Potencial genotóxico do cultivo de células tronco mesenquimais provenientes da medula óssea de equinos. Natalia Sato Minami, Rogério Martins Amorim, Juliana Ferreira da Silva, Danielle Jaqueta Barberini, Luciano Barbosa, Ligia Souza Lima Silveira da Mota. Campus Botucatu, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Medicina Veterinária, [email protected], bolsista PIBIC. Palavras Chave: terapia celular, teste do cometa. Introdução A perspectiva do uso de Células Tronco Mesenquimais (CTM) no tratamento de enfermidades ortopédicas, neurológicas, inflamatórias, dentre outras, tem gerado uma 1 explosão de pesquisas nessa área . O potencial terapêutico das CTM reside na sua capacidade em regenerar tecidos, tanto pela substituição das células lesadas, quanto pelos efeitos parácrinos imunomoduladores e antiinflamatórios, associados à estimulação da angiogênese, inibição da formação 1,2 cicatricial e da apoptose . No entanto, dados sobre o potencial genotóxico induzido pelo processo de isolamento e cultivo das CTM em equinos são escassos na literatura. Considerando que CTM com o DNA danificado pode dar origem a uma mutação deletéria e sofrer 3 precocemente apoptose ou necrose comprometendo a eficácia da terapia celular, este trabalho teve como objetivo verificar o potencial genotóxico dos procedimentos empregados in vitro, para o isolamento e cultivo das CTM provenientes da medula óssea de equinos, por meio do Teste do Cometa. Material e Métodos Foram utilizados como doadores de medula óssea três equinos adultos, sem raça definida de ambos os sexos e clinicamente saudáveis. A punção da medula óssea, o isolamento e o cultivo das CTM foram realizados conforme a metodologia descrita por Maia et al., 2013. O Teste do Cometa foi realizado em três momentos, sendo o cultivo primário, passagem 1 e passagem 2, de acordo com RIBEIRO, 2003. As imagens das lâminas de agarose, submetidas à eletroforese e coradas com brometo de etídio, contendo as CTM foram capturadas imagens em microscópio de fluorescência de 50 cometas, para avaliar a intensidade da cauda (tail intensity), expressa pelo percentual de DNA na cauda, por meio do programa “Comet assay”. Para a análise estatística foi empregada a análise de variância de dois fatores e o teste de Tukey para a comparação de médias ao 4 nível de 5% de significância . Resultados e Discussão Os resultados obtidos para a medida da intensidade da cauda do cometa estão resumidos na Tabela 1. XXIV Congresso de Iniciação Científica Figura 1. Imagem de um cometa de célula tronco mesenquimal de medula óssea de equino, com DNA danificado (cauda do cometa). Tabela 1. Médias da intensidade (%) da cauda do cometa durante o cultivo primário, passagem 1 e passagem 2 de células tronco mesenquimais da medula óssea de três equinos. ANIMAL 1 2 3 CULTIVO PRIMÁRIO a 4,501 3,809a a 3,314 PASSAGEM 1 a 4,924 0,855b a 2,012 PASSAGEM 2 a 2,588 ab 1,313 b 5,888 *Médias seguidas de letras iguais não diferem estatisticamente em cada momento (p<0,05). Por meio dos resultados apresentados na Tabela 1, podemos observar que o cultivo de CTM do animal 3 apresentou na passagem 2, aumento significativo no percentual de DNA na cauda (intensidade da cauda), indicando efeito genotóxico. As CTM de medula óssea de equinos em cultivo entram em senescência mais cedo do que as CTM 5 de tecido adiposo e de cordão umbilical . A perda da integridade do DNA durante os procedimentos de passagens das CTM em cultivo pode deflagrar precocemente a senescência dessas células, comprometendo o estabelecimento de bancos de CTM e a eficácia da terapia celular. Conclusões As sucessivas passagens para manutenção e expansão dos cultivos de CTM de medula óssea de equinos podem causar efeitos genotóxicos. Mais estudos devem ser realizados com um número maior de animais para confirmação e validação desses resultados. Agradecimentos Profa. Dra. Fernanda da Cruz Landim. 1 BORJESSON, D. L.; PERONI, J. F. The regenerative medicine laboratory: facilitating stem cell therapy for equine disease. Clinic Lab Med. v. 31, p. 109123, 2010. 2 FRISBIE, D. D.; SMITH, R. K. W. Clinical update on the use of mesenchymal stem cells in equine orthopaedics. Equine Veterinary Journal. v. 42, p. 86-89, 2009. 3 RIBEIRO, L. R.; SALVADORI, D. M. F.; MARQUES, E. K. Mutagênese Ambiental. Rio Grande do Sul: Editora da ULBRA, 2003. p. 173-200 4 DAWSON, B. ; TRAPP, R.G. Bioestatística Básica e Clínica, 3ª. Ed., Ed. McGraw-Hill Interamericana, 2003. 348p. 5 VIDAL, M. A. et al. Evaluation of senescence in mesenchymal stem cells isolated from equine bone marrow, adipose tissue, and umbilical cord tissue. Stem Cells and Development, v. 21, n.2, p. 273-283, 2012.