EVIDÊNCIAS DA DESINDUSTRIALIZAÇÃO BRASILEIRA: SINTOMAS E SOLUÇÕES. Área temática: Gestão Econômica e Financeira Marina Mendonça [email protected] Cristiano Morini [email protected] Resumo: A análise das trocas comerciais do Brasil no cenário internacional ajuda a entender a perda de participação da indústria do país no mercado internacional, o que denota perda de competitividade, tanto para o mercado interno quanto para o mercado externo. O presente artigo tem como objetivo identificar as principais evidências da ocorrência da desindustrialização no Brasil no período que compreende uma década, entre 2003 a 2013, por meio da análise da balança comercial. A pesquisa teórica e exploratória levanta alguns determinantes para o processo de desindustrialização, como a “doença holandesa”, presente no país desde 1980, evidenciada pela reprimarização da pauta exportadora, assim como a elevada tributação sobre os produtos internacionais. Um protecionismo excessivo desestimula as indústrias nacionais se tornarem competitivas e a se integrarem em cadeias globais de valor. Do lado das importações houve aumento da demanda por produtos com baixa intensidade tecnológica para a produção de outros bens, assim como de produtos manufaturados para reabastecer o mercado interno. A literatura evidencia que, para alavancar a competitividade da indústria nacional, faz-se necessário uma maior integração em cadeias globais de valor. Palavras-chaves: Comercial. Indústria, Competitividade, Importação, Exportação, Balança 1. Introdução. Desde a década de 1980 há uma preocupação entre economistas e industriais brasileiros a respeito de um possível processo de desindustrialização da economia. No contexto da desindustrialização existem duas vertentes: a primeira, diz respeito ao processo de desindustrialização como algo natural e benéfico, que ocorre de forma gradual à medida em que um país se desenvolve e, consequentemente, se especifica em determinadas etapas de seu processo produtivo. Já a segunda encara a desindustrialização como algo ruim, uma vez que as indústrias de um país- que ainda está se desenvolvendo-, deixam de participar da economia antes de estarem completamente desenvolvidas. Para muitos economistas brasileiros, o Brasil se enquadra neste último processo. Nos últimos dez anos a balança comercial brasileira passou a apresentar déficits crescentes nos setores industriais e o que a impediu de ficar com o seu saldo negativo foram os superávits causados pela exportação de commodities. O Brasil exporta, em quase metade de sua pauta exportadora, produtos básicos, muito concentrado em commodities e pouco em manufaturados, o que o deixa vulnerável à desaceleração da atividade econômica. Neste contexto, o objetivo deste artigo é apresentar possíveis comprovações de que o Brasil passa por um processo de desindustrialização durante uma década, compreendida entre os períodos de 2003 a 2013, por meio de suas trocas internacionais, ou seja, a análise da balança comercial do país. Entender a relativa expressividade da indústria no país se faz necessário para compreender também o baixo processo de desenvolvimento econômico que este tem passado. A importância de se obter uma indústria moderna e competitiva para o desenvolvimento do país se torna, portanto, evidente: a começar pela acumulação de capital que ela proporciona, pelo dinamismo que acarreta nos demais setores e pela geração de emprego que ocasiona. Dada a importância da indústria na economia, o artigo propõe uma contribuição com a análise do setor nos últimos anos e os rumos que a economia tomou frente ao comércio internacional. O trabalho não tem por objetivo analisar todas as evidências do processo de desindustrialização, até porque o estudo será feito sobre uma perspectiva: a análise da balança comercial brasileira. Logo, não será analisada a dinâmica interna industrial, mas mesmo assim este ponto será abordado brevemente como o baixo envolvimento do setor em pesquisa e desenvolvimento para geração de tecnologia interna. O artigo está dividido em quatro partes, sendo a primeira esta introdução. A segunda parte aborda o conceito de desindustrialização e suas causas. A terceira compreende uma discussão sobre as consequências da desindustrialização para o Brasil no que tange às trocas internacionais. A quarta e última parte apresenta as considerações finais deste trabalho, as conclusões que se pode tirar do estudo em relação aos trabalhos já apresentados. 2. O conceito de Desindustrialização. A desindustrialização se caracteriza como uma situação na qual a indústria perde valor como fonte geradora de emprego, no valor adicionado e em proporção ao emprego total e do PIB, respectivamente (DIEESE, 2011). A literatura econômica faz duas ressalvas quanto à desindustrialização. A primeira pode ser considerada estrutural, onde há uma tendência natural da perda de peso da participação da indústria no mundo. Isso se deve ao crescimento econômico, às mudanças nos padrões de consumo, especialização do setor industrial e aumento do setor de serviços, o que quer dizer que: quanto mais um país se desenvolve, mais o setor manufatureiro acaba cedendo espaço ao terceiro setor, o qual passa a absorver maior parte da mão de obra, e a indústria deixa de ser a principal fonte de geração de emprego. Essa situação pode se comumente observada em países desenvolvidos (BONELLI et al., 2013). No entanto, a desindustrialização se torna disfuncional quando é acompanhada por uma reprimarização da pauta exportadora, ou seja, ao invés das indústrias passarem a exportar bens de maiores intensidades tecnológicas, elas se voltam à exportação de commodities e bens de baixo valor agregado. Neste segundo caso, a desindustrialização é vista como algo negativo, uma vez que é causada por uma falha de mercado que irá comprometer toda a indústria, fazendo com que percam seu espaço no mercado antes de atingirem seu estágio final de maturidade. Esse último processo, é considerado como um fenômeno patológico para a economia, pois é decorrente de falhas do setor e ocorrem principalmente em países desindustrializados ou então de industrialização tardia, que enfrentaram e ainda enfrentam dificuldades para modernizar o setor (OREIRO; FEIJÓ, 2010). A desindustrialização não está apenas associada à reprimarização da pauta exportadora, a principal causa que evidencia a perda de participação da indústria na economia é o aumento do desemprego associado a uma estagnação na renda, uma vez que a mão de obra liberada pelo setor industrial não é absorvida pelo setor de serviços. 2.1. Sobre a desindustrialização no Brasil O Brasil é um país que ainda se encontra em desenvolvimento e sofreu um processo de industrialização tardia. Os anos 1980 foram marcados por uma instabilidade econômica cujos altos índices inflacionários refrearam a capacidade de crescimento do país, afetando a indústria, que segue em declínio até os dias atuais. O decréscimo da indústria em menos de 20 anos de seu surgimento, sugeriu a hipótese de que o país passa por uma desindustrialização precoce (TONEDO JUNIOR et al., 2013). A precocidade da desindustrialização significa que o processo de desindustrialização se inicia antes mesmo da modernização e expansão industrial atingir os níveis das economias desenvolvidas, e se deve, principalmente, pelas mudanças tecnológicas, pelo deslocamento das etapas produtivas para países com mão de obra mais barata e também pela ocorrência da doença holandesa, que pode ser definida como uma “falha de mercado” que ocorre quando países industrializados passam a exportar mais produtos primários em detrimento dos manufaturados, onerando assim a sua indústria, como ocorreu na Holanda em 1970. (BRESSER-PEREIRA, 2008). Bonelli et al. (2013) divergem quanto ao início da desindustrialização no Brasil. Mesmo assim, essa divergência não impede de verificar a precocidade da desindustrialização no país. Marinho, Nogueira e Rosa (2002) também acreditam que o início da desindustrialização brasileira se deu em 1980, pois foi nesse período que ocorreu o maior decréscimo industrial da participação do setor manufatureiro no Produto Interno Bruto. Pelas leis de Kaldor-Vardoorn, o país que mais cresce é aquele que possui maior participação de suas indústrias no PIB. A Figura 1 ilustra a relação entre PIB e participação da indústria. Figura 1: PIB e PIB da indústria de transformação de 2000 a 2014. *Fonte: IBGE, 2015 A Figura 1 reflete o comportamento do PIB com relação à indústria, exemplificando que a retração na indústria derruba o crescimento do PIB. Com relação ao comércio internacional, o volume transacionado pelo país representava 3,77% de todas as exportações de commodities primárias no mundo, em 2005, e, em 2009, sua participação subiu para 4,66%. Enquanto isso, os produtos de alta e média intensidade tecnológica, que são considerados industrializados, representavam 0,94% das exportações, em 2005, caindo para 0,49% em 2009 (IPEA, 2011). Em vista disso, pode-se observar que nestes últimos anos o Brasil passa por uma reprimarização de suas exportações, ou seja, ao invés das indústrias do país avançarem de forma a exportarem produtos de maior intensidade tecnológica, como aeronáuticos e farmacêuticos, o país se restringe a exportar produtos de baixa tecnologia principalmente voltado ao setor de commodity, como petróleo, minérios e grãos (CARVALHO; CARVALHO, 2011). Bacha e Bolle (2013) argumentam sobre o decaimento da parcela de produtos manufaturados nas exportações, que passou de 55% em 1985 para 36% em 2011. Essa reversão da pauta exportadora brasileira em direção às commodities deveria ser alarmante e a preocupação central do governo, pois isso pode ser um sintoma de ocorrência da “doença holandesa” (BRESSER- PEREIRA, 2011). Nem sempre onde há desindustrialização há “doença holandesa”, o fato é que essa doença pode causar a desindustrialização, mas esta também pode ser apenas um processo do desenvolvimento econômico. No entanto, é válido expor, que quando a indústria nacional foi exposta a concorrência internacional, já nos anos de 1980, ficou notável o pouco peso que ela apresentava, uma vez que houve queda das exportações de produtos manufaturados e aumento das importações para atender a demanda interna. Após esta análise, considera-se que a desindustrialização no Brasil não é algo natural, mas sim precoce que compromete todo o seu desenvolvimento econômico direta e indiretamente. 2.2. Causas da desindustrialização no Brasil. A “Doença Holandesa” é listada por vários autores como uma das principais causas da desindustrialização brasileira. Uma definição simples para essa “Doença” é que ela seria causada pela exportação de recursos abundantes e baratos, como as commodities, e essa produção e exportação seria compatível com uma taxa de câmbio mais apreciada. Ou seja, o real se tornaria mais forte do que o dólar, deixando outros produtos brasileiros, como os industriais, menos competitivos no mercado internacional (BRESSER-PEREIRA; MARCONI, 2008). Nesse caso, a desindustrialização é classificada como algo negativo, pois resulta de uma “falha de mercado”, já que a existência de recursos naturais gera uma apreciação da taxa de câmbio e uma depreciação do setor industrial. A desindustrialização causada pela “doença holandesa” pode ser representada por meio de déficits crescentes nos setores industriais e superávits crescentes nos setores não industriais, de tal forma que ela também pode ser chamada de “desindustrialização precoce”, pois os países que a adquirem iniciam seu processo de desindustrialização antes de atingirem o ponto de maturidade de seus setores industriais. Isso quer dizer que o país afetado pela “doença holandesa” mina a sua capacidade de desenvolvimento econômico sem ter esgotado toda a capacidade produtiva que o setor manufatureiro poderia proporcionar (OREIRO; FEIJÓ, 2010). Como dito anteriormente, “doença holandesa” pode ser identificada também, através da apreciação da taxa de câmbio. No Brasil, a apreciação do real durante os períodos de 2002 a 2008 se deu devido à melhora nos termos de troca, em ocorrência da abundância de recursos à disposição do mercado internacional, e só foi interrompida em 2008 com a crise financeira internacional e, como consequência, teve-se a penalização da balança comercial, como será analisado mais adiante (BRESSER-PEREIRA; MARCONI, 2009). No entanto, até o ano de 2010, essa apreciação ficou encoberta pelo firme crescimento da economia mundial, o qual provocou um forte aumento dos preços internacionais das commodities, o que, em certa medida, compensou o efeito do preço negativo da apreciação cambial sobre as exportações (GAMBIAGI, 2011). Marconi e Rocha (2012) atribuem esta estabilidade às políticas restritivas governamentais aplicadas pelo Brasil. Porém, salientam, reforçados por Oomes e Kalcheva (2007), que a “doença” pode ser vista por meio da elevação das importações de insumos intermediários, pelo baixo crescimento do setor manufatureiro, o rápido aumento do setor de serviços, o elevado desemprego e a elevação dos médios salários, todos estes fatores podem ser observados no país. A desindustrialização causada pela “doença holandesa” também obriga as indústrias a importarem mais, uma vez que as elevações das exportações de commodities reduzem a participação do setor manufatureiro nas exportações e no PIB, de tal forma que compensa mais ao país importar bens industriais concorrentes que os produzir no próprio país. Há autores que consideram o aumento das importações como algo benéfico ao crescimento da economia, devido à redução de custos dos insumos e a possibilidade de aquisição de bens de capital mais barato, contribuindo para aumentar a produtividade industrial do país (MARCONI; ROCHA, 2011). Entretanto, essa lógica só é válida se o produto importado for mais barato do que o nacional, visto que a redução da produção interna teria de ser compensada no ganho da produção do bem final, o que não ocorre no Brasil, devido ao protecionismo em determinadas áreas. As tarifas protecionistas aplicadas pelo país, em comparação a outros países emergentes (Figura 2), como China, Colômbia, Índia, Indonésia, Malásia, México, Filipinas, Coréia do Sul e Tailândia, são maiores e não apresentam um ritmo de redução como os demais (CARNEIRO, 2014). Figura 2: Comparação evolutiva da proteção tarifária total, em porcentagem. Fonte: CARNEIRO, 2014. Os espaços em branco na figura indicam dados não encontrados ou indisponíveis. Mas mesmo assim, pode-se perceber que as tarifas protecionistas brasileira são as únicas que não seguem uma redução como os demais países em análise. A aplicação de tarifas protecionistas no Brasil ocorre desde o século XIX e foram seguidas, frequentemente, por reformas. Mediante a política de substituição de importações proposta para o período, as aplicações das tarifas se faziam necessárias como mecanismo de fortalecimento da indústria doméstica e como correção nos problemas estruturais da balança de pagamento (OLIVEIRA, 2012). Porém, quando aplicadas por um longo período de tempo, elas provocaram um efeito de desestímulo ao investimento em pesquisa e desenvolvimento, fazendo com que as indústrias se desenvolvam com padrões tecnológicos relativamente atrasados, obrigando-as a importar bens intermediários que encarecem o produto final e dificulta a competição no mercado internacional (BRAGA, DÁVILA, VIZIOLI, 2013). A Associação Nacional de Pesquisa, Desenvolvimento e Engenharia das empresas Inovadoras (Anpei) constatou que, de 2004 a 2009, a porcentagem de indústrias que realizam alguma inovação em produto ou processo ficaram bem próximas. Em 2004, foram 72 mil empresas pesquisadas, e 33,3% realizaram inovação. Já em 2009, o total de empresas compreendeu a 91.055 e 33,4% realizaram inovação em produto ou processo. Para Pereira e Kruglianskas (2005), esse resultado se deve à pouca quantidade de políticas incentivadoras ao desenvolvimento industrial, sem mencionar os entraves que impedem o financiamento a pesquisa e desenvolvimento, as altas taxas de juros, a correção monetária e lentidão no processo de aprovação de projetos, a burocracia e as exigências excessivas. Em 1848, o ministro da fazenda brasileira disse que “só deveriam merecer proteção às indústrias que possam em um prazo mais ou menos breve, chegar a um ponto de robustez que a habilite a viver e a crescer de seus próprios recursos, gerando benefícios maiores do que chegou a custar” (VISCONDE DO ITABORAÍ, 1848, apud VERSIANI, 2012, p. 10). No Brasil, as maiores tarifas protecionistas são aplicadas sobre bens intermediários, os quais são usados para a fabricação de bens finais. E as tarifas aplicadas sobre esses produtos ocorrem com intuito de proteger a indústria nacional, visto que elas são aplicadas a todos os produtos que o Brasil importa, deixando-os com preços mais elevados do que os nacionais. Contudo, quando aplicadas de forma excessiva, pode elevar o custo de produção dos bens finais, fazendo com que a indústria se torne menos competitiva por ter seus produtos com preços mais elevados no mercado (CARNEIRO, 2014). Para entender a aplicação das tarifas protecionistas, se faz necessário entender qual espaço o bem ocupa no mercado, pois as tarifas são aplicadas conforme a intensidade tecnológica desses bens. Isso quer dizer que há no mercado bens classificados como primários, de manufatura intensiva e de bens de capital, bens de baixa, média e elevada intensidade tecnológica. De uma forma bastante simplificada, a Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (FUNCEX, 2010) adaptou a classificação do Sistema Harmonizado em grandes categorias de intensidade tecnológica e grupos de produtos afins que podem ser identificados na Figura 3. Figura 3: Classificação dos bens segundo a intensidade tecnológica. Categorias de Bens por Intensidade Não Industrializados (primários) De manufatura intensiva e bens de capital Intensidade Tecnológica Grupo de produtos Agricultura, pecuária, pesca extrativa florestal e mineral. Alimentos, bebidas e fumo Madeira e seus produtos; papel e celulose; gráfica Têxtil, couro e calçados Produtos manufaturados não especificados. Borracha e produtos plásticos. Metais ferrosos. Metais não ferrosos. Produtos minerais não metálicos. Produtos metálicos. Refino de petróleo. Construção e reparação naval Produtos manufaturados diversos. Produtos químicos e farmacêuticos (parcial). Veículos automotores. Outro material de transporte (parcial). Máquinas e equipamentos (parcial). Máquinas, equipamentos e material elétrico (parcial). Material de escritório e informática (parcial). Material e aparelhos eletrônicos e de comunicações (parcial). Instrumentos diversos (parcial). Aeronáutica e aeroespacial. Armamentos. Computadores e máquinas de escritório (parcial). Eletrônica e telecomunicações (parcial). Farmacêutica e medicamentos (parcial). Instrumentos científicos Máquinas elétricas (parcial). Máquinas não elétricas (parcial). Químicos (parcial) Baixa Média Alta Fonte: FUNCEX, 2010. Classificado os bens, torna-se mais fácil analisar a aplicação das tarifas com base na intensidade tecnológica do produto. Figura 4: Evolução do total das tarifas protecionistas em porcentagem de 2003 a 2012. Evolução total das tarifas protecionistas em % Bens Primários Manufatura intensivas em bens de capitais 2003 9,4 2004 7,15 2005 5,93 2006 5,53 2007 5,69 2008 5,62 2009 5,59 2010 5,58 2011 5,62 2012 5,71 10,77 9,29 7,96 7,76 7,86 7,98 8,05 8,10 8,21 8,32 17,42 16,17 15,47 15,42 15,32 18,29 19,26 19,52 19,60 19,92 14,30 13,30 12,56 12,41 12,42 12,37 12,99 12,97 13,03 13,20 12,47 11,76 10,96 10,47 10,61 10,48 10,41 10,39 10,41 10,44 Baixa Tecnologia Média Tecnologia Alta Tecnologia Fonte: CARNEIRO, 2010. As Figuras 3 e 4 apresentam dados que mostram que os produtos que mais “sofrem” com a aplicação de tarifas mais altas são aqueles que possuem alguma intensidade em tecnologia, principalmente os de baixa intensidade. Isso porque esses produtos são muito utilizados como bens intermediários, ou, no caso, são usados para a fabricação de outros bens. Conclui-se que essas tarifas contribuem para a elevação do preço final do produto que é oferecido no mercado interno, o que, por sua vez, desestimula o consumo e, por conseguinte, desacelera a produção industrial. Outra preocupação que o país deve ter, com a perda da competitividade industrial e o aumento das importações, é a possibilidade de as indústrias brasileiras se tornarem grandes maquiladoras. Visando reduzir custos, as indústrias importarão componentes para a sua produção, o que, no longo prazo, poderá resultar no seu fechamento ou então a sua transformação em grandes maquilas, por se tornarem empresas exportadoras dos bens para reexportação (OREIRO; FEIJÓ, 2010). 3. Consequências da desindustrialização no Brasil e suas trocas internacionais: uma análise da balança comercial brasileira. A primeira consequência da desindustrialização que pôde ser sentida no país foi o seu impacto na economia, principalmente na balança comercial brasileira que tem sofrido déficits crescentes entre 2003 e 2013. Para a Confederação Nacional da Indústria (CNI, 2014), não é surpresa a balança comercial do Brasil registrar déficits. Os custos das empresas cresceram assim como os custos de produção, de tal maneira que o valor dos produtos importados no mercado doméstico são mais vantajosos do que os nacionais. A Figura 5 apresenta o saldo da balança comercial brasileira. Figura 5: Saldo da Balança comercial brasileira em bilhões de dólares. Fonte: MDIC, 2014 As commodities tem influenciado positivamente o saldo da balança comercial brasileira. Indústrias de atuação primária, como as extrativas, obtiveram um crescimento de 5,4% entre 2013 e 2014, e é o que tem evitado uma queda ainda maior do déficit no setor industrial (CNI, 2014). Apesar de ser algo benéfico à economia, deixar um país dependente da exportação de commodities torna-o vulnerável às demandas do mercado externo, no médio e longo prazos, pois o país fica a mercê das oscilações de preços (naturais do mercado de commodities). Para o Brasil, os produtos primários tiverem um impacto significativo na balança comercial até 2007, pois a economia internacional se encontrava aquecida, porém com a crise de 2008 e o resfriamento da economia, as exportações desses produtos decaíram. Os déficits correntes gerados pela crise nos diversos países do mundo os fizeram parar de comprar. A China, que era até então a principal compradora de produtos primários brasileiros, reduziu suas importações pela metade, e a balança comercial brasileira registrou essas consequências (GMABIAGI, 2011). Outra consequência preocupante para o país devido à desindustrialização é o papel crucial no desenvolvimento econômico que as indústrias possuem. Nelas ocorre um efeito chamado de encadeamento, sendo que no setor industrial de produção de bens intermediários este efeito é maior do que em qualquer outro setor da economia. O efeito encadeamento cria um ambiente propício para a difusão tecnológica e inovação, gerando um efeito cíclico, fazendo com que o aprendizado em inovação e tecnologia resulte no aumento da produtividade, que é passada para outros setores como efeito “derrama” ou também conhecido como “spillover” (BRAGA et al., 2013). Em outras palavras, é por meio do setor manufatureiro que o progresso tecnológico ocorre. Assim, os países que possuem maiores crescimentos são aqueles capazes de aperfeiçoar, agregar valor e reduzir os custos de seus produtos, firmando-se no mercado internacional como produtores competitivos de bens que incorporam tecnologia e inovação (MARCONI; ROCHA, 2012). Não há nada demais em um país explorar suas vantagens comparativas em relação a outros, o que no caso do Brasil são os bens primários. No entanto, a teoria econômica revela que o desenvolvimento econômico começa apenas com a revolução industrial. Em suma, a indústria é vista como especial devido aos seus retornos crescentes, o que é indispensável para um desenvolvimento no longo prazo, sendo a principal difusora do progresso técnico que permite a participação do país no mercado externo. São essas razões que comprovam a desindustrialização como um fenômeno negativo, pois reduz o potencial de crescimento do país, diminui o progresso técnico e mina sua participação no mercado internacional (OREIRO; FEIJÓ, 2010). Outra consequência significativa da desindustrialização do país é a sua perda de participação nas Cadeias Globais de Valor (CGVs). Este é um fenômeno é relevante no mercado externo, em que as empresas “fatiam” seus processos produtivos comprando serviços ou componentes de terceiro. As cadeias globais de valor compreendem todas as atividades desenvolvidas por uma empresa para levar um determinado produto ao mercado, desde sua concepção até o uso final. Tais atividades vão desde design, produção, marketing, logística e distribuição até suporte ao cliente final, e podem ser desenvolvidas por uma única empresa ou então divididas entre diversas empresas, em outras palavras, as cadeias de valor globais são a fragmentação da especialização vertical das indústrias (REIS; ALMEIDA, 2014). Para fazer parte deste processo, é preciso que o país tenha baixos custos de produção, facilidade para importar insumos, engenharia eficiente para o processo de baixo custo de transporte e de coordenação dos processos entre as diferentes unidades. Nesse contexto, a participação do Brasil nos negócios internacionais está minada pelo fato do país estar distante de preencher esses pré-requisitos (BAUMANN; KUME, 2013). Os países podem ocupar diferentes posições nas CGVs, dependendo da sua característica de produção. As economias que se encontram no início da cadeia são aquelas especializadas em matérias primas, pesquisa e desenvolvimento, entre outros. Por sua vez, ficam no final da cadeia, economias especializadas em montagem de produtos e atendimento ao cliente, sendo estas últimas, as que mais se beneficiam, em termos de lucro, da divisão das atividades globais (REIS; ALMEIDA, 2014). O Brasil ocupa uma posição marginal nessas cadeias desde os anos 1990, uma vez que a combinação de abertura comercial, câmbio valorizado e juros altos ocasionou o desaparecimento de alguns elos de cadeias produtivas da indústria de transformação, o que gerou perda de valor agregado no país em várias cadeias de produção. Nos anos 2000, época em que o país podia reverter o quadro, a taxa de câmbio e os juros se mantiveram nos mesmos níveis da década anterior, o que prejudicou as exportações do setor industrial e os investimentos em setores com maior dinamismo. Assim, o país não acompanhou o avanço e a diferenciação industrial que ocorria globalmente e não se integrou aos fluxos de comércio exigidos pela nova configuração da produção. Com isso, pode-se dizer que o país precisa de indústrias modernas e integradas para participar das cadeias globais de valor, além de entender que produtos manufaturados são elos nas cadeias de produção mundial, já que eles ajudam no estabelecimento do comércio com outros países. A maioria dos produtos básicos exportados pelo Brasil é enviada aos outros de forma inacabada e, ao país importador, cabe à transformação desses produtos deixando-os com maior valor agregado. Este processo implica em transtornos às importações pelo fato de o país precisar recomprar parte destes produtos. Este contexto pode ser percebido no aumento de consumo de bens duráveis e não duráveis para consumo interno, assim como nos setores automotivos e de máquinas e equipamentos, os quais sofrem com a invasão de produtos industriais estrangeiros, evidenciando mais uma vez a perda da capacidade competitiva do setor. 4. Considerações finais. Perante o estudo realizado na literatura, sobre as trocas comerciais brasileiras com o restante do mundo, permitiu-se a descoberta de algumas das causas da desindustrialização do país, sendo a “doença holandesa” a principal delas, uma vez que há evidências de que ela já se encontrava no Brasil desde 1980 e continua intensificando a desindustrialização até os dias atuais. O processo de desindustrialização se dá, portanto, pelo lado das exportações e pelo lado das importações. Para as exportações houve reprimarização da pauta, caracterizada por um avanço nas exportações de produtos primários em detrimento dos produtos de maior valor agregado. Isto ocorre por motivos internos e externos à economia brasileira. Como fator externo, tem-se o aumento das exportações de produtos primários nos últimos anos, incentivado pelo aquecimento da economia internacional, principalmente por causa do crescimento chinês que passou a demandar maiores quantidades de commodities, como minério de ferro, soja, óleos brutos e petróleo, e outros. O preço favorável dos artigos primários no mercado externo influenciou positivamente o câmbio para este item, no entanto deteriorou a exportação de bens manufaturados, sendo este o fator interno do processo de desindustrialização, assim como a falta de infraestrutura, logística, e investimentos em pesquisa e desenvolvimento que ajudaram a prejudicar o parque industrial brasileiro. Do lado das importações houve aumento da demanda por produtos com baixa intensidade tecnológica para a produção de outros bens, assim como de produtos manufaturados para reabastecer o mercado interno. Um exemplo disso foi o aumento da importação de veículos nos últimos dez anos, indicando a perda de competitividade do setor. Além deste, outros setores como o de máquinas e equipamentos eletrônicos e até mesmo setores mais básicos sofrem com a invasão de produtos importados para atender à demanda nacional. Esses fatores mostram a baixa competitividade do setor manufatureiro nacional frente à concorrência externa, que também pode ser evidenciada pelo aumento gradativo das tarifas protecionistas como tentativa de impulsionar a indústria. Todos estes fatores tiveram um forte impacto na balança comercial brasileira, que se mostrou com déficits crescentes durante dez anos, mas que foram encobertos pelos superávits causados pela exportação de produtos primários, evidenciando que a balança comercial jamais deixou de depender dos saldos positivos gerados pelas commodities, o que pode ser ruim para o país uma vez que este fica vulnerável aos solavancos do mercado internacional, como ficou comprovado com a crise de 2008. Outra consequência representada pela dependência do setor de commodities é a posição marginal que o país ocupa nas cadeias globais de valor, como exímio exportador de produtos primários. A não participação nesse sistema de produção significa não participar da economia mundial, e, portanto, há necessidade de se obter uma maior integração da indústria brasileira a estas cadeias uma vez que elas também podem estimular o desenvolvimento industrial, o que pode ocasionar melhorias para os outros setores da economia devido à capacidade de encadeamento que ela possui. Integrar-se a essas cadeias significa deixar as indústrias brasileiras modernas e competitivas, mas para que isso ocorra é necessário que o país desenvolva a sua economia como um todo, atentando-se para alguns pontos principais. Em primeiro lugar é necessário que o país elimine os gargalos que impedem a desindustrialização e passe a investir mais em pesquisa e desenvolvimento, logística, infraestrutura e comunicação, além de diminuir as elevadas taxas de juros e burocracia excessiva que envolve desde a aprovação de projetos industriais até abertura de uma nova fábrica. O governo brasileiro criou vários planos de incentivo à industrialização e conta com órgãos de fomento para que isso ocorra. No entanto, a literatura mostra que os resultados são pouco impactantes para o setor. Em segundo lugar, é necessário que haja maior integração entre Indústria, Estado e Universidade para que se estimule o conhecimento técnico e se intensifique o pensamento inovador. É preciso compreender que o Estado é um dos protagonistas do projeto de desenvolvimento industrial no país. Este, juntamente com o setor privado, deve atuar para a construção da competitividade da indústria nacional antes de expô-las à concorrência externa, como foi feito nos anos 1990. Além de que é primordial que exista coerência entre as políticas macroeconômicas (cambial e monetária) e as políticas industriais construídas internamente, para que a indústria possa obter um bom desempenho interna e externamente ao país. Há outros aspectos importantes que não foram considerados nesta pesquisa que afetam a indústria do país e que podem ser temas de estudo para outros trabalhos, como por exemplo: as dificuldades logísticas do país; a falta de integração entre os diferentes estados nacionais e as grandes diferenças produtivas que estes apresentam entre si; o problema do custo da energia elétrica; o problema do financiamento industrial e o conhecimento por parte dos empresários sobre os órgãos de fomento e planos estatais; a qualificação da mão-de–obra que compõe o país; o estímulo ao empreendedorismo; entre outros fatores que afetam o crescimento da indústria brasileira. No entanto, o importante é entender que o desafio colocado ao Brasil consiste na capacidade de o país em se adaptar a estas novas tendências sem que o projeto de desenvolvimento nacional seja interrompido ou prejudicado. O essencial é que as oportunidades de desenvolvimento industrial sejam aproveitadas de modo a beneficiar a economia como um todo. 5. Referências ALMEIDA, M. A.; SOUZA, G. F: Perfil exportador brasileiro entre 2000 e 2009: o Brasil versus China. Revista Economia Ensaios, Uberlândia (MG), v. 28, n. 1, p. 7- 26, Jul/Dez, 2013 Associação Nacional de Pesquisa, Desenvolvimento e Engenharia das Empresas Inovadoras: Como alavancar a inovação tecnológica nas empresas. Anpei, São Paulo. Junho/2004. ANPEI: Os novos instrumentos de apoio à inovação: uma avaliação inicial. Brasília, DF: Centro de Gestão de Estudos Estratégicos – Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento, (ANPEI), 2009. BACHA, E; BOLLE. Introdução In: BACHA, E; BOLLE, M. B. (Orgs). O Futuro da indústria no Brasil: desindustrialização em debate. Rio de Janeiro, 2013. BAUMANN, R. E; KUME, H. Novos padrões de comércio e política tarifária. In: BACHA, E; BOLLE, M. B. (Orgs). O Futuro da indústria no Brasil: desindustrialização em debate. Rio de Janeiro, 2013. BONELLI, R; PESSOA, S e MATOS, S. Origens e consequências da substituição de importações: 40 anos depois. In BACHA, E; BOLLE, M. B. (Orgs). O Futuro da indústria no Brasil: desindustrialização em debate. Rio de Janeiro, 2013. BRAGA, L; DÁVILA, M; VIZIOLI, T. Revista eletrônica Brasil, Economia e governo. Disponível, em: < www.brasil-economia-governo.org.br/?p=1966> 2013. Acesso em: 11 ago. 2014. BRESSER-PEREIRA. Crescimento e desenvolvimento econômico. Notas para uso em curso de desenvolvimento econômico na Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas. Versão, junho/2008. BRESSER-PEREIRA, L. MARCONI, N. Existe a doença holandesa no Brasil? IV Fórum de Economia da Fundação Getúlio Vargas, março 2008. BRESSER- PEREIRA, L. MARCONI, N. Doença holandesa e desindustrialização. Valor Econômico, 11, novembro, 2009 CARNEIRO, F. C. Comércio e protecionismo em bens intermediários. Texto para a discussão 2007, IPEA. Brasília, setembro 2014. CARVALHO, D. CARVALHO, A. Desindustrialização e reprimarização da economia brasileira contemporânea num contexto de crise financeira global: conceitos e evidências. Revista Economia Ensaios, Uberlândia (MG), p 35-64, Jul/Dez. 2011 CAVALCANTE, R. Políticas de ciência e tecnologia e inovação no Brasil: Uma análise com base nos indicadores agregados. IPEA, Texto para discussão nº 1458. Rio de Janeiro, dezembro de 2009. CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA: Informe conjuntural. Sem força a indústria crescerá apenas 0,3%. CNI, ano 30, nº 3. Julho/ setembro 2014. Disponível em: < http://arquivos.portaldaindustria.com.br/app/conteudo_24/2014/07/24/63/Informe_3trim_201 4.pdf> Acesso em: 3 jan. 2015 DEPARTAMENTO INTERSINDICAL DE ESTATÍSTICA E ESTUDOS ECONÔMICOS: Desindustrialização: conceito e a situação do Brasil. DIEESE, Nota Técnica, nº 100. Junho/2011. Disponível em: <http://portal.mte.gov.br/data/files/8A7C812D3052393E013055A36C450E9D/dieese_nt100. pdf >. Acesso em: 20 jan. 2015 Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior. Nota explicativa para área de indicadores: Comércio segundo a intensidade tecnológica dos produtos. Funcex, 2010. Disponível em: < http://www.funcexdata.com.br/br/notas/nv2_comsegintensidadetech.pdf> Acesso em: 27 jan. 2015 GAMBIAGI, F. Rompendo com a ruptura: O Governo Lula (2003- 2010). In: GAMBIAGI, F.; VILLELA, A.; CASTRO, L.; HERMANN, J. (Orgs). Economia Brasileira Contemporânea, 1945 a 2010. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. IEDI: A Reorientação do Desenvolvimento Industrial. Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial, Agosto/2014. Disponível em < http://retaguarda.iedi.org.br/midias/artigos/540f7c0f3f431341.pdf> Acesso em: 12 maio 215. IPEA: Desafio do desenvolvimento. Revista de organização e debate, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, São Paulo, n. 8, 66ª edição, 2011, disponível em: <http://www.ipea.gov.br/desafios/index.php?option=com_content&view=article&id=2513:cat id=28&Itemid=23> Acesso em: 20 ago. 2014. LAZZARINI, S.; JANK, M.; INOWE, C. Commodities no Brasil: maldição ou benção? In: Bacha,E.; Bolle, M. B. (orgs.), O Futuro da Indústria no Brasil: desindustrialização em debate. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2013. MARCONI, N.; ROCHA, M. Taxa de câmbio, comércio exterior e desindustrialização precoce, o caso brasileiro. Economia e Sociedade, Campinas, v. 21, número especial, p. 853888, dez. 2012. MARCONI, M. ROCHA, M: Desindustrialização precoce e sobrevalorização da taxa de câmbio. IPEA 2011. Texto para discussão, n. 1681. MARINHO, E.; NOGUERIA, C.; ROSA, A. Evidências empíricas das leis de KaldorVardoorn para a indústria de transformação no Brasil de 1985 a 1997. RBE, Rio de Janeiro, jul/set. 2002 Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior: Balança Comercial Mensal. Disponível em: <http://www.desenvolvimento.gov.br/sitio/interna/interna.php?area=5&menu=1161> Acesso em: 27 dez. 2014 VERSIANI, F. As longas raízes do protecionismo: 1930 e as relações industriais entre Indústria e Governo. EconomiA, UnB, Brasília (DF), v. 13, n. 3b, p. 867-895, set/dez. 2012 OLIVEIRA, G. As políticas de proteção tarifária e estimulo industrial face à inserção internacional brasileira: Uma análise política com dados em painel. Economia, UnB, Brasília (DF), v. 12, n. 13, p. 517-551, set/dez. 2012 OOMES, N; KALCHEVA, K. Diagnosing Dutch Disease: does Russia have the symptoms? International Monetary Found. April 2007. Disponível em <http://www.imf.org/external/pubs/ft/wp/2007/wp07102.pdf > Acesso em: 18 jul. 2014 OREIRO, J; FEIJÓ, C. Desindustrialização: conceituação, causas, efeitos e o caso Brasileiro. Revista Econômica Política, v. 30, n. 2, p. 219-232, 2010. PEREIRA. J, M; KRUGLIANSKAS. I. Revista RAE- eletrônica (FGV- EAESP), v.4. Art. 18, jul/ dez 2005 Disponível em: <www.rae.com.br/eletronica/index.cfm?FuseAction=Artigos&ID=1912&secao=ARTIGOS& Volume=4&Numero=2&Ano=2005 > Acesso em: 24 nov. 2014 REIS, C; ALMEIDA J. A inserção do brasil nas cadeias globais de valor comparativamente aos BRIICS. Texto para discussão. IE/UNICAMP, Campinas, n. 233, maio 2014. TONEDO JUNIOR, R.; NAKABASHI, L; LOPES, G. Algumas considerações para elevar o crescimento da economia brasileira. Revista de Economia e Tecnologia (RET), v. 9, n. 1, p. 151-162, Jan/Mar 2013.