O que é a microcefalia? - CRF-SP

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Perguntas e respostas – Microcefalia
Ministério da Saúde
- O que é a microcefalia?
A microcefalia não é um agravo novo. Trata-se de uma malformação congênita,
em que o cérebro não se desenvolve de maneira adequada. Neste caso, os
bebês nascem com perímetro cefálico (PC) menor que o normal, que
habitualmente é superior a 32 cm.
- Quais as causas desta condição?
Essa malformação congênita pode ser efeito de uma série de fatores de
diferentes origens, como substâncias químicas e agentes biológicos
(infecciosos), como bactérias, vírus e radiação.
- O que é o vírus Zika?
O vírus Zika é um arbovírus (grande família de vírus), transmitido pela picada
do mesmo vetor da dengue, o Aedes aegypti.
- Já há confirmação que o aumento de casos de microcefalia no Brasil é
causado pelo vírus Zika?
A detecção do genoma do ZIKV realizada pelo Instituto Osvaldo Cruz em
líquido amniótico de duas mulheres grávidas de fetos com microcefalia,
seguida da detecção do ZIKV pelo IEC em neonato (caso fatal) com
microcefalia, proporcionou à ciência o reconhecimento da associação entre
ZIKV e os casos de microcefalia, ora observados no Brasil.
- A microcefalia pode levar a óbito ou deixar sequelas?
Cerca de 90% das microcefalias estão associadas com retardo mental, exceto
nas de origem familiar, que podem ter o desenvolvimento cognitivo normal. O
tipo e o nível de gravidade da sequela vão variar caso a caso. Já há a
constatação da relação de infecção pelo vírus Zika com quadros graves e
óbitos a partir da identificação de casos que evoluíram para óbito em estados
diferentes e ambos com identificação do RNA viral do Zika e resultados
negativos para os demais vírus conhecidos, como dengue, chikungunya entre
outros.
- Como é feito o diagnóstico de vírus zika e microcefalia? É possível
detectar a microcefalia no pré-natal?
O diagnóstico laboratorial específico de vírus Zika baseia-se principalmente na
detecção de RNA viral a partir de espécimes clínicos. O período virêmico ainda
não está completamente estabelecido, mas acredita-se que seja de curta
duração. Desta forma, seria possível a detecção direta do vírus em um período
de 4 a 7 dias após do início dos sintomas. Entretanto, recomenda-se que o
exame do material seja realizado, idealmente, até o 5º dia do aparecimento dos
sintomas
Em relação à microcefalia, após o nascimento do recém-nascido, o primeiro
exame físico é rotina nos berçários e deve ser feito em até 24 horas do
nascimento. Este período é um dos principais momentos para se realizar busca
ativa de possíveis anomalias congênitas. Por isso, é importante que os
profissionais de saúde fiquem sensíveis para notificar os casos de microcefalia
no registro da doença no Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos
(Sinasc).
Para mais informações acesse aqui o Protocolo de Vigilância e Resposta à
Ocorrência de Microcefalia Relacionada à Infecção pelo Vírus Zika
- Qual o tratamento disponibilizado?
Não há tratamento específico para a microcefalia. Existem ações de suporte
que podem auxiliar no desenvolvimento do bebê e da criança, e este
acompanhamento é preconizado pelo Sistema Único da Saúde (SUS). Como
cada criança desenvolve complicações diferentes - entre elas respiratórias,
neurológicas e motoras – o acompanhamento por diferentes especialistas vai
depender de suas funções que ficarem comprometidas. Estão disponíveis
serviços de atenção básica, serviços especializados de reabilitação, os
serviços de exame e diagnóstico e serviços hospitalares, além de órteses e
próteses aos casos em que se aplicar.
Para mais informações acesse aqui as Diretrizes de Estimulação Precoce,
documento que orienta equipes da atenção básica e especializada para
reabilitação de crianças de 0 a 3 anos com atraso no desenvolvimento
neuropsicomotor decorrente de microcefalia.
http://portalsaude.saude.gov.br/images/pdf/2016/janeiro/13/Diretrizes-deEstimulacao-Precoce.pdf
Em relação ao vírus Zika, não existe tratamento específico, o tratamento
recomendado para os casos sintomáticos é baseado no uso de acetaminofeno
(paracetamol) ou dipirona para o controle da febre e manejo da dor. No caso de
erupções pruriginosas, os anti-histamínicos podem ser considerados. Não se
recomenda o uso de ácido acetilsalicílico e outros anti-inflamatórios, em função
do risco aumentado de complicações hemorrágicas descritas nas infecções por
outros flavivírus. Os casos suspeitos devem ser tratados como dengue, devido
à sua maior frequência e gravidade conhecida.
- Quais estados estão apontando crescimento de casos de microcefalia
acima da média?
Até o dia 09 de janeiro, foram notificados à Secretaria de Vigilância em Saúde
(SVS) do Ministério da Saúde 3.530 casos suspeitos de microcefalia,
identificados em 720 municípios de 21 estados do Brasil. O estado de
Pernambuco mantem-se com o maior número de casos (1.236), sendo o
primeiro a identificar aumento de microcefalia em sua região e que conta com o
acompanhamento de equipe do Ministério da Saúde desde o dia 22 de outubro.
Em seguida, estão os estados de Paraíba (569), Bahia (450) Ceará (192), Rio
Grande do Norte (181), Sergipe (155), Alagoas (149), Rio de Janeiro (122),
Maranhão (119), Tocantins (75), Piauí (62), Goiás (7), Distrito Federal (5) e
Mato Grosso do Sul (3).
- Há registro de ‘surtos’ de microcefalia em outros países?
O Zika é considerado endêmico no Leste e Oeste do continente Africano.
Evidências sorológicas em humanos sugerem que a partir do ano de 1966 o
vírus tenha se disseminado para o continente asiático.
De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial
da Saúde, além dos 13 países/territórios que já apresentavam transmissão
autóctone do vírus Zika na SE 51/2015 (Brasil, Chile - somente na Ilha de
Páscoa, Colômbia, El Salvador, Guiana Francesa, Guatemala, Honduras,
Martinica, México, Panamá, Paraguai, Suriname e Venezuela), foram
confirmados casos em Porto Rico na SE 52/2015, totalizando-se 14
países/territórios.
- Quais exames estão sendo realizados nas crianças e nas gestantes?
De acordo com o protocolo, os exames a serem realizados devem ser
inespecíficos, que devem ser solicitados a fim de complementar a investigação
e estadiamento dos casos, e exame específico. O diagnóstico laboratorial
específico de vírus Zika baseia-se principalmente na detecção de RNA viral a
partir de espécimes clínicos. O período virêmico ainda não está completamente
estabelecido, mas acredita-se que seja de curta duração. Desta forma, seria
possível a detecção direta do vírus em um período de 4 a 7 dias após do início
dos sintomas. Entretanto, recomenda-se que o exame do material seja
realizado, idealmente, até o 5º dia do aparecimento dos sintomas. Para mais
informações acesse aqui o Protocolo de Atenção à Saúde e Resposta à
Ocorrência de Microcefalia Relacionada à Infecção pelo Vírus Zika
- Qual período da gestação é mais suscetível à ação do vírus?
Pelo relatado dos casos até o momento, a maioria das gestantes cujos bebês
desenvolveram a microcefalia tiveram sintomas do vírus Zika, principalmente
no primeiro trimestre da gravidez. Mas o cuidado para não entrar em contato
com o mosquito Aedes aegypti é para todo o período da gestação.
- Neste momento, qual é a recomendação do Ministério da Saúde para as
gestantes?
Neste momento, o Ministério da Saúde reforça às gestantes que não usem
medicamentos não prescritos pelos profissionais de saúde e que façam um
pré-natal qualificado e todos os exames previstos nesta fase, além de
relatarem aos profissionais de saúde qualquer alteração que perceberem
durante a gestação. Também é importante que elas reforcem as medidas de
prevenção ao mosquito Aedes aegypti, com o uso de repelentes indicados para
o período de gestação, uso de roupas de manga comprida e todas as outras
medidas para evitar o contato com mosquitos, além de evitar o acúmulo de
água parada em casa ou no trabalho. Independente do destino ou motivo, toda
grávida deve consultar o seu médico antes de viajar.
- Neste momento, qual é a recomendação do Ministério da Saúde para
profissionais de saúde?
É importante que os profissionais de saúde estejam atentos à avaliação
cuidadosa do perímetro cefálico e da idade gestacional, assim como à
notificação dos casos no Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos
(SINASC), que é o sistema de informação oficial para registro de todos os
casos identificados no pós-parto. Além disso, os casos suspeitos de
microcefalia devem ser informados imediatamente às autoridades de saúde,
por meio do Registro de Eventos de Saúde Pública Referente às Microcefalias
(Resp).
Por ser uma fonte de contato direto com a população, os profissionais também
devem reforçar o alerta sobre os cuidados para evitar a proliferação do
mosquito da dengue, e orientar as gestantes sobre as medidas individuais de
proteção contra o Aedes aegypti.
Para mais informações acesse aqui o Protocolo de Vigilância e Resposta à
Ocorrência de Microcefalia Relacionada à Infecção pelo Vírus Zika e
o Protocolo de Atenção à Saúde e Resposta à Ocorrência de Microcefalia
Relacionada à Infecção pelo Vírus Zika
- As vacinas disponíveis no calendário de vacinação podem causar
microcefalia?
As vacinas ofertadas pelo PNI são seguras e não há nenhuma evidência na
literatura nacional e internacional de que possam causar microcefalia.
O Ministério da Saúde está acompanhando com prioridade as notificações e
investigação dos casos de microcefalia, especialmente no Nordeste, discutindo
o assunto com os Conselhos de Secretários estaduais e municipais de saúde,
reunindo especialistas na área, declarando o fato como Emergência em Saúde
Pública de Importância Nacional. Tem prestado todos os esclarecimentos à
população sobre a situação atual e, junto com as Secretarias de Saúde, vem
orientando as gestantes e envidando esforços para que as gestantes
e crianças afetadas tenham toda a atenção em saúde.
Cumpre ainda informar que em relação ‘as vacinas influenza e contra rubéola,
citadas nas redes sociais, a vacina inativada influenza pode ser seguramente e
efetivamente administrada a partir de 6 meses de idade e durante qualquer
trimestre da gestação. Nenhum estudo até o momento tem demonstrado um
risco aumentado de complicações maternas ou desfechos fetais adversos
(mortes fetais, malformação, etc) associados com a vacinação contra a
influenza.
- Quais são os pacientes que, pelo protocolo do Ministério da Saúde,
devem passar pelos testes diagnósticos para Zika?
É prevista no protocolo a testagem para gestantes com exantema, gestante
cujo feto apresente alterações do Sistema Nervoso Central, e recém-nascidos
com suspeita de microcefalia.
Para mais informações acesse aqui o Protocolo de Vigilância e Resposta à
Ocorrência de Microcefalia Relacionada à Infecção pelo Vírus Zika
- Quais são os testes, onde devem ser feitos e quais são os
procedimentos para realizá-los?
No Brasil, o exame preconizado para confirmação de vírus Zika é a reação em
cadeia da polimerase via transcriptase reversa (RT-PCR), realizada em
laboratórios de referência da rede do Sistema Único de Saúde (SUS). Até o
momento, não existem ensaios sorológicos comerciais disponíveis para a
detecção de anticorpos específicos para o vírus Zika. Há, entretanto, um
esforço coletivo dos laboratórios de referência para o desenvolvimento de
plataformas para realização de provas sorológicas específicas.
- Há pacientes que não passarão por testes, mesmo que tenham
sintomas? Por que?
Na maior parte dos casos suspeitos de dengue, Zika e chikungunya, a
confirmação é feita por critério clínico-epidemiológico. Para Zika, ainda não
existe diagnóstico sorológico disponível, sendo o PCR o teste de escolha para
auxiliar na identificação de áreas com transmissão dessas doenças e
orientação sobre as medidas de controle. A partir da confirmação de um caso
em uma determinada localidade, os outros diagnósticos podem ser feitos
clinicamente, por avaliação médica dos sintomas, assim como já ocorre com a
dengue e a chikungunya.
- Que outros tipos de testes estão em desenvolvimento e onde?
O Instituto Evandro Chagas (IEC) está desenvolvendo um teste sorológico de
captura de IgM anti-ZIKV (ELISA in house). Por conta das particularidades
brasileiras no que tange a circulação de outros Flavivírus, o que acarreta
muitas reações sorológicas cruzadas, o teste está sendo recomendado com
ressalvas e disponibilizado aos laboratórios sentinelas para o diagnóstico de
ZIKV no país. Além do teste sorológico, o IEC realizou o sequenciamento
genético completo do vírus Zika circulante no país.
- Como esses testes contribuem para pesquisa e desenvolvimento?
O sequenciamento do genoma completo de cepas do ZIKV isoladas de
pacientes febris contribuirá fortemente para o entendimento de diversos
aspectos desse agente viral. Ressalta-se a detecção de genoma do ZIKV em
dois casos de óbito, que permitiu à comunidade científica internacional
vislumbrar uma evolução não descrita ainda para as infecções por ZIKV,
passível de estudos científicos futuros.
- Em relação ao vírus Zika, existem orientações específicas para
atendimento de crianças com microcefalia?
Existem ações de suporte que podem auxiliar no desenvolvimento do bebê e
da criança, e este acompanhamento é preconizado pelo Sistema Único da
Saúde (SUS). Como cada criança desenvolve complicações diferentes entre
elas respiratórias, neurológicas e motoras o acompanhamento por diferentes
especialistas vai depender de suas funções que ficarem comprometidas. Estão
disponíveis serviços de atenção básica, serviços especializados de
reabilitação, os serviços de exame e diagnóstico e serviços hospitalares, além
de órteses e próteses aos casos em que se aplicar.
Para mais informações acesse aqui as “Diretrizes de Estimulação
Precoce”, documento que orienta equipes da atenção básica e especializada
para reabilitação de crianças de 0 a 3 anos com atraso no desenvolvimento
neuropsicomotor decorrente de microcefalia e o “Protocolo de Atenção à
Saúde e Resposta à Ocorrência de Microcefalia Relacionada à Infecção pelo
Vírus Zika”
- O vírus Zika atinge crianças menores de 6 anos e bebês podendo
acarretar em problemas de mal funcionamento do cérebro?
É importante evitar boatos e especulações. Não há casos documentados sobre
sequelas provocadas pelo Zika em crianças a partir do nascimento. A
microcefalia é uma condição identificada apenas no nascimento. Precisamos
ressaltar é que pessoas de qualquer faixa etária podem ser contaminadas pelo
vírus, não apenas as crianças.
Alertamos também que as medidas de prevenção e eliminação dos mosquitos
transmissores de doenças são fundamentais para proteger as famílias.
Enquanto não há imunização para essas doenças, a recomendação do
Ministério da Saúde é que a população mantenha as ações contínuas de
prevenção.
- A puérpera infectada com o vírus Zika pode amamentar?
Já houve pesquisas que identificaram o vírus em leite materno, entretanto, não
se obteve a sua multiplicação. Como não há evidência científica que demonstre
a transmissão do vírus Zika pelo leite materno, o Ministério da Saúde
recomenda que seja mantido o aleitamento materno contínuo até os dois anos
ou mais, sendo exclusivo nos primeiros seis meses de vida.
- Quais são os repelentes indicados pelo Ministério da Saúde?
Produtos repelentes de uso tópico podem ser utilizados por gestantes desde
que estejam devidamente registrados na ANVISA e que sejam seguidas as
instruções de uso descritas no rótulo. Estudos conduzidos em humanos
durante o segundo e o terceiro trimestre de gestação e em animais durante o
primeiro trimestre, indicam que o uso tópico de repelentes a base de n,n-Dietilmeta-toluamida (DEET) por gestantes é seguro. Produtos à base de DEET não
devem ser usados em crianças menores de 2 anos. Em crianças entre 2 e 12
anos, a concentração dever ser no máximo 10% e a aplicação deve se
restringir a 3 vezes por dia. Concentrações superiores a 10% são permitidas
para maiores de 12 anos.
Para mais informações acesse aqui a nota técnica divulgada pela Anvisa.
- Haverá vacina?
Consta no Plano Nacional de Enfrentamento ao Aedes e suas consequências
investimentos para iniciar o desenvolvimento de vacinas contra o vírus Zika.
Como o desenvolvimento de novas vacinas requer tempo para pesquisas, é
essencial que sejam adotadas as medidas de prevenção e controle do
mosquito, pois além do Zika, elas vão evitar outras doenças como a dengue e
chikungunya.
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