MESTRADO ECOLOGIA E CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE GRANDES SERPENTES CONSTRITORAS E SUAS PRESAS: O TAMANHO DO CORPO INFLUENCIA PADRÕES DE PREDAÇÃO? EVERTON BERNARDO PEREIRA DE MIRANDA Tamanho corporal é um dos principais fatores que dão forma à história natural de um organismo. O comprimento do ciclo de vida, a maturidade sexual, o tamanho da prole e o sucesso reprodutivo estão entre os fatores regulados pelo tamanho, assim como o forrageamento, que pode ser predito pelo tamanho do predador. A diferenciação de nicho por tamanho corporal é reconhecida como um dos mecanismos que permite a coexistência de espécies com nichos similares, além de facilitar a coexistência de indivíduos da mesma espécie. Sendo o alimento um dos principais componentes do nicho medir os efeitos do tamanho na obtenção de alimento oferece uma oportunidade especial para compreendermos os mecanismos ecológicos utilizados para contornar a competição. A variação de tamanho, além de explicar como a morfologia atua na redução da competição, é frequentemente utilizada para explicar como o dimorfismo sexual facilita a coexistência de ambos os sexos, através da exploração de nichos segregados. Esse aspecto é particularmente verdadeiro entre os predadores, cujo tamanho pode limitar ou impossibilitar o domínio e o abate de presas. Estas últimas, frequentemente, são um recurso limitante e causa de competição intraespecífica. A investigação desses padrões de predação em uma espécie é normalmente restrita pela pequena amplitude de tamanhos encontrada. Além disso, dimorfismo sexual pode impedir que os efeitos do tamanho sejam separados dos efeitos do sexo por não haver sobreposição de tamanhos entre os sexos em indivíduos adultos. Entre as diversas espécies de boídeos e pitonídeos, a sucuri-amarela (Eunectes notaeus, Cope 1862), devido a diversos fatores, desponta como modelo ecológico para compreensão desses processos. A espécie está entre as poucas constritoras gigantes dos Neotrópicos estudada com mais detalhamento. Indivíduos adultos apresentam forte dimorfismo sexual, grande amplitude de tamanhos e maturidade sexual precoce. Objetivo: avançar no conhecimento dos efeitos do tamanho e do sexo nos padrões de predação pela sucuri-amarela. Coleta dos Dados: desde 2002, cerca de 4000 sucuris/ano são capturadas ao longo do banhado La Estrella pelos caçadores locais de acordo com os procedimentos estabelecidos pelo programa de manejo Boa Curiyú, um programa aprovado pelos órgãos CITES e IUCN. Os caçadores percorrem o banhado e quando detectadas, as serpentes são capturadas e abatidas. Para ter acesso aos animais, será realizado acompanhamento dos caçadores. Os espécimes serão sexados, pesados e medidos após o abate. A massa será obtida com dinamômetros de mão. Os itens alimentares nos tratos digestórios serão removidos. O material que não puder ser identificado imediatamente, será armazenado em saco com fecho hermético e posteriormente lavado em água corrente em peneira. Após esse processo, será triado. Pelos, dentes, cascos, garras, escamas, bicos, penas e demais evidências encontradas nestes conteúdos serão comparados a uma coleção de referência para identificar as presas ao menor nível taxonômico possível. Dados adicionais podem ser obtidos de fezes e regurgitos. PRÓ-REITORIA DE ENSINO DE PÓS-GRADUAÇÃO VI MOSTRA DA PÓS-GRADUAÇÃO/2014