Meus queridos e queridas, nosso trabalho deste 3º Bimestre será

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Meus queridos e queridas, nosso trabalho deste 3º Bimestre será sobre o
Julgamento de Sócrates.
Porém, o objetivo deste trabalho não é apenas representar em forma de
teatro ou vídeo este julgamento mas, sim, reinventar o tal episódio. Assim, vocês
tem a possibilidade de “moderniza-lo”, deixando mais aos seus gostos!!! Que tal?
Mãos à obra então!!!
Vale lembrar que este trabalho tem valor máximo de 10,0 e pode ser
elaborado em grupos de no máximo cinco pessoas.
O JULGAMENTO DE SÓCRATES
Diante do tribunal popular, Sócrates é acusado pelo poeta Meleto, pelo rico curtidor
de peles, influente orador e político Anitos, e por Licão personagem de pouca importância. A
acusação era grave: não reconhecer os deuses do Estado, introduzir novas divindades e
corromper a juventude. O relato do julgamento feito por Platão (428-348 a.C.) a Apologia de
Sócrates, é geralmente tido como bastante fiel aos fatos e apresenta-se dividido em três
partes. Na primeira, Sócrates examina e refuta as acusações que pairam sobre ele,
retraçando sua própria vida e procurando mostrar o verdadeiro significado de sua "missão".
E proclama aos cidadãos que deveriam julga-lo: "Não tenho outra ocupação senão a de vos
persuadir a todos, tanto velhos como novos, de que cuideis menos de vossos corpos e de
vossos bens do que da perfeição de vossas almas, e a vos dizer que a virtude não provém da
riqueza, mas sim que é a virtude que traz a riqueza ou qualquer outra coisa útil aos homens,
quer na vida pública quer na vida privada. Se, dizendo isso, eu estou a corromper a
juventude, tanto pior; mas, se alguém afirmar que digo outra coisa, mente". Noutro
momento de sua defesa, Sócrates dialoga com um de seus acusadores, Meleto, deixando-o
embaraçado quanto ao significado da acusação que lhe imputava - "corromper a juventude".
Demonstra que estava sendo acusado por Meleto de algo que o próprio Meleto não sabia
bem explicar o que era, já não conseguia definir com clareza o que era bom e o que era mau
para os jovens.
Em nenhum momento de sua defesa - segundo relato platônico - Sócrates apela para
a bajulação ou tenta captar a misericórdia daqueles que o julgavam. Sua linguagem é serena
- linguagem de quem fala em nome da própria consciência e não reconhece em si mesmo
nenhuma culpa. Chega a justificar o tom de sua autodefesa: "Parece-me não ser justo rogar
ao juiz e fazer-se absorver por meio de súplicas; é preciso esclarecê-lo e convence-lo".
Embora a demonstração pública da inconsistência dos argumentos de seus acusadores e
embora a tranqüila e reiterada declaração de inocência - e talvez justamente por mais essas
manifestações de altaneira independência de espírito -, Sócrates foi condenado. Mesmo para
uma democracia como a ateniense, ele era uma ameaça e um escândalo: a encarnação, para
a mentalidade vulgar, do "escândalo filosófico" que, ali mesmo em Atenas, acarretara a
perseguição de Anaxágoras de Clazômena, que se viu obrigado a fugir.
Como era de praxe, após o veredicto da condenação, Sócrates foi convidado a fixar
sua pena. Meleto havia pedido para o acusado a pena de morte. Mas seria fácil para Sócrates
salvar-se: bastava propor outra penalidade, por exemplo pagar uma multa, como chegaram
a lhe sugerir os amigos. Afinal, fora difícil obter um veredicto de culpabilidade: havia sido
condenado por uma margem de apenas sessenta votos. Qualquer pena moderada que ele
mesmo propusesse seria certamente acatada com alívio por aquela assembléia constrangida
por condenar um cidadão que, apesar de suas excentricidades e de suas atitudes muitas
vezes irreverentes e incomodas, apresentava aspectos de indiscutível valor. Afinal, era
aquele o Sócrates que não se havia deixado corromper pelos tiranos, inimigos da
democracia, e que lutara bravamente na guerra por sua cidade e por seu povo. Bastava que
declarasse estar disposto a pagar algumas moedas - e todos sairiam dali satisfeitos consigo
mesmos, por terem cumprido o "dever" de punir um cidadão suspeito de atividades nocivas
a cidade, e mais contentes ainda por se sentirem magnânimos, ao permitirem que
continuasse vivendo.
Mas Sócrates não faz concessões. Propor-se a cumprir qualquer pena, mesmo pagar
uma multa, por menor que fosse, seria aceitar a culpa de que não o acusava a própria
consciência. Na segunda parte da Apologia, Platão descreve o momento em que, novamente
diante de seus juízes, Sócrates estabelece a pena que julgava merecer. Nem exílio, nem
multa. "Ora, o homem (Meleto) propõe a sentença de morte. Bem; e eu, que pena vos hei
de propor em troca, Atenienses? A que mereço, não é claro? Qual será? Que sentença
corporal ou pecuniária mereço, eu que entendi de não levar uma vida quieta? Eu que,
negligenciando o de que cuida toda gente - riquezas, negócios, postos militares, tribunas e
funções públicas, conchavos e lutas que ocorrem na política, coisas em que me considero de
fato por demais pundonoroso para me imiscuir sem me perder, não me dediquei àquilo a
que, se me dedicasse, haveria de ser completamente inútil para vós e para mim? Eu que me
entreguei à procura de cada um de vós em particular, a fim de proporcionar-lhe o que
declaro o maior dos benefícios, tentando persuadir cada um de vós a cuidar menos do que é
seu do que de si próprio, para a ser quanto melhor e mais sensato, menos dos interesses do
povo que do próprio povo, adotado o mesmo princípio nos demais cuidados? Que sentença
mereço por ser assim? Algo de bom, Atenienses, se há de ser a sentença verdadeiramente
proporcionada ao mérito; não só, mas algo de bom adequado a minha pessoa. O que é
adequado a um benfeitor pobre, que precisa de lazeres para vos viver exortando? Nada tão
adequado a tal homem, Atenienses, como ser sustentado no Pritaneu; muito mais do que a
um de vós que haja vencido, nas Olimpíadas, uma corrida de cavalos, de bigas ou quadrigas.
Esse vos dá a impressão da felicidade; eu, a felicidade; ele não carece de sustento, eu
careço. Se, pois, cumpre que sentenciam com justiça e em proporção ao mérito, eu
proponho o sustento no Pritaneu."
Sócrates não deixava saída para seus juízes. Ou a pena de morte, pedida por Meleto,
ou ser alimentado no Pritaneu, enquanto fosse vivo, como herói ou benemérito da cidade.
Impossível voltar atrás, desfazer a condenação, inocentar o acusado. Entre a morte e as
impossíveis recompensas, ou juízes ficaram sem alternativa real. Para não abrir mão de sua
própria consciência, Sócrates optara pela morte. Que então morresse.
E COMO FOI O JULGAMENTO DE SÓCRATES?
Sócrates foi, provavelmente, o maior filósofo de todos os tempos. Ele viveu em
Atenas, na Grécia, por volta de 500 anos antes do nascimento de Jesus. Foi a mente mais
iluminada do ocidente em sua época, enquanto no oriente, por volta da mesma época
aparecia um tal de Buda, que causou uma revolução no modo de pensar e se relacionar com
a vida. Durante os seus 70 anos de vida, Sócrates procurou ensinar, através da dialética
(diálogos), as verdades espirituais eternas, questionando sempre as falsas tradições da
cultura helenística.
Acabou despertando ódio e inimizades entre os detentores do poder e da cultura,
que o acusavam de estar corrompendo a juventude ateniense. Foi levado a julgamento e
condenado à morte pela ingestão de cicuta, um poderoso veneno. O texto a seguir foi
condensado do livro Apologia de Sócrates, escrita por Platão (seu principal discípulo).
Ele descreve o julgamento de Sócrates, apresentando a sua defesa e suas
considerações finais, após a sentença de condenação.
A DEFESA
A acusação diz:
"Sócrates comete crime, investigando indiscretamente as coisas terrenas e as
celestes, e tornando mais forte a razão mais débil, e ensinando aos outros". Mas nada disso
tem fundamento, pois não instruo e nem ganho dinheiro com isso. Talvez pudessem dizer de
mim: "Enfim, Sócrates, o que é que você faz? De onde nasceram essas calúnias? Se suas
ocupações não fossem tão diferentes das dos outros, não teria ganho tal fama e não teriam
nascido acusações".
Sócrates responde:
Acontece que Xenofonte, uma vez indo a Delfos, ousou interrogar o oráculo e
perguntou-lhe se havia alguém mais sábio do que eu. Ora, a pitonisa respondeu que não
havia ninguém mais sábio. Ao ouvir isso, pensei: "O que queria dizer o deus e qual é o
sentido das suas palavras?
Sei bem que não sou sábio, nem muito nem pouco." E fiquei por muito tempo sem
saber o verdadeiro sentido de suas palavras. Então resolvi investigar a significação do
seguinte modo: Fui a um daqueles detentores da sabedoria, com a intenção de refutar, por
meio deles, o oráculo e, com tais provas, opor-lhe a minha resposta:
"Este é mais sábio que eu, enquanto você disse que sou eu o mais sábio".
Examinando esse homem - não importa o nome, mas era um dos políticos - e falando com
ele, parecia ser um verdadeiro sábio para muitos e, principalmente, para si mesmo. Procurei
demonstrar-lhe que ele parecia sábio sem o ser. Daí veio o ódio dele e de muitos dos
presentes aqui contra mim. Então, pus-me a considerar comigo mesmo, que eu sou mais
sábio do que esse homem, pois que, nenhum de nós sabe nada de belo e de bom, mas
aquele homem acredita saber alguma coisa sem sabê-la, enquanto eu, como não sei nada,
também estou certo de não saber.
Parece, pois, que eu seja mais sábio do que ele nisso: não acredito saber aquilo que
não sei. Fui a muitos outros daqueles que possuem ainda mais sabedoria que esse, e me
pareceu que todos são a mesma coisa. Daí veio o ódio deste e de muitos outros. E então me
aconteceu o seguinte: procurando segundo o critério do deus, pareceu-me que os que
tinham mais reputação eram os mais desprovidos, e que os considerados ineptos eram
homens mais capazes quanto à sabedoria.
Também procurei os artífices e devo dizer que os achei instruídos em muitas e belas
coisas. Eles, realmente, eram dotados de conhecimentos que eu não tinha e eram muito
mais sábios do que eu. Contudo, eles tinham o mesmo defeito dos poetas: pelo fato de
exercitar bem a própria arte, cada um pretendia ser sapientíssimo, também, nas outras
coisas de maior importância e esse erro obscurecia o seu saber. Dessa investigação,
cidadãos atenienses, tanto me originaram calúnias como também me foi atribuída a
qualidade de sábio. E totalmente empenhado em tal investigação, não tenho tido tempo de
fazer nada de apreciável, nem nos negócios públicos, nem nos privados, mas encontro-me
em extrema pobreza, por causa do serviço do deus.
Além disso, os jovens, seguindo-me espontaneamente, gostam de ouvir-me
examinar os homens. Eles, muitas vezes, me imitam por sua própria conta e decidem
também examinar os outros, encontrando grande quantidade daqueles que acreditam saber
alguma coisa mas pouco ou nada sabem. Daí, aqueles que são examinados encolerizam-se
e, por essa razão, dizem que há um tal Sócrates que corrompe os jovens. Saibam, quantos o
queiram, que por esse motivo sou odiado; e que digo a verdade, e que tal é a calúnia contra
mim e tais são as causas.
Cidadãos de Atenas, creio que vocês não têm nenhum bem maior do que este meu
serviço do deus. Por toda a parte eu vou persuadindo a todos, jovens e velhos, a não se
preocuparem exclusivamente com o corpo e com as riquezas, como devem se preocupar com
a alma, para que ela seja o melhor possível. Absolvendo-me ou não, não farei outra coisa,
nem que tenha de morrer muitas vezes.
Dessa forma, parece que o deus me designou à cidade com a tarefa de despertar,
persuadir e repreender cada um de vocês, por toda a parte, durante todo o dia. É possível
que vocês, irritados como aqueles que são despertados quando no melhor do sono,
levianamente me condenem à morte, para dormirem o resto da vida.
A CONDENAÇÃO
A minha impassibilidade, cidadãos de Atenas, diante da minha condenação deriva,
entre muitas razões, que eu contava com isso, e até me espanto do número de votos dos
dois partidos.
Por mim, não acreditava que a diferença fosse assim pequena. Os meus acusadores
pedem, para mim, a pena de morte. Que pena ou multa mereço eu? O que convém a um
pobre benemérito que tem necessidade de estar em paz para lhes poder exortar ao caminho
reto? Para um homem assim conviria que fosse nutrido e mantido pelo Estado.
Por não terem esperado um pouco mais, vocês irão obter a fama e a acusação de
haverem sido os assassinos de um sábio, de Sócrates. Pois bem, se tivessem esperado um
pouco de tempo, a coisa seria resolvida por si mesma: vejam vocês a minha idade. Talvez,
senhores, o difícil não seja fugir da morte. Bem mais difícil é fugir da maldade, que corre
mais veloz que a morte.
Eu, preguiçoso e velho, fui apanhado pela mais lenta: a morte. Já os meus
acusadores, válidos e leves, foram apanhados pela mais veloz: a maldade. Assim, eu me
vejo condenado à morte por vocês; vocês, condenados de verdade, criminosos de
improbidade e de injustiça. Eu estou dentro da minha pena, vocês dentro da sua.
E estamos longe de julgar retamente, quando pensamos que a morte é um mal.
Porque morrer é uma destas duas coisas: ou o morto não tem absolutamente nenhuma
existência, nenhuma consciência do que quer que seja; ou, como se costuma dizer, a morte
é uma mudança de existência e uma migração deste lugar para outro. Se, de fato, não há
sensação alguma, mas é como um sono, a morte é como um presente, porquanto todo o
tempo se resume em uma única noite. Se a morte, porém, é como uma passagem deste
para outro lugar e se lá se encontram todos os mortos, qual o bem que poderia existir maior
do que este?
Quero morrer muitas vezes, se isso é verdade, pois para mim a conversação acolá
seria maravilhosa. Isso constituiria indescritível felicidade. Vocês devem considerar esta
única verdade: que não é possível haver algum mal para um homem de bem, nem durante
sua vida, nem depois de morto. Por isso mesmo, o que aconteceu hoje a mim não é devido
ao acaso, mas é a prova de que para mim era melhor morrer agora e ser liberto das coisas
deste mundo. Por essa razão não estou zangado com aqueles que votaram contra mim, nem
contra meus acusadores. Mas já é hora de irmos: eu para a morte, e vocês para viverem.
Mas quem vai para melhor sorte é segredo, exceto para Deus.
O Julgamento de Sócrates (Fédon)
O julgamento de Sócrates foi relatado por seu discípulo, Platão, no livro Fédon, e
apesar de ter sido realizado há mais de 2.400 anos, aborda, em sua essência e nos fatos que
o rodeiam, temas e questionamentos que até hoje procuramos compreender. O ponto de
partida para tentar compreender tal julgamento está na defesa das acusações que foi feita
pelo próprio Sócrates. Uma vez que não havia pessoa melhor para demonstrar a veracidade
dos fatos, se não aquele que os praticou/vivenciou. A partir desse ponto de partida, podemos
entender a grandiosidade que esse julgamento tem não só para a história da Filosofia, como
também para a história da humanidade. O saber, a missão e a morte.
Pelo entendimento do texto, o Saber para Sócrates estava diretamente ligado à
humildade – uma das virtudes que demonstra o grau do caráter humano – em reconhecer à
limitação do conhecimento. Podemos ver isso quando Sócrates parte atrás de pessoas que supostamente - sabiam mais que ele, e chega à conclusão de que, apesar de realmente
saberem acerca daquilo que estão acostumados a lidar, não sabiam acerca daquilo que não
dominavam e, assim, pensavam - erroneamente - que sabiam, não assumindo, desta
maneira, a verdade.
Ainda, o “Saber de Sócrates” (por assim dizer) estava na capacidade de assumir a
verdade: saber que de nada se sabe. Uma vez que o conhecimento/sabedoria só é atingido
através da verdade. De forma tranqüila e sem receios, Sócrates expõe sua Missão aos
presentes no julgamento. Relata como o Oráculo de Delfos o qualificou como o mais sábio
dentre os homens e como procedeu para buscar respostas para comprová-lo. Sócrates
buscava a perfeição da alma, mas sabia que para atingi-la só mesmo através da verdade.
Não que ele não acreditasse no Oráculo – manifestação divina na Terra –, mas não
compreendia o motivo pelo qual o levou a dizer aquilo. Paralelo a esse questionamento, o
filósofo começou sua busca por aqueles que tinham todo o estereótipo de um sábio:
conhecimento a certa de todas as coisas. Para o filósofo foi mais fácil entender porque
aqueles a quem procurou (políticos, poetas, artesãos) não serem os escolhidos do Oráculo:
não possuíam a humildade em reconhecer que não sabiam acerca daquilo que não
dominavam. Como supracitado, Sócrates buscava a perfeição. Perfeição essa que só era
possível através da verdade.
Para ele, não era possível chegar à perfeição através da política, pois a mesma não
busca a verdade e, sim, a justiça. Com certeza, tal pensamento foi decisivo para condená-lo;
visto que nem todos possuíam seu grau de conhecimento, não puderam compreender que a
justiça dita por Sócrates não buscava a verdade e sim culpados e inocentes, mesmo que não
utilizassem da mesma. A Morte anunciada (como condenação a seu julgamento) deveria
despertar naquele homem o mais temível dos sentimentos e a mais insensata das
manifestações, mas, surpreendentemente, Sócrates demonstra, mais uma vez, o grau de
sua sabedoria.
Supôs (até aqui ele mostrou que não sabia de tudo, apenas supôs) que havia dois
caminhos para seguir: a morte instantânea ou o renascimento de sua alma (consciência). Ele
estava tranqüilo por que sabia que, além de ter falado a verdade, não foi ela - nem si
mesmo - quem o condenou, mas sim a ignorância daqueles que não admitiram que foram
falhos em condená-lo. Dizer isso a todos seria o mesmo que repetir sua defesa na íntegra;
portanto, desnecessário. Com certa margem de erro, é possível dizer que Sócrates sabia de
sua morte quando, no decorrer do julgamento, observou que ali dentro a verdade não valia
de muita coisa.
A autonomia dos temas neste julgamento é observada quando o Saber de Sócrates
provoca uma reação contrária ao que ele propunha, ou seja, “saber que nada sei” para
aqueles que o julgavam foi mais uma prova de que ele se julgava superior demais para estar
ali; sua Missão é encarada – de forma errada – como uma prova de que utiliza-se da retórica
para escapar da condenação; e sua morte parece ser eminente, pois satisfazer a vontade do
povo é o que conta numa democracia como Atenas, mas a vontade de poucos influenciou a
maioria.
Há uma correlação entre os temas, principalmente entre o Saber e a Missão. Pois o
segundo é uma busca pelo primeiro e o primeiro é uma conseqüência que Sócrates tira do
segundo.
A Morte como condenação deixa um grande significado: o primeiro, por si só, que é
seu exemplo de morrer para deixar vivo aquilo em que acreditava e conseqüentemente um
recado aos sofistas de que deveriam não só se preocupar com a oratória, mas também com
a verdade, pois a aplicação da primeira sem buscar a segunda não é filosofia.
O que deixa mais intrigada a leitura desse texto foi o fato de que Atenas, sendo uma
cidade "democrática", levou à morte seu filho mais ilustre por fazer justamente aquilo que a
democracia mais defende: liberdade de expressão. Poder-se-ia, até mesmo, dizer que o
único crime que Sócrates cometeu foi o de ter sido ateniense até o fim, literalmente.
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