Maria Aparecida Pereira Nunes Malvezzi Avaliação dos marcadores de função hepática na associação entre hanseníase e hepatite C crônica no Instituto Lauro de Souza Lima-Bauru, SP Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Coordenadoria de Controle de Doenças da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, para obtenção do Título de Mestre em Ciências. SÃO PAULO 2005 Maria Aparecida Pereira Nunes Malvezzi Avaliação dos marcadores de função hepática na associação entre hanseníase e hepatite C crônica no Instituto Lauro de Souza Lima-Bauru, SP Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Coordenadoria de Controle de Doenças da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, para obtenção do Título de Mestre em Ciências. Área de Concentração: Pesquisas Laboratoriais em Saúde Pública Orientador: Prof. Dr. Dirceu Dalpino SÃO PAULO 2005 Dedicatória Dedicatória Ao André Luiz, esposo e companheiro por seu apoio, paciência, amizade, carinho e amor, sempre me incentivando e auxiliando na conquista dos meus objetivos. Aos meus pais, Valdice e Geraldo, que me dão sempre exemplo de vida, caráter, amor, fé e perseverança, que fizeram de mim o que sou. Agradecimentos Agradecimento Especial Ao Prof. Dr. Dirceu Dalpino, quem admiro muito por seu profissionalismo e seriedade, pela orientação segura, confiança e liberdade de trabalho que me deu, pelo apoio, amizade, paciência, e contribuição á minha formação científica. Agradecimentos Agradeço a todas as pessoas que direta ou indiretamente contribuíram na realização deste estudo. À Deus, que me concedeu força, saúde, luz e paciência permitindo a conquista de mais essa vitória. Aos pacientes, que concordaram em participar desta pesquisa, pois sem eles este trabalho não seria possível. À toda equipe do laboratório de Análises Clínicas Dirceu Dalpino , por sua amável cooperação permitindo o uso de seus equipamentos para a realização dos exames da nossa pesquisa. Ao Dr. Somei Ura e Dra.Deise Aparecida Godoy (ILSL), pela colaboração na avaliação clínica dos pacientes e por sua atenção dispensada ao nosso trabalho. Ao Prof. Dr. Diltor Vladimir Araújo Opromolla (in memorian), pela transmissão de seus conhecimentos, que despertaram-me para a vida científica e a paixão na procura de novas descobertas e aplicação do conhecimento para o conforto dos que sofrem de alguma doença. Agradecimentos Às funcionárias da secretaria e Equipe Técnica do Laboratório Clínico do Instituto Lauro de Souza Lima, pela ajuda com o agendamento e coleta de exames em minha ausência. Às funcionárias da Biblioteca do Instituto Lauro de Souza Lima, Maria Helena, Gorete, Leninha, Cidinha e Lucimara, que sempre procuraram atender aos meus pedidos. À amiga Érika Mozer, biologista do Instituto Lauro de Souza Lima, pela ajuda durante a realização da técnica de ELISA, permanecendo até tarde ao meu lado no laboratório, e a chefe do laboratório de Imunologia Dra.Maria Esther Nogueira, pelo uso do mesmo. Às amigas Maria Izilda Andrade biologista do Instituto Lauro de Souza Lima e a farmacêutica Maria Cristina Beteto, por todo apoio, incentivo e amizade. À Profa. Dra. Jandira L. B. Talamoni (Dep. de Biologia – UNESP - Bauru), pelo incentivo constante, amizade, revisão e sugestões feitas a esse trabalho. Aos meus irmãos Zirlene, Jussara e Davi, pelo carinho, incentivo e amizade, em todos os momentos. “A única verdadeira viagem de descoberta não é ir a novos lugares, mas ter um outro olhar.” Marcel Proust em “La recherche du temps perdu” (Em busca do tempo perdido) Agradecimentos Este trabalho teve o apoio financeiro da Fundação Paulista Contra a Hanseníase e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela bolsa de mestrado concedida no período de um ano. Resumo Resumo A hanseníase é uma doença infecciosa crônica, causada pelo Mycobacterium leprae, bacilo álcool-ácido resistente, não cultivável in vitro, que apresenta manifestações clínicas variadas através de sinais e sintomas dermato-neurológicos, que podem levar a suspeita diagnóstica da doença. A hanseníase é um problema sério de saúde pública no Brasil. Paralelamente a esses dados a hepatite C é uma doença infecciosa causada por um vírus (HCV) que ataca as células hepáticas podendo desenvolver a cirrose e, em alguns casos, até câncer. Transmitida principalmente por sangue infectado, é chamada de silenciosa porque a maioria dos portadores não apresenta sintomas, o que dificulta e atrasa o diagnóstico. Tem uma alta incidência de cronicidade e, por esse motivo, constitui um dos maiores desafios de saúde pública em todo o mundo. Os números de portadores da doença em todo o mundo são alarmantes, atinge hoje mais de 170 milhões, sendo 3,2 milhões somente no Brasil, logo decidimos fazer uma avaliação dos marcadores de função hepática e a prevalência de marcador de hepatite C anti-HCV em 109 pacientes hansenianos de todas as formas clínicas, atendidos no Instituto Lauro de Souza Lima em Bauru. Os resultados deste estudo mostraram que 12,85%(14/109) da população apresentaram o marcador anti-HCV positivo e, destes 10%(6/60) eram do sexo masculino e 16,3%(8/49) do sexo feminino. Os portadores de sorologia positiva em sua maioria eram multibacilar (92,86% 13/14 virchoviano). Não detectamos diferença estatisticamente significativa (p ≤ 5%) entre os pacientes portadores e não portadores de anti-HCV quanto aos resultados de enzimas hepáticas. Certamente, os resultados obtidos nesta pesquisa são altamente relevantes, mostrando a necessidade de maiores investigações nesse campo e um melhor acompanhamento da função hepática, nos pacientes hansenianos, evitando assim maiores comprometimentos da saúde dos mesmos. Palavras chave: Hanseníase, Dapsona, Rifampicina, enzimas hepáticas, Hepatite C crônica. Abstract Abstract Leprosy is a chronic infection disease caused by an acid-fast bacillus, Mycobacterium leprae, organism that cannot be cultured in vitro. The skin, mucous membrane of upper respiratory tract, and peripheral nerves are the major sites of involvement in all forms of leprosy. The clinical manifestations, and prognosis of leprosy are related to the host response, and various types of leprosy represent the spectra of the host’s immunologic response and a serious endemic health problem in Brazil. Besides that, Hepatitis C is an infection of worldwide occurrence with more than 170 million infected people around the world. Most of these hepatitis C virus (HCV) cases are asymptomatic carriers, but chronic infection becomes established in most of the infected individuals. Consequently, hepatitis C is frequently diagnosed in advanced clinical stages or when asymptomatic carriers present themselves as blood-donor candidate, or have surgery procedures. The HCV virus is transmitted largely by blood transfusion and blood products, percutaneos inoculation, intravenous drug users sharing needles and syringes, and sexual activity with infected partners. The disease infection is a very serious health problem around the world. We decided to investigate the prevalence of HCV infection and evaluate the hepatic function in all the clinical forms of the leprosy disease, in a group of 109 patients assisted or interned at Lauro de Souza Lima Institute in Bauru. The overall prevalence of anti-HCV-positive was 12.85% (14/109), and 10% (6/60) of males and 16.3% (8/49) females. Those anti-HCV-positive 93% (13/14) were lepromatous type. Regarded to the levels of hepatic enzymes, we did not detect statistically significant differences (p ≤ 5%) among patients anti-HCV-positive and anti-HCVnegative. These are very significant results which strongly motivate further investigations on this subject as well as emphasize the importance of keeping a close watch on the hepatic function of leprosy patients, avoiding additional health problems. Key words: Hansen’s disease, Dapsone, Rifampin, enzymes, chronic Hepatitis C. Lista de Figuras Lista de abreviaturas e siglas ALP= fosfatase alcalina; ALT= alanina aminotransferase; AST= aspartato aminotransferase; BD= bilirrubina direta; BI= bilirrubina indireta; BT= bilirrubina total; yGT= gama –glutamil transferase; PQT= poliquimioterapia; anti - HCV= Anticorpos contra o HCV; HCV= vírus da hepatite C; HBV= vírus da hepatite B; anti - HBV= Anticorpos contra o HBV; anti - HBc = Anticorpos contra o antígeno core do HBV; HBsAg = Antígeno de superfície do HBV; anti - HBs = Anticorpos contra o antígeno de superfície do HBV HEV= vírus da hepatite E; HIV= vírus Imunodeficiência Humana; HT= Hanseníase Tuberculoide; HI= Hanseníase Indeterminada; HV= Hanseníase Virchoviana; HD= Hanseníase Dimorfa; ENH= Eritema Nodoso Hansênico; DDS= di-amino-difenil-sulfona; IFNα= Interferon ; PCR= Reação em Cadeia da Polimerase; ELISA= ensaio imuno enzimático; ILSL= Instituto Lauro de Souza Lima; PEG= Polietilenoglicol; TMA= Amplificação mediada pela Transcrição; Branched - DNA= Técnica de amplificação de sinal. MDT= multidrogaterapia; Lista de Figuras Lista de Figuras Figuras 01 e 02 – Hanseníase indeterminada pag. 15 Figuras 03 e 04 – Hanseníase tuberculóide pag. 15 Figuras 05 e 06 – Hanseníase virchoviana pag. 16 Figura 07 – Hanseníase Dimorfa pag. 17 Figuras 08 e 09 – Referentes a modelos do vírus HCV pag. 21 Lista de Tabelas Lista de Tabelas Tabela 1 Valores normais dos kits Tabela 2 Médias e desvio padrão das variáveis, nos pacientes de diferentes sexos Tabela 3 pag. 38 pag. 39 Valores das médias e desvio padrão das variáveis dos pacientes HCV negativos e HCV positivos pag. 40 pag. 41 pag. 41 pag. 42 pag. 45 positivos e HCV negativos pag. 45 Tabela 9 Forma clínica do grupo estudado pag. 46 Tabela 10 Relação de resultados entre pacientes HCV positivos e Tabela 4 Número total de casos HCV positivo, segundo a forma clínica. Tabela 5 Resultados das variáveis dos pacientes com sorologia HCV positiva Tabela 6 Resultados das variáveis dos pacientes com sorologia HCV negativa Tabela 7 Relação de resultados entre pacientes HCV positivos e HCV negativos quanto aos testes de função hepática alterados Tabela 8 Relação de resultados das amostras de testes de função hepática alterados entre pacientes HCV HCV negativos quanto aos testes de função hepática alterados Tabela 11 pag. 46 pag. 47 Relação de resultados das amostras de testes de função hepática alterados entre pacientes HCV positivos e HCV negativos. Sumário 1 – Introdução ....................................................................... 13 1.1 – Hanseníase …………………………………………. 13 1.2 – Hepatite C ……………..…………………………. 20 1.3 – Hepatite C e Hanseníase....................................... 27 2 – Objetivos ……………………………………………........... 33 3 – Material e Métodos ......................................................... 34 3.1 – Casuística .............................................................. 34 3.2 – Material .................................................................. 34 3.3 – Método ................................................................... 35 4 – Resultados ....................................................................... 39 5 – Discussão ......................................................................... 48 6 - Conclusão ......................................................................... 53 7 - Referências Bibliográficas ............................................. 54 Anexos...................................................................................... 59 Anexo A – Distribuição da Hanseníase por Estado em 2003 …………………………………………… 59 Anexo B- Distribuição de casos confirmados de Hanseníase em 2003 ……………………. 60 Anexo C -Termo de Consentimento .................................. 61 Anexo D - Questionário ................................................ 62 Anexo E - Métodos Automatizados .............................. 63 Anexo F - Métodos Manuais ......................................... 70 F-1. Bilirrubina ……………………………………………….. 70 F-2.1 Hepatite C – Teste rápido .………………………….. 72 F-2.2 Hepatite C – ELISA ………………………………….. 76 Anexo G – Comissão de Ética ...................................... 80 Anexo H – Comissão Científica .................................... 81 Introdução 1. Introdução 1.1-Hanseníase A hanseníase, uma das mais antigas doenças conhecidas pela humanidade, continua sendo um problema de saúde pública mundial. Seu agente etiológico, Mycobacterium leprae, foi descoberto em 1873 32 por Gerhard H. A. Hansen (1841-1912), em Bergen na Noruega, tendo sido o primeiro microorganismo associado pelo homem a uma doença19,32 infecciosa. O Brasil ocupa o segundo lugar em números de casos de hanseníase, com 737.609 24 casos registrados até o ano de 2003, entre todos os países do mundo, ficando atrás apenas da Índia.21,32,40(Anexo A e B). O M. leprae ou bacilo de Hansen é um parasita intracelular obrigatório, com afinidade por células cutâneas e por células dos nervos periféricos (células de Schwann)11, cujo tempo de multiplicação é lento, em média de 11 a 16 dias. 21 O M.leprae apresenta-se em forma de bacilo reto ou levemente curvo, com 1 a 4 nanômetros (nm) de comprimento por 0,3 a 0,6 µm de largura, sendo álcool-ácido resistente e corando-se pelo Ziehl-Neelsen; não é cultivável in vitro, tem alta infectividade e baixa patogenicidade.10,21,22,40,41 A principal via de eliminação e a mais provável porta de entrada do bacilo no organismo é a via aérea superior. 21 Acredita-se que esse contágio ocorra pela convivência longa com os portadores das formas clínicas multibacilares (virchoviano e dimorfo). Com período de incubação longo, cerca de dois a cinco anos em média, atinge pessoas de todas as idades, ambos os sexos, e pode também ocorrer em crianças.11,21, 32,40 A hanseníase é uma doença infecto-contagiosa que se manifesta principalmente através de sinais e sintomas dermato-neurológicos, que podem levar a suspeita diagnóstica da doença. A micobactéria afeta também as mucosas. A patologia tem características clínicas dependendo de três 13 Introdução mecanismos: proliferação bacteriana, resposta imunológica do hospedeiro e neurite periférica.10,21, 32 A doença manifesta-se através de lesões de pele que se apresentam com diminuição ou ausência de sensibilidade. 19,21,22 A hanseníase manifesta-se, também (além de lesões na pele), através de lesões neurais periféricas, decorrentes de processo inflamatório (neurites) e podem ser causadas tanto pela ação do bacilo como pela reação do organismo ao mesmo ou por ambas. Elas se manifestam por dor e espessamento neural; perda de sensibilidade nas áreas inervadas, principalmente nos olhos, mãos e pés, perda da força muscular, principalmente nas pálpebras e nos membros superiores e inferiores.21 O período de incubação da hanseníase pode variar, sendo que parte dos pacientes evolui para a forma indeterminada (HI). Essa forma clínica se caracteriza por poucas lesões hipopigmentadas ou erimato-hipocrômicas na pele, máculas com distúrbio de sensibilidade, anidrose ou hipoanidrose, podendo ocorrer queda de pelos no local. As máculas são circulares e variam de tamanho; localizam-se mais freqüentemente na face, tronco e nádegas, e pode haver casos com lesão única ou múltipla (Fig.01e 02). Para confirmação diagnóstica é necessário verificar o comprometimento sensitivo da lesão e realizar uma biópsia com exame histopatológico. A baciloscopia nesses casos é negativa e o teste de Mitsuda19,32 pode ser positivo ou negativo. Quanto à evolução, as manifestações clínicas podem desaparecer espontaneamente e ocorrer a cura destes indivíduos em cerca de 75% dos casos. Os demais progridem para formas polares da doença, de acordo com as características imunológicas do paciente, como a evolução para as formas multibacilares virchoviana (HV) e dimorfa (HD), que pode ocorrer entre cinco anos ou mais, e paucibacilar forma tuberculóide (HT), em cerca de dois a três anos. A evolução da forma indeterminada para as outras pode acontecer de maneira aguda ou crônica.11,21, 28,29,32 14 Introdução Figuras 01 e 02 – Hanseníase indeterminada. Fonte: Instituto Lauro de Souza Lima. A hanseníase tuberculóide (HT) é uma forma paucibacilar caracterizada por poucas lesões de pele, que podem ser planas ou elevadas, formando placas bem individualizadas, com periferia infiltrada e bordo de largura variável. O bordo é constituído por pequenas pápulas que se agrupam e lhes dão um aspecto granitado. As lesões são bem delimitadas, com profunda anestesia, havendo quase sempre anidrose e perda de pêlos, com alterações sensitivas muito pronunciadas (Fig.03 e 04). Na HT há comprometimento neural acompanhada, em geral, de espessamento do nervo. A baciloscopia nesta forma é negativa ou fracamente positiva, com reação de Mitsuda positivo. 21,29,32 Figuras 03 e 04 – Hanseníase tuberculóide. Fonte: Instituto Lauro de Souza Lima. 15 Introdução A hanseníase virchoviana (HV) caracteriza-se por máculas hipocrômicas na pele com um infiltrado difuso, formação de pápulas, tubérculos, nódulos e placas que são denominadas hansenomas. O histopatológico apresenta discreto infiltrado histiocitário na derme, com bacilos sendo detectados em esfregaço de rotina.29 (Fig.05 e 06). Devido à infiltração das áreas ocorre uma perda parcial ou total de pelos nos supercílios, sobrancelhas e cílios, denominada madarose, podendo apresentar alopécia parcial. O bacilo pode disseminar-se no couro cabeludo, pele, mucosas, ossos, vasos sangüíneos, nervos e algumas vísceras (fígado e baço). A mucosa nasal é particularmente comprometida, apresentando infiltração ao nível do septo cartilaginoso e, às vezes, a presença de hansenomas com congestão nasal, perfuração de septo, lesão amigdaliana ou lesão de palato mole e palato duro. Em geral, observam-se bacilos dentro do endotélio dos capilares da derme e comprometimento neural no início, discreto, podendo se agravar com a progressão da doença. 11,29 Figuras 05 e 06 – Hanseníase virchoviana. Fonte: Instituto Lauro de Souza Lima. As lesões de pele e mucosas albergam grande quantidade de bacilos. Na HV a reação de Mitsuda é negativa, pois esse tipo de paciente tem ausência de imunidade específica contra o bacilo. Apresenta quadro histológico com infiltrado histiocitário rico em bacilos e pequena quantidade de linfócitos. Pode ocorrer reação tipo II 16 Introdução denominada Eritema Nodoso Hansênico (ENH), que se caracteriza por aparecimento súbito de nódulos, pápulas e placas eritematosas dolorosas, em todo o tegumento. Tem localizações preferenciais nas orelhas, na superfície de extensão dos membros e regiões lombares. O ENH é um fenômeno sistêmico que não se restringe somente à pele, podendo acometer vários órgãos e todos os órgãos onde houve infiltrado bacilar específico ou mesmo onde não houve, como nos rins. Os surtos de ENH podem ocorrer antes do tratamento, porém é mais freqüente após o quarto ou sexto mês de iniciado o mesmo. Esse surto pode ter duração média de quinze a vinte dias, podendo ser causado pela destruição bacilar e liberação de antígenos que estimulariam a formação de anticorpos do tipo IgG e ativação da cascata de complemento C3.29 A hanseníase dimorfa (HD) apresenta placas anulares com contornos irregulares, limites pouco precisos na parte interna da lesão e tonalidade ferruginosa quando não estão em reação, sendo que aquelas que têm o bordo ferruginoso são planas nas partes centrais, lisas e hipocrômicas. As lesões características desse grupo têm a área central circular e com a periferia infiltrada, formando um bordo espesso que Figura 07 – Hanseníase dimorfa. Fonte: Instituto Lauro de Souza Lima. se (Fig.07). difunde Os gradativamente nervos são comprometidos de maneira extensa e intensa, principalmente quando sofrem reação do tipo I (reação reversa). Essa reação ocorre na forma tuberculóide e dimorfa, sendo mediada por células. Ela é caracterizada pela exacerbação das lesões pré-existentes e aparecimento de novas, com duração de quatro a seis meses com ou sem tratamento da doença. A 17 Introdução baciloscopia nesse grupo D é positiva, com reação de Mitsuda negativa ou fracamente positiva nos casos próximos ao polo Tuberculóide. 29 As drogas de primeira linha no tratamento da hanseníase são: dapsona, clofazimina e rifampicina.30 Antes da introdução da sulfa e derivados, o tratamento da hanseníase era efetuado com a utilização de óleo de Chaulmugra, extraídos de sementes e frutos de diversas árvores e arbustos da família Flacoutiáceas, usados puro ou associados a ésteres etílicos, creosoto e iodo, de ação bacteriolítica. Também foram usadas soluções iodadas, antimoniais e corantes (azul de metileno), sendo que esses tratamentos foram feitos por via oral, endovenosa e intradérmica, utilizados antes de 1940. 1 A Dapsona é uma sulfa, di-amino-difenil-sulfona (DDS), droga administrada por via oral, quase completamente absorvida, que pode ser acetilada rápida ou lentamente, dependendo da genética dos indivíduos, sendo bem distribuída nos tecidos, com vida média de 28 horas e excretada pelos rins. A DDS tem ação bacteriostática competindo com o ácido paraminobenzóico por uma enzima, a di-hidropteroato sintetase, impedindo a formação de ácido fólico pela bactéria. Geralmente é bem tolerada, podendo, entretanto, ocorrer inúmeros efeitos colaterais, tais como: erupções cutâneas, neuropatias, anemia hemolítica, metahemoglobinemia, hepatites tóxicas e síndrome nefrótica. Foi introduzida por volta de 1940, sendo utilizada de forma isolada até 1980 18, porém, atualmente é associada com outras drogas. 30 A Clofazimina é um corante rimino-fenazínico, que tem boa absorção oral, sendo a maior parte de sua eliminação feita pelo suor. Possui meia vida de 70 dias; sua ação é bacteriostática em relação ao bacilo, apresentando também efeito antiinflamatório. O medicamento é bem tolerado, porém apresenta alguns efeitos colaterais, entre eles dores abdominais, náuseas, diarréias e coloração da pele, podendo ocasionalmente surgir vômitos, perda de peso e uma obstrução intestinal parcial ou completa. 30 A Rifampicina é um antibiótico derivado da Rifamicina SV, extraída de Streptomyces mediterranei, sendo rapidamente absorvida, principalmente 18 Introdução quando ingerida em jejum; atinge um pico de 7µg/mL em duas a quatro horas e tem vida média de três horas. Sua eliminação pode ser renal, porém a maior parte é por via intestinal. A rifampicina tem um efeito altamente bactericida contra o M. leprae e atua inibindo a sua RNA polimerase, dependente de DNA. É uma droga bem tolerada e seus efeitos mais graves ocorrem na administração intermitente. Com administração diária, podem ocorrer erupções cutâneas, hepatite e trombocitopenia. Quando administrada uma ou duas vezes por semana é possível o aparecimento de uma síndrome semelhante a gripe, com febre, coriza e dores no corpo, insuficiência respiratória, choque, anemia hemolítica e insuficiência renal por necrose tubular aguda.30 Por volta de 1980, a Organização Mundial de Saúde (OMS) introduziu a poliquimioterapia (PQT), iniciando o tratamento da hanseníase com Dapsona associada a Clofazimina e Rifampicina. O esquema proposto pela OMS, para os pacientes paucibacilares, constitui-se de dapsona 100mg/dia, auto-administrada, associada a rifampicina na dose de 600mg/mês, supervisionada, com duração de seis meses. 30 Os pacientes multibacilares são medicados com dapsona 100mg/dia, associada a clofazimina 50mg/dia auto-administradas e 300mg/mês supervisionada com rifampicina 600mg/mês supervisionada, durante 24 meses. Com esse tipo de associação evita-se a resistência medicamentosa 29 ; essas drogas podem causar hepatotoxicidade em alguns pacientes, anemia hemolítica e síndrome sulfônica. 4,17,18, 25,35 As alterações causadas pelas drogas utilizadas no tratamento da hanseníase podem ser agravadas, segundo alguns autores, se existirem outros fatores como: a associação com vírus de hepatite B (HBV) e vírus E (HVE). 4,17,20,31 19 Introdução 1. 2-Hepatite C A hepatite é uma doença inflamatória do fígado, que compromete suas funções, apresenta-se de forma aguda ou crônica, podendo ser viral, auto -imune, causada por reações ao álcool, drogas ou medicamentos. As hepatites virais são as mais comuns e freqüentes, são designadas por letras; A, B, C, D, E, F e G, sendo que B,C e D podem evoluir para cronicidade7, 13,23,39 . Entre as hepatites por vírus que apresentam diferenças importantes, como o maior índice de cronificação, entre outras alterações, está a hepatite C, tanto que é uma preocupação mundial e seu diagnóstico precoce é um dado importante no controle e prevenção da doença. A infecção pelo vírus HCV é geralmente assintomática, de progressão lenta, produzindo cirrose em 20% dos casos, por períodos variáveis de dois a quarenta anos, desenvolvendo câncer primário de fígado em alguns casos.13,23 O conhecimento sobre a hepatite viral C (HVC) tem se desenvolvido muito num fluxo contínuo de informações mais objetivas a respeito do vírus. Nas últimas duas décadas, todas as hepatites que não puderam ser diagnosticadas por marcadores sorológicos das hepatites A e B, foram chamadas de hepatite por vírus não-A e não-B. Esse tipo de hepatite, em geral, evoluía em mais de 80% dos casos para formas crônicas sem que pudessem estabelecer, exatamente, o agente etiológico envolvido nesta patologia. O único indício mais comum nestes casos era o aparecimento dessas hepatites após a transfusão sangüínea. 13,39 O HVC foi identificado por Choo et al.5, em 1989, quando o mesmo foi clonado de uma cópia do DNA complementar, extraído do plasma de um chimpanzé infectado experimentalmente com sangue de um portador de hepatite não-A e não-B. A partir daí foram desenvolvidos testes sorológicos para detecção de anticorpos específicos anti-HCV, permitindo constatar que o HCV era responsável por mais de 90% das hepatites pós-transfusionais e 50% a 70% dos casos esporádicos de hepatite não-A, não-B.13,38,39 20 Introdução Figuras 08 e 09 - Referentes a modelos do vírus HCV. Fonte: www.irishscientist.ie.2001. Com o descobrimento do HCV por modernas técnicas de biologia molecular, foi possível estudar com mais detalhes a epidemiologia associada a essa doença. O HCV constitui na atualidade um dos mais importantes problemas de saúde pública no mundo, devido a sua alta prevalência entre os doadores de sangue, elevada proporção de evolução crônica e também por uma variedade de complicações e manifestações extra – hepáticas. 39 O genoma do vírus HCV já é totalmente conhecido, embora ele não tenha sido visualizado microscopicamente até o momento13. Neste pouco tempo de conhecimento do HCV foi possível determinar a caracterização completa do mesmo. Foram desenvolvidas várias gerações de testes sorológicos para diagnóstico, detecção do ácido nucléico viral por PCR, conhecimento da epidemiologia da doença, ensaios terapêuticos com relativo sucesso e um controle sobre a transmissão por transfusão sangüínea, conseguida com a introdução de testes sorológicos de segunda, terceira e quarta geração. 13,39 O HCV é um vírus pequeno (30-50 nm de diâmetro), com uma molécula de RNA de cadeia simples no núcleo e um envelope lipídico (Fig.08 e 09). O vírus pertence à família Flaviviridae, sendo que sua estrutura e organização guardam relação com os flavivírus e pestivírus13,38, 39 21 Introdução O genoma do HCV possui uma região com 9.400 nucleotídeos que codificam as informações genéticas para sua replicação viral. Nessa seqüência encontra-se uma única longa fase de leitura aberta “open reading frame”, que compreende quase todo o genoma e codifica uma poliproteína de pouco mais de 3.000 aminoácidos que sofre, posteriormente, clivagem. Os produtos da clivagem das poliproteínas estruturais constituem o “core” e o envelope, enquanto que a clivagem das poliproteínas não estruturais produz as enzimas proteases, helicase e RNAase (RNA-polimerase). 12,38 Esse genoma possui regiões mutáveis (NS2, E1 e E2) e outras relativamente estáveis (C, NS3, NS4 e NS5). Portanto, a alta variabilidade do HCV é decorrente de mutações que ocorrem no genoma, quando a enzima RNA-polimerase promove erros durante a etapa de replicação viral. Os estudos filogenéticos realizados a partir de todo o genoma do HCV, obtidos através de diferentes cepas, permitiram a comparação entre as mesmas indicando a presença de diferentes variantes. 39 Com esses dados se efetuou a classificação do HCV em seis tipos ou genótipos, designados com os números de um a seis e, no mínimo, trinta subtipos designados com letras minúsculas (a-f). A identificação dos diferentes genótipos do HCV é importante para estudar as diversidades genéticas, epidemiológicas da infecção e evolução da doença; compreendendo sua estrutura genética, as implicações no diagnóstico sorológico e molecular, além de outras investigações que permitem correlacionar esses genótipos à resposta terapêutica e formas de transmissão. 3,38,39 O HCV está largamente distribuído pelo mundo. Atinge hoje cerca de 170 milhões de pessoas, sendo 3,2 milhões somente no Brasil. A hepatite C tem um grande número de casos (acima de 80%) que evoluem para a cronicidade. Um outro dado importante é a sua distribuição geográfica quanto aos genótipos do vírus e os subtipos, que são fatores importantes na resposta ao tratamento e que podem ser classificados em 1a, 1b, 2a, 2b, 3a, 3b, 4a, 5a e 6a. Alguns desses genótipos têm distribuição em todo o mundo (1a, 1b, 2a e 22 Introdução 2b), enquanto que outros só são encontrados em regiões específicas (5a e 6a). Os genótipos 1, 2 e 3 predominam no Brasil, China, Estados Unidos, Europa, Japão, Taiwan e Tailândia. Um estudo recente 9 feito na China mostrou uma prevalência do genótipo 1b em mais de 91% dos doadores de sangue testados. Os genótipos 5 e 6 são mais freqüentes na África do Sul e Sudoeste Asiático, respectivamente. O genótipo 4 predomina na África Central e Egito.38 No Brasil o genótipo 1b ocorre com maior freqüência nos doadores de sangue, sendo que um trabalho recente2 mostrou a distribuição dos genótipos do vírus HCV em todas as regiões do país, onde o genótipo 1 é o mais freqüente com 74,1% na região Norte; 66,7% no Nordeste; 66,4% no Sudeste, 57,0% Centro- Oeste e 51,7% no Sul. Todos os genótipos encontrados foram estatisticamente diferentes entre as regiões. No Brasil também são encontrados, os subtipos 1a, 2a, 2b, 3a e 3b. O genótipo 1b é o que apresenta maior virulência e pior resposta ao tratamento que os demais genótipos.38 No Egito há alta freqüência de infecção pelo HCV, cerca de 20% a 30%, com quase todas as infecções correspondendo ao genótipo 4a, sendo este o genótipo principal do Kwait, Grécia, Iêmen, Iraque, Arábia Saudita, Zaire, Burundi e Gabão.13 A hepatite C pode se caracterizar por mal-estar, cefaléia, febre baixa, anorexia, astenia, fadiga, artralgia, náusea, vômitos, dor abdominal, aversão a alguns alimentos e aparecimento de icterícia que pode durar de quatro a seis semanas e surge quando a febre desaparece, sendo procedida por colúria, acolia fecal, ocorrendo em 5 a 10% dos casos aproximadamente num quadro agudo.23 Neste tipo de hepatite podem ser observados índices de aminotransferases (ALT) e bilirrubina menos elevados em comparação às hepatites por vírus A e B. No período agudo geralmente o anticorpo específico não é detectado no soro, sendo necessário realização de PCR para detecção do RNA viral.23,39 23 Introdução Os sintomas acima geralmente ocorrem num período de incubação que varia de duas semanas a seis meses. É nesse intervalo que a infecção pelo vírus C pode se manifestar através de sintomas clínicos ou por alterações dos exames de sangue, como pelo aumento das enzimas hepáticas principalmente ALT. 23,43 Quando os sintomas ocorrem, são geralmente leves, porém podem ser mais severos em pacientes idosos ou imunologicamente debilitados. Sendo assim, a doença pode levar muitos anos para ser diagnosticada e geralmente isso só ocorre por acidente, como quando o paciente vai realizar um “check-up” ou através da doação de sangue. 23 Nessa infecção, a progressão da doença da forma aguda para a forma crônica apresenta-se muito mais freqüente, sendo que nos casos do HCV podem atingir até 85%, índice superior ao da hepatite B, que é de 10%. Sabe-se que a infecção hepática crônica pode provocar lesões muito graves pela agressão direta do vírus C, o que acaba gerando destruição das células hepáticas, ou por reação inflamatória provocada pelo ataque do sistema imunológico de defesa do paciente ao vírus. 23 Os pacientes apresentam como sintomas iniciais um cansaço fácil e adinamia (falta de forças físicas) freqüente. Nesta fase, as enzimas hepáticas podem mostrar-se oscilantes ou mesmo pouco elevadas, com períodos de normalidade. Os sinais e sintomas mais específicos relacionados à disfunção hepática, como a icterícia, ascite, varizes esofagianas e sangramento digestivo alto somente são encontrados ou evidenciados em fases mais avançadas da doença. 12,23,39 O diagnóstico laboratorial de infecção pelo HCV é feito rotineiramente pela pesquisa do anti-HCV, através da técnica sorológica de ensaio imunoenzimático (EIA /ELISA de III e IV gerações), os quais contêm antígenos do core e genes não-estruturais do vírus HCV; sua especificidade é de 99% e sensibilidade de 95% a 99% para a detecção de anticorpos do HCV. Os testes RNA-HCV qualitativos, por transcrição reversa (RT) e reação em cadeia da polimerase (PCR), são geralmente aceitos como os mais sensíveis e padronizados até o momento, sendo feitos para confirmar o 24 Introdução diagnóstico. Os ensaios qualitativos são baseados no princípio de amplificação do alvo, usando a PCR ou a amplificação mediada pela transcrição (TMA), e são mais sensíveis que a maioria dos testes quantitativos. As determinações quantitativas (RNA-HCV carga viral) podem ser feitas pelas amplificações do alvo por PCR ou pela técnica de amplificação do sinal (branched DNA – b DNA). A genotipagem pode ser feita pela análise direta da seqüência genômica, por hibridização reversa sobre sondas de oligonucleotídeos genótipo-específica. O ensaio é baseado nas variações encontradas na região 5’ não codificadora (5’NCR) de diferentes genótipos do HCV.16,43 A genotipagem e a carga viral são muito importantes antes do início do tratamento, para definir a duração do mesmo e monitorizar a resposta terapêutica. A biópsia hepática é o melhor exame para avaliar a extensão e a atividade da doença, e deve ser realizada em todos os pacientes com testes positivos para HCV (anti-HCV) que apresentem bilirrubinas aumentadas, ALT alterada e presença do RNA do vírus no sangue.7,13,23,38,39,43 As principais formas de transmissão do vírus HCV ocorrem por via parenteral, transfusão de sangue e hemoderivados, utilização de seringas e agulhas contaminadas e pelo transplante de órgãos e tecidos.Transmissão por contato sexual é pouco freqüente. Um número significativo de HCV ocorre de forma esporádica, sem que se possa exatamente determinar a forma de transmissão. 3,7,13,23,38,39 Os grupos de maior risco são os usuários de drogas injetáveis, dialíticos (pacientes dependentes de diálise), hemofílicos e pessoas que necessitem de transfusão ou hemoderivados com certa freqüência; também pode ocorrer através da manipulação de material contaminado por profissionais da saúde; transmissão na gestação, no momento do parto ou no aleitamento materno; corte e ferimentos. 3,13,39 Há outras prováveis formas de contágio como: tatuagem, acupuntura, uso de lâmina de barbear e navalhas não descartáveis, aparelho elétrico de 25 Introdução depilação, alicates de unhas em salões de beleza e tratamento dentário em que o material não é devidamente esterilizado. 3,13,39 Na HCV, aproximadamente 20% dos pacientes com doença crônica evoluem para cirrose, uma complicação grave dessa patologia; isso ocorre, em média, de 20 a 25 anos após a infecção inicial. 23 Como complicações na hepatite por vírus C, podem ocorrer evolução para formas persistentes prolongadas e também para formas fulminantes, com hemorragias e septicemias. 12,23 Entre os fatores que podem afetar o curso da doença estão: ingestão de bebidas alcoólicas, hepatite auto-imune, co-infecção com outros vírus HIV, HBV, hepatotoxicidade induzida por drogas. Isso pode agravar o estado geral do paciente e dificultar o tratamento. 3,7,13,27,42 O objetivo do tratamento é prevenir as complicações provocadas pela doença, tais como cirrose e câncer de fígado. A primeira droga a ser usada no tratamento foi o interferon alfa (IFNα), cujos resultados não foram muito animadores. Nos últimos anos, o IFNα passou a ser combinado com outra droga, a ribavirina, constituindo um “coquetel”. Com isto propiciou-se um aumento significativo nas chances de sucesso no tratamento desses pacientes.3,7,15,39 No entanto, inúmeros pacientes tratados não alcançam a eliminação total do vírus; além disso, a terapêutica tem que ser interrompida devido à intolerância às drogas.7,39 Com o objetivo de melhorar as chances de sucesso na terapia, usando uma droga mais eficaz e tolerante pelos portadores da doença, foi desenvolvido o interferon alfa peguilado (conjugação de IFNα com uma molécula de polietilenoglicol= o PEG), cujo uso deve ser feito em combinação com a ribavirina. Atualmente esta é a alternativa de escolha para os especialistas tratarem seus pacientes, ainda não submetidos a qualquer outro tipo de terapêutica.39 O tratamento da HCV com a combinação de interferon alfa-2ª peguilado e ribavirina proporciona uma eliminação definitiva do vírus em mais de 60% dos pacientes. Com esta associação, é permitida a 26 Introdução individualização do tempo de tratamento de acordo com o genótipo do vírus apresentado (exemplo: pacientes com genótipo 1 devem ser tratados por 48 semanas e os pacientes com subtipos 2 e 3 podem ser submetidos a 24 semanas de tratamento com resultados igualmente satisfatórios). 3,7,13,39 A ausência do HCV por seis meses, após o término do tratamento, tem sido considerada critério de cura e, possivelmente, estes pacientes não estarão mais expostos às complicações da hepatite C crônica.39 1. 3- Hepatite C e Hanseníase No Brasil, a associação entre hanseníase e HCV tem sido pouco estudada. Na pesquisa bibliográfica realizada em publicações indexadas e teses, apenas um estudo foi encontrado 37. A relevância deste estudo é, portanto, nossa preocupação quanto à associação entre hanseníase e o vírus HCV, visto que ambas as patologias são contagiosas, de evolução crônica e tempo de incubação lento, consistindo em grave problema de saúde pública. Sabe-se que as drogas (dapsona, clofazimina e rifampicina) usadas no tratamento da hanseníase são hepatotóxicas, podendo ocasionar complicações para o estado geral do paciente. Os portadores dessas doenças podem ter um aumento complicações em nível hepático. 4,17,18 nas chances de apresentarem A literatura relata que a associação de hepatite C com esta classe de drogas pode acelerar a evolução da forma aguda para formas fulminantes. 4,20,31 Rosa et al, em 1992, apresentaram os resultados de uma investigação sorológica realizada em 171 pacientes hansenianos institucionalizados e 83 pacientes com alta, associando a hanseníase e a infecção pelo vírus da hepatite B, em Goiânia (GO) - Brasil. Usaram para isto marcadores, como: anti-HBc total, HBsAg e anti-HBs, usando kits de Radioimunoensaio.36 Os resultados obtidos foram diferentes, estatisticamente, quanto à exposição dos pacientes ao vírus, com todos os marcadores, quando 16,9% 27 Introdução dos pacientes expostos eram ambulatoriais e 50,5% dos pacientes eram institucionalizados. Estes dados demonstram que os pacientes internos tiveram um risco três vezes maior de obter infecção pelo vírus B, quando comparados aos pacientes ambulatoriais. Contudo, relataram a pouca atenção dada à associação entre a hanseníase e infecção pelo vírus HBV. 36 Frommel et al, em 1993, realizaram um estudo da prevalência de anticorpos da hepatite C na Etiópia, em dois grupos, sendo um urbano e outro rural. Foram analisadas 1.580 amostras de soro, com a utilização de testes imunoenzimáticos e mais três testes adicionais de confirmação (imunoblot recombinante=RIBA-2HCV; dot blot imunoenssaio e HCV-EIA ensaio). 14 Os resultados obtidos mostraram que, do total de amostras analisadas e confirmadas, 2% foram positivas. Com menos de 1% de soro positivo na área rural, 1,4% entre os doadores de sangue, 1,6% nos pacientes com alterações dermatológicas, e 3,6% entre pacientes hansenianos. 14 Os autores relatam que nos pacientes hansenianos e com alterações neurológicas (6%) há uma alta incidência de anti-HCV positivo, devido, provavelmente, à permanência por vários anos em instituições, fazendo uso de seringas e agulhas reutilizadas. 14 No Brasil, o primeiro trabalho publicado sobre hanseníase e hepatite C foi de autoria de Rosa et al, em 1996, em Goiânia – GO, onde se verificou a prevalência do anticorpo anti HCV em 216 pacientes hansenianos virchovianos (HV), comparando os resultados com um grupo controle de doadores de sangue, fazendo também uma comparação entre pacientes atendidos no ambulatório e institucionalizados. Os resultados deste estudo revelaram uma positividade do anti HCV de 2,4% em pacientes ambulatoriais e 1,5% em pacientes internados. Os autores relatam que a prevalência total de anti-HCV positivo, depois do teste confirmatório, foi de 1,8% entre a população de pacientes hansenianos ambulatoriais e os institucionalizados, sendo que os 28 autores consideraram os dados Introdução encontrados nesse estudo inferiores em relação aos resultados relatados em outros trabalhos 37(Denis et al,19946 e Frommel et al 199314). Renaudineau et al, em 1996, apresentaram um estudo de prevalência de anticorpos anti-HCV entre pacientes hansenianos recentemente tratados no Senegal, com a participação de 175 pacientes num estudo de cohort, onde utilizaram, para realização dos exames, kits de ELISA de 3ª geração, testes confirmatórios por immunoblot e genotipagem dos soros positivo para HCV, para eliminar os resultados falsos positivos. 34 Os autores obtiveram uma baixa prevalência 0,6% de soro positivo para anticorpos circulantes de HCV, sendo que o genótipo 2 foi encontrado em 80% de todos os exames confirmados positivamente para HCV e uma prevalência similar foi encontrada entre outros marcadores virais (HIV e HBV). 34 Relatam também que os resultados encontrados são relativamente inferiores, se comparados com os apresentados por outros trabalhos; isso provavelmente porque, com o uso de ELISA 3a geração, ocorra a eliminação dos resultados falsos positivos, e também porque os pacientes envolvidos neste estudo talvez não vivam em condições favoráveis de transmissão do vírus HCV, como as observadas no ambiente hospitalar, associado à promiscuidade ou a condições sanitárias pobres. 34 Egawa et al, em 1996, publicaram um estudo feito no Japão com 229 pacientes hansenianos, onde os pesquisadores realizaram testes ELISA e genotipagem no soro, mostrando uma alta prevalência do marcador antiHCV em 30% e HCV-RNA em 18% destes pacientes, em comparação com o grupo controle (1,2% e 1,0%, respectivamente). 8 A genotipagem do grupo de hansenianos foi, em sua maioria, de1b (90%), sendo que este genótipo é o que tem pior resposta terapêutica para o IFNα. Os autores observaram que a incidência de HCV positivo é mais freqüente nos pacientes idosos e que o fato de estarem confinados em um hospital e de serem portadores de lesões expostas na pele, facilita o risco de contágio, justificando a alta prevalência desse marcador viral encontrado.8 Nijhawan et al, em 1997, pesquisaram a soro prevalência de HCV em três grupos distintos institucionalizados. O primeiro grupo era composto de 29 Introdução 53 deficientes mentais, o segundo grupo de 14 prisioneiros e o terceiro grupo, de 23 pacientes hansenianos virchovianos. 26 Os resultados positivos foram encontrados em apenas um paciente com retardo mental e um dos prisioneiros, ambos com as enzimas normais, enquanto que os pacientes hansenianos apresentaram 30% (7/23) de positividade e enzimas elevadas. Os autores concluíram que a porcentagem de anticorpos anti-HCV nos pacientes com retardo mental era comparável às encontradas em outros estudos, e que a prevalência de anticorpos anti-HCV entre os prisioneiros era baixa, comparada à encontrada em outras pesquisas. Já com relação aos pacientes hansenianos, os autores relataram o alto risco de contrair infecção pelo vírus da hepatite C, desde que eles vivam mais próximos em associações, e que sejam predispostos à transmissão devido a úlceras de mucosa e ferimentos de pele. A porcentagem entre esses pacientes de anti-HCV foi de 30%, quando outros estudos mostraram concentrações mais baixas. 26 A prevalência de anticorpos do HCV entre pacientes hansenianos foi estudada por Denis et al. (1994) em vários países da África e Iêmen, com participação de 1309 pacientes e 1469 pessoas saudáveis no grupo controle, selecionados de seis países do continente Africano: Benin, Congo, Etiópia, Costa do Marfim, Senegal, e Togo.6 Os autores avaliaram vários grupos de pacientes, em amostras de diferentes áreas geográficas, para reduzir o centro efetivo e assegurar uma amostragem baseada na população do local. No grupo controle, os autores usaram doadores de sangue e mulheres grávidas. Foram feitos testes laboratoriais imunoenzimáticos (ELISA), em todas as amostras de soro para HCV. Os resultados positivos por ELISA foram submetidos a outros testes confirmatórios. Nos resultados obtidos por ELISA, 18,6% das amostras de pacientes hansenianos foram positivos para anti-HCV e para 7,3% do grupo controle. Após os testes confirmatórios, os índices foram reduzidos para 7,1% nos pacientes e 2,6% no grupo controle. 6 A síndrome da dapsona foi relatada por Pavithran et al. 1999, em quatro pacientes tratados com essa droga, sendo um com amiloidose e três 30 Introdução com hanseníase. Os autores observaram que esses pacientes desenvolveram rapidamente os sintomas da síndrome, ou seja, icterícia, hepatomegalia e prurido generalizado com linfoadenopatia. 31 Com esse quadro, os pacientes foram submetidos a exames de laboratório, para avaliação das funções hepática, renal e hematológica. Os resultados mostraram que três, dos quatro pacientes, eram portadores do vírus da hepatite B (HBsAg positivo); logo, concluíram que a co-infecção com o vírus B e dapsona poderia ter agravado o estado. Contudo, o esforço dos médicos para melhorar o estado clínico dos pacientes, não impediu que um deles fosse a óbito, devido a um coma hepático. Os autores relatam a importância de se fazer um teste para hepatite vírus B (HBV), antes de se iniciar qualquer tratamento com dapsona, em vista de considerarem o vírus como um fator de risco para desenvolvimento da síndrome. 31 Em um outro trabalho, Milanga et al. (1999) apresentam como objetivo um breve relato sobre o impacto de algumas infecções provocadas por vírus (HBV, HIV e HTLV), numa amostra de 57 hansenianos, no Congo. Os pesquisadores fazem uma relação dos testes empregados nos pacientes e seus comunicantes, e no grupo controle. O resultado para o HIV-1 não mostrou diferença significativa entre os pacientes (3,5%), os contatos (0%) e a população de Kinshosa(3,8%). Os resultados encontrados neste estudo sugerem que se faça um trabalho com uma amostragem maior para se obter uma conclusão definitiva. 20 31 Introdução Em face dos hansenianos utilizarem medicamentos injetáveis durante o longo período de evolução desta doença, de terem permanecido por muitos anos em tratamento hospitalar, em época em que as agulhas e seringas não eram descartáveis e, em sua maioria, desde um período anterior ao início da rotina sorológica para hepatite C, cujo transcurso é extremamente silencioso, julgamos ser importante avaliarmos o perfil sorológico dos mesmos para este tipo de hepatite, numa amostra de pacientes hansenianos atendidos ambulatorialmente ou internados no “Instituto Lauro de Souza Lima de Bauru”. 32 Objetivos 2 . Objetivos Avaliar os marcadores de função hepática em pacientes hansenianos submetidos ao tratamento poliquimioterápico. Verificar a prevalência do marcador sorológico para hepatite C, nas diferentes formas clínicas da doença, em pacientes atendidos no ambulatório ou internados no Instituto Lauro de Souza Lima, em Bauru. 33 Material e Métodos 3. Material e Métodos 3.1 Casuística No presente trabalho foram avaliados 109 pacientes hansenianos de todas as formas clínicas sendo 63 HV, 29 HD, 11 HT e 06 HI atendidos no ambulatório ou internados no Instituto Lauro de Souza Lima, que estavam sendo submetidos ao tratamento poliquimioterápico (PQT). Foram excluídos pacientes portadores de imunodeficiência adquirida, mulheres grávidas e alcoólatras. O protocolo de estudo foi aprovado pelas Comissões de Ética (Anexo G) e Científica (Anexo H) do Instituto Lauro de Souza Lima. Os pacientes foram informados com detalhes sobre o estudo e incluídos após firmarem a declaração de consentimento (Anexo C). 3.2 Material Para este trabalho foram utilizados os seguintes materiais: Um questionário que foi aplicado aos pacientes (Anexo D); Espectrofotômetro Shimadsu UV 1203 ; Analisador automático de bioquímica COBAS MIRA S; Kits de AST, ALT, γGT, Fosfatase alcalina, Bilirrubina, da marca WINNER, kits de marcadores virais anti-HCV WINNER e teste Imuno-Rápido da WAMA Diagnóstica; Pipetas automáticas de volumes variados (0,20-200µl, 200-1000µl); Seringas de 20 ml com agulha 25x8; Tubos de vidro com capacidade para 20 ml para centrifugação e separação de soro; Micro-Leitora de ELISA E-800 da Bio-Tek Instruments; 20 ml de sangue (soro após retração do coágulo e centrifugação). 34 Material e Métodos 3.3 Método Foi colhida de cada paciente uma amostra de sangue periférico (20ml em tubo de vidro sem anticoagulante), no período da manhã, com o paciente em jejum, após o preenchimento de um protocolo contendo o nome, idade, sexo, medicação prescrita em uso, dose administrada e outros medicamentos usados. As amostras de soro foram separadas dos elementos figurados após retração do coágulo em um período de tempo de 2 horas após a coleta do sangue. As obtenções do soro foram realizadas através da centrifugação das amostras a 2500 rpm, durante 5 minutos e após separadas foram conservadas em geladeira até o momento da análise. Todas as amostras bioquímicas enzimáticas foram analisadas no mesmo dia. As amostras para verificação de anti-HCV foram congeladas e armazenadas a -20o C, por um período inferior a 15 dias para posteriores análises. As dosagens da fosfatase alcalina, gama glutamil transferase (γGT), alanina aminotransferase (ALT) e aspartato aminotransferase (AST) foram efetuadas com a utilização de kits enzimáticos e cinéticos, em analisador automatizado, e kits com a metodologia ELISA de marcador viral de hepatite anti-HCV, usando-se micro leitora de ELISA e teste Imuno-rápido qualitativo manual. A bilirrubina foi dosada por método colorimétrico manual(Anexo F-1) As dosagens automatizadas seguiram os seguintes procedimentos: em uma cubeta colocou-se 100µL de amostra de soro e adicionou-se volumes variáveis de solução do padrão reagente, em função do teste que estava sendo realizado. As amostras seguiram para o analisador automático(Anexo E). 35 Material e Métodos O Imuno-Rápido HCV utiliza como reagente de captura, imobilizado na placa teste, uma mistura de proteínas sintéticas e recombinantes do HCV. As dosagens manuais foram executadas de acordo com os procedimentos contidos nos kits. O teste imuno-Rápido foi realizado utilizando-se 30 µL do soro e 20 gotas do conjugado na placa teste e procedeu-se a leitura macroscópica após 2 minutos. Os anticorpos anti-HCV presentes na amostra ligam-se ao conjugado antigamaglobulina humana-ouro coloidal formando um complexo antígenoanticorpo. Esta mistura é colocada na área da placa-teste, onde os antígenos do HCV encontram-se imobilizados, permitindo a ligação entre o complexo anterior e os antígenos. Esta ligação determina o surgimento de um ponto colorido na área de teste. Um reagente controle imobilizado na membrana da placa-teste determinará o surgimento de três pontos coloridos em linha, demonstrando que os reagentes estão funcionando corretamente. O resultado negativo são três pontos coloridos em linha na placa-teste. Resultado positivo aparecerá um ponto colorido acima dos três pontos em linha dos controles na placa-teste (Anexo F-2-1). O teste Imuno Rápido HCV tem sensibilidade de 96% e especificidade de 98,3%. Teste de ELISA anti-HCV, ensaio imunoenzimático para a determinação de anticorpos contra o vírus da hepatite C, as amostras (10µl) de soro e de controles negativos e positivos são diluídas em 200µL de diluente, colocados no suporte (placa-teste) onde se encontra imobilizada 36 Material e Métodos uma mistura de antígenos sintéticos e recombinantes contendo seqüências de zonas antigênicas das proteínas estruturais (core) e não estruturais (NS3, NS4 e NS5) do HCV. Se as amostras de soro cotem os anticorpos específicos, estes formarão um complexo com os antígenos e permanecerão unidos ao suporte. A fração que não ficou unida é descartada pela lavagem, logo após são acrescentados 50µL de anticorpos anti-imunoglobulina humana conjugado com peroxidase. Se houve formação de complexo antígeno-anticorpo, este se ligará ao conjugado e acrescenta -se 50µL de um substrato enzimático e o cromógeno (reveladores A e B). No caso de ligação do complexo antígeno-anticorpo com o conjugado aparecerá uma coloração azul clara, essa reação é bloqueada com 50µL de ácido sulfúrico (stopper), mudando a cor de azul para amarelo a seguir fazer leitura em espectrofotômetro a 450/620 nm. O teste ELISA –anti-HCV tem sensibilidade de 99,9% e especificidade 99,5% (Anexo F-2-2). A presença ou ausência de anticorpos anti -HCV é determinada pela relação da absorbância da amostra com o valor do Cut - off. As amostras não reativas são consideradas aquelas com absorbâncias menores que o limite inferior da zona de indeterminação. Amostras reativas são consideradas aquelas com absorbâncias maiores que o limite superior da zona de indeterminação. Zona de indeterminação: Cut-off± 10%. Para a análise estatística foi utilizado o teste “t” de Student, com intervalo de confiança de 5%. Para comparar proporções foi utilizado o teste do qui quadrado, com intervalo de confiança de 5 %. A tabela 1, apresentada abaixo, mostra os valores considerados normais para as variáveis testadas. 37 Material e Métodos Tabela 1 – Valores normais dos kits. Variável homem mulher AST até 38 u/L até 32 u/L ALT até 41 u/L até 31 u/L yGT de 11 a 50 u/L de 7 a 32 u/L Fosf.Alcalina de 65 a 300 u/L de 65 a 300 u/L Bilir. Total 1,0 mg / dL 1,0 mg / dL Bilir. Direta 0,2 mg / dL 0,2 mg / dL Bilir. Indireta 0,8 mg / dL 0,8 mg / dL 38 Resultados 4. Resultados A idade média dos pacientes participantes deste trabalho foi de 56,28 anos para o sexo masculino e 55,1 anos para o sexo feminino. Os pacientes do sexo masculino, em número de 60, apresentaram níveis médios de AST de 21,0 U/L; ALT 13,39U/L; fosfatase alcalina (ALP) 100,98 U/L e a yGT 27,99 U/L. As bilirrubinas direta, indireta e total apresentaram médias de 0,36; 0,86 e 1,21 mg/dL, respectivamente. A sorologia para hepatite C foi positiva em 6/60 pacientes (10%) nos dois testes. No sexo feminino verificamos níveis médios da AST no valor de 19,1 U/L; ALT 13,4 U/L; fosfatase alcalina 97,42 U/L e a yGT 35,43 U/L. As bilirrubinas direta, indireta e total apresentaram-se com níveis médios de 0,26; 0,72 e 0,99 mg/dL, respectivamente. Os testes sorológicos para hepatite C foram positivos em 8/49 pacientes (16,32 %) em ambos os testes. Os valores destas variáveis estão discriminados na Tabela 2. Tabela 2- Médias e desvio padrão das variáveis, nos pacientes de diferentes sexos. Variável Sexo masculino (n=60) Sexo feminino (n=49) Média d.p Média d.p. t P Idade 56,28 16,41 55,10 17,60 0,4378 n.s. AST 21,03 24,08 19,11 17,14 0,6435 n.s. ALT 13,39 14,87 13,46 15,23 0,9339 n.s. yGT 27,99 19,72 35,43 69,86 0,5124 n.s. ALP 100,98 52,15 97,42 43,40 0,7834 n.s. BT 1,24 0,67 0,96 0,34 0,0309 n.s. BD 0,36 0,19 0,26 0,16 0,0034 n.s. BI 0,86 0,53 0,72 0,30 0,1555 n.s. d.p = desvio padrão; n.s= não significativo; p = probabilidade; t= teste de Student com intervalo de confiança de 5%. 39 Resultados Em face de não termos encontrado diferença estatística significativa nas variáveis dos pacientes com relação ao sexo, agrupamos os mesmos e analisamos as variáveis com relação ao teste sorológico para hepatite C. Os pacientes com sorologia positiva 12,85% apresentaram idade média de 51,61 anos, AST 35,20 U/L; ALT 16,60 U/L; yGT 29,53 U/L; fosfatase alcalina 130,32 U/L; bilirrubinas totais 1,49 mg/dL, bilirrubina direta 0,51 mg/dL, bilirrubina indireta 0,63 mg/dL. Os pacientes com sorologia negativa 87,15% para hepatite C apresentaram idade média de 65,92 anos, AST 23,30 U/L; ALT 15,56 U/L; yGT 32,26 U/L; fosfatase alcalina 104,34 U/L; bilirrubinas totais 1,09 mg/dL, bilirrubina direta 0,29 mg/dL, bilirrubina indireta 0,84 mg/dL. Os resultados estão apresentados na tabela 3. Tabela 3 - Valores das médias e desvio padrão das variáveis dos pacientes HCV negativos e HCV positivos. Variável HCV positivo (n=14) HCV negativo (n=95) Média d.p Média d.p. t P Idade 51,61 19,10 65,92 10,00 0,00337 n.s. AST 35,20 42,15 23,30 12,12 0,4606 n.s. ALT 16,60 22,64 15,56 13,21 0,6124 n.s. yGT 29,53 28,20 32,26 20,66 0,0007 n.s. ALP 130,32 71,36 104,34 35,47 0,3874 n.s. BT 1,49 0,94 1,09 0,61 0,7629 n.s. BD 0,51 0,26 0,29 0,14 0,2862 n.s. BI 0,63 0,23 0,84 0,72 0,9536 n.s. d.p = desvio padrão; n.s= não significativo; p = probabilidade; t= teste de Student com intervalo de confiança de 5%. Os portadores de sorologia positiva para HCV, em sua maioria, são hansenianos virchovianos 13/14 (92,86%) e apenas um indeterminado 1/14 (7,14%). Os resultados estão apresentados na tabela 4. Das amostras positivas para anti-HCV (14), duas(2 /14, 14,3%) delas tomaram transfusão sanguínea e são da forma clínica virchoviana. Os resultados das variáveis dos pacientes com sorologia positiva e negativa estão nas tabelas 5 e 6. 40 Resultados Tabela 4 -Número total de casos HCV positivo, segundo a forma clínica. Variável HCV positivo virchoviana Indeterminada 13/14(92,86%) 1/14(7,14%) Total 14 Tabela 5 – Resultados das variáveis dos pacientes com sorologia HCV positiva. Nome Idade Registro F. Clin. AST ALT 1-A. R. 2-C.B.R. 60 72 4669 4553 HV HV 25,1 10,3 6,8 13 3-E. L. 4-F. R. 62 61 7432 HV HV 40 5,3 5-H. C. 6-L. F. 61 68 8291 4107 HV HI 7-L.P.S. 8-M. A. O.P. 60 50 15522 10166 9-M. R. L. 10-M.A.C.G. 57 70 11-M.F.D. 12-S. O.C. 13-W. G. 14-W. E. ALP yGT BD BI BT HCV ELISA HCV (C) 74,3 76 15,2 23 0,38 0,63 1,17 0,95 1,55 1,58 1,291 >3,0 + + 14,3 7 101,4 79 16,4 43 0,28 0,14 0,84 0,26 1,12 0,4 2,713 >3,0 + + 31,6 13,8 53,1 6,9 89,7 151,6 30,1 56,1 0,29 0,28 2,25 0,29 2,54 0,57 1,757 2,372 + + HV HV 13,4 18,7 7,6 12,7 161,4 103,4 53,2 20,7 0,15 0,05 0,47 1,44 0,62 1,49 >3,0 >3,0 + + 63416 4072 HV HV 22,8 32,2 20,5 4,9 101,9 84,1 81,5 11,6 0,17 0,48 0,06 0,94 0,23 1,42 2,89 2,687 + + 64 80 7922 7532 HV HV 8,1 46,8 1,4 29,1 90,8 69,9 11,9 22,9 0,34 0,5 0,68 0,95 1,02 1,45 2,025 2,845 + + 77 67 3813 6370 HV HV 15,5 27,4 8,3 18,1 87,8 176,2 15,2 30,5 0,3 0,26 0,55 0,58 0,85 0,84 >3,0 >3,0 + + ELISA anti-HCV ( Wiener) cut-off =0,197 ; C = Teste rápido anti-HCV imunocromat.( Wama)= + ou - ; HV= Hanseníase Virchoviana; HI= Hanseníase Indeterminada. 41 Resultados Tabela 6 – Resultados das variáveis dos pacientes com sorologia HCV negativa. Nome Idade Registro F. Clin. yGT BD BI BT 1-A.F.S. 49 11702 HV 9,1 10,2 2-A.F.S. 3-A.P.V. 60 51 8765 28249 HV HT 18,5 12,0 20,1 15,0 117,3 17,2 0,22 0,56 0,78 0,106 - 74,8 92,0 33,7 62,0 0,40 0,18 0,60 0,39 1,00 0,57 0,061 0,108 - 4-A.E.A. 5-A.E. 78 72 9399 9185 HV HV 15,5 12,2 3,9 2,2 117,7 152,1 9,8 17,2 0,44 0,30 0,47 0,30 0,91 0,60 0,171 0,006 - 6-A.G.A. 7-A.G. 52 54 14414 62247 HV HV 45,2 13,9 4,2 9,5 82,9 146,4 97,0 8,6 0,86 0,80 0,75 0,98 1,61 1,78 0,009 0,051 - 8-A.M. 9-A.J.S. 63 26 51110 21881 HV HV 11,2 17,6 18,0 6,8 96,0 102,6 78,0 31,9 0,47 0,23 0,73 0,50 1,20 0,73 0,066 0,065 - 10-A.B. 11-B.B.F. 54 78 HV HV 27,5 13,9 16,8 2,4 101,6 43,9 39,7 9,6 0,25 0,53 0,57 0,93 0,82 1,45 0,083 0,039 - 12-C.R. 13-C.A.G.Z. 52 70 53368 18330 HV HD 43,9 19,7 11,8 9,0 111,0 146,0 8,4 28,0 014 0,11 0,69 0,54 0,83 0,65 0,088 0,043 - 14-C.P. 15-C.S.S. 47 22 64087 HV HD 49,0 15,2 11,4 18,0 119,8 70,0 27,1 56,0 0,40 0,20 1,41 0,53 1,81 0,73 0,059 0,053 - 16-D.Z. 17-D.A.C 49 68 65426 6470 HV HD 11,7 25,2 12,0 28,0 82,0 95,0 14,0 29,0 0,06 0,34 0,49 1,08 0,55 1,42 0,045 0,044 - 18-E.G.S 19-E.B 25 62 56361 8240 HI HV 35,3 12,9 20,3 2,9 82,4 56,0 14,0 9,7 0,24 0,34 0,53 0,82 0,77 1,16 0,016 0,054 - 20-E.A 21-E.F.D. 60 57 7971 58114 HV HD 17,4 13,3 2,9 5,7 93,4 104,4 18,7 34,6 0,17 0,07 0,50 0,67 0,67 0,74 0,123 0,121 - 22-F.H.S. 23-G.S.T 16 42 60211 HT HT 14,0 18,9 16,0 45,0 187,0 73,0 16,0 25,0 0,70 0,07 2,62 0,48 3,32 0,55 0,050 0,078 - 24-G.P.S 25-H.A 31 43 62739 12606 HV HV 167,0 8,8 89,2 5,0 336,1 48,3 41,3 27,5 0,80 0,18 2,70 0,65 3,50 0,83 0,059 0,044 - 26-I.D.L 27-I.U. 72 79 13638 HV HV 11,1 13,9 6,0 9,5 111,0 146,4 13,0 8,6 0,14 0,41 0,55 0,59 0,69 1,00 0,055 0,001 - 28-I.M.S. 29-I.C. 80 63 9106 11848 HV HV 11,8 20,8 1,5 2,2 65,5 90,3 15,6 13,9 0,22 0,26 0,89 0,49 1,11 0,75 0,089 0,038 - 30-J.P. 31-J.J.L 62 46 64587 60647 HD HD 32,2 8,7 19,4 6,7 93,3 70,0 12,2 15,8 0,41 0,37 0,69 0,61 1,10 0,98 0,007 0,083 - 32-J.A.D. 68 88804 HV 18,2 11,0 100,0 28,0 0,09 0,55 0,64 0,035 - ELISA anti-HCV ( Wiener) cut-off = 0,197 AST ALT ALP HCV ELISA ; C = Teste rápido anti-HCV imunocromatográfico( Wama)= + ou - ; HI= Hanseníase Indeterminada; HD= Hanseníase Dimorfa; HT= Hanseníase Tuberculóide; HV= Hanseníase Virchoviana. 42 HCV (C) Resultados Tabela 6 – Resultados das variáveis dos pacientes com sorologia HCV negativa (continuação). Nome Idade Registro F. Clin. AST ALT BD BI BT HCV ELISA HCV (C) 33-J.E.O. 34-J.V.S. 7 42 63405 HT HD 32,4 20,0 17,8 10,0 184,2 82,0 11,9 19,0 0,21 0,35 1,62 0,69 1,83 1,04 0,032 0,060 - 35-J.S 36-J.S.S. 51 76 HD HD 25,0 13,4 12,9 29,0 106,9 62,0 31,4 33,0 0,32 0,14 1,14 0,80 1,46 0,94 0,068 0,068 - 37-J.B.B. 38-J.G.S. 49 41 63346 HI HI 10,0 33,4 15,0 26,6 66,0 103,5 23,0 31,8 0,56 0,08 0,90 0,51 1,46 0,59 0,005 0,038 - 39-J.Z. 40-J.R. 48 56 61031 62772 HD HV 10,2 10,0 3,3 2,8 87,8 71,4 28,3 31,7 0,29 0,06 1,46 0,87 1,75 0,93 0,050 0,070 - 41-J.O.C. 42-J.A.O. 72 42 7533 63812 HV HD 4,8 30,1 6,2 33,2 51,4 120,8 13,3 46,4 0,36 0,22 0,79 0,64 1,15 0,86 0,021 0,048 - 43-J.J.S. 44-J.A.P. 44 54 12684 54960 HV HV 18,2 11,6 14,3 9,3 81,5 97,9 21,6 10,6 0,28 0,10 0,61 0,46 0,89 0,56 0,020 0,057 - 45-J.D.D. 46-J.M.R. 47 37 63348 13627 HV HV 7,1 3,4 12,0 4,9 56,0 56,7 23,0 22,3 0,46 0,40 0,80 1,30 1,26 1,70 0,048 0,011 - 47-J.P.F. 48-J.Z. 63 66 64831 13138 HD HV 16,9 22,2 20,0 5,3 99,0 53,0 31,0 31,2 0,20 0,46 0,64 0,79 0,84 1,25 0,056 0,122 - 49-K.A.O. 50-L.D.M. 26 82 63591 58159 HT HV 13,6 12,7 7,5 6,2 49,1 97,5 10,9 15,5 0,16 0,38 0,44 0,07 0,60 0,45 0,055 0,048 - 51-L.B. 52-L.L.S. 74 31 11190 411182 HV HV 26,2 11,8 5,5 4,3 99,5 52,8 14,4 16,5 0,33 0,21 1,16 0,59 1,49 0,80 0,006 0,061 - 53-L.F.M. 54-L.V. 25 70 63202 10502 HT HV 40,9 37,8 60,6 14,8 75,9 120,0 19,1 71,9 0,28 0,65 1,03 2,08 1,31 2,75 0,175 0,100 - 55-L.J. 56-L.P.M. 68 74 58940 18847 HI HD 14,4 10,0 3,7 2,0 46,6 62,0 17,3 17,0 0,38 0,13 1,62 0,95 2,00 1,08 0,117 0,090 - 57-L.L.V. 58-M.A. 58 59 63204 8666 HD HV 10,1 12,3 4,3 4,8 117,2 59,6 14,6 27,8 0,25 0,23 0,71 0,50 0,96 0,73 0,014 0,035 - 59-M.T.C. 60-M.A.T. 65 48 11027 64118 HV HD 19,8 17,4 5,5 15,0 100,4 64,0 14,8 21,0 0,10 0,34 0,78 0,80 0,88 1,14 0,004 0,063 - 61-M.S.O. 62-M.T.B.M. 57 56 11325 HV HD 12,7 6,4 16,0 5,7 314,8 66,9 135,0 9,7 0,54 0,11 0,66 0,54 1,20 0,65 0,057 0,034 - 63-M.R. 64-M.J.R. 65 64 9381 7919 HV HV 11,7 9,5 7,7 2,6 147,8 66,2 29,0 16,8 0,20 0,92 0,57 1,27 0,77 2,19 0,008 0,033 - 65292 ELISA anti-HCV ( Wiener) cut-off = 0,197 ALP yGT ; C = Teste rápido anti-HCV imunocromatográfico( Wama)= + ou - 43 Resultados Tabela 6 – Resultados das variáveis dos pacientes com sorologia HCV negativa (continuação). Nome Idade Registro F. Clin. AST ALT 24,7 122,0 27,0 85,0 ALP yGT BD BI BT HCV ELISA HCV (C) 245,0 158,0 17,0 491,0 0,59 0,48 0,58 0,70 1,17 1,18 0,056 0,043 - 65-M.M.S. 66-N.B. 8 52 25059 HT HD 67-N.R.B. 68-N.S. 47 60 12691 11965 HV HT 10,3 18,9 4,7 4,0 52,5 67,8 16,4 12,5 0,28 0,52 0,70 0,40 0,98 0,92 0,016 0,391 - 69-O.A.P. 70-O.V.G. 63 79 12680 HD HD 2,1 23,5 4,0 3,4 104,0 135,0 41,0 23,0 0,22 0,80 0,74 1,11 0,96 1,91 0,074 0,053 - 71-O.S. 72-O.M.M. 80 60 64520 13570 HD HD 34,9 13,3 31,0 12,0 104,0 145,0 31,0 30,0 0,44 0,18 1,12 0,90 1,56 1,08 0,057 0,044 - 73-O.L. 74-P.S.S. 70 69 10441 31373 HV HT 7,6 12,0 5,9 27,0 98,8 90,0 14,6 29,0 0,24 0,18 0,84 0,69 1,08 0,87 0,156 0,022 - 75-P.M.T. 76-R.E.M.A. 85 47 32823 12871 HV HD 18,6 12,8 11,3 2,7 98,8 84,7 8,6 10,3 0,40 0,24 0,64 0,49 1,04 0,73 0,059 0,009 - 77-R.L.B. 78-R.M.C. 74 64 61292 30968 HT HD 11,0 15,1 13,0 8,0 66,0 108,0 38,0 44,0 0,27 0,26 0,51 0,76 0,78 1,02 0,047 0,100 - 79-R.B.C. 80-S.A. 25 77 9662 HD HV 15,2 5,4 10,0 3,3 58,0 46,2 10,0 12,6 0,28 0,26 1,02 0,51 1,30 0,77 0,068 0,005 - 81-S.B.S. 82-S.N.S 63 66 64809 12407 HD HV 8,9 10,1 21,0 7,1 92,0 92,7 73,0 75,7 0,41 0,43 0,62 0,66 1,03 1,09 0,079 0,027 - 83-S.J.C.M. 84-S.A.D. 49 89 54763 5403 HD HV 8,2 6,8 4,6 2,3 53,5 126,3 12,7 8,7 0,20 0,24 0,46 0,41 0,66 0,65 0,004 0,064 - 85-S.A.S. 86-S.A.B. 40 39 65605 HT HI 8,5 17,0 11,0 8,0 87,0 74,0 23,0 17,0 0,24 0,36 0,86 1,18 1,10 1,54 0,103 0,048 - 87-T.F.G. 88-T.B.S. 51 56 7314 61909 HV HD 27,1 11,0 25,0 6,9 132,0 102,6 33,0 15,8 0,31 0,17 0,65 0,76 0,96 0,93 0,046 0,046 - 89-T.F.O. 90-V.J.S. 42 38 59896 57312 HV HV 19,2 17,6 5,3 11,7 63,7 100,5 8,6 12,9 0,24 0,60 0,49 0,74 0,73 1,34 0,043 0,078 - 91-V.A. 92-V.R. 47 56 13114 62467 HV HD 13,3 16,9 6,2 24,0 67,6 44,0 9,2 48,0 0,17 0,53 0,76 1,12 0,93 1,65 0,007 0.058 - 93-V.R.S. 94-V.A.F. 34 78 65555 66843 HV HV 5,0 30,0 4,0 10,0 67,0 149,0 20,0 76,0 0,10 0,14 0,52 0,37 0,62 0,52 0,072 0,078 - 57 63040 HD 26,5 10,5 79,3 17,1 0,25 0,75 1,00 0,017 - 95-V.M. ELISA anti-HCV ( Wiener) cut-off = 0,197 ; C = Teste rápido anti-HCV imunocromatográfico( Wama)= + ou - 44 Resultados A relação dos resultados alterados de função hepática nas amostras positivas e negativas para anti-HCV estão apresentadas nas tabelas 7 e 8 abaixo. Tabela 7-Relação de resultados entre pacientes HCV positivos e HCV negativos quanto aos testes de função hepática alterados. HCV positivo (n=14) HCV negativo(n=95) elevadas em elevadas em AST 21,4% 8,42% Variável ALT 7,14% 4,21% yGT 28,6% 45,3% ALP 0,0% 1,05% BT 57,14% 45,3% BD 71,43% 70,5% BI 50% 29,5% Tabela 8 – Relação de resultados das amostras de testes de função hepática alterados entre pacientes HCV positivos e HCV negativos. HCV positivo (n=14) HCV negativo(n=95) elevadas em elevadas em BD/BI/BT 35,7% 26,3% BI/BT 14,3% 2,1% BD/BT 7,14% 16,8% yGT/BD 28,4% 28,5% Variável No grupo de estudo analisado observamos várias formas clínicas de hanseníase, onde verificamos que os virchovianos na sorologia positiva antiHCV foram de 11,93% e 0,92% de HI. Nos anti-HCV negativos os HV foram de 45,87%, HD =26,60%; HI =4,58%; HT =10,10 %. Esses resultados se encontram na tabela 9 abaixo. 45 Resultados Tabela 9 – Forma clínica do grupo estudado. Variável HV (%) HD (%) HI (%) HT (%) Total (%) HCV positivo 11,93 0,0 0,92 0,0 12,85 HCV negativo 45,87 26,60 4,58 10,10 87,15 Total (%) 57,80 26,60 5,50 10,10 100 HV = Hanseníase Virchoviana; HD = Hanseníase Dimorfa; HI = Hanseníase Indeterminada; HT = Hanseníase Tuberculóide. Quanto aos resultados do questionário, encontramos as seguintes freqüências: 3,7% de pacientes com hepatite A (4/109), 1,8% de hepatite B (2/109), vacinados para hepatite B 9,2% (10/109) e não vacinados 90,8 % (99/109), que receberam transfusão sanguínea 2,8% (3/109); destes últimos, dois pacientes são HCV positivos; e apresentam histórico de consumo de bebida alcoólica: todo dia 0,92% (1/109), fim de semana 22,93% (25/109), vez ou outra 13,76% (15/109) e não consomem álcool 62,39% (68/109). Tabela 10-Relação de resultados entre pacientes HCV positivos e HCV negativos quanto aos testes de função hepática alterados. HCV positivo (n=14) HCV negativo(n=95) Elevadas em Elevadas em Χ P AST 3 8 1,07 n.s. ALT 1 4 0,04 n.s. n.s. Variável 2 yGT 4 43 0,79 ALP 0 1 1,25 n.s. BT 8 43 0,30 n.s. BD 10 67 0,06 n.s. BI 7 28 1,51 n.s. 2 Χ critico= 3,841 ; P= probabilidade. 46 Resultados Tabela 11 – Relação de resultados das amostras de testes de função hepática alterados entre pacientes HCV positivos e HCV negativos. HCV positivo (n=14) HCV negativo(n=95) Elevadas em Elevadas em Χ P BD/BI/BT 5 25 0,172 n.s. BI/BT 2 2 2,255 n.s. BD/BT 1 16 0,290 n.s. 4 30 0,007 n.s. Variável yGT/BD 2 2 Χ critico= 3,841 ; P= probabilidade. Foi observado que no soro de pacientes hansenianos portadores de sorologia positiva para anti-HCV, houve um aumento nos níveis das enzimas yGT (28,6%), AST (21,4%), ALT (7,14%) e Bilirrubina total (57,14%), Bilirrubina direta (71,43%) e Bilirrubina indireta (50,00%). Nestes mesmos pacientes a associação entre o aumento das três frações de bilirrubinas foi de 35,7%, entre bilirrubina direta e indireta (14,3%) e bilirrubina direta e total (7,14%). Nos pacientes com HCV negativos tivemos estas variáveis nas percentagens de 26,3%, 2,1%, 16,8% respectivamente. Quanto a associação entre os níveis de bilirrubina total e yGT obtivemos no grupo positivo para HCV 28,4% e no negativo 28,5%, números idênticos, tabelas 10 e 11. No grupo com sorologia negativa para HCV os valores percentuais de aumentos destas mesmas variáveis foram de 8,42% para AST, 4,21% para ALT, 45,3% para yGT, 1,05% para fosfatase alcalina, 45,3% para bilirrubina total, 70,5% e 29,5% para a bilirrubina direta e indireta respectivamente. As associações entre os níveis aumentados das frações de bilirrubina direta, indireta e total foram de 26,3%, bilirrubina indireta e direta 2,1%, bilirrubina direta e total 16,8%, tabelas 10 e11. 47 Discussão 5. Discussão A hanseníase, doença infecciosa crônica, apresenta um espectro de manifestações clínicas variadas, sendo que desde a descoberta de seu agente causador foram instituídas varias tentativas terapêuticas. Certamente, os pacientes possuem em suas histórias clínicas episódios onde os medicamentos injetáveis foram utilizados. Vale realçar que até um passado não muito distante era comum o reaproveitamento de materiais utilizados para injeções intravenosas ou intramusculares, cujo preparo prévio constava apenas de uma fervura de alguns minutos. Os pacientes pertencentes a este trabalho, em sua grande maioria, estão acometidos pela hanseníase há muitos anos, sendo que muitos passaram por um processo de internação compulsória, em condições totalmente diferentes das ocorridas atualmente. Aliados a este fato alguns dos medicamentos preconizados na MDT (Multidrogaterapia) possuem ação hepatotóxica, sendo mais relevante a Rifampicina, seguida da sulfona. Trabalhos publicados por Kaluarachchi et al. 200117, Kumar et al.199818 e Rege et al.199433 relatam a presença de reações adversas, hepáticas, associadas ao uso da poliquimioterapia (PQT) - preconizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) - e relacionadas, principalmente com a Dapsona e a Rifampicina. Sabe-se atualmente que muitos destes pacientes podem ter sido contaminados com o vírus da hepatite C, dada ser sua descoberta recente. A hepatite causada pelo vírus C apresenta alta incidência de cronicidade, e existem no mundo cerca de 170 milhões de pessoas infectadas por esse vírus. É relevante realçar o alto percentual de cirroses, carcinomas e mortalidade por danos hepáticos causados pelo mesmo. Assim sendo, é relevante a execução de sorologia para o diagnóstico da hepatite C em todos os pacientes portadores de hanseníase. Este fato é comprovado neste trabalho, uma vez que 10 % dos pacientes do sexo masculino e 16,3 % do sexo feminino possuem sorologia positiva para esse 48 Discussão tipo de hepatite, nesse grupo atendidos no Instituto Lauro de Souza Lima, em Bauru. Neste estudo foi observada uma soroprevalência de anti-HCV positivo por ELISA de 14/109(12,85%), em um grupo de hansenianos atendidos no “Instituto Lauro de Souza Lima”. Este resultado é elevado e discordante de alguns trabalhos encontrados em literatura nacional e internacional, como Rosa37 et al. em Goiânia-Brasil que observou em sua pesquisa a prevalência de 5,2% (1,5% após teste confirmatório) e 2,4%, na sorologia positiva para hepatite pelo vírus C entre os pacientes hansenianos internados e ambulatoriais respectivamente; Renaudineau34 et al. no Senegal encontrou 0,6% de positividade de anti-HCV no soro de hansenianos usando ELISA de terceira geração, e Frommel14 et al., na Etiópia obteve 3,6% de anti-HCV positivo. Por outro lado o índice encontrado neste trabalho está abaixo de outros estudos descritos: como Egawa8 et al., no Japão (30%); Denis6 et al., na Africa (18,6%) e Nijhawan26 et al., em Jaipur- Índia (30%). Foi observado também entre os pacientes HCV positivos um número alto de virchovianos 13/14 (92,86%) que, acreditamos, tenham esta freqüência devido as suas intercorrências como surtos reacionais, portanto, teriam um número maior de internações e sido submetido a várias drogas no decorrer do tratamento, o que os colocaria em maior risco de contrair o vírus HCV. Neste estudo a distribuição da sorologia positiva anti-HCV nas várias formas clínicas de hanseníase apresentou índices de 11,93% para os pacientes virchovianos e 0,92% nos indeterminados. Os pacientes anti-HCV negativos apresentam como forma clínica 45,87% virchovianos, 26,60% dimorfos, 4,58% indeterminados e 10,10 % tuberculóides. Esses resultados se encontram na tabela 9. 49 Discussão As hepatopatias são caracterizadas por aumentos nos níveis séricos de enzimas e os níveis alcançados variam de acordo com o tipo de patologia e a extensão do comprometimento dos hepatócitos e do trato biliar. O aumento da atividade enzimática, ALT, AST, Fosfatase alcalina e yGT, concomitante a elevação de bilirrubina total e frações, é de grande importância na avaliação da função hepática. No presente trabalho avaliou-se a função hepática de pacientes hansenianos de todas as formas clínicas da doença e também fez –se um levantamento de prevalência de anticorpo anti-HCV neste grupo. A determinação dos níveis das aminotransferases é um excelente parâmetro para acompanhamento das hepatites virais, tanto na fase aguda, para constatar a volta aos níveis normais, como nas formas crônicas, onde se observam ALT e AST aumentados e oscilantes, que se associam com o grau de comprometimento hepático. A fosfatase alcalina e a yGT são ditas enzimas indicadoras de colestase. Os níveis séricos dessas enzimas apresentam-se alterados apenas em alguns casos de hepatites colestáticas, e que no geral são observados aumentos discretos. A bilirrubina sérica total precisa ser superior a 2,5 mg/dL para produzir icterícia clínica. Raramente são observadas concentrações séricas de bilirrubina maiores que 5mg/dl em casos de hemólise não complicada, a menos que doença hepatobiliar esteja presente. Os níveis de bilirrubina total geralmente se mostram menos acentuadamente elevados nos casos de icterícia hepatocelular do que em vigência de carcinomas ou de colestase intra-hepática. A razão entre bilirrubina total e direta, sendo o resultado menor que 20% pode significar uma hiperbilirrubinemia constitucional (ex: Doença de Gilbert) e estados hemolíticos. A elevação discreta da razão entre bilirrubina total e direta (7,14%), mostraram um quadro sugestivo de hemólise, visto que também houve um aumento da bilirrubina indireta. Essa hemólise pode ser devido aos medicamentos (sulfona e rifampicina), que provocam hepatoxicidade. Neste trabalho verificou-se que os hansenianos não portadores de sorologia para anti-HCV apresentaram elevação dos mesmos marcadores 50 Discussão de função hepática, porém com o aumento de fosfatase alcalina 2/95(2,1%), o que não foi observado no grupo anti-HCV positivo. A bilirrubina neste grupo quanto no anterior com sorologia positiva, obtiveram resultados percentuais semelhantes quanto a bilirrubina direta 67/95(70,5%), e razão bilirrubina direta e yGT 28,4%, o que caracteriza que não pode ser o vírus da hepatite C o causador dos aumentos de marcadores de função hepática, e sim o mais provável os medicamentos, já que essas variáveis estão elevadas em ambos os grupos. Na análise comparativa entre as médias das variáveis indicadoras de função hepática, dos pacientes com sorologia positiva e negativa para HCV, não encontramos diferença estatística significativa, porém temos que ressaltar como dado relevante, o número considerável de pacientes que apresentou valores de yGT acima do normal estabelecido. A gama glutamil transferase é uma enzima útil na avaliação das hepatopatias agudas e crônicas, estando aumentada nos quadros de colestase intra ou extra-hepática. Outro fato que aponta para esta possibilidade é a presença de quatro pacientes, sendo dois dimorfos, um virchoviano e um tuberculóide, todos do grupo com sorologia negativa para HCV, que apresentaram dosagens aumentadas de AST, ALT, yGT e Bilirrubinas. Considerando que a forma tuberculóide não causa lesões em órgãos internos, as alterações nessas variáveis provavelmente apontam para outra origem, sendo a mais provável medicamentosa. Foram efetuados dois testes para detectar anticorpos anti-HCV. Quando a análise por ELISA mostrava resultados positivos ou duvidosos, novas amostras eram colhidas e as dosagens, repetidas. Outra análise foi feita com teste imunocromatográfico, que é rápido, qualitativo, de alta sensibilidade e especificidade, e que confirmou os resultados positivos obtidos pelo método anterior. Nesses casos, o paciente foi convocado para nova coleta e confirmação adicional. A ausência de bibliografia específica, que traga resultados obtidos em pesquisas como esta, no âmbito nacional, impede o estabelecimento de 51 Discussão comparações que permitam uma discussão mais aprofundada dos resultados aqui obtidos e, também, evidencia a importância da realização deste estudo. Além disso, revelam a necessidade de maiores investigações nesse campo e um melhor acompanhamento da função hepática, nos pacientes hansenianos, evitando assim maiores comprometimentos da saúde dos mesmos. Em face dos dados apresentados, podemos apresentar as conclusões que estão a seguir. 52 Conclusão 6. Conclusão - A hepatite C cursa com uma evolução relativamente silenciosa, sendo que as alterações laboratoriais encontradas neste trabalho, provavelmente são decorrências do efeito do tratamento medicamentoso com drogas hepatotóxicas a que estão sujeitos. - O vírus HCV não parece ser o responsável pelas alterações enzimáticas, em vista de não haver diferença estatística entre as médias das mesmas. - Os pacientes apresentam, provavelmente, uma estase biliar intra canalicular nos grupos HCV negativo e positivo, em vista do aumento da yGT e bilirrubina direta. - A incidência de casos positivos nos pacientes hansenianos é de 12,85%. Este percentual é extremamente relevante, a ponto de direcionarmos a uma pesquisa mais ampla dentro do grupo de hansenianos, no sentido de detectarmos todos os pacientes positivos para hepatite C. - Os dados apresentados neste trabalho revelam a importância de um monitoramento dos pacientes hansenianos, quanto à função hepática, principalmente com relação às enzimas e a relevância de se continuar essa pesquisa num âmbito mais amplo, dentro do grupo de hansenianos, no sentido de detectarmos um número maior de casos de hepatites C e B nessa população. 53 Referências Bibliográficas 7. Referências Bibliográficas 1. Bechelli LM, Rotberg A. Chaulmugra-outras drogas e medicações em estudo. In: Compêndio de Leprologia. 2aed. Rio de Janeiro. Brasil: Minist. Saúde Depart.Nac. S.Serv.Nac.Lepra: 1956. p.454-471. 2. Campiotto S, Pinho JRR, Carrilho FJ, Da Silva LC, Souto FJD, Spinelli V, et al. Geographic distribution of hepatitis C virus genotypes in Brazil. Braz. J. Med. Biol. Reserarch. 2005; 38: 41- 49. 3. CDC.Center for Diseases Control. National Center for Infectious Diseases. Viral Hepatiis C. Disponível em: http://www.cdc.gov/ncidod/diseases/hepatitis/c/faq.htm. Acessado em: 27 set.2003. 4. Chogle, A, Nagral A, Soni A, Agale S, Jamadar Z. Dapsone hypersensitivity syndrome with coexisting acute hepatitis E. Indian J. Gastroenterol. 2000 ;19(2): 85-86. 5. Choo Q-L, Kuo G, Weiner AJ, Overby LR, Bradley DW, Houghton M.Isolation of a cDNA clone derived from a blood-borne non-A, non-B viral hepatitis genome. 1989;244: 359-362. 6. Denis F, Aussel L, Ranger S, Martin P, Itaoua-N’Gaporo A, Frommel D, et al. Prevalence of antibodies to hepatitis C virus among patients with leprosy in several African countries and the Yemen. J. Med. Virol.1994; 43(1): 1-4. 7. Di Biscelle AM. Hepatitis C. The Lancet. 1998; 351: 351-355. 8. Egawa K,Yukawa T, Arakawa S, Tanaka T, Tsuda F, Okamoto H, et al. Hepatitis C virus antibody, viral RNA and genotypes in leprous patients in Japan. J.Hepatol. 1996; 24(4): 397-402. 9. Fan WM, Zhu WF, Yin LM, Wei L, Xu XY, Zhuang H. Prospective study in 142 cases of hepatitis C virus infection[brief reports]. World J. Gastroenterol. 2004; 10(19): 2867-2869. 10. FitzpatrickTB, Johnson R A, Wolff K, Polano M K, Suurmond D. Mycobacterial Infections: Leprosy. In: Fitzpatrick TB,Johnson RA, Wolff K, Polano MK, Suurmond D, editors.Color Atlas and Synopsis of 54 Referências Bibliográficas Clinical Dermatology: common and serious diseases.3a.ed. McGrawHill Companies:US; 1997.P. 658-663. 11. Fleury RN. Patologia e manifestações viscerais. .In: Opromolla DVA. Noções de Hansenologia. Bauru; 2000.p.63-70. 12. Focaccia R, Martins D I, Marazato F. Insuficiência Hepática Aguda Grave(Hepatite fulminante). In: Veronesi R, Focaccia R, editors. Tratado de Infectologia. 2ª. reed. São Paulo: Atheneu;1999.p.288294. 13. Focaccia R, Souza FV. Hepatite C. In: Veronesi R, Focaccia R,editores. Tratado de Infectologia. 2a.reed.São Paulo: Atheneu;1999. p.314-322. 14. Frommel D, Tekle-Haimanot R, Berhe N, Aussel L, Verdier M, Preux PM, et al. A survey of antibodies to hepatitis C virus in Ethiopia. Am. J Trop. Med. Hyg. 1993; 49(4): 435-349. 15. Gonçales FL. Tratamento da hepatite C em pacientes virgens. In: II Consenso da Sociedade Paulista de Infectologia para Manuseio e Terapia da Hepatite C; 2004; São Paulo-SP. Brasil:Office Editora e Publicidade Ltda;2004. p.37-39. 16. Gonçales NSL, Gonçales FL. Diagnóstico Laboratorial. In: II Consenso da Sociedade Paulista de Infectologia para Manuseio e Terapia da Hepatite C; 2004; São Paulo-SP. Brasil: Office Editora e Publicidade Ltda;2004. p.27-29. 17. Kaluarachchi SI, Fernandopulle BM, Gunawardane BP. Hepatic and haematological adverse reactions associated with the use of multidrug therapy in leprosy—a five year retrospective study. Indian J.Lepr. 2001;73(2): 121-129. 18. Kumar RH, Kumar MV, Thappa DM. Dapsone syndrome – a five year retrospecitve analysis. Indian J. Lepr. 1998; 70: 271-276. 19. Margarido-Marchese L, Tedesco-Marchese AJ, Rivitti EA.Hanseníase. In: Veronesi R, Focaccia R, Tratado de Infectologia. 2a reed.São Paulo: Atheneu;1999.p.714-738. 55 Referências Bibliográficas 20. Milanga M, Kashala LO, Mbayo I, Yajima M, Yamada N, Mbowa KR, et al. Brief Survey of Leprosy Situation in Congo: Sero-Epidemiologic Profile in Correlation with Some Emerging Viral Infection. Jpn. J. Leprosy.1999; 68: 109-116. 21. Ministério da Saúde, Secretaria de Políticas de Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia para o Controle da Hanseníase. Brasília: Ministério da Saúde, 2002. 90 p.(Série Cadernos de Atenção Básica: nº 10). 22. Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde. Hanseníase. In: Doenças Infecciosas e Parasitárias: Aspectos Clínicos de Vigilância epidemiológica e de controle-guia de bolso 1999; p.93-96. 23. Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde. Hepatite C. In: Doenças Infecciosas e Parasitárias: Aspectos Clínicos de Vigilância epidemiológica e de controle-guia de bolso.1999.p.105-106. 24. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Programa de Eliminação da Hanseníase. 2003. 25. Narasimha RP, Lakshmi TSS. Increase in the incidence of dapsone hypersensitivity syndrome- an appraisal. Lepr. Rev. 2001; 72: 57-62. 26. Nijhawan S, Vijayvergiya R, Agrawal S, Jain S, Rai RR. Seroprevalence of hepatitis C virus in various groups living in captivity [letter]. Indian J. Gastroenterol. 1997; 16(2): 75-6. 27. Oliveira UB, Focaccia R.O Álcool e a hemocromatose como co-fatores de risco na patogenia da HVC crônica. In: II Consenso da Sociedade Paulista de Infectologia para Manuseio e Terapia da Hepatite C; 2004; São Paulo-SP. Brasil:Office Editora e Publicidade Ltda;2004. p.18. 28. Opromolla DVA. editor. Diagnóstico da Hanseníase. In: Opromolla DVA. Noções de Hansenologia. Bauru;2000; p.59-61. 29. Opromolla DVA. editor. Manifestações clínicas e reações. In: Opromolla DVA. Noções de Hansenologia. Bauru;2000; p.51-58. 30. Opromolla DVA. editor.Terapêutica.In: Opromolla DVA. Noções de Hansenologia. Bauru;2000; p.95-99. 56 Referências Bibliográficas 31. Pavithran K, Bindu V. Dapsone Syndrome: Hepatitis-B Infection a Risk Factor for Its Development? International J. Leprosy.1999; 67(2):171172. 32. Pinho JRR, Andrade H F. Hanseníase. In: Ferreira AW, Ávila SLM.Diagnóstico Laboratorial das Principais Doenças Infecciosas e Auto-Imunes. 2a.Ed.Guanabara Koogan; 2000. p.177-185. 33. Rege V L, Shukla P, Mascarenhas M F. Dapsone syndrome in Goa. Indian J. Lepr. 1994; 66(1): 59-64. 34. Renaudineau Y, Mane I, Raphenon G, Niang M N, Cartel JL, Perraut R. Prevalence of antibodies to hepatitis C among recently treated leprosy patients in Senegal parallels those in normal populations [letter]. International J. Lepr. O. Myco. Disease.1996; 64 (4): 453-5. 35. Richardus J H, Smith T C. Increased incidence in leprosy of hypersensitivity reactions to dapsone after introduction of multidrug therapy. Lepr. Rev. 1989; 60: 267-273. 36. Rosa H, Costa APVF, Ferraz ML, Pedroza SC, Andrade ALSS, Martelli CMT, et al. Association Between Leprosy and Hepatitis B infection. A Survey in Goiânia, Central Brazil. Rev. Inst. Med. Trop. São Paulo. 1992; 34(5): 421-426. 37. Rosa H, Martins R, Vanderborght B. Short Report: Association Between Leprosy and Hepatitis C infection: A survey in a region of central Brazil. Am. J. Trop. Med. Hyg.1996; 55(1): 22-23. 38. Saís-Alquézar A S, Bassit L, Sabino E C. Hepatites Virais. In: Ferreira AW, Ávila SLM.- Diagnóstico Laboratorial: Das Principais Doenças Infecciosas e Auto-Imunes.2a. ed.Guanabara Koogan. 2000.p.74-90. 39. Strauss E. Hepatite C [artigo de opinião]. Sociedade Br. Med. Tropical. 2001; 34(1): 69-82. 40. Talhari S, Neves R G. Introdução, agente etiológico, transmissão, cultura, inoculação, patogenia e classificação. In: Hanseníase: dermatologia tropical. Manaus: Instituto de Medicina Tropical do Amazonas, 3ª.ed. 1997;p.1-3. 57 Referências Bibliográficas 41. Talhari S, Neves RG, Orsi AT. Diagnóstico.In:Hanseníase: dermatologia tropica.Manaus: Instituto de Medicina Tropical do Amazonas,3ª.ed.1997; p.103-112. 42. Viso ATR. Resposta imune ao vírus da hepatite C e características genéticas determinantes. In: II Consenso da Sociedade Paulista de Infectologia para Manuseio e Terapia da Hepatite C; 2004; São PauloSP. Brasil: Office Editora e Publicidade Ltda; 2004. p.13-18. 43. Wallach J. Doenças do Sistema Hepatobiliar e Doenças do Pâncreas. In: Interpretação de Exames de Laboratório: Medsi editora médica e científica. Rio de Janeiro-RJ:Brasil.6aed. 1999; p. 205-250. 58 Anexos Anexo: A Prevalência de Hanseníase no Brasil até 2004.(Fonte: Secretaria de Vigilância em Saúde) 59 Anexos Anexo: B 60 Anexos Anexo: C TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIMENTO Declaro que fui devidamente informado sobre minha participação no projeto de pesquisa denominado “Avaliação dos marcadores de função hepática na associação entre hanseníase e hepatite C crônica no Instituto Lauro de Souza Lima – Bauru, SP”, que está sendo realizado no Instituto Lauro de Souza Lima sob responsabilidade da bioquímica Maria Aparecida P. Nunes Malvezzi, mestranda, e Dr. Dirceu Dalpino, orientador da pesquisa. O estudo tem por finalidade dosar as enzimas (TgO, TgP, Bili, γGT, Fosfatase alcalina, etc...) no sangue periférico do paciente. Será necessário fazer uma coleta de 20ml de sangue do braço do paciente no momento de sua admissão nessa Instituição antes do início do tratamento e mais duas coletas com intervalo de seis meses cada uma durante o tratamento. Declaro também que estou informado sobre os exames, que serão feitos em uma pequena quantidade do meu sangue, coletado do meu braço com seringa e agulha, que serviram para verificar o funcionamento do meu fígado, já que estou tomando remédios, que servem para cura de minha doença. Já fui informado que as pessoas responsáveis pelos exames estarão prontas a me orientar sobre qualquer problema ou dúvida que eu tiver. Sei também que meu nome não aparecerá no trabalho e meus resultado serão colocados no meu prontuário do Instituto Lauro de Souza Lima. Por isso concordo em participar e colaborar na realização desse estudo. Bauru, de de Paciente Responsável 61 Anexos Anexo: D Ficha de Adesão (Questionário), ao Projeto de: Avaliação dos Marcadores de Função Hepática na associação entre Hanseníase e Hepatite C Crônica no Instituto Lauro de Souza LimaBauru, São Paulo. Responsáveis pelo projeto: Maria Aparecida Nunes e Dr. Dirceu Dalpino, colaborador; Dr. Somei Ura Nome paciente: ----------------------------------------------------------------------------Idade:-------------------; Sexo:- F ( outras ( ) ------------------------ ), M ( ); Raça: negra ( ), branca ( ), Endereço:----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Quando foi feito o diagnóstico da doença? Quando começou o tratamento? A quanto tempo esta doente ? Esta tomando algum remédio? Sim( ), Não ( ) Qual?-------------------------------------------------------------------------------------------Forma clínica da doença: Virchoviano ( ------------------------ ), Dimorfo ( ), Outras ( )------------ Qual o tipo de medicamento PQT( poliquimioterápico) já tomou? --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Já teve Hepatite? Sim( ), Não( ); Qual? Hepatite A ( ); Hepatite B ( ); Hepatite C ( ) Já tomou transfusão sanguínea? Sim( ); Não ( ); Quando? Já foi vacinado (a) para Hepatite B? Sim ( ); Não ( ); Quando? Você toma bebida alcoólica? Sim ( ); Não ( ). Que freqüência? Todo dia ( ); Todo fim de semana( ), ou só vez outra ( ). 62 Anexos Anexo: E Métodos Automatizados 1. Gamma G-test AA PROGRAMACION 19 Rev. Septiembre 2002 Referencia Wiener: Gamma G-test AA Método: Szasz modificado de acuerdo con IFCC Código: 1421402 Presentación: 3 x 20 ml GAMMA GT PRESENTACION Wiener Lab. GENERAL MEASUREMENT MODE : ABSORB REACTION MODE : R-S CALIBRATION MODE : FACTOR REAGENT BLANK : REAG/DIL CLEANER : NO WAVELENGTH : 405 NM DECIMAL POSITION : 0 UNIT : U/L ANALYSIS POST DIL. FACTOR : 5.00 CONC. FACTOR : NO SAMPLE CYCLE : 1 VOLUME : 15.0 ul DILUENT NAME : H2O DIL : 30.0 ul REAGENT CYCLE : 1 VOLUME : 135 ul CALCULATION SAMPLE LIMIT : 0.5000 DA POINT : T1 REAC. DIRECTION : INCREASE CHECK : ON CONVERS. FACTOR : 1.00000 OFFSET : 0.00000 TEST RANGE LOW : 0 U/L HIGH : 1700 U/L NORM RANGE LOW : 11 U/L HIGH : 50 U/L NUMBER OF STEPS : 1 63 Anexos CALC. STEP A : KINSEARCH READINGS FIRST : 5 LAST: 13 REACTION LIMIT : 0.4000 DA POINT : T1 CALIBRATION CALIB. INTERVAL : ON REQUEST TIME : REAG. RANGE LOW : NO HIGH : NO BLANK RANGE LOW : NO HIGH : NO FACTOR : 2105 CONTROL CS1 POS. : *** CS2 POS. : *** CS3 POS. : *** PARAMETROS Preparación: Preparar de acuerdo a las instrucciones del manual que acompaña al equipo. Estabilidad de los Reactivos: Una vez preparado el Rvo. de Trabajo es estable durante 21 días en refrigerador (2-10ºC). Muestra: Suero o plasma Control de Calidad Standatrol S-E 2 niveles Wiener lab. Cód. 1937553. Valores de Referencia: Hombres: 11 a 50 U/L a 37ºC. Mujeres : 7 a 32 U/L a 37ºC. Linealidad: 1700 U/L •EDTA: Etilenodiaminotetracético •IFCC: International Federation of Clinical Chemistry 2. ALP 405 Cinética Otimizada 17 Rev. Septiembre 2002 Referencia Wiener: ALP 405 Cinética Optimizada Método: Cinético Optimizado de acuerdo con DGKC y SSCC a 405 nm Código: 1361401 Presentación: 50 x 2,5 ml FOSFATASA ALCALINA PRESENTACION 64 Anexos Wiener Lab. GENERAL MEASUREMENT MODE : ABSORB REACTION MODE : R-S CALIBRATION MODE : FACTOR REAGENT BLANK : REAG/DIL CLEANER : NO WAVELENGTH : 405 NM DECIMAL POSITION : 0 UNIT : U/L ANALYSIS POST DIL. FACTOR : 2.00 CONC. FACTOR : NO SAMPLE CYCLE : 1 VOLUME : 3.0 ul DILUENT NAME : H2O DIL : 20.0 ul REAGENT CYCLE : 1 VOLUME : 180 ul CALCULATION SAMPLE LIMIT : 0.4000 DA POINT : T1 REAC. DIRECTION : INCREASE CHECK : ON CONVERS. FACTOR : 1.00000 OFFSET : 0.00000 TEST RANGE LOW : 0.00 U/L HIGH : 1800 U/L NORM RANGE LOW : 65 U/L HIGH : 300 U/L NUMBER OF STEPS : 1 CALC. STEP A : KINSEARCH READINGS FIRST : 7 LAST: 11 REACTION LIMIT : 0.7500 DA POINT : T1 CALIBRATION CALIB. INTERVAL : ON REQUEST REAG. RANGE LOW : 0.1000 A HIGH : 0.5500 A BLANK RANGE LOW : -0.0050 DA HIGH : 0.0050 DA FACTOR : 3873 CONTROL CS1 POS. : *** CS2 POS. : *** CS3 POS. : *** PARAMETROS Preparación: Preparar de acuerdo a las instrucciones del 65 Anexos manual que acompaña al equipo. Estabilidad de los Reactivos: Una vez preparado el Rvo. de Trabajo es estable durante 5 días en refrigerador (2-10ºC) Muestra: Suero Control de Calidad Standatrol S-E 2 niveles Wiener lab. Cód. 1937553. Valores de Referencia: 65 a 300 U/L (adultos) a 37ºC Hasta 600 U/L (niños) a 37ºC. Linealidad: 1800 U/L •DGKC: Deutchen Gesellschaft fur Klinische Chemie •SSCC: Scandinavian Society for Clinical Chemistry 3. GOT (AST) UV AA PROGRAMACION 22 Rev. Septiembre 2002 Referencia Wiener: GOT (AST) UV AA Método: UV optimizado de acuerdo con IFCC Código: 1751302 Presentación: 10 x 20 ml GOT/AST PRESENTACION Wiener Lab. GENERAL MEASUREMENT MODE : ABSORB REACTION MODE : R-S CALIBRATION MODE : FACTOR REAGENT BLANK : REAG/DIL CLEANER : NO WAVELENGTH : 340 NM DECIMAL POSITION : 0 UNIT : U/L ANALYSIS POST DIL. FACTOR : 8.00 CONC. FACTOR : NO SAMPLE CYCLE : 1 VOLUME : 16.0 ul DILUENT NAME : H2O DIL : 30.0 ul 66 Anexos REAGENT CYCLE : 1 VOLUME : 180 ul CALCULATION SAMPLE LIMIT : 0,7000 DA POINT : T1 REAC. DIRECTION : DECREASE CHECK : ON CONVERS. FACTOR : 1.00000 OFFSET : 0.00000 TEST RANGE LOW : 0 U/L HIGH : 700 U/L NORM RANGE LOW : 0 U/L HIGH : 38 U/L NUMBER OF STEPS : 1 CALC. STEP A : KINSEARCH READINGS FIRST : 1 LAST: 8 REACTION LIMIT : 0.2000DA POINT : T1 CALIBRATION CALIB. INTERVAL : ON REQUEST REAG. RANGE LOW : 0.4900 A HIGH : 1.8000 A BLANK RANGE LOW : -0.0030 DA HIGH : 0.0050 DA FACTOR : 3736 CONTROL CS1 POS. : *** CS2 POS. : *** CS3 POS. : *** PARAMETROS Preparación: Preparar de acuerdo a las instrucciones del manual que acompaña al equipo. Estabilidad de los Reactivos: Una vez preparado el Rvo. de Trabajo es estable durante 15 días en refrigerador (2-10ºC). Muestra: Suero o plasma Control de Calidad: Standatrol S-E 2 niveles Wiener lab. Cód. 1937553. Valores de Referencia: Hombre: 0 a 38 U/L a 37 ºC Mujer: 0 a 32 U/L a 37 ºC Linealidad: 700 U/L 67 Anexos 4. GPT (ALT) UV AA PROGRAMACION 23 Rev. Septiembre 2002 Referencia Wiener: GPT (ALT) UV AA Método: UV optimizado de acuerdo con IFCC Código: 1761302 Presentación: 10 x 20 ml GPT/ALT PRESENTACION Wiener Lab. GENERAL MEASUREMENT MODE : ABSORB REACTION MODE : R-S CALIBRATION MODE : FACTOR REAGENT BLANK : REAG/DIL CLEANER : NO WAVELENGTH : 340 NM DECIMAL POSITION : 0 UNIT : U/L ANALYSIS POST DIL. FACTOR : 8.00 CONC. FACTOR : NO SAMPLE CYCLE : 1 VOLUME : 16.0 ul DILUENT NAME : H2O DIL : 30.0 ul REAGENT CYCLE : 1 VOLUME : 180 ul CALCULATION SAMPLE LIMIT : 0,7000 DA POINT : T1 REAC. DIRECTION : DECREASE CHECK : ON CONVERS. FACTOR : 1.00000 OFFSET : 0.00000 TEST RANGE LOW : 0 U/L HIGH : 700 U/L NORM RANGE LOW : 0 U/L HIGH : 41 U/L NUMBER OF STEPS : 1 CALC. STEP A : KINSEARCH READINGS FIRST : 1 LAST: 8 68 Anexos REACTION LIMIT : 0.2000DA POINT : T1 CALIBRATION CALIB. INTERVAL : ON REQUEST REAG. RANGE LOW : 0.4900 A HIGH : 1.8000 A BLANK RANGE LOW : -0.0030 DA HIGH : 0.0050 DA FACTOR : 3736 CONTROL CS1 POS. : *** CS2 POS. : *** CS3 POS. : *** PARAMETROS Preparación: Preparar de acuerdo a las instrucciones del manual que acompaña al equipo. Estabilidad de los Reactivos: Una vez preparado el Rvo. de Trabajo es estable durante 15 días en refrigerador (2-10ºC). Muestra: Suero o plasma Control de Calidad: Standatrol S-E 2 niveles Wiener lab. Cód. 1937553. Valores de Referencia: Hombre: 0 a 41 U/L a 37 ºC Mujer: 0 a 31 U/L a 37 ºC Linealidad: 700 U/L 69 Anexos Anexo: F Métodos Manuais F-1. Bilirrubina 70 Anexos 71 Anexos F-2.1 Hepatite C – Teste rápido Kit para determinação qualitativa do anticorpo anti-HCV, por método imunocaptura, usando antígenos sintéticos e recombinantes imobilizados na membrana para identificação seletiva de anti-HCV em amostras de soro, plasma ou sangue total. CÓD. 621010-R: 10 determinações CÓD. 621020-R: 20 determinações CÓD. 621040-R: 40 determinações Kit Reg. MS sob nº 10310030062 IMPORTÂNCIA CLÍNICA O vírus da hepatite C é o maior causador de hepatites não-A, não-B, constituindo-se em um sério problema de saúde no mundo. Ele é classificado como um gênero à parte dentro da família Flaviviridae. Possui uma molécula RNA de cadeia simples no seu núcleo e um envelope lipídico. O período de incubação da hepatite C é em média de 6 a 7 semanas, com uma faixa de 2 a 26 semanas. Aproximadamente, 20 a 30% dos pacientes com infecção aguda têm icterícia, 70% são assintomáticos, 70 a 85% evoluem para hepatite crônica, com conseqüente risco de desenvolvimento de cirrose e carcinoma hepatocelular. Os fatores de risco associados à transmissão do HCV são, principalmente, as exposições percutâneas através de transfusão e transplante de doadores infectados e uso de drogas injetáveis, em menor proporção hemodiálise e acidentes perfuro-cortantes. Outros fatores incluem a transmissão sexual e contato com familiares anti-HCV positivos. Associado a estes se encontra um alto percentual de pacientes (45%) sem causa específica, mas cuja característica é que a maior parte pertence a um nível sócio-econômico baixo. O avanço no desenvolvimento de testes diagnósticos para hepatite não-A, não-B veio com a clonagem de um cDNA obtido do genoma do HCV por Qui-Lim Choo e colaboradores, em 1989. Este genoma possui cerca de 9.400 nucleotídeos e no mínimo 9 proteínas codificadas, sendo 3 estruturais (Core, E1 e E2) e 6 nãoestruturais (NS2, NS3, NS4A, NS4B, NS5A e NS5B). O Imuno-RÁPIDO HCV utiliza como reagente de captura, imobilizado na placa teste, uma mistura de proteínas sintética e recombinantes do HCV. PRINCÍPIO DO MÉTODO Os anticorpos anti-HCV presentes na amostra ligam-se ao conjugado antigamaglobulina humana-ouro coloidal formando um complexo antígenoanticorpo. Esta mistura é colocada na área da placa-teste, onde os antígenos do HCV encontram-se imobilizados, permitindo a ligação entre o complexo anterior e os antígenos. Esta ligação determina o surgimento de um ponto colorido na área de teste. Um reagente controle imobilizado na membrana da placa-teste determinará o surgimento de três pontos coloridos em linha, demonstrando que os reagentes estão funcionando corretamente. APRESENTAÇÃO DO KIT CÓD. 621010-R (10 determinações) 1. Placa-teste: 10 unidades 72 Anexos 2. Conjugado Proteína A-ouro coloidal (1x 7,5ml) 3. Instruções de uso CÓD. 621020-R (20 determinações) 1. Placa-teste: 20 unidades 2. Conjugado Proteína A-ouro coloidal (2 x 7,5ml) 3. Instruções de uso CÓD. 621040-R (40 determinações) 1. Placa-teste: 40 unidades 2. Conjugado Proteína A-ouro coloidal (4 x 7,5ml) 3. Instruções de uso MATERIAL NECESSÁRIO, MAS NÃO FORNECIDO • Papel absorvente. • Recipiente para descarte de material. • Pipeta automática. ESTABILIDADE DOS REATIVOS • PLACAS-TESTE (1): devem ser mantidas a temperaturas entre 2-8ºC. Não congelar. • CONJUGADO PROTEÍNA A-OURO COLOIDAL (2): deve ser mantido a temperaturas entre 2-8ºC. Não congelar. AMOSTRAS Usar amostras de soro, plasma ou sangue total livre de hemólise, lipemia e contaminação. Amostras recém-colhidas devem ser utilizadas. Se isto não for possível, devem ser conservadas em geladeira (2-8ºC) por 48 horas. Para armazenagens mais longas, as amostras de soro e plasma devem ser mantidas no freezer (-20ºC). Não congelar as amostras de sangue total. Evitar repetidos congelamentos e descongelamentos, pois isto causará falsos resultados. ATENÇÃO: Se a amostra foi mantida no freezer, ela deverá ser descongelada e homogeneizada completamente, mantendo-a, posteriormente, em posição vertical para permitir que qualquer partícula que possa existir em suspensão seja sedimentada. PROCEDIMENTO 1. Deixar a placa-teste (1) e o conjugado atingirem a temperatura ambiente 73 Anexos antes de iniciar o procedimento. 2. Retirar a placa-teste do envelope laminado e dispensar 10 gotas do conjugado no poço de reação (menor) da placa-teste. 3. Adicionar 30 µl da amostra no poço de reação (menor) da placa-teste e homogeneizar com o conjugado. 4. Transferir a mistura do poço de reação (menor) para o poço pré-filtro (maior). Deixar toda a mistura penetrar na membrana. 5. Adicionar 10 gotas do conjugado no poço pré-filtro (maior). Deixar toda a solução penetrar na membrana. 6. Remover e descartar o pré-filtro. Ler os resultados. Obs.: O Imuno Rápido HCV tem sensibilidade de 96% e uma especificidade de 98,3%. LEITURA DOS RESULTADOS NEGATIVO Três pontos coloridos em linha aparecerão na placa-teste. POSITIVO Um ponto colorido aparecerá acima dos três pontos controles. NOTA: Podem ocorrer diferenças na intensidade entre o ponto do teste e os pontos controle, mas isto não afeta a interpretação dos resultados. Esta diferença é devido aos níveis de anticorpos na amostra do paciente. INVÁLIDO Se não surgir nenhum ponto visível na área teste e do controle, ou se não surgir os pontos na área do controle. LIMITAÇÕES DE USO O Imuno-RÁPIDO HCV é um teste de triagem para caracterizar a presença de anticorpos anti-HCV, portanto, um resultado repetidamente positivo com este teste é uma presumível evidência da presença de anticorpos na amostra. Resultados positivos deverão sempre ser confirmados por RIBA (Recombinant Immunoblot Assay) ou outro teste confirmatório. Podem ocorrer resultados falso-positivos e falso-negativos com este teste, cuja proporção dependerá da prevalência da doença na população ensaiada. 74 Anexos Como em qualquer procedimento diagnóstico, o resultado deste teste deve ser sempre interpretado com outras informações clínicas disponíveis. PRECAUÇÕES E ADVERTÊNCIAS 1. Somente para uso diagnóstico in vitro. 2. Ler cuidadosamente as instruções de uso antes de realizar o teste. 3. A data de validade corresponde ao último dia do mês assinalado na etiqueta do envelope da placa-teste e da caixa do kit. 4. Deve-se evitar expor o kit a temperaturas elevadas, bem como diretamente ao sol. 5. Não congelar a placa-teste, pois isto causará deterioração irreversível. 6. Como se emprega azida sódica a 0,1% como conservante, o descarte dos reativos deve ser acompanhado de grandes volumes de água para evitar o acúmulo de resíduos de azida nos encanamentos, pois esta pode reagir com chumbo e cobre formando sais altamente explosivos. Além disso, a azida é tóxica quando ingerida. 7. Deixar os reagentes adquirirem a temperatura ambiente antes de iniciar os testes. 8. Não usar componentes do kit após a data de validade. 9. Utilizar as Boas Práticas de Laboratório (BPLs) na conservação, manuseio e descarte dos materiais. 10. Não substituir componentes deste kit com o de outros fabricantes, nem usar componentes de lotes e códigos diferentes. BIBLIOGRAFIA 1. Bendinelli, M. et al.: Hepatitis C virus: biology, pathogenesis, epidemiology, clinical description, and diagnosis. In: Specter, S. Editor. Viral hepatitis diagnosis, therapy, and prevention. Humana Press: 65127, 1999. 2. Choo,Q.-L.; Kuo, G. et al.: Isolation of a cDNA clone derived from a blood-borne non-A, non-B viral hepatitis genome. Science, 244: 359-62, 1989. 3. Fagan, E.A. and Harrison, T.J.: Hepatitis C virus (HCV). Viral Hepatitis, BIOS Scientific Publishers Limited: 131-66, 2000. 4. Part II. Detection and quantitation of HCV in serum. In: Lau, J.Y.N. editor. Hepatitis C protocols, Humana Press: 27-111, 1998. 5. Price, C.P. et al.: Disposable integrated immunoassay devices. In: Price, C.P. and Newman, D.J. editors. Principles and practice of immunoassay, 2nd ed. Macmillan Reference: 581-603, 1997. 6. Urdea, M.S. et al.: Hepatitis C: diagnosis and monitoring. Clinical Chemistry, 43 (8B): 1507-1511, 1997. 75 Anexos F-2.2 Hepatite C – ELISA 76 Anexos 77 Anexos 78 Anexos 79 Anexos Anexo: G 80 Anexos Anexo: H 81