UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS FACULDADE DE BIOMEDICINA DANIELA SUELI GUERREIRO RODRIGUES CARACTERIZAÇÃO MOLECULAR E FILOGEOGRAFIA DE CEPAS DO VÍRUS DA ENCEFALITE DE SAINT LOUIS ISOLADAS NO ESTADO DO PARÁ, BRASIL. BELÉM 2011 DANIELA SUELI GUERREIRO RODRIGUES CARACTERIZAÇÃO MOLECULAR E FILOGEOGRAFIA DE CEPAS DO VÍRUS DA ENCEFALITE DE SAINT LOUIS ISOLADAS NO ESTADO DO PARÁ, BRASIL. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Biomedicina do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Pará, como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Biomedicina. Orientador: Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos BELÉM 2011 DANIELA SUELI GUERREIRO RODRIGUES CARACTERIZAÇÃO MOLECULAR E FILOGEOGRAFIA DE CEPAS DO VÍRUS DA ENCEFALITE DE SAINT LOUIS ISOLADAS NO ESTADO DO PARÁ, BRASIL. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Biomedicina do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Pará, como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Biomedicina, aprovado com conceito. _________________________ Belém (PA), 30 de Novembro de 2011. Banca Examinadora: ____________________________________ Dra. Lívia Carício Martins ____________________________________ Dr. Márcio Roberto Teixeira Nunes ____________________________________ Dra. Ana Cecília Ribeiro da Cruz i O Senhor é o meu pastor, nada me faltará. Deitar-me faz em verdes pastos, guia-me mansamente a águas tranqüilas. Refrigera a minha alma; guia-me pelas veredas da justiça, por amor do seu nome. Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque Tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam. Preparas uma mesa perante a mim na presença dos meus inimigos, unges a minha cabeça com óleo, o meu cálice transborda. Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na casa do Senhor por longos dias. Salmo 23 ii DEDICATÓRIA Dedico este Trabalho de Conclusão de Curso a minha mãe querida, fonte de inspiração, que me ensinou a caminhar quando criança e segurou minhas mãos nos primeiros passos da formação científica. iii AGRADECIMENTOS - Agradeço a Deus por todas as lições que tem me proporcionado, por ter sido meu porto seguro e meu esteio em todos os momentos de minha vida. - Aos meus pais, Daniel e Sueli, pelo amor a mim dedicado e por procurarem me proporcionar sempre a melhor educação, seja em casa, ou no trabalho. - À minha irmã Danielen por sua amizade e companheirismo. - À coordenação e aos professores da Faculdade Biomedicina/ICB/UFPA pelo apoio e pelos ensinamentos ao longo destes quatro anos de aprendizado. - Ao Instituto Evandro Chagas na pessoa da Diretora, Dra. Elizabeth Santos, pela contribuição na minha formação acadêmica mediante os estágios disponibilizados. - Ao PIBIC/IEC na pessoa da Coordenadora, Dra. Joana Mascarenhas, pela liberação do trabalho de iniciação cientifica para ser utilizado como parte desde Trabalho de Conclusão de Curso. - Ao Dr. Márcio Nunes pela orientação no projeto por mim desenvolvido no PIBIC/IEC. - Ao Dr. Pedro Vasconcelos pela orientação no Trabalho de Conclusão de Curso, pelo incentivo e por acreditar em meu potencial. - Aos amigos da Seção de Arbovirologia e Febres Hemorrágicas do Instituto Evandro Chagas que contribuíram direta ou indiretamente para a execução deste trabalho. iv SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 1 1.1 ARBOVÍRUS ................................................................................................. 1 1.2 FLAVIVÍRUS ................................................................................................. 2 1.3 O VÍRUS DA ENCEFALITE SAINT LOUIS (VESL). ....................................... 3 1.3.1 Estrutura viral .......................................................................................... 4 1.3.2 Genoma viral ............................................................................................ 5 1.3.3 Proteínas virais ........................................................................................ 5 1.3.4 Ciclo de vida e replicação viral .............................................................. 7 1.3.5 Ciclo de transmissão .............................................................................. 9 1.3.6 Análise filogenética ............................................................................... 10 1.3.7 Filogeografia .......................................................................................... 11 2 JUSTIFICATIVA ................................................................................................ 14 3 OBJETIVOS....................................................................................................... 15 4 3.1 PRINCIPAL ................................................................................................. 15 3.2 SECUNDÁRIOS .......................................................................................... 15 MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................. 16 4.1 AMOSTRA .................................................................................................. 16 4.2 CARACTERIZAÇÃO MOLECULAR ............................................................ 16 4.2.1 Estoque viral .......................................................................................... 16 4.2.2 Extração de RNA viral ........................................................................... 17 4.2.3 Amplificação do Genoma Viral ............................................................. 19 4.2.4 Purificação ............................................................................................. 21 4.2.5 Quantificação de cDNA ......................................................................... 22 v 4.2.6 Sequenciamento nucleotídico .............................................................. 22 4.2.6.1 Reação de sequenciamento .......................................................... 22 4.2.6.2 Precipitação do produto da reação de sequenciamento ............ 22 4.2.6.3 Sequenciamento automático......................................................... 23 4.2.7 Análise das sequências nucleotídicas ................................................ 24 4.2.8 Análise filogenética do gene E ............................................................. 24 4.2.9 Análise filogeográfica do VESL............................................................ 25 5 RESULTADOS .................................................................................................. 28 5.1 IDENTIFICAÇÃO DO GENE, SEQUENCIAMENTO NUCLEOTÍDICO E ANÁLISE FILOGENÉTICA..................................................................................... 28 5.2 FILOGEOGRAFIA DO VESL NO ESTADO DO PARÁ ................................ 31 6 DISCUSSÃO ...................................................................................................... 36 7 CONCLUSÕES .................................................................................................. 38 REFERÊNCIA............................................................................................................39 ANEXO 1....................................................................................................................50 vi Lista de Figuras Figura 1: Esquema da estrutura dos flavivírus............................................................4 Figura 2: Apresentação esquemática do genoma e processamento da poliproteína dos flavivírus.................................................................................................................6 Figura 3: Replicação e ciclo de vida dos flavivírus. (A) Adsorção do vírus e entrada na célula por endocitose. (B) Fusão das membranas viral e celular na vesícula endossomal, desmontagem do vírus e liberação do RNA viral para o citoplasma. (C) Tradução e processamento do RNA viral. (D) Replicação do genoma viral. (E) Brotamento da particular viral imatura na membrana do reticulo endoplasmático (RE). (F) Maturação viral na rede trans-golgi (RTG), por meio da clivagem de prM mediada por furinas. (G) Saída da particular viral madura do citoplasma celular. Os números nos quadros coloridos referem-se ao pH nos respectivos compartimentos celulares.......................................................................................................................8 Figura 4: Ciclo de transmissão do VESL.....................................................................9 Figura 5: Distribuição dos genótipos V e VIII e respectivos subgenótipos do SLEV na Amazônia Brasileira....................................................................................................12 Figura 6: Esquema de extração de RNA pelo método do Trizol LS..........................18 Figura 7: Representação esquemática da RT-PCR..................................................20 Figura 8: Fragmentos de cDNA referentes ao Gene E do VESL, em gel de agarose a 1,2%. PM- peso molecular; 1- fragmento com par de primers F880/B1629; 2fragmento com par de primers F1390/B2047; 3- fragmento com par de primers F1990/B2586..............................................................................................................28 Figura 9: Análise filogenética, empregando método Bayesiano, com base no gene E de 55 cepas do VESL, sendo 14 cepas desse estudo (amostras em vermelho). Os valores Bayesianos aparecem próximos aos nós da árvore......................................30 Figura 10: Distribuição geográfica dos genótipos V e VIII referentes às 14 cepas do VESL isolada de mosquitos do gênero Culex no Estado do Pará, 1964 a 2002.......31 Figura 11: Rota de dispersão do VESL da Mesorregião do Sudoeste Paraense para a Mesorregião Metropolitana de Belém......................................................................32 Figura 12: Dispersão do VESL para as mesorregiões do Baixo Amazonas, Sudeste e Nordeste Paraense, a partir da Região Metropolitana de Belém............................33 vii Figura 13: Dispersão VESL para as Mesorregiões do Baixo Amazonas, e Sudeste Paraense partindo do sudoeste paraense.................................................................34 Figura 14: Síntese da rota histórica do VESL entre as mesorregiões do estado do Pará............................................................................................................................35 viii RESUMO Introdução: O Vírus da encefalite Saint Louis (VESL; Flavivirus, Flaviviridae), amplamente distribuído nas Américas, pode causar desde síndromes febris até menigoencefalite fatal. Na Amazônia Brasileira, este vírus tem sido isolado de várias espécies de aves silvestres e mosquitos, principalmente, do gênero Culex. A caracterização genética do VESL tem sido baseada no gene E (envelope). Objetivos: Realizar a analise filogenética e filogeografica de cepas do VESL isoladas no Pará a partir de mosquitos do gênero Culex. Material e Métodos: Quatorze cepas do VESL, isoladas no período de 1964 a 2002, foram analisadas. O RNA viral foi extraído pelo método do TRIZOL LS Reagente (Invitrogen, USA) a partir do sobrenadante de culturas de células VERO infectadas com as referidas cepas. O Gene E, amplificado por RT-PCR e purificado, seqüenciado e empregado na análise filogenética e filogeográfica, optando-se pelo, o método Bayesiano, dentre outros empregados, por apresentar melhor valor de suporte. Sequências do Gene E do VESL disponíveis no GenBank foram empregadas para dar suporte às análises. Resultados: Das 14 cepas de VESL, sete pertencem ao genótipo V (cinco VA e duas VB) e 7 à nova linhagem VIII (três VIIIA e quatro VIIIB). Os genótipos V e VIII foram detectados nos municípios de diferentes mesorregiões, incluídos no estudo: Belém (subgenótipos VA, VB e VIIIB), Tucuruí (subgenótipos VA e VIIIA), Altamira (subgenótipos VIIIA), Medicilândia (subgenótipos VA) e Faro (subgenótipos VA e VIIIB). O VESL emergiu na Mesorregião do Sudoeste Paraense de onde se dispersou para a região da capital do Estado, Mesorregião Metropolitana de Belém (MMB), na década de 1960. Da MMB se dispersou para a Mesorregião do Baixo Amazonas (MBA) e do Sudeste Paraense (MSEP), nas décadas de 1970-80. O VESL foi reintroduzido na MBA e MSEP a partir do Sudoeste Paraense, na década de 1990. Conclusão: As cepas do VESL estudadas pertencem ao genótipo V (subgenótipo VA e VB) e ao genótipo VIII (subgenótipo VIIIA e VIIIB); e evidenciaram a implicação dos mosquitos do gênero Culex na manutenção do genótipo V e VIII do VESL no Estado do Pará. O VESL teve ampla dispersão entre as mesorregiões do Estado do Pará, após emergir no Sudoeste Paraense e dispersar-se para a região metropolitana de Belém, capital do Estado do Pará. Palavras-chaves: Encefalite Saint Louis, Flavivirus, Arbovírus, Culex, gene E. 1 1 1.1 INTRODUÇÃO ARBOVÍRUS Os arbovírus, do inglês arthropod-borne virus, foram assim designados por constituírem um grupo de vírus que é transmitido biologicamente por meio da picada de um artrópode hematófago infectado para um vertebrado suscetível após um período de incubação extrínseco. A manutenção destes vírus em ambiente silvestre ocorre mediante um ciclo enzoótico que envolve artrópodes, geralmente mosquitos, como vetores, e animais vertebrados, como hospedeiros virais (WHO, 1967). Entretanto, a infecção por arbovírus também pode ocorrer em humanos, principalmente em pessoas que exercem atividades próximas a regiões onde ocorrem os ciclos de manutenção desses vírus. Além disso, também tem sido verificada a ocorrência de arboviroses em áreas urbanas no Brasil, sob a forma endêmica e/ou epidêmica, como exemplo, Dengue e Oropouche (Travassos da Rosa et al., 1997). Encontram-se registrados cerca de 537 arbovírus no Catálogo Internacional dos Arbovírus (Karabatsos et al., 2002), dos quais 134 são considerados causadores de doença humana (Gubler, 1998). De acordo com suas características antigênicas os arbovírus estão distribuídos em 63 grupos antigênicos. Por esta classificação, cada sorogrupo é formado por dois ou mais vírus relacionados antigenicamente, de acordo com um ou mais testes sorológicos (Casals, 1957). Os arbovírus possuem uma classificação taxonômica bastante diversificada, e são distribuídos em famílias de acordo com as suas características físico-químicas. As principais famílias dos arbovírus são: Bunyaviridae, Flaviviridae, Reoviridae, Rhabdoviridae e Togaviridae. Porém, sabe-se que vários vírus dessas famílias não são transmitidos por artrópodes e não são considerados como arbovírus, além desses existem outros que ainda não foram classificados taxonomicamente (Travassos da Rosa et al., 1997). Diversos vírus da família Flaviviridae, gênero flavivirus constituem importante causa de doença em humanos e animais, alguns dos quais se encontram distribuídos mundialmente (Gubler et al. 2006). O Vírus da encefalite Saint Louis (VESL) é um flavivírus encefalitogênico que se encontra amplamente distribuído nas Américas (Gubler et al., 2006). 2 1.2 FLAVIVÍRUS Os flavivírus compreendem cerca de 70 vírus, dos quais 53 são considerados arbovírus, sendo que 27 são transmitidos por mosquitos, 12 são transmitidos por carrapatos, e 14 são agentes zoonóticos com vetor desconhecido (ICTV, 2005). Desse total, 40 vírus são conhecidos por causar doenças em humanos, sendo 22 vírus transmitidos por mosquitos, 13 transmitidos por carrapatos e cinco vírus classificados com agentes com vetor desconhecido (Gubler et al., 2006). Estruturalmente, os flavivírus são partículas esféricas, de aproximadamente 50nm de diâmetro, constituídas por um núcleocapsídeo, de simetria icosaédrica, com cerca de 30nm, envolto por um envelope lipídico (Murphy, 1980; Chambers & Monath, 2003). O genoma dos flavivírus corresponde a uma fita simples de RNA de polaridade positiva com aproximadamente 11.000 nucleotídeos (Rice et al., 1986). Considerando as características clínicas, ecológicas, e também os vetores e hospedeiros de cada flavivírus, foi possível agrupá-los em quatro grandes grupos evolutivos: dois grupos de vírus transmitidos por mosquitos, um grupo de vírus transmitido por carrapatos e outro grupo de vírus com vetores desconhecidos (Gould et al., 2003). Atualmente, a análise parcial ou total do genoma de um número crescente de flavivírus possibilitou a construção de árvores filogenéticas, que confirmaram esses agrupamentos por meio de padrões característicos de ramificação devido o relacionamento (proximidade) filogenético (Gould et al., 2003). Desta maneira, os flavivírus transmitidos por mosquitos são divididos em dois grandes grupos evolutivos (Gaunt et al., 2001; Kramer & Ebel., 2003; Sabin et al., 1959), um é formado pelos flavivírus encefalitogênicos, os quais correspondem ao grupo da encefalite japonesa, que inclui: o Vírus da encefalite Japonesa, o Vírus do Nilo Ocidental, o Vírus da encefalite Murray Valley, o Vírus Rocio e o VESL; o outro grupo evolutivo é formado por vírus viscerotrópicos que podem causar febre hemorrágica, onde se incluem o Vírus da Febre Amarela e o Vírus Dengue (Gubler et al., 2002). De modo geral, os flavivírus transmitidos por mosquitos possuem dois principais ciclos de manutenção, cada um correspondendo especificamente a um dos grupos evolutivos. O ciclo de manutenção dos vírus encefalitogênicos ocorre 3 entre aves, como hospedeiros vertebrados naturais, e mosquitos do gênero Culex, como vetores primários, enquanto a manutenção dos vírus viscerotrópicos ocorre em um ciclo silvestre, entre primatas não humanos e mosquitos dos gêneros Aedes e Haemagogus como vetores primários (Gubler et al., 2006). 1.3 O VÍRUS DA ENCEFALITE SAINT LOUIS (VESL). O VESL pode causar infecção inaparente ou aparente em seres humanos; cujas manifestações clínicas vão desde síndrome febril a menigoencefalite fatal (Reisen, 2003; Travassos da Rosa et al., 1997, Vasconcelos et al., 1998). A severidade das infecções também aumenta com a idade; sendo assim, observa-se maior frequência de encefalite em idosos (Wooton, 2004). A taxa de letalidade do VESL alcança aproximadamente 5% em pacientes com idade abaixo de 49 anos, e 23% naqueles que possuem mais de 70 anos de idade (Day, 2001). O VESL encontra-se amplamente distribuído nas Américas, sendo detectado desde o Canadá até a Argentina, todavia as cepas isoladas nos Estados Unidos (EUA) e Canadá aparentemente mostram-se mais virulentas, ou seja, causariam mais encefalite em humanos, se comparadas com aquelas isoladas no Caribe e nas Américas Central e do Sul (Gubler et al., 2006). O isolamento protótipo do VESL foi obtido durante o surto de 1933 em St. Louis, Missouri, EUA; desde então casos e surtos epidêmicos de encefalite têm sido atribuídos ao VESL nesse país (Reisen, 2003). No Brasil, a primeira evidência da circulação do VESL foi registrada em 1953, por meio da detecção de anticorpos neutralizantes anti-VESL em residentes da região amazônica (Causey & Theiller 1958). Contudo, o primeiro isolamento do VESL ocorreu em 1964, a partir de um lote de mosquitos Sabethes belisarioi, capturados na rodovia Belém-Brasília (Causey et al., 1964). Três cepas foram isoladas a partir de casos humanos no Brasil: duas de pacientes com febre e icterícia no Pará (Pinheiro et al., 1981; Travassos da Rosa et al., 1997, Vasconcelos et al., 1998) e uma de paciente com suspeita clínica de dengue, em São Paulo (Rocco et al., 2005). Também em São Paulo, o VESL foi detectado por técnicas moleculares em quatro pacientes com suspeita de dengue, e em outros dois com suspeita de meningoencefalite viral durante uma epidemia de 4 dengue (Mondini et al., 2007a, Mondini et al., 2007b). Além disso, houve também o isolamento do VESL nas regiões amazônica e sudeste do Brasil a partir de artrópodes hematófagos e vertebrados silvestres (aves silvestres, roedores, primatas, etc.) (Lopes et al., 1979; Travassos da Rosa et al., 1997; Vasconcelos et al., 1998). 1.3.1 Estrutura viral O VESL apresenta, aproximadamente, 50nm de diâmetro (Murphy, 1980) e, assim como os demais flavivírus, é constituído por um núcleo icosaédrico composto por cópias da proteína do capsídeo (C), que contém o genoma viral, revestido por um envelope lipídico proveniente da membrana da célula hospedeira (Murphy, 1980; Chambers e Monath, 2003). Na superfície do envelope da partícula viral madura estão inseridas outras duas proteínas codificadas pelo vírus: a proteína do envelope (E) e a proteína precursora de membrana (prM), no vírus imaturo, ou a proteína de membrana (M) no vírus maduro (Lindenbach & Rice, 2003) (Figura 1). Fonte: ICTV, 2005. Figura 1: Representação esquemática da partícula dos flavivírus. A) aspecto intracelular (vírus imaturo);B) aspecto extracelular ( vírus maduro). 5 1.3.2 Genoma viral O genoma do VESL é constituído de uma fita simples de ácido ribonucléico (RNA), de polaridade positiva e com aproximadamente 11 kb de comprimento (Chambers et al., 1990a). A região codificante (ORF) do RNA viral consiste em uma cadeia longa de aproximadamente 10,800 nucleotídeos, a qual é flanqueada pelas regiões não-codificadoras (NCR), uma pequena, 5’NCR, e outra maior, 3’NCR (Chambers, 1990a, Lindenbach & Rice, 2003). A extremidade 5’ do RNA dos flavivírus é modificada por meio da adição da 5’-7-metil-guanosina (Cap) (Ferreira et al., 2008), além disso, a sua extremidade 3’ terminal não é poliadenilada (Wengler et al., 1978). A 5’NCR desempenha importante função na replicação viral, uma vez que, nas fitas de RNA de polaridade negativa, esta representa uma região complementar, que serve como sítio de início da síntese de RNA de polaridade positiva, que atuará como material genômico das novas partículas virais (Cahour et al., 1995). O genoma dos flavivírus atua como RNAm para a tradução das proteínas virais. A tradução da ORF do genoma do VESL, como dos demais flavivírus, codifica uma poliproteína que origina três proteínas estruturais: C, prM/M e E; e sete proteínas não estruturais (NS): NS1, NS2A, NS2B, NS3, NS4A, NS4B e NS5. As proteínas estruturais estão mais próximas da porção 5’ do genoma, enquanto que as proteínas não estruturais localizam-se mais próximas à região 3’, na ordem: 5’-CPrM-E-NS1-NS2A-NS2B-NS3-NS4A-NS4B-NS5-3’ (Chambers, 1990ª; Lindenbach & Rice, 2003) (Figura 2). 1.3.3 Proteínas virais Dentre as proteínas estruturais, a proteína E, com 53 kDa, atua como um importante determinante antigênico da partícula viral, induzindo a produção de anticorpos neutralizantes que são responsáveis pela resposta imune protetora (Gubler, 2006). Além disso, a proteína E medeia os processos de adsorção e fusão durante a entrada do vírus na célula hospedeira (Hearn, 1965; Russell et al., 1980; Chambers e Monath, 2003; Lindenbach & Rice, 2003). 6 Fonte: Adaptado de ICTV, 2005. Figura 2: Representação esquemática da organização genômica e processamento da poliproteína dos flavivírus. A proteína M, observada no vírus maduro, é produzida durante a maturação da partícula viral nascente no interior das vias secretórias (Lindenbach & Rice, 2003), por meio da clivagem de prM em pr e M por furinas no Complexo de Golgi (Stadler et al., 1997). O segmento pr estabiliza a proteína E e impede que esta sofra rearranjo para sua forma fusogênica em pH reduzido da via secretora inicial (Guirakhoo et al., 1991, 1992). A proteína C possui aproximadamente 11 kDa de comprimento (Boege et al., 1983; Rice et al., 1985; Trent et al., 1977). A proteína C nascente (anchC) contém uma região hidrofóbica de ancoragem que desempenha função de peptídeo sinal na translocação de prM ao retículo endoplasmático. Esse domínio hidrofóbico é clivado para a maturação da proteína C pela protease serina viral (Amberg et al., 1994; Lobigs, 1993; Yamshchikov and Compans, 1994). Dentre as proteínas não estruturais, a proteína NS1 desempenha importante função na replicação do genoma viral, uma vez que contém os sítios 7 mais prováveis de replicação do RNA (Mackenzie et al., 1996); é translocada para o retículo endoplasmático e separada da proteína E pela peptidase sinal do hospedeiro (Chambers et al., 1990b; Falgout et al., 1989; Falgout and Markoff, 1995). A função desempenhada pela forma extracelular de NS1 ainda não está bem definida, contudo, sabe-se que durante a infecção, esta proteína induz uma forte resposta humoral (Falgout et al., 1990; Jacobs et al., 1992; Lin et al.,1998; Qu et al., 1993; Schlesinger et al., 1985, 1993; Timofeev et al., 1998), além disso, os anticorpos contra a NS1 de superfície também podem induzir a lise das células infectadas mediada por complemento (Henchal et al., 1988; Schlesinger et al., 1985, 1993). A proteína NS2A está provavelmente envolvida na coordenação de mudanças entre os processos de empacotamento e replicação do RNA (Khromykh et al., 2001b). Ademais, NS3 e NS2B possuem atividade proteolítica e NS5 atua como polimerase RNA dependente de RNA e também como metiltransferase (Brinton, 2002). A proteína NS4A atua como replicase (Lindenbach and Rice, 1999) e também está envolvia no processo de rearranjo da membrana (Roosendaal et al., 2006. 1.3.4 Ciclo de vida e replicação viral A adsorção e a entrada do vírus na célula hospedeira ocorrem por meio de endocitose mediada por receptor celular. A acidificação da vesícula endossomal desencadeia mudanças conformacionais no virion, bem como a fusão das membranas virais com a celular e também na desmontagem da partícula (Allison et al., 1995). No citoplasma da célula hospedeira, o RNA viral tem várias funções, como: RNAm para a tradução das proteínas virais; molde para a síntese de RNA; e nova fita de RNA que será empacotada nas partículas virais nascentes (Lindenbach et al.,2007). Para que haja a replicação do genoma viral, inicialmente deve ocorrer a tradução da poliproteína viral precursora completa, a qual é processada por proteases virais e origina as proteínas estruturais e as não estruturais. As proteínas 8 não estruturais, então, associam-se ao RNAm viral para iniciar a transcrição de uma fita de RNA complementar a partir do molde genômico viral (Ferreira et al., 2008). A síntese do RNA viral ocorre nas membranas do retículo endoplasmático perinuclear, sendo observada em três horas pós-infecção (Lindenbach & Rice, 1997), enquanto que, as partículas virais imaturas são formadas no lúmen do retículo endoplasmático e, posteriormente, tornam-se maduras durante a clivagem da prM na rede trans-Golgi (Stadler et al., 1997; Elshuber et al., 2003) (Figura 3).] Fonte: Perera, 2008. Figura 3: Replicação e ciclo de vida dos flavivírus. (A) Adsorção do vírus e entrada na célula por endocitose. (B) Fusão das membranas viral e celular na vesícula endossomal, desmontagem do vírus e liberação do RNA viral para o citoplasma. (C) Tradução e processamento do RNA viral. (D) Replicação do genoma viral. (E) Brotamento da particular viral imatura na membrana do reticulo endoplasmático (RE). (F) Maturação viral na rede trans-golgi (RTG), por meio da clivagem de prM mediada por furinas. (G) Saída da particular viral madura do citoplasma celular. Os números nos quadros coloridos referem-se ao pH nos respectivos compartimentos celulares. 9 1.3.5 Ciclo de transmissão O VESL é mantido e amplificado em natureza por meio de um ciclo enzoótico primário que envolve aves silvestres, principalmente columbiformes e passeriformes, como hospedeiros vertebrados (Tsai, 1986) e mosquitos do gênero Culex como vetores primários (Reisen, 1992); o homem e os mamíferos silvestres não participam do ciclo biológico primário do VESL, podendo ser considerados hospedeiros acidentais (Monath & Heinz 1996) (Figura 4). Figura 4: Ciclo de transmissão do VESL. Contudo, o ciclo de transmissão pode variar regionalmente, dependendo da biologia das espécies de mosquitos, da virulência das cepas de VESL e da suscetibilidade do hospedeiro vertebrado à infecção (Monath & Tsai 1987, Day 2001, Reisen, 2003). Em geral, nos EUA, o vírus é isolado de Culex pipiens, mas no estado da Flórida, o vírus é mais frequentemente isolado de Culex nigripalpus (Day, 2001). Por outro lado, na Amazônia Brasileira, o VESL tem sido principalmente isolado de mosquitos do gênero Culex (Travassos da Rosa et al., 1997, Vasconcelos et al., 10 1998), principalmente das espécies Culex declarator e Culex coronator. Ressalta-se que no Brasil, isolamentos do VESL também têm sido obtidos a partir de outros gêneros de mosquitos como Mansonia, Haemagogus, e Sabethes (Vasconcelos et al., 1991; Dégallier et al., 1992). Pode, ainda, ocorrer transmissão vertical do VESL pelo mecanismo de transmissão transovariana, na qual o vírus é passado de uma geração de hospedeiro artrópode infectado para a seguinte, por meio de ovos infectados (Rosen, 1987). 1.3.6 Análise filogenética Estudos anteriores, envolvendo a análise filogenética do gene de envelope (E) (Kramer & Chandler, 2001) e da ORF (Baillie, 2008) de cepas do VESL revelaram uma grande diversidade genética do VESL nas Américas. A análise filogenética do gene E de 62 cepas do VESL isoladas ao longo de sua área de distribuição geográfica demonstrou a existência de sete linhagens (genótipos), nas quais os isolados foram agrupados predominantemente, mas não estritamente, segundo a sua origem geográfica (Kramer & Chandler, 2001). A linhagem I compreendeu isolamentos dos EUA ocidental e foi dividida em 2 sub-grupos: IA e IB. A linhagem II reuniu o maior número de isolados e foi dividida em 6 sub-grupos: sub-grupo IIA com isolamentos das Américas do Norte e Central, do sul da Florida, EUA, Texas, e Brasil; sub-grupo IIB com isolamentos da Flórida e Texas; IIC com cepas de várias origens geográficas dos EUA (Califórnia); IID com cepas isoladas nos EUA (Florida), México e Panamá; e o sexto sub-grupo IIF com isolamentos da Guatemala. A linhagem III consistiu-se de uma única cepa da Argentina, isolada de mosquito. Enquanto que a linhagem IV conteve vários isolamentos do Panamá, a partir de mosquitos. A linhagem V foi dividida em dois sub-grupos: o VA com isolamentos do Brasil, Argentina, Peru e Trinidad; e o VB com 3 isolamentos do Brasil. A Linhagem VI constituiu-se em uma única cepa do Panamá, isolada de galinha (Gallus g. domesticus) sentinela . A linhagem VII reuniu cepas da Argentina, obtidas a partir de roedores. Esta análise indicou que predomina um ciclo de manutenção local do VESL, mas ocasionalmente o VESL tem sido transportado entre áreas dentro e fora dos EUA (Kramer & Chandler, 2001; Reisen, 2003). 11 May e colaboradores (2008) sequenciaram o gene E de 25 isolados do Texas, 1 da Jamaica, e 2 da California, e analisaram filogeneticamente esses isolados em comparação as sequências de VESL já disponíveis no GenBank. Essa análise filogenética, que incluiu 106 isolados do VESL, corroborou a classificação do VESL em sete linhagens proposta por Kramer & Chandler (2001). Posteriormente, o estudo de 30 cepas de VESL isoladas na Amazônia brasileira, também baseado na análise filogenética do gene E, demonstrou a existência de um novo genótipo, designado VIII, composto pelos sub-genótipos VIIIA e VIIIB (Rodrigues et al., 2010b). O genótipo II está praticamente restrito à América do Norte, enquanto que os genótipos I e III a VIII estão mais distribuídos nas Américas Central e do Sul, no Caribe, assim como nos EUA (Kramer & Chandler, 2001; Rodrigues et al., 2010b). O genótipo II foi detectado no sudeste do país (São Paulo) do Brasil (Kramer & Chandler, 2001). Os genótipos V e VIII são amplamente distribuídos na Amazônia brasileira, especialmente no Estado do Pará (Rodrigues et al., 2010b) (Figura 5). Os genótipos V e VIII são mais prevalentes no Brasil, sendo o genótipo VIII detectado entre cepas do VESL isoladas nas décadas de 1960, 1970 e 1980 (Rodrigues et al., 2010b). 1.3.7 Filogeografia A análise filogeográfica é uma abordagem comum em ecologia molecular, que conecta processos históricos da evolução com a distribuição espacial de um grupo de organismos de uma mesma unidade taxonômica numa escala de tempo de décadas (Knowles & Maddison, 2002; Lemey, 2009); a fim de rastrear sua possível rota de dispersão por meio da utilização de métodos probabilísticos que avaliam as informações moleculares que os processos epidemiológicos espaciais deixam no genoma de cada organismo estudado (Faria et al, 2011). A filogeografia teve início em 1987 com o estudo filogeográfico baseado no DNA mitocondrial e foi anunciada como a ponte ligando os estudos dos processos macro e microevolutivos (Avise, 1987; Bermingham & Moritz, 1998). Desde então, diversos avanços nos métodos probabilísticos e nas ferramentas estatísticas têm possibilitado a localização de traços evolutivos de diversos organismo. 12 Fonte: Rodrigues et al., 2010b. Figura 5 - Distribuição dos genótipos V e VIII e respectivos subgenótipos do SLEV na Amazônia Brasileira A emergência e a circulação de muitos microrganismos patógenos no mundo acompanham o desenvolvimento das civilizações humanas e do comércio global e a filogeografia desses agentes são impactadas pelas forças humamas, evolutivas e ecológicas (Keim & Wagnner, 2009). Os vírus de RNA, como os flavivirus, possuem taxa de mutação relativamente elevada (Twiddy et al., 2003; Bryant et al, 2007; Rodrigues et al. 2010b). Nestes microrganismos a evolução está ocorrendo simultaneamente com a dispersão geográfica (Faria et al., 2011), e a análise filogeografica tem sido utilizada na determinação da paisagem histórica das rotas de dispersão e emergência de flaviviroses de importância em saúde pública mundial, como dengue e febre do Nilo (May et al., 2010; Rabaa et al., 2010). O objetivo do estudo filogeográfico dos vírus é realizar a estimativa do local ancestral em uma árvore filogenética condicionada aos locais de origem das 13 sequencias virais representadas nos braços da árvore. Partindo desta premissa, uma gama de método têm sido desenvolvidos, os quais podem ser categorizados de acordo com o critério que utilizam para escolher entre hipósteses alternativas (Bloomquist et al., 2010; Faria et al., 2011). As informações geradas pelos estudos filogeográficos são importantes ferramentas epidemiologicas uma vez que, além da perspectiva histórica da evolução viral, também têm como potencial prever a emergência de doenças infecciosas por meio da identificação de reservatórios e áreas geográficas nas quais a emergência e a dispersão de novas infecções são propensas a ocorrerem (Faria et al., 2011), propiciando intervenções efetivas mediante a elaboração de estratégia de prevenção contra epidemias (Wallace & Fitch, 2008; Lemey et al, 2009). Além disso, a filogeografia possibilita a elucidação do impacto que o movimento de animais, ou, ainda, a mobilidade humana podem causar na dispersão das doenças virais (Faria et al., 2011). 14 2 JUSTIFICATIVA O potencial encefalitogênico e de causar epidemias do VESL, além da evidência da subdetecção de casos clínicos no Brasil fazem necessário um maior conhecimento dos aspectos epidemiológicos do VESL em nosso país. Estudos sobre arboviroses realizados, principalmente, nos Estados do Pará e São Paulo contribuíram com achados sobre aspectos epidemiológicos do VSLE. O acervo de cepas do VESL obtido nas últimas cinco décadas no Pará, pelo Instituto Evandro Chagas, permite o desenvolvimento de investigações utilizando ferramentas de biologia molecular e bioinformática que proporcionarão um conhecimento sobre a epidemiologia molecular, revelando informações sobre variabilidade genética, evolução e dispersão (filogeografia) do VESL. Essas informações contribuirão no preenchimento de lacunas do conhecimento que permitirão melhor entendimento do comportamento epidemiológico do VESL, como vem ocorrêndo com outros flavivírus de inportância em saúde publica. O maior conhecimento a cerca da filogeografia dos patógenos possibilta a identificação de áreas geográficas nas quais a emergência e a dispersão desses agentes são propensas a ocorrerem e, consequentemente, permite a elaboração de medidas preventivas contra epidemias, o que é de extrema importância para a vigilância epidemiológica. As crescentes alterações ambientais e a ocupação de áreas desmatadas pelo homem, devido a expansão populacional, propicia maior contato das populações humanas com agentes e vetores de arboviroses, podendo dessa forma favorecer a emergência e/ou reemergência de arbovírus, inclusive VESL. 15 3 3.1 OBJETIVOS PRINCIPAL - Realizar a caracterização molecular de isolados do Vírus da encefalite de Saint Louis (VESL) obtidos no Estado do Pará pelo IEC. 3.2 SECUNDÁRIOS - Seqüenciar completamente o gene do envelope de cepas do VESL selecionadas para o estudo. - Analisar filogeneticamente as cepas do VESL com base no gene do envelope. - Contribuir com a epidemiologia molecular do VESL por meio da geração de novas informações sobre a dispersão do vírus. 16 4 4.1 MATERIAL E MÉTODOS AMOSTRA Foram analisadas 14 cepas do VESL isoladas no Estado do Pará, a partir de mosquitos do gênero Culex, as quais foram obtidas no período de 1964 a 2002, pertencentes a coleção viral da Seção de Arbovirologia e Febres Hemorrágicas do Instituto Evandro Chagas (SAARB-IEC) (Quadro 1). Quadro 1- Cepas do VESL selecionadas para sequenciamento nucleotídico do gene E. Cepa do Ano de Município de VESL isolamento origem Fonte Designação Ar 74070 1964 Belém Culex declarator BRA-64B Ar 147139 1968 Belém Culex coronatar BRA-68B Ar 190546 1970 Belém Culex spissipes BRA-70 Ar 263600 1974 Belém Culex declarator BRA-74E Ar 264588 1974 Belém Culex declarator BRA-74F Ar 264585 1974 Belém Culex declarator BRA-74H Ar 410054 1982 Tucuruí Culex coronatar BRA-82B Ar 413721 1983 Altamira Culex coronatar BRA-83B Ar 423357 1984 Altamira Culex declarator BRA-84G Ar 424447 1984 Faro Culex species BRA-84H Ar 424449 1984 Faro Culex species BRA-84I Ar 476060 1984 Tucuruí Culex declarator BRA-84J Ar 501019 1990 Tucuruí Culex declarator BRA-90 Ar 658688 2002 Medicilândia Culex declarator BRA-02 Ar: artrópode; BRA: Brasil As cepas virais foram isoladas por meio da inoculação intracerebral em camundongos recém nascidos, e após uma passagem foram liofilizados e armazenados a -70 °C. 4.2 CARACTERIZAÇÃO MOLECULAR 4.2.1 Estoque viral Para obtenção do estoque viral, as cepas liofilizadas do VESL foram hidratadas com 0,5 mL de água destilada, sendo em seguida inoculadas em cultura 17 de células renais de macaco verde africano (VERO) em meio de cultura 199 contendo fungizona e penicilina. Para a manutenção da linhagem celular foram utilizadas garrafas estéreis de 50 cm3, nas quais foram adicionados 9 mL de meio de crescimento 199 com 5% de soro bovino fetal (SBF) e 1 mL de suspensão celular. Cada garrafa contendo meio de cultura e suspensão celular foi incubada a 37 °C por 3 a 4 dias, até a formação completa da monocamada celular. Uma vez completa a monocamada de células VERO, o meio de crescimento contido nas garrafas foi trocado por meio de manutenção 199 com 2% de SBF para a inoculação viral. Foram inoculados 250 µL de suspensão viral em cada cultura celular. As culturas de células VERO infectadas foram incubadas a 37 °C até o aparecimento do efeito citopático, em média 7 dias. Durante o período de incubação, as culturas infectadas foram observadas diariamente, quanto a seus aspectos macroscópicos e microscópicos, e o sobrenadante foi colhido quando o efeito citopático alcançava aproximadamente 75% da monocamada celular. Posteriormente, as culturas infectadas foram aliquotadas em microtubos estéreis de polipropileno de 1,5mL e armazenadas em freezers a temperatura de -70°C para posterior extração do RNA viral. 4.2.2 Extração de RNA viral O RNA do VESL foi extraído utilizando-se TRIzol LS Reagente (Invitrogen, EUA), a partir do sobrenadante de células VERO infectadas com as cepas do VESL, este método pode ser dividido em 5 etapas: homogeneização; segregação de fases; precipitação do RNA; lavagem do RNA e dissolução do RNA em água RNase-free (Figura 6). 18 Figura 6: Esquema de extração de RNA pelo método do Trizol LS reagente. Na etapa de homogeneização ocorrem: lise celular, dissolução dos componentes celulares e extração do RNA viral. Para isso, foram homogeneizados 750 µL de Trizol LS reagente em cada alíquota de 250 µL das culturas de células infectadas, respeitando-se a proporção de 3: 1 sugerida no protocolo oferecido pelo fabricante. As amostras foram incubadas em temperatura ambiente por 5 minutos, para a completa dissociação dos complexos protéicos. Para se obter a segregação das fases aquosa e orgânica das soluções, foram adicionados 200 µL de clorofórmio. Logo após a adição do clorofórmio, as soluções foram homogeneizadas vigorosamente por 15 segundos, incubadas a temperatura ambiente (15 a 30°C) por 10 minutos, e, então, centrifugadas a 12000xg por 15 minutos sob refrigeração (2 a 8 °C). Após a centrifugação a mistura se separa em uma fase de fenol-clorofórmio (vermelha), uma fase intermediária (branca), e uma fase aquosa (incolor) que contém o RNA viral. Para a etapa de precipitação do RNA, a fase aquosa de cada mistura foi transferida para tubos limpos de polipropileno, e então acrescidos de 500 µL de isopropanol com posterior incubação a temperatura ambiente por 10 minutos seguida de centrifugação a 12000xg por 10 minutos sob refrigeração. Após a centrifugação o RNA precipitado forma um pellet invisível aderido ao fundo do tubo. 19 Para lavagem do RNA, após desprezar o sobrenadante de isopropanol, foi adicionado 1 mL de etanol 75% e em seguida as amostras foram homogeneizadas em vortex e centrifugadas a 7500xg por 5 minutos sob refrigeração. Ao fim do procedimento, para a dissolução do RNA em água RNase-free, o sobrenadante de etanol a 75% foi desprezado, e o pellet foi brevemente seco em cabine de fluxo laminar. O RNA foi solubilizado em 20 µL de água RNase-free. 4.2.3 Amplificação do Genoma Viral O gene E do VESL foi amplificado em reações de 50 µL, sendo 5 µL de RNA extraído e 45 µL da mistura dos componentes para reação de amplificação (MIX). As reações foram realizadas em termociclador (GeneAmp PCR Systems 9700, Applied Biosystems, EUA) pela técnica de RT-PCR segundo protocolo descrito por Lanciotti e colaboradores (1992), utilizando 3 pares de oligonucleotídeos específicos para a região do envelope descritos por Kramer & Chandler (2001) (Quadro 2). Quadro 2- Primers para amplificação do gene de envelope do VESL por RT-PCR. Primer Posição no Sentido Sequência 5’-3’ Genoma F880 880-901 (pb) S CGATTGGATGGAT GCTAGGTAG B1629 F1390 1608-1629 1390-1411 AS S GGTTCAAGTCGTG F1990 2047-2064 1990-2014 AS S 2586-2562 AS RT/PCR 749 Sequenciamento PCR Sequenciamento GTGCATGGTTCAA RT/PCR TCGCTCCCCCTGT 674 Sequenciamento PCR GCTTA Sequenciamento CTGCAAACCTCAT RT/PCR GGATTTGACACC B2586 Envolvidas AAACCAGTC CGGACTCTAC B2047 Produto Etapas CAGTTGGAGTCAG AGGGAAATACTT Fonte: Kramer e Chandler, 2001. 572 Sequenciamento PCR Sequenciamento 20 Para cada par de primers foi preparada uma MIX contendo: H2O Rnase free, tampão de PCR 1X (Tris-HCl 50 mM, pH 8,3; KCL 75 mM), MgCl2 1,5, M, dNTPS 200 µM, DTT 5 mM, primers senso e antisenso (50 pmol), enzima inibidora de RNAse (RNAsin RNase inhibitor, Invitrogen, EUA), enzima transcriptase reversa (Superscript ™ II Reverse Transcriptase, Invitrogen, EUA) e 1,125 U de enzima DNA polimerase (Platinum Taq DNA polimerase, Invitrogen, EUA). O RNA viral foi convertido em DNA complementar (cDNA) antes do processo de amplificação enzimática por uma reação de transcrição reversa (RT), utilizando-se a enzima transcriptase reversa e o primer consenso de cada fragmento do RNA a ser amplificado a uma temperatura de 45ºC por 60 minutos. A amplificação por polimerase subsequente foi realizada a partir do cDNA resultante da transcrição reversa. O cDNA foi amplificado em 40 ciclos com etapas de desnaturação (94 ° C, 30 s), anelamento dos primers (60 °C, 1 minuto) e extensão da cadeia de cDNA (68 °C, 3 minutos), em seguida a PCR foi finalizada a 72 ºC por 10 minutos (Figura 7). Figura 7: Representação esquemática da RT-PCR. 21 4.2.4 Purificação Os produtos da RT-PCR foram purificados empregando-se o kit PureLink (Invitrogem, EUA), após eletroforese em gel de agarose 1,2% corado com SyberSafe (0,5 µL/10 mL). O processo de purificação pode ser divido em quatro etapas: solubilização dos fragmentos de gel de agarose contendo o cDNA; captura do cDNA colunas de purificação, lavagem do cDNA retido na coluna; e dissolução do cDNA agregado à sílica das colunas de purificação. As bandas correspondentes aos fragmentos do gene E, visualizadas no gel de agarose, foram recortadas e colocados em microtubos estéreis de poliacrilamida de 1,5 mL, previamente pesados em balança de precisão. Os tubos contendo os fragmentos de gel de agarose foram pesados novamente para se obter a quantidade de gel com cDNA presente em cada tubo, mediante subtração dos pesos do tubo com e sem o fragmento. Para a solubilização do gel foram utilizado 3 volumes do tampão de solubilização do kit para 1 volume do gel e as amostras foram incubadas em banho Maria a 50º C por 15 minutos. As amostras solubilizadas foram transferidas para colunas de purificação com membranas de sílica acopladas aos tubos coletores. Após centrifugação a 14000rpm por 1 minuto o tampão foi filtrado para o tubo coletor e o cDNA ficou ligado à sílica da coluna de purificação reteve o cDNA. O filtrado foi descartado para iniciar a etapa subsequente. Para lavagem do cDNA foi acrescentado 700 µl do tampão de lavagem do kit para eliminar resquícios de agarose da coluna, e após centrifugação a 14000 rpm por 1 minutos os filtrados foram descartados. Nova centrifugação a 14000 rpm por 3 minutos foi realizada para garantir a eliminação do tampão de lavagem e em seguida as colunas foram transferidas para tubos tipo eppendorf de 1,5 mL, estéreis. O cDNA foi recuperado do filtro de sílica pela adição de 50 µL de tampão de eluição em cada coluna de purificação. Após incubação de 1 minuto em temperatura ambiente, a coluna foi centrifugada a 14000 rpm por 1 minuto, e o filtrado contendo o cDNA foi armazenado a -20º C para posterior quantificação e sequenciamento nucleotídico. 22 4.2.5 Quantificação de cDNA O cDNA obtido a partir das cepas do VESL em estudo foram quantificadas, após quantificação, empregando-se o espectrofotômetro Nanodrop 2000 Thermo scientific. 4.2.6 Sequenciamento nucleotídico Os produtos da RT-PCR, após purificação e quantificação, foram seqüenciados em seqüenciador automático ABI 3130 (Applied Biosystems) usando o kit ABI PRISM BigDye Terminator Cycle Sequencing Ready Reaction (Applied Biosystems, EUA), empregando o método de terminação em cadeia de dideoxinucleotideos marcados (Sanger et al. 1977). Os primers utilizados no seguenciamento foram os mesmos da reação de RT-PCR, conforme descritos no quadro 2. 4.2.6.1 Reação de sequenciamento Cada reação de sequenciamento continha 8 µL de MIX Terminator Ready Reaction (com os deoxinucleotídeos- dNTPs e dideoxinucleotídeos marcadosddNTPs), primer (3,2 pmol), 10ng cDNA viral e água RNase free quantidade suficiente para 20 µL. As reações foram processadas em termociclador automático (GeneAmp PCR Systems 9700, Applied Biosystems, EUA) programado para realizar uma etapa inicial de desnaturação de 95 ºC por 3 minuto, seguida de 25 ciclos de 96 ºC por 30 segundos e 55 ºC por 15 segundos, e mais uma extensão final de 60 ºC por 4 minutos. Após a termociclagem, o produto da reação de seqüenciamento deve ser conservado a 4-8 ºC ou -20 ºC e protegido da luz, para evitar a degradação das fluorescências, até o momento da precipitação. 4.2.6.2 Precipitação do produto da reação de sequenciamento O processo de precipitação alcoólica dos produtos das reações de seqüenciamento foi realizado em três etapas: precipitação do cDNA com isopropanol, lavagem com etanol e reconstituição do precipitado com formamida. Na placa de sequenciamento contendo 20 µL de reação adicionou-se 80µL de isopropanol a 80% em temperatura ambiente. A placa foi selada e submetida a agitação por vortex por 10 segundos. Após a agitação, a placa foi 23 submetida a uma leve centrifugação a fim de concentrar novamente o liquido no fundo dos poços da placa. Após incubação por 15 minutos ao abrigo da luz e em temperatura ambiente, a placa com as reações foi centrifugada em centrifuga para placas por 45 minutos por 4000 rpm, ao final da centrifugação os sobrenadantes de cada poço da placa, isto é de cada reação, foram desprezados cuidadosamente por inversão da placa sobre papel absorvente. A lavagem do produto final foi feita por meio da adição de 100 µL de etanol 70% nos poços contendo os precipitados das reações. Novamente a placa foi centrifugada por 45 minutos a 4000 rpm e os sobrenadantes igualmente desprezados cuidadosamente sobre o papel absorvente. Para eliminar os resquícios de etanol, a placa foi invertida sobre papel absorvente e submetida à breve e fraca centrifugação de 200 rpm por 10 segundos. Os pellets das reações foram secos em termociclador (GeneAmp PCR Systems 9700, Applied Biosystems, EUA) a 95 ºC por 30 segundos. Em seguida, o cDNA viral contido em cada poço da placa foi reconstituído com formamida HiDi (Applied Biosystems, EUA) e a placa contendo as amostras foi imediatamente submetida ao sequenciamento automático ou foram armazenada a -20ºC, envolta em papel alumínio, até o momento do sequenciamento automático. 4.2.6.3 Sequenciamento automático O cDNA reconstituído foi submetido à etapa de choque térmico colocando-se a placa a 95 ºC por dois minutos. Imediatamente após o choque térmico a placa foi iserida no sequenciador para processamento da eletroforese em capilar de 50 cm. Os dideoxinucleotídeos na técnica de Sanger (1977) são análogos aos dNTPs normais, entretanto não possuem um grupamento hidroxila no carbono 3’ e 2’, o que os impede de fazer uma nova ligação com outra base nitrogenada. Assim, qualquer ddNTP incorporado à cadeia de DNA crescente finaliza a síntese da mesma. A terminação da cadeia ocorre de forma aleatória em qualquer base e em qualquer fita de DNA crescente. Cada fragmentado de DNA marcado foi detectado pelo equipamento devido a emissão de fluorescência em diferentes comprimentos de onda, e interpretados pelo sistema computacional segundo códigos de cores 24 (azul, vermelho, verde e amarelo). As bases são identificadas uma vez que se conhece o código de cores para cada base adicionada. 4.2.7 Análise das sequências nucleotídicas As sequências nucleotídicas obtidas neste estudo para o gene E das cepas do VESL foram identificadas pelo programa BLAST (Basic Local Aligning Search Toll) disponível no portal do National Center for Biotechnology Information (NCBI) (www.nchi.nhi.org). A qualidade das sequências foi avaliadas pelo pacote de programas DNAstar lasergene® (DNAstar, Mega Align, Seqman, Genequest, Protean) e essas foram utilizadas para a caracterização genética no que tange à determinação da cadeia de leitura do gene E, mediante comparação com sequências homólogas de outras cepas do VESL pertencentes aos diversos genótipos, disponíveis no GenBank (HTTP://www.ncbi.nlm.nih.gov). 4.2.8 Análise filogenética do gene E Para a análise filogenética foram selecionadas 41 sequências referentes ao gene E do VESL disponíveis no GenBank (Anexo 1), além das14 cepas selecionadas para este estudo. Foram construídas árvores empregando os métodos de agrupamento de vizinhos (AV) (Saitou & Nei, 1987), máxima parcimônia (MP) (Swofford, 1999) e máxima verossimilhança (MV) (Goldman et al., 2000), implementados nos programas computacionais PAUP 4.0 (Swofford, 1999) e Mega 4.0 (Kumar et al., 2008). O método Bayesiano (Huelsenbeck & Ronquist, 2001) também foi utilizado. A determinação do melhor modelo de substituição nucleotídica a ser utilizado para as seqüências, segundo o critério de informação Akaike (CIA), foi realizada com o auxilio do programa Modeltest versão 3.6 (Posada & Crandall, 1998). Para a análise pelo método de AV, a matriz de distância foi calculada a partir das sequências alinhadas usando a fórmula de dois parâmetros de Kimura (Kimura, 1980). Em relação à análise pelo método de MP, os valores de 4:1 foram estipulados para avaliação da razão transição/ transversão. O teste de bootstrap foi aplicado conjuntamente aos métodos de AV, MP fixando 1000 réplicas para gerar maior confiabilidade aos valores dos grupamentos (Felsenstein, 1985). 25 A análise Bayesiana empregando a cadeia de Markov Monte Carlo (MCMC) foi realizada pelo programa MrBayes3.0b4, programado para gerar dois milhões de árvores, fixando uma amostragem consensual a cada 1000 árvores geradas. Os valores de probabilidade posteriores foram estimados a partir dos dados obtidos para 50% das árvores consenso geradas (Huelsenbeck & Ronquist, 2001). O Programa TRACER versão 1.4 (www.evolve.zoo.ox.ac.uk) foi usado para verificar se as análises feitas pelo MrBayes alcançaram a convergência apropriada. O enraizamento da árvore filogenética foi feito incluindo a sequência homóloga (gene E) do VNO, um flavivírus geneticamente relacionado ao VESL. 4.2.9 Análise filogeográfica do VESL Para as inferências moleculares em termos cronológicos, foram utilizadas as 32 sequências do gene E, disponíveis no GenBank, de cepas do VESL isoladas de diferentes hospedeiros, períodos e localidades do Pará (Quadro 3). As filogenias de Máxima Verossimilhança foram construídas com o programa PhyML ( Guindon et al., 2003) implementado no Seaview ( Gouy et al., 2010) incorporando o modelo geral de substituição nucleotídica de tempo reversível otimizado pela variação da taxa dos sítios (GTR+4). A melhor árvore foi selecionada empregando-se os algoritmos Subtree Pruning and Regrafting (SPR) e Nearest Neighbor Interchanges (NNI), e foi utilizada como ponto de partida para as análises subseqüentes. Os parâmetros de um modelo probabilístico completo, incluindo a evolução cronológica das sequências e a dispersão espacial-temporal, foram estimadas utilizando a inferência estatística Bayesiana implementada no pacote de programas BEAST (Benson et al.; 2006; Edwards et al., 2011; Lemey et al., 2009). O método Bayesiano coalescente skyline (Drummond et al, 2005) foi utilizado para modelar as flutuações de tamanho populacional ao longo do tempo. Similarmente às filogenias de Máxima Verossimilhança, a inferência filogenética Bayesiana foi realizada com o modelo Geral de Tempo Reversível com 4-categorias de distribuição gamma (GTR+4) para contabilizar as variações de taxas entre sítios. Para reconstruir a dispersão espacial-temporal foi utilizado um modelo de probabilidade assimétrica de difusão viral implementado no pacote BEAST ( Benson et al.; 2006; Edwards et al., 2011; Lemey et al., 2009). Esta abordagem permitiu 26 estimar a localização espacial do ancestral na história filogenética, considerando a incerteza da filogenia e do processo de difusão. Uma cadeia de 50 milhões de réplicas foi usada com amostragens fixadas a cada 1000 árvores geradas. A análise filogenética foi calculada utilizando a biblioteca BEAGLE (Suchard et al., 2009) a fim de aumentar a velocidade computacional. Após remover 10% do burn-in, as corridas foram combinadas com LogCombiner (Raambaut et al., 2007). As árvores Maximum clade credibility (MCC) foram resumidas com o TreeAnnotator e visualizadas com o FigTree (Raambaut et al., 2007). O aplicativo SPREAD (spatial phylogenetic reconstruction of evolutionary dynamics) foi utilizado para visualizar e converter as estimativas espaciais e de tempos estimados de divergência anotadas nas árvores MCC para um arquivo keyhole markup language (KML) para visualização do processo de dispersão no programa virtual Cartographica (http://www.macgis.com/). Todos os parâmetros evolutivos foram relatados como médias posteriores juntamente com os intervalos Bayesianos correspondentes de 95% de credibilidade (95% BCI). 27 Quadro 3: Lista de cepas do VESL utilizadas na análise filogeográfica empregando o método do relógio molecular relaxado. Ano Procedência Denominação Genótipo GenBank Latitude Longitude 1960 Ipixuna, Pará, Brasil BRA-60 VB AF205485 -2,943 -47,216 1964 Belém, Pará, Brasil BRA-64A VIIIA GU808537 -1,455 -48,502 1964 Belém, Pará, Brasil BRA-64B VB GU808540 -1,455 -48,502 1964 Belém, Pará, Brasil BRA-64 VA EU906880 -1,455 -48,502 1968 Belém, Pará, Brasil BRA-68B VB GU808541 -1,455 -48,502 1969 Belém, Pará, Brasil BRA-69 VA EU906881 -1,455 -48,502 1971 Belém, Pará, Brasil BRA-71A VB AF205484 -1,455 -48,502 1971 Itaituba, Pará, Brasil BRA-71B VIIIB GU808542 -4,269 -55,989 1973 Itaituba, Pará, Brasil BRA-72 VB AF205483 -4,269 -55,989 1973 Santarém, Pará, Brasil BRA-73A VA AF205478 -2,439 -54,698 1973 Itaituba, Pará, Brasil BRA-73B VA AF205482 -4,269 -55,989 1973 Itaituba, Pará, Brasil BRA-73C VA AF205480 -4,269 -55,989 1973 Itaituba, Pará, Brasil BRA-73D VA EF158067 -4,269 -55,989 1973 Belém, Pará, Brasil BRA-73E VB GU808549 -1,455 -48,502 1973 Itaituba, Pará, Brasil BRA-73F VIIIB GU808552 -4,269 -55,989 1974 Altamira, Pará, Brasil BRA-74C VA GU808545 -3,196 -52,202 1974 Belém, Pará, Brasil BRA-74D VB GU808547 -1,455 -48,502 1974 Belém, Pará, Brasil BRA-74F VA GU808553 -1,455 -48,502 1974 Belém, Pará, Brasil BRA-74G VA GU808555 -1,455 -48,502 1977 Oriximiná, Pará, Brasil BRA-77 VIIIA GU808533 -1,760 -55,862 1978 Belém, Pará, Brasil BRA-78 VB GU808534 -1,455 -48,502 1982 Oriximiná, Pará, Brasil BRA-82 VA GU808535 -1,760 -55,862 1984 Marabá, Pará, Brasil BRA-84A VB GU808539 -5,371 -49,117 1984 Tucurui, Pará, Brasil BRA-84C VIIIB GU808546 -3,769 -49,674 1984 Belém, Pará, Brasil BRA-84D VIIIA GU808548 -1,455 -48,502 1984 Belém, Pará, Brasil BRA-84E VIIIA GU808551 -1,455 -48,502 1984 Monte Alegre, Pará, Brasil BRA-84F VIIIA GU808554 -1,998 -54,082 1984 Altamira, Pará, Brasil BRA-84G VIIIA GU808556 -3,196 -52,202 1984 Faro, Pará, Brasil BRA-84I VA GU808558 -2,169 -56,472 1984 Tucurui, Pará, Brasil BRA-84J VA GU808559 -3,769 -49,674 1984 Tucurui, Pará, Brasil BRA-90 VA GU808531 -3,769 -49,674 1984 Medicilândia, Pará, Brasil BRA-02 VA GU808532 -3,448 -52,889 Be: Belém; Ar: Artrópode; BRA: Brasil. 28 5 5.1 RESULTADOS IDENTIFICAÇÃO DO GENE, SEQUENCIAMENTO NUCLEOTÍDICO E ANÁLISE FILOGENÉTICA As culturas de células VERO infectadas com as cepas do VESL (n=14) incluídas no estudo apresentaram efeito citopático na monocamada da cultura de células VERO entre o 5° e o 10° dia após a inoculação. O RT-PCR, empregando os 3 pares de primers específicos, detectou RNA do VESL nos sobrenadantes das culturas de células VERO infectadas (Figura 8). PM 1 2 3 Figura 8: Fragmentos de cDNA referentes ao Gene E do VESL, amostra BeAr264588, em gel de agarose a 1,2%. PM- peso molecular; 1- fragmento com par de primers F880/B1629; 2- fragmento com par de primers F1390/B2047; 3fragmento com par de primers F1990/B2586. O sequenciamento do produto de RT-PCR das 14 cepas do VESL gerou sequências nucleotídicas que foram identificadas como sequências completas do gene E. O percentual de homologia entre as sequências do gene E das cepas do VESL estudadas variou de 92,9% a 99,9% e de 93% a 100 % para nucleotídeos e aminoácidos, respectivamente. A árvore filogenética gerada pelo método Bayesiano apresentou melhor valor de suporte (Figura 9) que as outras metodologias e foi utilizada para a caracterização genética das amostras. Das 14 cepas de VESL isoladas de 29 mosquitos do gênero Culex, sete foram classificadas no genótipo V, sendo que cinco pertencem ao subgenótipo VA (BRA-74F, BRA-84i, BRA-84J, BRA-90 e BRA-02) e duas ao subgenótipo VB (BRA-64B E BRA-68B); as outras sete cepas se agruparam na linhagem VIII, com três cepas classificadas no subgenótipo VIIIA (BRA-82B, BRA-83B e BRA-84G) e quatro no VIIIB (BRA-70, BRA74H, BRA74E e BRA-84H). Os Genótipos V e VIII do VESL foram detectados em mosquitos do gênero Culex procedentes dos municípios de Belém, Faro, Tucurui, Medicilândia e Altamira; os quais pertencem a diferentes mesorregiões do Estado do Pará (Figura 10). Genótipo V: Mesorregião Metropolitana de Belém (Belém), Mesorregião do Baixo Amazonas (Faro), Messorregião do Sudeste Paraense (Tucuruí) e Mesorregião do Sudoeste Paraense (Medicilândia); Genótipo VIII: Mesorregião Metropolitana de Belém (Belém), Mesorregião do Baixo Amazonas (Faro), Messorregião do Sudeste Paraense (Tucuruí) e Mesorregião do Sudoeste paraense (Altamira). 30 BRA-82B BRA-83B BRA-84B BRA-64A BRA-84G BRA-77 85% BRA-84D 91% BRA-84F BRA-84E 91% BRA-71B 96% 97% BRA-73F BRA-74A 90% BRA-84C BRA-83 91% 89% BRA-70 87% BRA-74H 90% BRA-74E BRA-84H 95% BRA-82 91% BRA-73D 86% BRA-88 93% 87% BRA-02 CA- 01B 89% 91% TX- 02B 92% 85% BRA-73A BRA-84I 90% ARG- 78 90% BRA-84J 91% BRA-73B 83% BRA-73C 89% 90% BRA-90 BRA-74F 91% BRA-74C BRA-74G 83% BRA-68B 91% BRA-74B 88% BRA- 72 92% 94% BRA-73E 80% 97% BRA-74D 83% BRA-64B 96% BRA-84A 81% 91% BRA-78 BRA-71A 82% BRA- 60 PAN- 83 80% CA- 70 87% CO- 72 78% BRA-68A TX-01L 79% 78% BRA-04 ARG-05A 92% PAN-73B 92% PAN-77A ARG- 66 ARG- 67 79% 91% 81% 94% 93% 100% VIII A VIII VIII B VA V VB VI IA IB II A II B VNO Figura 9 - Árvore filogenética, empregando método Bayesiano, de 55 cepas do VESL ( gene E), sendo 14 cepas deste estudo (amostras em vermelho). Os valores Bayesianos aparecem próximos aos nós da árvore. Nota: Os isolados foram nomeados de acordo com a localização e ano de isolamento: ARG (Argentina), BRA (Brasil), CA (Califórnia), CO (Colorado), PAN (Panamá) e TX (Texas). I II III IV VII 31 Figura 10 – Distribuição geográfica dos genótipos V e VIII referentes às 14 cepas do VESL isoladas de mosquitos do gênero Culex no Estado do Pará, 1964 a 2002. 5.2 FILOGEOGRAFIA DO VESL NO ESTADO DO PARÁ A análise filogeográfica mostrou que o VESL emergiu na Mesorregião do Sudoeste Paraense de onde se dispersou para a região metropolitana de Belém, na capital do Estado, ao norte, na década de 1960 (Figura 11 A e B). Posteriormente, a partir da Mesorregião Metropolitana de Belém o VESL introduziu-se em três mesorregiões, nas décadas de 1970-80; dispersou-se para a Mesorregião do Baixo Amazonas, obedecendo a um fluxo gênico no sentido leste-oeste, e também se dispersou ao leste do Estado para municípios da mesorregião do Nordeste Paraense e do Sudeste Paraense (Figura 12 A e B). Em seguida, ocorreu uma nova introdução do VESL na Mesorregião do Baixo Amazonas, a oeste do Estado, e também na Mesorregião do Sudeste Paraense, partindo do Sudoeste Paraense (Figura 13 A e B). 32 A figura 14 mostra uma síntese da rota histórica do VESL entre as mesorregiões do Estado do Pará dentro do período estudado, conforme a escala de cores para o período referente as décadas 1960-2000. Figura 11: Rota de dispersão do VESL da Mesorregião do Sudoeste Paraense para a Mesorregião Metropolitana de Belém. 33 Figura 12: Dispersão do VESL para as mesorregiões do Baixo Amazonas, Sudeste e Nordeste Paraense, a partir da Região Metropolitana de Belém. 34 Figura 13: Dispersão VESL para as Mesorregiões do Baixo Amazonas, e Sudeste Paraense partindo do Sudoeste Paraense. 35 Figura 14: Síntese da rota histórica do VESL entre as mesorregiões do Estado do Pará. 36 6 DISCUSSÃO Desde a primeira evidência sorológicada da presença do VESL em populações humanas da Amazônia em 1953 (Causey & Theiller 1958) e o primeiro isolamento a partir de lote de mosquitos Sabethes belisarioi, capturados na rodovia Belém-Brasília em 1960 (Causey et al., 1964); o VESL tem sido frequentemente detectado seja por achados sorológicos, isolamentos virais ou detecção de genoma a partir do homem, artrópodes hematófagos e vertebrados silvestres (Travassos da Rosa et al., 1979; Pinheiro et al., 1981; Travassos da Rosa et al.,1997; Vasconcelos et al., 1979; Vasconcelos et al., 1998, Rodrigues et al., 2010a). A detecção do genótipo V (subgenótipo VA e VB) e do genótipo VIII (subgenótipo VIIIA e VIIIB) do VESL em mosquitos do gênero Culex capturados nas décadas de 1960 a 2000 está de acordo com a descrição desses genótipos já detectados no Estado do Pará (Kramer & Chandler, 2001, May et al., 2008, Ottendorfer et al., 2009, Rodrigues et al., 2010b). A diversidade de subgenótipos do VESL detectada em isolados de mosquitos Culex evidencia a co-circulação das duas linhagens, assim como, a importância dos mosquitos Culex no ciclo de manutenção do VESL no Estado do Pará, como já sugerido na literatura (Travassos da Rosa et al., 1997, Vasconcelos et al., 1998). Além disso, a detecção desses subgenótipos em aves silvestres capturadas no mesmo período (Rodrigues et al., 2010b), as quais correspondem ao hospedeiro primário do ciclo de manutenção do VESL (Gubler et al., 2006), reforçam essa evidência. A ampla distribuição do genótipo V e do genótipo VIII do VESL, no Pará, está, provavelmente, associada com a infecção de mosquitos do gênero Culex, especialmente Culex declarator, visto que as sublinhagens VA, VB, VIIIA e VIIIB foram detectadas em lotes de mosquitos Culex procedentes de municípios de quatro mesorregiões do Estado do Pará, essa distribuição das linhagens pelas mesorregiões do Estado está de acordo com a análise de cepas procedentes vertebrados silvestres (Rodrigues et al., 2010b). A filogeografia das cepas do VESL isoladas no Estado do Pará, cepas seqüenciadas nesse estudo e outras com sequências disponíveis no GenBank, permitiu traçar a rota histórica de dispersão do VESL com base nas características filogenéticas e datas de isolamento das cepas analisadas. Desta forma, a rota 37 estimada reflete os movimentos decorrentes de empreendimentos executados em nome do desenvolvimento da região, visto que a filogeografia dos patógenos sofre influência da mobilidade humana e de forças ecológicas, entre outros fatores (Keim & Wagnner, 2009). Considerando os dados de 32 cepas do VESL isoladas no Pará, a análise filogeografica sugere que o VESL emergiu no Sudoeste Paraense de onde se dispersou para a região metropolitana de Belém, Baixo Amazonas e Sudeste Paraense. A dispersão do VESL foi, posteriormente, ampliada para várias mesorregiões do Estado a partir de Belém, capital do Estado do Pará. Nas Mesorregiões do Baixo Amazonas e do Sudeste Paraense, o VESL foi introduzido a partir de Belém e, cerca de duas décadas depois, foi reintroduzido a partir do Sudoeste Paraense. A exploração das riquezas naturais em nome do desenvolvimento regional resultou no desmatamento de grandes extensões de terra na Amazônia. No Estado do Pará, em particular nas últimas cinco décadas, têm ocorrido construções de estradas e hidrelétricas, aberturas de novas fronteiras agrícolas, surtos de mineração, crescimento dos serviços, motivando a mobilidade humana e alterações ecológicas. Nesse contexto, ocorreram as investigações científicas de campo que proporcionaram os isolamentos de inúmeras cepas do VESL pelo Instituto Evandro Chagas (IEC), mostrando que a alteração do ecossistema Amazônico resulta na emergência de arboviroses, como previamente descrito (Travassos da Rosa et al., 1980; Vasconcelos et al., 2011). A inserção de dados moleculares e filogeográficos desses agentes reforçam a hipótese acima referida. Finalmente, a rota histórica de dispersão do VESL, aqui contada pela análise de parte do acervo de cepas do VESL disponível no IEC, representa um estudo piloto que deve ser ampliado para um estudo incluindo uma amostra mais representativa de isolados e com base na sequência completa do genoma das cepas do VESL, a serem selecionadas para o referido estudo. . 38 7 CONCLUSÕES - As cepas do VESL isoladas dos mosquitos do gênero Culex, caracterizadas filogeneticamente nesse estudo, pertencem ao genótipo V (subgenótipo VA e VB) e ao genótipo VIII (subgenótipo VIIIA e VIIIB). - Os genótipos V e VIII do VESL tiveram sua ampla distribuição no estado do Pará associada com infecção de mosquitos do gênero Culex, especialmente Culex declarator, no período estudado; - As cepas do VESL isoladas de mosquito Culex evidenciam que os genótipos V e VIII co-circularam no estado do Pará, no período de 1964 a 2002; - O VESL emergiu no sudoeste paraense de onde se dispersou para Belém, Baixo Amazonas e do Sudeste Paraense. - A dispersão do VESL foi ampliada para várias mesorregiões do Estado a partir de Belém, capital do Estado do Pará. - Nas Mesorregiões do Baixo Amazonas e do Sudeste Paraense, o VESL foi introduzido a partir de Belém e, cerca de duas décadas depois, foi reintroduzido a partir do sudoeste paraense. 39 REFERÊNCIA ALLISON, S.L. 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Ano Cepa Procedência Denominação Genótipo Código no GenBank 1960 BeAr23379 Ipixuna do Pará, Pará, Brasil BRA-60 VB AF205485 1964 BeAn69768 Belém, Pará, Brasil BRA-64A VIIIA GU808537 1971 BeH203235 Belém, Pará, Brasil BRA-71A VB AF205484 1971 BeAn212371 Itaituba, Pará, Brasil BRA-71B VIIIB GU808542 1973 BeAn246262 Itaituba, Pará, Brasil BRA-72 VB AF205483 1973 BeAr242587 Santarém, Pará, Brasil BRA-73A VA AF205478 1973 BeAn246407 Itaituba, Pará, Brasil BRA-73B VA AF205482 1973 BeAn248398 Itaituba, Pará, Brasil BRA-73C VA AF205480 1973 BeAn247377 Itaituba, Pará, Brasil BRA-73D VA EF158067 1973 BeAn235722 Belém, Pará, Brasil BRA-73E VB GU808549 1973 BeAn248376 Itaituba, Pará, Brasil BRA-73F VIIIB GU808552 1974 BeAn261207 Aripuanã, Mato Grosso, Brasil BRA-74A VIIIB GU808538 1974 BeAn258717 Belém, Pará, Brasil BRA-74B VA GU808543 1974 BeAn259507 Altamira, Pará, Brasil BRA-74C VA GU808545 1974 BeAn259290 Belém, Pará, Brasil BRA-74D VB GU808547 1974 BeAr264594 Belém, Pará, Brasil BRA-74G VA GU808555 1977 BeAr338371 Oriximiná, Pará, Brasil BRA-77 VIIIA GU808533 1978 BeH355964 Belém, Pará, Brasil BRA-78 VB GU808534 1982 BeAn401517 Oriximiná, Pará, Brasil BRA-82 VA GU808535 1983 BeAr415520 Altamira, Pará, Brasil BRA-83 VIIIB GU808530 1984 BeAn423728 Marabá, Pará, Brasil BRA-84A VB GU808539 1984 BeAn421388 Tucurui, Pará, Brasil BRA-84B VIIIA GU808544 1984 BeAn421297 Tucurui, Pará, Brasil BRA-84C VIIIB GU808546 1984 BeAn423429 Belém, Pará, Brasil BRA-84D VIIIA GU808548 1984 BeAn423442 Belém, Pará, Brasil BRA-84E VIIIA GU808551 1984 BeAr423512 Monte Alegre, Pará, Brasil BRA-84F VIIIA GU808554 1988 BeAr485655 Jamari, MT, Brasil BRA-88 VA GU808536 1966 CorAn9124 Cordoba, Argentina ARG 66 VII AF205473 1967 CorAn9275 Cordoba, Argentina ARG 67 VII AF205474 1968 SpAn9398 São Paulo, Brasil BRA 68A IIA AF205472 1970 E22924 Kern Country, EUA CA 70 IA AF205453 1972 72V4749 Washington, EUA CO 72 IB AF205497 Continua 51 Anexo 1: Cepas do VESL disponíveis no GenBank e Incluídas na análise filogenética do gene E (continuação). Ano Cepa Procedência Denominação Genótipo Código no GenBank 1973 PanAn90274 Panamá PAN 73B IV AF205476 1977 GML902981 Panamá PAN 77A IV AF205489 1978 78V6507 Santa Fé, Argentina ARG 78 VA AF205481 1983 GML903797 Panamá PAN 83 VI AF205487 2001 COAV353 Coachella Valley, EUA CA 01B VA AY135512 2001 01V2906 Harris Country, EUA TX 01L IIB EU306897 2002 TDH3178 El Paso, EUA TX 02B VA EU306899 2004 SPH253157 São Paulo,Brasil BRA 04 III DQ022950 2005 CbaAr4006 Cordoba, Argentina ARG 05A III DQ385450