identificação de microorganismos fitopatogêncos em áreas

Propaganda
IDENTIFICAÇÃO DE MICROORGANISMOS FITOPATOGÊNCOS EM
ÁREAS ALTERADAS PELA EXPLORAÇÃO PETROLÍFERA E GÁS
NATURAL EM URUCU-AM
Telma Fátima Coelho Batista; UFRA – [email protected]
Francisco Carlos de Oliveira; UFRA – [email protected]
Rosana Cardoso Rodrigues; UFRA – [email protected]
Introdução
Microorganismos
fitopatogêncos
de
plantas são identificados, em sua maioria,
pelos sintomas que provocam e pelos sinais
presentes no hospedeiro. Entretanto, para
muitos é possível identificar determinado
estádio de desenvolvimento no hospedeiro
através de determinada condição climática
crítica na ocorrência de infecções, de modo
que medidas de controle poderão ser
incrementadas e implantadas, para evitar a
ocorrência ou desenvolvimento rápido da
doença e disseminar no ambiente (Bergamin
Filho et al., 2002).
Os microorganismos geralmente interagem
com a planta, vivendo dentro dela, invadindo
seus tecidos, gerando então, o processo
infeccioso. O microorganismo, por sua vez,
ao colonizar a planta, retira desta os nutrientes
para o seu desenvolvimento, o que
caracteriza, nestas circunstâncias, como um
parasita. Portanto, de modo geral, os
microorganismos são parasitas, beneficiandose de seus hospedeiros (Krugner, 1995).
Por isso, é importante ser feito
levantamentos periódicos de microorganismos
fitopatogênicos causadores de doenças de
plantas e insetos pragas em áreas de plantio
como os reflorestamentos, áreas agrícolas,
pastos,
florestas
naturais,
sistemas
agroflorestais, entre outras.
Tendo em visto que, as condições
climáticas da região Amazônica (ambiente
úmido e temperaturas elevadas) favorecem a
ocorrência de doenças causadas por fungos e
nematóides que podem limitar produção de
sementes além de denegrir a paisagem
ambiental e o desenvolvimento das espécies
vegetais. O presente trabalho teve por
objetivo fazer um levantamento de ocorrência
e identificação de fungos e nematóides
fitopatogênicos presentes em seis áreas
reflorestadas pela PETROBRAS, na base de
Urucu-AM, oriundas do desmatamento feito para
a exploração de poços de petróleo e gás natural.
Material e métodos
As áreas alteradas em estudado ficam
localizadas na unidade da PETROBRAS
chamada de UN-BSOL, localizada às margens do
rio Urucu-AM e distante cerca de 650 Km de
Manaus. As áreas foram: clareira 2 e clareira 12;
jazida 23 e os poços RUC 1, RUC 1/14/17/18 e
LUC 18/22.
As espécies avaliadas quanto à ocorrência de
sintomas de doenças foram: Ingá (Inga edulis),
tento
(Abarema
jupumba),
angico
(Anadenanthera peregrina), palheteira (Clitoria
fairchildiana), araçá (Psidium cattleianum), açaí
(Euterpe precatoria), goiaba de anta (Bellucia
grossularoides), angelim (Dinizia excelsa),
jatobá
(Hymenaea
coubaril),
bacaba
(Oenocarpus bacaba), cumaru (Dipteryx alata),
uxi
(Eudopleura
uchi),
lacre
(Vismia
brasiliensis), embaúba (Cecropia peltata), matapasto (Acácia sp.), ameixa (Myrcia fallax),
abiurana (Pouteria torta), pau d’arco (Tabebuia
serratifolia), visgueiro (Parkia pendula), buriti
(Mauritia flexuosa), acapurana (Campsiandra
comosa), sucupira (Pterogyne nitens), faveira
orelha de macaco (Enterolobium schomburgkii),
andiroba (Carapa guianensis), mari-mari (Cassia
leiandra), leucena (Leucaena sp.), pacotê
(Cochlosperma
orinocens),
tachi-branco
(Sclerolobium paniculatum), ucuúba (Virola
surinamensis) e mungubarana (Bombacopsis
nervosa) (Lorenzi, 1998 e Lorenzi et al., 2004).
Foram coletadas amostras de folhas com
sintomas de doenças e solo contendo raízes de
plantas. Na coleta de solo, as plantas escolhidas
foram as que apresentavam sintomas de
deficiência nutricional, ou seja, plantas que
aparentemente estavam raquíticas, amareladas
com queda precoce de folhas e definhamento.
Todas as amostras foram conduzidas e
processadas
no
Laboratório
de
Microorganismos da Universidade Federal
Rural da Amazônia.
O isolamento dos fungos foliares constou
de: Pequenos cortes circulares na região de
transição da lesão e do material sadio, em
forma de discos, em seguida, foi realizada
assepsia com hipoclorito de sódio a 1,5% por
dois minutos e, depois removido o excesso
passando o material em duas porções
consecutivas de água destilada e esterilizada.
Esse material foi plaqueado em meio BDA. O
material foi incubado com temperatura de 28º
C sob presença de luz contínua. Após o
crescimento dos fungos bloquinhos da colônia
foram repicados para tubos de ensaio. Da
colônia
pura
foram
feitas
lâminas
microscópicas e identificado através de
microscópico ótico (Menezes e Silva-Hanlin,
1997). Todos os procedimentos. Os fungos
foram identificados usando-se chaves
taxonômicas realizadas com base nos
trabalhos Barnett e Hunter (1972).
O isolamento dos fitonematóides do solo e
raízes foi realizado através do método da
flutuação centrífuga em solução de sacarose
(Jenkings, 1964). Constou da retirada de uma
alíquota de 300 cm3 de solo diluído em 1 litro
de água destilada, mexe-se para desagregar os
torrões e liberar os nematóides na suspensão.
A suspensão é passada em peneira de 20
Mesch e depois em peneira de 400 Mesch.
Com auxílio de uma pisseta foi recolhido o
líquido e impurezas da peneira de 400 Mech
para um Becker com capacidade de 100 ml e
recolhido um volume de suspensão de 40 ml.
A suspensão de 40 ml foi centrifugada por 5
minutos com velocidade de 2.000 rpm. Após
esse período foi retirado o sobrenadante e os
tubos completados com solução de sacarose
(400 g de açúcar em 700 ml de água) para
centrifugar novamente por 1 minuto. Após
esse tempo foi retirado o sobrenadante para
uma peneira de 400 Mesch e lavado com água
abundante para a retirada da sacarose. Com
auxílio de jatos de uma pisseta os nematóides
foram recolhidos para um Becker, onde foram
fixados com solução de formol aquecido e
acondicionados em recipientes de vidro de
boca larga. Foram identificados através da
preparação de lâminas e com auxílio de
microscópico ótico com capacidade de 400 x de
aumento, conforme descrito por Tihohod (1993).
Resultados e Discussão
Foi identificada a presença dos seguintes
gêneros
de
microorganismos:
Fungos:
Colletotrichum gloesporioides, Botryodiplodia
sp., Phyllosticta sp., Curvularia sp. Pestalotia
sp., Ryzoctonia sp., Fusarium sp. e Glomerela
sp., e os Fitonematóides: Aphelencus sp.,
Helicotylencus sp., Meloidogyne sp. e
Pratylencus sp. entretanto, nem todas as espécies
vegetais coletadas, que apresentavam manchas
foliares desenvolveram doenças fúngicas.
Dentre as espécies vegetais avaliadas,
conforme tabelas 1 e 2, o fungo Pestalotia sp. foi
o que apresentou maior ação de disseminação,
agressividade e desenvolvimento, porque atacou
13 espécies de plantas diferentes, o que
correspondeu a 65% de ocorrência, entre as
espécies avaliadas, entretanto, em relação às
áreas de ocorrência, este obteve índice de 100%;
porque foi observado em todos os locais de
coleta. O fungo Botryodiplodia sp. também
obteve índices de ocorrência bastante elevado, foi
observado atacando 10 espécies vegetais e em
relação às áreas obteve 83% de ocorrência, ou
seja, somente as espécies vegetais presentes na
Jazida 23, não obtiveram nenhum dano com esse
fungo. Os gêneros de fungos que apresentaram
menor representatividade nas espécies vegetais e
nas áreas foram respectivamente: Colletotrichum
gloesporioides 35% 67%, Phyllosticta sp com
10% e 67%, Curcularia sp. e Fusarium sp 10% e
33% e os fungos Rhizoctonia sp., Glomerela sp. e
Dendrophoma sp. estiveram presentes em apenas
uma espécie vegetal e obtiveram 5% e 17% de
ocorrência nas áreas avaliadas, ou seja, foram os
fungos que menos atacaram as plantas o que pode
evidenciar que são fungos menos agressivos e
que possuem pouca disseminação no local.
Todos os fungos identificados são causadores
de manchas foliares as quais interferem
diretamente na fotossíntese, através da redução
de área foliar. As são caracterizadas por pela
destruição do tecido vegetal, decorrente da
necrose dos mesmos, outro tipo de sintoma é
conhecido como crestamento ou queima,
evidenciado por uma necrose rápida e que
atinge grandes áreas da folha.
Esse tipo de doença é causado por várias
espécies de fungos e pode ocorrer
praticamente em todas as regiões do Brasil,
porém com maior intensidade e freqüência em
condições de clima quente e úmido, o que
caracteriza o clima da região Amazônica. Os
danos provocados são resultantes da redução
da capacidade fotossintética da planta, o que
implica
em
menor
desenvolvimento
vegetativo, rendimento e diminuição na
qualidade da planta.
Quanto à presença de nematóides foram
encontrados os gêneros: Aphelenchus sp.,
Helicotylenchus sp., Meloidogyne sp. e
Pratylenchus sp. distribuídos nas seguintes
espécies de plantas: - Ucuúba, Acapurana,
Angico, Ingá, Andiroba e Matapasto:
Aphelencus sp.; - Angico: Helicotylenchus
sp., Meloidogyne sp. e Pratyilenchus sp.;
Azeitona: Pratyilenchus sp.. Entretanto,
foram encontrados, nas amostras de solo e
raízes, muitos nematóides de vida livre, sem
nenhuma importância econômica, agrícola ou
florestal, além disso, muitos juvenis, o que
dificulta em parte a identificação mais precisa
dos gêneros.
Pelo observado o nematóide mais
freqüente foi o Aphelenchus sp., pois foi
encontrado em seis espécies de plantas
diferentes, conforme listagem acima. Isso
caracteriza
grande
mobilidade
desse
nematóide no solo, entretanto a planta angico
(Anadenanthera peregrina) apresentou os 4
gêneros dos nematóides identificados o que
provavelmente
demonstra
a
grande
suscetibilidade dessa planta à presença dos
fitonematóides.
Os gêneros dos nematóides encontrados
possuem grande importância econômica
porque se associam aos vegetais, através de
sucção pelas raízes, e podem provocar
prejuízos que variam de suaves, com menos
de um por cento, até a destruição total da
planta. O grau de danos depende da densidade
populacional dos nematóides presentes, da
suscetibilidade da cultura e das condições
ambientais, tais como fertilidade, umidade e
presença
de
outros
microorganismos
patogênicos que podem interagir com os
nematóides (Tihohod, 1993).
Agradecimentos
A empresa Petrobras e ao FINEP pelo fomento
para o desenvolvimento da pesquisa.
Bibliografia citada
Barnett, H.L.; Hunter, M & Barry B. 1972.
Ilustrated genera of imperfect fungi. Ed. Third,
237 p.
Bergamim Filho A.; Jesus Júnior, W. C. de.;
Amorin, L. 2002. Danos causados por doenças
em fruteiras tropicais. In: ZAMBOLIM, L.
Manejo integrado de fruteiras tropicais – doenças
e pragas. Viçosa:UFV. p. 47 – 69.
Jenkins, W. R. 1964. A rapid centrifugalflotation technique for separating nematodes
from soil. Planta Disease Repórter. 256 p.
Krugner, T. L. 1995. A natureza da doença. In:
Bergamim Filho, A.; Kimati, H. & Amorim, L.
Manual de Fitopatologia. 3 ed. São Paulo:
Agronômica Ceres. Cap. 3. p. 34 – 43.
Lorenzi, H. 1998. Árvores brasileiras: manual
de identificação e cultivos de plantas arbóreas
nativas do Brasil. vol. 2. 2 ed. Nova: Odessa, SP:
Instituto Plantarum. 352 p.
Lorenzi, H.; Souza, H. M. de.; Medeiros Costa,
J. T. de.; Cerqueira, L. S. C. de.; Ferreira, E.
2004. Palmeiras brasileiras e exóticas
cultivadas. Nova: Odessa, SP: Instituto
Plantarum. 416 p.
Menenzes, M.; Silva-Hanlin, D. M. W. 1997.
Guia prático para fungos fitopatogênicos.
Recife: UFRPE, Imprensa Universitária. 106 p.
Tihohod, D. 1993. Nematologia agrícola
aplicada. Jaboticabal: FUNEP. 372 p.
Tabela 1. Gêneros de fungos fitopatogêncos que causam doenças foliares e percentagem de ocorrência identificados em
diferentes áreas alteradas pela exploração petrolífera e gás natural em Urucu-AM
Áreas Estudada/Nº espécies vegetais avaliadas
Cl. 12
Jazida 23 RUC 1
RUC
7/14/17/18
10 Esp.
12 Esp.
18 Esp.
12 Esp.
20 Esp.
60
24
47
42
45
Cl. 02
Fungos
Pestalotia sp.
LUC
18/22
7 Esp.
14
%
Ocorrência
nas áreas
100
Botryodiplodia sp.
10
25
-
17
20
28
83
Phyllosticta sp.
10
-
5
-
10
14
67
C.gloesporioides
-
8
16
25
25
-
67
Curvularia sp.
-
-
-
10
-
10
33
Fusarium sp
-
-
-
-
8
5
33
Glomerela sp.
-
-
-
-
5
-
17
Dendrophoma
-
-
-
-
5
-
17
Tabela 2 – Percentagem de ocorrência de fungos fitopatogêncicos em espécies vegetais de áreas alteradas pela exploração
petrolífera e gás natural em Urucu-AM
Gêneros de Fungos Identificados
C.
Phyllostict Curvularia Ryzoctonia Dendrophoma Fusarium Glomerela
Pestalotia Botryodiplodia
sp.
sp.
sp.
sp.
sp.
sp.
sp.
sp.
Plantas
gloesporioid
es
Andiroba
x
x
Ucuúba
x
x
Pau
x
x
d’arco
Acapurana
x
x
Açaí
x
Araçá
x
Angico
x
x
Pacotê
x
x
Mututi:
x
x
Mungubara
x
na
Tachibranco
x
Bacaba
x
Azeitona
x
x
x
x
Goiaba de
anta
x
Jatobá
x
x
x
Abiurana
x
Mari-mari
x
x
x
Palheteira
x
x
Matapast
o
x
Lacre
x
x
x
Ingá
x
x
%
ocorrência
65
50
35
10
10
5
5
10
5
Download