Governo admite rombo dequaseR$100bilhões

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10 | QUINTA-FEIRA, 24 de março de 2016
Editor: Eugenio Bortolon
Editoras assistentes: Eloisa Kirsch
e Simone Schmidt
CORREIO DO POVO
ECONOMIA
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NO VERMELHO
Governo admite rombo
de quase R$ 100 bilhões
WILSON DIAS / ABR / CP MEMÓRIA
ROGÉRIO MENDELSKI
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A lista da Odebrecht
Diferente da Lista de Schindler (o empresário alemão que salvou centenas de vidas de judeus dos campos de concentração nazistas), a Lista da Odebrecht, pelo contrário, atinge reputações,
mesmo que os políticos citados tenham declarado as doações à
Justiça Eleitoral como determina a lei.
Em tempos de Internet, nada escapa da propagação viral de
informações que misturam verdades pontuais com difamação no
atacado. Não há sistema de bloqueio que possa impedir a progressão geométrica de uma postagem como a Lista da Odebrecht, num
momento que pode ser definido como revanche moral de uma sociedade ofendida pela corrupção institucionalizada até a entrada
do juiz Sérgio Moro com suas sentenças afiadas e moralizadoras.
Planilhas apreendidas pela Polícia Federal nos escritórios da
Odebrecht formam uma lista com os nomes de mais de 200 políticos filiados a 18 partidos e é aí que mora o perigo pela generalização dos envolvidos.
O interessante da lista é que ela tem nomes completos de políticos e nomes codificados. Qual seria o motivo dessas duas alternativas de doação para campanhas eleitorais?
A 23ª etapa da Operação Lava Jato tinha como alvo o marqueteiro do PT João Santana, mas planilhas de pagamento foram
apreendidas na residência do presidente da Odebrecht Infraestrutura, Benedicto Barbosa da Silva Junior, que foi preso temporariamente na 23ª fase da Operação Lava Jato e liberado posteriormente pela Justiça.
,De acordo com as planilhas, os repasses em dinheiro foram
feitos pela empreiteira para as campanhas municipais de 2012 e
para as eleições de 2010 e de 2014.
Depois de amplamente divulgada pelas redes sociais e pelos
sites jornalísticos, o juiz Sérgio Moro determinou o sigilo da documentação apreendida. Assim como a Operação Lava Jato tem suas
fases, todos os políticos citados na Lista da Odebrecht deverão
dar suas explicações em fases distintas: imprensa, plenários legislativos, eleitores e os indefectíveis corneteiros de plantão.
A “casa pode não ter caído” para os listados da Odebrecht, mas
envolvidos e inocentes já caíram na boca do povo eletrônico das
redes sociais. E aí ninguém mais saberá diferenciar alguma verdade entre as incontáveis calúnias e injúrias que serão propagadas.
A confusão
A quem interessa a divulgação da lista da Odebrecht? Será
que a relação de políticos de 18
partidos não irá apenas nivelar
todos pela régua da impunidade? Se nomes até ontem respeitáveis aparecem ao lado de outros
já envolvidos na Lava Jato,
quem sabe alguém possa sugerir
uma “anistia” ampla, geral e irrestrita para todos? Não duvidem.
Delação da
Odebrecht (1)
O alto comando da Odebrecht
resolveu fazer delação premiada,
apesar da resistência dia a dia
debilitada pela prisão de Marcelo
Odebrecht, o príncipe da empresa por ser o herdeiro da família.
Delação da
Odebrecht (2)
Sobre a delação ao MPF de Curitiba,
não basta apenas a intenção de colaboração da empresa. As autoridades da Lava
Jato querem fatos novos sobre a participação da Odebrecht na vida política do país.
Delação da
Odebrecht (3)
Sobre a atuação da Odebrecht na distribuição de propinas
no Brasil, as autoridades federais de Curitiba acham que poucas informações ainda serão
valiosas para a Lava Jato.
Fazenda enviará uma
proposta ao Congresso
para alterar LDO de
2016 e permitir déficit
de 1,55% do PIB
B
— Diante das dificuldades para manter a
arrecadação em meio
ao fraco desempenho
da economia, o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, anunciou ontem que vai enviar ao
Congresso uma proposta para
alterar a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). A mudança
vai permitir que o governo possa fechar o ano com um rombo
de, pelo menos, R$ 96,7 bilhões,
ou 1,55% do Produto Interno
Bruto (PIB) nas contas públicas.
A informação foi dada um dia
depois de o governo ter anunciarasília
Os apelidos
A relação da Odebrecht com os
apelidos de políticos beneficiados
por doações, independentemente
da legalidade ou não, é hilária. Na
pior das hipóteses (a impunidade)
ficará na memória do povão os codinomes criativos dos beneficiários.
do um contingenciamento (bloqueio de verbas) adicional de R$
21,2 bilhões no Orçamento.
O novo déficit primário (resultado negativo das contas do governo antes do pagamento dos
juros da dívida) é R$ 36,45 bilhões maior que o anunciado em
fevereiro. “Tomamos a decisão
após verificar a evolução de des-
CÂMBIO
Cenário político pressiona o dólar
São Paulo — O cenário político
voltou a dar o tom, levando investidores a adotar uma postura de
maior cautela. Com isso, o dólar
à vista terminou em alta de
2,35% ontem, cotado a R$
3,6794. Evitando negociar ações,
o investidor compra moeda, e a
tendência é o preço subir.
A decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal Teori
Zavascki de tirar do juiz Sérgio
Moro e devolver à Corte processos que envolvem o ex-presidente Lula foi um dos assuntos do
dia. Também tiveram influência
notícias relativas à Odebrecht.
Horas após o anúncio de adesão
dos executivos da construtora à
delação premiada foram reveladas listas com nomes de políticos. O mercado recebeu com
cautela a informação devido à incerteza quanto à legalidade das
contribuições. Os leilões de contratos de swap também fizeram
pressão sobre o dólar.
DESACELERAÇÃO
Prévia da inflação cai para 0,43%
Rio — O Índice de Preços ao
Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), considerado uma prévia
da inflação oficial, recuou de
1,42% em fevereiro para 0,43%
em março, informou ontem o IBGE. É o índice mais baixo para
os meses de março desde 2012,
quando ficou em 0,25%. No acu-
Delação da
Odebrecht (4)
O melhor momento para a
aceitação da delação premiada dos dirigentes da Odebrecht será aquele que abrirá as
contas de pagamentos feitos
no exterior. O MPF quer a lista dos beneficiados por propinas em offshores nos paraísos
fiscais.
Ministro Nelson Barbosa
pesas”, explicou o ministro. Para chegar ao novo resultado, o
projeto propõe o abatimento de
até R$ 120,7 bilhões da meta fiscal para este ano. Desse total,
R$ 82 bilhões corresponderiam
à frustração de receitas.
O Orçamento aprovado pelo
Congresso estabelece uma meta
de superávit primário (economia
para pagar os juros da dívida
pública) de R$ 30,6 bilhões
(0,5% do PIB) para todo o setor
público. Desse total, R$ 24 bilhões cabem ao governo federal.
Se a proposta for aprovada, o
governo ganhará permissão para ter as contas no vermelho pelo terceiro ano seguido. Em 2014
as contas do governo central
(Tesouro, Banco Central e Previdência) registraram o primeiro
déficit primário em 18 anos, de
R$ 17,24 bilhões. Em 2015 houve
um rombo recorde de R$ 114,98
bilhões, ou 1,94% do PIB.
mulado em 12 meses o índice recuou de 10,84% para 9,95%.
Alimentos e Bebidas, responsáveis por 46% do índice do
mês, tiveram redução significativa, passando de 1,92% em fevereiro para 0,77% em março. Entre os destaques de baixa estão
tomate (-19,21%) e batata ingle-
sa (-4,61%). Em Porto Alegre, no
entanto, os alimentos aumentaram bem acima da média nacional: 1,73%. Por região, os maiores índices foram os de Goiânia
(0,67%) e de Porto Alegre
(0,66%). O menor foi registrado
na região metropolitana do Rio
de Janeiro (0,11%).
direto ao ponto
Sindilojas aposta em
onda de crescimento
Federasul manifesta
apoio à Lava Jato
Fiergs quer combate
sem trégua à corrupção
Quem estiver com a sua empresa mais enxuta vai estar melhor preparado para a próxima
onda de crescimento que não
vai demorar a acontecer. A avaliação é do economista Lucas
Schifino, que ontem participou
do Café com Lojistas promovido
pelo Sindilojas. O presidente da
entidade, Paulo Kruse, anunciou
que uma caravana de empresários irá a Brasília para pressionar os deputados federais a mudar a situação política do país.
■ A Federasul aprovou ontem a
“Nota ao Brasil”, expressando sua
posição quanto aos acontecimentos nacionais que geram crise política e econômica. A entidade manifesta apoio à Lava Jato e preocupação com o processo de impeachment: “Cabe fortalecer as
instituições democráticas e exigir
que as soluções para estas questões ocorram de forma mais rígida e célere possível. Todos nós
brasileiros somos responsáveis
pela busca de uma solução”.
O Conselho de Representantes da Fiergs divulgou manifesto afirmando ser insustentável
para o Brasil permanecer na
atual situação: “Ou encaminhamos o país para ser forte e industrializado ou seremos uma
colônia na economia e uma republiqueta na política”. A Fiergs
ressalta que os ritos legais devem ser cumpridos: “Apoiamos
o Judiciário, o Ministério Público e as forças policiais no combate sem trégua à corrupção”.
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