UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO

Propaganda
UNIJUÍ – UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO
GRANDE DO SUL
Everson Barasuol Barbosa
A marca no contexto do blog corporativo e das redes sociais. Um estudo de
caso do blog da Converse
Ijuí, dezembro de 2011
0
Everson Barasuol Barbosa
A marca no contexto do blog corporativo e das redes sociais. Um estudo de
caso do blog da Converse
Monografia apresentada ao Curso de
Comunicação Social, - Habilitação em
Publicidade e Propaganda, do Departamento
de Ciências Administrativas, Contábeis,
Econômicas
e
da
Comunicação,
da
Universidade Regional do Noroeste do Estado
do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ), requisito
parcial para obtenção do grau de Bacharel em
Publicidade e Propaganda.
Orientadora: Profa. Nilse Maria Maldaner
IJUÍ (RS)
2011
1
UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO
RIO GRANDE DO SUL
CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL – PUBLICIDADE E PROPAGANDA
A COMISSÃO EXAMINADORA, ABAIXO ASSINADA, APROVA A
MONOGRAFIA
A marca no contexto do blog corporativo e das redes sociais. Um estudo de
caso do blog da Converse
ELABORADA POR
EVERSON BARASUOL BARBOSA
COMO REQUISITO PARCIAL PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE
BACHAREL EM COMUNICAÇÃO SOCIAL
COMISSÃO EXAMINADORA
PROFESSORA NILSE MARIA MALDANER, PROFESSORA MESTRE ORIENTADORA
PROFESSORA MARCIA FORMENTINI, PROFESSORA MESTRE
2
AGRADECIMENTOS
Agradeço a todos aqueles que fizeram parte deste período da minha vida tão
importante que foi a graduação. Minha família pelo suporte dado e todo
incentivo à conclusão do curso. Minha esposa pelo carinho e paciência nestes
últimos meses do ano.
Sem esquecer do incentivo dos professores em especial a orientadora
Professora Nilse.
3
RESUMO
Este trabalho tem por objetivo estudar o marketing digital através deas
ferramentas das redes sociais e com destaque o blog corporativo como parte
integrante do processo de construção da marca. Essas características
apontadas ao longo do trabalho visam analisar como estudo de caso o blog da
marca Converse destacando de forma exploratória e qualitativa os elementos
que colaboram para a comunicação com seu público.
Palavras-chave: blogs corporativos, comunicação, marca, redes sociais,
Converse.
4
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS ......................................................................................... 3
RESUMO............................................................................................................ 4
INTRODUÇÃO .................................................... Error! Bookmark not defined.
Capítulo 1 - COMUNICAÇÃO PARA FORTALECIMENTO DA MARCA ............ 9
1.1. Comunicação de Marketing ......................................................................... 9
1.2. Comunicação Integrada de Marketing ....................................................... 11
1.3. Marcas: histórico, conceituação e importância .......................................... 13
Capítulo 2 - A COMUNICAÇÃO DE MARKETING NA ERA DIGITAL .............. 17
2.2. A evolução da internet e sua importância para o consumidor ................... 18
2.3. A influência das redes sociais online na comunicação .............................. 23
Capítulo 3 - BLOGS CORPORATIVOS ........................................................... 29
3.1. A evolução e os tipos de blogs .................................................................. 29
3.2. Características dos Blogs corporativos ..................................................... 33
Capítulo 4 - ESTUDO DE CASO DO BLOG CORPORATIVO DA MARCA
CONVERSE ..................................................................................................... 40
4.1. A marca Converse: histórico e sua importância cultural ............................ 40
4.2. Blog Conversation: antigo blog da Converse ........................................... 43
4.3. Análise do novo blog da Converse ........................................................... 49
4.4. Análise das mudanças no blog da Converse ............................................ 71
5. Considerações Finais .................................................................................. 75
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................ 77
5. ANEXO A .................................................................................................... 82
5
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
A comunicação de marketing tem tomado novos rumos com as
possibilidades das redes sociais na internet. Empresas de diferentes setores e
níveis financeiros encontraram na internet a possibilidade de anunciar, promover e
criar identificação de sua marca com os consumidores através de uma
comunicação dirigida. Estudar o fenômeno da comunicação de marca através da
internet é a proposta deste trabalho de conclusão de curso tendo como objetivo
analisar a estrutura das funcionalidades de um blog corporativo e suas
interatividades com as redes sociais.
A proposta de estudar blogs corporativos partiu do interesse do pesquisador
por novas maneiras de se comunicar, e pelo contato que teve com o tema durante
a graduação. Além de interesse pessoal, estudar assuntos relacionados ao
marketing digital é uma realidade que está sendo cada vez mais exigida, pois a
mídia online já é uma realidade e muitos investimentos estão sendo feitos neste
meio.
A metodologia utilizada é o estudo descritivo do assunto a partir de pequisa
bibliográfica em livros e artigos científicos sobre o assunto tendo como foco o
estudo de caso do blog da Converse. Sobre estudo de caso Triviños (1987, p.
111) conceitua como a busca de fornecer um conhecimento aprofundado de uma
realidade delimitada para que os resultados atingidos possam permitir e formular
hipóteses para uma nova pesquisa. Dessa maneira, o estudo pretende trazer
informações referentes à marca no contexto da internet, que por ser um meio
mutável está em constante evolução e aprimoramento.
O trabalho aborda no primeiro capítulo como a comunicação fortalece a
marca, trazendo conceitos sobre comunicação de marketing, comunicação
integrada de marketing e a importância do entendimento do que é uma marca com
base nos trabalhos de SHIMP (2002), KOTLER (2010), MARTINS (2010) e outros
autores.
Partindo para a análise da comunicação de marketing digital, são estudadas
7
as influências da internet e como passamos de uma comunicação de massa para
uma mídia segmentada. Neste capítulo também se trabalha a comunicação de
marketing nas redes sociais, o que são elas, suas principais características, bem
como se comportam os usuários dessas redes, produzindo conteúdo e
participando. Entender este tipo de ação é necessário para desvendar o perfil do
público que busca conhecer as empresas através das novas mídias. Esta
preocupação é encontrada em autores como Recuero (2003) e Spyer (2009) que
se detêm sobre a relação que as redes possuem com as marcas.
O terceiro capítulo visa conhecer os aspectos da linguagem dos blogs,
procurando em autores como Orihuela (2007) e Antúnez (2007) como se
caracteriza
esse
Especificamente,
tipo
são
de
comunicação
mostradas
as
e
principais
suas
principais
características
definições.
dos
blogs
corporativos, de acordo com dos estudos de Cipriani (2008) e Terra (2008) e
outros, trazendo as abordagens necessárias para a utilização dos blogs como
ferramenta corporativa.
Para observar de forma empírica a função do blog corporativo e sua relação
com a marca no quarto capítulo se fará uma análise do blog da Converse. Este
blog já foi analisado pelo autor em 2009 em outro trabalho acadêmico, porém,
neste ano (2011), sofreu mudanças significativas em sua estrutura de layout e
conteúdo. Foram analisados os aspectos da comunicação da marca através de
elementos visuais e de conteúdo do blog corporativo, tanto de 2009 quanto 2011,
do referencial teórico e de um questionário com o responsável, Rafael Achutti,
pelo marketing digital da marca Converse.
8
Capítulo 1 - COMUNICAÇÃO PARA FORTALECIMENTO DA MARCA
1.1. Comunicação de Marketing
Existem termos que se colocados lado a lado sugerem ser parecidos ou
semelhantes, quando na verdade se complementam. Fazer marketing não é
comunicar, bem como comunicar não significa propriamente fazer marketing.
Discutir comunicação é uma atividade interdisciplinar que leva em conta pequisas
e trabalhos de sociologia, antropologia, história, psicologia social e experimental,
lingüistica, semiótica e filosofia. Porém o termo “comunicação” ficou tão
popularizado, principalmente quando colocado ao lado de conceitos de
comunicação mercadológica, que perde-se o sentido original da palavra, que vem
do latim cummunis e traz a ideia de comunhão, tornar comum, participar,
compartilhar (PEREZ, 2002, p. 14).
Shimp (2002, p.31) define comunicação como “o processo pelo qual os
pensamentos são transmitidos e o significado é compartlihado entre pessoas ou
entre organizações”. A partir do sentido etimológico da palavra Galindo (2002,
p.26) define o ato de comunicar como:
Promover participações comuns entre os envolvidos no processo
comunicacional, participações essas carregadas de significações, afinal
estabelecem-se os elementos vitais ao processo, ou seja: uma mensagem
é distribuída por meio de um veículo, ambos necessariamente comuns aos
pólos emissor/receptor podendo a partir desse processo simplificado,
desencadear um processo de trocas, contínuas ou não, de
informações/impressões/idéias/volições, caracterizando-se assim o fluxo
comum ou o intercâmbio entre pólos em estado de interação. (GALINDO,
2002, p.26)
Conforme visto a comunicação é uma atividade social de interação e ao longo
dos tempos o ser humano desenvolveu diversos sistemas de comunicação. Deste
entendimento não apenas pessoas se comunicam, mas todas as organizações
modernas, empresas comerciais ou entidades sem fins lucrativos usam da
comunicação de marketing para promover suas ofertas e atingir seus objetivos.
Entende-se por marketing o “conjunto de atividades através das quais as
empresas e outras organizações criam transferência de valor (trocas) entre elas
9
próprias e seus clientes” (SHIMP, 2002, p.31).
Kotler (2010, p.4) diz que
marketing “envolve a identificação e a satisfação das necessidades humanas e
sociais”, e que ele “supre necessidades humanas”. O autor traz o conceito da
American Marketing Association de que:
O marketing é uma função organizacional e um conjunto de processos que
envolvem a criação, a comunicação e a entrega de valor para os clientes,
bem como administração do relacionamento com eles, de modo que
beneficie a organização e seu público interessado. (KOTLER, 2010, p.4)
Para diferenciar marketing de venda, Kotler (2010, p.15) usa a definição de
Peter Drucker, um dos principais teóricos da administração, que diz que o “objetivo
do marketing é conhecer e entender o cliente tão bem que o produto ou o serviço
seja adequado a ele e se venda sozinho”.
O marketing é uma atividade de mercado, uma atividade de troca entre
produtor e consumidor. O marketing carrega em sua proposta o compromisso com
o resultado, satisfação do cliente e lucro para o empresário/empresa (GALINDO,
2002, p. 100).
Com estes conceitos entende-se que a comunicação mercadológica
trabalha em favor dos objetivos de marketing. Shimp (2002, p. 31) define
“comunicação de marketing” como o “conjunto de todos os elementos no mix de
marketing de uma marca que facilitam trocas ao estabelecer significados
compartilhados com os clientes daquela marca”. Kotler fala sobre a importância da
comunicação no contexto do marketing explicando que:
O marketing moderno exige mais que desenvolver um bom produto,
determinar corretamente seu preço e torná-lo acessível ao cliente. A
empresa que quer mais que apenas vendas eventuais deve desenvolver
um programa eficaz de comunicação e promoção. Toda empresa é forçada
pela própria natureza dos clientes e concorrência a adotar o papel de
comunicador. (KOTLER apud GALINDO, 2002, p.101)
Segundo Perez (2002, p.35) entre os objetivos de uma comunicação de
marketing estão: criar reconhecimento na mente do consumidor; construir imagens
favoráveis; identificar clientes potenciais; formar e intensificar relacionamentos;
reter clientes e por fim vender.
10
1.2. Comunicação Integrada de Marketing
Comunicação Integrada de Marketing é o desenvolvimento e a implementação
de várias formas de programas de comunicação pesuasiva com o cliente. O
objetivo de uma comunicação integrada de marketing é influenciar diretamente o
comportamento do público-alvo em suas comunicações. A comunicação integrada
de marketing faz uso de todo o tipo de forma de contato ao quais os clientes
possam ser receptivos (SHIMP, 2002, p. 40).
Segundo Kotler:
A comunicação integrada de marketing é o meio pelo qual as empresas
buscam informar, persuadir e lembrar os consumidores – direta ou
indiretamente – sobre os produtos e marcas que a comercializa. Num certo
sentido a comunicação de marketing representa a “voz” da marca pelo qual
ela estabelece um diálogo e constrói relacionamentos com os
consumidores (KOTLER, 2010, p. 532)
Para
atingir
estes
objetivos
são
utilizadas
ferramentas
que
são
denominadas de mix de comunicação de marketing que facilitam as trocas e
estabelecem significado com os clientes. Na definição de Kotler (2010, p.533)
fazem parte do mix de comunicação de marketing:
- Propaganda: divulgação do produto, serviço, marca empresa ou ideia com
o intuito de informar e persuadir;
- Promoção de vendas: incentivos a curto prazo que estimulam a
experimentação ou compra de um produto ou serviço
- Eventos e experiências: atividades e programas que são patrocinados por
empresas e projetados para criar interações relacionadas à marca;
- Relações Públicas e assessoria de imprensa: programas elaborados para
promover ou proteger a imagem de uma empresa ou seus produtos;
- Marketing direto: comunicação direta com os clientes através de correio,
telefone, e-mail e que solicitam uma resposta direta;
- Vendas pessoais: interação pessoal com o objetivo de apresentar o
produto.
11
Cada uma dessas ferramentas do mix de comunicação de marketing tem
potencial para funcionarem bem sozinhas, porém é na integração desses
processos que marca é fortalecida. Na Comunicação Integrada de Marketing todos
os elementos de comunicação de marketing – propaganda, publicidade, promoção
de vendas, marketing de patrocínio e comunicação no ponto-de-venda são
gerenciados para que comuniquem a mesma mensagem.
Shimp (2002, p.40) cita que as principais características da Comunicação
Integrada de Marketing são: afetar o comportamento do consumidor, começar com
o cliente, usar qualquer tipo de forma de contato, gerar sinergia e construir
relacionamentos. O autor usa o exemplo da estratégia de marketing da Bayer,
para a divulgação de uma linha de analgésicos que não eram feitos com aspirina,
mas para combater sintomas específicos como sinusite, cólicas e dor de cabeça.
Para atingir milhões de consumidores sem veicular propaganda na televisão foi
usada uma estratégia de comunicação integrada de marketing:
Foram desenvolvidas estratégias para alcançar os consumidores de
maneira mais produtiva possível. Prepararam-se anúncios para serem
colocados nas salas de espera dos consultórios médicos e veiculados em
várias revistas de interesse especial. Foi distribuído um bilhão de cupons
durante o primeiro ano da campanha (uma média de quatro cupons para
cada homem, mulher ou criança nos Estados Unidos). A Bayer conseguiu
que a Emergency Medical Service (EMS) contribuísse financeiramente
para arrumar voluntários e divulgasse por telefone procedimentos para
emergência. Esse acordo gerou uma campanha de serviço público grátis
para a EMS e criou uma associação favorável para o Bayer Select ao ligar
seu nome a uma causa justa. Também foi desenvolvida uma campanha de
propaganda especial para atingir especificamente os consumidores
hispânicos. Resumindo a Sterling investiu U$$ 116 milhões para lançar
essa nova linha de produtos com todas as mensagens comunicando o
conceito da Bayer Select “punha o alívio onde estava a dor” (WINTER,
1992, apud SHIMP, 2002, p. 44)
O consumidor deve ser estudado com o objetivo de verificar seu
posicionamento frente a empresa, sua imagem, aceitação, rejeição do produto e a
opinião em relação a ele. O conhecimento dessas variáveis permite ao profissional
de marketing adequar o produto e a propaganda (GADE, apud GAUTHIER;
LAPOLLI, 2008).
12
Porém, o mercado e o comportamento do consumidor são mutáveis, e
diversos fatores levam a decisão da escolha de um produto ou serviço. Por isso é
importante o conhecimento e o gerenciamento do conceito de marca.
1.3. Marcas: histórico, conceituação e importância
Para definir marcas é necessário entender que elas surgiram a partir da
necessidade do homem em diferenciar seus produtos. Conforme Rosa (2004, p.
12) o surgimento é incerto, mas muitos alegam que há mais de 3000 anos
artesões indianos já gravavam assinaturas (marcas) de suas criações artísticas
que eram enviadas ao Irã. As marcas destes artesões eram usadas como um sinal
de diferenciação. Na antiguidade, conta-se que o império romano foi um dos
percursores ao criar distinções para estabelecimentos como os açougues que
recebiam a pata traseira de boi, os comerciantes de vinho que colocavam o
símbolo de uma ânfora e a figura simples de uma faca designava um
estabelecimento que comercializava lacticínios em geral (PINHO, 1996, p. 11).
Perez (2002, p. 62) destaca o trabalho de pintores renascentistas como
Michelangelo e Peter Paul Rubens que tinham suas assinaturas como marcas de
seus trabalhos como forma de identificação. Nesta época selos, siglas e símbolos
eram usados para atestar a procedência e a qualidade de produtos com isso
evitando falsificação.
Ainda destaca-se na evolução das marcas o início das grandes expedições
marítimas na colonização da América e o advento do comércio internacional no
século XV aonde as marcas foram utilizadas como sinal distintivo nos produtos
comercializados (ROSA, 2004, p. 12).
Porém o conceito moderno de marca vai além de um símbolo de
diferenciação. A importância das marcas passa a ser maior a partir do século XIX,
com o início da Revolução Industrial e o uso de técnicas de promoção e vendas
(PEREZ 2002, p. 62). E ao longo do século XX com o avanço dos mecanismos de
produção e a abertura da tecnologia, vários produtos começaram a passar à
categoria de commodities, isso é, comuns, e para diferencía-los necessitavam
13
algo que fosse além do aspecto perceptível, conforme explica Rosa (2004, p. 27).
Com isso a propaganda tornou-se cada vez mais prevalecente e as marcas
passaram a identificar as organizações de maneira subjetiva, de acordo com
Perez (2002, p. 59) “os consumidorees queriam Fords e não carros a motor”.
Uma das definições de marca mais recorrentes entre os autores é a da
American Marketing Association, que nos anos 60 definiu marca, nome de marca
e marca registrada:
Marca é um nome, termo, sinal, símbolo ou design, ou uma combinação de
tudo isso com a intenção de identificar bens e serviços de um vendedor ou
grupo de vendedores para diferenciá-los do concorrente”.
Nome de marca é aquela parte da marca que pode ser pronuniada ou
pronunciável.
Marca registrada é uma marca ou parte de uma marca à qual é dada
proteção legal porque é capaz de apropriação exclusiva (PINHO, 1996, p.
14)
Essa definição foi ganhando acréscimos ao longo do tempo à medida que
se percebia o valor intríseco de uma marca, como podemos ver na definição de
Rosa que considera a marca:
Um patrimônio intangível, não palpável, porém de grande valia. É ela que
dá amplitude em suas possibilidades de vendas, na medida que é
lembrada espontaneamente pelo seu cliente, fazendo-o optar por seu
produto, fidelizando-o. (ROSA, 2004, p. 11)
Para Martins (2010, p. 9) a marca é a “união de atributos tangíveis e
intangíveis” e que devem ser gerenciados de forma adequada. O autor lembra que
a marca não entrega um produto, mas cria influência e gera valor.
Naomi Klein, uma autora que discute a influência das marcas na sociedade,
aborda de maneira crítica o momento que as marcas passaram de um símbolo
para uma identidade:
No final da década de 1940 surgiu a consciência de que uma marca não
era apenas um mascote, um slogan ou uma imagem impressa na etiqueta
do produto da empresa; toda a empresa podia ter uma identidade de
marca ou uma “consciência corporativa”, como na época que foi
denominada esta efêmera qualidade. Com a evolução dessa idéia o
publicitário deixou de ver a si mesmo como um vendedor e passou a se
considerar “o rei-filósofo da cultura comercial”, nas palavras do crítico de
14
publicidade Randall Rothberg. A busca do verdadeiro significado das
marcas – ou a “essência de marca”, como é frequentemente chamado –
gradualmente distanciou as agências dos produtos e suas características e
as aproximou de um exame psicológico/antropológico de o que significam
as marcas para a cultura e a vida das pessoas. (KLEIN, 2003, p. 31)
O que Klein chama de “a essência da marca” passou a ser o alvo de estudo
na área. E os comunicadores de marketing de diferentes especialidades passaram
buscar entender e desenvolver mensagens referentes à marca. SHIMP (2002, p,
32) chega a dizer que produtos, serviços, lojas e eventos mesmo significando
diferentes tipos de objetos de marketing podem ser resumidos no termo marca.
As marcas devem ser vistas como um ativo da empresa, algo que deve ser
protegido, integrado e gerenciado (MARTINS, 2010, p.9). Fato esse que se
comprova ao olhar para os números de marcas globais como Coca-Cola, Google,
Microsoft e ver o resultado do cálculo feito por empresas especializadas em
contabilizar financeiramente quanto vale em dólares a marca destas empresas.
Chama-se esse o ato de dar valor a uma marca de brand equity. Pinho (1996, p.
45) explica que fatores como estabilidade, análise do mercado, internacionalidade
e investimentos da marca são atributos que são mensúraveis para chegar a um
valor da marca. Pinto e Troiano (apud Pinho, 1996, p. 46) dizem que brand equity
“é o incremento patrimonial que vai se juntar ao patrimônio líquido, perfazendo o
valor de venda da empresa e de suas marcas”.
Porém para o mundo corporativo perceber o valor de uma marca levou
anos, Klein (2003, p.31) aponta como o marco da valorização das marcas a
compra da Kraft pela Philip Morris nos anos 80 por US$ 12,6 bilhões, que era seis
vezes o que a empresa valia na época. Esse fato chamou a atenção porque o que
estava no custo era a palavra “Kraft”, ou seja, à compra foi atribuído “a algo que
antes tinha sido abstrato e não quantificável – uma marca”. Segundo a autora tal
episódio mostrou que gastos em propaganda eram mais que uma estratégia de
venda mas um investimento em capital.
Com o desenvolvimento do conceito de marca houve a necessidade de
criar estratégias de gestão de marca, Martins conceitua isto como branding:
Branding é o conjunto de ações ligadas à administração das marcas. São
ações que, tomadas com conhecimento e competência, levam as marcas
15
além da sua natureza econômica, passando a fazer parte da cultura, e
influenciar a vida das pessoas. Ações com capacidade de simplificar e
enriquecer nossas vidas num mundo cada vez mais confuso e complexo.
(MARTINS, 2010, p.9)
O termo branding, assim como outras nomenclaturas do marketing gera
discussão já que é usado de forma equivocada muitas vezes, colocado ao lado do
conceito de marca, mas conforme resume de maneira humorada Sabino (2009,
online) “branding é trazer o consumidor para sua brand (marca)”.
O gerenciamento de marca pode causar a impressão de demandar uma
grande quantidade de recursos financeiros, mas como explica Martins (2010, p.
30) a alavancagem e a proteção da imagem da marca depende mais de atenção e
inteligência do que dinheiro, já que os recursos devem ser usados de maneira
estratégica para um resultado eficiente.
Hoje a administração de marcas também precisa vencer um novo desafio,
conseguir seus objetivos de marketing na internet. Martins (2010, p. 133)
conceitua a internet como um formato digital de branding e que deve ser utilizado
com estratégias coerentes para esse meio.
16
Capítulo 2 - A COMUNICAÇÃO DE MARKETING NA ERA DIGITAL
2.1. Da mídia de massa a midia personalizada da internet
Depois da Revolução Industrial em meados do século XVIII e que se expandiu
para o mundo a partir do século XIX houve um salto tecnológico de profundo
impacto na vida social e econômica do mundo. Com o ritmo de produção
acelerado surgiu o fenômeno da cultura de massa e os meios de comunicação de
massa.
Associa-se ao tipógrafo, aparelho capaz de reproduzir a escrita em grande
escala, a primeira tecnologia capaz de reproduzir a informação em massa, pois a
partir do século XVIII foi utilizado não somente para livros mas para a impressão
de jornais, acelerando a produção da informação (MCLUHAN, apud GAUTHIER e
LAPOLLI, 2008).
Dos meios com produção de imagem e som à invenção do cinema na primeira
década do século XIX, ao rádio nos anos 50, e à televisão, que nos anos 70 já
estava na maioria dos lares dos Estados Unidos, os meios de comunicação de
massa tornaram-se “significativos e inescapáveis da vida moderna” (DEFLEUR;
BALL-ROKEACH, apud GAUTHIER e LAPOLLI, 2008)
Galindo (2002, p.35) explica que o processo de comunicação pelos meios de
massa caracteriza-se pela transmissão de ideias entre os indivíduos através de
uma transmissão simbólica, mas diferente de uma comunicação qualquer, a
comunicação de massa é voltada para uma audiência “relativamente grande,
heterogênea e anônima”.
Dentro do contexto da comunicação de marketing quando voltado para um
estímulo comunicacional esse grupo responderá de forma individualizada, Galindo
explica:
Indo mais além, encontramos na comunicação de massa um forte apelo ao
indivíduo anônimo (especialmente
você) considerando o caso da
propaganda de produto, bens e serviços em que os eventuais compradores
serão sempre um grupo heterogêneo com suas mais diversas
características, mas como membros da massa, serão homogêneos ou
basicamente semelhantes, pois em razão do anonimato serão vistos como
17
um todo, mesmo reagindo individualmente. (GALINDO, 2002, p.37)
Ao analisar esse tipo de definição não significa que o indivíduo está inerte
ao que lhe é comunicado. Existem diversas formas dele interagir com os meios de
massa, porém restritivos, pois nas mídias de massa as mensagens são
produzidas por algumas pessoas e transmitidas para muitas outras. GAUTHIER e
LAPOLLI enumeram três caracteristicas na comunicação de massa:



A audiência a que se destina é grande, heterogênea e anônima. A
comunicação de massa é um forte apelo ao indivíduo anônimo com
comportamento de massa, ou seja, inclui diversos participantes
procedentes de qualquer categoria social, qualquer profissão,
diversos níveis culturais, econômicos e vocações sem conseguir
agir de maneira integrada
A comunicação é pública, rápida e transitória;
A comunicação é realizada de forma sistematizada, organizada e
não espontânea. (GAUTHIER; LAPOLLI, 2002, p. 36)
Os meios de massa ainda são influentes nas decisões de marketing das
empresas devido a visibilidade proporcionada por elas, porém os altos custos de
disseminação e uma busca por uma mensagem direcionada tem levado a uma
fragmentação dos esforços de comunicação. Dentro desse novo perfil, as
possibilidades do uso da internet têm ganhado espaço na interação dos
consumidores com as marcas. (COVALESKI, 2010, p.22)
Com a convergência midiática e a evolução das relações de consumo, além
da mídia de massa, existe a opção de uma mídia segmentada e com os recentes
avanços das redes sociais, pode-se dizer uma mídia personalizada.
2.2. A evolução da internet e sua importância para o consumidor
Assim como muitas das inovações tecnológicas do século XX, a Internet
surgiu como resposta à busca de superioridade tecnológica, em especial do
governo americano ao Sputnik, o programa de lançamento de satélites artificiais
soviético no ano de 1957. Através de estudos da ARPA - Administração dos
Projetos de Pesquisa Avançada do Departamento de Defesa dos Estados Unidos
– a internet constitui-se a partir de uma rede limitada (Arpanet) com o objetivo de
compartilhar informações entre universidades e outros institutos de pesquisa. O
18
que tornava a rede diferente de simples ligações de computador era que as
informações compartilhadas podiam sobreviver à retirada ou destruição de
qualquer computador ligado a ela. (BRIGGS e BURKE, 2002, p. 310)
Briggs e Burke explicam como funcionava a arquitetura do sistema de redes:
“Qualquer lugar podia se ligar à Net de qualquer lugar, e a informação era trocada
imediatamente, em “fatias” dentro de “pacotes”. O sistema de envio quebrava as
informação em peças codificadas, e o sistema receptor juntava-a novamente,
depois de ter viajado até seu destino. Esse foi o primeiro sistema de empacotados
da história. (BRIGGS e BURKE, 2002)”
A Net passou por período de pesquisa para se tornar completamente
operacional, e cresceu à medida que mais centros de pesquisa a utilizavam, como
a Fundação Nacional de Ciência (NSF), que “pensava em um número maior de
pesquisadores do que os que usavam a Arpanet”. Tal estrutura ainda não era
viável comercialmente, a situação mudou somente em 1979, com o surgimento
dos primeiros provedores de serviços online. O primeiro serviço online a surgir foi
o Compuserve concorrendo com a American Online (AOL), que mais tarde junto
com o Prodigy tinham em 1993, um conjunto de 3,5 milhões de assinantes
(BRIGGS e BURKE, 2002, p. 311).
A estrutura da internet de ligar redes pelo mundo só foi possível pelo
pensamento visionário de Tim Berners-Lee, um inglês que imaginou o que seria a
“World Wide Web” em 1989. Seu objetivo era “conservar a Web sem proprietários,
aberta e livre”. Berners-Lee foi alvo de críticas por pessoas que consideravam que
“quanto mais usuários da Internet houvesse, mais terreno inútil existiria”, porém o
número de entusiasmados com uma rede de comunicações que dava grande
poder aos indivíduos e significava um grande avanço para a sociedade era maior.
(BRIGGS e BURKE, 2002 p. 312 e 313)
As mensagens que circulavam na rede, ainda quando eram exclusivas dos
meios acadêmicos, já eram convencionadas com o símbolo @ nos endereços de
e-mail introduzidos. Brigs e Burke (2002 p. 313) contam que, em 1986, surgiram
as abreviações “.com”, para comércio, “.mil”, para forças armadas e “.ed” para
educação. O envio de mensagens por e-mail foi responsável pelo grande avanço
da internet, pois como concluem os autores “o e-mail tinha óbvia importância para
as famílias, principalmente no caso de pessoas distantes umas das outras, pois
19
ajudava bem mais a reuni-las do que os correios.” (BRIGGS e BURKE, 2002, p.
314).
A internet trouxe o conceito de rede de distribuição de informação, e com isso
se tornou a base tecnológica para a forma organizacional da Era da Informação.
Por rede entende-se um conjunto conectado de nós, uma prática muito antiga,
mas que ganhou vida mediante a evolução da internet trazendo à existência redes
de informação. (CASTELLS, 2004, p.7)
A internet, em seu processo de evolução passou de objeto de programação e
da influência dos temidos hackers para tornar-se a alavanca de transição da
sociedade. O sociólogo CASTELLS conceitua esse fenômeno como a “Galáxia da
Internet” explicando:
A Internet é um meio de comunicação que permite, pela primeira vez, a
comunicação de muitos para muitos, num momento escolhido e em escala global.
Assim como a difusão da máquina impressora no Ocidente criou o que McLuhan
chamou de a "Galáxia de Gutenberg", ingressamos agora num novo mundo de
comunicação a "Galáxia da Internet". (CASTELLS, 2004, p. 8)
O debate e as questões levantadas pela convergência digital têm crescido a
cada momento que a tecnologia facilita e cria relações de interatividade entre os
indivíduos. Com o surgimento da internet o espaço de interatividade ampliou,
Berners-Lee desenvolveu a World Wide Web com o objetivo de “conservá-la, sem
proprietários e livre” (BRIGGS e BURKE, 2002, p. 312) para que assim fosse um
espaço descentralizado. A velocidade com que a informação percorre a internet e
avança, em comparação com meios como o rádio e a TV, é notável. O rádio levou
38 anos para alcançar 50 milhões de pessoas, a televisão 13 anos e a imprensa
séculos para se tornar um meio de comunicação de massa. Logo que a internet
deixou os ambientes acadêmicos e científicos, precisou de apenas quatro anos
para alcançar 100 milhões de usuários. (LARANGEIRA, 1998, p.1)
Durante os tempos, sempre houve a expectativa de que os novos meios
viessem para eliminar os antigos, porém a internet criou uma revolução tamanha
que a suposição de que ela eliminaria todos os demais meios era crescente. Com
o avanço da mídia digital nos anos noventa, profetizava-se que esse novo meio
iria libertar os consumidores da “tirania dos meios de comunicação de massa”,
criando um “banquete de nichos e especialidades” nunca visto, entrando para uma
20
“nova era de individualismo” (GILDER apud JENKINS, 2006, p. 312). Porém a
internet, assim como os demais meios, trouxe uma adaptação, mudando a forma
de circulação da informação, socialização e de negócios.
Com a internet surgiu o conceito de hipermídia, ou seja, um conjunto de
meios que reúne recursos de hipertexto, imagens, animação e som em uma
interface gráfica amigável e que de modo interativo e não-linear possibilite fazer
links entre os elementos, com isso acelera-se os processos comunicacionais
alterando a noção de tempo e espaço através do compartilhamento da
informação. A possibilidade de transmitir, editar, armazenar e receber mensagens
em maior velocidade é resultado da digitalização que consegue lidar com
transmissão de dados, som ou vídeo, em um único fluxo, diferente dos sinais
analógicos. Com essas características a internet proporcionou mudanças na
maneira de se fazer negócios:
A tecnologia que surgiu para suprir a demanda de troca de
informações, foi rapidamente integrada ao cotidiano de pessoas e
instituições, mudando a maneira de se fazer negócios, criando uma
oportunidade para as empresas de estreitar os laços de suas
marcas com consumidores, tornando-se acessório indispensável e
propiciando novas formas de comunicação e relacionamento. Tudo
isso com uma velocidade e alcance espetaculares, favorecendo a
mudança de um conjunto de etapas mecanizadas para processos
automatizados (LAPPOLI, GAUTHIER, 2008, p. 42)
Através da comunicação online surgem novas oportunidades para enviar e
receber mensagens, com uma comunicação direta e imediata com os usuários.
Assim, empresas encontraram novas opções para a comunicação de marketing e
conceituação de suas marcas junto aos seus públicos.
Uma comunicação que era voltada as massas passou a receber, com a
internet, características segmentadas. Saad, apud Gauthier e Lapolli; destaca que
existe uma “nova mídia concebida para novos receptores, que trafega por um
espaço virtual carregado de sinais elétricos e deve refletir um novo tecido social”;
ou seja, existe uma mudança no comportamento devido à influência da internet na
opção dos consumidores. Com este novo cenário Vivan, apud Gauthier e Lapolli,
explica:
A interação física do mercado passa a ser virtual, oferecendo aos
clientes a acessibilidade total a produtos e serviços a qualquer hora
e local, a possibilidade de efetuar compras personalizadas, tanto
21
no volume quanto no formato do produto, a disponibilidade de
informações em tempo real sobre o produto consumido e acesso a
uma central de pós-vendas de maneira rápida e eficiente. (VIVIAN
apud GAUTHIER e LAPOLLI, 2008)
Para Cavallini o maior feito da Internet não foi ser uma nova opção de mídia
mas ter mudado o comportamento do consumidor, pois com ela o consumidor
possui mais acesso à informação e com isso consegue conhecer, questionar,
comparar e divulgar sua opinião sobre produtos, serviços, marcas e empresas, ou
seja, “o consumidor ganha mais poder e exige uma mudança na proposta de valor
das empresas e consequentemente nos seus esforços de marketing” (CAVALLINI,
2008, p.29).
Alvin Toffler criou o neologismo prosumer para a definição do novo
consumidor da sociedade pós-moderna, um consumidor que tem se tornado mais
exigente e que diante de tantas opções de marca, produto, ou serviço tem a opção
de comparar mercadorias e levado empresas a se adaptarem criando uma
“inversão de paradigma” aonde parte dos consumidores atuais estão “ditando o
que a indústria deve produzir, trocando de mãos o poder que até então era de
domínio da cadeia produtiva” (COVALESKI, 2010, p.22)
É diante desse consumidor que participa e produz através da rede que o
marketing evoluiu e as empresas passaram a realizar ações de marketing digital
utilizando a rede para aproximar-se e conhecer melhor seus clientes utilizando-se
de recursos digitais como sites, portais, e-mail, redes sociais, blogs e demais
meios
que
proporcionem
a
“aproximação,
democratização,
informação,
convergência e integração” no meio digital (GOMES apud GAUTHIER, LAPOLLI,
2008). Diante das muitas opções de marketing digital vamos detalhar para a
análise das redes sociais e dos blogs na comunicação de marketing.
Torres (2009, p.66) traz uma visão baseada no comportamento do
consumidor na internet. Para o autor o consumidor busca na internet quatro
atividades básicas: relacionamento; informação; comunicação e diversão. O autor
deixa claro que o marketing digital não está ligado a um movimento da Internet e
nem suas inovações, mas “está centrado no consumidor que nela navega”. Além
disso, Torres (2009, p.70) traz sete estratégias de marketing digital que servem de
orientação para ações estratégicas na internet são elas:
22
- Marketing de conteúdo
- Marketing nas mídias sociais
- Marketing viral
- Publicidade on-line
- Pesquisa on-line
- Monitoramento
Estas estratégias não estão separadas, mas integradas conforme explica o
autor:
Temos que considerar que ao contrário do marketing convencional, na
Internet os consumidores estão sempre inseridos em vários ambientes e
contextos, de forma interligada e dinâmica. Isso significa que cada ação
estratégica isoladamente pode e interfirirá nas outras e, em muitos casos,
é difícil separar de forma exata uma ação de outra. (TORRES, 2009, p.
70).
Dentro deste contexto será analisada a importância das redes sociais (ou
mídias sociais) e como elas criam estratégias para as marcas diante do
consumidor.
2.3. A influência das redes sociais online na comunicação
Segundo dados publicados em abril de 2011 pelo Ibope Nielsen Online, o
número de pessoas que possuem acesso a Internet em casa ou no trabalho é de
43,2 milhões, já incluindo pessoas que acessam de outros lugares como lan
houses e escolas atinge 73,9 milhões. A pesquisa também abordou o tempo de
uso da Internet que cresceu para 66 horas mensais. Outra pesquisa realizada pela
comScore apontou que os números de usuários de internet no Brasil chega a 46,7
milhões e que as pessoas que acessam redes sociais pelo menos uma vez ao
mês é de 44,9 milhões1.
Esses números comprovam a importância destes sites que possuem a
possibilidade de "expressão e sociabilização através das ferramentas de
comunicação mediada pelo computador" (RECUERO, 2009, p.23). Nessa
categoria se incluem os blogs, sites de redes de relacionamento, sites de
Fonte: http://www.edialog.com.br/midia-social/numeros-da-internet-e-redes-sociais-ibope-e-comscore-abril2011/ acessado em 10 de outubro de 2011
1
23
conteúdo colaborativo e diversos outros modelos de sites que produzem
relacionamento, colaboração e entretenimento (TORRES, 2009, p. 74).
Coutinho (2009) traça uma evolução desse novo momento vivido pela
comunicação, conforme o autor, o mundo passou de uma era denominada
broadcast, onde a comunicação é de “um para todos”, para o socialcast, momento
em que a comunicação passa de “muitos para muitos.
Os avanços nas tecnologias de hardware e software verificados no final
dos anos 90 são a semente para um novo formato de comunicação, o
Socialcast, no qual a comunicação não ocorre apenas “de um para
muitos”, mas é potencializada pela interação “de muitos com muitos”.
Pode-se alegar, com razão, que essa interação sempre existiu. Inéditas
são sua amplitude, velocidade e durabilidade. As opiniões digitais (sobre
um produto, empresa ou candidato político), livres das restrições do
suporte material (jornais, livros, encontros face a face), trafegam pelo
planeta de uma forma que está além do controle das empresas e, em
alguns casos, até mesmo dos governos e de seu aparato judicial.
(COUTINHO, 2009, p.49)
Esse fenômeno recente já é bem estruturado, e possui sua representação,
nas redes sociais na internet que proporcionam uma multiplicidade de informações
e interações, responsáveis por uma mudança de “organização, identidade,
conversação e mobilização social”, não conectando apenas computadores, mas
pessoas (RECUERO, 2009, p. 16 e 17). Castells ao defender as redes diz que:
As redes têm vantagens extraordiárias como ferramentas de organização
em virtude de sua flexibilidade e adaptabilidade inerentes, características
essenciais para se sobreviver e prosperar num ambiente em rápida
mutação. (CASTELLS, 2003, p. 7)
As redes sociais na internet têm atuado como ferramentas de expressão de
indíviduos, que criam seu conteúdo, em um blog, por exemplo, ou administram um
perfil em um site de relacionamento como o Orkut ou Facebook, ou se expressam
em 140 caracteres no Twitter. Por isso o estudo dessas redes é importante para
revelar o comportamento do consumidor no século XXI, já que toda rede social é
considerada uma metáfora para a observação de um grupo social (RECUERO, p.
24).
As redes sociais podem ser classificadas da seguinte maneira:
- Ferramentas de publicação de blogs, wikis e portais de jornalismo
cidadão;
24
-
Ferramentas de troca de vídeos, imagens, links, música, slideshows;
-
Ferramentas de discussão como fóruns, vídeo fóruns, instant messaging
e voz sobre IP – voip;
-
Redes sociais, como Orkut, Facebook, MySpace;
-
Ferramentas de micropublicação, como Twitter;
-
Ferramentas de agregação de feed, como FriendFeed;
-
Plataformas de games sociais (Doof, ImInLikeWuithYou);
-
Ferramentas de mundos virtuais, como o Second Life. (CAVAZZA,
FRED apud PINTO, Manuel; 2008)
Um termo que está sempre ligado aos estudos de redes sociais é Web 2.0,
esse conceito é importante, pois foi o mais difundido para descrever os novos
serviços na web, que caracterizam as redes sociais, mas é um termo que gera
controvérsias. Spyer caracteriza a Web 2.0 como “uma relação de características
que supostamente diferenciam novos sites daqueles que naufragaram com o
estouro da bolha da Internet na virada do século” (SPYER, 2007, p. 28). O autor
analisa como um termo que deve ser usado com cuidado por empresas na hora
de vender uma solução de internet:
A associação vaga entre “2.0” e a idéia de inovação abre precedente
para que, por exemplo, um projeto comum que inclua um blog seja
promovido como Web 2.0 pela equipe de vendas encarregada de
oferecer a solução. Ao invés de defender os valores por trás do conceito,
o nome passa a ser usado para benefício privado. Desconfia-se de que
muitas companhias promovendo essa bandeira estejam desenvolvendo
produtos sem modelos de negócios sérios apenas para se aproveitar do
aquecimento do mercado, o que traria junto com a “nova internet” uma
“nova bolha”. (SPYER, 2007, p. 28)
Diante disso, nota-se que o grande propulsor do crescimento das redes
sociais está na capacidade de colaboração dos usuários que participam destes
sites, o que Silveira (2008, p.63) chama de “processos de colaboração online”,
onde os conteúdos operam atraindo e agrupando pessoas através de um
interesse comum (ALONSO apud TERRA, 2009). Caso esse visto em redes
sociais específicas como Flickr2, Linkedin3, Jinni4 e as próprias comunidades no
2
Flickr é a rede social que permite o compartilhamento de fotos, e criação de grupos (como
comunidades) que servem para discussão de temas relacionados a fotografia ou divulgação e
apreciação da arte. Em 2005 o site expandiu a partir de sua compra pelo Yahoo,. A rede social tem
25
Orkut, com isso nota-se um agrupamento de indivíduos, o que facilita a
abordagem de empresas para um determinado público. Por isso, Spyer (2007,
p.86) declara que “o principal atrativo de uma comunidade não é seu conteúdo,
mas seus participantes”. O que o autor deixa claro é que a partir da colaboração
de usuários, o conteúdo é “enriquecido”, mas para isso é importante a comunidade
ser específica o suficiente para agregar usuários que produzam tal conteúdo,
sendo mais que um site, mais como “um clube” que reúne interessados no
assunto. Conforme Silveira (2008, p. 63) “os serviços tornam-se melhores quanto
mais pessoas o usarem”.
Spyer (2007, p. 43) elenca algumas vantagens que os ambientes virtuais
oferecem através da colaboração são eles:
- Redução no custo de produção e disseminação: a informação é disseminada
através de múltiplos contatos.
- Redução de esforço de coordenação: os interesses em comum não dependem
mais de tempo ou espaço.
- Ampliação do benefício: o tipo de informação ou algum arquivo estará
disponível e pode ser copiado e distribuído infinitas vezes.
-
Redução do número de envolvidos na produção: a virtualização oferece que
poucos possam gerenciar projetos já que não existe a limitação de espaço.
Em um outro estudo referente às redes sociais, organizado pela Global
Faces5, de acordo com Terra (2009), é exposto como as organizações devem agir
mediante o crescimento das redes sociais:
sido usada tanto por amadores quanto fotógrafos profissionais. Disponível em
http://www.flickr.com/
3
O Linkedin é uma rede social com o objetivo de aproximar profissionais de diferentes áreas
tornando-se um espaço para o usuário criar um perfil profissional onde o usuário pode buscar
conhecimento bem como estar conectado a empresas que estão na rede. Há a possibilidade de
pesquisa por currículos e características profissionais. Atualmente mais de 50 milhões de usuários
do mundo já participam do site. Disponível em http://www.linkedin.com/.
4
Jinni é uma rede social recente, mas seu diferencial é ter o foco em pessoas que queiram
compartilhar gostos e experiências em cinema e televisão. O usuário pode fazer uma lista dos
filmes preferidos, recomendar e dar nota aos filmes gerando um ranking dos filmes melhores ou
piores avaliados. Disponível em http://www.jinni.com/.
5
Este relatório traz números sobre os fenômenos das redes sociais anualmente, mostrando como
a indústria da mídia e veículos de comunicação podem tirar vantage do que está acontecendo
online. O último estudo esta disponível em http://zunia.org/post/global-faces-and-networked-placesmarch-2009/.
26
1. Redes sociais são canais de comunicação como TV, jornais, rádio e
telefone. Portanto, trata-se de um canal que as organizações podem
oferecer produtos e serviços ou para se comunicar, engajar e se conectar
com os seus consumidores.
2. O crescimento das mídias sociais e das opiniões geradas pelos
consumidores são oportunidades para que as organizações expandam
suas audiências e engajamento em seus sites.
3. As organizações devem instigar funcionalidades que permitam
formação de comunidades e conversações dentro de seus próprios sites.
4. Assim como os consumidores adicionam conteúdos às redes sociais,
estas oferecem oportunidades de promoção de informações para
audiências maiores na web.
5. Há que se pensar que há simultaneidade de consumo das mídias. O
uso das redes sociais pode ser complementar às mídias tradicionais.
6. Anunciar nas redes sociais online significa superar obstáculos como
complexidade, criatividade e relevância. (TERRA, 2009, p. 11)
As empresas que buscarem entender o perfil do consumidor presente
nessas redes precisam ter claro que as redes influenciam seus negócios, já que
há uma mudança de relacionamento e trabalho com a marca quando se responde
a esse público (CAVALCANTI, 2009, p. 64). Coutinho (2009, p. 51) sinaliza que
as empresas precisam estar preparadas para atuar no âmbito das redes sociais
que não possuem “barreiras de tempo, espaço e aparência física, aliando
interação social com produção de conteúdo”, conhecendo esse público.
As rede sociais são ambientes aonde os consumidores estão, mas mais
que consumir uma informação eles querem participar e produzir interação. Terra
(2009, p.12) declara que o consumidor atual busca participar do conteúdo dos
meios de comunicação, consumindo informações, entretenimento, produtos e
serviços, tornando-se um formador de opinião. Já Aranha (2009, p. 27-30) chama
esse público de “geração CO”, onde “o mundo quer ser autor do próprio mundo”.
O autor explica que esse consumidor quer “co-participar, co-operar, co-laborar, coexistir, co-criar, co-produzir”. Ou seja, é preciso que as marcas aprendam a
escutar e dialogar, engajando pessoas em torno da participação “como co-autores
ou criadores da linguagem apropriada à sua rede social”, o que ele denomina
“autor 2.0”:
Eu crio, você também. Eu sou autor das palavras que escolhi, e você,
tem a autoria de como as interpretou. Se você decidir escrever num blog
sua interpretação das minhas palavras, ou representá-las em imagens
num fotoblog ou vídeo, terá direito a uma nova autoria, será um autor 2.0.
É o que popularmente se chama de conteúdo gerado pelo consumidor.
(ARANHA, 2009, p. 30)
27
É necessário entender que os consumidores já estão presentes nas redes
sociais, bem como o nome das marcas, por isso ficar alheio a isso é deixar a
marca “à deriva na Internet” e mais do que manter contato com os clientes o
potencial das redes sociais é o de gerar informações, pois desta maneira a
empresa estará à frente dos processos, gerando informações que permitam que
os clientes, atuais e futuros, “conheçam e tenham experiências positivas com sua
marca e seu produto” (TORRES, 2010, p. 111).
Com relação à importância de gerar informações, os blogs são ferramentas
que conseguem ir ao encontro das necessidades dos consumidores que procuram
informações e também uma interação com as marcas, por isso analisá-los e
conhecer seu potencial é necessário.
28
Capítulo 3 - BLOGS CORPORATIVOS
3.1. A evolução e os tipos de blogs
Os blogs podem ser considerados originários do trabalho de Tim-Berners
Lee, pois se considera a página What´s new in 92, uma publicação online que
divulgava as notícias relacionadas a World Wide Web, um formato próximo ao que
se convencionou chamar de blogs, já que a base do site de Tim-Berners Lee eram
os links com um breve comentário. O termo weblog foi usado e difundido somente
em 1997 pelo autor do blog Robot Wisdom, Jon Barger, sendo o significado a
união das palavras web e log (registro) (ORIHUELA, 2007, p.2). Sobre essa
denominação Spyer (2009, p. 53) complementa dizendo que “log” também
significava “a entrada em um booklog ou diário de bordo de um navio” que
“cumpria
a
função
das
atuais
caixas-pretas
dos
aviões:
registrar
os
acontecimentos da viagem para, em caso de acidente, ajudar na reconstituição
dos seus motivos”. Träsel comenta sobre os primeiros blogs que:
De fato, o objetivo principal dos autores pioneiros era guardar um arquivo
de referências interessantes, numa época em que as ferramentas de
busca ainda eram muito pouco desenvolvidas. Encontrava-se conteúdo
interessante na web por acaso ou por indicação de outros internatutas,
então os links fornecidos nos primeiros blogs eram um ativo muito valioso
para seus autores e leitores. (TRÄSEL, 2009, p. 95)
Em Cipriani (2008) encontra-se o seguinte conceito de blog:
Na verdade, o blog é uma página de internet muito fácil de implementar e
colocar no ar. Alia-se isso ao fato de que possui uma interface agradável
e simples de usar, o que abre as portas para qualquer pessoa que não
saiba programação web. (CIPRIANI 2008, p. 31).
Em Primo e Smaniotto (2006, p.3) o conceito de blog vai além de um
registro, na verdade significa um espaço. Esse espaço não é condicionado a um
layout fixo ou ao endereço usado para acessar o blog, pois alguns blogs possuem
o recurso do “feed” (RSS ou XML) que com o auxílio de leitores de feed tornam
possível a leitura dos blogs de uma forma diferente através de assinaturas. Os
autores explicam que:
29
Esse tipo de software confere periodicamente se existe algum post novo
naqueles blogs que foram cadastrados (o sistema funciona como um
sistema de “assinaturas”). Caso haja alguma novidade, tais agregadores
listam tais posts que podem ser lidos no próprio software, ou seja, o
internauta não precisa visitar todos os blogs/espaço para conferir se
existe algo novo, já que os agregadores de notícia fazem isso
automaticamente. Esse recurso pode resultar em economia de
navegação e, portanto, de tempo. Por outro lado, afastam os posts de
seu contexto original, pois eles localizam-se ao lado de outros textos,
links, imagens e do próprio layout da página construído segundo as
preferências do blogueiro. (Primo e Smaniotto, 2006, p. 3)
Independente dos objetivos dos blogs, eles seguem uma estrutura com
posts, links e categorias, conforme Orihuela (2007):
O principal elemento de um blog são as anotações (posts), ordenadas
segundo a cronologia inversa (com as mais recentes primeiro), em que
cada uma possui um endereço URL, permanente (permalink ou
permanente), o que facilita sua conexão a partir de sites externos. As
histórias podem ser arquivadas cronologicamente (por meses e anos) e
tematicamente (por categoria) e é possível ter um buscador interno para
tornar sua localização mais fácil. A maior parte dos blogs traz uma
seleção de conexões (blogroll) que reúne os sites lidos ou pelo menos
recomendados pelo autor e alguma referência pessoal (about) que, com
o título e a descrição do blog, ajudam o leitor a situá-lo. (Orihuela, 2007,
p. 3-4)
O que facilita o uso dos blogs são os serviços de gerenciamento de
conteúdo CMS como Blogger e Wordpress, que “resolvem de modo simples e
intuitivo problemas de programação e design”, pois através deles “o usuário
consegue se concentrar de maneira mais eficaz na elaboração do conteúdo, tal
como enviar um e-mail” (ORIHUELA, 2007, p. 2).
Conforme Antúnez:
Antes de os CMS surgirem, havia apenas sistemas orientados a
programadores em virtude da complexidade do uso e da instalação nos
servidores e do alto custo de alguns. Essas soluções eram voltadas para
sites profissionais, como portais, sites, corporativos, jornalismo ou
estabelecimentos comerciais on-line. (Antúnez, 2007, p. 22)
A popularização dos CMS facilitou a criação de blogs por pessoas
amadoras em programação, além de dispensar conhecimentos de programação,
os serviços de CMS proporcionam ao usuário facilidades de administração do blog
a partir de um painel de controle on-line, gerenciando de forma automatizada e
30
“sem a tediosa dependência de enviar atualizações da equipe local para o
servidor” (ANTÚNEZ, 2007, p. 22).
Dentre os principais serviços de CMS gratuitos destacam-se o Blogger, pelo
seu pionerismo e o Wordpress, por possuir uma licença de código livre e com isso
um grande número de funcionalidades como plugins criados por usuários. Para
Antúnez (2007), o Blogger é o “símbolo de uma revolução”, pois:
O Blogger compreendeu, melhor do que qualquer outro, a psicologia do
indivíduo que vive na sociedade da informação. Não só por se
estabelecer, como seus antecessores, como o serviço de CMS com
hospedagem gratuita, mas também por conhecer as afinidades e as
fobias do internauta, independentemente de sua experiência ou de seus
hábitos de navegação. Isso era amistoso e satisfatório para eles. Assim
que se chegasse ao Blogger.com, percebia-se que os blogs eram
diferentes, emocionantes. (Antúnes, 2007, p. 26)
A relação autor do blog e seus leitores é diferente da existente entre um
webmaster e a atualização de um site. O autor do blog possui um “pacto de
leitura” com o seu leitor, existe entre eles um acordo implícito de que o estilo do
blog será mantido ao longo dos posts. Os blogs possuem em geral, uma biografia
sucinta sobre a identidade do autor do blog, ou quem está responsável pelo blog,
como uma empresa ou uma equipe de blogueiros (ORIHUELA, 2007, p. 4). Com
isso nota-se o caráter informal que o blog deseja passar, criando uma proximidade
autor e leitor.
O que nota-se é que os blogs cumprem uma importante função de
interação. PRIMO (2008) diz que os blogs possuem uma interface que é
fundamental para o desenvolvimento de “interações mútuas”, as características
apontadas são: a publicação frequente em ordem inversa, comentários associados
aos posts, e links que indicam e trazem informações sobre quem comenta; os
blogs proporcionam “um convite para um debate”. Ou seja, os blogs não são
escritos apenas pelo autor dos posts, mas faz parte de ”um processo de
interações coletivas”. Em outro trabalho, PRIMO (2002, apud RECUERO, 2003),
desenvolve uma tipologia dos hipertextos, e para o autor, os blogs, assim como
31
sites colaborativos como a Wikipedia6 são resultados de um hipertexto
cooperativo, onde “todos os envolvidos compartilham a invenção do texto comum,
à medida que exercem e recebem impacto do grupo, do relacionamento que
constróem e do próprio produto criativo em andamento”. Esse processo de
interação só ocorre a partir de um texto comum no qual um grupo constrói uma
discussão.
Duas ferramentas são fundamentais para essa discussão entre leitores e
autor do blog e leitores com outros leitores: comentários e trackbacks. Essas
ferramentas diferenciam o blog de outros sistemas de organização na Web, pois
proporcionam um “espaço de comunicação entre os interagentes” (PRIMO;
RECUERO, 2003, p.12). Uma caixa de comentário pode ser utilizada semelhante
a um fórum, pois ali os internautas podem deixar seus comentários e retornarem
para ver como outros leitores contribuiram. Com os trackbacks, a interação ocorre
à medida que “outros blogs replicam a informação de cada post aumentando e
complexificando a rede hipertextual que um blog pode proporcionar”. Tal
interação, entre comentários no blog e relevância em outros blogs, modificam a
estrutura da própria Web, pois essa ação cria novas trilhas, nós e links (PRIMO;
RECUERO, 2003, p. 4)
A evolução dos blogs passa pelos diários pessoais na internet que
começaram a surgir em 1994 devido à facilidade em organizar os posts (ou
entradas) em ordem cronológica e ao processo de atualização, já que é rápido e
de forma manual. Por isso frequentemente os blogs são associados a
adolescentes, porém o conceito de blog é superior ao de diário online, e deve ser
tratado como uma “ferramenta de articulação social”, (SPYER, 2009. p. 53). Em
Aranha (ARANHA et al, 2009, p. 31) os blogs são considerados “ferramentas de
democratização de publicação de conteúdo”. De acordo com essas definições
Primo e Smaniotto (2006, p. 4) afirmam que “não se pode reduzir os blogs/texto a
Wikipédia vem da união dos termos wiki e enciclopédia. Wiki “uma coleção de muitas páginas
interligadas e cada uma delas pode ser visitada e editada por qualquer pessoa” (WIKIPEDIA,
online), por isso a Wikipédia é considerada uma enciclopédia colaborativa onde existe a
possiblidade de edição de verbetes. A polêmica em torno do site está na fidelidade de suas
informações já que não existe um controle rígido do que é colocado no site, um dos críticos do site
é Andrew Keen autor do livro O culto do amador.
6
32
um único gênero”, já que conforme Recuero (apud PRIMO e SMANIOTTO, 2006,
p. 4) os blogs podem ser classificados em diferentes gêneros como:
- diários – refletindo o cotidiano da vida pessoal do autor;
- publicações – relacionado a informações diversas;
- literários – têm por objetivo oferecer um conto, crônica ou poesia;
- clippings – utilizam material de outros sites ou publicações;
- mistos – o autor utiliza posts pessoais e informativos, trazendo um
comentário próprio sobre o tema.
Os blogs se identificam pela sua estrutura, mas o que os torna
diferenciados é a personalização que cada blogueiro dá a seu blog. Trammel e
Kashelashviti (2005, apud RECUERO, 2009, p. 33) dizem que o blog é uma
“personalização de seu autor”, tal personalidade é expressa através dos links que
são publicados no espaço. Essa característica é percebida até mesmo em blogs
que não têm por objetivo serem pessoais, mas apenas trocas de links e
informações. Esses conceitos são importantes, pois demonstram que o blog
encontra uma linguagem diferenciada no momento em que seu autor consegue
personalizá-lo adequadamente para seu público.
3.2. Características dos Blogs corporativos
Diante das possibilidades da internet, as empresas têm encontrado
diferentes formas de divulgar e comunicar suas marcas, potencializando os
recursos que as novas mídias oferecem, indo além da construção de um website
as empresas estão utilizando outras opções na internet, entre elas encontram-se
os blogs corporativos (SANDI, 2007, p. 7).
Alonso (2007, p. 124) compara a criação de um website com a gestão de
um blog. Para o autor, páginas corporativas na web são importantes, porém
trazem complicações para um processo de gestão mais dinâmico, principalmente
quando o responsável ou equipe responsável não possui o acesso de atualização
da página. Para ele, os blogs são vantajosos para as empresas, pois são fáceis de
serem instalados e oferecem facilidades na criação e modificação de conteúdos.
Sandi (2007, p.6) afirma que dentro das possibilidades da internet os blogs
33
possuem vantagens, pois não produzem somente ligações (hiperlinks) entre seu
próprio conteúdo, como os websites tradicionais, mas oferecem links entre as
diferentes informações disponíveis na internet. Porém, os blogs não devem ser
vistos como uma substituição dos sites das empresas, Cipriani explica que:
[...] o blog quando voltado para o público externo, não é substituto pela
página web tradicional já usada pela maioria das empresas. A página
web é uma vitrine da empresa e contém informações catalogadas como
uma biblioteca, o cliente acessa e consulta seu conteúdo. No blog é
diferente: além de consultar o que a empresa na figura de uma pessoa
tem a dizer, o cliente também conversa com a empresa. A iniciativa do
blog deve ser conduzida em paralelo ao website ou intranet oficial,
porque sua funcionalidade é específica: trazer para perto da empresa
seus clientes, funcionários ou mercado e dar uma “cara para a empresa,
deixando o relacionamento cliente-funcionário-empresa mais humano”.
(CIPRIANI, 2007, p. 41)
Com isso, os blogs corporativos podem ser compreendidos como uma
comunicação “mais flexível de contato com o público” (SANDI, 2007, p.9), onde a
linguagem informal pode ser utilizada como “relacionamento, divulgação, endosso
de terceiros à reputação e imagem corporativas, diálogo, etc” (TERRA, 2006, p.6).
Wacka traz a seguinte definição de blog corporativo:
Um blog corporativo é um blog publicado por ou com a ajuda de uma
organização que queira atingir seus objetivos e metas. Em relação à
comunicação externa os potenciais benefícios incluem o fortalecimento
do relacionamento com importantes públicos-alvo. Quanto à
comunicação interna, os blogs são geralmente uma ferramenta que serve
para a colaboração e a gestão do conhecimento. (Wacka, online, apud
Gonçalves e Terra, 2007)
Cipriani (2008, p. 33-35) afirma que com autenticidade e criatividade os
blogs podem cumprir diferentes funções em uma empresa. O autor coloca os
blogs como uma ferramenta voltada ao contato próximo com o cliente, como email, chat, cartas, telefone e fax, ele também classifica os blogs como um meio
“bidirecional de resposta rápida”, pois são voltados a uma “audiência específica,
autêntica e informal”.
Terra (2008, p. 32-33) reforça a ideia do anterior, pois a classificação dos
blogs como meio bidirecional se deve a qualidade deles promoverem a
oportunidade de resposta e interação entre emissores e receptores de uma
mensagem,
além
disso
esse
tipo
de
comunicação
pretende
eliminar
34
intermediários, sendo direto, instantâneo, ágil e de resposta rápida. Já Orduña
(2007, p.149), ao falar da comunicação bidirecional compara os blogs com a
intromissão de cartas do correio, anúncios em rádio e televisão dizendo que esses
não conseguem atingir o “toque mais humano e pessoal” que um blog pode
alcançar.
Os blogs corporativos também são uma forma da empresa e sua marca
estar presente na rede, atributo necessário para empresas que querem ser
reconhecidas e buscam com que o público encontre informações relevantes, com
isso os blogs são parte de uma iniciativa “proativa” para conseguir mais presença
de um público geral ou específico como jornalistas e empresas de comunicação
que estão em constante busca de informações para cobertura midiática
(ORDUÑA, 2007, p. 143).
Devido às características apresentadas, os blogs podem cumprir diferentes
funções na comunicação de marca, Orduña (p.157) classifica os blogs
corporativos em:
- Blogs de marketing: consiste em vender um produto ou serviço específico;
- Blogs de comunidade: blogs que tem por objetivo criar uma comunidade
específica;
- Blogs de comunidades rentáveis: blogs que possuem conteúdo atrante e
com isso comercializam espaço publicitário;
- Blogs de marca: Blogs que não tratam apenas um produto ou serviço, mas
“têm a intenção de fortalecer e dar maior valor à marca”;
- Blogs de gestão de conhecimento: tem o “objetivo de receber, transmitir,
rastrear, ou seja, de gerenciar todo o conhecimento gerado na empresa”;
- Blogs colaborativos: blogs que são escritos de maneira colaborativa,
geralmente algum tipo de projeto;
- Blogs de cultura corporativa: cumprem a função de informativo
corporativo, com a edição de posts dirigidos a um público interno.
Como visto, as definições de blogs corporativos são amplas e também
divergem entre os autores, em Cipriani (2008, p. 65) eles são divididos em:
relações públicas e comunicação interna, suporte ao cliente, gestão do
conhecimento, gestão de projetos e blogs de veículos de comunicação.
35
Eles cumprem uma função de interação mediada através de comentários e
trackbacks, como visto essa é uma das características vantajosas dos blogs e
especificamente nos blogs corporativos estas características se tornam um
diferencial na comunicação, conforme explica Gonçalves e Terra (2007):
Esta interação com os que vão aos blogs e deixam seus comentários é
uma questão que difere dos demais meios de comunicação com as
empresas. Enquanto que o “Fale Conosco” das empresas não são
humanizados, ou seja, sabemos que uma mensagem está sendo enviada
mas ficamos perdidos sem saber o tempo de resposta da solicitação,
reclamação, opinião, elogio ou sugestão. Com os blogs, a interação é
bem mais próxima da realidade da empresa. A dinâmica que envolve as
respostas simples e ágeis pode se tornar um diferencial para as
organizações que incorporam a ferramenta ao seu rol de comunicação
institucional, o que, a nosso ver, só traz e garante uma boa imagem da
empresa. Ou, pelo menos, uma percepção de empresa transparente,
disposta a dialogar com seus públicos. (Gonçalves e TERRA, 2007, p.
11)
A resposta do público aos interesses da empresa, por meio dos blogs
corporativos, estabelece links de comunicação externa e através desse canal de
expressão, não existe uma mediação tradicional, já que a mensagem é recebida
através de um feedback de grande valor sem intermediários (ALONSO, 2007, p.
101). Além disso, Cipriani (2008, p. 47) ressalta que por meio dos comentários
dos leitores, existe a possibilidade de medir os resultados já que é possível
“calibrar as mensagens que serão passadas ao público”, com isso, se tem uma
“boa ideia se a mensagem agradou ou foi corretamente captada”.
Outro ponto a ser observado é que mesmo abertos, muitos blogs utilizam
uma política de comentários, pois ainda que possuindo uma linguagem informal e
disponibilizando um espaço para interação é importante estar claro que
comentários mal-intencionados não serão aceitos bem como o corrente uso de
spams nos blogs. (CIPRIANI, 2008, p. 88).
Com relação ao conteúdo dos blogs, quando bem estruturados, eles dão
relevância à empresa, já que uma presença forte na web traz oportunidade para
uma “gestão ativa de sua reputação através da rede”, ou seja, na busca de
informações pela empresa, o público e veículos de comunicação interessados em
algum assunto relacionado irão buscar no blog estas informações (ORDUÑA,
2007, p. 142).
36
Diante disso surge a pergunta: o que os blogs podem oferecer que os
websites tradicionais não conseguem atender? Orduña (2007, p.143) explica que
os blogs fazem parte de um momento em que a informação não é mais
monopolizada, e que o público busca um “florescimento de informações”, ou seja,
novas notícias que se propaguem rapidamente, devido às facilidades de
atualização e gerenciamento já apontadas, os blogs, quando utilizados para uma
estratégia empresarial, conseguem cumprir essas expectativas.
Torres destaca a importância dos blogs uma vez que as pessoas querem
mais do que um endereço URL de um site, pois buscam por conteúdo. Segundo o
autor os blogs disseminaram o conteúdo pela internet, aonde profissionais e
amadores escrevem sobre diversos assuntos. Dessa forma, as empresas
precisam compreender que:
As ferramentas de busca, em conjunto com os blogs transformaram as
pesquisas por produtos em pesquisas por informações. Elas se
especializaram cada vez mais em encontrar sites, capturar seu conteúdo
e relacionar o conteúdo a palavra-chave, a fim de apresentar um
resultado muito mais rico e útil para quem pesquisa. Os blogs se
especializaram em publicar conteúdo relevante sobre assuntos
específicos, e como são milhões de blogs, eles formam uma enorme
biblioteca de conteúdo. (TORRES, 2009, p. 83)
Conforme TERRA (2008) diversos tipos de empresas podem tirar proveito
das ferramentas dos blogs e da publicação de conteúdo neles, segundo a autora
os requisitos que uma empresa deve possuir são:
- Modelo de negócios ou estratégias online;
- Necessidade de divulgação em um fluxo constante de informações;
- Têm calendário ou agenda de eventos (instituições de caridade,
associações, grupos de interesse)
- Cujas vendas dependam da lembrança e informação para atingirem
seus consumidores;
- Que precisam de retorno de seus públicos para o desenvolvimento
de seus produtos;
- Cujos produtos inspirem discussão, entusiasmo, interesse e
formação de comunidades;
- Com algo a dizer, mas que não pode ser dito pelo departamento de
Relações Públicas, ou seja, que precisam que terceiros falem e
endossem o tema;
- Que precisem de comunicação direta (exemplo em tempos de crise);
- Que querem ter credibilidade (serem citadas e relacionadas por outros);
- Com nichos específicos de consumidores. (TERRA, 2008, p. 49)
37
Como vantagens para essas empresas, os blogs corporativos aumentam a
visibilidade da marca, e quando escritos por um especialista em determinada área
eles são dignos de credibilidade, também são uma forma de humanizar a empresa
já que permitem uma comunicação direta e informal com seu público (TERRA,
2008, p. 80).
Os blogs corporativos também dão a oportunidade do cliente conhecer de
maneira diferenciada produtos e serviços, e através da interação da ferramenta,
permite que se conheçam e criem comunidades de consumidores com interesses
mútuos (ORDUÑAS, 2007, p. 143).
Com isso, os blogs corporativos alcançam funções que agregam conteúdo
à presença da marca na web, através de um canal informal que encoraja a
interação, gerando diferentes tipos de espaços interativos. (TERRA, 2008, p.80)
Mesmo com as vantagens mostradas, os blogs corporativos apresentam
algumas limitações que as empresas precisam estar atentas para trabalhar da
melhor forma com essa ferramenta da web. Como o público vê os blogs como um
canal informal, deve-se tomar cuidado ao usar o blog para divulgar press-releases
buscando promoção ou publicidade, ou seja, utilizar o blog da mesma forma que
utilizaria para enviar notícias e notas para outros canais de comunicação. Mesmo
sendo um canal aberto, os blogs estão sujeitos a problemas legais, por isso
devem-se cuidar de questões como “direito autorais, contradizer documentos
oficiais de sua empresa como manuais e garantias, propaganda enganosa, entre
outros” (CIPRIANI, 2008, p.92).
A transparência que os blogs oferecem possui vantagens, mas deve-se
atentar para que ela seja refletida na atualização constante do blog. Como os
posts são catalogados por datas, blogs que não possuem uma atualização
constante estão fadados a irrelevância, já que ao manter a peridiocidade de
atualização do blog a empresa está compreendendo a atualidade e os avanços na
blogosfera. (ORDUÑA, 2007, p.150)
Tim Bray (apud ORDUÑA, 2007, p.161), diretor de tecnologias da Sun
Microsystem, empresa que possui um blog, aponta procedimentos necessários
para aqueles que decidirem por essa ferramenta de comunicação:
38
- É uma comunicação de mão dupla (trata-se de ser parte da “
conversação” do setor);
-- Não revele segredos da empresa;;
- Escreva coisas interessantes;
- Escreva sobre o que você conhece;
- Respeite as regras financeiras;
- A qualidade (do que é escrito) é importante;
- Pense nas possíveis consequencias do que você escreve;
- Determine uma cláusula de responsabilidade (na qual deixe claro seu
ponto de vista, e não da empresa)
- Utilize as melhores ferramentas. (ORDUÑA, 2007, p. 161)
Porém existem divergências quanto ao uso de blogs por empresas. Terra
traz uma pesquisa realizada na Europa sobre blogs em Relações Públicas e
Comunicação, segundo os dados os fatores que inibem os executivos a utilizarem
blogs são:
[...] 44,4% pela dificuldade de controlar os conteúdos, 40,6% pela
dificuldade de integrar os blogs nas estratégias de comunicação; 39,9%
pela dificuldade de criar conteúdos e idéias para os comentários; 37,1%
pelo retorno das audiências; e 10,4% pela dificuldade de encontrar tempo
para blogar frequentemente.
Nota-se pelos dados apresentados, que a questão do conteúdo e estratégia
de adequação são os maiores limitadores para o uso dos blogs, por isso as
empresas precisam compreender os blogs corporativos como “agentes criadores
de comunidade” (CIPRIANI, 2008, p. 95). Por isso, um blog faz parte de uma
estratégia de marketing de conteúdo da empresa tornando-se ferramenta que
empresas de todos os portes têm para divulgar seu conteúdo, gerenciar e criar,
conforme o caso analisado da marca Converse.
39
Capítulo 4 - ESTUDO DE CASO DO BLOG CORPORATIVO DA MARCA
CONVERSE
O estudo de caso a seguir apresentado é referente à análise comparativa
do blog corporativo da marca Converse.
O estudo de caso tem o objetivo de contribuir para a compreensão que
temos de fenômenos individuais, organizacionais, sociais e políticos. O estudo de
caso é uma investigação empírica que investiga um fenômeno contemporâneo no
contexto da vida real; aonde os limites entre o fenômeno e o contexto não estão
claramente definidos e as múltiplas fontes de evidências são utilizadas (Yin, 2001,
p.32).
Young (apud GIL, 1991) conceitua estudo de caso como:
[..]um conjunto de dados que descrevem uma fase ou a totalidade
do processo social de uma unidade, em suas várias relações
internas e nas suas fixações culturais, quer seja essa unidade uma
pessoa, uma família, um profissional, (Youg, apud GIL, 1991)
Foi realizado um estudo acadêmico em novembro e dezembro de 2009 com
o blog que foi retomado neste trabalho monográfico já que recentemente houve
uma mudança visual e, principalmente, de conteúdo, desta maneira procurou-se
analisar estas mudanças e compreender as suas razões, bem como buscar
entender como os blogs estão sendo usados pelas empresas/marcas atualmente.
Também complementamos a análise através da aplicação de um questionário com
perguntas abertas enviadas em dois e-mails7 e respondido por Rafael Achutti
(Anexo A), responsável pelo marketing digital da empresa sobre o blog, site e as
interaçõs com as outras redes sociais da marca Converse.
4.1. A marca Converse: histórico e sua importância cultural
A Converse é uma marca centenária de calçados mas que não vende
apenas um produto e sim um conceito que ao longo da sua história foi se
apropriando da cultura do esporte e da música. O nome Converse foi dado em
O contato com Rafael Achutti aconteceu depois de contato telefônico aonde foram respondias as perguntas
no dia 18 de novembro. O profissional deixou aberta a oportunidade para esclarecer dúvidas por isso
posteriormente, no dia 25 de novembro, foram respondidas as outras perguntas enviadas à Rafael.
7
40
razão de o seu fundador Marquis M. Converse que em 1908 fundou a fábrica de
calçados Converse Rubber Shoe Company, porém a marca só se popularizou a
partir de 1917 quando foram lançados os tênis Converse All Star, uma linha de
calçados esportivos feitos de lona e sola de borracha.
Porém, a ascensão da marca ocorreu após o jogador de basquete Chuck
Taylor começar a utilizar os tênis, e mais que isso, sugerir uma remodelagem do
desenho do tênis para proporcionar maior tração e proteção ao calcanhar. Em
1923, foi lançado o Converse All Star Chuck Taylor (Figura 1), que passou a ser
utilizado por todos os jogadores de basquete profissional e colegial; em 1955,
“cerca de 100 milhões de espectadores assistiam aos jogos da NBA e o All Star
Chuck Taylor tornara-se o calçado número 1 na América” (MUNDO DAS
MARCAS, online).
FIGURA 1 – Modelo do calçado Chuck Taylor
Durante a segunda fase da empresa, que foi de 1921 a 1930, Chuck Taylor
se juntou a equipe responsável e em 1949 é incorporada a assinatura All Star
referente ao time campeão de basquete daquele ano, o New York Rens. Com
isso, a marca ganha a fama de ser o primeiro calçado de basquete endosado por
um grupo de estrelas do basquete. Em 1992, o All Star Chuck Taylor comemorou
75 anos com a incrível marca de 500 milhões de pares vendidos no mundo inteiro.
41
Porém o uso dos calçados Converse foi além das quadras de basquete e
alcançou os pés de celebridades do rock, a juventude americana foi marcada pelo
uso do All Star na década de 50 quando o ícone máximo daquela geração, o ator
e bad boy James Dean passou a usar os calçados. O blog Mundo das Marcas
relata a importância do sucesso da marca entre os jovens:
O sucesso continua e nos anos 50 e 60, estrelas de cinema e do rock
adotam o ALL STAR. James Dean não saía jamais sem os seus durante
a filmagem de “A Fúria da vida”. Bruce Springsteen, Graham Nash e
Eddie Van Halen eram vistos utilizando ALL STAR em seus shows. Até
1955, cerca de 100 milhões de espectadores assistiam aos jogos da NBA
e o CONVERSE ALL STAR Chuck Taylor tornara-se o calçado número 1
na América. Na década de 60, Hollywood se encanta e utiliza cada vez
mais seus produtos no cinema. A distância entre os mundos do esporte e
da moda começa a se apagar. Outras marcas iniciaram o
desenvolvimento de calçados com tecnologia mais avançada e em
materiais mais adequados ao basquete. A empresa responde a esta
demanda agregando cores e materiais como o couro; e lançando em
1966 a versão cano curto (conhecida como Oxford) e em cores variadas.
É o começo de uma nova história. O ALL STAR firmou seu espaço nos
anos 70, quando ganhou definitivamente os pés do rock n´roll (MUNDO
DAS MARCAS, online, 2006)
Novas cores foram adicionadas aos calçados aonde não apenas o preto e o
branco, mas novas combinações tomavam as ruas e iam ao encontro dos desejos
dos adolescentes. A marca também começou a ser adotada por praticantes de
skate e surf entre as décadas de 60 e 70. Mas foi nos anos 80 que a marca
Converse alcançou diferentes partes do mundo, inclusive o Brasil. Em 1984, a
Converse tornou-se a patrocinadora oficial das Olimpíadas de Los Angelos e
músicos de bandas dessa geração como Ramones e Nirvana tornaram a marca
ainda mais icônica. Atualmente, a marca pertence a Nike que em 2003 adquiriu e
expandiu ainda mais o alcance da Converse pelo mundo.
O material de divulgação da Converse8 conta uma curiosa história sobre o
uso dos tênis no Brasil, na qual, nos anos 70, "All Star" virou sinônimo de marca e
não de produto já que o governo brasileiro não reconhecia as patentes
internacionais e por isso foi produzido durante 20 anos sem a marca Converse. No
Brasil, os produtos da Converse são produzidos e comerciaizados através de uma
Material de Divulgação enviado para o autor deste trabalho monográfico via e-mail em novembro de 2011
com informações ligadas a marca e destinadas a estudantes.
8
42
parceria com a Coopershoes que é licenciada desde 2002 e possui sua fábrica em
Picada Café no Rio Grande do Sul.
A marca tem diversas ações ligadas à cultura jovem, como ações recentes
destacam-se:
- Converse Music Inspired: Em 2008, no ano do seu centenário, a
Converse lançou mundialmente a iniciativa Music Collabs que, conforme o
material de divulgação da marca, é uma "relevante homenagem a algumas bandas
que ao longo de suas carreiras juntaram-se a Converse para quebrar paradigmas
e destruir o status quo". Foram criados calçados All Star com a assinatura e o
estilo de diversas bandas como The Doors, The Clash, Ozzy Osbourne, The Clash
e tantas outras.
- RED: a Converse é parceira global da iniciativa RED que foi criada por
Bono Vox (vocalista do U2) e Bobby Shriver (presidente da DATA) que visa
angariar fundos na luta contra AIDS e doenças na África. A Converse importa a
cada estação coleções exclusivas para o Brasil relacionadas a causa.
- John Varvatos: Uma das maiores referências da moda masculina novaiorquina há cerca de dois anos juntou-se à Converse para criar coleções
exclusivas e com diferenciais de alto-valor.
Além dessas ações, a Converse produziu campanhas de âmbito global e
nacional como Connectivy, Century, Laces, Spark, American Dream e Manifesto.
Além desta presença em mídia exterior e mídia impressa a marca considera
iniciativas no meio digital como "um dos mais importantes canais de comunicação
com os fãs da marca". Através do seu site9 é possível buscar informações sobre a
marca, conhecer as campanhas recentes e o blog corportativo da Converse,
objeto de estudo deste trabalho.
4.2. Blog Conversation: antigo blog da Converse
A Converse começou seu trabalho na área digital através do blog
Conversation (Figura 2) em 2008 e de acordo Gabriel Klein, diretor da DW
9
Disponível em www.converseallstar.com.br/blog/ .
43
Comunicação foi o primeiro blog corporativo da marca no mundo10. O blog era
acessado tanto pelo site da Converse quanto pelo link www.conversation.com.br e
apresentava um fundo escuro com uma barra superior com o logotipo do blog, a
sola de um Converse estilizada em forma de balão, e links para voltar a página
inicial denominado "Home","Sobre" "Conversadores" e "Contato", além de uma
caixa de busca.
No link "Sobre" constava a descrição do blog, onde se apresentava como
uma "conversa aberta sobre arte, esporte, comportamento e cultura pop em geral"
(CONVERSATION, 2009, online). O espaço também informava que o blog tinha
por objetivo trazer em primeira mão as novidades da marca e oferecer promoções
exclusivas aos visitantes, além disso pedia a colaboração do visitante: "leia,
participe, comente, converse!".
Já no link "Conversadores" eram recrutadas pessoas que tivessem
interesse em publicar conteúdo no blog, para isso era necessário preencher um
formulário onde o visitante do blog receberia um e-mail com promoções e
novidades exclusivas da marca.
10
Entrevista concedida a UNISINOS diponível em http://www.youtube.com/watch?v=r_Akoi6oKy8
44
FIGURA 2 – Layout do blog Conversation. Acessado em dezembro de 2009
Destacava-se na estrutura fixa do blog uma barra lateral com sete espaços
e diversas opções. No primeiro espaço estava a opção das redes sociais, pois
indicava para assinar o RSS do blog, adicionar perfil no Orkut, seguir no Twitter,
assistir ao canal da empresa no YouTube. Após isso destacavam-se:
-
Seções:
categorias
do
blog
como
"Amarre-se",
"Conversation",
"Converse", "Converse People", "Eventos", "Promoções", "Shows" e "Vídeo Blá".
Estas categorias indicavam os assuntos dos posts.
- Arquivo: em formato de calendário era possível procurar por data as
publicações no blog.
- Twitter: mostrava a última atualização do perfil @conversando com a
indicação para seguir na rede social
45
- Links: Links dos sites relacionados a marca como o Site Oficial e site de
coleções.
- Blogroll: Lista com diversos blogs de moda, música, skate e cultura
jovem.
- Conversadores: Opções para registrar e para fazer login dos
colaboradores do blog.
Ainda como sessão fixa do blog existia o rodapé que possuia o aplicativo
Google Friend Connect e funcionalidades como destaque para os posts mais
recentes e as tags mais usadas no blog, além de um link que leva ao site oficial da
marca. Neste rodapé, estava o anúncio referente à publicação de comentários no
blog que dizia que a Converse não se responsabilizava pelas opiniões emitidas
no blog. Esse aviso diz que:
AVISO: O sistema de comentários é disponibilizado aos usuários do
Conversation exclusivamente para a publicação de opiniões e
comentários relacionados ao conteúdo deste site. Todo e qualquer texto
publicado na internet através do referido sistema não reflete a opinião
deste blog, de seus autores ou da Converse. Os comentários aqui
publicados por terceiros através deste sistema são de exclusiva e integral
autoria e responsabilidade dos leitores que dele fizerem uso. Os autores
deste site reservam-se, desde já, ao direito de excluir comentários e
textos que julgarem ofensivos, difamatórios, caluniosos, preconceituosos,
de alguma forma prejudiciais a terceiros, ou que tenham caráter
puramente promocional. (CONVERSE, 2009, online)
Em cada página do blog estavam cinco posts em ordem de publicação, com
as categorias relacionadas a eles que se destacam pela linguagem jovem, uso de
vídeos e fotos.
Os posts da categoria "Amarre-se" (Figura 3) são dedicados as formas
diferentes de amarrar os tênis COnverse. Na categoria eram apresentadas três
formas de amarrar um Converse: Hash Lace, Train Track Straight Bar. Nos posts
existiam uma descrição, uma imagem ilustrativa e um vídeo de como amarrar os
tênis.
46
FIGURA 3 – Post da categoria “Amarre-se”. Acessado em dezembro de
2009
A categoria "Conversation" apresentava posts com diversos assuntos
envolvendo a cultura pop. Nessa categoria, que tinha o maior número de posts,
estão inclusos diversos tipos de assuntos como os vídeos "Conexão Converse"
que eram vídeos publicados no YouTube que abordavam temas variados como
moda, quadrinhos, cinema e música com uma linguagem própria de canais de
televisão voltados para o público jovem como a MTV. A mesma categoria era
usada para divulgar eventos da marca, postar fotos de celebridades usando
Converse e criar ações relacionadas a marca.
Em uma dessas ações destaca-se o post “The Converse Cola Experience”11
(Figura 4) aonde no primeiro post da ação a marca explicou que tinha o objetivo
de “verificar o que acontece se um Converse Chuck Taylor branco ficar
11
Disponível em http://www.converseallstar.com.br/blog/converse/the-converse-cola-experience/
47
mergulhado em um refrigerante por algum tempo” (CONVERSATION, 2009,
online) aonde a ação convidava os leitores do blog a procurarem descobrir qual
seria o resultado. O inusitado é que depois de duas semanas o mesmo tênis seria
sorteado aos participantes que respondessem criativamente: “Porque você usaria
um Coverse que ficou mergulhado em refrigerante durante duas 2 semanas?”. O
primeiro post atraiu, na época, 45 comentários e o resultado da ação 46
comentários.
FIGURA 4 – Post “Converse Cola Experience”. Acessado em dezembro de
2009
Ainda pode-se destacar a categoria "Converse People" que apresentava
posts que descreviam pessoas que usam os tênis. A categoria não estava sendo
48
atualizada constantemente e possuia poucos posts. Dentre os posts dessa
categoria destaca-se a fala de Liam Galagher, ex vocalista da banda Oasis, que
em um show em Porto Alegre trouxe um relato sobre a marca12:
“Cara, quando eu era moleque, eu usava muito Converse. É um tênis que
faz você destoar dos demais. Uma puta marca, que vai bem além do
visual. É tipo o rock’n’roll, é uma coisa ligada a alma e só quem faz parte
disso sabe explicar”. (CONVERSATION, 2009, online)
Com relação a interação com as redes sociais, no antigo blog destaca-se o
post “Promoção Century Tagging > Cem pares de All Star de Presente” que
convidava os usuários do Orkut a adicionarem o perfil da marca. A mecânica desta
promoção estava em utilizar uma das funcionalidades do Orkut que é a marcação
de fotos e com isso, deveria-se marcar uma foto em que as pessoas estivem
usando All Star. Ao todo seriam 100 pessoas que receberiam os calçados. Com a
promoção a marca atingiu rapidamente o limite de 1000 pessoas adicionadas no
Orkut e gerou 153 comentários, muitos elogiaram a promoção mas também houve
quem discutiu a forma de avaliação. Os responsáveis pela marca procuraram ser
o mais transparente possível e buscaram conversar com estas pessoas
descontentes, respondendo aos comentários no próprio blog. .Além do Orkut, o
blog utilizava o Twitter, YouTube e o Flickr para criar conteúdo nas redes sociais.
4.3. Análise do novo blog da Converse
O novo blog da Converse ainda é destacado no site na parte superior
juntamente com as seções Produtos, Play, Skateboard, Hands On, BlockParty,(
Figura 5) porém não leva consigo o nome Conversation, clicando na área Blog o
novo blog irá aparecer13 (Figura 6 e Figura 7), alinhando site e agora também o
blog à marca (nome) Converse.
Disponível em http://www.converseallstar.com.br/blog/converse/liam-gallagher-e-converse-people/
O blog é acessado através do link www.converse.com.br/blog ou ainda é possivel acessar pelo site
www.conversation.com
12
13
49
FIGURA 5– Layout do Site Oficial da Converse . Acessado em novembro de
2011
FIGURA 6 – Layout superior do blog da Converse. Acessado em novembro
de 2011
50
FIGURA 7 – Layout do rodapé do blog da Converse. Acessado em
novembro de 2011
O layout do novo blog é desenvolvido seguindo influências do layout do site
da marca, o visual escuro do Conversation é trocado por um fundo cinza claro e
com a barra superior semelhante ao site.
Na barra superior existem duas importantes áreas. A primeira são os links
para "Marca", "Coleção", Skateboard" e "Contato". Estas quatro áreas levam a
outras seções do site, porém devido ao visual semelhante a sensação é de que o
visitante não sai do blog. Em “Marca” está disponível um breve histórico da
Converse através das datas que vão do seu início até o centenário em 2008. Ao
clicar em “Coleção”, o visitante do site conhece os produtos da Converse,
podendo
escolher conhecer mais os diversos
modelos
disponíveis. Já
“Skateboard” é uma seção do site que mostra os modelos Converse para
skatistas. Por fim, a página de “Contato”, que além de informações e um
formulário para entrar em contato para eventuais perguntas sobre a marca e uso
dos calçados, a área também traz a resposta a diversas dúvidas frequentes, como
51
por exemplo: "Como posso efetuar a troca de um presente CONVERSE que não
serviu corretamente?"; "Como devo limpar o meu CONVERSE?"; "Estou à procura
de um calçado em particular e gostaria de uma indicação de onde encontrá-lo."; "
Gostaria de abrir uma loja/franquia CONVERSE, como devo proceder?", que
levam o visitante a conhecer mais sobre a marca Converse.
Os posts do blog são
organizados por quatro categorias: “Música”,
“Arte”,”Moda” e “Converse” (Figura 8). Desta maneira os posts são divididos
nestes temas, onde sempre uma postagem de cada categoria recebe destaque no
topo do site.
FIGURA 8 – Destaque das categorias do blog. Acessado em novembro de 2011
Outros assuntos são divididos nestas categorias, ao acessar ao blog no
canto esquerdo existe uma barra vertical denominada “Colunas” (Figura 9) que
divide as categorias em outros assuntos. Por exemplo a categoria “Música” é
divida em "Brand New Music" que traz indicações sobre bandas novas, "Remix My
Converse" que traz diversos posts com músicas em uma mixtape e "Soundtrack"
que indica trilhas sonoras de diversos filmes.
52
FIGURA 9 – Colunas. Acessado em novembro de 2011
Em cada página do blog estão quatro publicações. O número é pequeno,
mas as publicações estão na íntegra na página, essa opção é diferente de outros
blogs que preferem colocar um resumo de cada notícia e o visitante escolhe na
opção leia mais, como o blog Brainstorm9 e tantos outros fazem14
Ainda sobre o layout fixo do blog no canto direito existe uma barra lateral
(Figura 10) com na qual se destacam:
- Caixa de busca: através dessa caixa qualquer assunto pesquisado é
levado a algum post do blog;
- Caixa do Facebook: O box padrão do Facebook aparece com quantas
pessoas já curtiram a página do blog na rede social;
- Mais populares do mês: apresenta os três posts com mais visualizações
durante o mês
- Link das categorias: Outra opção para escolher as categorias Música,
Arte, Moda, Converse;
14
No blog Brainstorm9 aparecem 14 publicações por página. Disponível em www.brainstorm9.com.br
53
- Banner: um banner com a coleção atual da Converse, neste caso a Verão
2012;
- O que estão falando? – É uma caixa com as postagens do perfil da marca
no Twitter, porém mais que isso, também mostra como outros estão falando com o
perfil @conversando.
- Parceiros: é uma blogroll, lista de blogs, de assuntos relacionados a marca
como Música, Arte, Moda, Skate e Lojas.
- Calendário: As publicações anteriores podem ser visualizadas por data
através desse calendário.
Diferente do blog anterior esta coluna fixa privilegia um contato visual da
marca com as redes sociais e com a marca através do produto e das informações
relacionadas a ele.
54
FIGURA 10 – Barra lateral completa do novo blog. Acessado em novembro
de 2011
Em relação ao conteúdo do novo blog a partir do contato com o responsável
pelo marketing digital da Converse descobriu-se que não houve apenas uma
mudança visual, mas também editorial do blog. Com o cuidado para publicar
conteúdos que vão ao encontro das necessidades de quem usa um Converse
houve a necessidade de contratar uma agência, Agência Browse de Porto Alegre,
para a produção de conteúdo para o blog. De acordo com Rafael15, o papel da
agência é apresentar sugestões de pauta para o mês seguinte, e após a avaliação
e aprovação destas sugestões, a agência redigi os post e Rafael é responsável
por aprová-los antes da publicação, bem como avaliar os materiais audiovisuais
criados para o blog.
Os posts são escritos em uma linguagem informal e convidando o visitante
a interagir com esse post, como por exemplo no post “Pra viajar no cosmos não
15
Rafael Achutti, responsável pelo núcelo digital da Converse que respondeu o questionário conforme Anexo
55
precisa de gasolina”16 que fala sobre música instrumental para ouvir durante uma
viagem:
Ao longo da história, vocal nunca foi um predicado pra música de
qualidade. Os mais variados estilos tinham no instrumental potente a sua
glória, e a lista tem jazz, rock progressivo, pós-rock, surf-music, trilha de
filme e, porque não, música clássica.
Apresentamos hoje pra vocês uma mixtape só de músicas instrumentais,
daquelas feitas para sonorizar uma baita viagem. E às vezes pra viajar
nem precisa sair de casa, vai dizer? Então aperta esse play logo e curte
essa numa tranquila, numa relax, numa boa. Pra baixa o mp3 completo e
curtir no iPod é só clicar aqui com o botão direito e dar um “salvar como”.
(CONVERSE, 2011, online)
Ao final de cada post são selecionados três outras postagens em "Posts
relacionados", no caso anterior, são todos relacionados a músicas. Após,
aparecem as tags, que são palavras chaves relacionadas ao post, estas palavras
são importantes em ferramentas de busca como o Google.
Também é no final dos posts que o visitante pode interagir, divulgar ou
comentar os posts no blog, como pelas redes sociais com poucos cliques. Cada
botão leva a um tipo de interação, no "+1" a notícia é divulgada no Google+, em
"Tweet" uma página leva até o perfil do Twitter, "Curtir" é a forma de levar a
postagem até o Facebook, além das redes sociais é possível enviar o conteúdo da
postagem para algum e-mail.
O sistema de comentários (Figura 11) tambem traz uma novidade que está
relacionada ao uso de redes sociais, o blog da Converse adotou o site DISQUS
para que o usuário não apenas comente, mas integre seu comentário as redes
sociais. Por fim, é possivel receber a assinatura dos comentários por e-mail ou
sistema RSS.
16
Disponível em http://www.converseallstar.com.br/blog/musica/pra-viajar-no-cosmos-nao-precisa-gasolina/
56
FIGURA 11 – Opções do final do post. Acessado em novembro de 2011
Como visto, os conteúdos dos posts estão relacionados a assuntos como
música, moda e comportamento jovem, porém é nítido que a marca está sempre
integrada a estas postagens. Posts da coluna “SOS CONVERSE” reúnem
diversas maneiras de usar os calçados, são postagens como “SOS CONVERSE:
looks de trabalho para “casual friday”17; “SOS Converse: como usar Converse no
frio do inverno”18; “SOS Converse:: Como usar Converse com camiseta de
Disponível em http://www.converseallstar.com.br/blog/moda/sos-converse-looks-de-trabalho-pro-casualfriday/
18 Disponível em http://www.converseallstar.com.br/blog/converse/sos-converse-como-usar-converse-nofrio-do-inverno/
17
57
banda”19; que trazem fotos de modelos usando os calçados nos mais diversos
estilos mas sempre com textos que recomendam o uso dos calçados aos
diferentes estilos.
Também destaca-se as postagens da coluna “Look do blogueiro”, ainda na
categoria moda, que traz o depoimento de donos de blogs que se idenficam com
marca, além de depoimento existem fotos deles usando Converse. Por exemplo, o
post “Look do blogueiro: Dani Cruz20” (Figura 12) destaca o visual da dona do
blog Mais Magenta e o seguinte texto:
Esse mês a nossa blogueira convidada para estrelar na coluna “look do
blogueiro” é a Dani Cruz, dona do blog Mais Magenta. A Dani é
superestilosa e montou quatro looks com um modelo de Converse lindo,
um Chuck Taylor dourado e todo plissado.
O primeiro look a Dani nos conta que surgiu assim: “Tinha uma festa pra ir
e estava sem roupa pra usar, então inventei uma: coloquei essa saia de
cintura alta com uma camiseta branca qualquer. Aí tentei ser prendada e
apliquei algumas correntes douradas que encontrei em casa pra segurar as
mangas e as costas. Achei que o Converse ia dar o toque moderno que eu
queria. Não queria ficar arrumadinha demais. E deu certo!“ (CONVERSE,
online)
Disponível em http://www.converseallstar.com.br/blog/moda/sos-converse-como-usar-converse-comcamiseta-de-banda/
20 Disponível em http://www.converseallstar.com.br/blog/moda/look-do-blogueiro-dani-cruz/
19
58
FIGURA 12 – Exemplo do post “Look do blogueiro”. Acessado em novembro de
2011
Uma série de posts frequente é o “Converse da Semana” (Figura 13) que se
trata de uma indicação do blog de um dos vários modelos do calçado. O texto da
indicação do modelo Star Player reforça a proposta de identificação com o público:
O modelo Star Player é feito nas mais variadas cores, tem uma pegada
mais urbana e, pra esse próximo verão nós investimos nos tons mais
cremosos, tendência que tá chegando por aí super forte. O eleito da
semana é o azul meio céu, que é fácil demais de combinar com todo e
qualquer look, ainda mais se você curte aquele visual total branco, também
bem em alta! (CONVERSE, 2011, online)
59
FIGURA 13 – Converse da semana. Acessado em novembro de 2011
A Converse também apoia a customização dos seus calçados, ao redor do
mundo muitas pessoas pessoas modificam seus modelos, por isso o blog não
poderia deixar de apoiar e mostrar esta diversidade de modelos, em posts como
“Calce a sua série badass favorita”21 que mostra modelos inspirados em séries
americanas como Dexter, Walking Dead e Breaking Bad; “All you Need is
Converse”22 que pelo título deixa claro que são modelos inspirados nos Beatles e
a série de posts “Hand On” que convida artistas para modificarem os calçados,
21
22
Disponível em http://www.converseallstar.com.br/blog/converse/calce-a-sua-serie-badass-favorita/
Disponível em http://www.converseallstar.com.br/blog/converse/all-you-need-is-converse/
60
com fotos e entrevistas. O primeiro post da série “Hands On: Trampo Arteiro”23
(Figura 14) explica:
Hoje inauguramos por aqui mais uma coluna no blog. A Hands
On pretende convidar os artistas mais bacanas do país pra customizar um
Chuck Taylor inteirinho e deixá-lo com a cara que quiserem, seguindo a
inspiração que acharem que tem mais a ver!
Pra iniciar os trabalhos nós chamamos o Trampo, um dos nomes
precursores do graffiti no Brasil e até hoje um dos mais ativos. Ele pirou o
cabeção e criou pra gente o Converse Rupestre, inspirado na arte
primitiva.
E pra chegar ao resultado final ele usou somente tinta de tecido e pincel. E,
claro, muito talento! A dica dele é na verdade isolar o restante do tênis que
não vai ser pintado com fita crepe e cola branca, assim fica mais fácil de
pintar e desenhar na lona. Bora conferir o passo a passo nas fotos?
(Converse, 2011, online)
FIGURA 14 – Post “Hands On: Trampo Arteiro”. Acessado em novembro de 2011
Conforme visto o blog não atua sozinho mas as redes sociais tem o papel
de serem responsáveis pela divulgação dos assuntos bem como um espaço para
discussão e compartilhamento do material criado.
23
Disponível em http://www.converseallstar.com.br/blog/arte/customize-se-trampo-arteiro/
61
4.4. Análise dos espaços de interação das redes sociais utilizadas pela
Converse
A internet tem se mostrado um espaço dinâmico e de constante mutação,
uma página na web não pode ser vista da mesma maneira que um material em
papel, porém como estudado o usuário tem a possibilidade de ser ativo na internet
não apenas lendo um conteúdo mas participando e interagindo. As redes sociais
têm cumprido este papel e no caso do blog Conversation fica evidente esta
percepção.
O espaço de interação com a marca acontece de forma clara pelas redes
sociais e muito pouco por comentários diretamente no blog. As redes sociais,
como Twitter e Facebook estão ligadas aos conteúdos dos posts, e através delas
é possível replicar qualquer post através das redes bem como interagir com a
marca por elas.
A marca usa a página Converse Brasil no Facebook24 (Figura 15) para
interagir. Atualmente a página está divulgando a "Promoção Art Manifesto" no
perfil, a marca é identificada na área "Sobre" como "defensores e catalisadores de
criatividade" e possui 16.301 pessoas que recebem as atualizações da Converse
em seus perfis no Facebook, além de 2.581 pessoas já terem comentado, usando
o link do perfil, sobre a marca.
24
Disponível em https://www.facebook.com/conversebrasil
62
FIGURA 15 – Página do Facebook da Converse Brasil. Acessado em novembro
de 2011
O Facebook permite a inserção de álbuns de fotos (Figura 15) que além das
fotos do mural e do perfil, que aparecem na timeline e não estão organizadas em
álbuns existem uma seleção de fotos de eventos como o Converse Flashrock
2011, a coleção Outono Inverno (identificada como Fall Winter); Converse Hands
On que são modelos customizados. Pelo Facebook também é permitido que
pessoas que estiverem usando Converse em suas fotos ou vídeos na rede social
possam criar um link, este material também pode ser vizualizado na área de fotos,
ao todo ficam disponíveis 210 fotos na página do perfil.
63
FIGURA 16 – Fotos. Acessado em novembro de 2011
Pelo Facebook existe a possibilidade de interagir clicando em “Curtir”,
Compartilhando, ou comentando as fotos ou publicações no mural. Além disso, os
comentários para a marca são disponibilizados por todos que visualizarem o perfil
da marca na rede social. Dessa maneira, muitos “conversam” com a marca pelo
perfil como nos dois exemplos da Figura 17:
64
FIGURA 17 – Primeiros comentários visualizados na página. Acessado em
novembro de 2011
A marca também posta mensagens simples, mas com figuras que criam
grande aceitação como desejar um fim de semana com a imagem de um cachorro
e seu dono (Figura 18), a publicação gerou 6 comentários, mas 92 pessoas que
viram curtiram e 53 pessoas compartilharam para sua rede a mensagem, que leva
junto o logotipo da Converse.
65
FIGURA 18 – Post de fim de semana. Acessado em novembro de 2011
Posts
que
são
publicados
no
blog
recebem
comentários
e
compartilhamentos na rede social, da mesma maneira pessoas usam o perfil para
falar sobre a marca e até fazer críticas, como no post “Converse da Semana”, que
já foi destacado no trabalho, mas que pelo perfil no Facebook gerou um
comentário negativo mas que a marca soube administrar procurando entrar em
contato com o cliente (Figura 19):
66
FIGURA 19 – Comentário Negativo publicado no Facebook. Acessado em
novembro de 2011
Outra rede social utilizada pela marca e que também é ligada ao blog é o
Twitter, nele a marca também interage com os clientes, mas divulga o blog de
maneira mais clara através dos 140 caracteres que a rede proporciona. No Twitter
utiliza o perfil @conversando
25
(Figura 20) e tem 3.437 postagens, segue 697
perfis, possui 17.564 seguidores que recebem as publicações em suas páginas na
rede social e está listada em 346 perfis. Dos 20 posts no Twitter 13 destacam os
posts no blog da Converse, outros são interações de dúvida dos clientes. Além
25
Disponível em https://twitter.com/conversando
67
disso, a imagem de fundo do perfil no Twitter, assim como no Facebook, destaca a
promoção Art Manifesto.
FIGURA 20 – Perfil do Twitter da marca. Acessado em novembro de 2011
Além disso a marca possui uma conta no canal de vídeos YouTube26
(Figura 21) aonde posta vídeos sobre festas, eventos patrocinados pela marca e
campanhas publicitárias:
26
Disponível em http://www.youtube.com/user/conversebr
68
FIGURA 21 – Perfil Converse Brasil no YouTube. Acessado em novembro
de 2011
Os vídeos de festas são editados de maneira dinâmica e trazem entrevistas
com as pessoas que participaram, como no caso do vídeo “Converse Block Party
Rio de Janeiro”27 (Figura 22) que possui 3591 visualizações, e a marca pode
receber uma resposta através das opções de “gostar” ou “não gostar” do vídeo,
além disso, é possivel compartilhar pelas redes sociais o vídeo. Pelo YouTube
também são feitos comentários, no caso específico, percebe-se que muitos foram
atraidos pela divulgação do músico Papatinho que é produtor de beat making:
27
Diisponível em http://www.youtube.com/watch?v=63lcFl1POlg&feature=channel_video_title
69
FIGURA 22 – Página no YouTube da Converse Brasil. Acessado em
novembro de 2011
70
FIGURA 23 – Comentários do vídeo. Acessado em novembro de 2011
Como visto os elementos das redes sociais são necessários para o
entendimento do blog corporativo e a análise procurou demonstrar isso, portanto
parte-se para as respostas de Rafael Achutti e as informações relacionadas a
mudança de estrutura, visual e conceitual, do blog da Converse.
4.5. Análise das mudanças no blog da Converse
Através da análise percebe-se no blog da Converse mudanças que vão
além do visual, mas a gestão de marca também foi transformada. Essas
mudanças foram evidenciadas nas respostas dadas a um questionário (Anexo A)
enviado à Converse. Rafael Achutti, profissional de Relações Públicas, graduado
na UFRGS e pós-graduado em Marketing Digital pela ESPM, responsável pela
comunicação digital da marca, foi quem respondeu.
71
O primeiro objetivo com a mudança foi fortalecer a unidade visual adotada
pela Converse, já que como o blog Conversation foi o primeiro da marca no
mundo, esse aspecto não estava alinhado. Sobre isso Rafael explica:
A primeira motivação foi fortalecer a unidade visual adotada pela Converse
mundialmente. O antigo blog, por ter sido o primeiro blog da Converse no
mundo, não possuía um alinhamento com o restante dos blogs da marca.
Além disso, o antigo blog usava o domínio www.conversation.com.br, o
que não contribuía para o fortalecimento e lembrança da marca. Desde
então, estamos vinculando o blog diretamente ao site da Converse através
do domínio www.converseallstar.com.br/blog.
Percebe-se nessa solução o que foi estudado no primeiro capítulo sobre
Comunicação Integrada aonde na integração dos processos a marca é fortalecida,
a utilização de um nome relacionado à marca e o visual que padroniza a estrutura
do site fazem parte desta estratégia da Converse, tanto aqui no Brasil como
mundialmente.
Além do visual o conteúdo do blog também foi repensado, houve uma
pesquisa com 800 leitores do antigo blog que constatou quatro interesses
fundamentais para assuntos a serem utilizados, a partir dos quais foram
denominadas as categorias música, moda, arte e marca Converse, simplificando o
que já existia e trazendo a ideia de "quatro pilares" de comunicação editorial.
Sobre conteúdo, o mesmo não é apenas criado por Rafael, mas uma agência de
Porto Alegre, Agência Browse, tem a responsabilidade de sugerir assuntos e criar
material para esses assuntos. Quando perguntado sobre as principais mudanças
do blog o profissional explicou que são:
- Layout alinhado com o restante da comunicação da marca no mundo,
mais clean e com maior destaque para as imagens – principalmente de
produtos e ações da marca;
- Redirecionamento do domínio para fortalecer que trata-se de um blog da
própria marca;
- Planejamento editorial baseado em pesquisa com os próprios leitores
Dessa forma existe um objetivo da marca comunicar as informações sobre
música, moda ou arte trazendo estes assuntos relacionados à marca, as vezes de
forma clara ou até sem nenhuma menção a mesma, mas apenas pelo conteúdo
estar disponível no blog da empresa a marca se faz presente. Pode-se dizer com
isso que a marca está comunicando estes assuntos, ao falar de comunicação
72
Galindo (2002, p. 26) explica que ela visa estabelecer vínculos e desencadear
processo de trocas, dessa forma, pode-se considerar que as categorias do blog
são estes vínculos que estão atribuidos a comunicação da marca.
É objetivo do blog, segundo Rafael, ser o "principal canal de informações e
novidades da marca com seus consumidores", por isso a necessidade de uma
constante atualização e novidades que acontecem ao redor do mundo todo,
envolvendo a marca e o interesse de seus consumidores, além disso, explorando
fotos, videos e música é possível criar um ambiente interativo. Dessa forma, a
Converse pretende gerenciar sua marca no contexto digital trazendo opções que
vão além de informações institucionais, que estão adequadas ao que o seu
público específico espera da marca. Essa característica é própria dos blogs e gera
o que Cipriani (2008, p. 95) apontou, o aspecto de comunidade, pois os leitores do
blog se identificam com o estilo de conteúdo oferecido no blog.
Sobre interações, quando questionado sobre o atual pouco número de
comentários no blog em comparação ao tempos anteriores (2009), Rafael
informou que o número de acessos ao blog triplicou porém foi notada essa
diferença nos comentários:
O número de acessos triplicou desde a reformulação do blog. Os
comentários, porém, diminuíram bastante. O que temos percebido
é que as interações (comentários/likes/compartilhamento) estão
acontecendo muito mais nas redes sociais do que no próprio blog.
De acordo com a colocação do profissional, é destacada a importância das
rede sociais não apenas na divulgação do conteúdo do blog, mas no feedback
sobre ele, já que pelas redes há comentários e informações relevantes do público
que está acessando o conteúdo da Converse. Segundo estudado, Coutinho (2009)
diz que as redes sociais aliam interação social e produção de conteúdo, estas
possibilidades são vistas no blog da Converse quando a marca usa o Facebook
para criar contato através do álbum de fotos (FIGURA 16) e também busca atrair
seu público na rede para o que está disponível no blog. Além da análise feita,
estas características ficam evidentes na resposta de Rafael ao falar da
importância das redes sociais:
73
Hoje as redes sociais da Converse funcionam mais como um canal
de disseminação das informações publicadas no blog. Existe,
porém, diversos insights de posts e colunas que surgem a partir do
monitoramento das redes sociais.
Esse monitoramento das redes sociais é importante e também foi abordado
por Rafael já que o profissional é responsável por todos os canais da empresa na
web:
Todo o conteúdo das redes sociais é produzido por mim.
Dependendo do tipo de dúvida, criamos posts exclusivos para
responder no blog. A seção SOS CONVERSE é alimentada
baseada em perguntas que chegam através das redes sociais.
Foi notado por Rafael, neste monitoramento, que o público da marca se
fidelizou com as mudanças no blog criando uma “audiência proprietária” ou seja
um público que segundo ele acessa o blog sem “necessariamente precisar de
esforços externos” e que acessam o blog constantemente em busca de novidades.
Outro importante dado do monitoramento foi quando perguntado que tipo de
rejeição havia ao antigo blog, e Rafael respondeu sobre a “taxa de rejeição”:
A taxa de rejeição trata-se de uma métrica do Google Analytics que
indica se as pessoas não se interessam pelo conteúdo, não
clicando ou ficando pouco tempo no blog. Comparando com o
antigo blog, as pessoas passaram a navegar por mais páginas e
interagir mais com o conteúdo.
O cuidado na produção do conteúdo, com o apoio de uma agência
específica para isso, refletiu na audiência do blog mostrando com isso que o blog
corporativo deve ser pensado de maneira estratégica pela marca e que os
conceitos de comunicação integrada devem ser pensados na hora de produzir o
conteúdo do blog. De acordo com dados analisados pelo profissional, a mudança
foi positiva, pois a taxa de rejeição diminuiu indicando que as pessoas estão
interessados no conteúdo e permanecem mais tempo no blog comparado com o
antigo e com isso interagem mais com o conteúdo e consequentemente com a
marca.
74
5. Considerações Finais
Através desse trabalho buscou-se encontrar nos blogs corporativos uma
possibilidade de relacionamento da marca com o cliente, que não está mais
somente em um ambiente físico mas devido as possibilidades da internet ele
participa e relaciona-se com a marca de maneira diferenciada. Os blogs possuem
possibilidades de interação através das redes sociais, dos comentários e dos
assuntos que vão ao encontro das necessidades do público-alvo.
A Converse é uma marca que tem apostado na experiência online de seu
consumidor, por isso os investimentos com a área digital foram retratados no
trabalho e a evolução do seu blog atestou que existem estratégias online para
chamar a atenção do seu público em meio ao turbilhão de informação que há na
internet. A marca soube ir ao encontro do perfil de seu público oferecendo no blog
mais uma forma de aproximação com a marca, fazendo com que as pessoas
encontrem informações que não teriam espaço em um site institucional e muito
menos em um material publicitário, impresso ou de televisão. Por isso não existe
no blog a preocupação de falar especificamente dos calçados All Star, mas
mostrar que a marca se identifica com os assuntos de interesse de seu público.
Conforme estudado, a marca consegue responder ao perfil de uma
comunicação de marketing abordado por PEREZ (2005, p.35) que são: criar
reconhecimento na mente do consumidor; construir imagens favoráveis; identificar
clientes potenciais; formar e intensificar relacionamentos; reter clientes e por fim
vender. Como visto no trabalho a mudança do nome do blog, esquecendo a
nomenclatura "Conversation", como explicado por Rafael Achutti, teve o claro
objetivo de referenciar à marca Converse e ao site, desta maneira trazendo um
melhor reconhecimento por parte do visitante que está diante do blog oficial da
marca.
Da mesma maneira o conteúdo foi reformulado visando trazer assuntos
cada vez mais próximos da marca bem como participação de blogueiros e de
especialistas em customização de calçados, este conteúdo também teve um
cuidado especial por parte da equipe de marketing digital da empresa, pois o
75
mesmo é criado em parceria com uma agência que ajuda na produção dos posts.
Isto também demonstra que o blog corporativo deve ser pensado em termos de
produção de conteúdo e não somente copiando assuntos de outros blogs. Essa
busca de um conteúdo inédito gera uma audiência que procura no blog um tipo de
assunto específico, seja ele música, moda ou comportamento jovem.
As redes sociais complementam o blog, seja divulgando uma informação
pelo Twitter ou usando as possibilidades do Facebook para criar interação entre
os visitantes do blog ou a rede de contato de quem segue a marca por essas
redes, característica essa que tem a capacidade de gerar novos visitantes ao blog
da Converse.
Muitas empresas querem utilizar comunicação com blogs e redes sociais e,
através do estudo de caso, percebe-se também que outros segmentos podem
utilizar-se de uma comunicação online integrada como a Converse usa, porém não
basta ter uma página na internet se não houver preocupação com conteúdo e
relevância para quem acessa, pois na internet também é necessário procurar um
público fiel.
Além disso, as empresas precisam estar preparadas para conversar com
quem acessar os contatos da marca pela rede, esta conversa implica em
comentários e interações positivas e negativas. A utilização correta e transparente
gera um respeito pela marca e uma aproximação, que mesmo em âmbito virtual,
se torna cada vez mais real.
76
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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p. 54-63, Dez. 2003. Disponível em
http://www6.ufrgs.br/limc/PDFs/hipertexto_cooperativo.pdf. Acessado em 5 de
outubro de 2009
PRIMO, Alex; SMANIOTTO, Ana. Comunidade de blogs e espaços
conversacionais. Prisma.com, v. 3, p. 1-15, 2006. Disponível em
http://www6.ufrgs.br/limc/PDFs/insanus.pdf. Acessado em 5 de outubro de 2009.
ROSA, Silvana Goulart Machado. Valorizacao da marca. 2. ed. - Porto Alegre :
SEBRAE, 2004
RECUERO, Raquel da Cunha. Redes sociais na internet. Porto Alegre: Sulina,
2009.
SANDI, André Quiroga. Informação e imagem organizacional: percepções e
estratégias digitais. In: XXX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação.
Disponível em
80
http://www.afnf.com.br/Ucam/JornalEmpresarial07%28Percepcaodigital%29.pdf.
Acessado em 15 de outubro de 2009.
SHIMP, Terence A. Propaganda e promocao :aspectos complementares da
comunicacao integrada de marketing. 5. Ed. Porto Alegre : Bookman, 2002
SPYER, Juliano. Conectado : o que a internet fez com você e o que você pode
fazer com ela Rio de Janeiro: Zahar, 2007
TORRES, Cláudio. A Biblia do Marketing Digital. São Paulo. Novatec, 2010.
TRIVIÑOS, Augusto N. S. Introdução à Pesquisa em Ciências Sociais. São Paulo:
Atlas, 1987.
SILVEIRA, Sérgio Amadeu. Convergência digital, diversidade cultural e esfera
pública. In: PRETTO, Nelson De Luca; SILVEIRA, Sérgio Amadeu da. (orgs.).
Além das redes de colaboração: internet, diversidade cultural e tecnologias do
poder. Salvador: EDUFBA, 2008.
TERRA, Carolina Frazon. Blogs corporativos : modismo ou tendência?. São
Caetano do Sul – Difusão, 2008.
YIN, Robert K. Estudo de Caso: planejamento e métodos. 2ª ed. Porto Alegre:
Bookman, 2001.
81
5. ANEXO A
Entrevista com Rafael Achutti profissional de Relações Públicas formado na
UFRGS e pós-graduado em Marketing Digital pela ESPM e responsável pelo
Marketing Digital da Converse. O contato foi realizado através de dois contatos por
e-mail com perguntas abertas.
Perguntas respondidas no e-mail do dia 18 de novembro de 2011:
Quem é responsável (departamento ou profissionais) pelo conteúdo do site e
pelo blog da Converse?
O gerenciamento de informações é feito pela equipe de marketing da Converse
Brasil. Existe um núcleo responsável por cuidar somente da gestão da marca no
ambiente digital, o que inclui redes sociais, site, blog, parcerias, promoções etc.
A produção de conteúdo do blog é feita por uma agência de Porto Alegre (agência
Browse) e a manutenção do site pela agência Bonaparte.
O que motivou a mudança do blog?
A primeira motivação foi fortalecer a unidade visual adotada pela Converse
mundialmente. O antigo blog, por ter sido o primeiro blog da Converse no mundo,
não possuía um alinhamento com o restante dos blogs da marca.
Além disso, o antigo blog usava o domínio www.conversation.com.br, o que não
contribuía para o fortalecimento e lembrança da marca. Desde então, estamos
vinculando o blog diretamente ao site da Converse através do
domíniowww.converseallstar.com.br/blog
Quais são os principais diferenciais da nova cara do blog em relação à
versão anterior?
Os principais diferenciais são:
-Layout alinhado com o restante da comunicação da marca no mundo, mais clean
e com maior destaque para as imagens – principalmente de produtos e ações da
marca.
-Redirecionamento do domínio para fortalecer que trata-se de um blog da própria
marca
+ Planejamento editorial baseado em pesquisa com os próprios leitores
Há mudanças também no perfil do conteúdo no blog?
Sim. A partir da mudança visual do blog, foi feita uma pesquisa com 800 leitores
através da qual se constatou quais os principais assuntos interessantes a eles. A
82
partir daí, criamos um planejamento editorial baseado nos quatro principais pilares
da marca: moda, música, arte e converse/skate
Qual a relação entre o novo blog e o conceito de marca da Converse?
O novo blog busca ser o principal canal de informações e novidades da marca
com seus consumidores, principalmente por ser um espaço onde podemos
explorar conteúdo multimídia (fotos, vídeos, música etc.)
O blog é mais destacado no site do que as indicações das outras redes
sociais. Por quê?
Pela relevância e aprofundamento das informações que são publicadas no blog.
Diferente do twitter ou facebook onde as informações se limitam a poucas linhas,
no blog podemos explorar um conteúdo mais aprofundado e detalhado.
Qual o papel das redes sociais no conteúdo do blog?
Hoje as redes sociais da Converse funcionam mais como um canal de
disseminação das informações publicadas no blog. Existe, porém, diversos
insights de posts e colunas que surgem a partir do monitoramento das redes
sociais.
Redes sociais como Facebook e twitter alteraram a dinâmica do blog?
Como?
Respondido na pergunta anterior.
Como vocês têm visto a interação no blog? Existe participação dos
visitantes no conteúdo (com comentários etc.)?
O número de acessos triplicou desde a reformulação do blog. Os comentários,
porém, diminuíram bastante. O que temos percebido é que as interações
(comentários/likes/compartilhamento) estão acontecendo muito mais nas redes
sociais do que no próprio blog.
Analisamos o blog conversation da Converse em 2009 (para um trabalho
acadêmico) e observamos que o blog tinha como retorno muitos
comentários e que podemos dizer que no último ano os comentários
diminuíram consideravelmente. Como isso é avaliado pela marca?
De certa forma isso é algo positivo. Ainda que os comentários tenham diminuído,
o número de visitantes fieis (que retornam ao blog mais de uma vez) vem
aumentando consideravelmente. Além disso, os comentários sobre os posts do
blog replicados nas redes sociais (principalmente Facebook) também vem
aumentando.
Que tipo de resultado é esperado com o novo blog?
Criar uma audiência proprietária
Já se atingiu alguns dos resultados aguardados?
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Sim. O aumento do número de visitantes únicos e o retorno dos mesmos, bem
como a redução da taxa de rejeição, foram pontos muito analisados nestes
primeiros meses do novo blog.
Perguntas respondidas no dia 25 de novembro de 2011:
Quando perguntei sobre que tipo de público a marca deseja atingir você
delcarou que é "criar uma audiência proprietária". Gostaria que explicasse o
significado do termo.
Audiência proprietária trata-se de garantir um público fiel que retorne ao blog da
Converse sem necessariamente precisar de esforços externos, são pessoas que
voltem por livre e espontânea vontade.
Sobre o antigo blog, que tipo de rejeição vocês verificaram?
A taxa de rejeição trata-se de uma métrica do Google Analytics que indica se as
pessoas não se interessam pelo conteúdo, não clicando ou ficando pouco tempo
no blog. Comparando com o antigo blog, as pessoas passaram a navegar por
mais páginas e interagir mais com o conteúdo.
Além de você, quem é a equipe que trabalha no núcleo de marketing digital?
Gostaria de um breve perfil, com a formação, para identificar a equipe e você
como responsável por responder as questões.
Na verdade o núcleo digital da Converse é formado apenas por mim. Temos uma
outra pessoa responsável pelas ações da linha Converse Skateboard.
O gerenciamento de todas as redes sociais é feito por mim (twitter, facebook,
youtube, instagram). O conteúdo do blog é produzido pela agência Browse.
Sou formado em Relações Públicas na UFRGS e pós-graduado em Marketing
Digital pela ESPM.
Como se dá o encaminhamento e a relação com a agência Browse?
No planejamento que montamos definimos que assuntos iremos abordar no blog.
Trabalhamos em cima de 4 pilares (Converse, Música, Moda, Arte). Temos
também alguns posts de Skate, mas que são apenas réplicas do que já é
publicado no blog de Skate.
Sempre no final do mês a agência apresenta as sugestões de pauta para o mês
seguinte e, após a aprovação, os posts são redigidos e publicados no blog da
Converse. Antes de entrar no ar, eu aprovo o texto de todos os posts.
Com relação a interação nas redes sociais, blog, facebook e twitter, quem
responde os comentários, dúvidas ou até críticas, em relação a marca ou em
relação ao conteúdo, por exemplo de moda?
Todo o conteúdo das redes sociais é produzido por mim. Dependendo do tipo de
dúvida, criamos posts exclusivos para responder no blog. A seção SOS
CONVERSE é alimentada baseada em perguntas que chegam através das redes
sociais.
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