PAPEL DO ENFERMEIRO NO ENSINO AO AUTOCUIDADO DE

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PAPEL DO ENFERMEIRO NO ENSINO AO AUTOCUIDADO DE
ADOLESCENTES COM DOENÇA FALCIFORME
Odete Aparecida de Moura1, Ana Paula Pinheiro Chagas Fernandes2, José Nélio Januário3,
Mitiko Murao4, Ruth Santos Fontes Silva5, Célia Maria Silva6, Mila Lemos Cintra7, Rosângela
Maria de Figueiredo8, Aline Poliana Silva Batista9, Fernanda Arcelo Fernandes Silva10, Marina
Mendonça de Sousa11, Katy Karoline Santos Diniz12, Priscila Quirino de Souza Menezes13,
Tamiris Rezende Garcia14.
INTRODUÇÃO: O profissional de Enfermagem tem papel fundamental no ensino do
autocuidado ao ser humano, isto é, levá-lo a cuidar de si, exercendo atividades em benefício
próprio, a fim de manter a vida, a saúde e o bem-estar. A Doença Falciforme (DF) é uma
enfermidade hereditária causada por uma hemoglobina mutante, causando deformação nas
hemácias e permitindo que elas assumam a forma de foice. Ao assumirem essa conformação,
as hemácias percorrem com dificuldade pelos vasos sanguíneos, dificultando a oxigenação do
organismo. A oclusão dos pequenos vasos favorece tanto hemólise crônica quanto lesão
tecidual isquêmica. Assim, o paciente é continuamente acometido por anemia grave, crises de
dor, crises vasoclusivas e infartos dolorosos em vários tecidos como: ossos, baço e pulmão,
dentre outras complicações. Há maior suscetibilidade a infecções, podendo haver sequelas
irreversíveis nos mais diversos órgãos e podendo levar até à morte. É diagnosticada pela triagem
neonatal e acomete predominantemente negros, pardos e afrodescendentes em geral. Sendo
assim, é importante atentar para a herança de desigualdade social que envolve esse grupo de
pessoas. Por se tratar de uma doença com diagnóstico precoce, a assistência multiprofissional
deve ser iniciada logo nos primeiros meses de vida e a família possui papel fundamental nesse
processo, pois ela interfere positiva ou negativamente, sendo responsável por cumprir ou não
as orientações fornecidas pelos profissionais. O enfermeiro é o agente oficialmente reconhecido
para auxiliar os indivíduos a adquirir conhecimento para as práticas do autocuidado. A
enfermagem tem suas ações focadas nas pessoas com incapacidades, em algum momento
específico da vida, objetivando promover no indivíduo seu próprio funcionamento e
desenvolvimento. A teoria do Déficit de Autocuidado, de Dorothea Orem, consiste em quando
e por que a enfermagem torna-se necessária e indispensável ao indivíduo em relação ao
processo cuidativo. Com o uso de teorias, é possível que o enfermeiro obtenha conhecimento
necessário para aprimorar suas práticas.
OBJETIVO: Correlacionar a teoria de Dorothea Orem com o Manual de Autocuidado do
Ministério da Saúde (MS) e avaliar os possíveis diagnósticos de enfermagem da North
American Nursing Diagnosis Association (NANDA) e as orientações que podem ser fornecidas
pelo profissional enfermeiro para o autocuidado de adolescentes com Doença Falciforme.
METODOLOGIA: Trata-se de um estudo descritivo e exploratório sobre Teoria do Déficit de
Autocuidado voltado para os adolescentes com DF. Após correlacionar a teoria às orientações
descritas pelo Manual de Autocuidado do Ministério da Saúde (MS) foi realizado um panorama
com as sugestões de diagnósticos de enfermagem a partir dos riscos evidenciados.
RESULTADOS: De acordo com a teoria de Orem e o Manual do Autocuidado do MS sobre
Doença Falciforme os riscos evidenciados pertinente à adolescência foram: (1)
desconhecimento sobre a doença e tratamento, (2) risco para desenvolver a dor, (3) risco para
crescimento e desenvolvimento alterados, (4) risco para infecção, (5) risco para acometimento
de problemas bucais, (6) risco para distúrbio do autoconceito, da autoimagem e da autoestima,
(7) risco para a integridade da pele prejudicada, (8) risco para mobilidade física prejudicada (9)
intolerância à atividade (10) perfusão tissular alterada (renal entre outras). A partir dos riscos
identificados houve uma correlação com 70 diagnósticos de enfermagem da NANDA.
CONCLUSÃO: O não conhecimento da doença falciforme e as dificuldades econômicas
encontradas por essas pessoas, aliada à falta de acesso aos serviços de saúde contribuem para o
surgimento das complicações que impedem que esses indivíduos vivam com qualidade. Além
disso, a adolescência é considerada uma fase de grandes transformações na vida do ser humano
e é nessa fase que se constrói a autonomia como sujeito e cidadão. O profissional enfermeiro
tem papel importante no cuidado dessas pessoas, estimulando o adolescente para que continue
buscando a completude como ser humano, fazendo-o compreender o significado da doença e
tentando adaptá-lo as diferenças. A aplicação dos conhecimentos técnico-científicos e humanos
na prática da enfermagem permite uma assistência especializada, permitindo que o profissional
enfatize a atenção às pessoas com incapacidades para o atendimento às suas necessidades. A
identificação dos diagnósticos de enfermagem auxilia o profissional a conduzir um regime
terapêutico adequado, executar as práticas educativas e promover mudanças de comportamento.
O autocuidado deve possibilitar a participação ativa do indivíduo no seu tratamento, pois, a
partir do momento em que ele adquire um hábito positivo em relação a sua enfermidade, ele
passa a depender da própria vontade de querer mudar e agir, visando à melhoria da sua
qualidade de vida. Através desse processo estabelece-se o empoderamento do paciente em
relação à doença, regulando os fatores que afetam seu próprio desenvolvimento e contribuindo
para o enfrentamento dos obstáculos, a fim de manter a vida, a saúde e o bem estar próprio.
CONTRIBUIÇÃO: A detecção precoce da DF, pode contribuir na redução da
morbimortalidade e, consequentemente na qualidade de vida das pessoas acometidas pela
doença. Buscar diferentes modos de agir em relação ao outro, favorecendo uma vida melhor e
mais saudável, através do cuidado humanizado, é o foco do trabalho em enfermagem. O
autocuidado tem como propósito o emprego de ações de cuidado que contribui para a educação
e o desenvolvimento humano. O papel da enfermagem é de promover e restabelecer a saúde do
paciente, implementando práticas assistenciais e educativas que valorizem o ato de se
autocuidar.
REFERÊNCIAS:
1. SILVA et al. Cuidado, autocuidado e cuidado de si: uma compreensão paradigmática
para o cuidado de enfermagem. Revista Escola de Enfermagem USP (2009). P 697 a
703. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v43n3/a28v43n3.pdf.
2. SERAFIM et al. Capacitação de profissionais de saúde para o manejo da dor em
adolescentes portadores de doença falciforme na atenção primária. Revista Oficial do
Núcleo de Estudos da Saúde do Adolescente / UERJ. Vol. 8 nº 4 - Out/Dez – 2011 p 55
a 58. Disponível em: http://www.adolescenciaesaude.com/detalhe_artigo.asp?id=296.
3. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de
Atenção Especializada. Manual de Educação em Saúde vol 1 e 2/ Ministério da Saúde,
Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Especializada. – Brasília:
Editora do Ministério da Saúde, 2008.
4. BRAGA, Cristiane Giffoni; SILVA, José Vitor da. Teorias de enfermagem. São Paulo:
Iátria, 2011. 252 p.
5. NORTH AMERICAN NURSING DIAGNOSIS ASSOCIATION. Diagnósticos de
enfermagem da NANDA: definições e classificação 2012-2014. Porto Alegre: Artmed,
2012. 606 p
DESCRITORES: teorias de enfermagem, autocuidado, anemia falciforme.
1 Enfermeira da Fundação Hemominas e Supervisora do Centro de Educação e Apoio para Hemoglobinopatias de Minas Gerais (CEHMOBMG). E-mail: [email protected]
2 Pediatra do Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais
(NUPAD/FM/UFMG), Centro de Educação e Apoio para Hemoglobinopatias de Minas Gerais (CEHMOB-MG) e Coordenadora do Projeto
“Doença Falciforme: Linha de Cuidados na Atenção Primária”.
3 Médico, Coordenador Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas
Gerais (NUPAD/FM/UFMG) e Coordenador do Centro de Educação e Apoio para Hemoglobinopatias de Minas Gerais (CEHMOB-MG).
4 Hematologista da Fundação Hemominas e Coordenadora do Centro de Educação e Apoio para Hemoglobinopatias de Minas Gerais
(CEHMOB-MG).
5 Enfermeira do Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais
(NUPAD/FM/UFMG) e Centro de Educação e Apoio para Hemoglobinopatias de Minas Gerais (CEHMOB-MG).
6 Hematologista da Fundação Hemominas e Centro de Educação e Apoio para Hemoglobinopatias de Minas Gerais (CEHMOB-MG).
7 Médica do Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais
(NUPAD/FM/UFMG) e Centro de Educação e Apoio para Hemoglobinopatias de Minas Gerais (CEHMOB-MG).
8 Hematologista do Centro de Educação e Apoio para Hemoglobinopatias de Minas Gerais (CEHMOB-MG).
9 Enfermeira do Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais
(NUPAD/FM/UFMG) e Centro de Educação e Apoio para Hemoglobinopatias de Minas Gerais (CEHMOB-MG).
10 Acadêmica de Psicologia do Centro de Educação e Apoio para Hemoglobinopatias de Minas Gerais (CEHMOB-MG).
11 Acadêmica de Psicologia do Centro de Educação e Apoio para Hemoglobinopatias de Minas Gerais (CEHMOB-MG).
12 Acadêmica de Gestão de Serviços de Saúde do Centro de Educação e Apoio para Hemoglobinopatias de Minas Gerais (CEHMOB-MG).
13 Acadêmica de Gestão de Serviços de Saúde do Centro de Educação e Apoio para Hemoglobinopatias de Minas Gerais (CEHMOB-MG).
14 Acadêmica de Enfermagem do Centro de Educação e Apoio para Hemoglobinopatias de Minas Gerais (CEHMOB-MG).
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