
baixista Flea disse ao Los Angeles Times que a
banda precisa de um tempo longe de tudo para poder olhar para as coisas sob uma “nova
perspectiva”. Para aproveitar o tempo livre, ele
afirmou que se matriculou na University of Southern California para estudar música.
the gossip cancela
shows no brasil
A maldição de 2007 é perpetuada: antes mesmo do início do evento, já tem gente cancelando
shows. Depois da cantora Feist decidir, de última
hora, não se apresentar na edição passada do TIM
Festival, agora é a vez do The Gossip alegar que
não poderá vir ao Brasil devido a “um inesperado
conflito de agendas”. Os shows seriam nos dias
23 em São Paulo e 25 no Rio de Janeiro. Klaxons
e Neon Neon, as outras atrações da noite “Novas
Raves” em que a banda de Beth Ditto se apresentaria, estão confirmadas.
Quem já comprou o ingresso e quer desistir
da apresentação tem duas opções. A primeira é
pegar o dinheiro de volta no ponto de venda em
que realizou a compra ou pela internet, caso tenha adquirido o convite pelo site da Ticketmaster. A data limite para a devolução
do dinheiro é 21 de outubro. Já
a segunda opção é para quem
quer aproveitar a chance e trocar o ingresso por outro show,
com exceção das apresentações no
Auditório Ibirapuera e as de jazz
no Rio. O procedimento começa a ser realizado no dia 13 de
outubro.
doob hype [ 13 ]
doob hype
Conheça as bandas novas que estão
estourando pelo mundo a fora
Texto: mariana mandelli
Design: Eduardo bessa
BLACK KIDS
Partie Traumatic [2008]
www.blackkidsmusic.com
Antes de lançarem o primeiro disco, a banda foi
alçada a uma das maiores promessas deste ano. Depois do lançamento de Partie Traumatic, grande parte
da crítica resolveu malhar o álbum. Apesar das divergências de opinião, 2008 não pode passar sem você
ter ouvido, pelo menos, “Hit The Heartbrakes”, “Listen
To Your Body Tonight” e “I’m Not Gonna Teach Your
Boyfriend How To Dance With You”. Riffs irresistíveis,
vozes choradas, acordes desesperados e um ritmo incrivelmente dançante.
[ 14 ] doob hype
FLEET FOXES
SUN GIANT EP [2008]
www.myspace.com/fleetfoxes
doob hype [ 15 ]
Melodias belíssimas e arranjos delicados
dominam o estilo do Fleet Foxes, definido como
“baroque harmonic pop jams” pelos próprios integrantes. O grupo, formado em Seattle, conta
com Robin Pecknold (vocal e guitarra), Casey
Wescott (teclados), Skyler Skjelset (guitarra),
Bryn Lumsden (baixo) e Nicholas Peterson (bateria) e com uma influência musical muito rica,
que vai de Bob Dylan a Beach Boys, passando por
Zombies, Neil Young, America, Seals & Crofts e
pelos artistas da Motown.
O EP Sun Giant, muito bem recebido pela
crítica e elogiado mundo afora, veio depois do
convite do produtor Phil Ek (o mesmo do The
Shins, Modest Mouse e do Built to Spill) para
trabalhar com com ele. O resultado desse trabalho está registrado no EP e reverbera no debut da banda.
O som do Fleet Foxes não é nenhuma novidade para quem gosta da banda de Jim James
ou acompanha a carreira do Iron & Wine ou do
Band of Horses, por exemplo, mas é um exercício
de lirismo que faz bem a quem ouvir.
Com um disco novo elogiadíssimo pela crítica especializada e sucesso entre os fãs de indie
rock, os americanos do Annuals são uma das sensações de 2008. Diretamente da Carolina do Norte, Adam Baker (vocal), Kenny Florence (guitarra),
Mike Robinson (baixo), Zach Oden (guitarra), Anna Spence (piano) e Nick Radford (bateria) fazem
um som inspirado em Flaming Lips e na obra de
Brian Wilson (ex-Beach Boys). Apesar das comparações com Arcade Fire, Animal Collective, e
Broken Social Scene, o Annuals tem uma carreira sólida com discos e EPs de sucesso no mundo
indie. O novo disco, Such Fun, acaba de ser lançado e promete fazer de faixas como “Confessor”
e “Talking” hits.
ANNUALS
SUCH FUN [2008]
www.annualsmusic.com
[ 16 ] doob hype
doob hype [ 17 ]
Eles já são veteranos, mas pouca gente conhece
essa banda que merece total atenção de quem gosta
de indie pop e de folk. Vindo dos Estados Unidos, mais
precisamente de Indianopolis, Richard Edwards (vocal),
Andy Fry (guitarra), Chris Fry (bateria), Hubert Glover
(trompete), Casey Tennis (percussão), Emily Watkins
(teclados), Tyler Watkins (baixo) e Erik Kang (violino) conseguem uma sonoridade chamber pop
de uma beleza quase lírica. Animal! e Not Animal
(2008), os dois novos discos do grupo (um tem a
tracklist escolhida pela banda e o outro pela gravadora) já estão nas lojas.
Margot & The Nuclear So And So’s
animal & NOT ANIMAL [2008]
www.margotandthenuclearsoandsos.com
Apesar do nome estranho, essa banda dinamarquesa é formada por Michael Møller, David
Brunsgaard, Jakob Millung, e Casper Henning
Hansen. Juntos desde 1993, eles já se chamaram Concrete Puppet Frog e têm três discos
lançados – Once upon a Time in the North
(2003), You Can’t Say No Forever (2005) e The
Art of Kissing Properly (2006). O quarto, We
Had Faces Then, já está pronto e promete ser
mais uma verdadeira aula de indie rock etéreo
e hipnotizante, com texturas lânguidas e quase
sonolentas, de uma beleza nórdica.
moi capriceSo’s
WE HAD faces then [2008]
www.moicaprice.com
[ 18 ] reviews
reviews [ 19 ]
Este mês está recheado de Grandes lançamentos.
Confira os principais discos da temporada
POR mariana mandelli
warner bros/ Elektra/ Atlantic
ws”, dos Bealtes) e na balada “I’m Outta Time”. Esqueça “Soldier On”, “The Nature of Reality” e “The
Turning”. Em suma, Dig Out Your Soul poderia ser
melhor. Não surpreende e está longe de figurar
entre os melhores do ano, mas serve como passaporte para viajar nos acordes dos músicos mais
ilustres do pop britânico.
off with their heads
kaiser chiefs
B-Unique/Universal Motown
O oitavo disco de estúdio da banda que é o maior
patrimônio do britpop é um exercício de psicodelia
estranho. Longe do apelo pop que marcou os hits do
começo da carreira e álbuns como o tão criticado Be
Here Now (1997), o novo trabalho do Oasis cansa. Sonoridade confusa, letras que deixam desejar e ares de
jam session misturados a efeitos que enchem demais
os ouvidos acabam incomodando e não permitem que
a banda se mostre como verdadeiramente é. Mas, apesar dos defeitos, Oasis é Oasis e o britpop de riffs grandiosos misturado ao vocal deliciosamente rouco dos
irmãos Gallagher, em meio a muito Beatles, consegue,
mesmo com dificuldades, conquistar os ouvidos dos fãs
de rock. Preste atenção em “Ain’t Got Nothin’”, “Bag It
Up” (o velho e bom Oasis de sempre), “Falling Down”
(completamente inspirada em “Tomorrow Never Kno-
marcelo camelo
sou
Esqueça o Keane fofo de “This is the Last Time” e “Crystal Ball”. O terceiro disco da banda
vem dançante e
mais pesado do
que os acordes
melódicos de
Hopes and Fears (2004) e Under the Iron Sea
(2006). Teclados, sintetizadores e ambientações eletrônicas
de inspiração
oitentista permeiam todo o álbum - “You Don’t
See Me”, “Spiralling” e “Again & Again” são
bons exemplos. Apesar da coragem, o álbum
soa estranho e não funciona. Falta originalidade
e rumos mais sólidos. Mas vale pelo esforço dos
ingleses em sair do mundinho pop confortável em
que estavam instalados.
Os boatos sobre
o esperado disco solo de Marcelo Camelo davam conta de um
álbum acústico, baseado em cordas e com
poucos efeitos – no
estilo “um banquinho e um violão”. A
expectativa foi confirmada: Sou chegou
às lojas de todo o Brasil trazendo canções com referências de bossa nova e samba-canção. A verve MPB,
inspirada em Chico Buarque, Dorival Caymmi e João
Gilberto, aparece em composições doces e os arranjos
delicados como “Mais Tarde”, “Tudo Passa” e “Liberdade”. Mas o tesouro do disco é a balada “Janta”, cantada
com Mallu Magalhães. O álbum inteiro, um exercício
de lirismo e poesia, comprova: o Brasil já tem oficialmente seu mais novo gênio da MPB.
island/ interscope
reviews
dig out your soul
oasis
perfect symmetry
keane
A obra-prima indie Employment (2005) e o
fiasco do revoltante Yours Truly, Angry Mob (2007)
ainda estavam guardados no coração dos fãs do
Kaiser Chiefs quando a banda resolveu lançar o
terceiro disco, Off With Their Heads. Mais barulhentos e mais
pesados, os ingleses de Leeds
fizeram um álbum mala e sem
graça, com faixas
cantadas em coro, efeitos clichês
e refrões que não
pegam nem gripe. Os momentos
mais insuportáveis ficam por conta da falsamente pesada a la
Muse “Spanish Metal”, efeitos farofas de “Like It
Too Much” e “You Want History” e da falta de originalidade das batidas de “Addicted to Drugs”. Pelos riffs bacaninhas de “Never Miss a Beat”, “Can’t
Say What I Mean” (que lembra Libertines), “Good
Days Bad Days” e “Half The Truth”, vale a pena
dar uma chance para o álbum. Mas umazinha só,
não mais que isso.
ode to j. smith
travis
red phone box
Depois de The Boy with No Name (2007), disco
fraco e sem graça, o Travis lança seu sexto trabalho
que soa completamente estranho se comparado à
leveza e docilidade de The Man Who (1999) e The
Invisible Band (2001). A banda escocesa quis arriscar um estilo menos pop e mais experimentalista
e se deu mal. Ode To J. Smith se arrasta num interminável conjunto de faixas chatíssimas – como
“Last Words”, “Quite Free” e “Get Up”. Vocal chorado, piano forçado, guitarras pesadas e melodias
maçantes tornam insuportáveis canções como “Friends”, “J.
Smith” e “Something Anything”.
Se antes havia
dúvida de que
Fran Healy quer
ser Thom Yorke, o novo trabalho prova que a cópia é sempre (muito) inferior ao original. Um verdadeiro fiasco, artificial e vergonhoso.
Sony/ BMG
only by the night
kings of leon
RCA
Como se bem sabe, a pressa é inimiga da perfeição. Só que, mesmo com a gana por não perder
o sucesso, o Kings
Of Leon conseguiu
reverter a sabedoria
popular. O medo de
acabar longe dos holofotes fez com que
a banda adiantasse o
lançamento do quarto disco, Only By The
Night e, mesmo com
a rapidez, os americanos conseguiram um
resultado bem favorável. Mais atmosférico do que seu
antecessor, Because of the Times (2007), e até mesmo difícil se comparado a Youth & Young Manhood
(2003) e Aha Shake Heartbreak (2005), o novo álbum
se distancia da levada country pop que dominou os
hits antigos e aposta em faixas musculosas, melancólicas e de vocal desesperado. Do começo ao fim, Only
By The Night dá prazer de ouvir. Os pontos fracos são
“I Want You” e “Cold Desert”. Se quiser se apaixonar,
ouça “Sex On Fire”, “Manhattan” e “Use Somebody” –
uma das músicas do ano.
[ 20 ] headline
headline [ 21 ]
Seguindo a trilha do rock dançante,
o MGMT brilha e lança um dos
melhores discos de 2008
por mariana mandeLli
O mundo indie dançou ao som da new
rave e à luz dos bastões de neon em 2007
com Klaxons, SHITDISCO, Hadouken! e New
Young Pony Club. O electro e seus subgêneros também dominaram a cena, com
expoentes como o nosso Cansei de Ser
Sexy (CSS) e Hot Chip. Porém, o indie
rock ainda não parou de dançar e o ano
de 2008 comprov ou isso com o lançamento do elogiadíssimo Oracular
Spectacular, segundo álbum da dupla MGMT, antes conhecida como
The Management.
A banda surgiu no
bairro do Brooklin, Nova
York, em 2002. Novatos
na cena, logo revelaram
no som influências de
veteranos como os lúdicos Flaming Lips, o
camaleão da psicodelia David Bowie
e os riffs rock ‘n
roll deliciosos
do Kinks.
Misturando o vintage com o indie, o dance-punk, o synth pop e o electropop, o que
surgiu foi uma música de raízes alternativas,
acordes agressivos e melódicos, texturas atmosférias e um uso abusivo de efeitos eletrônicos com batidas quase irresistíveis.
Mas essa fórmula de sucesso certeiro só
ficou evidente mesmo em Oracular Spectacular, já que o primeiro disco de Ben Goldwasser
e Andrew VanWyngarden, os dois membros de
MGMT, não fez muito sucesso. O quase desconhecido Climbing to New Lows
(2005) passou batido e a
dupla só conseguiu se projetar no universo indie com
hits como “Kids” e “Time to
Pretend”, do segundo trabalho. Nesses seis anos da curta carreira, o
MGMT foi dominando o mundo alternativo
com sua psicodelia indie de genética retrô ao
abrir os shows do of Montreal e Radiohead,
além de terem
participa-
do de festivais do porte de SXSW Music Festival,
Coachella, Glastonbury 2008, Roskilde Festival, T
in the Park, Oxegen Festival, Lollapalooza, Osheaga
Festival, Summersonic, Reading and Leads Festival, Lowlands e Toronto Virgin Festival.
Para o futuro, o MGMT já tem planos que
devem levar a dupla a vôos ainda mais altos. De
acordo com o jornal The Guardian, o próximo disco
da banda deve ser produzido pelo Chemical Brothers. A “amizade” entre os grupos começou quando os ingleses ouviram Oracular
Spectacular, adoraram e enviaram um email para o MGMT.
Para o semanário New Musical
Express, Andrew VanWyngarden afirmou que o próximo álbum está sendo planejado para
ser um verdadeiro “disco duplo
gigante”. A banda deve gravar um disco de música pop e outro mais psicodélico – mas nenhum
dos dois deve ser muito dançante, como os fãs da
banda estão acostumados. Segundo VanWyngarden, o MGMT procura originalidade e quer fazer
“algo diferente”:
Talvez o maior nome indie de 2008 – os elogios vieram de nomes como New Musical Express,
Q, Spin, Allmusic e Rolling Stone –, os meninos
do MGMT foram alçados a salvadores a cena alternativa da música. A dupla junta-se agora ao
hall de The Polyphonic Spree, Boy Crisis, Natalie
Portman’s Shaved Head, Friendly Fires e Secret
Machines e coloca os fãs de indie rock para dançar
nas pistas de dança mundo afora. Se você ainda
não provou das batidas deliciosamente nostálgicas de “Kids” e companhia, não sabe o que está
perdendo.
o maior nome
indie de 2008
[ 22 ] headline
headline [ 23 ]
3) “The Youth” (3:48)
7) “Pieces of What” (2:43)
4) “Electric Feel” (3:49)
8) “Of Moons,
Birds & Monsters” (4:46)
A mais climática do disco, chega a ser quase espacial de tão hipnótica. Refrãozinho chiclete e bons
arranjos dão um ritmo de transe.
Um mix de indie pop com neo-psicodelia. Dançante e deliciosa, a faixa é o encontro do indie
rock com Justin Timberlake e Michael Jackson.
Irresistível.
5) “Kids” (5:02)
Oracular Spectacular [2007]
faixa à faixa
1) “Time to Pretend” (4:20)
Um dos maiores hits do disco, tem letra triste
e ritmo viciante. Tem um ar de despretensão
que cai por terra com toda a sofisticação
dos efeitos sonoros psicodélicos. É uma
das melhores canções de 2008.
2) “Weekend
Wars” (4:12)
Vocal forte, batidas
leves e efeitos delicados fazem a
faixa.
MGMT
www.whoismgmt.com
www.myspace.com/mgmt
As melhores batidas do ano chegam em clima
nostálgico e divertido. Impossível não ter vontade de pular enquanto o refrão “Control yourself/
Take only what you need from it/ A family of trees
wanted to be haunted” (algo como “Controle-se/
Tire apenas o que você precisa dele/ Uma família
de árvores querendo ser assombrada”) é cantado
- ou quase chorado. Destaque para o solo de teclado e efeitos eletrônicos na parte final da faixa. Triunfante.
6) “4th Dimensional
Transition” (3:58)
Atmosférica e tensa,
tem um ritmo arrastado. Sintetizadores
e efeitos eletrônicos misturam-se
ao vocal duplo.
Balada quase acústica baseada em um violão
melancólico que traz referências óbvias de Velvet Underground.
Desde o primeiro riff é inevitável não perceber os
anos 70 em uma roupagem indie com toques retrô.
Com jeito de jam session e solos de guitarra, o MGMT
encarna, do seu jeito, o mestre Jimi Hendrix.
9) “The Handshake” (3:39)
Começa delicada para desembocar, logo nos primeiros segundos, numa hipnose eletrônica de batidas
quase sensuais. Uma das melhores do disco.
10) “Future Reflections” (4:00)
De longe, a mais chatinha do álbum. Não evolui bem
com o excesso de efeitos eletrônicos e com o vocal vagaroso e quase sonolento. Quando as batidas
entram já é tarde demais. Dispensável.
Ben Goldwasser no Tim Festival
mgmt decepciona
em show no brasil
Escalados para fechar a última noite da
edição paulistana do TIM Festival 2008, o MGMT fez um show monótono e quase tedioso, do
qual só se salva o final, quando a dupla tocou
“Time to Pretend” e “Kids”, levantando o público. Quem esperava um show dançante e de
clima dance-punk com nuances psicodélicas,
com certeza teve uma decepção com o marasmo falsamente hipnótico que os dois
tentaram interpretar no palco. A banda
só tocou faixas de Oracular Spectacular
(2007), como “Weekend Wars”, “The
Youth”, “”Electric Feel”, “Pieces of
What”, “4th Dimensional Transition”
e “Of Moons, Birds and Monsters”.
Mesmo assim, a apresentação foi
decepcionante e fechou o TIM
2008 de modo quase melancólico. Uma pena.
A LUMIère CitroËn patrocinou
Este projeto universitário.
[ 26 ] entrevista
entrevista [ 27 ]
A banda bauruense Papai Elefante lança seu primeiro
disco com influência de bandas como Los Hermanos
e mostra que tem muita história para contar
por mariana mandelli
Eles se conheceram no primeiro ano da faculdade
de engenharia elétrica, na Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho” (UNESP), em Bauru. Quando
Roberto Garcia Neto, 25 anos, conheceu Felipe Lucarelli
Samaan, 24, eles não sabiam o que a amizade poderia
render.
Roberto comprou um violão e arriscava algumas
notas logo no primeiro ano do curso. Comprou também
alguns discos – entre eles, Bloco do Eu Sozinho, o disco
mais revolucionário dos Los Hermanos. E foi ali que ele
sentiu vontade de fazer música. “Nunca quis se um guitar hero, mas aquilo eu poderia ser”, lembra. De 2002,
quando descobriu o álbum, até hoje, a vida de Roberto
foi mudando e, conseqüentemente, acabou se encontrando com a música. Gravou um disco de covers (no
gravador do Windows, no próprio computador) e distribuiu para a família e amigos no Natal; viajou pela Europa com seu violão e escreveu sua primeira letra “Maria
Juliana” e, no retorno do intercâmbio, resolveu montar
uma banda de vez. Felipe era um dos integrantes – os
ensaios ocorriam na casa dele ou no conservatório em
que Leonardo, o baterista “encontrado” por meio de um
cartaz colocado por Roberto nas paredes da faculdade,
dava aulas.
O nome da banda veio depois que um dos integrantes, Baby, saiu do grupo. “Ao comentar a saída do
Baby, o Rodrigo [outro integrante] disse que ele parecia
o papai elefante que vai embora morrer sozinho quando
percebe que não é mais necessário. Pronto: o nome foi
escolhido, em homenagem ao Baby”, conta Roberto.
Em 2005, vieram as primeiras gravações e novos
integrantes. As influências musicais foram se fortalecendo – o pop rock de U2, Strokes e Coldplay,reinava ao
lado da MPB de Zé Ramalho e Zeca Baleiro. O primeiro
show foi numa república de um amigo e a banda
tocou poucas músicas, já que ainda não
tinha um estilo definido – o setlist
bizarro foi de Offspring a “Chão de Giz”. Das sessões no estúdio – pagas por Roberto –, nasceram
gravações que o grupo enviou para festivais, como
“A tarada, a apaixonada e a que não queria nada” e
“O Mocinho”. As canções foram aprovadas e o Papai Elefante tocou no Festival de Ilha Solteira e em
um evento da rádio bauruense 96 FM.
A partir daí, a banda começou a produzir com mais
sofisticação, pagando estúdios melhores e dedicando mais
tempo à música. Mas as notícias não eram só boas: dois
integrantes anunciaram que se mudariam de Bauru e
Felipe foi trabalhar nos Estados Unidos. Enquanto
isso, Roberto formou outra banda – a Soda Pop – e
tocava em festas de república pela cidade. Com o
retorno de Felipe e entrada de um novo baterista,
o Papai Elefante se reuniu novamente e voltou a
gravar. O resultado está rendendo frutos: “Medusa”, faixa do disco, está na programação da
94 FM, rádio baruense.
A seguir, uma entrevista com o vocalista
Roberto sobre a promissora banda.
O primeiro EP de vocês está
pronto. Como foi o processo
de gravação?
As gravações terminaram em janeiro de 2008. O
Felipe e eu já havíamos tirado algumas fotos em São
Paulo com um designer amigo nosso que iria também
fazer a arte do encarte. Mixei o trabalho no estúdio
Mosh, em São Paulo, acertei os detalhes da prensagem e
fiquei dependendo da arte. Depois de quatro meses, o designer sumiu do mapa e tive que pagar de novo pelo encarte
– dessa vez para uma empresa de Bauru. Aí sim ficou tudo
pronto. Neste ano, vamos para o Festival de Ilha Solteira de
novo – “Medusa”, que está no disco, foi selecionada.
Quais são as maiores
influências da banda?
A influência comum mais forte para o Felipe e eu é U2.
No resto, nos diferenciamos um pouco. O Felipe vem de uma
formação de rock padrão como Nirvana, Metallica, Pearl Jam,
etc. Já eu sou fã da música pop. Beach Boys, Abba, Bee Gees, aquela onde a melodia te pega, te deixa com um sorriso
no rosto, sabe? Os reis do pop no Brasil para mim são Lulu
Santos e Guilherme Arantes. Também adoro a fase 70/80 do
Roberto Carlos. Não importa o estilo, se a melodia me agrada, eu gosto da música. Acho as melodias do Strokes incríveis, os refrões são sempre em acorde maior. Resumindo,
gosto de me música que me faz sentir bem.
“Anelisa” é inspirada em quem?
“O mocinho” é autobiográfica?
De onde vem a inspiração
para compor?
A músicas são sempre feitas por mim ou
pelo Felipe. Quase nunca juntos. O arranjo é
feito em conjunto. Compor desde o início com
alguém é algo que eu não consigo. Bom, “Anelisa” foi escrita quando uma paixão fulminante
[ 28 ] entrevista
me assolou. Eu conheci uma garota chamada Anelisa
quando ela nos chamou para tocar na sua república.
Eu a achei bonita, mas não me interessei. De repente
ela me dá bola, me deixa recados no fotolog e eu me
apaixono por ela. Trocamos e-mails, passamos horas
no telefone. Levei-a para jantar e me declarei, mas ela
disse que tinha saído de um relacionamento longo e
não queria entrar em outro agora. Fiquei arrasado. Escrevi essa música em uma hora, gravei no computador e mandei para ela. Ela gostou mas não adiantou.
Nunca mais a vi. Se eu tenho uma frustração na minha vida, é essa.
Já “O Mocinho” não é baseada em nenhuma história especial. É o caso padrão do menino que gosta
da menina que não gosta do menino, situação que eu
conheço bem. Ela foi feita numa época em que nós
só tínhamos duas músicas próprias, uma minha e outra do Rodrigo. Eram músicas pesadas, uma inclusive
com um palavrão. E eu não me sentia a vontade com
aquilo, queria uma música que uma criança pudesse cantar, sem nada ofensivo ali. Daí para a
donzela disputada pelo mocinho e pelo vilão
foi um pulo.
Quais as dificuldades que
uma banda alternativa
enfrenta para se firmar no
cenário musical brasileiro?
O mercado em geral está competitivo demais, normalmente as pessoas não encontram
muitas boas chances por aí. O Felipe está trabalhando, espero que no início de 2009 eu esteja
também. O que fazer quando eu tiver que esco-
entrevista [ 29 ]
lher pela música ou pela engenharia? Acho que
todo mundo que tem uma banda passa por isso,
escolher correr atrás do sonho ou do que é mais
seguro. Claro que se eu tiver um contrato para assinar eu jogo a engenharia para o alto. Mas e se for
de um selo pequeno? Compensa largar tudo para
entrar no circuito de festivais, divulgação boca a
boca, internet? Acho que essa é a maior dificuldade das bandas independentes, seguir correndo
atrás ou “cair na real”, ceder às pressões de família
e sociedade para ser alguém. O mercado é esse,
eu sigo em frente para ver no que dá.
Como músico, o que pensa de baixar
música pela internet de graça?
Acho que a internet deveria funcionar como o
rádio. Sempre ouvimos de graça as músicas por ele.
Se quiséssemos guardá-las, era só usar fita cassete.
Mas se quiséssemos nos aprofundar naquilo, comprávamos o disco. Acho que as músicas de trabalho
deveriam estar disponíveis na rede e o álbum inteiro seria exclusividade de quem comprasse. Seguindo essa minha ideologia, nunca baixei um álbum
completo na rede. Minto, baixei o do Camelo essa
semana, mas porque ele disponibilizou o álbum todo. E mais: o download, o cd pirata, o cd com “trocentas” mp3, isso tudo banaliza a música. Quem
ouve tudo o que baixa?
Você acha que daqui a
vinte anos as pessoas
guardarão as mp3s e
os CDs piratas com
carinho, assim como guardam os vinis? Eu ainda
compro CDs e a primeira audição é como assistir
a um filme. O primeiro contato é especial. É porque eu paguei por aquilo, dou valor. O que vem de
graça não tem valor.
Até agora, qual o momento que
você considera mais importante
na carreira de vocês?
Quando passamos no concurso da 96 FM e a
nossa música tocou no rádio foi uma sensação incrível. Mas acho que não tivemos momentos muito importantes. As repercussões da banda sempre
foram locais. Já saímos várias vezes nos jornais de
Bauru, sempre com fotos grandes, o que é ótimo
para orgulhar parentes. Mas não passou disso. E por
um simples motivo: nunca divulguei o material. O
único CD do Papai Elefante que existia antes desse
atual era um com algumas gravações antigas e eu
me recusava a divulgá-lo porque não tinha qualidade. Não queria queimar minha oportunidade
– não acredito em segundas chances. Por
isso dei meu sangue nesse CD. Vai ser nosso
único tiro e, se não for no alvo, tocar será
só um hobby. Porque passar por tudo isso
de novo, de gravar disco
sem a ajuda de ninguém... não quero,
obrigado.
Vocês já tocaram em dezenas de
festas de república em Bauru. Como
vocês se sentem sabendo que vão
fazer parte da memória de quem
passou pela UNESP?
Isso me deixa feliz, de verdade. Eu me lembro de
ver shows em festas de república e o som ser horrível,
com os músicos errando na hora de tocar. Sempre me
preocupei com a qualidade do nosso som. Não importa que era numa sala, nossos equipamentos eram ótimos. Chegávamos cedo, montávamos tudo e passávamos o som antes das festas. Ninguém da banda ficava
bêbado, eu sempre fui exigente com todo mundo. E
buscávamos coisas que as outras não tocassem. Em
resumo, a emoção de tocar ali é incrível. Nunca senti
num palco o que sentia nas festas. Ver uma sala de 3x5
metros com cinqüenta pessoas cantando e dançando
e saber que é você quem está provocando aquilo é algo fora do normal.
papai elefante
papai elefante [2008]
www.myspace.com/
papaielefante
[ 30 ] história
história [ 31 ]
a verdadeira
revolução
Considerado um dos melhores discos da história
da música, o “álbum branco” completa quatro
décadas mais vivo do que nunca
por mariana mandelli
O ano de 2008 marca os 40 anos do lançamento
do chamado “Álbum Branco” (ou The White Album), o
disco de capa monocromática com um pequeno “The
Beatles” marcado em relevo no canto inferior direito.
Lançado no dia 22 de novembro de 1968, em meio ao
momento efervescente que o mundo vivia nos âmbitos
político, econômico e cultural, o disco duplo mudou o
curso da história da música e da
carreira da melhor banda de
rock de todos os tempos.
Considerado o “início do fim”, o álbum branco
deixava clara a desunião do grupo. É perfeitamente
perceptível a fragmentação da banda no tracklist,
resultado dos primeiros momentos de ruptura entre o grupo recém-chegado da temporada na Índia
com o guru Maharishi Mahesh Yogi. Lá, compuseram a maioria das canções do novo disco, pensado
para ser simples e direto, diferentemente de seu
antecessor, o complexo e psicodélico
Sgt Pepper’s.
Além de ser um marco histórico na história da música, outros mitos envolvem o álbum
branco. Charles Manson, um dos assassinos mais
famosos da história, envolvido no homicídio de
Sharon Tate, atriz e esposa do diretor Roman
Polanski, alegou que as músicas do álbum incitavam-no a praticar crimes. Acreditando ser a
reencarnação de Jesus Cristo, ele e seus seguidores (a “Família Manson”), cometeram chacinas
e usavam o sangue das vítimas para escrever os
nomes de músicas como “Piggies”, “Helter Skelter” e “Blackbird” na cena do crime.
Bizarrices à parte, o álbum branco representa
os melhores momentos criativos de cada Beatle.
Se a inspiração tem a ver com a jornada espiritual na Índia fica difícil saber. O que importa é que
cada integrante estava na sua melhor forma.
John Lennon é o maior exemplo
disso. Com o início de seu relacionamento com Yoko Ono, o músico passava por um período de criatividade
intensa e parceria com a amante –
ela participa dos vocais de “The Continuing Story Of Bungalow Bill” e de
“Revolution 9”. Merecem destaque o
lirismo de “Dear Prudence” (escrita
para a irmã de Mia Farrow), “Julia” (dedicada à
mãe de Lennon), “Cry Baby Cry” e “Good Night”
(escrita para se filho Julian a cantada por Ringo); a ironia e o bom humor de “Everybody’s Got
Something to Hide Except Me and My Monkey”,
“Sexy Sadie” e “Glass Onion” (sobre os fãs que
enxergavam mensagens subliminares nas músicas do grupo); a sensualidade de “Happiness Is
A Warm Gun”; a simplicidade de “I’m So Tired”;
o blues-rock de “Yer Blues” e a música-símbolo
da época, “Revolution 1”.
As participações de George Harrison estão
em “Long, Long, Long”, “Piggies” (com sons de
porcos como efeitos sonoros) e “Savoy Truffle”
(inspirada por uma caixa de chocolates e teoricamente dedicada a Eric Clapton, grande apreciador de doces). Contudo, é “While My Guitar
Gently Weeps” sua melhor contribuição, por ser
melancólica e inspiradora e contar com a guitarra chorosa do amigo Clapton.
A maioria das canções de Paul no álbum
branco foram compostas e gravadas somente
por ele, sem a participação dos outros Beatles
– com exceção de “Birthday”, uma das últimas
colaborações entre ele e John; “Martha My Dear”
(supostamente dedicada à sua sheepdog Martha)
que teve George no contra-baixo e John na gui-
tarra; “Why Don’t We Do It In The Road?”, com Ringo,
e “Ob-La-Di, Ob-La-Da”, considerada uma das piores
canções da história por uma revista. Reza a lenda que
a faixa foi criada em uma aposta entre os Beatles para
decidir quem compunha a música mais idiota, com a
premissa de que qualquer coisa que eles cantassem
faria sucesso.
Paul encontrou seu lado folk na belíssima “Blackbird” e, especialmente, em “Rocky Racoon”. As baladas
românticas, marca da docilidade musical de McCartney, têm sua vez com “I Will”, composta para Linda
Eastman (que veio a ser Linda McCartney), e com a
bucólica “Mother Nature’s Song”. O rock ‘n roll mccartiano aparece em “Wild Honey Pie”, “Back in the
U.S.S.R.” (resposta a “Back In The U.S.A.”, de Chuck
Berry) e, especialmente, naquela que é considerada a
primeira canção de heavy metal da história: “Helter
Skelter”. Barulhenta e pesada, a faixa inspirou músicos pelo mundo e ajudou a semear o futuro do rock
pós-Beatles.
“Don’t Pass Me By”, a primeira composição solo
de Ringo Starr gravada pela banda, acabou entrando
para o tracklist, desbancando “Mean Mr. Mustard”,
“Polythene Pam” (ambas lançadas no Abbey Road, em
1969), “Hey Jude”, “Revolution” (ambas lançadas em
compacto) e outras canções que apareceriam anos
mais tarde na carreira solo de cada ex-beatle.
Gostando ou não, é impossível ser indiferente
ao peso que a obra-patrimônio de John, Paul, Ringo
e George tiveram e ainda têm frente à produção cultural mundial. A inventividade e genialidade de cada
um dos quatro cérebros que formavam a banda fazem
do álbum branco uma obra essencialmente atemporal,
que não se esgota no tempo nem no espaço. Se depender da projeção e da influência da obra dos Beatles, 1968 vai ser sempre o
ano que não terminou...
The Beatles
WHITE ALBUM [2008]
www.thebeatles.com
[ 32 ] doob live!
doob live! [ 33 ]
doob live!
Skol Beats, 27/09/08
Anhembi - SP
COnfira tudo que rolou nos
principais shows da temporada
A tão aguardada dupla francesa subiu ao palco
um pouco depois das 23 horas. Logo, os amplificadores distribuídos junto à cruz luminosa, símbolo dos
franceses, tornaram-se cenário dos maiores hits da
música eletrônica de 2007. Gaspard Augé e Xavier de
Rosnay, que encerraram a turnê mundial com os shows
no Brasil, levantaram milhares de pessoas com “Genesis”, “DVNO”, “Stress”, “One Minute to Midnight” e
“Never Be Alone”. O ápice, como não poderia deixar de
ser, foi em “D.A.N.C.E”. Simpáticos - mas sem serem
efusivos -, os dois pediam animação para o público e
levantavam as mãos a cada faixa recebida aos pulos
pela platéia. Um show sem grandes supresas, mas que
correspondeu às expectativas.
TEXTO: mariana mandelli
Fotos: Natalie Gunji
tim festival, 25/10/08
parque do ibirapuera - sp
Dá para resumir o show do The National, na
última noite do TIM Festival 2008, em São Paulo,
no seguinte clichê: foi tudo aquilo que se esperava. Uma sonoridade de encher os ouvidos, melodias belíssimas, a voz incrível de Matt Berninger
ressoando pela tenda armada no Parque do Ibirapuera e um setlist que combinava as canções mais
lindas de Alligator (2005) e Boxer (2007) fizeram
da apresentação da banda norte-americana um
dos pontos mais altos do festival.
Sem atrasos, logo após o show de abertura
da noite com os brasileiros do Cérebro Eletrônico,
Berninger e seus companheiros de banda abriram o
show com a belíssima “Start a War” para, em seguida, mandarem a dobradinha perfeita: “Brainy”
e “Secret Meeting”, duas da melhores canções da
banda.
O vigor multiinstrumentista da banda, que
conta com metais (trompete e trombone) e violino, ficou evidente em toda a apresentação,
mesmo nas melancólicas “Baby We’ll be Fine” e “Slow Show”. A triunfante e quase épica “Squalor Victoria” veio em
seguida e foi o ápice do impecável show. Ainda deu tempo para
“Abel”, “All the Wine” e “Apartment Story”. Os vibrantes hits
“Mistaken For Strangers” e
“Fake Empire”, de Boxer, foram recebidos com empolgação pelo público que já
estava entregue desde o
primeiro acorde de “Start
a War”. Apesar de não
terem tocado “Karen”,
o National encerrou a
apresentação com as
fantásticas “Mr. November” e “About
Today”.
Orloff Five, 06/09/08
Via Funchal - SP
Foi o ápice do festival. Talvez o show mais
frenético que o Brasil já viu. Desde o momento
que subiu ao palco, a banda foi insistentemente aclamada pelo público, respondendo à altura
com seus riffs viciantes, bateria convulsiva e os
berros de Pelle ao microfone nos refrões de “Hey
Little World”, “Main Offender”, “Try It Again” e
“A Little More For Little You”. Tentando o tempo
todo falar português, Pelle soltou, entre pérolas
bizarras, coisas como “tira o pé do chão” e “te
amo, São Paulo”, emendando sua simpatia com
hits como “Walk Idiot Walk”, “Diabolic Scheme”,
“You Dress Up For Armageddon” e “You Got It
All Wrong”. Ainda sobrou tempo para “A.K.A
I-D-I-O-T”, “A Thousand Answers”, “Won’t Be
Long”, “Two-Timing Touch And Broken Bones” e
“Return The Favour”, em meio às danças de Pelle, que corria de um lado para o outro do palco,
e às caretas hilárias do guitarrista Nicholaus Arson (na verdade, Niklas Almqvist, irmão do vocalista). O bis terminou de enlouquecer a platéia, que, em êxtase, pulou sem parar em“Bigger
Hole To Fill”, “Hate To Say I Told You So” (uma
das mais esperadas da noite) e a derradeira “Tick
Tick Boom”. A loucura do Hives fechou o Orloff
Five com, até agora, o show do ano.
Invasão Sueca, 23/09/08
Studio SP - SP
Um dos festivais mais bacanas do ano teve dois
shows simpaticíssimos e deliciosos. O Shout Out Louds
mandou seu indie rock esperto baseando o repertório nos discos Howl Howl Gaff Gaff (2005) e Our Ill
Wills (2007). “The Comeback”, “Please Please Please”
e “Shut Your Eyes” fizeram a noite. Já o trio ensandecido Peter, Bjorn & John transformou o palco do
Studio SP em uma filial de hospício indie. Performáticos e muito animados, eles mandaram “Amsterdam”,
“Detects On My Affection” e, é claro, o hit supremo
“Young Folks”.
[ 36 ] doob online
doob online [ 37 ]
Oasis - The Shock Of The Lightning
doob online
confira os melhores clipes e shows do youtube
e tudo que está rolando de novo na internet
por mariana mandelli
www.youtube.com/watch?v=87IQhui_Yy8
Velocidade, cor e psicodelia no melhor estilo
Velvet Underground, para combinar com o clima do
novo disco Dig Out Your Soul (2008), são os principais elementos do clipe de “The Shock Of The Lightning”. As imagens dos irmãos Gallagher são distorcidas com tons carregados e efeitos especiais, o que
resulta num casamento perfeito com a canção e com
a alma desse novo trabalho do Oasis.
Coldplay - Lovers in Japan
www.youtube.com/watch?v=E_exesnCA5Y
Na excelente seqüência de vídeos que a banda britânica vem lançando para promover o quarto disco, Viva la Vida or Death and All His Friends
(2008), o Coldplay lança um de seus melhores vídeos. “Lovers in Japan” tem todos os membros do
grupo escrevendo na tela com luzes e interagindo
com televisores e outros aparelhos. Uma explosão
de cores quase triunfante que combina com o vigor
do novo single e com a grandiosidade musical dos
arranjos do álbum.
Fleet Foxes - He Doesn’t Know Why
www.youtube.com/watch?v=brZTvGIzeGg
O folk obscuro de uma das melhores bandas reveladas em 2008 é expresso nesse clipe bizarro por imagens que revelam um clima quase sagrado de presépio, por mais estranho que isso pareça. A banda toca
e canta os belos versos “He Doesn’t Know Why”, single
do debut Fleet Foxes, enquanto animais – como cabras, bodes e um cachorro – circulam entre os membros. Vídeo estranhíssimo que vale mais pela música
do que pelas cenas.
Feist - Honey Honey
www.youtube.com/watch?v=dN0A0ZSfnj4
A angústia na voz arranhada de Leslie Feist é expressa na história de um boneco que navega pelos oceanos e
enfrenta a fúria dos mares – no melhor estilo “O Velho e o
Mar”, obra-prima de Ernest Hemingway. O vídeo de “Honey
Honey” é mais um dos ótimos clipes que Feist vem colecionando na mídia e, com eles, angariando sempre novos
fãs – afinal, quem resiste a “I Feel it All” e “1234”?
Keane - Spiralling
Spoon – Don’t You Evah (Ao Vivo)
Cores fosforescentes, robôs dançarinos e clima
futurista dão um aspecto de Daft Punk cafona para
esse novo clipe do Keane. As imagens de “Spiralling”,
hit de Perfect Symmetry (2008) misturam neons, psicodelia, new rave e disco dos anos 80. Alternando cenas escuras com tons luminosos, o vídeo traz poucas
cenas de Tom Chaplin nos vocais – o destaque, quem
diria, é para os robôs. Breguíssimo.
Esse é para aquecer para o show do Spoon no Planeta Terra, festival que acontece em São Paulo no dia 8
de novembro. “Don’t You Evah“ é uma das melhores do
último e elogiado disco da banda, Ga Ga Ga Ga Ga (2007).
O vídeo foi gravado em uma apresentação na Warehouse Live Houston, no estado norte-americano do Texas,
no início de novembro de 2007, e mostra a força que a
banda tem ao vivo.
www.youtube.com/watch?v=M-LZ7yH-JBM
Kings Of Leon - Use Somebody
www.youtube.com/watch?v=dIgyZZkXxk4
The Verve - Rather Be
www.youtube.com/watch?v=vMaxggUVS6Y
www.youtube.com/watch?v=Q1v1m4DhucY
Segundo single do ótimo Only by the Night
(2008), o mais novo clipe da banda-família Kings Of Leon mescla, ao som de uma das melhores
faixas do álbum, cenas de shows e performances
ao vivo da banda norte-americana com imagens
muito bem produzidas de bastidores. A atmosfera melancólica fica por conta do tom choroso de
Caleb Followill ao cantar os versos angustiantes
de “Use Somebody”.
Depois de “Love is Noise”, primeiro single que marcou
o tão esperado retorno do Verve à cena do rock alternativo,
a banda lança o vídeo de sua segunda faixa de trabalho.
Com Richard Ashcroft de camisa preta aberta – quase um
latin lover – passeando entre uma floresta num dia úmido
e cinzento, “Rather Be” é bucólico e quase rural.
Canal no Youtube
Parlophone
www.youtube.com/parlophone
Aqui você encontra vídeos – novos e
antigos – de algumas das melhores bandas
do mundo da música. Tem playlists
de Radiohead, Coldplay, Gorillaz, The
Verve, Babyshambles e Blur. O canal
da Parlophone tem material de quase todos os artistas que fazem parte
da gravadora, que foi fundada na Alemanha nas primeiras décadas do
século passado e hoje faz parte da EMI. Curiosidade: até os Beatles já
gravaram com o selo.
VEJA MAIS VIDEOS EM
NOSSO CANAL NO YOU TUBE
www.youtube.com.br/doob
COMENTE E DÊ SUGESTÕES
NO FÓRUM DO NOSSO SITE
www.doob.com/forum
[ 38 ] doob online
Blip.fm | What are you listening to?
www.blip.fm
crônica [ 39 ]
Você acessa a página do Blip e encontra a seguinte descrição: “Become a DJ and discover new
music. Listen to a continuous stream of songs and
DJ your own music station”. E é exatamente isso: o
site é um microblog com músicas anexadas aos posts
(chamados de “blips”). O usuário posta as músicas
que está ouvindo junto com pequenos comentários
sobre as faixas.
As canções do Blip.fm não estão hospedadas
no site, o que evita eventuais problemas com as leis
de direitos autorais. Ou seja, o Blip apenas toca músicas que estão disponíveis na rede. Desse modo, o
site acaba concentrando o maior acervo de músicas
da web. Outra dica bacana: o Blip possui integração
com o Twitter, Last.fm e outras redes sociais e sites
colaborativos, o que facilita a comunicação entre
todas as ferramentas.
Hype Machine
www.hypem.com
O Hype Machine concentra uma grande variedade de
blogs de mp3. Qualquer blog que tenha links para download de música nesse formato é automaticamente adicionado aos dados do site e publicado na home do site. De
uma forma geral, a missão do Hype Machine é divulgar
novas bandas - contribuindo, assim, para “hypar” grupos
novos. Não dá para fazer download das faixas, mas o internauta pode ouvir as músicas disponíveis e, portanto,
ter uma espécie de “preview” das novidades. Se o ouvinte curtir o que está ouvindo, rola deixar um comentário
para a banda. Além disso, você pode explorar as rádios,
blogs e listas de outros usuários do site. Apesar de não ser
grátis, o Hype Machine serve como uma boa ferramenta
para novas descobertas musicais.
os clichês de um show
de rock alternativo
Todo show de indie rock é a mesma coisa,
como um filme alternativo que se repete. São
centenas e centenas de pares de All Star pisando o chão grudento de cerveja e com bitucas de cigarro espalhadas por todos os cantos.
Sem contar o cheiro – ir a um show de rock
é pedir para passar uma espécie de shampoo
de nicotina nos cabelos, porque não há perfume que resista ao cheiro fétido de cigarro
que fica impregnado em cada fio.
A espera também é interminável. Você
pode ser muito fã da banda e chegar ao show
horas antes para tentar garantir um lugar colado no palco. Mas é burrice
passar por tanto sofrimento
e ficar condicionado às circunstâncias climáticas (chuva, sol, calor, frio e vento) e
estruturais (lugar apertado,
gente sem educação e trilha
sonora, para dizer o mínimo)
sendo que, com toda a certeza, assim que o guitarrista
mandar o primeiro riff e você
começar a pensar que todo o
martírio da espera valeu a pena, vai surgir um espertinho
atropelando você sem pedir licença. Bem mais alto, o infeliz vai parar na sua
frente como uma enorme e truculenta girafa.
A partir daí, pode esquecer: você não vai ver
mais nada do show. Com sorte, vai enxergar
o pé do baixista ou o suporte do microfone
do cantor. E você vai ficar lá, sem ver nada,
todo amassado e espremido entre as pessoas e a tal girafa, com sede, vontade de ir ao
banheiro e cheirando o suor dos outros. Nem
pense em sair: é impossível avançar um passo
no meio dessa multidão esmagadora.
Se você é sossegado e chega depois – em
cima da hora de começar o show – e curte ficar mais ao fundo, também não está livre das
irritações. Quem fica nos lugares mais afastados, corre o risco de levar uma garrafada de
cerveja na cabeça – isso quando o tal reci-
piente não está cheio de xixi de algum sem noção
que resolveu se aliviar sem ir ao banheiro. Além
disso, também há a chance de você ficar parado
num lugar em que as pessoas usam de passagem.
Já reparou como é só você escolher um cantinho
que o povo surge do além e começa a pedir licença, esbarrando e derrubando cerveja? Se bem que
isso é fichinha perto daquela galera sem noção
que resolve transformar a casa de show em uma
pista de samba-rock e começa a dançar, pular e
rebolar pelo chão, ocupando o pouco espaço que
ainda restava.
A freqüência, então, educada
ou não, é padrão: quem não tiver
All Star – de preferência, das cores
bege, preto ou aquele branco de
couro – não entra ou, no mínimo,
não é bem-vindo. As garotas têm,
necessariamente, alguma peça de
roupa ou acessório de bolinhas,
xadrez ou listrado. O visual ainda
deve conter uma calça skinny –
aquelas coladas no corpo. Quanto
aos cabelos, quanto mais assimétrico e curto for o corte, melhor.
Ou clássico, porque as pin-ups e
as atrizes do cinema antigo são valorizadas com
inspiração vintage e retrô. As tatuagens e piercings servem para as garotas e para os meninos
também. No caso deles, camisa xadrez ou camiseta
de banda, com calça skinny e tênis Adidas são a
pedida. Uma jaqueta colorida também rola.
Agora, o mais importante: a cara de blasé do
público. Aquele jeito de que não se diverte, sabe? Só que o disfarce se sustenta só até o show
começar. Quando a banda sobe no palco, as luzes
são acesas e aquela música que marcou sua vida
– seu mês ou seu dia – começa a tocar, o clichê
do “tudo valeu a pena” começa a valer. Não há
nada que substitua a energia que a música transmite ao vivo. Nem que para isso a gente tenha que
chegar em casa de madrugada cheirando cigarro
e melado de cerveja.
com sorte,
vai enxergar o
pé do baixista
ou o suporte
do microfone
do cantor
MixWit
http://www.mixwit.com
Para os mais nostálgicos e que sentem saudade
do tempo em que a diversão era pescar as músicas
favoritas na rádio e gravá-las em uma fita cassete, a
solução virtual chegou. O MixWit permite que você faça quantas seleções quiser das suas canções favoritas
– ou seja, com a ferramenta, você pode criar pequenos widgets de listas de música para serem postados
nas suas páginas pessoais no MySpace, Facebook e
Blogger, entre outras redes sociais.
O design do widget é um detalhe importante: o
formato é de fita cassete. Uma graça. E dá para personalizar a capa com imagens especiais. É quase viciante montar playlists e postá-las depois.
Mariana Mandelli
publica resenhas, cobre
shows e mantém um blog
de cultura pop na revista
online semanal “O Grito”
www.revistaogrito.com.
[ 40 ] atitude
atitude [ 41 ]
Vozeirão vintage:
o retrô e a Motown na moda
girl power
do século xxl
garotas dos mais diferentes estilos estão
dominando o mundo música e deixando os
homens de lado na corrida pelo sucesso
por mariana mandeLli
No ano em que a rainha suprema do pop completa meio século de vida, o mundo da música vê
florescer os resultados de uma espécie de processo
“feminista” que vem semeando a cena há décadas.
Um verdadeiro boom de cantoras vem provando
que as sementes plantadas por Madonna durante seus 25 anos de carreira realmente mudaram o
curso da história das celebridades musicais.
A reviravolta no planeta pop aconteceu quando Geri Halliwell, Emma Bunton, Victoria Beckham,
Melanie Brown e Melanie C surgiram, fazendo
adolescentes do mundo inteiro dançarem ao som
de “Wannabe” e “Say You Will Be There”. As Spice Girls encerraram a carreira neste ano – ao que
tudo indica, definitivamente.
Com a virada do século, a suposta igualdade
de direitos entre os sexos, o respeito que as mulheres vêm conquistando no mercado
de trabalho e a consolidação da
era da imagem - reforçada
pelas novas tecnologias
que consagraram a internet e a onipresença da mídia -, fizeram
mais nomes femininos pipocarem e influenciarem milhões
de consumidores de
música, ávidos pelas
novidades da indústria cultural.
Delicadeza bucólica
e sofisticação indie
A web trouxe acesso ao submundo da música: o indie rock, estilo alternativo difícil de
conceituar que domina as cenas britânica e
norte-americana. No universo underground,
ninguém tira a coroa de rainha indie de Charlyn Marshall, mais conhecida como Cat Power.
Diva suprema da poesia musicada, devota de
Bob Dylan e dona de uma voz naturalmente sedutora, Chan tempera suas canções arrasadoramente tristes com notas de blue e jazz, além
de guitarras acústicas e pianos delicados – seus
discos Moon Pix (1998) e The greatest (2006)
são provas disso.
Com inspiração no indie rock, no folk e
também no jazz, pode-se ainda citar nomes
como os de Leslie Feist, Julie Doiron, Ida Maria,
Casey Dienel (agora usando o nome de White
Hinterland), Regina Spektor, Joanna Newsom,
Ane Brun, Keren Ann, Carina Round, Coralie Clément, Esperanza Spalding, Carla Bruni, Russian
Red (Lourdes Hernández), Laura Marling, Marissa Nadler, Hanne Hukkelberg, Emma Pollock,
Mary Timony, Azure Ray (Maria Taylor e Orenda
Fink) e Au Revoir Simone (Erika Forster, Annie
Hart e Heather D’Angelo), entre uma infinidade
de mulheres que está abarcando o underground.
Todos essas surgiram somente nos anos 2000,
o que demonstra que Yael Naïm, Lisa Germano, Colleen (Cécile Schott), Charlotte Gainsbourg, Fiona Apple, Martha Wainwright, Emiliana Torrini, Ani DiFranco, Aimee Mann, Alanis
Morissette e a própria Chan Marshall realmente
abriram caminho nos anos 90 para as meninas
alternativas firmarem-se na cena.
Amy Winehouse, apesar dos inúmeros escândalos, é, com toda a certeza o maior ícone
dessa febre que o soul, a Motown e a sonoridade
retrô vêm provocando na música pop. Back to
Black (2006), seu disco confessional inteiramente escrito com a influência de porres homéricos
e de um coração partido, pode ser considerado
um dos álbuns da década.
Depois do estrondoso sucesso de Winehouse,
tanto nas vendagens de discos quanto nas capas
dos tablóides, começaram a surgir as primeiras
“cópias” do vozeirão da cantora procurando um
lugar ao sol. A galesa Aimee Anne Duffy, conhecida simplesmente como Duffy, e a inglesa
já são as novas promessas do estilo.
Desbocadas e divertidas
Quando Lily Allen faturou 2007 com seu
elogiado Alright, Still (2006), que misturava
rock, ska e reggae com letras debochadas sobre
os homens, mal sabia ela que estava abrindo um
nicho de mercado para cantoras amorosamente
rancorosas e com vontade de botar a
boca no trombone. Kate Nash e
Kate Perry (dos hits “I Kissed
a Girl” e “Ur So Gay”) são
as novas representantes
do gênero.
Divas tupiniquins:
as donas do samba
O Brasil também está no mapa das beldades que
dominam o mundo da música – no caso, da chamada
Música Popular Brasileira (MPB). Da era do rádio à
bossa nova, passando pelo tropicalismo e pelo rock,
há uma infinidade de vozes femininas que soaram
pelas caixas de som de todo o país nas últimas décadas.
Toda essa herança resultou no que vemos hoje.
Há um verdadeiro domínio de mulheres naquilo que
é chamado de “nova MPB”. Ana Carolina, Céu, Mariana Aydar, Vanessa da Mata, Cibelle, Roberta Sá,
Fernada Takai (do Pato Fu), Maria Rita,
Marina de La Riva, Thalma de Freitas
e Nina Becker (da Orquestra Imperial) são apenas alguns exemplos. No rock, o principal nome é o de Pitty. E as próximas
gerações estão garantidas:
Mallu Magalhães e Stephanie Toth, ambas de 16 anos,
já fazem sucesso na cena
folk do país. Quem ainda
duvida que as mulheres vieram para ficar?
[ 42 ] top8
top8 [ 43 ]
london calling - 1979
the clash
para entender o
Texto: mariana mandelli
Design: Eduardo bessa
elvis presley - 1956
elvis presley
the queen is dead - 1986
Na genética do rock, esse álbum seria o zigoto primogênito do gênero. O controverso rebolado rock
‘n roll do rei é onde praticamente tudo começou.
A estréia de Elvis mescla blues, country e rockabilly em preciosidades como “Blue Suede
Shoes”, “Tutti Frutti” e “Blue Moon”.
Prepare seu topete
e seu cadillac!
the smiths
O terceiro álbum do mito pop prova a mágica que acontecia
quando Morrissey e Johnny Marr dividiam a mesma banda. As
críticas à política inglesa ficam por conta de “Bigmouth Strikes
Again”, dedicada à ex-primeira-ministra Margaret Thatcher, e
de “The Queen Is Dead”, que alfineta a Rainha Elizabeth II. Já
a poesia rasgadamente triste sobra para as incríveis “The Boy
with the Thorn in His Side” e “There
Is a Light That Never
Goes Out”.
revolver - 1966
the beatles
A verdadeira “revolution” dos Beatles começa aqui.
Tido pelos amantes do rock como uma ode ao psicodelismo e um dos maiores ícones de inovação
musical de que se tem notícia, Revolver conta
com influências orientais com a cítara de “Love You To”, riffs saborosos de “Got to Get You
into My Life”, poesia lírica de “Eleanor Rigby”
e com a inigualável “Tomorrow Never Knows”.
Uma histórica aula de contracultura.
let it bleed - 1969
rolling stones
Uma afronta ao Let It Be (1970), dos eternos rivais Beatles, Let it Bleed é o melhor
disco dos Stones – apesar de Sticky Fingers (1971) ser excelente também. Pouca
mais de 46 minutos de puro rock ‘n roll
com riffs irresistíveis. Não tem como não
ter vontade de balançar a cabeça e bater o pé em “Country Honk” e “Monkey
Man” - muito menos de não se emocionar com a clássica “You Can’t Always Get
What You Want”.
Considerado por muitos críticos como o melhor disco
de rock que já gravado, London Calling é a maior metáfora do punk rock e da inventividade de uma banda.
Parodiando a capa de Elvis Presley (1956), o álbum
reúne criatividade, vigor e atitude em uma verdadeira salada de influências musicais que formam o rock
político do Clash. Rockabilly, punk, ska, reggae e hard
rock alternam-se em maiores ou menores doses em
faixas como “Train in Vain”, “Lost in the Supermarket” e “Brand New Cadillac”.
dark side of the
moon - 1973
pink floyd
Um dos maiores discos conceituais da
história da música e o ápice do rock
progressivo, o álbum marca a mistura
de blues rock com efeitos eletrônicos,
casamento musical evidente nas faixas
que falam sobre as pressões da vida moderna – como tempo, dinheiro, morte e
guerra. “Breathe”, “Time” e “Money” são
perfeitas nesse ponto.
definitely
maybe - 1994
oasis
Mais conhecido como o melhor álbum de
estréia de todos os tempos e também como o debut de uma banda que vendeu mais
rápido na história da Inglaterra, o disco foi
um a unanimidade entre a crítica e os fãs
de rock. Os irmãos Gallagher inauguraram
o britpop e uma nova era no rock com
canções praticamente perfeitas como
“Supersonic” e “Live Forever”.
is this it? - 2001
the strokes
Esse é o disco que define a pós-modernidade musical. A voz rouca de Julian Casablancas rasga os versos sobre amor, cotidiano, drogas e os conflitos angustiantes
da geração do virtual e do efêmero. Não
há como entender o indie rock contemporâneo sem se apaixonar por “Someday”, “Hard to Explain” e, logicamente,
“Last Nite”.
[ 44 ] agenda
agenda [ 45 ]
agenda
Novembro está recheado de grandes shows.
Programe sua agenda e não perca!
Quando: 08 de Novembro
Onde: Villa dos Galpões, São Paulo
Main Stage
01:30 – 02:45 - Kaiser Chiefs
23:45 - 01:00 - Bloc Party
22:00 - 23:15 – Offspring
20:30 – 21:30 – Jesus and Mary Chain
19:00 - 20:00 – Mallu Magalhães
17:30 - 18:30 - Vanguart
Quanto: R$ 80 (1º lote)
Vendas: Central Ticketmaster
São Paulo: (11) 2846-6000
Demais localidades: 0300 789 6846 (custo de uma
ligação local) – Segunda a Sábado. Pagamento somente através de cartão de crédito
Site: www.ticketmaster.com.br
Indie Stage
00:00 - 01:30 - Breeders
22:30 - 23:30 - Spoon
21:00 - 22:00 - Foals
19:30 - 20:30 - Animal Collective
18:00 - 19:00 - Curumin
16:30 – 17:30 - Brothers of Brasil
festival
planeta terra
DJ Stage
01:00 – 03:00 – Felix da Housecat
23:30 – 01:00 – Calvin Harris (DJ set)
22:00 – 23:30 – Milo (DJ set)
20:30 – 22:00 – Mau Mau
maroon 5
cyndi lauper
QUANDO: 07 de Novembro
ONDE: HSBC Arena ­‑ Av. Embaixador Abelardo
Bueno, 3401 - Barra da Tijuca - Rio de Janeiro
Quando: 13 e 14 de Novembro
Onde: Via Funchal - Rua Funchal, 65 - Vila Olímpia São Paulo
Quando: 09/11
Onde: Via Funchal - Rua Funchal, 65 - Vila Olímpia - São Paulo
Quanto: de R$ 120,00 a R$ 250,00
Vendas: Bilheterias do Via Funchal
Site: www.viafunchal.com.br
Quanto: De R$ 180 a R$ 300
Vendas: Bilheterias do Via Funchal e do HSBC Arena
Site: www.viafunchal.com.br
www.hsbcarena.com.br
kylie minogue
Quando: 08 de Novembro
Onde: Credicard Hall – Avenida das Nações Unidas, 17955 – Vila Almeida – São Paulo
Quanto: De R$ 80 a R$ 300
Vendas: Central Ticketmaster
São Paulo: (11) 2846-6000
Demais localidades: 0300 789 6846 (custo de uma
ligação local) – Segunda a Sábado. Pagamento somente através de cartão de crédito
Site: www.ticketmaster.com.br
r.e.m.
quando: 6 de Novembro
onde: Estádio São José - Porto Alegre
marcelo camelo
Quando: 14 e 15 de Novembro
Onde: Citibank Hall - Avenida Jamaris, 213 - Moema
- São Paulo
Quanto: De R$ 50,00 a R$ 120,00
Vendas: Central Ticketmaster
São Paulo: (11) 2846-6000
Demais localidades: 0300 789 6846 (custo de uma ligação
local) – Segunda a Sábado. Pagamento somente através
de cartão de crédito
Site: www.ticketmaster.com.br
madeleine
peyroux
Quando: 04/12
Onde: Via Funchal – Rua Funchal, 65 – Vila Olímpia São Paulo
Quanto: De R$ 100,00 a R$ 400,00
Vendas: Bilheterias do Via Funchal
site: www.viafunchal.com.br
quando: 8 de Novembro
ONDE: HSBC Arena ­‑ Av. Embaixador Abelardo Bueno, 3401 - Barra da Tijuca - Rio de Janeiro
Quando: 10 e 11 de Novembro
Onde: Via Funchal - Rua Funchal, 65 - Vila Olímpia - São Paulo
Quanto: De R$ 200 a R$ 500
Vendas: Bilheterias do Via Funchal
Site: www.viafunchal.com.br
Confira NOssa agenda
completa no site da doob:
www.doob.com/agenda
[ 46 ] doob art
x&y - coldplay [2005]
Designer: Tappin Gofton
X&Y, o terceiro e tão criticado disco do Coldplay,
tem uma das capas mais enigmáticas da década. O desenho quadriculado e colorido que ocupa o centro da
imagem é, na verdade, uma mensagem expressa em Código Baudot (ou Código Telegráfico Universal Número
1), uma das primeiras ferramentas telegráficas do mundo. Essa linguagem codificada foi criada em 1874 por
Emile Baudot e era usada para comunicação terrestre
e submarina. Em meados do século passado, entrou em
desuso e foi substituída pelo Código Morse.
O encarte de X&Y vem com uma explicação na
íntegra sobre a linguagem Baudot – uma espécie de
legenda que indica o significado de cada bloco
geométrico e sua letra correspondente no alfabeto, além de símbolos gráficos e elementos da
pontuação. Assim, é possível desvendar o mistério
da mensagem contida na capa – como era de se
esperar, o desenho quer dizer “X&Y”. Um detalhe:
atrás do encarte há outro código a ser decifrado.
Usando a “legenda”, é possível saber que a imagem significa “make trade fair”, lema da campanha
que propõe mudanças no comércio internacional
com países em desenvolvimento. O movimento é
apoiado por Chris Martin.
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