I SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE PESQUISA EM POLÍTICAS PÚBLICAS E DESENVOLVIMENTO SOCIAL Franca, 22 a 24 de setembro de 2014 UM ESTUDO SOBRE A RELAÇÃO ENTRE GESTÃO PÚBLICA ESCOLAR E AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DO PROFESSOR Silvia Cristina Soggio Del Monte1 Resumo: Este artigo vem apresentara relação entre os modelos de gestão burocrático e gerencial e a administração escolar, exaltando algumas dascaracterísticas que podemosencontrar na direção e organização das escolas. É tambémnossa intenção apresentar o PSO – Public Service Oriented, e as vantagens de se inserir seus conceitos nas escolas brasileiras, de modo a envolvertodos os indivíduos no processo educacional e torná-los parte integrante na formação dos menores em idade escolar.Visto que podemos encontrar no ensino público no Brasil características da burocracia, assim como o sistema de metas, que representa a influência da gestão gerencial na educação; verifica-se a necessidade de se humanizar a relação ensino-aprendizagem por meio de uma gestão participativa, que vislumbre os conceitos de accountability e equidade, próprios do PSO.Para tanto, embasamo-nos em textos de teóricos da gestão pública, formação de professores egestão participativa para traçar paralelos entre os temas. Palavras-chave: Burocracia; Gestão Gerencial; PublicService Oriented; Gestão; Participativa; Formação de Professores. A STUDY ABOUT THE RELATION BETWEEN THE MANAGEMENT OF PUBLIC SCHOOLS AND THE PEDAGOGICAL PRACTICES OF TEACHERS Abstract:This paper presents the relation between the bureaucratic and management approaches and the management of schools, highlighting some of the characteristics which can be found in its organization and management. It is also our purpose to present the PSO - Public Service Oriented approach and the advantages of inserting its concepts into Brazilian schools, in order to envolve people into the process of teaching school-age children. Once we can identify in Brazilian’s schools characteristics of bureaucracy, as well as a system of targets, that represents the influence of management approach into education; it is verified the necessity of humanizing the teaching-learning relation trough a participative management, that includes the concepts of accountability 1 Mestranda em Análise e Planejamento de Políticas Públicas – Universidade “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP/FCHS – Campus Franca; Bacharel em tradução inglês/português pela PUC-SP; Licenciada em Português/inglês pelo Uni-FACEF, e Especialista em Negócios Internacionais e Comércio Exterior pela UNIP. I SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE PESQUISA EM POLÍTICAS PÚBLICAS E DESENVOLVIMENTO SOCIAL Franca, 22 a 24 de setembro de 2014 and equity, which are specific of PSO. For that, we supported our research on texts from theoreticians of public management, teacher training and participative management approach in order to show a parallel among them. Keywords: Bureaucracy; Management Approach; Public Service Oriented Approach; Participative Management; Teacher Training. INTRODUÇÃO Desde o início da civilização moderna, tal qual a conhecemos hoje, os seres humanos procuram encontrar um sistema social que se adeque às necessidades do grupo em questão e tendem a sofrer alterações de modo a se readequar à realidade de seus indivíduos.Prova disso é o modo como muitos dos governantes buscam maneirasde atender às reivindicações de seus concidadãos e eleitores, já que os valores democráticos estão presentes em muitos dos países ocidentais. A educação também vem sendo objeto de discussões ao longo do mesmo período, pois estudiosos como John Dewey, atentam para o fato de que uma sociedade educada formal e universalmente, ou seja, na escola, é uma sociedade que integra todos os seus indivíduos, para que todos possam compreender seus pares e integrar-se ao sistema econômico e social de seus grupos. Com a intenção de apresentar a relação entre educação e gestão pública escolar, primeiramente iremos destacar algumas características dos modelos burocrático e gerencial de administração pública e que estão arraigados na estrutura e organização de nossas escolas. Posteriormente, apresentaremos o PSO – Public Service Orientation, que traz conceitos como accoutability e equidade, e que, se implantados nas instituições escolares brasileiras, pode melhorar a relação entre funcionários, professores, pais e alunos. Apresentados os modelos de gestão pública, tencionamos verificar seu lugar na gestão existente nas escolas públicas brasileiras - mais especificamente nas escolas públicas estaduais paulistas traçar um paralelo entre os diferentes modelos de gestão e o papel do diretor escolar perante seus subordinados e os efeitos que esse gestor tem na prática pedagógica dos professores. 1. GESTÃO BUROCRÁTICA, GERENCIALE PSO – PUBLIC SERVICE ORIENTED I SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE PESQUISA EM POLÍTICAS PÚBLICAS E DESENVOLVIMENTO SOCIAL Franca, 22 a 24 de setembro de 2014 Assim como muitos países ocidentais, o Brasil, desde a primeira metade do século passado, vem adotando modelos de gestão pública que propõem o crescimento e a organização do Estado, de forma a conter os desvios e igualar o atendimento à população. A burocracia e o gerencialismo foram uns dos mais empregados no ocidente, pois o primeiro visava garantir a ordem e a hierarquia dentro das repartições públicas; enquanto que o segundo buscava trazer ao serviço público a qualidade de atendimento, com a implantação de metas aos funcionários, por exemplo. 1.1 Gestão Burocrática A organização burocrática da administração pública foi implantada para solucionar problemas como o patrimonialismo e o clientelismo no setor público, e o agraciamento como retribuição de auxílios financeiros. Verificou-se que um sistema organizado de forma que cada funcionário exercesse um tipo de função pré-ordenada e estabelecida, seria garantia de que não existiriam atritos entre eles, e assim, seria possível existir maior cooperação dentro do setor, conforme afirma Pereira (2004). A essa organização foi dado o nome de Organização Burocrática, pois como Pereira (2004, s/n)explica: Uma organização ou burocracia é um sistema social racional, ou um sistema social em que a divisão de trabalho é racionalmente realizada tendo em vista os fins visados. O gênero próximo é o fato de a organização ser um tipo de sistema social, de conjunto de indivíduos que mantêm entre si relações sociais. A diferença específica é o fato de ser racional a divisão do trabalho existente dentro desse sistema social. Pensando que esse era o melhor método de se obter os resultados esperados, já que todos os esforços estão voltados para um trabalho racionalizado entre os indivíduos que trabalham nesse setor. Porém, a burocracia apresentou um excesso de normas legais racionalmente definidas, que estabeleceram um formalismo excessivo. Esse último expressa-se, segundo Pereira (2004), no fato de a autoridade derivar de um sistema de normas racionais, escritas, exaustivas, e que definem com precisão as relações de mando e subordinação, distribuindo atividades a serem realizadas de forma sistemática, sempre com vistas para os fins almejados. Outra característica intrínseca à burocracia é seu caráter hierárquico, ou seja, uma organização fortemente baseada no mando e subordinação mútua de autoridades mediante supervisão das inferiores pelos superiores, afirma o autor. I SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE PESQUISA EM POLÍTICAS PÚBLICAS E DESENVOLVIMENTO SOCIAL Franca, 22 a 24 de setembro de 2014 Notando que o sistema burocrático não atendia mais sozinho às demandas da sociedade moderna, buscaram novos métodos de gestão que se adequassem aos desafios da sociedade do século XX. Para tentar responder às demandas por um atendimento do setor público de melhor qualidade, a administração pública brasileira implantou o conceito de gestão gerencial. 1.2 Gestão Gerencial Quatro fatores contribuíram para a crise do Estado contemporâneo, afirma Abrucio (1997). O primeiro foram as crises econômicas mundiais do petróleo em 1973 e 79; o segundo foi a crise fiscal que se instaurou no ocidente; o terceiro fator foi a crença de que os governos estavam inaptos para gerirem seus países e resolverem seus problemas; e o quarto foi a globalização e os avanços tecnológicos que transformaram a lógica do setor produtivo e afetaram, também, o Estado. Consequentemente, segundo o autor, as organizações burocráticas foram afetadas, e seuspressupostos tiveram que ser revistos. A busca pela qualidade de atendimento gerou a necessidade de implantar-se outras medidas que a prezassem. As características do modelo gerencial de administração do setor público vieram de encontro com essa demanda social, pois suas prerrogativas eram, como afirma Abrucio (1997, p. 7): as de avaliação de desempenho, novas formas de controlar o orçamento e serviços públicos direcionados às preferências dos “consumidores”, métodos típicos do managerialism, são hoje parâmetros fundamentais a partir dos quais diversos países, de acordo com as condições locais, modificam as antigas estruturas administrativas. Dentre as mudanças efetuadas nas estruturas administrativas do Estado, afirma Abrucio (1997) está a redução do papel do Estado, dentro de um processo de modernização do setor público, com conceitos como a busca contínua da qualidade, da descentralização e da avaliação dos serviços públicos pelos consumidores/cidadãos. Desse modo, novamente, buscou-se um novo modelo de gestão pública que agregue os conceitos de organização da burocracia e de qualidade do modelo gerencial, e apresente novas propostas de gestão que atendam às reivindicações I SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE PESQUISA EM POLÍTICAS PÚBLICAS E DESENVOLVIMENTO SOCIAL Franca, 22 a 24 de setembro de 2014 da sociedade. A proposta encontrada foi, então, apresentar o conceito de PSO – Public Service Oriented – que acrescenta os conceitos de accountability e equidade à gestão pública. 1.3 Public Service Oriented No PSO, salienta Abrucio (1997), a esfera pública é vista como um local de aprendizagem social, o local de participação dos cidadãos, pois eles aprendem através do debate político e resgatam ideais dentro desse conceito mais amplo, que se utiliza da transparência como forma de tentar se blindar contra o clientelismo e o corporativismo. No que tange a administração pública, deve haver cooperação entre os diversos setores governamentais, de modo a obter um melhor resultado global na oferta de serviços, ou seja, conjugação entre accountability– responsabilidade coletiva - e justiça/equidade para se criar uma nova cultura cívica, que congregue políticos, funcionários e cidadãos. Nesse contexto, o administrador público deve possuir flexibilidade e versatilidade, principalmente se fizer parte dos médio e alto escalão burocráticos. A esses requisitos, Abrucio (1997) acrescenta que, o indivíduo que estiver ocupando um cargo administrativo de gestor deve agregar habilidades de administrador, ao trabalhar com os regulamentos rotineiros; de produtor, ao buscar o aumento da produtividade com qualidade; de inovador, sendo capaz de encontrar novas respostas e modernizar o fluxo de decisões; e de integrador, quando é capaz de congregar seu grupo e atuar em conjunto na busca de um objetivo. 2. GESTÃO ESCOLAR E OS DESAFIOS DE UMA ADMINISTRAÇÃO PARTICIPATIVA A escola, como qualquer outra instituição, precisa ter em seu quadro de funcionários um gestor que possa responder por ela. Portanto, faz-se mister explanar o significado do termo “gerir”. O conceito compreende uma gama de habilidades que incluem planejar, organizar, dirigir, comunicar, motivar e controlar os integrantes da I SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE PESQUISA EM POLÍTICAS PÚBLICAS E DESENVOLVIMENTO SOCIAL Franca, 22 a 24 de setembro de 2014 organização de forma a atingir seus objetivos, pois o papel de gestor exige preparo, conhecimento e habilidade para atuar, inclusive, em situações adversas. Relações sociais podem influenciar o resultado das propostas a serem implementadas na escola, uma vez que podem alavancar ou estagnar a conclusão dos objetivos propostos pela administração da instituição e/ou dos demais grupos dentro do ambiente escolar, como afirma Souza (2014).Mas como fazer para que todos os membros que constituem a instituição escolar contribuam conjuntamente, dispostos a seguir e alcançar os mesmos objetivos? Bastos e Almeida (2014, p. 2), afirmam que: um novo posicionamento da escola como instituição de ensino sistematizadopara as novas gerações e, portanto, elemento central das atenções da sociedade, decorredo reconhecimento de que a educação constitui valor estratégico para odesenvolvimento social e, por consequência, para a qualidade de vida das pessoas. No contexto de gestão escolar democrática ou participativa, é importante ressaltar que o meio para assegurá-la é implatar a participação, possibilitando, como afirma Libâneo (2010), o envolvimento de todos os integrantes da escola no processo de tomada de decisão e no funcionamento da organização escolar. O conceito de participação perpassa, segundo os autores, o conceito da autonomia, que infere ao respeito às diferentes opiniões e ações que convergem para a construção conjunta de objetivos e processos no ambiente de trabalho. O papel do diretor, nesse contexto, vai além da mobilização das pessoas para a realização eficaz das atividades. De acordo com Libâneo (2010), ser diretor implica em definir o rumo educativo, a tomada de posição ante objetivos escolares sociais e políticos em uma sociedade concreta e fazer cumprir a função social de mediação entre os objetivos políticos e pedagógicos. 3. GESTÃO PARTICIPATIVA E AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DO PROFESSOR Os princípios da gestão democrático-participativa, de acordo com libâneo (2010), são a autonomia da escola e da comunidade participatica; a relação orgânica entre direção e membros da equipe escolar; envolvimento da sociedade nos processos escolares; planejamento de atividades e formação continuada para o desenvolvimento pessoal e profissional dos integrantes da equipe; avaliação I SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE PESQUISA EM POLÍTICAS PÚBLICAS E DESENVOLVIMENTO SOCIAL Franca, 22 a 24 de setembro de 2014 compartilhada; relações humanas produtivas e criativas, dentre outras, porém, sempre em busca de objetivos comuns. Para Ferreira (2014, p. 83), descentralizar a gestão escolar implica em: superar ascondições que tolhem a ação dos sujeitos, possibilitando-lhes autonomia eparticipação. É esta uma dificuldade, porque as escolas, muitas vezes,emaranham-se tão-somente no cumprimento de aspectos burocráticos,evidência da regulação característica de um Estado cada vez mais mínimo,relegando a segundo plano os sujeitos, suas ações e desejos. Ao possibilitar que o professor liberte-se das amarras da tradição burocrática e invista em sua capacidade de produzir conhecimento e repassá-lo aos seus alunos, a diretoria da escola estará fazendo com que o educador encontre seu lugar na sociedade e uma razão a mais para desejar melhorar suas práticas pedagógicas. Pois, segundo Ferreira (2014, p. 92): O que faz a importância do trabalho na vida humana não ésomente o fato de ser a maneira de interferir na natureza, gerando onecessário para sua existência. Inclui também a possibilidade de, através dotrabalho, o ser humano se autoproduzir, tornar-se cada vez mais humano,entender-se e ampliar suas possibilidades de vida cidadã. Cidadania implica não somente nos direitos de um indivíduo, mas no cumprimento de seus deveres para com a sociedade em que vive e sua participação na vida pública e política de sua comunidade. Portanto, Ferreira (2014) ao discorrer sobre o trabalho dos professores, afirma que eles se autoproduzem como sujeitos enquanto interagem com seus alunos buscando a efetiva condição social do projeto educativo: a educação para todos com qualidade e visando a emancipação, entendida como sendo a “capacidade que cada sujeito possui de, mediante suas relações sócio históricas, poder dispor para sua vida e trabalho, tendo condições de escolher, inserindo-se, paulatinamente, como cidadão, em seu meio e em sua cultura (FERREIRA, 2014, p. 95).” O ato de educar exige do indivíduo que se propõe a empreender tal tarefa, a nãosó observar, mas confrontar as particularidades entre os sujeitos em torno da escola. E é de desafio do professor educar na heterogeneidade dos sujeitos, transformando-os em cidadãos capazes de atuarem competentemente nas diversas esferas da atividade humana. I SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE PESQUISA EM POLÍTICAS PÚBLICAS E DESENVOLVIMENTO SOCIAL Franca, 22 a 24 de setembro de 2014 É importante, portanto,tomar a escola como contexto de ação e formaçãodos professores, e considerar o professor um agente importantede todo o processo de mudança educacional, levando em conta o currículocomo espaço de intervenção. Com isso, o trabalho do professor em um contexto de gestão participativa será o de contribuir para o objetivo prioritário da instituição, que é o processo de ensino-aprendizagem, afirma Libâneo (2010). CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao nos propormos a discorrer sobre a gestão pública escolar e o trabalho do professor, iniciamos nosso caminho explanandosobre os diferentes modelos de gestão que há no mundo atualmente: o modelo burocrático, o gerencial e o PSO – Public Service Oriented. Averiguamos suas características, funções e históricos, em busca de constatar qual deles poderia vir a ser o modelo ideal para ser utilizado nas escolas que são administradas de forma participativa. Ao final de nosso estudo, apesar de não ser nossa intenção esgotar o estudo sobre a relação entre os modelos de gestão pública na escola e sua influência nas práticas pedagógicas do professor, pudemos mensurar a importância de cada um desses modelos de gestão pública dentro da instituição escolar, pois não há um único modelo que possa abarcar e solucionar todos os desafios, necessidades e atribuições de uma escola. O modelo gerencial de administração pública apresenta-se na escola em forma de indicadores de qualidade a serem alcançados por professores e avaliações, como o Saresp– do governo do estado de São Paulo - e a Prova Brasil – do governo federal, que procuram identificar a qualidade do ensino e da aprendizagem dos alunos. Essas avaliações são métodos de mensurar e controlar o orçamento e serviços públicos direcionados para atender às preferências de seus usuários, como Abrucio (1997) afirma. O modelo burocrático de gestão pública pode ser verificado no modo como a escola se estrutura, pois existe uma hierarquização e divisão de trabalho bem delineada na instituição escolar, onde o professor tem o papel de ministrar aulas, o diretor e o coordenador pedagógico devem atuar como gestores administrativos e de I SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE PESQUISA EM POLÍTICAS PÚBLICAS E DESENVOLVIMENTO SOCIAL Franca, 22 a 24 de setembro de 2014 vículo com os demais profissionais dentro do ambiente escolar, pois, como aponta Pereira (2014), um sistema burocrático é um sistema social racional, ou um sistema social em que a divisão de trabalho é racionalmente realizada tendo em vista os fins visados. O PSO, por sua vez, tem como premissa o conceito de cidadão, de accountability e de equidade é o modelo de gestão que menos aparece dentro das escolas brasileiras, e que melhor se encaixaria no contexto de sujeitos dotados de autonomia e participação social e política. Pois, como ressalta Abrucio (1997), a esfera pública é vista como um local de aprendizagem social e o local de participação dos cidadãos, a escola, é o espaço no qual as crianças aprendem a conviver em grupo e respeitar características sociais do mesmo, adquirindo a habilidade de se integrar como cidadão. Como bem ressalta Libâneo (2010, p. 387), o diálogo e o compartilhamento de significados entre pessoas da comunidade escolar possibilita à escola como um todo adquirir experiência, acumular recursos cognitivos e operacionais, construir competências coletivas. Esse modo de organizar a escola, através do diálogo e compartilhamento, possibilita também maior envolvimento dos professores com sua formação, porque podem discutir questões de seu trabalho com base em necessidades reais, continua o autor. As crianças e jovens não aprendem conhecimentos, habilidades, atitudes e valores apenas em sala de aula, mas na vivência cotidiana com a família, colegas e no ambiente escolar. Por esse motivo, Libâneo (2010) ressalta que muitos dos aspectos de desenvolvimento moral e social dos alunos dependem da interiorização de normas e princípios, aprendidos socialmente, em contextos de interação. Portanto, professores precisam ter a sua disposição a legislação escolar, suas normas e disposições administrativas, assim como infraestrutura, que envolvem desde o edifício escolar até recursos financeiros. O funcionamento da escola e, sobretudo, a qualidade da aprendizagem dos alunos dependem, de acordo com Libâneo (2010), de boa direção e de formas democráticas e eficazes de gestão do trabalho escolar. Uma escola bem organizada, diz o autor, administra com eficiência seus recursos materiais e financeiros, assim como o I SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE PESQUISA EM POLÍTICAS PÚBLICAS E DESENVOLVIMENTO SOCIAL Franca, 22 a 24 de setembro de 2014 trabalho de seu pessoal, e emprega processos e procedimentos de gestão, propiciando as condições favoráveis às atividades de ensino e aprendizagem. Ao valorizar o profissional, sua constante busca por aperfeiçoamento e seu valor enquanto indivíduo que possui um conhecimento de mundo importante para a formação dos alunos que estão sob sua custódia, os resultados obtidos pelas escolas nos indicadores de qualidade e desempenho gerenciais tenderão a elevar-se, uma vez que tais funcionários trabalharão mais motivados e mais comprometidos com as metas designadas. O trabalho do gestor também poderá ser beneficiado, se houver uma distribuição de tarefas de forma participativa, na qual sejam partes integrantes os funcionários administrativos, o corpo docente, os alunos e a sociedade. Com o intuito de transformar a escola em um local de ensino-aprendizagem efetivo e agradável, buscando a formação integral dos estudantes, tornando-os sujeitos críticos e atuantes na sociedade e com a participação consciente de todos os sujeitos inseridos no contexto escolar. I SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE PESQUISA EM POLÍTICAS PÚBLICAS E DESENVOLVIMENTO SOCIAL Franca, 22 a 24 de setembro de 2014 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABRUCIO, Fernando Luiz. O impacto do modelo gerencial na administração pública: um breve estudo sobre a experiência internacional recente.In: Cadernos ENAP. Disponível em: <http://www.enap.gov.br/downloads/ec43ea4fAbrciocad%2010.pdf> Acesso em 14 julho 2014. ALMEIDA, Djanira S. de Oliveira; BASTOS,Luciene D. de Souza. Perspectivas da gestão escolar. 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