ipomoeae horsfalliae - Instituto Biológico

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DIVULGAÇÃO
Albugo ipomoeae-panduratae
sobre ipomea TÉCNICA
ornamental (Ipomoeae horsfalliae).
ALBUGO IPOMOEAE-PANDURATAE SOBRE IPOMEA
ORNAMENTAL (IPOMOEAE HORSFALLIAE)
L.N. Coutinho, C.C. Aparecido, M.B. Figueiredo*
Instituto Biológico, Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Sanidade Vegetal, Av. Cons. Rodrigues Alves,
1252, CEP 04014-002, São Paulo, SP, Brasil. E-mail: [email protected]
RESUMO
Com o crescente aumento no consumo de flores e plantas ornamentais espécies rústicas que,
antigamente, apenas possuíam qualidade ornamental, passaram a ser cultivadas e melhoradas
com a finalidade de produção comercial. Devido a essa intensificação no cultivo estabeleceu-se
doenças que antes eram menos freqüentes ou mesmo ausentes. Fez-se presente em níveis que
poderiam limitar a produção e comercialização. Recentemente, foi recebida pelo Laboratório de
Micologia Fitopatológica, para análise, a planta conhecida vulgarmente como ipomeia rubra
(Ipomoeae horsfalliae), cujas flores apresentam coloração rosa-arroxeada, com um grande número
de deformações e galhas nas hastes principais e secundárias, assim como nas flores. Estudos
detalhados sob estereomicroscópio (lupa) e microscopia óptica permitiram a identificação do
fungo Albugo ipomoeae-panduratae, pertencente à ordem Peronosporales, família Albuginaceae.
Este microrganismo é o agente causal do grupo de doenças conhecido por "ferrugem branca".
PALAVRAS-CHAVE: Planta ornamental, ipomeia, ferrugem branca.
ABSTRACT
ALBUGO IPOMOEAE-PANDURATAE ON "CARDINAL CREEPER" (IPOMOEAE
HORSFALLIAE). The flowers and ornamental plants are growing, bringing jobs and taking an
economical importance in Brazil since 1992. Among a large number of ornamental plants the
cardinal creeper also named Prince's Vine or Lady Doorly's Morning Glory is a member of the
large Morning Glory family that have been cultivated in the State of São Paulo, Brazil. Recently the
laboratory of Phytopathological Mycology received material of cardinal creeper showing the
presence of a pathogenic fungus, causing deformations and galls in the main and secondary vines
and also in the flowers. The pathogen causing these symptoms, showing pustules with catenulate
zoospores was identified as Albugo ipomoeae-panduratae, the agent of the so-called "white rust".
KEY WORDS: Cardinal creeper, ornamental plant, white rust.
O mercado de flores e plantas ornamentais cresce
desde 1992 mostrando-se como importante gerador
de empregos e distribuição de renda. Tal crescimento
é resultado da especialização e melhora das técnicas
de cultivo e especialização (KAMPF, 2000). A partir da
década de 80, os produtores passaram a utilizar
tecnologia moderna e estruturas especiais de cultivo.
Segundo ARRUDA et al. (1996), a floricultura paulista
gera cerca de vinte e oito mil empregos nas atividades
de produção, distribuição e comércio.
As características mais importantes neste mercado
em crescimento são a qualidade e sanidade do produto
e, por este motivo, as plantas não devem apresentar
qualquer problema que as deprecie comercialmente.
Entretanto, inúmeros fungos afetam um grande número de espécies ornamentais, resultando na sua
inutilização para os fins que se destinam. Para evitar
esse problema, é necessária a correta identificação dos
patógenos, o que resulta na adoção de medidas corretas e rigorosas de controle, possibilitando que as exigências do mercado sejam atendidas.
Com a utilização crescente de inúmeras plantas
rústicas que, há tempos atrás não apresentavam
significado comercial, o problema das doenças
fúngicas tem crescido substancialmente. Tais plantas passaram a ser aproveitadas, principalmente,
devido à coloração e beleza de suas flores. É o que
ocorre com a espécie Ipomoeae horsfalliae Hook. co-
*Bolsista de Produtividade em Pesquisa CNPq.
Biológico, São Paulo, v.66, n.1/2, p.15-17, jan./dez., 2004
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nhecida, vulgarmente, como ipoméia-rubra ou trepadeira cardeal, devido à coloração rosa-arroxeada de
suas flores (LORENZI & SOUZA, 2001). Esta é uma trepadeira semi-herbácea, perene, originária das Índias Ori-
entais e, pertencente à família Convolvulaceae. Apresenta crescimento moderado e, sendo bastante utilizada em projetos paisagísticos para o revestimento
de grades, treliças, muros, portais e cercas.
Prancha 1 – A, B e C - Sintomas provocados em ipoméia ornamental devido à infecção por Albugo ipomoeae-panduratae,
agente causal da ferrugem branca. D – Esporângios catenulados. E – Detalhe de esporângio.
Biológico, São Paulo, v.66, n.1/2, p.15-17, jan./dez., 2004
Albugo ipomoeae-panduratae sobre ipomea ornamental (Ipomoeae horsfalliae).
Recentemente, o Laboratório de Micologia
Fitopatológica do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Sanidade Vegetal, Instituto Biológico, recebeu material para exame, determinação e identificação de um
patógeno que estava causando um grande número de
deformações e galhas nas hastes principais e secundárias da planta, assim como nas flores (Prancha 1). Tais
deformações eram tão intensas que se assemelhavam
àquelas causadas por Agrobacterium tumefasciens em
plantas suscetíveis. Estudos detalhados, por
microscopia estereoscópica e óptica permitiram a identificação do fungo como Albugo ipomoeae-panduratae,
agente causal da doença denominada "ferrugem branca", que atinge folhas, caule e flores. O microrganismo
pertence à ordem Peronosporales, família Albuginaceae.
O primeiro sintoma observado é o aparecimento
de pequenas manchas amareladas nas folhas. Posteriormente, estas áreas crescem, ocorrendo o rompimento da face inferior, expondo grande quantidade
de zoosporângios do patógeno (SILVEIRA, 1950). Além
das manchas foliares, também, pode ocorrer a deformação dos órgãos florais, caracterizada pelo
entumescimento e contorção das hastes, em forma de
U ou S, conforme foi observado no material recebido
para análise (Prancha 1).
O desenvolvimento da doença é favorecido por
temperaturas variando entre 10º e 20º C, umidade
elevada e presença de água livre. O patógeno apresenta micélio contínuo e bem ramificado, que toma
completamente os tecidos do hospedeiro, emitindo
grande número de haustórios para o interior das
células parasitadas. Este micélio origina
zoosporangióforos curtos, medindo 35-40 x 15-17 mm,
com 10 a 12 zoosporângios formados em cadeia
(SILVEIRA, 1950). Estes zoosporângios são globosos,
medem entre 15 a 18 mm de diâmetro, têm as paredes
espessas e são unidos por uma substância que se dissolve devido à elevada umidade (Prancha 1). Os
zoosporângios originam de 6 a 18 zoósporos.
O patógeno já foi constatado sobre inúmeras
convolvuláceas do gênero Ipomoeae, porém este é o
primeiro ataque severo sobre a planta ornamental
Ipomoeae horsfalliea, que tem sido cultivada amplamente
para fins paisagísticos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARRUDA , S.T.; OL I V E T T E , M.P.A.; CASTRO , C.E.F. Diagnóstico
da floricultura do Estado de São Paulo. Rev. Bras. Hort.
Ornamental, v.2, n.2, p.1-18, 1996.
KAMPF , A.N. (Coord.) Produção comercial de plantas ornamentais. Guaíba: Agropecuária, 2000. 254p.
LORENZI , H. & SOUZA , H. M. Plantas ornamentais no Brasil:
arbustivas, herbáceas e trepadeiras. 3.ed. Nova Odessa:
Instituto Plantarum, 2001. 1008p.
SILVEIRA , V.D. Elementos de fitopatologia. Rev. Agronomia,
p.297-327, 1950.
Biológico, São Paulo, v.66, n.1/2, p.15-17, jan./dez., 2004
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