Secretaria da Saúde do Estado do Ceará COMISSÃO DE CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR (CCIH) PROTOCOLOS PARA USO DE ANTIMICROBIANOS E NORMAS AFINS, EM ADULTOS Organizador: JOSÉ EDUILTON GIRÃO 2017-2018 - 2019 Fortaleza - Ceará Secretaria da Saúde do Estado do Ceará HOSPITAL GERAL DR. CESAR CALS (HGCC) COMISSÃO DE CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR (CCIH) PROTOCOLOS PARA USO DE ANTIMICROBIANOS E NORMAS AFINS, EM ADULTOS Organizador: JOSÉ EDUILTON GIRÃO Autores e/ou Profissionais Consultados: (em ordem alfabética) : MÉDICOS: Ananias Vasconcelos, André Luís Macedo, Antônio George Matos Cavalcante, Antônio Luiz Carneiro Jerônimo, Evelyne Santana Girão, Herivaldo Ferreira da Silva, Humberto de Holanda Madeira Barros, Ianna Lacerda Sales Braga, Jânio C. Barroso, João José de Aquino, Jorge Luiz Nobre Rodrigues, José Eduilton Girão, José Gerardo de Araújo Paiva, José Iran de Carvalho Rabelo, Jose Otho Leal Nogueira, José Walter Correia, Leo Pires Cortez, Leonardo Robson Pinheiro Sobreira Bezerra, Manoel Martins, Manoel Pedro Guedes Guimarães, Manoel Pereira da Silva, Marcos Flávio Rocha, Milena Santana Girão, Orivaldo Alves Barbosa, Paola Lima Lemos, Paulo Henrique de Moura Reis, Plínio José S. Câmara, Raphael Felipe Bezerra de Aragão, Robério Dias Leite, Sebastião Diógenes Pinheiro, Suzana Araújo Tavares Barbosa, Marco Antônio C.C. Muniz, Paulo Marcos Lopes, Pedro Sérgio Cunha Costa, Ricardo Rangel de Paula Pessoa Rpbério Dias Leite e Silviane Praciano Bandeira. FARMACÊUTICAS: Ana Amélia Gonçalves de Oliveira Lima e Lúcia Sales Costa 2017 – 2018 - 2019 Fortaleza – Ceará SUMÁRIO CAPÍTULO I - NORMAS GERAIS E PARA COLETA DE HEMOCULTURAS CAPITULO II - SEPSE CAPITULO III INFECÇÕES RELACIONADAS COM CATETER VENOSO CENTRAL (CVC) CAPÍTULO IV INFECÇÕES DO TRATO DIGESTÓRIO CAPÍTULO V INFECÇÕES DO APARELHO RESPIRATÓRIO CAPÍTULO VI DOENÇAS INFECCIOSAS DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL CAPÍTULO VII INFECÇÕES GENITAIS CAPÍTULO VIII USO DE ANTIMICROBIANOS E INFECÇÕES EM OBSTETRÍCIA CAPÍTULO IX INFECÇÕES DE PELE E PARTES MOLES CAPÍTULO X INFECÇÕES DE SÍTIO CIRÚRGICO (ISC) CAPÍTULO XI INFECÇÕES DO TRATO URINÁRIO (ITU) CAPÍTULO XII ENDOCARDITE INFECCIOSA (EI) CAPÍTULO XIII INFECÇÔES EM PACIENTES QUEIMADOS CAPÍTULO XIV OUTRAS INFECÇÕES COMUNS CAPÍTULO XV INFECÇÕES POR MICRORGANISMOS MULTIRRESISTENTES CAPÍTULO XVI TRATAMENTO DE INFECÇÕES FÚNGICAS HOSPITALARES CAPÍTULO XVII INFECÕES EM PACIENTES IMUNOCOMPROMETIDOS CAPÍTULO XVII PALIATIVOS ANTIMICROBIANOS PARA PACIENTES EM CUIDADOS CAPÍTULO XIX INFECÇÕES EM OFTALMOLOGIA CAPÍTULO XX INFECÇÕES ARTICULARES / ÓSSEAS CAPÍTULO XXI ANTIBIOTICOPROFILAXIA EM CIRURGIA CAPÍTULO XXII ANTIBIOTICOPROFILAXIA EM SITUAÇÕES NÃO CIRÚRGICAS CAPÍTULO XXIII DOSES DE ANTIMICROBIANOS EM OUTRAS SITUAÇÕES ESPECÍFICAS CAPÍTULO I NORMAS GERAIS E PARA COLETA DE HEMOCULTURAS • SUPÕE-SE NÃO HAVER DÚVIDA SOBRE A IMPORTÂNCIA DE PROTOCOLOS PARA USO DE ANTIMICROBIANOS, os quais têm sido atualizados periodicamente, com base na sua experiência clínica dos autores, em dados acreditados da literatura e no perfil da microbiota do Hospital. • Tais protocolos constam da INTRANET do HGCC • Casos mais complexos ou não contemplados pelos protocolos devem ser discutidos com profissionais mais experientes e/ou com os médicos da CCIH. • Antes de fazer a prescrição, o médico deve se comunicar com a farmácia hospitalar, sobre a disponibilidade de estoque suficiente a fim de evitar eventual descontinuidade do esquema terapêutico. • O Farmacêutico Hospitalar pode contribuir sobre aspectos técnicos inerentes à sua área de conhecimento. • Deve-se sempre proceder de modo seguindo critérios que configurem o uso racional de tão importante grupo de medicamentos. • Para a liberação, pela Farmácia, do(s) antimicrobiano(s), continuará a ser exigido o receituário • Evitemos curso prolongados de antimicrobianos, exceto quando tal foi com uma indicação precisa. Há recomendação, bem fundamentada, de que muitas infecções, até mesmo pneumonias adquiridas em hospital, podem ser adequadamente tratadas por tempo curto, como ) dias. • Para paciente vindo da comunidade ou de outra instituição (hospital, UPA etc.), sem o diagnóstico etiológico da infecção, o médico do HGCC, mesmo antes do isolamento do patógeno, adotará o esquema antimicrobiano, com base nos dados epidemiológicos, clínicos (e de outros exames complementares), além de considerar peculiaridades do paciente (idade, peso, estado nutricional e imunitário, eventuais disfunções orgânicas, alergia a droga etc.). • Se o paciente vier de outro hospital, o médico do HGCC exigirá o relatório da instituição de origem, com ênfase a dados de exames microbiológicos, procedimentos invasivos e tratamentos antimicrobianos, que, lá, tenham sido feitos. Na ausência – injustificável - de tais informações, o médico do HGCC manterá contato, pelo meio mais eficaz, com o medico que, no hospital de origem, assistiu o paciente, tentando obter, dele, os referidos dados, ou, pelo menos, indagando do perfil da microbiota daquele hospital, como auxílio para que se guie na sua prescrição no HGCC. • Em qualquer circunstância, o médico do HGCC, independentemente das informações que tenha obtido, solicitará novos exames microbiológicos, em face da crescente prevalência de microrganismos resistentes (enterococos resistentes a vancomicina - VRE, bacilos Gram-negativos resistentes a carbapenêmicos e, até, a polimixina, C. difficile e fungos) e de tuberculose, principalmente em imunodeprimidos. • Em casos graves, como SEPSE, pneumonias graves, síndromes meníngeas, especialmente com suspeita de etiologia meningocócica e outras, a terapêutica deve ser PRECOCE, após coleta dos exames para bacterioscopia, culturas etc.. • Uma vez identificado e caracterizado o padrão de sensibilidade do agente, o esquema inicial poderá, obviamente, ser modificado, conforme tais dados. • O DESESCALONAMENTO (MUDANÇA UM ESQUEMA MAIS SIMPLES OU DE ESPECTRO ANTIMICROBIANO MAIS ESTREITO), DEVE SER FEITO MESMO QUE PACIENTE ESTEJA EVOLUINDO BEM COM O ESQUEMA INICIAL, DE AMPLO ESPECTRO. • Embora tais infecções ameaçadoras à vida possam exigir a associação de antimicrobianos, às vezes incluindo os mais recentes e avançados, há algumas situações, em que um só antimicrobiano, até mesmo um dos antigos, pode ser eficaz. Exemplos dessas últimas são: meningite meningocócica, responsiva a ceftriaxona; infecção estafilocócica comunitária, com possibilidade de resposta a oxacilina, cefalotina ou sulfametaxozol+trimetoprim; erisipela, responsiva a penicilina etc.. • Todo paciente grave ou potencialmente grave requer vigilância clínica continuada e adequada e, em muitos casos, suporte de vida em terapia intensiva. • Em muitos casos, deve-se cogitar da existência de um foco infeccioso, a ser removido, sem o qual o tratamento antimicrobiano não funcionará • Acessos vasculares e outros procedimentos invasivos (devices) podem ser a fonte de uma infecção, devendo ser abordados e, geralmente, retirados, sempre que tal não leve risco para o paciente. • Em todas as circunstâncias, o esquema terapêutico deve ser objeto de reavaliação através de revisão clínica e, se necessário, com imagens e outros exames, incluindo os microbiológicos. • Reitera-se que os médicos da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH)/ Serviço de Controle de Infecção Hospitalar(SCIH) e outros colegas experientes do Hospital devem ser consultados quando necessário, pelo meio adequado, mesmo em dias e horários fora do expediente normal do Hospital. Na Farmácia Hospitalar e nas Unidades de Internação há uma lista com os nomes e telefones dos referidos colegas. Condutas terapêuticas fora dos protocolos só podem, pois, ser adotadas, conforme avaliação rigorosamente adequada, ouvindo-se, sempre que possível tais profissionais NORMAS SOBRE A INDICAÇÃO E COLETA PARA HEMOCULTURAS Indicações • Todo caso de sepse ou bacteriemia/fungemia, incluindo casos de pneumonias adquiridas fora do hospital (PAC) e outras condições onde seja possível a detecção de um microrganismo que possa estar sendo o agente causal de um processo infeccioso. • Suspeita de endocardite infecciosa e em febre de origem indeterminada. • Diagnóstico de infecção relacionada a cateter vascular venoso ou arterial). • Acompanhamento de tratamento antimicrobiano de infecções, conforme cada situação. Na suspeita de infecção por fungos filamentosos (especialmente Aspergillus sp. e Fusarium sp.), Histoplasma e Micobactérias, usar o frasco específico Myco F e coletar apenas uma amostra, utilizando o volume máximo de 5 ml. • Se o paciente estiver em vigência de antimicrobianos, as hemoculturas devem ser obtidas imediatamente antes da administração da próxima dose (vale). • A coleta de sangue arterial não está associada com aumento da sensibilidade e não é recomendada, em princípio. TÉCNICA DE COLETA DE HEMOCULTURA PERIFÉRICA 1. Higienizar as mãos 2. Colocar luvas de procedimentoHAVENDO DIFICULDADE DA PUNÇÃO OU DETERMINADAS CIRCUNSTÂNCIAS, O PROFISSIONAL DEVE, LOGO APÓS A ADEQUADA HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS, USAR LUVAS ESTÉREIS. Garrotear o membro do paciente e localizar a veia. 3. Realizar antissepsia da pela com solução de clorhexidina alcoólica a 0,5%, aplicando o antisséptico em um único sentido. Esperar que o antisséptico seque espontaneamente. 4. Realizar a punção venosa, SEM COLOCAR A MÃO NO LOCAL DA PUNÇÃO. Se houver suspeita de contaminação da área, repetir o procedimento de antissepsia - VOLUME DE SANGUE A SER COLETADO: Adultos: 10 a 20 ml, divididos em 2 frascos, respeitando o volume máximo de cada frasco. Neonatos até 1 ano: 0,5 a 1,5 ml, preferencialmente > 1 ml. Crianças > 1 ano: 1 ml/ano, divididos em 2 frascos, respeitando o volume máximo de cada , frasco, (ex.: 6 anos 6ml, d em 2 frascos de 3 ml).Se necessários coletar > 8 ml, utilizar istribuídos frasco de adulto. - Não se necessita trocar a agulha para inocular o sangue nos frascos. - Caso se colha sangue para cultura, também, para pesquisa de anaeróbio, inocular, primeiramente, o sangue no frasco para aeróbio. - Se houver suspeita de contaminação da área, repetir o procedimento de antissepsia. - Misturar o conteúdo do frasco por inversão. - Dispensar o material de punção em local apropriado (caixa de perfurocortante) - Dispensar o material de punção em local apropriado (caixa de perfurocortante). Até que os frascos sigam para o Laboratório, não mantê-los na geladeira. • HEMOCULTURAS POR CATETER VENOSO CENTRAL (CVC) - A coleta do sangue pelo CVC não deve ocorrer em intervalo maior do que 15 minutos da coleta feita pela veia periférica. - Identificar, no frasco respectiva, que o sangue foi coletado por tal via. - Higienizar as mãos e usar as luvas conforme os preceitos antes citados. - Limpar a conexão e a extremidade distal do cateter com álcool a 70% ou clorhexidina alcoólica a 0,5%. Esperar, por 30 a 60 segundos, que o antisséptico seque. - Se estiverem sendo usados conectores, estes devem ser substituídos, antes da coleta. - Coletar amostra de sangue, de cada lúmem do CVC, em quantidade igual do sangue coletado para hemoculturas por veia periférica (hemoculturas pareadas). - Seguir os demais passos usados para a coleta do sangue em veia periférica. CAPÍTULO II SEPSE Definições I. Síndrome de Resposta Inflamatória Sistêmica (SRIS):conjunto de sintomas/sinais, causados pela reação orgânica à presença de infecção ou de outro fator agressor (pancreatite aguda, grandes queimaduras, grandes traumas etc). Dois ou mais dos seguintes critérios são necessários: 1.T > 38oC ou < 36oC. 2..FC > 90 bpm. 3.FR >29 mrpm ( ou Pco2 <32 ou paciente necessitando de ventilação mecânica). 4. Leucometria > 12.000/mm3 ou< 4.000/mm3 ou> 10 bastões/mm3 ). II.Sepse – se os sintomas/sinais, acima citados, decorrem de processo infeccioso. A mortalidade aumenta se: feita antibioticoterapia inadequada, doenças debilitantes, pacientes idosos, origem hospitalar e as complicações ( disfunções orgânicas, SARA etc.). Em sepse secundária a um foco infeccioso (sepse secundária) as maiores gravidades são, em ordem decrescente: respiratória > abdominal > urinária III.Sepse Grave: evolução para disfunção orgânica, induzida pela infecção - dados: 1. Hipotensão arterial (<90 mmHg max ou PAM < 70 mmHg), após reposição volêmica. 2. Hipoxemia (relação PaO2/FiO2 = ou < 300). 3. Diurese < 0,5 ml/h, pelo menos p/2 hs, após a reposição volêmica ou Creatinina > 2mg. 4. Hiperbilirrubinemia total (2 mg/dL) + INR >1,5 + TPTA > 60 s. 5. Plaquetopenia (<100.000/mm3) ou queda de 50%, nas últimas 72 h. 6. Agitação psicomotora ou confusão mental ou rebaixamento da consciência ou delirium pH sanguíneo< 7,30 ou excesso de base < - 5mEq/L + lactato plasmático 1,5 x do normal. 7. IV.Choque séptico: evolução para hipotensão arterial, refratária à reposição volêmica, requerendo o uso de droga vasoativa (letalidade até 50%). OBS: Tendo em vista a publicação do SEPSE 3, o ILAS se posicionou recomendando que o termo SIRS deve ser evitado sendo referido como suspeita de infecção. . O termo Sepse Grave foi abolido. O ILAS recomenda manter o conceito de choque séptico associado a necessidade de vasopressor OU hiperlactiodemia. Etiologia microbiana, conforme dados epidemiológicos e clínicos: *Recém-nascidos Streptococcus grupo B. E. coli. *HIV (CD4 entre 50-100) micobactéria, CMV,Cripotococo *Usuário deetc.) droga IV S.aureus, MRSA. *Asplênicos Hemophilus Pneumococo, infuenzae, Meningococo, Capnocytophaga canimorsus). *Neutropênico: bacilos Gram-negativos, ênfase a Pseudomonas e Aspergillus). *Viajantes: malária, Salmonellas. *Lesão valvar cardíaca S.viridans, Enterococo, S. aureus, *Adultos jovens previamente sadios S.aureus MRSA, Meningococo). *Cateter IV de demora S.aureus MRSA. , K. pneumoniae (se em hospital suspeitar de microrganismo multirresistente). *Procedimentos tocoginecológicos ou abortamento provocado Anaeróbio, -negativo, Gonococo, Estreptococo C. do grupo, Bá trachomatis). *Presença de Ecthyma gangrenosum Pseudomonas aeruginosa. *Existência de petéquias ou púrpuras *Uso prévio de antibióticos de amplo espectro, nutrição parenteral, cateter venoso central de longa permanência, imunossupressão, DM, insuficiência renal, cirurgias abdominais múltiplas, fístulas digestivas, mucosites e colonização por Candida sp. Abordagem inicial na sepse Reconhecimento precoce. Motivação da equipe. • Adoção de medidas rápidas e racionais; monitorização clínica; cuidados intensivos e antibioticoterapia na primeira hora (após coleta de sangue para hemoculturas) • • Realização de culturas microbiológicas Hemoculturas (2 ou 3 pares, sem intervalo de tempo entre as punções – venosas ou arteriais e sem aguardar ocorrência de pico febril). Nunca refrigerar o frasco com o sangue p/hemocultura. Hemoculturas, positivas para estafilococos coagulase-negativos, Corynebacterium sp, Streptococcus viridans, Bacillus sp (exceto Bacillus anthracis), Propionibacterium acnes e Clostrindium perfringen, podem representar, apenas, contaminação, desde que não haja um quadro clínico compatível e/ou que o crescimento de um desses micro-organismos ocorra em apenas uma das amostras, hemoculturas, positivas para estafilococos coagulase-negativos, Corynebacterium sp, Streptococcus viridans, Bacillus sp (exceto Bacillus anthracis), Propionibacterium acnes e Clostrindium perfringen, podem representar, apenas, contaminação, desde que não haja um quadro clínico compatível e/ou que o crescimento de um desses micro-organismos ocorra em apenas uma das amostras. Algumas bactérias (Brucella sp., Leptospira sp, Bartonella sp., Legionella sp., micobactérias e anaeróbicos ) não crescem em meios de cultura habituais). Culturas de outros materiais( urina, secreção traqueal, lavado bronco-alveolar, exsudatos etc), antes do início do ATM, desde que isso não atrase o inicio do tratamento (máximo 1 hora). Tais culturas (urina, secreção traqueal, lavado bronco-alveolar, exsudatos. Coleção de sítio cirúrgico etc) devem ser feitas, na conformidade do quadro clínico, ou quando uma fonte não for encontrada, na origem da sepse. Transporte imediato dos materiais p/ o laboratório de microbiologia Um resultado negativo de cultura de aspirado traqueal tem alto valor preditivo negativo(94%), para pneumonia associada com ventilação mecânica (PAV). Repetição de culturas: avaliar necessidade de recoleta em 48-72 h, a fim de orientação sobre a continuação da terapêutica. Coloração pelo Gram e/ou outras técnicas deve ser solicitado, conforme a situação clínica, a fim de fornecer, no mesmo dia, uma pista sobre a natureza da infecção. Na suspeita de infecção por Legionella sp, fazer pesquisa dos respectivos antígenos na urina. Isolamento de fungo em urina ou material de vias respiratórias pode ser apenas colonização. Na suspeita de a infecção ser relacionada a cateter venoso ou arterial, ( v.CAPÍTULO III) . CRITÉRIOS PARA ANTIBIOTICOTERAPIA INICIAL, PRECOCE (1ª. HORA), EMPÍRICA E RACIONAL: *Incluir uma ou mais drogas com atividade contra todos os patógenos prováveis da infecção (bactérias ou fungos). Sendo a infecção adquirida no hospital, considerar a microbiota do lugar (prevalência e perfil de sensibilidade), especialmente P.aeruginosas, A. baumannii, K. pneumonais, Esterobacter, E.coli. S. aureus MRSA, enterocoos, Candida sp. *Considerar a farmacocinética (penetração no foco infeccioso : ciprofloxacino tem baixa concentração no tecido pulmonar; polimixina penetra mal no rim e no líquor; aminoglicosídeo tem menor eficácia em ph ácido com nas coleções purulentas; Tigeciclina não alcança níveis confiáveis para infecções de corrente sanguínea) e a farmacodinâmica do ATM(os betalactâmicos, incluindo carbapenêmicos são usados em dose repetidas ou em infusão contínua; aminogliosídeos podem ser uitilizados em dose única diária)e outras peculiaridades do ATM (P.mirabilis, Serratia, Providencia, Bulkholderia, cocos e Gram-negativos, todos os MO Gram-positivos e anaeróbios têm resistência natural para Polimixina; Polimixina pode usado por via intra-tecal e inalatória, conforme indicações bem precisas etc.) *As doses iniciais dos antibióticos devem ser completas, mesmo para pacientes com disfunção renal ou hepática. *Em pacientes de alto risco, seja pela doença de base, imunossupressão, internações prologadas, uso prévio de antibióticos ou presença de dispositivos invasivos (cateter venoso central, tubo traqueal, sonda vesical de demora), deve-se fazer, inicialmente, a associação de antibióticos, de modo racional, cobrindo os patógenos que podem estar envolvidos na etiologia da infecção. *Exemplos de esquema: Pip/Tazobactam 4,5g,IV, q6h + Vancomicina 15 mg/kg peso q12h IV (Vacocinemia após 4 dose 10 a 15 mcg/mL) +/- Gentamicina 3 mg/kg inicialmente, seguido 2 mg/kg q 8h, IV( OU Amicacina , 8 a 12 mg/kg incialmente seguido por 8 mg/kg q12 h,IV). O esquema inicial por variar conforme cada caso. Em Neutropenia pode-se usar Cefepima, piperacilina e tazobactam ou Meropenem (ou Imipenem), ATM que pode ser usado também em sepse abdominal. Em Sepse de foco genital acrescenta-se Metronidazol ou Clindamicina. Em bacteriemia por Pneumococo, ao betalactâmico, que pode ser Ceftriaxona ou Ceftaroline, associa-se um macrolídeo (quinolona respiratória). No tratamento de urgência de endocardite em prótese, de ocorrência precoce, associa-se à Vancomicina + Aminoglicosídeo pode se acrescentar Rifampicina. Tratando-se de origem nosocomial, em local com MOs multirresistentes (P.aeruginosa, Acinetobacter sp ou Klebsiella produtora de KPC), pode-se usar, desde o início, Polimixina B. Não forte possibilidade de fungo, iniciar Fluconazol na dose de 800 mg no primeiro dia e 400mg nos dias subsequentes ou uma equinocandina (Micafungina, Caspofungina ou Anidulafungina). *Mudar para um esquema de espectro mais estreito (de-escalonamento), após a identificação e a determinação do perfil de sensibilidade do agente causal, observando as características de cada caso. A mudança do esquema antimicrobiano também deve ser feita conforme a evolução do caso, valendo-se de dados clínicos e laboratoriais, incluindo marcadores como Proteína C Reativa e Procalcitonina. *A duração do esquema antimicrobiano dependerá da evolução, não sendo desejável cursos que ultrapassem 10 dias, exceto em determinadas circunstâncias (imunocomprometimento, infecções por P. aeruginosa ou S.aureus, endocardites, persistência de foco infeccioso a ser removido etc). AO LADO DO ESQUEMA ANTIMICROBIANO, AMPLO E EFICAZ, DEVEM SER SEGUIDOS TODOS OS PASSOS CONSTANTES NO PROTOCOLO DE SEPSE. (Ministério da Saúde. Doenças infecciosas e parasitárias. Guia de bolso. 8ª. edição, revista, Brasília, 2010Ministério da Saúde. Latin American Sepsis Institute. Anvisa. AMIB.UnB.Organização Pan-Americana de Saúde. Hospital Albert Einstein. Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS. ProadiSUS. Controlando a Infecção, Sobrevivendo à Sepse. São Paulo/Brasilia. 2012.) , quais sejam: - ressucitação hídrica rápida (cristaloides, coloides, hemoderivados se indicados), a fim de manter equilibrados os parâmetros orgânicos (PA, PVC, débito urinário, saturação venosa de O2 etc.); vasopressores e inotrópicos conforme necessidade e esquemas - controle glicêmico; - remoção do foco infeccioso se possível; - suporte ventilatório e - medidas visando a PREVENIR O SURGIMENTO DE INFECÇÃO RELACIONADA COM A ASSISTÊNCIA (infecção hospitalar). SÍNDROME DO CHOQUE TÓXICO Quadro de choque (febre, hipotensão, envolvimento de múltiplos órgãos), rash cutâneo, descamação cutânea, associado ou não a diarréia ou necrose de partes moles, miosite ou gangrena. Etiologia microbiana: S. aureus, S. pyogenes do grupo A Fatores de risco Uso de tampões vaginais, ou qualquer foco; nasofaringe, reto, vagina abcesso ou pele podem albergar cepas de S. aureus produtoras de toxina. Tratamento INFEÇÃO ESTAFILOCÓCCICA:Clindamicina 900mg EV a cada 8h MAIS Oxacilina 2g EV a cada 4h (se suspeita de MRSA: Vancomicina 15 mg/kg dose de ataque, EV, cada 12 h, podendo chegar a 20mg/kg a cada 8 ou 12h conforme o peso. Ou Linezolida 600mg EV a cada 12h.Obs.: Monitorizar vancocinemia, ver protocolo. Considerar uso de Imunoglobulina humana hiperimune. INFEÇÃO ESTREPTOCÓCCICA: • Debridamento cirúrgico • Clindamicina 900mg EV a cada 8h MAIS Penicilina G 24 UI milhões ao dia • Considerar uso de Imunoglobulina humana hiperimune EV 1g/kg/dia no primeiro dia e depois 0,5g/kg/dia no dia 2 e 3. PROTOCOLO PARA USO E ACOMPANHAMENTO DA DOSE IDEAL DE VANCOMICINA Introdução A vancomicina é o antibiótico de escolha para tratamento das infecções por Staphylococcus sp oxacilina resistente. O nível sérico adequado da vancomicina está associado à menor taxa de falência terapêutica, menor risco do desenvolvimento de resistência bacteriana e de toxicidade. Definição Garantir nível sérico bactericida. Objetivos Os objetivos do protocolo é corrigir a posologia da vancomicina de acordo com o seu nível sérico Dose da vancomicina: • Dose de ataque: 15-20 mg/kg (calculada pelo peso atual do paciente) o Não ultrapassar 2g por dose total • Se paciente grave (sepse, meningite, endocardite): 25-30 mg/kg • Dose de manutenção: 15-20 mg/kg/dose a cada 8-12 h o Infundir em 2 horas (para evitar Sd. do homen -vermelho) o Avaliar necessidade de dose após hemodiálise se capilar de alto fluxo. Indicação de coleta de vancocinemia • Pacientes sépticos • Infecções graves (endocardite, meningite, pneumonia) • Ins. Renal crônica • Pacientes idosos Intervalo de coleta: • 1º coleta: imediatamente antes (em até 2h antes) da 3ª ou 4° dose da vancomicina, desde que seja entre 7 e 18 h • Se pacientes em hemodiálise: antes da 2° dose (no mínimo de 24 h após a 1° dose), e coletar vancocinemia 1 x por dia, até atingir nível terapêutico Objetivo terapêutico: atingir nível de vale (antes da próxima dose): 15 a 20 mcg/mL • O nível de vale é o que tem maior acurácia para monitorizar a vancocinemia • O nível de pico (após a dose) não deve ser monitorizado. • A monitorização deve ser diária mesmo nos pacientes que estão em suporte dialítico De acordo com o resultado da vancocinemia, o médico deverá reajustar a dose da vancomicina seguindo a tabela abaixo: Concentraçã o < 15 mcg/mL Ajuste de dose recomendada Monitorização Diminuir o intervalo de dose, Colher nova vancocinemia antes da conforme o último aprazamento próxima dose, até atingir a concentração no vale entre 15 a 20 realizado: mcg/mL Se dose a cada 48h → cada24h Se dose a cada 24h → cada 12h Se dose a cada 12h → cada 8h Se dose a cada 8h → cada 6h Aumentar a dose em 250 mantendo o aprazamento ou mg 15-20 mcg/mL Sem alterações na posologia Não colher mais 20-30 mcg/mL Diminuir a dose pela metade Colher nova vancocinemia antes da próxima dose, até atingir a mantendo o aprazamento concentração no vale entre 15 a 20 mcg/mL >31 mcg/mL Suspende até realização da próxima Colher nova vancocinemia após 12 h da suspensão , até atingir a vancocinemia concentração no vale entre 15 a 20 mcg/mL CAPITULO III INFECÇÃO DE CORRENTE SANGUÍNEA RELACIONADA A CATETERES INTRAVASCULARES 1.Definições • • • • • • Colonização do cateter: crescimento significativo em cultura quantitativa (> 100 UFC) ou semiquantitativa da ponta do CVC (> 15 UFC) Infecção do sítio de inserção do cateter: sinais de inflamação local, com eritema, dor, calor e/ou secreção purulenta no sitio de inserção ou nos 2 cm antes da exteriorização do cateter venoso central (CVC). Pode ou8 não estar associada a Infecção de corrente sanguínea (ICS). Infecção de túnel de CVC de longa permanência: presença de eritema, edema e dor > 2 cm do túnel a partir do óstio do CVC. Infecção da bolsa de CVC de longa permanência: presença de eritema, edema e dor na bolsa subcutânea de um CVC totalmente implantado, com possibilidade de ruptura espontânea e drenagem para a pele, ou necrose da mesma. Infecção de corrente sanguínea associada a CVC: paciente com manifestações clínicas de infecção (isto é, febre, calafrios, hipotensão) com hemocultura positiva, sem outro foco aparente para a infecção, que possuir um CVC no momento do diagnóstico ou nas até 48 h após a sua remoção. Infecção de corrente sanguínea relacionada a CVC: paciente com manifestações clínicas de infecção (isto é, febre, calafrios, hipotensão), sem outro foco aparente de infecção, e que possuir um CVC no momento do diagnóstico ou até 48h após a sua remoção, MAIS 1 dos seguintes critérios: Isolamento do mesmo microrganismo em hemocultura periférica e em ponta de CVC (> 15 UFC), - Isolamento do mesmo microrganismo em 2 hemoculturas (1 colhida pelo CVC e outra de veia periférica) com diferença de tempo de positividade > 2h , - Isolamento do mesmo microrganismo em 2 hemoculturas (1 colhida pelo CVC e outra de veia periférica) com contagem de colônias da hemocultura do CVC > 3 vezes a hemocultura periférica. 2. DIAGNÓSTICO Clínico: 1. Sinais flogísticos e/ou secreção purulenta na inserção CVC - Alta especificidade e baixa sensibilidade - Ausentes em mais de 50% das ICS relacionadas a CVC 2. Febre • • Apresentação mais comum Baixa especificidade, principalmente em pacientes em UTI (excluir outros focos infecciosos em pacientes com febre e CVC) Laboratorial: • Culturas da ponta do CVC: o Enviar ponta do CVC (5 cm distais) apenas se suspeita de infecção o Valorizar se > 15 UFC (método semi-quantitativo) • Culturas da secreção pericateter: Se presença de secreção purulenta no óstio do CVC, colher swab da secreção e enviar para GRAM e cultura. • Hemocultura o Colher 2 hemoculturas (pelo menos 1 de veia periférica)- 3. TRATAMENTO • • • • Iniciar tratamento empírico após coleta de culturas Esquema ATB depende da gravidade do paciente, fatores de risco para infecção e da microbiota do local. Se paciente clinicamente estável: o Iniciar VANCOMICINA o Se creatinina > 2x o basal: Preferir TEICOPLANINA Se paciente grave ou imunocomprometido: o Associar cobertura para bacilos gram-negativos com Cefepime ou Piperacilina – tazobactan ( de acordo com a gravidade do paciente e uso de prévio de ATB) o Reajustar o esquema ATB de acordo com o resultado das culturas e antibiograma 3.1 Infecção de óstio do CVC A) CVC de curta permanência -Suspeita: presença de secreção purulenta no óstio do CVC ou celulite. -Como proceder: retirar CVC, mandar ponta para cultura e colher 2 amostras de hemoculturas de sangue periférico. Caso o paciente ainda necessite de acesso venoso, instalar novo CVC em outro local. -Interpretação dos resultados: • Se ponta de CVC (+) e hemoculturas (-) em paciente sem sinais sistêmicos de infecção: Não tratar, apenas observar evolução, exceto em casos de S aureus, quando o paciente deverá ser tratado 7-10 dias de acordo com o antibiograma. Em pacientes com dç valvar ou neutropenia e colonização do CVC por S aureus ou Candida spp, monitorar sinais de infecção e repetir hemoculturas se necessário. • Se ponta de CVC (+) e hemoculturas(-) em pacientes com sinais sistêmicos de infecção e sem outro foco: completar 7 dias de ATM sistêmico. • Se ponta de cateter (+) e hemoculturas (+): ver tratamento de infecção de corrente sanguínea abaixo. b) CVC de longa permanência -Suspeita: presença de secreção purulenta no óstio do CVC ou celulite. -Como proceder: não remover o CVC. Colher 2 pares de hemoculturas (pelo menos 1 de veia periférica) e cultura de secreção pericateter. Iniciar ATB empírico. -Interpretação dos resultados: • Hemoculturas (-) e cultura de secreção pericateter (+): completar 7 dias de ATB sistêmico baseado em antibiograma. • Hemoculturas (+): ver tratamento de infecção de corrente sanguínea. • Se diferença de tempo de positividade das hemoculturas >2h: considerar manter o CVC e fazer selo ( “lock”) de ATB acompanhado de tratamento sistêmico. O selo está contraindicado se : Instabilidade hemodinâmica por sepse e infecções por S.aureus, Candida spp, P.aeruginosa, bacillus sp, Micrococcus sp, fungos e micobacterais. Nesses casos, recomenda-se a remoção do CVC. 3.2 Infecção do Túnel ou bolsa do CVC -Suspeita: presença de eritema, edema e dor > 2 cm do trajeto do túnel a partir do óstio do CVC. -Como proceder: retirar o CVC e, se houver coleção drenável, colher material para cultura; colher um par de hemoculturas de sangue periférico. Iniciar ATB empírico. -Interpretação dos resultados: • • Hemoculturas (-): completar 7-10 dias de ATM sistêmico baseado em antibiograma; Hemoculturas (+): ver tratamento de infecção de corrente sanguínea. 4.Fluxograma de tratamento de infecção de corrente sanguínea relacionada à acesso intravascular de curta permanência. Paciente com cateter venoso central ou cateter arterial de curta permanência e episódio febril agudo e quadro séptico • • • Colher hemoculturas, 2 pares (ao menos 1 periférico) Iniciar antimicrobiano (ATM) endovenoso Remover o cateter imediatamente e inserir por outra punção ou trocálos por fio-guia. • Realizar cultura da ponta do CVC • Considerar não remoção do CVC somente se paciente sem sinais de gravidade (hipotensão, hipoperfusão e falência de órgãos) e com ouHemocultura negativatro e foco infecciosos identificado Hemocultura positiva cultura da ponta CVC > 15 UFC Provável colonização do CVC • Se S.aureus: tratar 5-7 dias e monitorizar sinais de infecção, repetindo hemoculturas se necessário • Outros microorgarnimos. → monitorizar para sinais de infecção e repetir hemoculturas se necessário 5.Fluxograma de trat S. aureus SCN Remover cateter e tratar com ATM 5-7 dias Se CVC mantido, tratar com ATM sistêmico + lock de ATM no CVC por 10-14 dias Enteroccus spp Remover cateter e tratar com ATM por > 14 dias BGN Remover cateter e tratar com ATM por 7 - 14 dias Atenção para endocardite . Candida spp Remover cateter e tratar com antifúngicos por 14 dias após a primeira hemocultura negativa Não complicada (infecção da corrente sanguínea e febre resolvidas em 72 h em paciente sem prótese intravascular, sem endocardite ou tromboflebite supurativa e, se S. aureus, paciente sem cancer ou imunossupressão) Complicada Infecção do túnel ou bolsa Remover cateter e tratar com antimicrobianos por 7-10 dias Tromboflebite séptica, endocardite, osteomielite. Remover cateter e tratar com antimicrobianos 4-6 sem; para osteomielite 6-8 sem Candida spp. SCN • Possibilidade* de manter CVC Tratar com ATM ev + lock ATM** no CVC por 10 14 dias •Remover CVC se piora clínica, bacteremia persistente ou recidiva. Investigar complicações S. aureus Remover cateter e tratar com ATM ev por > 14 dias Tratar por 4-6 semamas se condições especiais *** **A lock terapia deve sempre ser acompanhada do ATM endovenoso Enteroccus spp • Possibilidade* de manter o CVC e tratar com ATM + lock de ATM** no CVC por 7 - 14 dias • Remover CVC se piora clínica, bacteremia persistente ou recidiva. Investigar complicações Bacilos Gram negativos • Remover CVC e tratar com ATM por 7 - 14 d (pp/ P. aeruginosa) • Tentar salvar CVC, tratar com ATM + lock de ATM no CVC por 10-14 d. Se não houver resposta, sacar CVC e tratar com ATM por 10-14. Investigar complicações ***Imunossupressão, diabetes, dispositivos implantáveis (marca-passo, prótese vasculares), endocardite, tromboflebite Remover CVC e tratar com antifúngicos por 14 dias após a primeira hemocultura negativa 6.Terapia com “selo” de antimicrobanos (“Lockterapia”) • • • • • Recomendada para ICS relacionada a CVC de longa permanência, (ex. CVC tunelizados, totalmente implantáveis e de hemodiálise) com o objetivo de salvar esse cateter. Indicada apenas na ausência de infecção de óstio ou túnel, devendo sempre ser utilizada em conjunto com terapia sistêmica por 10 a 14 dias. Recomenda-se a remoção do CVC em infecções causadas por S aureus, Candida spp, P aeruginosa, Bacillus sp, Micrococcus, Fungos e micobacterias. A troca do selo de ATM no cateter não deve exceder 48h. Em pacientes dialíticos o selo deve ser trocado após cada sessão de hemodiálise, com uma concentração de heparina próxima a 5.000 UI/ml. A solução deve preencher completamente os lúmens do CVC (cerca de 2 ml/lumen). Concentração de ATM frequentemente indicados para selo de ATM ATM Concentração Indicação OBS Vancomicina 5 mg/ml S aureus ou SCN Oxa-R ou tr Desaconselha-se a manutenção mento empírico mática do CVC nas infecções por reus Cefazolina 5 mg/ml S aureus ou SCN Oxa-S Ceftazidima 0,5 mg/ml Gram-negativo náo-ferment Desaconselha-se a manutenção (P.aeruginosa, Acinetobacte mática do CVC nas infecções por ruginosa Ciprofloxacina 0,2 mg/ml Gram-negativo S Gentamicina 1 mg/ml Gram-negativo S ou tratame Ampicilina 10 mg/ml Enterococcus spp AMPI sen Desaconselha-se a manutenção mática do CVC nas infecções por reus 7.MEDIDAS DE PREVENÇÃO RELACIONADAS À INSERÇÃO DE CVC • Do ponto de vista infeccioso, dar preferência a veia subclávia, seguida de jugular, seguida de femoral • Para PICC: primeiramente fossa antecubital, seguido de basílica, mediana cubital, cefálica e braquial. No caso de neonatos e pacientes pediátricos, também ser escolhidas veias da cabeça e do pescoço. • Para cateteres de hemodiálise ou plasmaférese: jugular ou femoral (melhor do que subclávia): evitar risco de estenose venosa. • Inserir CVC o mais distalmente possível de ferimentos abertos. • Evitar o uso de via jugular quando há traqueostomia. • Em recém-nascidos: ao nascimento utilizar veia umbilical. Se a previsão de terapia endovenosa for maior que 6 dias, utilizar PICC. • A inserção do CVC deve ser realizada por profissionais treinados e com habilidade para inserção ou acompanhada por um mais experiente. • Recomenda-se que a passagem de CVC seja guiada por ultrassonografia para diminuir complicações mecânicas. Proteger o ultrassom com capa estéril e utilizar gel estéril • Lavar as mãos • Usar paramentação completa: gorro, máscara, avental de manga longa e luvas estéreis. • Realizar a degermação da pele do paciente com clorexidina degermante a 2% seguido de antissepsia em campo ampliado com clorexidina alcoólica a 0,5%, com movimentos circulares unidirecionais. • Utilizar campos estéreis de forma a cobrir todo o tronco do paciente (“barreira máxima”). • Manter curativo oclusivo com gaze seca estéril e fita microporosa ou filme transparente estéril no local de inserção, após a passagem do cateter. 8.MEDIDAS DE PREVENÇÃO RELACIONADAS À MANUTENÇÃO DE CVC • Designar preferencialmente enfermeiros para os cuidados com os dispositivos intravenosos centrais em UTI. • Manter um número adequado de equipe de enfermagem e evitar equipe “flutuante” (não fixa da UTI). • Se ocorrer saída de parte do cateter, este não deverá mais ser reintroduzido • Não utilizar pastas ou cremes de antibiótico no sítio de inserção. • Realizar a desinfecção vigorosa da conexão por 5 segundos com clorexidina alcoólica a 0,5% ou álcool a 70% antes da manipulação do CVC. • Realizar o flush com pressão positiva utilizando soro fisiológico a 0,9% a cada infusão de medicação ou coleta de sangue. • Realizar a troca de polifix e conectores a cada 96 horas. • Realizar a troca de equipos de infusão continua a cada 96 horas. Para infusões intermitentes esse tempo não está bem estabelecido. • Para infusão de sangue, hemoderivados e lípides trocar o equipo a cada bolsa. • Utilizar preferencialmente conector sem agulha para sistema fechado de infusão. • Avaliar diariamente a necessidade de permanência do dispositivo. • Não molhar nem submergir os dispositivos intravasculares. Para o banho do paciente, protegêlos, utilizando coberturas impermeáveis (plástico). Em relação aos curativos: • Utilizar gaze estéril e fita microporosa nas primeiras 24 horas da passagem do cateter. • Após esse período, utilizar preferencialmente filme transparente estéril. Se o paciente for diaforético ou se houver sangramento, realizar curativo com gaze estéril esterilizada e fita microporosa até a resolução do problema. • Trocar a cada 7 dias se for utilizado filme transparente estéril ou a cada 24 horas se for utilizado gaze estéril e fita microporosa. • Realizar troca sempre que o curativo se apresentar úmido, sujo ou solto e preferencialmente após o banho. • Observar diariamente o sítio de inserção à procura de sinais flogísticos. 9.RECOMENDAÇÕES ESPECIAIS • Alguns estudos sugerem a utilização de banho diário com clorexidina degermante em pacientes com idade maior que 2 meses de idade. Entretanto não há evidência para redução de ICS-CVC quando o agente principal do serviço ou unidade avaliada seja por bactérias gram negativas. • Em pacientes adultos, utilizar cateter impregnado com antisséptico (clorexidina-sulfadiazina de prata) ou antimicrobiano (rifampicina-minociclina). O uso destes cateteres é indicado nas seguintes situações: quando as taxas de ICS-CVC estiverem altas mesmo utilizando boas praticas de cuidados com os acessos vasculares. Algumas publicações sugerem que não há benefício quando a taxa ICS-CVC é baixa. 2-Pacientes com limitada rede de acesso venoso; 3-Pacientes com risco elevado para complicações (colocação recente de prótese aórtica ou valva cardíaca). • Utilizar curativo impregnado com clorexidina nos pacientes acima de 2 meses de idade • Utilizar conector ou capa protetora para cateter contendo antisséptico • Utilizar lock de antimicrobiano para o CVC. É indicado nas seguintes situações: 1-pacientes dialíticos com cateter de longa permanência; 2- paciente com limitada rede venosa e história recorrente de ICS-CVC. 3-Pacientes com risco elevado para complicações (colocação recente de prótese aórtica ou valva cardíaca). • Use fator de plasminogênio tecidual recombinante ativado uma vez por semana após a hemodiálise em pacientes submetidos a hemodiálise através de um CVC. 10.INDICAÇÕES DE TROCA DE CVC • Não se deve realizar a troca rotineira de CVCs, mas não se recomenda o uso do mesmo cateter por tempo superior a 30 dias. • Trocar por fio guia quando houver mau funcionamento do cateter. • Não remover CVC ou PICC baseado apenas em febre. Mas, na suspeita de infecção relacionada a cateter, preferencialmente trocar o sítio de inserção. Em pacientes com dificuldades de acesso venoso ou com alto risco de complicações, pode-se realizar a troca por fio guia. Nesses casos, enviar a ponta para cultura e, se esta for positiva, trocar o sítio de inserção. • Trocar de sítio sempre que houver secreção purulenta no local de inserção. • Para Swan-Ganz, o tempo de uso não deve exceder 5 dias. Retirar o introdutor no momento da retirada do cateter. • O cateter arterial umbilical deverá permanecer por no máximo até 5 dias após a sua inserção. • O cateter venoso umbilical deverá permanecer por no máximo até 14 dias após a sua inserção. CAPÍTULO IV INFECÇÕES / INFESTAÇÕES DO TRATO DIGESTÓRIO COLECISTITE AGUDA Causas: litíase (90% dos casos); colecistite alitiásica (nutrição parenteral prolongada, doença grave, pós-operatório de grandes cirurgias, politraumas, AIDS e outras). Etiologia: Enterobacterias; menos frequentemente, Enterococo; P. aeruginosa, em pacientes com comorbidades ou complicados. Terapeutica: Ciprofloxacino VO (500 mg, cada 12 ou IV, 400 mg cada 12 h ou Ceftriaxona 1 g cada 12 hs OU Cefepima 2 g cada 12 hs. Em casos graves, associar Metronidazol, 500 mg IV cada 8 ou 6 h ; OU, como único ATM: Ertapenem 1 g cada 24 h ou Pip/Tazobactam 4,5 g cada 8 ou 6 h. Considerar outros esquemas. COLECISTITE ENFISEMATOSA (frequente em diabéticos, podendo ser causada por anaeróbios, Klebsiella, P. aeruginosa e Enterococo): usar um medicamento pseudomonicida (Piperacilia/Tazobactam ou Cefepima ou Meropenem, nas doses antes citadas) MAIS um glicopeptídeo (Vancomicina ou Teicoplanina). Indicar cirurgia. COLANGITE AGUDA Dados principais, além da dor abdominal pode haver febre e icterícia (tríade clássica de Charcot). Em casos graves há, também: hipotensão arterial e confusão mental (pêntade de Reynold), com alta morbimortalidade. Antibioticoterapia: Casos não graves: o mesmo esquema para colecistite aguda. Casos graves: Piperacilina/Tazobactam 4,5 g cada 6 ou 8 h ou Cefepima 2 g IV cada 8 h + Metronidazol 500 mg cada 6 h OU Meropenem ou Imipenem MAIS Vancomicina (doses antes citadas).Realizar drenagem da via biliar (em geral CPRE). DIVERTICULITE Ïntrodução: 50% das pessoas > 60 anos de idade têm divertículos colônicos e, destas, 20% terão diverticulose (doença diverticular ).e 10 a 15% terão diverticulite. Há recorrência de diverticulite em 10 a 30% das vezes. Dados essenciais para o diagnóstico: doença diverticular, com presença de sinais e sintomas de inflamação: febre, taquicardia, palidez cutaneomucosa, distensão abdominal, dor à palpação, com ou sem descompressão brusca, principalmente em fossa ilíaca esquerda. Em 2/3 dos casos, não há leucocitose ou há, apenas, leucocitose discreta. Em casos recorrentes e complicados aderências causadas por peridiverticulite pode dar sintomas obstrutivos. Dados de TC são importantes. Bactérias mais comuns (infecção polimicrobiana): Enterobactérias, Anaeróbios incluindo Bacteroides spp, Enterococo spp (este tem papel controverso). Tratamento da diverticulite aguda, não complicada: modificação da dieta, suplementação com fibras e antibioticoterapia de amplo espectro para Gram-negativos e anaeróbios, podendo ser VO (Ciprofloxacino, 500 mg cada 12 h + Metronidazol, 500 mg cada 8 h) OU Amoxicilina/Clavulanato 875/125 mg a cada 12 h. Duração: 7 a 10 dias, ou até o paciente ficar assintomático por 3 a 5 dias. Em pacientes com piora da dor ou febre ou que não consigam ingerir VOl e com quadro grave (febre alta, leucocitose ou irritação peritoneal), imunocomprometimento indica-se a hospitalização, optando-se por: Ciprofloxacino 400 mg IV a cada12 h MAIS Metronidazol 500 mg IV a cada 6 h OU Piperacilina/Tazobactam, 4,5 g q8h OU Ampicilina/Sulbactam 3 g IV a cada 6 h OU Ertapenem 1 g, IV, cada 24 h. Nos casos refratários ou quando os referidos antimicrobianos já tenham sido utilizados ou na forte suspeita de etiologia por microrganismo resistente, opte-se por Meropenem 1 a 2 g a cada 8 h. Com a remissão dos sintomas, PODE-SE passar para terapêutica por via oral, até completar-se pelo menos 10 dias, contando do início do tratamento. Embora Rifaximina (400 mg VO 2 x/dia) e Mesalazina (800 mg VO 2 x./dia) tenham benefício no alívio dos sintomas da doença diverticular, estudos não mostraram eficácia na prevenção do 1º. episódio e na recorrência da diverticulite aguda. Tratamento cirúrgico: indicado na fase aguda, quando não há remissão do quadro, após 72 do tratamento clínico ou na presença de abscesso peridiverticular ≥ 4 cm ou peritonite generalizada. A indicação cirúrgica, fora da crise, outrora sempre indicada em casos de episódios recorrentes, é, atualmente controversa, exceto nos imunocomprometidos ou quando há obstrução intestinal, decorrente da própria recorrência. APENDICITE AGUDA TRATA-SE DA DOENÇA INTRA-ABDOMINAL QUE MAIS NECESSITA DE CIRURGIA. Etiologia: polimicrobiana (microbiota intestinal). Há casos, raros, por Candida spp. Aspectos diagnósticos: a história e o exame físico são os dados mais importantes. Fazer diagnóstico diferencial com: evento tocoginecológico, D. de Crohn, cólica renal, gastrenterite e adenite mesentérica. Tratamento de escolha: apendicectomia(laparoscópica ou eventualmente aberta). È citado que havendo apenas um abscesso bem definido, pode-se realizar drenagem percutânea. A terapêutica conservadora (antibioticoterapia), embora possa ser usada em pacientes com forma aguda não complicada, é menos eficaz a longo prazo, devido à alta taxas de recorrência. Antibioticoterapia: na forma edematosa ou úlcero-flegmonosa: Cefepima 2 g q8h OU Ciprofloxacino 400 mg q12h) OU Ertapenem 1 gq24h (este na possibilidade de bactéria produtora de ESBL). Em apendicite perfurada, com abscesso local ou peritonite: acrescentar Metronidazol 500 mg IVq8h. Se detecção de coco Gram-positivo em cultura de coleção ou hemocultura, acrescentar Ampicilina 2 qIVq6h. Nos casos refratários ou quando os referidos antimicrobianos já tenham sido utilizados ou na forte suspeita de etiologia por microrganismo resistente, opte-se por Meropenem 1 a 2 g a cada 8 h. Uso de antibiótico no paciente a ser operado: em paciente sem antibioticoticoterapia préoperatória, iniciá-la, uma hora antes da operação ou quando o paciente, no centro cirúrgico, tiver o primeiro acesso venoso disponível, podendo ser utilizada Cefazolina 2 g IV para adulto. NÀO HAVENDO PERFURAÇÃO, ABSCESSO OU PERITONITE, A DURAÇÃO DO ESQUEMA ANTIMICROBIANO CIRÚRGICO É, NO MÁXIMO, DE 24 HS . Caso contrário, o uso do antibiótico deve ser feito até que o paciente fique apirético e com normalização das provas de atividade inflamatória por pelo menos 24 h. Cumpre lembrar que, NOS CASOS NÃO OPERADOS (AUSÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA O DIAGNÓSTICO OU OPÇÃO POR TRATAMENTO APENAS CLÍNICO) DEVE SER MANTIDO ACOMPANHAMENTO CUIDADOSO DO PACIENTE. PANCREATITE AGUDA As pancreatites agudas são um desafio na prática médica. Têm como indicadores de gravidade: idade > 55 anos; obesidade; derrame pleural ou infiltrado pulmonar. síndrome de resposta inflamatória sistêmica, elevação de hematócrito, ureia e creatinina. A mortalidade nas formas graves é de pelo menos 20 a 25%. Os casos leves a moderados têm curso autolimitado. As causas mais comuns são NÃO INFECCIOSAS (álcool, litíase biliar, alguns medicamentos, hipertrigliceridemia acentuada, CPRE, câncer pancreático ou peri-ampular, vasculites, fatores genéticos e outras; em muitos casos a etiologia é idiopática. Para o diagnóstico, além das dosagens enzimáticas (amilase, lipase, transaminases), a TC serve para dimensionar a área de necrose glandular, que, por sua vez, se correlaciona com a taxa de mortalidade. Em situações de causa não óbvia, pode se usar US endoscópica. Não há consenso na literatura quanto à eficácia do uso profilático de antibióticos visando à redução da incidência de infecção, mesmo em pacientes com necrose > 30%. As infecções incidindo sobre o tecido pancreático necrosado são causadas principalmente por microbiota entérica ( em paciente que recebeu antibiótico podem ocorrer bactérias resistentes e fungos). Nos pacientes com pancreatite grave, leucocitose e febre, devem realizadas culturas de material obtido por punção guiada por TC da área da necrose, sendo apropriada a terapia antimicrobiana, enquanto o resultado de tais exames seja conhecido. Empiricamente o antimicrobiano é um carbapanêmico (Meropenem ou Imipenem nas doses habituais), em face da sua maior penetração no tecido pancreático. A necrose estéril é habitualmente manuseada clinicamente. Em pacientes com náuseas, vômitos ou persistência da dor, cogita-se de drenagem percutânea da necrose infectada e/ou necrosectomia, que deverá ser somente após 2 ou 3 semanas, quando a necrose já está organizada. Nos casos de infecção refratária, guia-se a antibioticoterapia por cultura+TSA do MO ( obtida por punção guiada, laparotomia, CPRE ou por hemocultura). Vigiar a possibilidade de infecção fúngica. Além das medidas de suporte (reposição hídrica, tratamento da dor, nutrição parenteral se alimentação enteral não tolerada, suporte ventilatório e cardiocirculatório se indicados), remover cálculo biliar que esteja impactado por CPRE. ABSCESSO HEPÁTICO Sendo o tipo mais comum de abcesso visceral, com incidência 0,5 a 0,8% nas admissões hospitalares, o abcesso hepático é causado, na maioria das vezes, por bactérias, podendo ter etiologia polimicrobiana. Outras causas (amebiana e fúngica) são, portanto, menos comuns. Os focos principais atualmente são litíase e outras doenças biliares, ao contrário do que ocorria antigamente (apendicite e diverticulite). Outros focos: infecção em território onde a circulação venosa seja tributária do sistema porta, onde êmbolos sépticos seriam carreados até o fígado (24% dos casos); disseminação hematogênica a partir de um foco à distância com bacteriemia secundária, principalmente relacionada à endocardite e pielonefrite (15% dos casos); disseminação de um foco contíguo da vesícula biliar, espaço peri-hepático e fístulas intraabdominais (4% dos casos). No Brasil e em outros países subdesenvolvidos, casos relacionados a parasitas (Schistosoma mansoni, Toxocara canis e Ascaris lumbricoides) já foram descritos, sendo que pode deixar-se de determinar o foco em até 20% das vezes. O abscesso localiza-se principalmente no lobo direito na maioria dos casos (70 a 75%). O quadro clínico pode ser agudo, mas em geral possui duração de mais de duas semanas. Os sinais e sintomas mais frequentes são: febre, calafrios (90%), anorexia, perda de peso. Metade dos pacientes apresenta dor abdominal no hipocôndrio direito. Outros sintomas como tosse, soluço, dor referida no ombro direito. Dor tipo pleurítica pode alertar para o envolvimento. Quando o abscesso é único o curso clínico pode ser mais arrastado. Os principais sinais, além da febre, são a hepatomegalia dolorosa e sinal de Torres Homem (punho percussão dolorosa no local do abscesso), sendo menos frequente esplenomegalia a qual, quando presente deve chamar a atenção para a possibilidade de ter havido embolia séptica a partir de endocardite infecciosa. Icterícia pode estar presente em até 25% dos casos e usualmente está relacionada à doença biliar concomitante ou quando ocorrem múltiplos abscessos. Uma das complicações – pouco comum - é a ruptura do abscesso quando a etiologia é a Klebsiella pneumoniae, coincidindo com a ocorrência de múltiplos abscessos. Quanto aos patógenos causais, pode há associação polimicrobiana, incluindo bacilos Gram-negativos entéricos e anaeróbios. Podem, assim, estar presentes: também Streptococcus milleri e Bacteroides spp. As enterobactérias são mais prevalentes quando a infecção é de origem biliar, sendo mais frequente a Escherichia coli, seguida pela Klebsiella spp. O papel dos anaeróbios vem crescendo com o desenvolvimento de melhores técnicas de cultivo desses patógenos, com índices de isolamentos superiores a 45% dos casos, em geral associados com outras bactérias (infecções mistas). Dentre os anaeróbios destacam-se os Bacteroides sp. Fusobacterium sp e estreptococos microaerófilos. O Staphylococcus aureus é mais frequente quando a disseminação é hematogênica como nas endocardites. Além disso, é o agente mais comum em pacientes jovens e nas lesões oriundas de traumatismo hepático. Diferente de outras etiologias bacterianas, a K. pneumoniae é usualmente de origem primária e criptogênica. Nas últimas três décadas essa bactéria tem sido a principal causa de abscesso piogênico hepático, principalmente em países asiáticos. Entre os fungos, a Candida albicans é o destaque, ocorrendo principalmente em pacientes com exposição prolongada a antimicrobianos, com doença hematológica maligna, em transplantados de órgão sólido e em pacientes com imunodeficiências. A origem provável desses casos é a colonização intestinal com candidemia portal secundária. Outros microorganismos mais raros são Actinomyces sp, Eikenella corrodens, Yersinia enterocolitica, Salmonella typhi, Brucella melitensis, Mycobacterium sp e Listeria monocytogenes. Quanto ao diagnóstico, o hemograma costuma mostrar anemia e leucocitose com neutrofilia em 1/3 dos casos, elevação de fosfatase alcalina (90% dos casos), das aminotransferases e das bilirrubinas (50% dos casos), com hipoalbuminemia (33% dos casos). Hemocultura pode ser positiva em metade dos casos, sendo a cultura do material do abscesso da maior importância para identificação do agente etiológico e a correta terapia antimicrobiana. De outros exames, a radiografia de tórax pode mostrar atelectasias basais, elevação hemidiafragmática e derrame pleural homolaterais. A radiografia do abdome pode demonstrar ar na projeção hepática, correlacionando-se com o gás na cavidade do abscesso. Ultrassonografia e TC propiciam guia para punções aspirativas ou drenagens percutâneas (TC é mais sensível, detectando lesões < 1 cm). O Seguimento da evolução é efeito com a ultrassonografia, com a ressalva de que, mesmo após a drenagem do abscesso, a cavidade pode perdurar por até demorar até 4-6 meses. Ressonância magnética e cintilografia podem ser utilizadas em alguns casos. A terapêutica é feita com o uso de antibióticos, inicialmente de modo empírico e racional, após coleta de sangue para hemoculturas. Esquemas incluem betalactâmico com inibidor de betalactamase (amoxacilina-clavulanato, ampicilina-sulbactam, piperacilinatazobactam) e cefalosporinas de primeira, segunda ou terceira gerações associadas a metronidazol ou clindamicina .Na suspeita ou comprovação de bactérias resistentes, usam-se carbapenêmicos (meropenem, imipenem e ertapenem), recorrendo-se eventualmente a Polimixina para bactérias multirresistentes. Quando há suspeita de infecção fúngica, Anfotericina B deve ser iniciada, ficando o fluconazol como uma opção. A duração pode ser até 3 a 4 semanas, podendo se prolongar por até 12 semanas em casos de abscessos múltiplos ou de natureza fúngica. A drenagem do abscesso é indicada para abscessos > 3 cm de diâmetro e deve, em geral, ocorrer após estabilização clínica e organização das múltiplas lesões se existirem) , podendo ser feita por punção aspirativa com agulha, drenagem percutânea guiada por ultrassom ou TC, ou cirurgicamente, pode ser utilizada via laparoscópica se bem indicada. Indicações para a cirurgia, são: ocorrência de irritação peritoneal, foco infeccioso como diverticulite ou apendicite complicadas, e falhas com as drenagens fechadas. Tratando-se de etiologia amebiana, a terapêutica é feita com derivados imidazólicos, reservando-se a drenagem para abscessos grandes ou sua ruptura para a cavidade peritoneal. Em termos de prognóstico, mortalidade pode chegar a 30 ou 40%, correlacionando-se com alguns fatores: anemia acentuada, bilirrubinemia >1,5 mg/dL, leucocitose > 15.0000m hipoalbuminemia < 2,5 g/dL, alterações importantes, ocorrência de choque séptico ou de doença maligna. SEPSE DE ORIGEM ABDOMINAL Quando processos infecciosos intra-abdominais são complicados, evoluindo com grande risco para vida do paciente, pode-se estar diante de uma sepse abdominal. Tais Infecções intraabdominais (IIA) incluem: apendicite e diverticulite, perfuração de víscera oca e menos comumente infecções do trato gênito-urinário, podem resultar em peritonite. Eventos não raros são rupturas ou deiscências e anastomoses cirúrgicas do tubo digestivo ou outras complicações similares. Pancreatite aguda grave tem também alto risco. A sepse de origem abdominal tem alto risco de evolução desfavorável, com mortalidade que varia de 25 a 70%, nas dependência de outras complicações co choque séptico e falência de órgãos ou sistemas. A etiologia é geralmente polimicrobiana, com o perfil dependendo do sítio acometido. E.coli, Klebsiella spp, Proteus spp, Enterobacter spp), anaeróbios e enterococos predominam nas lesões de cólons e delgados, sendo que em perfuração do trato gastrointestinal alto ( úlcera duodenal perfurada) predominam bactérias aeróbias e anaeróbias Gram – positivas ou Candida spp. Nos pacientes em uso de ATM prévios ou internados são mais comuns patógenos hospitalares como Pseudomonas aeruginosa e Acinetobacter baumannii. O Enterococco é comum em infecções relacionado a assistência a saúde, principalmente pós-operatórias. Candida spp é comum em infecções hospitalares, em pacientes em uso prévio de ATM, imunodeprimidos ou infecções recorrentes. Infelizmente poucos patógenos são isolados, pela não coleta do material e a dificuldade dos laboratórios isolarem tais patógenos. O quadro clínico é muito variável, dependendo da doença desencadeante, podendo se achar sinais de irritação da cavidade abdominal, ao que podem ser acrescidos dados decorrentes de comorbidades existentes e complicações de infecção. Inabilidade de tolerar dieta enteral, deve ser considerada como IIA, especialmente se o paciente foi submetido a uma cirurgia abdominal recente. Pode haver sinais indiretos de infecção, como acidose inexplicada, nova disfunção orgânica, alteração do nível de consciência, hipotensão ou oligúria, podendo evoluir para choque, o que configura sepse grave.. Para o diagnóstico, anamnese e exame físico adequados são essenciais. A dor, por exemplo, que inicialmente pode ser pobremente localizada, pode se modificar de caráter e localização. Ao exame físico, o abdômen tenso sugere a presença de peritonite. Para o diagnóstico etiológico, é indispensável a cultura e bacterioscopia do material infectado, adequadamente colhido. Raios X simples de abdome em ortostase embora com baixas sensibilidade e especificidade, deve ser um exame inicial, o que pode demonstrar pneumoperitônio (mais comum à direita, resultado de uma perfuração visceral.) Há indicação de TC de abdômen e pelve com contraste, a qual, além da melhor acurácia diagnóstica, pode guiar uma drenagem percutânea. Ultrassonografia pode ter algum papel, em determinados casos, lembrando que é o exame de excelência para o estudo da vesícula. Lavado peritoneal diagnóstico pode ser útil no diagnóstico de IIA complicadas. Os princípios básicos do tratamento das IIA complicadas são: ressuscitação volêmica nos pacientes com síndrome da resposta inflamatória sistêmica (SIRS); controle do foco infeccioso, com remoção dos tecidos infectados e/ou necrosados; e na administração precoce e racional de ATM. A intervenção cirúrgica e/ou drenagem percutânea são fundamentais no manejo das IIA, com algumas exceções, tais como a peritonite bacteriana espontânea. Essas abordagens, além de terapêuticas, também possibilitam a coleta de material para exames microbiológicos, com a realização de bacterioscopia e culturas, possibilitando a identificação do agente etiológico da infecção. A coleta de culturas é particularmente importante nos pacientes com uso prévio de ATM ou submetidos a procedimentos cirúrgicos, devido ao maior risco de desenvolverem infecção por microrganismos resistentes.. Os pacientes com peritonite difusa devem ser submetidos à cirurgia de urgência, o mais precoce possível, mesmo que asmedidas de ressuscitação volêmica tenham que ser continuadas durante o procedimento. Sempre que for viável, a drenagem de abscessos por via percutânea deve ser preferida. Em pacientes selecionados, clinicamente estáveis, e com foco infeccioso bem delimitado (ex.fleimão periapendiculars ou peri-colônico), pode-se optar pela terapia antimicrobiana isolada, sem drenagem do foco, desde que esse pacientes tenham um acompanhamento clínico rigoroso. Quanto à antibioticoterapia empírica, o esquema, embora deva ser precoce ( primeira hora), deve seguir a racionalidade, sendo iniciado após coleta de sangue para hemoculturas. São recomendados ATM de amplo espectro, com atividade contra enterobactérias, anaeróbios e enterococos, dependendo a escolha da localização anatômica do foco infeccioso, a origem da infecção (se comunitária ou associada à assistência à saúde), a presença de fatores de risco para infecção por bactérias multirresistentes, o perfil local de resistência antimicrobiana e a presença de fatores de risco para complicações. Atente-se para condições clínicas associadas a desfechos desfavoráveis em pacientes com IIA: idade avançada (>70 anos), retardo na abordagem terapêutica (> 24h), incapacidade de controle do foco ou desbridamento incompleto, presença de comorbidades, hipoalbuminemia e desnutrição. Se quadros não graves, sem fatores de risco para complicações e de origem comunitária, pode ser usada piperacilina+tazobactam, ertapenem, com a alternativa de utilização de ciprofloxacino + metronidazol., não havendo indicação necessariamente de medicação contra enterococo. Para infecções comunitárias de alto risco, é indicado e ATM com espectro contra P.aeruginosa e Enterobacteriaceae produtoras de betalactamase de espectro estendido ESBL), além da cobertura contra enterococos e anaeróbios (tabela 1). A cobertura para S. aureus meticilino-resistente (MRSA) geralmente não é necessária, mesmo naqueles indivíduos sabidamente colonizados por tais agentes. Devido a sua boa penetração tecidual e amplo espectro de ação, a tigeciclina é uma boa alternativa para tratamento das infecções peritoneais, não devendo se usada como monoterapia em casos graves Tabela 1. Esquemas de antibioticoterapia empírica para infecções intra-abdominais comunitárias (*) _______________________________________________________________ Paciente de Baixo-risco Paciente de Alto-risco _____________________________________________________________________________ Esquema com 1 antibióticos Ertapenem, 1 g, EV, 1x/ dia Imipenem 500mg, EV, 6/6h Pip-tazob, 4,5 g, EV, 8/8 h Meropenem 1-2g, EV, 8/8h Moxifloxacinoa,400mg,EV,1x/d Pip-tazob,4,5g,EV,6/6h Esquemas com 2 antibióticos Ceftriaxona 2g, EV, 1x/dia OU Cefepima 2g,EV, 8/8h OU Cefuroxima 1,5 , EV,8/8h OU Ceftazidima ,2g,EV, 8/8h OU Cefotaxima 1-2g, EV, 6/6h OU Ciprofl. 400mg,EV,12/12 OU Ciprofloxacino 400mg,EV,12/12h OU Levofloxacino,750mg,EV, 1x/d Levofloxacino 750mg, EV,1x/d MAIS MAIS Metronidazol 500 mg, EV , 8/8h Metronidazol 500 mg, EV , 8/8h ______________________________________________________________ (*) Os antibióticos Cefuroxima, Cefotaxima e Ceftazidima não são padronizados no HGCC Em pacientes com infecções associadas à assistência a saúde, com grande probabilidade de infecção por germes multirresistentes, deve, além da cobertura contra enterococos (Vancomicina) e anaeróbios, fazer-se esquemas com espectro para bacilos Gram-negativos resistentes, tais como P. aeruginosa e Enterobacteriaceae produtoras de ESBL (tabela 3). Em pacientes sabidamente colonizados por Entercococcus spp resistentes à vancomicina (VRE), antibióticos específicos (ex. linezolida ou daptomicina) devem ser adicionados. Da mesma forma, pacientes colonizados com MRSA ou de alto risco para tal devem receber esquema empírico contendo vancomicina, idealmente. Se o paciente for colonizado por bacilos Gram-negativos pan-resistentes, deve ser adicionado ao esquema um aminoglicosídeo, polimixina. Tabela 3. Esquemas de antibioticoterapia empírica para infecções intra-abdominais associadas à assistência a saúde _______________________________________________________________ Esquemas com um antibiótico Dose Imipenem-Cilastatina 500 mg, EV, 6/6 h Meropenem 1-2g, EV, 8/8h Piperacilina-tazobactam 4,5g , EV, 6/6h Esquemas com dois antibióticos Cefepima OU 2g , EV, 8/8h Ceftazidima OU 2 g , EV,8/8h + Metronidazol 500 mg, EV, 8/8h + Ampicilina OU 2g, EV, 6/6h Vancomicina 15-20 mg/kg, EV, 8-12 h _______________________________________________________________ A terapia antifúngica é recomendada para pacientes com infecções comunitárias graves ou associadas a assistência a saúde, se houver crescimento de Candida spp em material intraabdominal. O fluconazol é a droga de escolha caso Candida albicans for isolada. Uma equinocandina (caspofungina, micafungina ou anidulafungina) está indicada para espécies de Candida spp resistentes a fluconazol e para pacientes críticos, enquanto se aguarda identificação da levedura e o seu perfil de sensibilidade Para a terapia antimicrobiana específica, a escolha se baseia no resultado das culturas e testes de sensibilidade antimicrobiana. Recomenda-se o ajuste do esquema após o resultado das culturas para ATM de espectro mais estreito (desescalonamento) com menor impacto na seleção de cepas resistentes. Cobertura contra anaeróbios muitas vezes é continuada, mesmo na ausência de anaeróbios em culturas, principalmente se as mesmas foram obtidas após o início do ATM com ação contra anaeróbios. A duração do tratamento depende do controle efetivo do foco infeccioso. Se adequadamente realizado, com remoção do material contaminado, o tempo de ATM geralmente se limita a quatro a cinco dias ( eficácia do curso curto de ATM) o que foi demonstrado no estudo STOP-I (Study to Optimize Peritoneal Infection Therapy). Há casos, em que um curso longo de ATM é recomendado, como nos pacientes nos quais o controle do foco infeccioso não for adequado. Pacientes com apendicite não complicada, que não se submetem à cirurgia imediata, é recomendado curso de ATM de 10 dias. O prognóstico de pacientes com IIA complicadas com sepse depende do diagnóstico precoce, ressuscitação volêmica adequada, início imediato dos ATM e, sobretudo, do controle cirúrgico do foco infeccioso. PERITONITE BACTERIANA ESPONTÂNEA (PBE) Causa: hepatopatia crônica ou ascite; pouco diagnosticada; mortalidade > 30%. Etiologia: geralmente monomicrobiana (enterobactérias, principalmente K.pneumoniae ou Cocos G+) . Quadro clínico pode ser sutil, com febre baixa, dor abdominal (palpação abdominal pouco elucidativa), ocorrendo cirrótico com ascite, que desenvolve encefalopatia ou insuficiência renal, ou sangramento digestivo ou alteração da motilidade digestiva. Diagnóstico: líquido ascítico c/ >250 leucócitos %, podendo a respectiva cultura a ser positiva. Para aumentar positividade da cultura do líquido ascético, inocula-lo (10 ml) em frasco de hemocultura. Na incerteza quanto à natureza infecciosa da ascite, Procalcitonina é um exame que auxilia no diagnósticos. Descartar forma secundária ( decorrente de apendicite, diverticulite ou víscera oca perfurada, incluindo bexiga). Tratamento - PBE complicada (presença de qualquer um dos seguintes sintomas: encefalopatia grau II a IV; choque, hemorragia digestiva alta, íleo paralítico ou alteração da função renal) ou se o paciente já fez uso de Norfloxacino ou outro ATM: Ceftriaxona 1 a 2g q12h, por 7 a 14 dias + albumina IV, 1,5g/kg, no 1º. Dia e 1 g/kg no 3º. Dia. VALER-SE DO RESULTADO DA CULTURA DO LÍQUIDO ASCÍTICO PARA MODIFICAR ESQUEMA ANTIMICROBIANO, SE NECESSÁRIO. Não havendo melhora clínica em 48 h: considerar nova paracentese. PBE Não complicada: --Se paciente virgem de tratamento ou de profilaxia: Ciprofloxacino, VO OU AmoxiclinaClavulanato, VO, por 7 a 14 dias.. Se paciente já em tratamento ou profilaxia com quinolona, usar Ceftriaxona. Profilaxia da PBE: (custo/eficaz em paciente c/ PBE prévia ou em ascite com baixa concentração de proteina): Norfloxacino 400 mg/dia, enquanto houver ascite. PERITONITE ASSOCIADA A DIÁLISE PERITONEAL Conduta: Coletar líquido peritoneal p/ exames: quimiocitológico, Gram, micológico (direto e cultura -> inocular 10 ml do líquido peritoneal em frasco de hemocultura).Iniciar esquema antibiótico empirico, intraperitoneal: Vancomicina + Amicacina OU Cefepima OU (Cefazolina + Amicacina) Doses: Amicacina: 2mg/kg/dia; Cefazolina: 15 mg/lg/dia; Cefepima: 1 g/dia; Vancomicina 15-30/kg (máximo 2 a 3 g a cada 5-7 dias, conforme função renal). Havendo sintomas/sinais sistêmicos, usar Vancomicina+Cefepima, EV, dispensando a via intraperitoneal. Ajustar o esquema, após o isolamento do patógeno: - S. aureus ou estafilococo coagulasenegativo: Vancomicina (3 semanas para o primeiro e 2 semanas para o último). - Enterococo : Ampicilina associada ou não a Gentamicina, 2 a 3 semanas.-Enterobactérias: Cefepima ou Ertapenem ou Pip/Tazobactam, por 3 semanas.-P. aeruginosa: Ciprofloxacino (podendo ser VO) + Cefepima por 3 semanas. Considerar retirada do cateter peritoneal. Indicações para retirada do cateter peritoneal: - Peritonite fúngica - Recorrência da peritonite, após tratamento; ou se não for isolado gérmen. - Ausência de resposta clínica, após 5 dias de tratamento. - Presença de doença intra-abdominal (apendicite, diverticulite etc.) DIARREIA AGUDA Sem febre Medidas de suporte; probiótico. Evitar entidiarreicos NÃO USAR ANTIBIÓTICO Com febre (T axilar =/>38oC): -Duração <72 h -Sem indicação de internação e Sem etiologia bacteriana: esquema igual ao anterior - Suspeita de etiologia: colher coprocultura, evitar antidiarreicos e iniciar Ciprofloxacino 500 mg VO, 12 / 12 h, Ou Ceftriaxona 2 g/dia, IV ou IM 3 a 5 dias - Se provocada por causada por E.coli enterro-hemorrágica, NÃO USAR ATM (risco de síndrome hemolítico-urêmica) -Duração > 72 h, sem potencial de gravidade: Norfloxacino 400 mg VOq12h Após identificado patógeno intestinal: - Shigella sp : TMP-SMZ (160/800 mg), VO 12/12 h OU Ciprofloxacino 500 mg VO cada 12 h ou Ceftriaxona 2 g/dia ( 3 a 5 dias) -Salmonella não hyphi ( tratar somente: casos graves ou em pascientes < 6 anos ou > 50 anos de idade, doença valvar cardíaca, aterosclerose grave, neoplasia ou uremia): mesmos esquema acimas, com duração maior ( 5 a 7 dias)-E.coli (não enterro-hemorrágica – mesmos esquemas acima (3 dias) --Campylobacter : Eritromicina 500 mg, VO, cada 12 h ( 5 dias) - Giardia: Metronidazol 500 a 750 mg, VO ou EV, cada 8 h ( 7 a 10 dias) --Yersinia spp.( tratar somente casos graves e/ou associados com bacteriemia) TMP-SMZ (160/800 mg), VO 12/12 h OU Ciprofloxacino 500 mg VO cada 12 h Infecção por C. difficile - Coloniza 20 a 40% de pacientes hospitalizados e 3% de adultos sadios. Causa mais doença em idosos e em pacientes expostos a ATMs( especialmente Clindamicina, Cefalosporina de 3ª. Geração, fluoroquinolonas, carbapenêmicos e macrolídeos)Há cepas hipervirulentas, resultando em maiores morbidade e letalidade. Quadro clínico pode se acompanhar de febre, íleo adinâmico (megacólon tóxico) hipoalbuminemia, choque insuficiência renal e reação leucemoide. Há descrição de casos na comunidade sem exposição conhecidas a antibióticos. Para o diagnóstico realizar pesquisa de toxinas (A e B) e PCR, este último mais sensível. Terapêutica • Se possível, suspender o antibiótico que vinha sendo usado. • Usar Metronidazol, 250 mg 6/6 ou 500 mg, q6h, VO ou 500 mg, IV, q8h ( pode ser EV), 10 – 14 dis ou em pó, por 7 dias após a suspensão do outro antibiótico. • Casos refratários ou graves (confirmados por colonoscopia); Vancomicina 125 a 500 mg, VO q6h • Não usar medicação antiperistáltica (RISCO DE MEGACOLON TÓXICO). • Não usar probióticos • Se recorrência, repetir o esquema acima e, a partir do 3º.episódio, consultar CCIH e cogitar do novas terapêuticas ( Fidaxomicina, Rifaximina, Nitrazoxanida e transplante de fezes de paciente hígido). • INSTITUIR PRECAUÇÕES DE CONTATO e Comunicar à CCIH. Cólera Tratamento: Tetraciclina 500 mg vo cada 6 h (3 dias)+ hidratação e suporte de vida ENTEROPARASITOSES (algumas) - Tratar inicialmente a enteropasitose potencialmente mais grave. - Preferir antiparasitários de amplo espectro. - Não tratar: I. bustchilii. E. nana, Entamoeba coli, C.mesnili ou T.hominis Princípios para o tratamento -Tratar inicialmente a parasitose potencialmente mais grave. Observar antiparasitários polivantes. – A eficácia das drogas é menor quando utilizadas na vigência de multiparasitoses. – Não tratar : Iodamoeba butschlli, Entamoeba coli, Endolimax nana, C.mesnili e T.hominis. – Em gestantes, evitar o uso de antiparasitários, principalmente os imidazólicos e sobretudo no primeiro trimestre da gravidez, cogitando do uso do antiparasitário somente quando a condição for muito sintomática e protelando, se possível, o seu uso após o referido período (exceção infestação por Taenia solium). Amebíase-Forma intestinal assintomática Etofamida(Kitnos) 500 mg/cp) 1 cp 2 x /dia – 3 dias OU Teclosasn (Falmonox )100 mg/cp, 1 cp. 3x/dia,5dias. CONTROLE DE CURA: depois de 7, 14 e 21 dias. –Forma intestinal sintomática ou extra-intestinal:Metronidazol 500 a 750 mg, 3 x /dia, 10 dias OU 20 a 40 mg/kg/dia, em 3 doses, 10 dias OU Tinidazol (Pletil ou Amplium 500 mg)cp) 2 g ou 50 mg/dia, DOSE ÚNICA OU Nimorazol (Naxogin 500 mg /kg ou susp. Oral 250 mf/10 ml)m , DOSE ÚNICA OU Senidazol (Secnidal ou genérico 500 mg e 1 g/cp), 2 g ou 50mmg/kg, DOSE ÚNICA. CONTROLE DE CURA: 7,14,21 e 28 dias Associar (ao final ) com Etofamida OU Teclosan (esquemas acima ) Ancilostomíase: Albendazol (Zentel ou genérico, 500 mg ), dose única, repetida após 7 dias OU Mebendazol(Pantelmim ou genérico, 100 mg/cp) 1 cp.2x/dia, 3 dias . Controle de cura:7, 14 e 21 dias Ascaridíase Forma habitual: Levamizole (Ascaridil 80 mg e 150 mg/cp 150 mg), 150 mg, dose única OU Thiabendazol ( Zentel) ou genérico, 400 mg/cp), dose única .Controle de cura:7,14 e 21DIAS Se oclusão/semi-oclusão intestinal: Hexahidrato de Piperazina 100 mg/kg 1 cp + 50 ml de óleo minera, por SNG ; após 24 h: Piperazina 50 mg / kg + 50 ml óleo mineral (dose máxima de piperazina: 6 g, nome comercial : Laborsil ou Vermifan ou Solução de Piperazina com licor de ameixa); se insucesso com tratamento clínico cirurgia para remoção manual dos vermes. Se insucesso com o tratamento clínico cirurgia, com remoção dos vermes. Balantidíase (Balantidium coli) Tetraciclina 30 20mg/kg/dia, 7 dias. Controle de cura: 7, 14 e 21 dias Blastocistose (Blastocystis hominis) Meteronidazol Nitazoxanida 500 mg 2 x/dia, 3 dias.Controle de cura: 7, 14e 21 dias. Ciclosporíase ( Cyclospora cayetanensis) - Paciente imunocompetente: Sulfametaxazol+Trimetoprim (800+160) 2x/dia,7 dias - Imunodeprimido: dose dupla dos esquema acima(4 dias)+ 3 semanas do esquema anterior Criptosporidíase: Espiramicina (Rovamicina 500 mg/cp.) 2 cp. 3x/dia, duração indefinida OU Paromomicina (Humatim 500 mg/cp, atualmente não disponível no Brasi.) 1 cp. 4 x/dia, duração indefinida OU Nitazoxamida (Annita 500 mg/cp) 1 cp. 2 x/dia, 3 dias . Dientamebíase (Dientamoeba fragilis) Metronidazol 250 de cura:7, 14 e 21 dias. Enterobíase: Mebendazol 100 mg, dose única; OU Albendazol 400 mg dose única OU Pamoato de pirvínio (Pyr-pam 100 mg/cp e 50 mg/5 ml susp.oral) 10 mg/kg, VO, dose única DU (não absorvido PODE SER USADO NA GESTAÇÃO)Controle de cura: swab anal, a partir do 7º. Dia de tratamento e por mais 7 dias. Estrongiloidíase. Formas habituais: Ivermectina (Revectina ou Ivermec, 200 mg/cp), DOSE ÚNICA OU Cambendazol 5 mg/kg, DOSE ÚNICA OU Thiabendazol 25mg/kg/dose 2 x ao dia, por 2 dias (dose máxima de 3 g/dia). REPETIR O ESQUEMA APÓS 10 a 15 dias. Controle de cura: 8,9 e 10 dias ou 7,14 e 21 dias Hiperinfestação: Ivermectina 200 mg/kg/dia, OU Tiabendazol 25mg/kg/dose 2 x/dia, 2 dias (máximode 3 g/dia). , por 5 a 7 dias OU 500 mg/dia, por 30 dia OU Cambendazol 5 mg/kg. DOSE ÚNICA SEMANAL, por 3 a 5 semanas, dependendo da evolução clínica. Controle de cura: até a negativação ao exame de fezes. Esquistossomose.Oxamniquina (Mansil 250 mg/cp ou 50mg/5 ml susp. Oral) 12,5 a 15 mg/kg dose única OU Praziquantel (Cisticid 500 mg/cp. Ou Cestox 150 mg/cp.) 40 a 60 mg/kg, dose única. Controle de cura: exames de fezes, mensal, após o 45º. dia do tratamento, por 6 meses. Giardíase. Metronidazol, 250 mg 3 x ao dia, 7 a 10 dias OU Secnidazol OU Tinidazol (esquema acima) OU Nitazoxanida, 500 mg 2 x / dia, 3 dias. Controle de cura:7,14 e 21 dias. Himenolepíase (H.nana e H. diminuta): Praziquantel 25 mg/kg, dose única, repetir após 10 dias OU Clorossalicilamida , 2 g, 6 dias consecutivos..Controle de cura:7,14 e 21 dias. Isosporíase (Isospora belli) SMT/TMP – 50 mg/kg/dia SMX e 10 mg/kg/dia TMP, por 15 dias; a seguir metade das doses por 6 a 8 semanas. OU Sulfadiazina 100 mg/kg/dia + Pirimetamina (Daraprim 25mg/cpl) 25 mg/dia, por 6 a 8 semanas. Controle de cura: 7, 14 e 21 dias. Controle de cura: 7, 14 e 21 dias Microsporíase (Enterocytozoon bieneusi e Encephalitozoon intestinalis) Albendazol 400 m x /dia, por 2 a 4 semanas (eficácia duvidosa para E. bieneusi). Teníase (T. solim, T.saginata): Praziquantel 10 mg/kg , dose única OU Clorossalicilamida,dose única: 2 g. Controle de cura: tamização das fezes, após 24 horas após o tratamento, para pesquisa de escolex OU idem, após 90 dias, para pesquisa dos proglotes. Trichiuríase: Mebendazol 400 mg, dose única OU Mebendazol 100 mg 2 x / dia, 3 dias. Controle de cura: 7, 14 e 21 dias. PARA TRATAMENTO DE OUTRAS ENTEROPARASITOSES OU OUTRAS ENTEROINFECÇÕES, CONSULTAR MANUAL ESPECIALIZADO OU PROFISSIONAIS COM EXPERIÊNCIA NO ASSUNTO RESPECTIVO. CAPÍTULO V 1. INFECÇÕES DO APARELHO RESPIRATÓRIO PNEUMONIA ADQUIRIDA NA COMUNIDADE (PAC) Pressuposto: é assim considerada quando ocorre antes da admissão ou, se já no hospital, os sintomas surgem, no máximo, até 48 horas depois da internação. 2. Alguns aspectos: afeta cerca de 5 milhões de pessoas/ano, nos EUA, onde 25% dos pacientes necessitam de internação; é a 8ª. causa de morte (letalidade 10 a 12% em pacientes que necessitam internação, cuja mortalidade, dentro do próximo ano, pode chegar a 40%.) 3. Fatores de risco: idade avançada, alcoolismo, tabagismo, comorbidades (especialmente DPOC e asma), imunossupressão. 4. Principais agentes etiológicos: S .pneumoniae (2/3), H .influenzae, C. pneumoniae, S.aureus, N.meningitidis, M. catahhhalis, K. pneumoniae, alguns BGN, Legionella sp, vírus (influenza, parainfluenza, sincicial respiratório, adenovírus e Hantavirus). Agentes menos comuns: C.psitacci (psitacose), C. burnetti (febre Q), F.tularensis (tularemia), fungos (Blastomyces, Coccidiodes, Histoplasma). 5. Possibilidades etiológicas conforme dados clínico-epidemiológicas. Respectivos agentes riscos de complicação: - Doença crônica cardiopulmonar ou ocorrência após IVAS Pneumococo ou Estreptococos. Complicações possíveis: bacteriemia, meningite, endocardite, pericardite, derrame pleural. OU H.influenzae ou cocobacilos Gram-negativos pleomórficos. Complicações possíveis: empiema; endocardite. - Residência em instituições de longa permanência, existência de epidemia de influenza, fibrose cística, bronquiectasias, uso de drogas S. aureus. Complicações possíveis: empiema; cavitação. - Abuso de álcool, DM, submissão a cuidados de saúde K. pneumoniae, outros BGN. Complicações possíveis: cavitação, empiema. - Submissão a cuidados de saúde, fibrose cística, bronquiectasias Pseudomonas aeruginosa e outros BGN. Complicações: cavitação. - Aspiração, pobre higiene dentária Anaeróbios; flora mista. Complicações: pneumonia necrotizante, abscesso, empiema. - Adultos jovens M. pneumoniae, C. pneumoniae, vírus. Complicações: miringite bolhosa, anemia hemolítica, exantema. - Exposição a construção ou água contaminada, ar condicionada ou assistência à saúde Legionella spp. Complicações: empiema, cavitação, endocardite, pericardite. - Pneumopatia prévia velhice, imunodepressão.-->M. Catarrhalis, BGN. Complicações possíveis (raras): derrame pleural, bacteriemia - SIDA, câncer, imunossupressores P.Jirovecci. Complicações: insuficiência respiratória, pneumotórax, morte. 6. Achados chamativos: Clínicos, febre (ou hipotermia), taquipneia, tosse (c/ ou s/expectoração), dispneia ou desconforto respiratório, calafrios e/ou sudorese, crepitações e/ou roncos. Rx do tórax ou TC: consolidação pulmonar; Os dados clínicos, embora essenciais, tem sensibilidade < 50% para o diagnóstico. 7. Exames essenciais: hemoculturas, baciloscopia do escarro (Gram e BAAR), sorologia para influenza. Outros exames (casos específicos): antígeno urinário para S. pneumoniae e Legionella; pesquisa de P .jiroveci, pesquisa de fungos filamentosos (pacientes com doença hematológicas ou transplantados); PCR para M. tuberculosis, Chlamydia pneumoniae, Legionella spp (*), Influenza A e P .jiroveci . Alguns desses exames devem preceder mas não retardar o início da antibioticoterapia. (*)Nem todas as espécies de Legionella são detectadas pela pesquisa do antígeno. Realizar cultura e PCR, 8. CONSIDERAR A POSSIBILIDADE DE TUBERCULOSE EM TODOS OS PACIENTES. ISOLAR AQUELES SUPOSTAMENTE AFETADOS. 9. Tratamento É importante considerar dois paradigmas: prontidão de início e seleção correta do antimicrobiano (direcionado a patógenos comprovados ou supostos) 9.1 Esquema terapêutico empírico 9.1.1 Casos não graves (com indicação de tratamento ambulatorial) a) Paciente sem sinais de doença prévia e que não tenha usado ATM nos últimos 3 meses: Macrolídeo VO (Claritromicina 500 mg 2x/dia por 7 a 10 dias ou azitromicina 500 mg 1x/dia por 3 a 5 dias).. CONSIDERAR A POSSIBILIDADE DE RESISTÊNCIA AOS MACROLÍDEOS. Há citação também para o uso de Doxiciclina 100 mg 2 x ao dia. b) Paciente c/comorbidades (v.acima), imunossupressão de qualquer natureza, ou que tenha usado ATM nos últimos 3 meses ou procedentes de instituições com alta prevalência de Pneumococo resistente a macrolídeo (MIC ≥16 mcg/mL): Quinolona respiratória VO (Levofloxacino 750 mg 1x/dia ou Moxifloxacino 400 mg 1x/dia) ou Macrolídeo VO associado a betalactâmico (amoxicilina 1 g 3x/dia ou amoxicilina/clavulanato 2 g x/dia) ou cefuroxima 500 mg 2x /dia).. CONSIDERAR A POSSIBILIDADE DE RESISTÊNCIA AOS MACROLÍDEOS. 9.1.2 Casos de média gravidade (com indicação de hospitalização em enfermaria) - Quinolona respiratória VO ou EV.. Quando necessitar medicação parenteral: levofloxacino 750 mg/dia ou macrolídeo associado a betalactâmico (ceftriaxona 1 a 2 g cada 12 a 24 h) casos graves (com indicação de admissão em UTI) 9.1.3. Casos graves (indicação de UTI)- Azitromicina IV ou Quinolona respiratória associada a betalactâmico c/ação anti-pneumocócica (ceftriaxona ou ampicilina/sulbactam). Casos com risco de infecção por P. aeruginosa: piperacilina/tazobactam 4,5 g cada 6h/6 ou 8/8 h ou cefepima 2g 2 ou 3x/dia ou imipenem 0,5 a 1 g cada 6 ou 8 h ou meropenem 1 a 2g EV 8/8h ou betalactâmico+aminoglicosídeo+fluoroquinolona (ou azitromicina), todos por via EV. Em casos com suspeita de S. aureus oxacilino-resistente: vancomicina 25 – 30 mg/kg (dose de ataque), seguido por 15 mg/kg, 12 / 12 h. Ajustar a dose considerando a função renal e visando a obter vancocinemia de 15 a 20 mcg/mL, no vale. Conforme a gravidade ( PAC fulminante p/CA-MRSA pode-se por linezolida 600 mg, EV, 2x/dia 10. Esquemas conforme a etiologia (comprovada ou fortemente presumida) - A. baumannii: se sensível, usar Imipenem ou Meropenem; se resistente, usar Polimixina + Impenem ou Meropem. - Actinomyces: Ampicilina 50 mg/kg/dia, IV, 4 a 6 semanas. A seguir Penicilina V oral, 2 a 4 g/dia, por mais 3 a 6 semanas. -Bacilus anthracis (aquisição inalatória): Ciprofloxacino 400 mg IV q 8 h + Linezolina 600 mg q 12 h OU Clindamicina 900mg q8h + Meropenem 2 g IV q 8 h - Bulkholderia pseudomallei (causadora da meliodose): Imipenem 20mg/kg q 8 h, mínimo de 10 dias; se melhorar, passar para VO: TMP/SMX, 5mg/kg de TMP, q 12 h por 3 meses OU Doxiciclina 2mg/kg q 12 h por 3 meses. - H. influenzae: não produtor de betalactamase: Ampicilina IV ou, VO: Amoxicilina ou TMP/SMX ou Azitromicina ou Claritromicina ou Doxiciclina; se produtor de betalactamase: Amoxicilina/Clavulanato ou Cefalosporina de 2ª ou 3ª gerações ou fluroquinolona. - Klebsiella pneumoniae e outros coliformes produtores de betalactamases de espectro ampliado: se não produtor de carbapenemases e outras enzimas afins: usar Ertapenem 1 g IV q 24 ou Meropenem ou Imipenem; se produtor de carbapenemases (KPC) e enzimas afins, usar Polimixina + Meropenem ou Imipenem. - Legionella spp (paciente hospitalizado ou imunodeprimido): Azitromicina 500 mg ou Levofloxacino 750 ou Moxifloxacino 400, todos IV. - Moraxella catarrhalis: (93% prod. De betalactamase): Amoxicilina/clavulanado, cefalosporina de 2ª. ou 3ª. G ou fluoruquinolon - Pseudomonas aeruginosa: Pip/Tazobactam 3,375 (infusão em 4 h) q 8 h + aminoglicosídeo. Se cepa sensível, trocar Pip/Tazobactam por Cefepima ou Meropenem ou Imipenem. Se Resistente, Meropenm+Polimixina Cogitar de Polimixina inalatória. - C. burnetii (Febre Q, pneumonia atípica aguda): sem valvopatia cardíaca Doxiciclina 100 mg VO q 12 h, 14 dias; com valvopatia cardíaca: Doxiciclina 100 mg VO q 12 h + Hidroxicloroquina q 8 h, por 12 meses. - S.aureus (DURAÇÃO DO TRATAMENTO: 2 – 3 semanas; se associada com endocardite ou osteomielite: 4 a 6 semanas): Oxa-sensível: Oxaciclina 2 g IV q 4 h; Oxa-R: Vancomicina,3060mg/kg/dia (2 – 3 doses), ajustndo a dose pela vancocinemia OU Linezolida 600 mg IV q 12h. Alternativa: Ceftarolina 600 mg q 8 h. -Stenotrophomonas maltophilia: TMP/SMX ate 20 mg/kg/dia ( 3 doses). Opção para alérgicos a sulfa: Tigeciclina. - Pneumococo: Sensível a penicilina: Ampicilina 2 g IV q 6 g OU Amoxicilina oral 1 g q 8 h ou Penicilina G IV ou Cefalosporina d 2ª ou 3ª. G ou Azitromicina. Resistente a Penicilina: Levofloxacino ou Moxifloxacino ou Cefalosporina de 3ª. G ou Ceftarolina. - Yersinia pestis: Gentamicina 5 mg/kg q 24 h ou Doxiciclina 100 mg VO q 12 h - Pneumonia aspirativa e abscesso pulmonar: Clindamicina 300 - 450 mg VO q Q 8h OU Ampicilina/ Sulbactam 3 g IV q 6 h OU um carbapenêmico, podendo ser Ertapenem. Alternativa: Ceftriaxona 1 g IV q 24 + Metronidazol 500 mg IV q 6 g (1 g IV q 12h) Pneumonia crônica (BK ? Coccidiodomicose ? Histoplasmose ?) PESQUISAR Fibrose cística c/ infecção: pensar em P.aeruginosa, BK e Bulkholderia cepacia PNEUMONIA ADQUIRIDA NO HOSPITAL E PNEUMONIA RELACINADA COM A ASSISTÊNCIA A SAÚDE, ESPECIALMENTE PNEUMONIA RELACIONADA COM VENTILAÇÃO MECÂNICA (PAV) Ocorre após 48 da admissão (ou antes, se tiver havido procedimento invasivo. Exclue-se, pois, o caso em que o paciente que já estava com a infecção, ao ser internado Critérios: - 2 dois seguintes: febre, leucocitose e expectoração purulenta, opacidade nova ou progressiva em Rx do tórax (70% sensibilidade e 75 % de especificidade). Ocorre principalmente em pacientes na UTI e sob ventilação mecânica(PAV) Aspectos relevantes´ *É a infecção hospitalar mais prevalente no HGCC.. *O perfil microbiológico(prevalência e sensibilidade)é diferente do da PAC. *A letalidade pode atingir até mais de 50%, dependo do agente etiológico e de características do pacientes (incluindo comorbidades, disfunções orgânicas, desnutrição, imunodepressão), drogas imunossupressoras e procedimentos invasivos). Principais fatores de risco -Ventilação Mecânica -Instrumentação das vias aéreas (entubação, broncoscopia, nossa nasogástrica ou nasoenteral). -Aerossóis contaminados. Diminuição do nível de consciência (anestesia, sedação, alcoolismo, drogas, coma). -Uso de antibiótico, dentro dos 90 dias anteriores à internação -Admissão por condições agudas, por pelo menos 2 dias ou dentro de 90 dias antes. Residência em asilo ou hospice. -Doença ou terapêutica causando imunossupressão. -Residência em asilo ou similar. -Uso de medicação parenteral, especialmente quimioterapia e hemodiálise crônica, dentro do último mês, mesmo em domicílio. -Uso de inibidores da acidez gástrica. Existência de feridas ou outras lesões, em pessoa, na mesma casa, portadora ou infectada com microrganismo com potencial patogênico. Prevalência microbiana -Pneumococo, frequentemente resistente. -S. aureus – geralmente Oxacilino-resistente -Bacilos Gram-negativos, com maior prevalência, no HGCC, de P. aeruginosa, A. baummanni, K. pneumoniae e E. coli.(alta resistência dos 3 primeiros aos carbapenêmicos. Importante resistência de Klebsiella -ESBL e KPC –Stenotrophomonas maltophilia. – Legionella. . –Anaeróbios, integrando - microbiota mista. Quadro clínico e radiológico: geralmente inespecífico (v. critérios acima). Diagnóstico : - Lavado bronco-alveolar (LBA) ou aspiração traqueal adequada para exames microbiológicos (bacterioscopia e cultura+TSA, hemoculturas) e outros - Dosagem de PCR, procalcitonina sérica ( distingue PN de causas não infecciosas) - Pesquisa de antígeno urinário para Legionella etc. Diagnóstico diferencial: ICC, atelectasia, aspiração, SARA, TEP, hemorragia pulmonar e reação a droga TRATAMENTO ( empírico, a ser mudado conforme o perfil microbiano do hospital e/ou da microbiota identificada) PNEUMONIA PRECOCE ( < 5 dias de ventilação mecânica) e sem uso prévio de antimicrobiano nos últimos 90 dias: usar um dos seguintes esquemas: Ceftriaxona1a2g,q12h associado com Azitromicina 500mg IV q 24 h ,OU Levofloxaciono,750mg,IV,q24h; OU Ampicilina/sulbactam,3g,IV,q8h,OU PiperacilinaTazobactam – 4,5 g IV q6h. APÓS CARACTERIZADO O AGENTE ETIOLOGICO Pneumococo: v. critérios para tratamento de PAC. S. aureus: se comprovação ou suspeita de MRSA, usar Vancomicina 1 g,Iv.q12h ou Linezolida 600 mg,IV,q12h. Em se tratando de S.aureus sensível a Oxacilina, este é o ATM a ser usado, na dose de 2 g IV q4h (eventualmente Cefalotina em dose correspondente ou Cefazolina 2 g IV q8h Klebsiella peneumoniae: Meropenem ou Imipenem (v. doses anteriores) Se resistente (Kpc) usar Polimixina B, 7.500 a 12.500 U/kg,IV q12h, mantendo o carbapenêmico ou associando um aminoglicosídeo. Hemophilus influenzae: Ceftriaxona OU Fluroquinolona “respiratória” ou Amoxicilina /Clavulanaato (v. doses anteriores) Moraxela catarhalis: Ceftriaxona ou Macrolídeo ou Amoxicilina/Clavulanato ou Amoxicilina (v. tabelas). Legionella,: Levofloxacino 750 mg VO OU IV q 24h, ambos por 7 a 10 dias OU Azitromicina 500 mg IVq24, por 5 dias. Anaeróbios: Ampicilina/.sulbactam 3 g IV q 8 h OU Piperacilina/Tazobactan 4 g IV q 8 ou 6 h OU Ertapenem 1 g IV q24 OU Meropenem (doses acima). S.maltophilia:TMP/SMX até 20 mg/kg/dia (divididos em doses q8h). P.aeruginosa: Piperacilina/Tazobactam (doses acima) OU Cefepima 2 g IV q 8 h OU Meropenem 2 g IV q 8 h OU Ciproloxacino 400 mg IV q 12 h, associado ou não com Amicacina (v. doses anteriores). Se multirresistente, acrescentar, ao Carbapenêmico, Polimixina(dose igual à usada para K.pneumoniae) Cogitar e Polimixina inalatória.. Acinetobacter baumannii: Esquema, em geral, igual ao usado para K.pneumoniae. Mesmo em pneumonia hospitalar e/ou relacionada com ventilação mecânica (PAV), NÃO ESTÃO IMPLÍCITOS ESQUEMAS PROLONGADOS ( ALÉM DE 7 A 10 DIAS, EXCETO SE A INFECÇÃO FOR POR P.AERUGINOSA (EM GERAL 14 DIAS) OU S.AUREUS (3 SEMANAS OU MAIS) PNEUMONIA TARDIA ( > 5 dias de ventilação mecânica) ou com uso prévio de antimicrobiano nos últimos 90 dias Iniciar com: Carbapenêmico ( Meropenem 1 a 2 g IV q8h ou Imipenem 500 a 1.000 mgIV q6 h + (MAIS) Vancomicina 15mg/kg q12h p/alcançar vancocinemia no vale de 15 a 20 mcg/mL, vigiando a função renal. Identificar o MO e seu perfil de sensibilidade e usar os critérios acima citados. EM CENÁRIO DE GRANDE PREVALÊNCIA DE GRAM NEGATIVOS MULTIRRESISTENTES, COGITE-SE DE INICIAR COM POLIMIXINA A ANTIBIOTICOTERAPIA PARA TAIS CASOS( V. CAPITULO SOBRE MICRORGANISMOS MULTIRRESISSTENTES).. INSTITUIR PRECAUÇÕES DE CONTATO PARA PACIENTES COM INFECÇÃO COM BACTÉRIAS MULTIRRESISTENTES E OUTRA SITUAÇÕES INDICADAS. PREVENÇÃO DA PNEUMONIA HOSPITALAR Sendo uma das mais frequentes IRAS, principalmente em pacientes internados em UTI, é obrigatório que se adotem as necessárias medidas preventivas, a seguir resumidas: - Higienização das mãos dos profissionais de saúde, visitantes ou qualquer pessoa ANTES e DEPOIS do contato com o paciente.. - Para entubação, o profissional tem que usar avental de manga larga, óculos de proteção e luvas estéreis. - Evitar contaminação da cânula antes da introdução no orofaringe do paciente. - Para o paciente que permanece no leito, elevar-lhe a cabeceira de 3Oo a 40º, caso não exista contraindicação. - Checar a posição de sonda gástrica ou enteral antes de infundir a dieta. - Aspiração adequada das secreções acima da região glótica, antes de manipular o cuff da cânula endotraqueal. - Controlar a pressão do cuff (aproximadamente 25cmH2O) a cada 12 h. - Ajustar volume da dieta enteral, considerando sobretudo o volume gástrico residual. - Em pós-operatório, estimular a respiração profunda (suspiro) e a deambulação precoce. - Para aspirar secreções em paciente entubados, usar luvas estéreis, máscara cirúrgica, óculos de proteção e avental de manga larga. - A sonda para aspiração, estéril e de uso único, não deve ter o calibre superior à metade do diâmetro da cânula endotraqueal. - Havendo secreção espessa, fluidificá-la com soro fisiológico estéril, 3 a 5ml, para adulto. - Na aspiração seguir a seguinte ordem: traqueia nariz e por último a boca. - A aspiração deve ser feita sempre que necessário e não em intervalos pré-fixados. - Em pacientes em ventilação mecânica, comatosos ou traqueostomizados não realizar rotineiramente culturas de vigilância. - Em pacientes comatosos, em ventilação mecânica ou traqueostomizados, finalizar a higiene oral com solução clorhexidina aquosa a 0,12 – 0,2%. - Para realização de traqueostomia convencional realizá-la na sala de cirurgia, com o devido ritual cirúrgico, exceto em casos de urgência com risco de vidas para o paciente. - Na troca da cânula de traqueostomia, calçar luvas estéreis. - O curativo da traqueostomia deve ser trocado diariamente e quando úmido ou sujo. - -NÃO ADMINISTRAR ANTIMICROBIANOS PARA PREVENÇÃO DE PNEUMONIA. OUTRAS MEDIDAS VISANDO À PREVENÇÃO DAS INFECÇÕES RESPIRATÓRIAS HOSPITALARES CONSTAM EM MANUAIS ELABORADOS PELA EQUIPE DE ENFERMAGEM. ASPIRAÇÃO AGUDA DO CONTEÚDO GÁSTRICO (Síndrome de Mendelson) A aspiração do conteúdo gástrico, mesmo, sem infecção bacteriana secundária, pode ser catastrófica, com manifestações clínicas dependendo das características e quantidade do conteúdo gástrico aspirado (quanto mais ácido o conteúdo maior será o grau de pneumonite química). Fatores predisponentes: rebaixamento do sensório (pela idade, doença ou sedação excessiva) convulsões, pós-anestesia, doença do SNC, disfagia, refluxo gastro-esofagiano acentuado e presença de tubo endotraqueal ou sonda digestiva e obstrução brônquica. O quadro clínico é de desconforto respiratório súbito, tosse, estertores e hipoxemia podendo evoluir para SARA. O aspecto radiológico do infiltrado pulmonar, melhor definido em tomografia, é de opacidades em vidro fosco, podendo as lesões envolver a região periférica e subpleural Febre e leucocitose são comuns, mesmo na ausência de infecção As principais medidas são: suporte de O2 (se necessário ventilação mecânica), manter vias áreas permeáveis, além de outras indicadas para o tratamento de insuficiência respiratória. Não há evidências para o uso sistemático de antibióticos profiláticos. Na presença ou forte suspeita de infecção ( anaeróbios, S. aureus, Estreptococos, bacilos Gramnegativos), usar: -em paciente previamente hígido, sem fator de risco p/ colonização gástrica por BGN (ex: crise convulsiva, intoxicação exógena aguda ou pós-anestesia eletiva): usar: Clindamicina OU Ampicilina OU Penicilina, por 7 a 10 dias. - se aquisição hospitalar ou havendo comorbidades : Cefalosporina 3ª. geração + macrolídeo, considerando associar Clindamicina ou Metronidazol; duração 7 a 14 dias. OBSTRUÇÃO BRÔNQUICA Conduta: broncoscopia para aspiração e retirada de corpo estranho, medidas de suporte Antibioticoterapia Penicilina G 1 a 2 mi EV cada 6 h MAIS Metronidazol 500 (EV ou VO) cada 8 h. Em paciente com fator de risco p/colonização gástrica por BGN: - Levofloxacino 750 mg/dia ou Moxifloxacino 400 mg/dia, EV OU Ceftriaxona 2 g/ dia + Clindamicina (doses acima ,OU Metronidazol 500 mg EV 6/6h) ABSCESSO PULMONAR Etiologia : S. aureus, s MRSA; Estreptococos anaeróbios e microaerófilos; Gram-negativos, principalmente Klebsiella; Legionella; Nocardia; Actinomyces; H. influenzae tipo b; micobactérias (M.tuberculosis, MAI e M.kansassi); fungos (aspergilose, criptococose, histoplasmose e blastomicose). Dados clínicos: fatores predisponentes para aspiração, curso pode ser crônico, tosse, esputo pútrido, febre baixa, sudorese noturna, perda de peso, pode haver derrame e empiema pleurais. Diagnóstico: Rx do tórax, TC do tórax, bacterioscopia e cultura do esputo, leucocitose (pode haver leucopenia em S.aureus, MRSA); broncoscopia ( nos casos atípicos ou na ausência de resposta ao tratamento) Antibioticoterapia ( por 3 ou mais semanas de duração) Se possível terapêutica ambulatorial: Amox/\clavulanato OU Clindamicina. Tratamento hospitalar: Quinolona Respiratória OU Cef. 3ª. G + Clindamicina OU Metronidazol INFILTRADOS PULMONARES EM PACIENTES IMUNOCOMPROMETIDOS Ocorrência: HIV c/<1.000 neutrófilos, quimioterapia, outros imunossupressores, corticóide. Etiologia variada: bactérias piogênicas (S. aureus, enterobactérias, micobactérias, fungos, protozoários, helmintos, vírus, causas não infecciosas. Pistas: pneumonia fulminante: pensar em causa bacteriana, sem descartar outros agentes; pneumonia tardia, após transplante, suspeitar de P.jiroveci, vírus (CMV), fungos (Aspergillus) Conduta: tratamento empírico, racional, baseado nas possibilidades etiológicas. Valer-se do resultados de exames microbiológicos de espécimes orgânicos, adequadamente colhidos (LBA e, se necessário, biópsia pulmonar por toracoscopia vídeo-assistida etc.). (A determinação etiológica, porém, é obtida, no máximo, em 2/3 dos casos). MANTER CONTATO COM O SETOR DE MICROBIOLOGIA, CCIH E/OU MÉDICO COM EXPERIÊNCIA NO ASSUNTO. BRONQUIECTASIAS Definição: dilatação patológica e irreversível, de um ou mais brônquio de médio calibre, por lesão de suas paredes Etiologia microbiana: Pneumococo, H. influenzae, M. catarrhalis, P.aeruginosa, micobactérias atípicas, Aspergillus fumigatus. Este último pode causar aspergilose broncopulmonar alérgica, em pacientes com asma ou fibrose cística, mas o seu isolamento, assim como o isolamento de uma micobactéria atípica podem representar apenas uma colonização. Causas: infeções anteriores, como pneumonia e tuberculose, inadequadamente tratadas ou não tratadas, infeções fúngicas, defeitos congênitos, como a Síndrome de Kartagener, imunodeficiência, sequela de inalante tóxico, colagenopatia; idiopáticas (53% em uma estudo de 150 adultos, no Reino Unido), outras. Dados clínicos: podem confundir com bronquite crônica (tosse crônica, esputo purulento, halitose, episódios de hemoptise, perda de peso, roncos, estertores, baqueteamento digital); nas exacerbações infeciosas, há febre e agravamento dos outros sintomas (tosse, modificação do escarro, aumento da fadiga, da dispneia e das alterações auscultatórias, piora dos testes ventilatórios e surgimento de novos infiltrados pulmonares. Complicações: hemoptise, às vezes maciça; cor pulmonale, amiloidose secundária; abscesso à distância (cérebro,\por exemplo). Radiologia: Rx do tórax pode ser normal ou mostrar alterações sugestivas; TC de alta resolução é o exame padrão ouro. Antimicrobianos: Tratamento ambulatorial: Claritromicina ou quinolona (Levofloxacimo, Moxifloxacino ou Ciprofloxacino). Realizar cultura de escarro, adequadamente colhido e processado, quando necessário: 10 a 14 dias. Às vezes: até 6 semanas, nos casos de recorrência. Paciente que necessita internação: betalactâmico anaerobicida (Cefepima, Pip/tazobactam ou carbapenêmico). Se necessário, realizar cultura do escarro. Esquemas conforme o agente etiológico Para P. aeruginosa: além de droga adequada por via sistêmica, há citação de se acrescentar aminoglicosideo por via inalatória (Gentamicina, 40 mg 2 x/dia ou Tobramicina 300 mg, 2 x /dia, por 4 semanas ou Polimixina) Para H. influenzae ou M. catarrhalis, Amoxicilina/Clavulanato ou Cefalosporina de 2ª. Ou 3ª. Geração ou Quinolona respiratória. Micobactéria atípica: Claritromicina 500 mg, VO, 2x/dia+Etambutol 15-25 mg/kg/dia, VO + 1 x/dia + Rifampicina 600 mg 1 x/dia (OU Rifabutina 300 mg, VO, 1 x/dia ); duração do tratamento: 12 a 18 meses, Aspergilose broncopulmonar alérgica: corticóide inalatório 2 x/dia + Itraconazol VO Outros itens do manejo clínico: fisioterapia respiratória, incluindo cinesioterapia e drenagem postural; mucolítico (Bromexina, 30 mg, VO, 3 x/dia); broncodilatador e corticóide, via inalatória (resultados não bem estabelecidos); DNAase recombinante humana, 2,5 2 x/dia, em paciente com cor pulmonale descompensado (?) Indicações cirúrgicas: processos bem localizados ou quando levam manejo clínico falha. Embolização de artéria brônquica ou cirurgia em face de hemoptise maciça. Profilaxia das exacerbações infecciosas: proteção vacinal contra gripe e Pneumococo; uso de Azitromicina 500 3 x /semana, por, pelo menos, 6 meses; OU cursos de antibiótico, conforme o agente etiológico, de 4 semanas) OU pulsos de antibióticos, IV, 2 – 3 semanas, com intercalados por períodos de 4-8 semanas (este último esquema embora reduza a produção e a “purulência “ do esputo, não teria impacto quanto à função pulmonar, frequência de exacerbações e redução da mortalidade INFECÇÕES RESPIRATÓRIAS ALTAS As recomendações a seguir se destinam a pacientes sem condição mórbida prévia, ou seja, sem doença pulmonar crônica (DPOC, bronquietasias, fibrose pulmonar) ou imunocoprometimentos (insuficiência renal, SIDA/HIV, leucemias, linfomas, mieloma múltiplo, uso de drogas imunossupressoras etc.). BRONQUITE AGUDA NÃO COMPLICADA - é inflamação autolimitada dos brônquios, causando tosse com ou sem expectoração, durando até 6 semanas, com sintomas sistêmicos leves, geralmente causada por vírus ou, menos frequentemente, por Mycoplasma pneumoniae, Chlamydophila pneunomiae, podendo também sê-lo por Bordella pertusis. A presença do esputo ou mesmo a sua mudança de cor não significa necessariamente etiologia microbiana ( a purulência pode ser devida à presença de células epiteliais descamadas). HÁ NECESSIDADE DE SE EXCLUIR PNEUMONIA, pela ausência de dados clínicos (taquicardia, taquipneia febre de grau variado e alterações do exame físico dos pulmões ou dos achados radiológicos). NÃO HÁ INDICAÇÃO DE ANTIBIÓTICO, cabendo apenas medicamentos sintomáticos, a menos que haja comprovação ou grande suspeita de pneumonia bacteriana. FARINGITE: dor de garganta, odinofagia, ausência de sintomas sistêmicos, geralmente não está indicado antibiótico, posto ser a etiologia geralmente viral( rhinovirus, coronavirus, adenovirius, herpes simplex, parainfluenza, enterovírus, vírus Epstein Barr, citomegalovírus). Há tosse, congestão nasal, pode havia disfonia e diarreia, bom como úlceras ou vesículas no orofaringe. Não há indicação de antibiótico, exceto em caso de etiologia estreptocócica (febre persistente, calafrios, sudorese noturna, linfadenomegalia cervical, exsudato amigdaliano ou edema de amigdalas, podendo haver exsudato cutâneo escarlatiniforme). Deve-se pesquisar etiologia por Estreptococo do grupo A (exame rápido para detecção do antígeno ou cultura) e, neste caso, é indicado o uso de antibiótico. Utiliza-se um betalactâmico (Penicilina V 500.000 UI, oral, 2 a 3 vezes ao dia, por 10 dias ) OU Amoxicilina500 mg a cada 12 ou 8 horas por 10 dias OU Penicilina Benzatina 1.200.000 UI, dose única, via intramuscular ). Há informação de que Fusobacterium necrophorum pode responder por 10 a 20% de casos de faringite em adolescentes., para o que é indicado o uso de Amoxicilina/Clavulanato OU Amplicilina/Sulbactam. Para pessoas com alergia a penicilina, SEM ANAFILAXIA: Cefalexina 500 mg 2 x /dia, 10 dias OU Cefadroxila 500 mg 2x/dia, 10 dias. Para pessoas com história de ANAFILAXIA, usar Clindamicina 300 mg 3 x/dia, ´por 10 dias OU Azitromicina 500 mg, VO,/dia, por 5 dias OU Claritromicina 250 mg 2 x ao, por 10 dias. RINOSSINUSITE AGUDA – é geralmente autolimitada, de etiologia viral, alérgica ou por um irritante que cause inflamação da mucosa nasal ou dos seios paranasais. Os sintomas incluem congestão e obstrução nasais, coriza que pode ser purulenta, dor na arcada dentária ou na face, febre, fadiga, tosse, hipoosmia ou anosmia, sensação de pressão ou plenitude nos ouvidos, cefaleia e halitose. A maioria dos sintomas cede em uma semana, sendo que, na grande maioria das vezes, a prescrição de antibiótico nestes casos é desnecessária. O tratamento de formas não complicadas inclui irrigação nasal com solução salina, podendo se acrescentar corticoide tópico. Pode haver, em menos de 2% dos casos, infecção bacteriana SECUNDÁRIA, resultante de obstrução do óstio de uma seio paranasal, o que leva ao crescimento bacteriano. As principais bactérias são Pneumococo, H. influenzae, S.pyogenes, M. catarrhalis e anaeróbios. A comprovação da etiologia bacteriana e respectiva identificação se faria através de punção do seio da face e aspiração da secreção purulenta, o que é raramente realizado. Radiografia, com sensibilidade de 90% tem sensibilidade de apenas 61%, não se prestando para distinguir uma causa bacteriana de uma viral, posto terem ambas aspectos semelhantes. Para o diagnóstico da complicação bacteriana, há que se valer de alguns dados clínicos, como a persistência dos sintomas por 10 dias ou mais, febre alta, secreção nasal francamente purulenta, dor facial durando mais do que 3 dias e o agravamento do quadro após um período inicial de melhora. Quanto à terapia antimicrobiana pode-se usar Amoxicilina 500mg 3 x ao dia OU Amoxicilina/Clavulanato(na suspeita de bactéria resistente ao betalactâmico). Em paciente alergico ou com história de anafilaxia, usa-se Doxiciclina 100 mg 2 x / dia, por 5 a 7 dias OU Levofloxaciono 500 mg / dia 5 a 7 dias OU Moxifloxacino 400 mg /dia por 5 a 7 dias. RESFRIADO COMUM E INFECÇÕES RESPIRATÓRIAS ALTAS NÃO INESPECÍFICAS – é uma condição comum benigna e autolimitada, podendo persistir por até 2 . Há esternutos, coriza, dor de garganta, tosse, febre baixa, cefaleia e hipodinamia. Os sintomas dependem da resposta inflamatória do hospedeiro a determinado tipo de vírus. Os agentes etiológicos mais comuns são: rinovírus (>50%), coronavirus (10 a 15%),influenza (5 a 15%), vírus sincicial respiratório (5%) parainfluenza (5%) e, menos comumente, adenovírus, metapneumovirus e outros. Há sazonalidade no surgimento da infecção, sendo que os vírus podem ser transmitidos por contato pelas mãos (principalmente, daí a grande importante de higienização das mãos) ou superfícies contaminadas e perdigotos eliminados pelo espirro ou tosse. O tratamento é sintomático, NÃO CABENDO USO DE ANTIBIÓTICO. Pode-se usar analgésico, anti-histamínico, ingestão pródiga de líquidos, antitussígeno, instilação nasal de solução salina e se necessário ipatrópio e cromoglicado de sódio. Há citação do benefício da ingestão de comprimidos contendo zinco, se feita dentro das 24 horas do início dos sintomas. Não há evidência para uso de vitamina C ou fitoterápicos. RINOSSINUSITE AGUDA COMPLICADA:Ceftriaxona IV, 50 mg por kg/peso em 2 doses. RINOSSINUSITE CRÔNICA COMPLICADA: Ceftriaxona IV+ Metronidazol IV (criança: 20 mg por kg/peso/dia em 3 doses; ad: 400 mg de 8/8h RINOSSINUSITE PÓS-ENTUBUBAÇÃO: (carbapenêmico ou outro belactâmico conforme a epidemiologia microbiológica do luar) + Vancomicina RINOSSINUSITE CRÔNICA (microbiota variada: S. aureus, anaeróbios e P.aeruginosa em pacientes com fibrose cística): Clindamicina ou Cefuroxima + Metronidazol. Se associada com Fibrose cística: Ciprofloxacina. Se necessário encaminhar ao ORL.. Na forma agudizada, tratar como rinossinusite aguda RINOSSINUSITE CRÔNICA COMPLICADA: Ceftriaxona IV+ Metronidazol IV (cça: 20 mg por kg/peso/dia em 3 doses; ad: 400 mg de 8/8h. INFECÇÕES DE OUVIDOS E MASTOIDES OTITE EXTERNA AGUDA: gotas otológicas ( cloranfenicol ou ciprofloxacino). Nos casos mais intensos: Cefalexina VO (cça:40 mg por kg de peso/dia em 4 doses/7 dias: ad: 500 mg VO 4 vezes/dia/7 dias). OTITE EXTERNA MALIGNA OU NECROTIZANTE(Pseudomonas, principal agente, geralmente afetando paciente com DM, SIDA, imunossuprimidos em geral, idoso): Ciprofloxacino IVV 400 mg q12h, por 3 semanas, seguido por VO por mais 3 ou 4 semanas. Considerar o perfil do agente causal ou se basear na epidemiologia microbiana do lugar. OTITE EXTERNA MICÓTICA (Candida albicans, Aspergilus niger e flavus): gotas otológicas (Tioconazol 1% ou Ciclopiroxolamino). Se coexistir com perfuração na membrana do tímpano (MT): Itraconazol 100 mg/dia ou Fluconazol 10 mg/dia (dose inicial: 200 mg em ambos). PROFILAXIA DAS OTITES EXTERNAS DOS NADADORES: Solução alcoolica de ácido acético a 2% (4 a 5 gotas após os banhos de imersão). [em farmácia de manipulação]. Otite Média Aguda (OMA) Indicações para antibioticoterapia: menores de 6 meses de idade; crianças de até 2 anos com febre alta e/ou dor intensa e/ou persistência dos sintomas depois de 48-72 h com tratamento sintomático; e outras doenças predisponentes a OMA (fenda palatina, alguns transtornos genéticos ou outras doença imunodepressoras) Esquemas: paciente sem uso recente de ATM: Amoxicilina VO: 50 mg/kg de peso/dia em 3 doses /10 dias. Se uso ATB no último mês: Amoxicilina/Clavulanato; se alérgicos: Claritomicina ou Azitromicina (v. esquemas anteriores).Se falha terapêutica com os ATMs anteriores (Pneumococo resistente): Ceftriaxona IM. Em paciente sob ou após entubação nasotraqueal, a partir de 48 hs (P. aeruginosa ou outro MO resistente): Cefepima OU outro ATM pseudomonicida. OTITE MÉDIA CRÔNICA (OMC) Infecção polimicrobiana (P. aeruginosa, Proteus sp, S. aureus, anaeróbios): Amox/Clavulanato/21 dias ou Ciprofloxacino 21 dias. Geralmente cirúrgico. MASTOIDITE É uma complicação da OMAou da OMC. Complicação da OMA: Ceftriaxona IV (hospitalar) Complicação da OMC: Cefepima + Oxacilina IV + Metronicdazol IV (hospitalar) ENCAMINHAMENTO AO ORL CAPÍTULO VI DOENÇAS INFECCIOSAS DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL MENINGITE BACTERIANA AGUDA Diagnóstico: punção lombar se possível nos primeiros 30 minutos depois do atendimento. Se déficit neurológico focal, edema de papila ou alteração do nível de consciência realizar TC de crânio antes da punção liquórica. Achados no LCR: Geralmente, verifica-se pleocitose neutrofílica, mas em alguns casos (especialmente na meningite meningocócica), pode haver baixa celularidade no líquor inicial (com predomínio de linfócitos). Proteína: geralmente elevada (> 220 mg); glicose: baixa (< 34mg). Exames para identificação dos agentes microbianos: culturas e coloração pelo Gram do líquor; antígenos; sorologia; PCR, hemoculturas. Antibioticoterapia precoce e racional, mesmo antes da realização do estudo do líquor, se tal não puder ser analisado precocemente ou o estado clínico do paciente for grave. Esquema antimicrobiano, com base na epidemiologia do paciente: -Adulto, entre 18 a 50 anos (Meningococo ou Pneumococo)à Ceftriaxona 2 g, q12h+ Vancomicina 1 g, EV, 12/12 h; acrescentar dexametasona 0,15 mg/kg 6 em 6 h,4 dias. - RN < 1 mês, adultos > 60 anos, gestantes e imunodeprimidos, à acrescentar Ampicilina 2 g EV 6/6 h, em face das possibilidade de infecção por Listeria - Presença de shunt, trauma ou manipulação cirúrgica (S. epidemidis ou S aureus ou BGN)à Vancomicina 2 g (ou 30 mg/kg/dia, divididos em 2 ou 3 doses)+ Cefepima 2gq8h ou Meropenem 2 gq8h. Opção à Vancomicina: Linezolida . Evitar Teicoplanina, pela sua baixa penetração no SN Tratamento após identificação do MO no líquor + TSA: Meningococo à Penicilina G, 250.000-400.000 UI/kg/dia (se sensível) ou Ceftriaxona 2 g.q12h(7 dias) Pneumococo à Penicilina G ou Ceftriaxona (dependente do MIC) e se, cepa resistente aos betalactâmicos, associar Vancomicina S. aureus à Oxacilina 200/kg/dia ou Vancomicina 40-60mgkg/dia-ambos 21 dias Listeria à Ampicilina 2 g q6h(14-21 dias) + Aminoglicosideo, 3 dias H. nfluenzae à Ceftriaxona 2g q12h ou Cefepima (doses acima) P.aeruginosa: Cefepima ou Meropenem, 2 gq8h) Considerar acrescentar ATM via intra-tecal BGN multirresistente) Se iHIV/SIDA à considerar, TAMBÉM: Criptococo, BK,Listeria , Sifilis . Se Toxoplasma) à tratar de acordo. Em outros estados de imunodepressão, pensar também em fungo e em microrganismo multirresistente à basear-se em cultura e TSA MENINGITE CRÔNICA(BK, Criptococo,, Lyme, Neoplasia, Sífilis, Whipple) MENINGITE TUBERCULOSA - Ocorre mais frequentemente em crianças e adultos debilitados e imunodeprimidos. Exame físico: pode ser inconclusivo; meningite basilar pode produzir hidrocefalia, paralisia de nervos cranianos, ou arterite das pequenas artérias penetrantes do tronco cerebral. As sequelas são comuns. LCR: pleocitose moderada (<300 leucócitos / mm3), predomínio de linfócitos. Proteinorraquia elevada e glicorraquia baixa. Culturas podem levar de 4 a 8 semanas. PCR ( reação em cadeia da polimerase)pode dar o diagnóstico rapidamente , mas há casos de falso-negatividade. Tratamento: Rifampicina + Isoniazida + Pirazinamida + Etambutol ( 2 meses), seguindo-se Rifampicina + Isoniazida por mais 7 meses. No paciente imunossuprimido, o tratamento pode ser estendido até completar 18 meses, dependendo da resposta clínica. Associar Prednisona 1 mg/kg/dia, por 4 semanas. Discutir com profissional c/experiência. ABSCESSO CEREBRAL (Estreptococo, Bacteroides, Enterobactérias, Estafilococo, Nocardia) Ocorrência: pode resultar de extensão direta de infecção parameníngea (otite ou e sinusite) ou por disseminação hematogênica (a causa mais comum é doença pulmonar, especialmente bronquiectasia); outras causas: cardiopatia cianótica congênita e malformações arteriovenosas pulmonares. Aspectos clínicos: na fase aguda, há cerebrite , com febre e cefaléia; os sinais focais vêm a seguir; a febre pode ceder antes da cura. TC ou RNM: essenciais LCR: pouco expressivo Terapia empírica : Ceftriaxona 2 g EV q12h+Metronidazol 500 mg q6h. Abordagem cirúrgica deve ser considerada, exceto nos casos de abscessos múltiplos ou de difícil localização ou quando a condição clínica do paciente não permitir. ENCEFALITE OU MENINGOENCEFALITE(H.simplex, arbovirus,raiva, Listeria, outras) . Quadro clínico: sintomas e sinais de disfunção cerebral (depressão, convulsões, alterações do sensório, convulsões, alucinações olfativas; o deficit mnésico pode persistir como seqüela, após a cura da infecção ) LCR: número moderado de células; glicorraquia geralmente normal; proteinorraquia pouco elevada ou normal. Pode haver presença de hemácias na encefalite herpética necrohemorrágica. Terapêutica: precoce, com Aciclovir, EV, 10 a 12 mg/kg, EV 8/8 h – 14 a 21 dias MENINGITE“ASSÉPTICA” (enterovírus, HSV-2, outros vírus, Leptospira, medicamentos: AINE, metronidazol, TMP/SMX, IVIG, contrastes ), carcinomatose, quimioterápicos. MENINGITE CRIPTOCÓCICA Quadro clínico: pode ser insidioso, evoluindo para deterioração do sensório, paralisia de nervos cranianos e disfunção do tronco cerebral, secundária a arterite. LCR: pode semelhante ao da meningite turberculosa. O fungo pode ser visto na preparação de tinta da China e pode crescer em cultura. Exames sorológicos podem auxiliar. Tratamento : Fase de indução : Anfotericina B, 0,7-1 mg/kg/dia + 5-Fluorocitosina 100mg/kg/dia por 15 dias, repetindo-se nova coleta de LCR. Se LCR alterado ou persistindo sinais de hipertensão intracraniana, continuar esquema com Anfotericina B, por 1-2 semanas. Fase de manutenção: Fluconazol 400 a 800 mg/dia por 4- 8 meses. Para casos refratários, considerar uso de Anfotericina B intratecal. MENINGITE GRAVE, onde a etiologia não está comprovada nem fortemente suspeitada, usa-se uma esquema amplo (Vancomicina+Ampicilina+Ceftriaxona +Aciclovir, VACA) INFECÇÕES ASSOCIADAS COM DERIVAÇÃO VENTRÍCULO-PERITONIAL (DVP) . A maioria ocorre nos primeiros 6 meses, após a inserção do dispositivo .Suspeitar da referida infecção sempre que o paciente apresentar febre . Diagnóstico: cultura e exame quimiocitológicos do líquor, colhido através do reservatório da DVP; TC de crânio. Na suspeita de pseudocisto abdominal, fazer US ou TC do abdome. Tratramento Retirar a DVBP e inserir derivação externa (DVE) Colher o líquor. Iniciar Vancomicina + Cefepima; adequar esquema conforme cultura do líquor. Após 14 dias de tratamento, se líquor normal, fazer reinserção da DVP; mais 7 dias de ATM. CAPÍTULO VII INFECÇÕES GENITAIS VULVOVAGINITES Definição: manifestações inflamatórias e/ou infecciosas do epitélio estratificado da vulva e/ou vagina. Deve-se sempre tentar diferenciar da descarga vaginal fisiológica. Agentes Etiológicos: #Infecciosos: fungos, bactérias anaeróbicas e Trichomonas #Não Infecciosos: vaginite descamativa inflamatória, vaginite citolítica, vaginite por corpo estranho, vaginite alérgica, vaginite traumática, vaginite atrófica e vaginite actínica. Candidíase: Candida albicans( 87%) ou espécies de C. glabrata, C. tropicalis eC. parapsilosis). Fatores predisponentes: • Gestação • Diabete mellitus • Uso de antibiótico de largo espectro • Uso de imunossupressores • Doenças crônicas, neoplasias, infecção pelo HIV • Hábitos alimentares e de vestimentas • Alterações imunológicas e reações alérgicas Diagnóstico: Sintomas: • Secreção vaginal branca, espessa, sem odor (tipo “leite coalhado”) • Prurido intenso • Ardência vaginal • Disúria externa • Dispareunia superficial Exame ginecológico: • Corrimento grumoso, aderido às paredes vaginais • Hiperemia da vagina e vulva • Edema • Escoriações na vulva Exames complementares: • pH vaginal normal (< 4,5) • Exame, a fresco, com KOH 10%, para visualizar hifas e pseudo-hifas ramificadas e brotamentos • Cultura em meio de Sabouraud ou de Nickerson • Bacterioscopia / Gram Tratamento: # Mudanças de hábitos: evitar roupas sintéticas, apertadas e molhadas; evitar sabonetes e cremes vulvovaginais que não respeitam o pH fisiológico, perfumados ou irritantes; evitar substâncias cítricas, laticínios e açúcar. # Asseio vaginal com bicarbonato de sódio na proporção de 1 colher em 500ml de água. # Opções de medicamentos por via oral: • Cetoconazol 200mg VO 12/12h por 5 dias • Itraconazol 200mg VO 12/12h por 1 dia • Fluconazol 150mg VO em dose única # Opções por via vaginal: • Butoconazol 2% • Miconazol • Clotrimazol • Tioconazol • Terconazol • Fenticonazol • Isoconazol • Nistatina, por 10 a 14 dias (escolha para pacientes gestantes ou com suspeita de acometimento por espécies não-albicans) Observações: Pacientes assintomáticas não necessitam de tratamento. Casos complicados são definidos por sintomas severos ou recorrentes, por outras espécies de Candida ou hospedeiro com resposta imunobiológica inadequada. Não há necessidade de tratar o parceiro, a não ser que o mesmo apresente queixas. Para quadros não complicados usar tratamentos, em dose única, ou por curtos períodos. Não há superioridade entre as vias oral e vaginal. Para quadros complicados, usar esquemas mais prolongados, como creme vaginal, por, no mínimo, sete dias, ou múltiplas doses de Fluconazol (150mg a cada 72h, 3 doses). Casos persistentes: geralmente são causados por outras espécies e acometem hospedeiras imunocomprometidas ou na perimenopausa. Casos recorrentes: são definidos por quatro ou mais episódios sintomáticos, em um ano, e geralmente se devem à C. albicans. O tratamento deve ser feito para controle do quadro agudo, por 10 a 14 dias, seguido de regime supressivo, por, pelo menos, seis meses, com Itraconazol, 400mg/semana, ou Fluconazol , 150mg/semana. Vaginose Bacteriana A desordem mais frequente do trato genital inferior, está associada à perda da flora vaginal normal (Lactobacilos), em detrimento de bactérias vaginais patogênicas, principalmente as anaeróbicas (Gardnerellavaginalis, Mycoplasmasp, Mobiluncussp, Bacteroides sp e Prevotellasp). Fatores predisponentes: uso indiscriminado de antibióticos, diafragma, espermicidas, anel vaginal, tampões retidos, duchas constantes, “adereços sexuais” e o próprio coito, dentre outros. Diagnóstico:(Critérios diagnósticos de Amsel, 1983) • Corrimento vaginal, homogêneo, branco-acinzentado, com odor fétido (especialmente após relação sexual ou após o período menstrual) • pH> 4,5 • Teste do KOH10% (ou teste das aminas ou Whifftest) positivo • Exame a fresco com visualização de cluecells Opções terapêuticas: # Por via oral: • Tinidazol2g VO em dose única • Secnidazol2g VO em dose única • Tianfenicol 2,5g VO em dose única • Clindamicina 300mg VO 12/12h por 7 dias • Metronidazol 400mg VO 8/8h por 7 dias # Por via vaginal: • Metronidazol • Clindamicina #Asseio vaginal com ácido acético, a 1 ou 2% (vinagre) #Asseio vaginal, com ácido acético, a 1 ou 2% (vinagre) Observações: Pacientes gestantes sintomáticas devem ser tratadas, a partir do 2° trimestre (metronidazol, clindamicina ou tinidazol, por 7dias), para prevenção de parto prematuro. Durante a lactação, pode-se tratar, com dose única, com o cuidado de suspender a amamentação por 24h. Não é necessário tratar os parceiros, exceto em casos recidivantes. Nesses casos, para as pacientes, prefere-se a combinação das vias vaginal e oral. Antes de cirurgias ginecológicas, recomenda-se tratar as mulheres, mesmo que assintomáticas. Tricomoníase Causada pelo Trichomonas vaginalis, é sexualmente transmissível. Pode acometer o colo do útero, causando uma cervicocolpite e dando um aspecto de colo em morango ou framboesa. Há reação inflamatória intensa, podendo haver, inclusive, alterações nucleares, evidenciadas na citologia oncótica. Diagnóstico: Sintomas: • Secreção vaginal intensa, amarelo-esverdeada, fétida, bolhosa • Prurido/irritação vaginal • Dispareunia e sinusiorragia • Sintomas urinários Exame ginecológico: • Hiperemia multifocal e edema da mucosa cervico-vaginal (aspecto de framboesa) • pH> 5,0 • Exame a fresco, com visualização do parasita • Bacterioscopia: Gram negativo e numerosos PMNs • Cultura em meio de Diamond • Presença do parasita, no exame corado (Giemsa) Tratamento: # Opções por via oral: • Secnidazol 2g VO em dose única • Tinidazol 2g VO em dose única • Metronidazol2g VO, dose única ou 250mg VO 8/8h , por 7 dias ou 400mg VO 12/12h por 7 dias # Opções por via vaginal: • Óvulos ou cremes de imidazólicos: coadjuvante no alívio dos sintomas Observações: Pacientes gestantes sintomáticas devem ser tratadas a partir do 2° trimestre, também com a preferência pela via oral. Durante a lactação, pode-se tratar com dose única, com o cuidado de suspender a amamentação por 24h. Sempre devemos tratar os parceiros e orientar a suspender a atividade sexual durante o tratamento. DOENÇA INFLAMATÓRIA PÉLVICA (DIP) Espectro de distúrbios inflamatórios do trato genital feminino alto, incluindo qualquer combinação de: Endometrite, Salpingite, Abcesso tubo-ovariano e peritonite pélvica. É uma síndrome clínica aguda, de disseminação ascendente dos microorganismos (da vagina e endocérvice para endométrio, tubas uterinas e estruturas contíguas). Etiologia: 1. Microorganismos de transmissão sexual: Neisseria gonorrhoeae e Clamydia trachomatis 2. Microorganismos da flora vaginal: Anaeróbicos, G. vaginalis, H. influenzae, Gram negativos intestinais e Streptococcus agalactiae 3. Microrganismos mais raros: C MV, M. hominis e U. urealyticum Diagnóstico diferencial Causas ginecológicas Aborto séptico Gravidez ectópica Rotura ou torção de cisto de ovário Sangramento do corpo lúteo Endometriose Degeneração de miomas Causas não ginecológicas Apendicite Diverticulite Linfadenite mesentérica Obstrução intestinal ITU Litíase renal Estadiamento ESTÁGIO 0: infecção ginecológica baixa , associada a endometrite ESTÁGIO 1: salpingite, sem peritonite ESTÁGIO2: salpingite, com peritonite a. Infecção monoetiológica b. Infecção polimicrobiana ESTÁGIO 3: salpingite aguda, com ooforite a.Oclusão tubária b.Complexo tubo-ovariana ESTÁGIO 4: ruptura do complexo tubo ovariano Manifestações comuns (tríade): 15-30% dos casos com tríade clássica 50% , inicialmente afebril, sem leucocitose 75% com infecção endocervical e corrimento purulento Náuseas e vômitos Sangramento vaginal: 40% Dor em baixo ventre (hipogástrio) :+ comum; 90% no início; constante, causada e piorada com coito; início recente (< 7 dias) Hipersensibilidade à mobilização cervical Hipersensibilidade anexial Febre Descarga vaginal (corrimento amarelado). Manifestações incomuns: Perihepatite gonocóccica – Sindrome de Fitz-Hugh-Curtis 1-10% Disseminação vascular ou transperitoneal (dor no QSD, dor pleurítica) Exames Laboratoriais ( sensibilidade e especificidade baixas) 1. Leucocitose:< 50% com Leucócitos > 10.000 cels./ml; nem sempre presente na DIP aguda e sem relação com gravidade 2. VHS> 15 mm/h; não específico; fraco indicador de severidade; 50% elevado em dor pélvica sem DIP 3. Proteína C reativa: mais sensível e específica 4. Exame da endocérvice para: leucócitos coloração por Gram e cultura para gonococo e clamídia, se negativos não descartam DIP aguda Diagnóstico clínico de DIP aguda: a) Critérios mínimos: 1. Hipersensibilidade uterina ou anexial 2. Hipersensibilidade à mobilização cervical b) Critérios adicionais: Tentativa de a especificidade 1. Temperatura > 38 °C 2. Corrimento vaginal ou cervical mucopurulento 3. Leucócitos no conteúdo vaginal 4. VHS elevado 5. Proteína C reativa elevada Comprovação laboratorial de infecção cervical, com N. gonorreia ou C. Trachomatis c) Critérios mais específicos: 1. Biopsia endometrial com evidência histopatológica de endometrite 2. USG transvaginal mostrando: espessamento, conteúdo líquido tubário, com ou sem líquido livre no fundo de saco, ou massa anexial tubo-ovariana 3. Achados laparoscópicos consistentes com DIP. Considerar o diagnóstico de DIP e tratar em todas as pacientes com hipersensibilidade pélvica + sinais de inflamação do trato genital baixo Ultrassonografia: Se sintomas leves: ruim Não se indica de rotina Indicação: na pesquisa de abscessos( pacientes não responsivas ao tratamento após 48-72 h) Laparoscopia: .Método mais acurado para confirmar o diagnóstico . Importante na exclusão de outros diagnósticos e emergências .Logística e economicamente difícil Diagnóstico clínico x Laparoscopia Clínica sugestiva de DIP 65% com evidência visual de DIP 23% com achados normais (Fase inicial da DIP ?) 12% outra doença Achados mais importantes, à laparoscopia: Eritema, endurecimento, edema de tubas Lojas de pus Extensa piossalpinge e abscesso tubo-ovariano Desvantagens: Nem sempre disponível Pode não detectar endometrite e algumas salpingites agudas Tratamento da DIP Consenso: Causa Polimicrobiana ATB de amplo espectro Cobertura ATB para: Gonococo Clamídia Anaeróbios Gram-negativos facultativos Estreptococo Quando iniciar ? Assim que se faça o diagnóstico presuntivo; quanto mais cedo, maior a prevenção das sequelas Critérios de Hospitalização: 1. Quando se exclui uma emergência cirúrgica (p.ex.: Apendicite) 2. Gravidez 3. Não resposta à terapia oral 4. Não se pode seguir o paciente, ambulatorialmente 5. Paciente com quadro clínico grave ( náuseas, vômitos, febre...) 6. Abscesso tubo-ovariano Parenteral ou oral? Maior tendência: parenteral por 24-48 h; se melhora clínica, continuar com droga, apenas, VO, por 14 dias (Doxiciclina 100mg VO 12/12h) Tratamento Ambulatorial Tratamento oral: Reavaliar em 48-72 h; se não melhora clinicamente: terapia parenteral Internação ? Primeira linha: Clindamicina 900 mg EV 8/8h + Gentamicina EV ou IM 2mg/kg de peso, seguido por dose de manutenção de 1,5 mg/kg de peso, 8/8 h, ou, em dose única, 3-5mg/kg/dia Segunda Linha: Ampicilina/Sulbactam, 3g EV de 6/6h+Doxiciclina 100mg vo 12/12hOucombinada(curso de 12 dias de Metronidazol (500 mg EV 1 ou 2 doses, seguida por 250 mg oral por 5–6 dias) Se abscesso tubo-ovariano:Clindamicina ou Metronidazol + Doxiciclina (14 dias) Conduta com parceiros Se contato sexual nos 60 dias precedendo sintomas: examinar e tratar parceiros Azitromicina 1g vo dose única Ciprofloxacina 500mg vo dose única Paciente deve ter melhora clínica em 3 dias . defervescência . na dor à palpação e descompressão . na hipersensibilidade uterina, anexial e cervical Se persistir com os sintomas, proceder assim: Hospitalização Exames diagnósticos adicionais Intervenção cirúrgica ? CAPÍTULO VIII USO DE ANTIMICROBIANOS E INFECÇÕES EM OBSTETRÍCIA Quadro I Classificação dos antibióticos de acordo com o grau de risco na gravidez (FDA) Categoria Descrição A Sem risco fetal humano B Sem evidência de risco fetal humano; possível evidência de toxicidade fetal animal C D X Risco fetal humano desconhecido ou evidência definitiva de toxicidade fetal animal Risco fetal verificado; benefícios potenciais justificam o uso quando não há alternativa disponível mais segura O risco fetal humano sobrepõe-se aos potenciais benefícios Contraindicado para uso na gravidez Quadro II Antibióticos Uso na gestação Uso (categoria lactação FDA*) (OMS)** Aminoglicosídeos Amicacina, Gentamicina, Netilmicina, Tobramicina, Estreptomicina D S ß-lactâmicos Penicilinas, penicilina com inibidor de ßlactamase, cefalosporinas, B S na Comentários • Se uso inevitável preferencial gentamicina, pois há mais estudos de seu uso durante a gestação, sem relatos de teratogenicidade • Compatível com aleitamento materno • Reação alérgica é o principal problema: indução de parto prematuro por liberação de histamina • Pequena excreção no leite materno: possíveis efeitos para o neonato como modificação na flora intestinal e reações alérgicas • Ticarcilina: pode ser teratogênica para roedores, devendo ser evitadas em gestantes • Piperacilina: usada entre 24 e 35 semanas em ruptura prematura de membranas: não foram observados efeitos adversos maternos ou fetais. Pouco excretada no leite e considerada compatível com amamentação • Em estudo com grande número de pacientes, o uso de amoxacilina-clavulato foi Imipenem-cilastatina C ND Meropenem B ? Cloranfenicol Clindamicina Linezolida C B C E E Macrolídeos Eritromicina, Azitromicina B Espiramicina Claritromicina C Metronidazol B E associado com uma taxa significativamente alta de enterocolite necrotizante neonatal • Aztreonam: estudos inconclusivos no 1º trimestre da gestação: potencial teratogênico não estabelecido • Carbapenens: estudos animais não demonstraram teratogenicidade, mas aumento de abortos espontâneos • Não encontramos na literatura estudos que expliquem a diferença na categorização entre meropenem e imipenem • • Sd do bebê cinzento: Fígado do RN não faz a conjugação da droga: altas concentrações de droga livre • Eritomicicina: - Não utilizar a formulação estolato devido ao riso de hepatotoxicidade - Compatível com amamentação • Espiramicina: - Difusão pela placenta é incomum, entretanto se concentra na placenta e alcança concentrações suficientes para diminuir a transmissão de toxoplasmose - Não trata o feto infectado - Ausência de relatos de alterações fetais - Excretado no leite materno em concentrações bacteriostáticas • Claritromicina - Poucos estudos e resultados contraditórios: - Passagem pela placenta em grandes quantidades - Base fraca, com concentração no leite materno podendo ter efeitos no TGI do RN • Incompatível com aleitamento materno Nitrofurantoína Polimixinas B C S Quinolonas Ciprofloxacino, Ofloxacino, Levofloxacino, Moxifloxacino, Norfloxacino C E Ácido nalidíxico Sulfametoxazol/Trimetropina E C Ver comentários • Ausência de relatos de efeitos teratogênicos • Seguro mesmo no 1º trimestre • Evitar uso próximo ao parto (risco de anemia hemolítica em RN com deficiência de G6PD) • Compatível com a lactação, mas a OMS recomenda evitar uso no 1º mês de lactação, em prematuros, deficiência de G6PD e icterícia • Alta concentração em líquido amniótico e sangue do cordão umbilical • Segurança do uso na gravidez é controverso: - Estudos em animais: desenvolvimento de artropatias e alterações ósseas e de peso em roedores. - Estudos em humanos: não houve demonstração de alterações articulares e estudos incluindo RN de mulheres expostas no 1º trimestre não mostraram aumento no risco de malformações • Concentrações menores passam para o leite materno. Ofloxacino e norfloxacino: menor concentração no leite materno • Não passa a placenta • Sem efeitos teratogênicos (animais/humanos) • Ação sobre ácidos nucleicos: evitar 1º trimestre da gestação • Não é recomendado na lactação • Indução de anemia hemolítica e depressão medular • Evitar em RN com deficiência de G6PD • Pode competir com a bilirrubina nos sítios de ligação de albumina, quando administrado no final da gestação: aumenta o risco de kernicterus • Pode causar anemia no RN devido à deficiência de G6PD Tetraciclinas Teicoplanina D ? Vancomicina C Uso gestação (categoria FDA*) C C C C C C C C B C Antiparasitários Albendazol Atovaquone Cloroquina Ivermectina Mebendazol Mefloquina Pentamidina Pirimetamina Praziquantel Quinidina • Sulfadiazina: evitar na amamentação, especialmente em < 1 mês • Cotrimoxazol: Compatível, evitar em prematuros e em <1 mês e deficiência de G6PD na Droga não aprovada pelo FDA • Potencial risco para ototoxicidade e nefrotoxicidade fetal • Sd do homem vermelho: grande liberação de histamina pode levar a contração uterina intensa podendo levar a parto prematuro ND Uso lactação (OMS)** S S S na Comentários S E ND S Monitorar hemólise, icterícia especialmente em prematuros e em Quinino X S <1 mês * Categoria A: Estudos controlados em gestantes não apresentaram risco fetal; portanto uso seguro; Categoria B: Estudos feitos em animais não demonstraram risco, porém não há estudos em humanos ou animais reprodutivos controlados demonstrando efeitos adversos; usar com cautela; Categoria C: Estudos em animais mostrando efeitos adversos (teratogênico, embriocida, etc.) e não há estudos em humanos ou não há estudos controlados em humanos e animais; só usar se o benefício justificar o risco; Categoria D: Há evidencia de risco fetal em humanos; só usar se o benefício eventualmente justifica o risco; Categoria X: Há demonstração em estudos animais e humanos de elevado risco de anormalidades fetais; droga contraindicada ** S: compatível com amamentação E: evitar durante amamentação ND: sem dados disponíveis RESUMO DAS RESTRIÇÕPES SOBRE ANTIBIÓTICOS EM OBSTETRÍCIA MACROLÍDEOS (ERITROMICINA, AZITROMICINA, CLARITROMICINA, ROXITROMICINA) O estearato de eritromicina tem sido administrado sem restrições a gestantes alérgicas à penicilina, no tratamento da sífilis. Com as doses terapêuticas usuais, concentrações séricas muito baixas são encontradas na circulação fetal. O estolato de eritromicina, que pode causar colestase; deve ser evitado durante a gravidez ( e ser substituído pelo estearato). Recém-nascido de mãe tratada de sífilis com eritromicina, durante a gravidez, deve receber benzilpenicilina. A excreção da eritromicina no leite materno é relativamente elevada, sem proporcionar, no entanto, uma concentração que exija suspensão da amamentação. A Azitromicina é mais segura que a Claritromicina durante a gestação. Estudos em animais não mostraram risco de teratogênese com o uso da Azitromicina. A Claritromicina mostrou toxicidade em animais, entretanto o benefício do uso pode exceder o risco em algumas situações. CLINDAMICINA - atravessa, rapidamente, a placenta e alcança níveis terapêuticos no feto. Até o presente, não se relatou efeito teratogênico atribuível à Clindamicina. A colite associada com o uso desse antimicrobiano não é mais comum durante a gravidez. No entanto, a administração de Lincomicina ou Clindamicina durante a gravidez deve ser limitada a indicações especiais, considerando-se a pequena experiência com seu uso em gestantes. GLICOPEPTÍDEOS - atravessam a barreira placentária e provocam concentrações terapêuticas no feto, mas sua experiência clínica em gestantes é pequena. O emprego da Vancomicina e da Teicoplanina, na gestante, justifica-se, nos casos de indicação precisa, como nas infecções por estafilococos resistentes à Oxacilina. A Vancomicina é uma droga tóxica e seu uso na gestante é acompanhado do risco de neurotoxicidade, que pode provocar alterações auditivas e nefrotoxicidade fetal. O mesmo ocorre com a Teicoplanina. TETRACICLINAS - podem causar várias alterações nesses tecidos. Estão demonstradas desde alterações da coloração dos dentes até hipoplasia da dentina. Outra importante justificativa para evitar seu uso durante a gravidez relaciona-se ao risco de determinados efeitos tóxicos, tais como necrose gordurosa aguda do fígado, pancreatite e lesão renal. As concentrações das tetraciclinas no leite materno são semelhantes às concentrações séricas, com ingestão de quantidades significativamente altas pelo lactente. Contudo, esses antimicrobianos são quelados pelo cálcio contido no leite materno e, provavelmente, não são absorvidos no tubo digestivo da criança que está recebendo aleitamento materno. Apesar disso, é preferível contraindicar a administração de tetraciclina a mulheres que estão amamentando. SULFAMETOXAZOL + TRIMETROPRINA - Trimetoprina, no início da gestação, traz o risco potencial de teratogênese; Sulfametoxazol apresenta os mesmos riscos de efeitos nocivos fetais das demais sulfas, sobretudo no final da gravidez; pode provocar defeitos congênitos, especialmente fenda palatina; é recomendável evitar o emprego da associação, durante a gravidez, sobretudo durante o primeiro e o terceiro trimestres. São exceções as situações clínicas nas quais o benefício do uso ultrapassa o risco potencial dos efeitos adversos para o feto, tais como a pneumocistose. FLUOROQUINOLONAS – embora tenham sido relatados casos esporádicos de artralgias em pacientes tratados com todas as quinolonas, esse efeito é transitório, e não foram observadas alterações articulares permanentes em adultos; a preocupação, quanto à possível lesão articular induzida pelas fluoroquinolonas, constitui a razão de contra-indicar esses antimicrobianos a gestantes e a crianças. METRONIDAZOL - seu uso em grávidas não tem sido acompanhado de aumento de defeitos congênitos.; atravessa a placenta e penetra, eficazmente, na circulação fetal; seu uso durante a gestação deve ter indicação precisa, não sendo recomendável no primeiro trimestre. USO DE ANTIFÚNGICOS E ANTIVIRAIS NA GESTAÇÃO E NA LACTAÇÃO INFECÇÕES MAIS COMUNS EM OBSTETRÍCIA Infecção do sítio cirúrgico Avaliação inicial: Ultrassonografia de partes moles e pélvica Coleta de material (se exsudação) , para bacterioscopia e cultura Avaliação clínica e exames complementares Terapeutica: . Casos leves : Tratamento local, com curativos e higienização de ferida. . Acometimento difuso e acentuado do TCSC sem comprometimento sistêmico: Amoxiclina/clavulanato OU Clindamicina 300 cada 6 h ou 600 mg cada 8 h (ambos VO) .Se houver resposta inflamatória sistêmica : Clindamicina 600 mg 6/6 h + Gentamicina 3-5 mg/kg/dia parenterais. Abordagem cirúrgica, c/ remoção do tecidos necróticos,e envio da amostra para bacterioscopia e cultura . Se houver fatores de risco para germe MRSA como : uso prévio de quinolonas, neutropenia, pustulose ; considerar Glicopeptideo. .Forma exsudativa/purulenta: Esquema anterior. CONSIDERAR ATM P/ USO HOSPITALAR .Celulite/fasciíte necrotizante :Penicilina 2.000.000 cada 4 h+Clindamicina 600 mg cada 6 h, podendo se associar Gentamicina OU Ceftriaxona ou ATM mais largo espectro. Infecção das membranas ovulares (corioaminionite) Definição : infecção de placenta, corioamnio ou decíduas no pós-parto Fatores de Risco : Ruptura prematura de membranas ovulares, múltiplos toques, colonização vagina por Streptococus do grupo B, tabagismo. Mocrobiologia : Polimicrobiana ( Germes de canal de parto e entéricos) – Bacilos gram negativos, anaerobios, enterococus, Mycoplasma genital. Conduta :Ampicilina 2 g a cada 6 h + Gentamicina 3-5mg/kg/dia SE paciente for submetida a parto Cesareano : Adicionar terapia para Anaeróbio com Clindamicina 900 mg 8/8 h ou Metronidazol 500 mg 8/8 h Segunda opção :Ampicilina + sulbactam 3,0 G 6/6 horas ou Ertapenem 1g 1x dia .Ambulatório: Amoxiclina/Clavulanato 500/125 cada 8 h Procedimento obstétrico, por via vaginal ou por via abdominal Endometrite Pós-Parto Definição : Infecção de decidua no puerpério, com ou sem miometrite ou parametrite. Fatores de Risco : Parto Abdominal, Rotura prolongada de Membranas, Multiplos Toques, Líquido Amniótico Meconial, Gravidez Pós-termo ou Pré-termo, HIV. Etologia : Polimicrobiana ( Germes de canal de parto e entéricos) – Bacilos Gram negativos, anaerobios, enterococus, Mycoplasma genital, Ureaplasma, Clostridium Perfrigens, Staphilococcus Aureus e Streptococcus Sp. Primeira Escolha : Clindamicina 900 mg 8/8 h + Gentamicina 5mg/kg/dia. (Considerar acréscimo de Ampicilina 2 gq4 h se presença de Gram + e ausência de melhora em 48 horas) Alternativas : Ampicilina + Sulbactam 3,0 g IV 6 /6h / Piperacilina + Tazobactam 4,5 g 6/6 h / Ertapenem 1 g 1x dia Se persistência de febre, após 48 h, semfoco extragenital: realizar toque vaginal novamente + imagem( USTV ou Tomografia ) e avaliar a possibilidade de abscessos restos necróticos placentários ou tromboflebite séptica pélvica Abortamento séptico Definição : Retenção de conteúdo do concepto após aborto, espontâneo ou induzido, com infecção secundária. Fatores de Risco : baixo nível socioeconômico, tabagismo, etilismo, uso de drogas, HIV, más condições de higiene, aborto induzido. Etiologia : Polimicrobiana ( germes de canal de parto e entéricos) – Bacilos Gram negativos, anaerobios, enterococus, Mycoplasma genital, Ureaplasma, Clostridium Perfrigens, Staphilococcus Aureus e Streptococcus Sp. Tratamento Estabilização + coleta de culturas ( sangue e secreção vaginal) Administraçãp precoce de ATB Primeira opção: Clindamicina 900 mg 8/8 h + Gentamicina 5mg/kg/dia+ Ampicilina 2 gq 4h Alternativas : Ampicilina + Sulbactam 3,0 g IV 6 /6h OU Piperacilina + Tazobactam 4,5 g 6/6 h OU Imipenem 500 - 1 g 6/6 Evacuar o foco : curetagem (prefere-se por sucção); se houver refratariedade ou mionecrose / abscesso considerar histerectomia Mastite puerperal Definição: Inflamação localizada e dolorosa associada a febre em mulher durante amamentação. Fatores de Risco: Mastite prévia, ingurgitação mamária, laceração mamilar. Microbiologia : S. Aureus ( Incluindo MRSA), raramente estreptococus, E.coli e e coagulasenegativo. Tratamento : sintomatico (compressas geladas e AINEs) e educação em técnica de amamentação Antibioticoterapia Oxacilina 2 g cada 4h 7 a 10 dias OU Clindamicina 600 mg cada 6 h – 7 a 10 dias. Tratamento ambulatorial: Cefalexina 500 mg 6/6h OU Clindamicina 600 mg cada 6 h (ambos via oral, por 7 -14 dias). Se instabilidade ou sepse grave – Vancomicina 20 mg/kg/ dose 12/12 h ou Linezolida 600 mg 12/12h ou Teicoplanina 400 mg 12/12 h Se não houver melhora em 48 horas avaliar possível Abscesso e germe MRSA Drenagem de coleção. ANTIBIÓTICOS EM INTERCORRÊNCIAS CLÍNICAS, NA GRAVIDEZ E NO PUERPÉRIO INFECÇÕES DO TRATO URINÁRIO – v. secção anterior PNEUMOMIA - a antibioticoterapia é direcionada, em geral, para Pneumonia Adquirida na Comunidade (PAC); as gravidas podem ser tratadas de forma segura com azitromicina ou azitromicina mais ceftriaxona em casos graves. Outros antibióticos com bom perfil de segurança incluem: penicilinas, betalactâmicos, clindamicina e aminoglicosídeos. Os antibióticos a serem evitados na gravidez incluem: doxiciclina, claritromicina, e as fluoroquinolonas. Pneumonia Nosocominal (PN) – considerar que as grávidas são propensas à aspiração durante o trabalho de parto e esta deve ser sempre uma consideração importante. A etiologia é geralmente por microbiota das vias áreas superiores, podendo incluir Gram-negativos .Na terapêutica, siga-se o que consta em capítulo anterior, com a restrição quanto a quinolonas e tetraciclinas. A paciente deve usar máscara tipo cirúrgica e adotar outras medidas preventivas se for permanecer com seu RN. A amamentação não deve ser desencorajada por causa de infecção respiratória materna. PROFILAXIA DE ENDOCARDITE INFECCIOSA Siga-se o que consta em outro capítulo destes protocolos. Na ausência de processo de processo infeccioso, parto (vaginal ou cesárea) não há indicação de profilaxia antibiótica de rotina. Em pacientes com lesões cardíacas de alto risco, um infecção genital, com risco de bacteremia (como corioamnionite ou pielonefrite), deve ser tratada do modo usual. ANTIBIOTICOPROFILAXIA EM OBSTETRÍCIA Rotura prematura das membranas O objetivo é reduzir a frequência de infecção materna (corioamnionite) e fetal (infecção neonatal. Recomenda-se administração curso de sete dias, em caráter profilático, podendo constar de: ampicilina 2 g, EV, 6/6 h, por 48 horas, seguido (5 dias) de Amoxicilina (500mg, VO. 8/8h), além de uma dose de 1 g de Azitromicina, VO, no momento da admissão. Em pacientes de com alergia de baixo risco para a anafilaxia (exantema maculopapular isolado sem urticária ou prurido), usar Cefazolina 1 g, EV. 8/8 h (48 hs) e depois 5 dias de Cefalexina 500 mg VO,6/6h;comprobabiblidade de alergia de "alto risco" para anafilaxia (ex.: anafilaxia, angioedema, dificuldade respiratória, urticária), recomenda-se Clindamicina 600 mg, EV, 6/6 h + Gentamicina 7 mg / kg de peso, 2 doses, intervalo de 24 horas de intervalo, seguido ( 5 dias) de Clindamicina, 600 8/8 hs, por 5 dias, + dose única de 1 g de azitromicina. Quimioprofilaxia para estreptococo do grupo B (GBS) A quimioprofilaxia contra estreptocócica do grupo B (GBS) é indicada se o resultado do teste de rastreio para GBS é positivo ou desconhecido e o parto é iminente, não se indicada, geralmente se resultado recente (dentro de cinco semanas antes do parto) for negativo para GBS. Esquema: Ampicilina, 2 g, EV, 6/6 h., por 48 h, seguido de Amoxicilina + Azitromicina, VO, completando 7 dias; realizar cultura de controle. Certos dados clínicos da gestante/parturiente (febre intraparto ≥38 º C, parto antes de 37 semanas de gestação, rotura das membranas ≥ 18 horas, parto anterior de uma criança afetada pelo GBS e bacteriúria por GBS (≥104ufc/ml) na gravidez atual) predizem riscos de ocorrência de sepse no neonato. Tais dados, por si só, podem dispensar a exigência da referida cultura prévia. Não há indicação da antibioticoprofilaxia contra GBS quando a mulher, mesmo com cultura reto-vaginal positiva para GBS, forem se submeter a parto cesariano planejado, sem trabalho de parto ou rotura das membranas. De qualquer modo, durante a gravidez, entre a 35ª. e 37ª. semanas, a pesquisas para GBS deve ser feita, em face da possibilidade do início, inesperado de trabalho de parto ou da rotura das membranas, circunstância em que está indicada a antibioticoprofilaxia contra GBS. esquema antibiótico : Penicilina G, dose inicial de 5 milhões de UI, EV, seguida de 2,5 a 3 milhões, 4/4 h . 2 opção: CEFAZOLINA 2g EV de ataque e 1g EV de 8/8 horas. Nas alérgicas a betalactâmicos, usar Vancomicina ( 1 g a cada 12 horas em pacientes com). A DURAÇÃO DA PROFILAXIA deve começar 4 horas antes do parto ou, já, na admissão das paciente, continuando até o parto. Trabalho de parto prematuro O estado de colonização de mulheres internadas com trabalho de parto prematuro ou rotura prematura das membranas geralmente não sendo conhecido, culturas para GBS são obtidas no momento da apresentação e, em seguida, a profilaxia antibiótica é administrada. Se o paciente está em trabalho de parto prematuro verdadeiro, a profilaxia de GBS é continuada até o parto. Se, depois de um período de observação, o trabalho de parto prematuro não evoluir, a profilaxia GBS deve ser interrompida. Os resultados da cultura não são preditivos do estado GBS após cinco semanas após a obtenção da amostra, por isso, se o parto prematuro ocorre mais do que cinco semanas após a cultura negativa, a abordagem é a mesma que para grávida com estado de colonização desconhecido. CORIOAMNIONITE Deve fazer esquema antimicrobiano de amplo espectro, incluindo um agente ativo contra GBS. Nas mulheres com rotura prematura das membranas, sob conduta expectante, o esquema profilático deve incluir também ativo para GBS. Devem ser obtidas amostras para cultura da referida bactéria. Casos perdidos Algumas mulheres colonizadas no momento do parto não são identificadas, apesar da triagem. Cerca de 4 por cento das mulheres com teste negativo entre 35 e 37 semanas têm um resultado falso negativo, sendo que cerca de 60 por cento dos casos de sepse de início precoce por GBS ocorre nestas mulheres. Parto abdominal Usa-se Cefazolina 1 g, uma única dose EV (2 g para paciente >70kg), na indução anestésica. Alternativas: Gentamicina + Clindamicina, 600 mg; (esquema desnecessário se a paciente já vinha sob tratamento para infecção por GBS); Ampiicilina-sulbactam. CAPÍTULO IX INFECÇÕES DE PELE E PARTES MOLES Considerações gerais Tais infecções são comuns, especialmente na comunidade, situando-se atrás apenas das infecções de vias aéreas superiores e vias aéreas inferiores. As forma primárias (celulite, erisipela etc. são causadas por um único agente. As formas secundárias, ocorrendo com doença de base ( escaras, feridas cirúrgicas, pé diabético, fasciíte necrotizante etc.) são, em geral, polimicrobianas e podem ser graves (principalmente a fasciíte). Agentes mais comuns: nas formas primárias: S. aureus e S. pyogenes, sendo que S. aureus da comunidade resistente a oxacilina aumenta em frequência (CA-MRSA); nas forma secundárias, além dos agentes acima, podem ocorrer: Enterobactérias, Pseudomonas, anaeróbios, Pasteurella multocida Fatores para gravidade: Virulência microbiana: M-proteina e enzimas (S. pyogenes), betalactamases, toxinas exfoliativa e ourigênica (síndrome do choque tóxico estafilocócico e estreptocócico); citotoxina (leucodina Panton-Valentine – PVL); exotoxinas de BGN e anaeróbios; colagenases e proteases do Clostridium perfringens etc. -MRSA portam mais gens de toxina do que MRSA hospitalar, podendo causar infecções agressivas, como fasciite necrotizante, piomiosite, Síndrome de Waterhouse-Fredricson, Síndrome do Choque tóxico e pneumonia necrotizante hemorrágica pós-influenza. Comprometimento da defesa do hospedeiro: lesão (incluindo picadas e mordeduras) ou secura ou alteração do pH da pele; diminuição da secreção sebácea; úlcera de pressão; isquemia; neuropatia (DM); obesidade mórbida; desnutrição e hipoalbuminemia; velhice; imunossupressão; presença de corpo estranho etc. Tratamento Infecções menores (foliculite, furunculose, paroníquia, hordéolo): as lesões maiores exigem drenagem cirúrgica, acrescentando-se antibiótico, via oral ou parenteral, se houver sintomas/sinais sistêmicos, lesões amplas ou múltiplas, existência do doença subjacente ou localização no nariz ou na face. Opções: para etiologia estafilocóccica, usar cafalosporina 1ª. ou 2ª. gerações ou macrolídeo, via oral ou IV. Na comprovação ou suspeita de MRSA ou paciente alérgico ao betalactâmico, usar TMP/SMX ou, Clindamicina (VO ou IV) deve. EM PNEUMONIA NECROTIZANTE OU SEPSE QUE POSSA SER CAUSADA PELO CA-MRSA PRODUTOR DA CITOTOXINA PVL, deve-se um dos seguintes: Vancomicina, Daptomicina Linezolida ou Ceftarolina, sempre considerando os aspectos de custo – risco /benefício. Na infecções formando coleções purulentas deve ser indicada necessidade de drenagem cirúrgica. Impetigo não disseminado pode ser tratado com ATM tópico. Na suspeita de etiologia estreptocócica, deve ser usado o ATM por via sistêmica, em face doo de glomerulonefrite pós-estreptocócica. Para erisipela, não são indicados exames microbiológicos, exceto em se tratando de paciente com fator imunodepressor, lesões por imersão e mordidas de animais. O antimicrobiano indicado é Penicilina G 2 a 4 milhões UI cada 4 a 6 h, IV OU Cefazolina 1 g, IV, cada 8 h OU Clindamicina 600 a 900 mg, IV, cada 8 h. Não havendo sintomas sistêmicos acentuados ou preocupantes e conforme a possibilidade de tratamento VO, usar Penicilina V 500.000 UI ou Cefalexina 500 mg, ambos a cada 8 h. Nos casos de abscessos ou furunculoses recorrentes: pesquisar um fator local ( cisto pilonidal, hidradenite supurativa, corpo estranho) ou um fator imuinodepressor; realizar drenagem cirúrgica com cultura do material; antibióticoterapia por 10 dias com o ATM indicado; considerar regime de 5 dias de descolonização intranasal com Mupirocim, 2 x ao dia; banhos diários com clorexidina e descontaminação diária de itens do paciente (lençóis, toalhas e roupas). Em celulite típica sem sintomas sistêmicos, a etiologia mais provável é também estreptocócica, podendo-se usar um dos ATMs acima citados. A fonte de transmissão e o estado de portador crônico, tanto no paciente como nos seus contatos, devem erradicados. Em celulite com sintomas sistêmicos, cabe cobertura contra S. aureus, devendo-se usar, caso não se suspeite de MRSA, Oxacilina ou Cefazolina ou, em casos leves, um dos ATMs conforme indicação para erisipela. Na hipótese de MRSA em alérgicos a betalactâmicos, cogite-se de Clindamicina ou Vancomicina. Nos casos associados com trauma penetrante, usuário de droga ilícita ou na constatação de MRSA, usar de início Vancomicina ou outro ATM para tal grupo de microrganismo. Em casos graves, deve ser acrescentado: Piperacilina/Tazobactam OU Meropenem ou Imipenem. Em celulite recorrente, especialmente de MMII, deve-se, além do tratamento antimicrobiano, identificar e tratar condições predisponentes (edema, obesidade, eczema, insuficiência venosa ou arterial, anormaIidades dos pododáctilos). Nos pacientes que sofrem recorrência de celulite ou erisipela ( 3 a 4 por ano), deve ser feita antibioticoprofilaxia, com Penicilina 250.00 a 500.000 UI ou Eritromicina 250 mg, 2 vezes por dia (VO) ou Penicilina Benzatina 1.200.000, IM, cada 3 a 4 semanas, com duração pelo tempo em que persistirem os fatores predisponentes. INFECÇÕES MAIORES COM GERMEM PROVAVELMENTE NÃO RESISTENTE (celulite, feridas profundas, fasciíte necrotizante): antibiótico via parenteral, com eficácia esperada contra o patógeno (v. esquema adiante). Em Infecções sérias com risco ou comprovação de resistência: Vancomicina; atentar para a possibilidade de VRSA (MIC > 16 microgama/mL) ou VISA (MIC entre 2 e 16). ATMs para estes casos: Linezolida, Daptomicina, Tigeciclina e outros. Ouvir CCIH, infectologista ou outro profissional com experiência no assunto. Medidas de prevenção e controle - Vigilância epidemiológica - Notificação dos casos - Precauções de contato ( além das higienização das mãos dos profissionais) - Tratar adequadamente comorbidades - Antibióticos VO (Rifampicina + TMP/SMX, OU Minociclina OU Clindamicina) 10 a 14 dias associado com uso de sabonetes com ação antibacteriana indicados para recorrência de furunculose. - Descolonização do vestíbulo das narinas dos portadores (pacientes e profissionais da assistência) com Mupirocin: resultados incertos/controversos. LESÕES DE PRESSÃO ( ESCARAS) Prevalência: de 3 a 30% em hospitais. Principais localizações: sacro/cóccix e quadris. Fatores predisponentes: imobilidade, incontinência fecal/diarreia, alterações cutâneas prévias (geralmente idoso), desnutrição, hipoalbuminemia, falta de higiene e pressão sobre a pele. Etiologia: polimicrobiana ( Streptococcus sp, Enterococos, Estreptococo anaeróbico, Enterobactérias, Pseudomonas, Bacteroides, S. aureus. BGN). Estágios: I – apenas hiperemia; II-Extensão através da epidermia; III-Perda da pele; IV- Extensão até músculo, osso ou outras estruturas músculo-esqueléticas; V- estágio indefinido (quando há crosta encobrindo a escara; VI – lesão tissular profunda, sob pálida, pustulenta ou bolhosa. Prevenção: colchões e camas adequadas; mudanças de decúbito; nutrição; cuidados com a pele e outros. Complicações temíveis: osteomielite e sepse. Tratamento (solicitar acompanhamento também por estomatoterapeuta) Estágios I e II: proteção (filme de poliuretemo, hidrocoloide, curativos semipermeáveis. Estágios III/IV: escaras muito exsudativas e/ou profundas: curativos absortivos, como alginato de cálcio; áreas necróticas devem receber desbridamento (cirúrgico, mecânico ou autolítico); feridas limpas e rasas podem ser cobertas com hidrocoloide, poliuretano ou curativos semipermeáveis. Escaras em calcanhares não devem ser desbridadas. Outros estágios: o caso deve ser analisado em conjunto o estomatoterapeuta e o cirurgião. Antibioticoterapia Localização acima da cintura (Strepococcus A, BGN, S.aureus): Cefalotina 1 g q4h . Se optar p/ VO: Cefalexina 500 a 1.000 mg q 6 h .. Localização abaixo da cintura (pensar, também, em Bacteroides. Para tratamento VO (quadro não grave) Clindamicina 300 a 600 mg cada 8 h+ Ciprofloxacino 500 a 750 mg cada 12 h. Quadro grave: acrescentar Imipenem/Meropenem e droga contra Estafilococo resistente. PÉ DIABÉTICO É uma complicação comum, respondendo por até 25% das hospitalizações em diabéticos e com importante risco de amputação. Fatores de risco: neuropatia, deformidades dos pés, doença arterial obstrutiva e , infecção ou ulceração anteriores, nos pés. (Celulite e úlcera podem ser indolores, em razão da neuropatia). Abordagem clínica: avaliar a magnitude da lesão, a severidade da neuropatia, pulsos, controle glicêmico e possibilidade de a lesão fechar espontaneamente. Leve: inflamação de até 2 cm, ao redor da úlcera; infecção limitada à pele ou TCSC (superficial), sem complicações locais ou sistêmicas. -Moderada: paciente s/ descompensação metabólica ou infecção sistêmica, mas com 1 dos seguintes: celulite > 2 cm; linfangite; extensão à fáscia; abscesso em planos profundos; gangrena; ou envolvimento de músculos, tendões, articulações ou osso. Grave: presença de toxemia (febre, calafrios, taquicardia, hipotensão, confusão, vômitos, leucocitose) e/ou desequilíbrio metabólico ( acidose, hiperglicemia, insuficiência renal). Patógenos prováveis, conforme alguns dados: -Celulite s/ferida aberta: Estreptococos ou S. aureus -Úlcera infectada, s/uso prévio de ATM :S.aureus ou Streptococcus b-hemolítico.-Úlcera infectada, crônica e/ou c/uso prévio de ATM: pensar também em S. aureus oxacilino-R e enterobactérias -Úlcera macerada, úmida: geralmente polimicrobiana; pensar também em P. aeruginosa e outros patógenos -Ferida com odor fétido: Gram- positivos aeróbicos e anaeróbicos, BGN, Enterococo, enterobactérias, P. aeruginosa. - Feridas crônicas não cicatrizadas; uso prévio e prolongado de ATMs: pensar em patógenos resistentes. Medidas diagnósticas: bacterioscopia e cultura de espécimes dos tecidos afetados (osso, líquido de abscesso, tecido necrótico ou do material colhido por desbridamento. O exame de swab não se relaciona, confiavelmente, com culturas dos tecidos profundos. Hemocultura, se sinais de infecção sistêmica. Imagens: cintilografia óssea (alta sensibilidade, mas não específica); Ressonância magnética (95% de sensibilidade e e 99% de especificidade; pode falso positivo por osteo-artropatia neuropática). ESQUEMA ANTIMICROBIANO EMPÍRICO, CONFORME A GRAVIDADE E DADOS EPIDEMIOLÓGICOS (usar por 14 dias) . *Leve: **Se da comunidade e virgem de tratamento, uso VO: Cefalexina, VO, 1 g, 6/6h OU Amoxicilina-Clavulanato, 500 mg, VO 8/8 h OU Clindamicina 300 a 600 mg, 8/8 h **Se relacionado a serviços de saúde ou tendo uso de ATM nos nos últimos 90 dias: Clindamicina, VO, 600 mg 6/6 h+Ciprofloxacino, VO, 500 mg 12/12 h OU Levofloxacino 750 mg 1x/dia + Metronidazol 500 mg 8/8 h, todos VO *Moderada: -**Da comunidade e virgem de tratamento: Amoxicilina-clavulanato , VO, 500 mg 8/8 h OU Clindamicina + Ciprofloxacino (esquema acima) OU Ceftriaxona, IV ou IM, 2 g cada 24 h + Metronidazol 500 mg VO cada 6 ou 8 h OU Ertapenem 1 g, IV ou IM ao dia. Acrescentar Vancomicina ou Teicoplanina ou Daptomicina Linezolida, se comprovado ou suspeitado de S. aureus MRSA, por 2 a 4 semanas **.Relacionada a serviços de saúde ou uso ATM últimos 30 dias: Piperacilina-Tazobactam 4,5 g EV,8/8h ou Ertapenem 1 g, 24/24 h MAIS Vancomicina 1 g, EV, 12 h (checar função renal ) ou Teicoplanina 400 mg 12/12 h – até 4 semanas. *Grave: **Comunitária e virgem de tratamento: Clindamicina, EV, 600 mg 8/8 ou 6/6 h +Ciprofloxacino, IV, 400 mg, 12/12 h OU Cefepima 2 g,IV, 12/12 h + Metronidazol 500mg, IV ou Ertapenem 1 g, IV, 24/24 h. **Relacionada a serviços de saúde ou uso ATM últimos 90 dias: Imipenem 500 mg, IV, 6/6 h ou Meropenem 1 a 2 g, IV, 8/8 h OU Piperacilina-Tazobactam 4,5 g,, cada 8 ou 6 h 8/8h MAIS Vancomicina 1 g, EV, 12/12 h (checar função renal e vancocinemia) ou Teicoplanina 400 mg, EV 12/12 h OU Linezolida 600 mg, IV ou VO, q12h (outras opções a serem analisadas: Daptomicina, Tigeciclina, Ceftarolina). Adequar terapêutica, após identificação e caracterização do patógeno • DESBRIDAMENTO • Atenção à função renal • Checar vacinação contra o tétano • Participação multiprofissional • A duração da antibioticoterapia dependerá da evolução de cada caso FASCIÍTE NECROTIZANTE É uma Infecção ao longo do plano fascial, geralmente em extremidades, feridas cirúrgicas, feridas traumáticas, extremidades, perianal e genitália (Fournier). Achados: dor acentuada, toxemia, febre. A evolução pode ser fulminante, podendo haver tensão e necrose cutâneas, com bolhas, edema e alterações da cor da pele (preta ou azulada). Todos os casos necessitarão de intervenção cirúrgica. Patógenos : Microbiota mista (aeróbica, inclu8ndo BGN e anaeróbica, a etiologia mais comum); Streptococcus do Grupo A; Clostridium perfringens; S.aureus comunitário (CA-MRSA) e Víbrio vulnificus. Fatores do hospedeiro predispondo a determinado patógeno: DM e uso de corticoides mucormicose; qu e neutropenia celulite gangrenosa Pseudomonas; exposição por a água de cultura de peixes Streptococcus iniae; exposição a água de aquários, diques, pântanos, fazendas de camarão ou aquiferos fósseis Aeromonas spp e Vibrio vulnificus; infecções sistêmicas (Meningoco, sepse por P. aeruginosa) pelo respectivosfasciíte agentes. Diagnóstico: exame do pus (acinzentado, tipo água de lavagem de pratos, pútrido, com bacterioscopia mostrando do etiologia mista).Imagens: TC e RM. Terapêutica : DESBRIDAMENTO URGENTE, devendo, na maioria das vezes, o paciente ser reabordado 24 a 36 h depois ou, até, diariamente. Antibioticoterapia empírica: Linezolida 600 mg,IV,q12h + Meropenem 1-2 q8h ou Pip/Tazobactam 3.375 a 4,g q6h+Clindamicina 600 mg,IVq8h.Se Estreptococo do grupo A: Clindamicina (dose acima)+Penicilina 5 milhões UI,q4h. Se S. aureus CA-MRSA: Linezolida 600 mg IV q12 h OU Vancomicina,15mg/kg/q12h. Usar outros esquemas, conforme a situação. Medidas de suporte: tratamento intensivo, hidratação, correção de déficits orgânicos. Se choque tóxico: Imunoglobulina hiperimune, 50 g/dose ou 0,4 g/kg q6h IV. Precauções de contato em caso de Streptococcus, Grupo A e MRSA. PIOMIOSITE É a presença de pus dentro de grupos musculares, causada principalmente por S.aureus (90%; outros: Estreptococo do Grupo A e S. pneumoniae, BGN, microbiota mista, micobactéria, Salmonella) e Aspergillus). Fatores predisponentes principais: DM e HIV/SIDA; uso de trocas ilícitas injetáveis, outros: cirrose, corticoide, trauma e exercícios forçados. Dados: febre, dor e hipertonia em determinado grupo muscular. Afeta principalmente extremidades (quadríceps, mas, também qualquer musculatura.. Em casos avançados há tumefação, pelo abscesso. Apoio diagnóstico :RM. CPK levada. Hemoculturas são positivas entre 5 a 30% dos casos. Bacterioscopia e cultura do material colhido pela drenagem cirúrgica. Antibioticoterapia empírica inicial: Vancomicina (dose antes citada); acrescentar ATM contra BGN em paciente imunocomprometido ou que sofreu trauma aberto. Comprovado S. aureus sensível e paciente não alérgico, usar Oxacilina 2 g,q4h ou Cefazolina; se MRSA ou alergia usar um dos seguintes: Vancomicina, Clindamicina, Linezolida, Daptomicina ou Ceftarolina. Em pacientes com doença imunodepressora, acrescentar Pip/Tazobactam ou Carbapenêmico. Cirurgia para os casos que não respondem apenas à antibioticoterapia: drenagem guiada por US/TC; drenagem aberta; fasciotomias, para casos complicados . GANGRENA GOSOSA Também chamada de mionecrose por Clostrídio, é causada por espécies do gênero Clostridium (C.perfringens, C. ramosum, C.bifermentans, C.histolyticum, C.novyi). TCondições predisponentes: trauma e drogas ilícias injetáveis, desvitalização dos tecidos e anaerobiose, -crescimento bacterianotoxinas, mionecrose, hemólise e choque. Dados clínicos: início súbito, com dor em intensidade crescente na área afetada, hipotensão, taquicardia, febre não necessariamente elevada, evoluindo para prostração, estupor, delírio e coma. A ferida é edemaciada e circundada por halo pálido, odor fétido, exsudação serosanguinolenta ou marrom. A pele circunjacente se torna escurecida e, depois, francamente pálida, surgindo vesículas eritematosas, coalescente, podendo-se palpar crepitação (gás). Diagnóstico: achados clínicos; estudo de imagens demonstra gás nos tecidos. Bacterioscopia do exsudato mostra presença de bastões Gram-positivos e ausência de neutrófilos. Tratamento: Penicilina G 2 milhões UI q3h (ou Cloranfenicol ou Tetraciclina) + Clindamicina 600-900 mg q8h. Desbridamento cirúrgico radical. Cogita-se no uso de O2, em câmara hiperbárica. PELE ESCALDADA INFECTADA (S. aureus): Oxacilina ou Cefalosporina 1ª. geração q4h,IV G ou Vancomicina 1 g q12h,IV. LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA Esquemas: -Antimoniato de N-metil-glucamina (Glucantime): 15 mg/kg/dia, 20 dias p/forma cutânea; 20 mg/kg/dia, 30 dias, p/lesões mucosas .Contraindicações - absolutas: gestação, insuficiência . cardíaca, distúrbio de condução. cardíaca, insuficiência renal; relativas: hepatopatias, HAS, alcoolismo e doenças pancreáticas. Efeitos adversos: consultar outros textos. Pentamidina IV/IM: contraindicações; gestação, insuficiência renal e cardiopatia. Doses: 4 mgkg/dia, 10 aplicações dias alternados. Anfotericina B desoxicolato: Contraindicações (relativas): cardiopatia e insuficiência . renal. Doses: 1 mg/kg/dia (dose máxima diária 50 mg). Doses acumuladas: 1 a 1,5 g, na forma cutânea e 2 a 3 g, na forma mucosa . Anfotericina B lipossomal. Doses: forma mucosas dose acumulada de 2,5 a 3 g. Fluconazol. (*) Casos graves: idade e/ou em p\cientes > 65 anos ou <6 meses; desnutrição grave; comorbidades; um ou mais manifestações clinicas: icterícia, fenômenos hemorrágicos, edema, toxemia, instabilidade cardiocirculatória ou respiratória, transtorno metabólico grave. CAPÍTULO X INFECÇÕES DE SÍTIO CIRÚRGICO (ISC) Definição/outras considerações: são aquelas ocorrendo como complicação de uma cirurgia, e comprometendo a incisão, tecidos ou órgão/ cavidade manipulados. ISC é assim considerada se ocorrer até 30 dias depois da operação (ou até um ano, em caso de implante de prótese ou corpo estranho). Obs: Não é considerada ISC, se: a) a inflamação é mínima e a drenagem é limitada aos pontos de sutura; b) infecção de episiotomia ou de circuncisão de recém-nascido; c)ferida de queimadura infectada. Afeta em torno de 5% dos pacientes internados, chegando a representar ¼ das infecções hospitalares. A incidência da ISC varia conforme os fatores de risco (v. adiante), segundos o sistema NNIS (EUA): IRIC O (zero fatores): 1,5%; IRIC I (1 fator) :2,9%; IRIC II (2 fatores):6,8% e IRICIII (3 fatores: 13%.) O IRIC (índice de risco cirúrgico) considera as condições do paciente, o tempo de operação e o potencial de contaminação da operação. A ISC se manifesta numa média do 12º. dia do PO, sendo que o surgimento mais precoce sugere infecção causada por microrganismo mais invasivo ou produtor de toxina. Nos EUA, o custo financeiro adicional por uma ISC varia de US$400.00 (ISC superficial) a US$ 30,000.00. para uma infecção órgão/espaço severa. Tipos, conforme o acometimento: Incisional superficial: envolve pele ou o TCSC da incisão. Pressupõe a existência de, pelo menos, um dos critérios: 1. drenagem purulenta pela incisão, com ou sem confirmação laboratorial; 2. microrganismo isolado, de maneira asséptica, a partir da secreção ou tecido da incisão; 3. abertura deliberada dos pontos, pelo cirurgião ( este critério não é válido na inexistência de pus ou de microrganismo isolado); 4. existência de dor, edema, eritema ou calor local; 5. diagnóstico da ISC pelo médico cirurgião ou assistente Incisional profunda: envolve músculo e fáscia MAIS os seguintes critérios: 1. drenagem purulenta;2. deiscência espontânea ou deliberada pelo cirurgião, além de, pelo menos, mais um dos seguintes: febre (>38oC), dor localizada, edema e rubor; 4. abscesso ou outro sinal de infecção, envolvendo fáscia ou músculo, através de reabordagem cirúrgica, exame histopatológico ou por imagem; 5..diagnóstico, pelo médico cirurgião ou assistente. Infecção de órgão/espaço: envolve qualquer outra região anatômica manipulada no procedimento cirúrgico (órgão ou espaço), que não a incisão MAIS um dos seguintes: 1. processo infeccioso, na reabordagem cirúrgica, exame histopatológico ou por imagem; 2. drenagem purulenta através de dreno colocado entre órgão/espaço; 3. diagnóstico da infecção pelo cirurgião ou assistente. Obs: Caso a ISC afete mais de um dos níveis acima citados, considera-se a de nível mais profundo. Conduta quanto à infecção de sítio cirúrgico ISC superficial e s/ risco presente ou potencial: drenar a ferida e coletar material que seja representativo (fragmento de tecido) p/ microbiologia (Gram e cultura). Superficial, c/risco OU profunda/orgão-espaço: drenar e colher material p/ microbiologia + terapia empírica (até que se caracterize o agente causal) Esquema antimicrobiano inicial: -Operação não envolvendo tratos GI ou GU: Vancomicina ou Teicoplanina. -Operação envolvendo tratos GI ou GU, faringe e/ou com febre e/ou neutrofilia: Cefepima + Metronidazol OU Pip-Tazobactam + Vancomicina ou Teicoplanina. A antibioticoterapia de continuação dependerá da doença de base, especialmente se a operação foi infectada ou contaminada, do agente isolado e seu perfil de sensibilidade, de características do pacientes e outros dados inerentes a cada caso. Reabordagem cirúrgica conforme cada situação e gravidade. CAPÍTULO XI INFECÇÕES DO TRATO URINÁRIO (ITU) Cistite Bacteriana Aguda, Não Complicada ITU é comum entre mulheres de todas as idades; a prevalência de bacteriúria assintomática: 5-6% entre mulheres sexualmente ativas, saudáveis, não grávidas; aumenta com a idade. Definição: sintomas de urgência miccional, polaciúria e disúria em mulher não grávida, previamente sadia, com comprovação laboratorial de piúria, cultura positiva para uropatógenos, ausência de sintomas urinários nas últimas 4 semanas, ausência de febre, de dor lombar ou de dor à palpação profunda do abdome. Em mulher sexualmente ativa, disúria sem piúria sugere uretrite (sexualmente transmitida), mais do que cistite. Cistite em homem é rara e pode decorrer de litíase urinária, prostatite, retenção urinária crônica, defeito anatômico ou outro processo patológico de vias urinárias, DEMANDANDO INVESTIGAÇÃO Principais patógenos: E.coli (75-95%); Klebsiella, Proteus, .saprophyticus;; outros Fatores: Em mulheres pré-menopausa: adesão bacteriana (fímbrias), elevada taxa multiplicação bacteriana, diminuição do fluxo urinário (micções), coito; história de ITU prévia, uso de espermicida e uso recente de antibiótico. Em mulheres pós-menopausa: os fatores acima e MAIS: incontinência urinária, DM. Para ITU recorrente: os fatores acima e mais: história materna de ITU recorrente e história de ITU na infância. Diagnóstico: Presença de estearase leucocitária e de nitrito (no exame sumário, sensibilidade 75%m especificidade 82%); >100.000 UFC/mL em urocultura corretamente colhida; e leucocitúria significativa. TRATAMENTO: mulher não grávida, não puérpera, não nutriz e sem comorbidade: terapia EMPÍRICA, CURTA DURAÇÃO, em geral 3 dias ( para mulher na pré-menopausa, não grávida, sem anormalidade urológica e sem comorbidade), UM dos ATMs a seguir, considerando vários fatores, inclusive dados da epidemiologia microbiana do lugar: Nitrofurantoina 100 mg q6h; TMP/SMX, 800mg/160mg q12h;.Norfloxacino 400 mg q 12h; OU Ciprofloxacino 250 mg q12h. NA AUSÊNCIA DE MELHORA CLÍNICA, realizar exame sumário de urina e urocultura tratar conforme o antibiograma; se ausência de piúria no exame de urina, considerar uretrite por um dos seguintes: Clamydia trachomatis, Mycoplasma hominis Ureaplasma urealitycum ou Gardnerella vaginalis e usar um dos seguintes ATMs: Doxiciclina 100 mg q12h, 7 dias ou Azitromicina 1 g VO dose única Para mulher pós-menopausada, especialmente idosa, ou grávida, ou puérpera ou nutriz ou com comorbidade:: realizar exame sumário de urina e urocultura e tratar por 7 a 10 dias, considerando antibiograma e potenciais riscos para paciente e o feto. ATMs recomendados, para uso empírico, enquanto se aguarda a o resultado microbiológico: Cefalexina 500 mg q6h ou Cefadroxila 500 mg q 12 ou q 8h ou Amoxicilina 500 mg q8h. Reavaliação inclu exames ( sumário de urina e urocultura).. ITU em homem: realizar exame de urina, urocultura e avaliação urológica que pode incluir exames de imagem para descartar alterações anatômicas/obstrutivas das vias urinárias. ITU recorrente (mais de 3 ao ano): se relacionada com coito, usar profilaticamente um dos ATMs a seguir, VO, após o coito: TMP-SMX, 800 mg/160 mg OU Cefalosporina de 1 geraçâo 500; se não relacionada com coito: profilaxia contínua, por 6 meses a 1 ano, uma dose diária de um dos seguintes: TMP-SMX 400mg/80mg, Nitrofurantoina 100 mg ou Norfloxacino 200 mg. Em mulheres pós-menopausadas, discutir com ginecologista sobre uso tópico (intra-vaginal) de estrógeno e outras medidas a cargo do referido especialista.. Prevenção em paciente com retenção urinária: cateterismo intermitente. Em pacientes que necessitem de sonda vesical de demora: se ausência de sintomas clínicos de infecção urinária e sem fatores de risco (gestantes, neutropênicos, pré-operatório de cirurgias urológicas, ou transplantados de rim) NÃO Na suspeita USARdeATM. ITU: realizar exame sumário de urina e urocultura, iniciar esquema empírico conforme a epidemiologia microbiana do lugar e as características do paciente, ajustando depois conforme o antibiograma. Pielonefrite aguda não complicada Acomete parênquima e pelve reais, podendo evoluir para sepse. Este processo infeccioso pode ser causado por E. coli (principalmente agente), S. saprofyticus (este, menos patogênico, pode ser prevalente em mulheres jovens), Proteus, Klebsieella, Enterobacter, Pseudomonas, Enterococo ou S. aureus (este, por via hematogênica). Fatores de risco: coito recente, uso de espermicida, DIU, banhos de piscina, DM, outros. Clínica: febre, dor lombar, sintomas urinários baixos (estes nem sempre presentes) e hematúria macroscópica. Pode haver também náuseas, vômitos e diarreia. O termo não complicada pressupõe a ausência dos dados enumerados no item a seguir deste protocolo. Cumpre lembrar a necessidade de se realizar urinocultura e hemocultura, além de exame sumário de urina, hemograma, marcadores de inflamação, bioquímica do sangue e outros exames indicados conforme cada situação clínica. Laboratório: leucocitose, com desvio para esquerda; piúria, bacteriúria e hematúria; podendo haver cilindrúria. A urocultura identificando o patógeno e seu perfil de sensibilidade.. Hemocultura pode ser positiva (20-30%). Diagnóstico diferencial: DIP, apendicite, urolitíase, diverticulite, doença biliar, pancreatite aguda e pneumonia basal. Em homem, descartar: epididimite, prostatite aguda e cistite aguda. Antibioticoterapia empírica inicial (infecção sem risco de microrganismo resistente): Ampicilina 1 g IV q6hh+Gentamicina 1mk/kgm,IV, q8h (avaliar função renal) OU Ciprofloxacino 400 mg IV 12 h ou 750 mg VO q12h OU Ceftriaxona 2 g q24 h. Na suspeita de Enterococo: Amp/Sulbactam 3 gIV q6h+Gentamicina (esquema acima). Duração: 14 a 21 dias. Não usar fluoroquinolona em grávida, gestante ou nutriz.Não usar aminoglicosídeo em paciente com disfunção renal. Modificar o esquema se necessário, conforme o MO isolado, seu perfil de sensibilidade e variáveis orgânicas do paciente. Infecção do trato urinário complicada Trata-se de uma ITU do trato urinário alto ou baixo, na presença de uma anormalidade anatômica ou funcional ou de uma cateter urinário. Fatores de risco: anormalidades estruturais (aumento do volume prostático, cálculo, obstrução do fluxo urinário, cateter urinário, bexiga neurogênica) gravidez, DM ou déficit de imunidade (HIV, transplante renal, neutropenia etc.). As alterações estruturais, com prejuízo do fluxo urinário, são de tratamento mais difícil e maior tendência a recorrência e podem necessitar de intervenção urológica Patógenos: Enterobactérias, P.aeruginosa, Acinetobacter spp., S.aureus MRSA, Enterococos (incluindo os Vancomicino-resistentes – VRE), Candida spp. ou, até, mais de um patógeno (ITU polimcrobiana). Tais microrganismos costumam ser resistentes. Clinica: além dos sintomas antes citados, o quadro costuma ser modificado em razão da doença de base. Pacientes cateterizados podem ter, apenas, febre. idosos podem apresentar somente alteração do estado mental e quadriplégicos exibir apenas febre+ exacerbação da espasticidade ou da disautonomia. Diagnóstico: exame de urina, urinocultura +TSA, bacterioscopia do sedimento urinário, centrifugado, hemocultura, marcadores inflamatórios, bioquímica do sangue, imagens. Medidas gerais: hidratação, analgésicos e antieméticos, conforme quadro clínico. Tratamento da condição subjacente. Escolha do antimicrobiano - Dependerá da idade do paciente, sexo, presença ou não de sintomas e da topografia (alta ou baixa), se é episódio isolado ou recorrente, hospitalar ou comunitário e condições do hospedeiro.· Escolher ATM de largo espectro, com boa distribuição no sistema coletor. Na presença de insuficiência renal, fazer ajuste da dose, conforme o clearance de creatinina. · A pielonefrite severa deve ser tratada com esquema parenteral, até o desaparecimento da febre e alívio sintomático. As quinolonas (norfloxacino, levofloxacino) não devem ser usadas indiscriminadamente em face da crescente resistência microbiana, além de não deverem ser prescritas para grávidas, nutrizes ou crianças. Antibioticoterapia: é empírica, enquanto se aguarda o resultado da urinocultura, devendo levar a epidemiologia microbiológica, dados orgânicos do pacientes (comorbidades),. Além de outros aspectos. Com efeito, nos pacientes vindo da comunidade e sem uso de ATM nos últimos 90 dias, pode-se usar Ciprofloxacino 400 mg,IV,q12h ou VO 750mg, q12h. Ao contrário em infecção adquirida no hospital e/ou em paciente submetido a uso de ATM nos últimos 3 meses, com comorbidades, uso de sonda vesical ou procedimento urológico recente: Cefepima OU Pipo/Tazo ou Ertapenem ou Meropenem. No HGCC, tem ocorrido vários casos, por P. aeruginosa e, principalmente por Acinetobacter baumannii ou Klebsiella (Kpc) que só são sensíveis a Polimixina, o que, por outro lado, na implica se utilizar este último antibiótico empiricamente. Se Gram-positivo no sedimento urinário, acrescentar Vancomicina. Se infecção por Enterococo resistente a Vancomicina (VRE), usar Linezolida, o que reforça a necessidade imperiosa de se, valer, sempre, da urinocultura + TSA, a fim de modificar ou aprimorar o esquema empírico. A duração do tratamento varia conforme a gravidade ou complexidade de cada caso, indo de 7 a 21 dias. INFECÇÃO TRATO URINÁRIO HOSPITALAR (ITU H) A ITU H é relacionada à manipulação do trato urinário, principalmente à cateterização urinária, cerca de 80% dos casos. Observações: No cateterismo vesical utilizar técnica asséptica rigorosa, assim como cuidados de fixação do cateter e de manutenção do sistema fechado de drenagem vesical. Nunca elevar a bolsa coletora de urina acima do nível da bexiga, para evitar refluxo. Rastreamento bacteriológico não é recomendado, como medida de rotina, para paciente cateterizado. É indicada urinocultura, na suspeita de infecção do trato urinário, através de dados clínicos e epidemiológicos. Cabe lembrar que o risco de adquirir ITU H associada ao uso de sonda vesical está relacionado ao método e duração do do cateterismo, à qualidade do cuidado na sua manutenção e à susceptibilidade do paciente. Sabe-se que, até o 3° dia de cateterismo, o risco de infecção é mínimo e que, a partir daí, a curva de infecção torna-se exponencial. Em pacientes sem bacteriúria prévia à internação, 10 a 20 % irão apresentá-la-ão00, após a cateterização. O risco de ITU aumenta, de 3 a 10 %, para cada dia de permanência do cateter, atingindo quase 100 %, após 30 dias de seu uso. É importante citar que uma das principais medidas de controle de infecção do trato urinário hospitalar é a limitação da utilização da sonda vesical de demora (SVD), a qual deve ter indicação precisa, técnica asséptica de realização, utilização de sistema coletor fechado, manutenção adequada e retirada, tão logo possível. Em muitas situações, deve-se usar cateterismo intermitente. Rastreamento microbiológico para ITU não é recomendado. Havendo suspeita da infecção, é que deve ser realizada a urinocultura + contagem de colônias + antibiograma, além do exame sumário de urina. No paciente sondado há muitos dias, a urina para tais exames deve ser colhida através um sonda recém-colocada. Precauções de contato são obrigatórios nos casos por MOs multirresistentes Participação de urologista ou uroginecologista deve ser solicitada quando indicada. Medidas preventivas e outras medidas: se houver inserção de sonda vesical ou qualquer instrumentação urinária, o procedimento deve ser asséptico, mantendo o fluxo adequado, evitando elevar o saco coletor de urina acima da altura da bexiga do paciente e retirando da sonda não logo que possível; medidas fisioterapêuticas de assoalho pélvico, nos casos indicados; cateterismo urinário intermitente, idem. Havendo boa resposta clínica e laboratorial, nem sempre se necessita de urinocultura de controle, especialmente em paciente com cateter vesical de demora, estando assintomático; antibioticoprofilaxia para evitar recorrência da ITU não está indicada, exceto em algumas situações como após transplante renal; bacteriúria, candidúria e piúria, se assintomáticas, não merecem terapêutica com ATM. Infecções do trato urinário encerram importante risco de evolução para SEPSE (UROSSEPESE), motivo pelo qual se reiteram as recomendações a seguir, as quais têm sido objeto de frequentes diálogos com os colegas urologistas: 1. Em face da prevalência crescente e preocupante de bactérias multirresistentes, é vital a colaboração da equipe médica no sentido do cumprimentos de todos os critérios para que antibióticos sejam usados sempre RACIONALMENTE, tanto do ponto de vista terapêutico, como do profilático, conforme protocolos existentes na INTRANET do Hospital. Assim, continua sendo indispensável que se busque a identificação e o perfil de sensibilidade do agente etiológico a se combater, através de cultura (sangue, urina, outros materiais biológicos) a ser feita ANTES do início do uso (empírico) do antimicrobiano e MESMO QUE SE TRATE DE UM CASO DE URGÊNCIA, cuja coleta, providência que, com o devido envolvimento da equipe assistencial, não irar retardar o referido início. 2. Deve ser indagado, EM TODOS OS CASOS, se o paciente, antes de ser internado no HGCC, se submeteu a alguma cultura microbiológica, seja em nível ambulatorial ou hospitalar, cujo resultado, então, poderá auxiliar o médico do nosso hospital na escolha do esquema que irá prescrever. 3. Deve, igualmente, ser verificado se o paciente se submeteu, antes da admissão atual, ao uso de algum antibiótico, seja em domicílio, em outra instituição (hospital ou UPA) ou no HGCC. Nesta última hipótese, deve-se consultar o prontuário da internação anterior e, se o paciente tiver vindo de outra instituição, deve trazer o necessário relatório do médico que lá o assistiu. Na ausência deste relatório, deve-se procurar manter contato com a referida instituição, pelo meio que for mais rápido. 4. A ênfase dada por estas recomendações aos colegas do Serviço de Urologia, se deve ao fato de, no referido serviço, serem admitidos e tratados pacientes que, com frequência, já usaram antibiótico e/ou já realizaram urinoculturas, sendo portadores, não raramente, de bactérias resistentes. É desnecessário lembrar que tais cuidados visam a se obter a necessária eficácia do esquema antimicrobiano que se vá instituir e, assim, proteger a saúde e a vida do paciente, além resguardar a responsabilidade do profissional, do Serviço e do próprio hospital. 5. Havendo a comprovação ou forte suspeita de bactéria resistente, não deve ser utilizado antimicrobiano de eficácia incerta, como quinolona ou cefalosporina de terceira geração (Ceftriaxona) até pelo fato de que tais drogas são fortemente indutoras de resistência microbiana, além de favorecerem o surgimento de infecção por Clostridium difficile, microrganismo de grande potencial de morbiletalidade. RECOMEDAÇÕES PARA A PREVENÇÃO DE INFECÇÕES DO TRATO URINÁRIO 1.Não usar sonda vesical de demora (SVD) só por comodidade do profissional de saúde. 2.Higienização correta das mãos. 3.Lavar a região perineal e genital do pacientes com água e sabão, com luvas de procedimento 4 Calçar luvas estéreis. 5.Usar campo estéril de pelo menos 75 cm x 75 cm. 6. Usar sistema coletor 7.De modo asséptico, insuflar o balão da sonda, para checar o seu funcionamento. 8.Realizar antissepsia do meato urinário e área adjacente com solução de PVPI tópico a 10% ou clorhexidina tópica a 1%. 9..Aplicar vaselina líquida ESTÉRIL ou gel anestésico ESTÉRIL, lubrificando a SVD. 10.Já conectada ao sistema coletor, Instalar a SVD com técnica asséptica, evitando forçar a introdução (se necessário solicitar ajuda de profissionais experiente ou até urologista).10. Observar se a sonda alcançou a bexiga, depois do que introduzi-la por mais +/- 3 cm. 11.Fixar o cateter no hipogástrio (homem) e face anterior da nariz da coxa (sexo feminino). 12.Fixar o saco coletor de urina no extremo oposto da cabeceiro, mantendo-o sempre em posição abaixo do nível da pelve do(a) paciente. OUTRAS MEDIDAS PREVENTIVAS CONSTAM EM MANUAIS DE ENFERMAGEM. INDICA-SE URINOCULTURA EM PACIENTE COM SVD, quando houver suspeita de ITU ou outras situações específicas, nunca como vigilância. EM PACIENTE COM SVD É CONTRAINDICADO USO DE ATM, COMO PROFILÁTICO INFECÇÕES DO TRATO URINÁRIO ACOMETENDO APENAS HOMENS PROSTATITE Ciprofloxacino 500mg q12h BACTERIANA OU Ceftriaxona (IM ou IV)/24h OU TMP-SMX AGUDA 800mg/160 q 12 h VO Obs: Pacientes com suspeita de DST associar Doxiciclina 100mg q 12 h, VO +Ceftriaxona 500 mg IM, dose única Se prostatite severa: Ceftriaxona 2/dia (IV ou IM)+Gentamicina 240 mg/dia(IV ou IM), 7 a 10 dias, completando com Ciprofloxacino 500 mg q12h,VO PROSTATITE BACTERIANA CRÔNICA Ciprofloxacino 500 mg q12 h OU TMP-SMX, Oral 800mg/160mg q12 h Se recorrente, uma dose diária de um dos seguintes: Nitrofurntoina 100 mg; Ciprofloxacino 250 mg TMP-SMX 400 mg/80 mg. Ouvir UROLOGISTA. EPIDIDIMITE AGUDA Ceftriaxona, 250mg + (DST) Doxiciclina,100mg de 12/12 h. EPIDIDIMITE não DST Ciprofloxacino500mg q 12h 800mg/160, VO OU Ceftriaxona 2 g/dia,IM ou IV IM Oral OU TMP-SMX Oral 21- 28dias 10 dias 4 semanas 1 a 3 meses Dose única 10 dias 10 dias IM ou IV Bacteriúria Assintomática O tratamento deverá ser realizado apenas nas seguintes situações: *Mulheres grávidas *Presença de obstrução urinária *Antes de instrumentação urogenital (cistoscopia diagnóstica e demais procedimentos endoscópicos). *Pré-operatório, nos sete dias que precedem a intervenção nas cirurgias eletivas e, em casos de urgências, iniciar o tratamento de imediato, continuando no pós-operatório, particularmente nas cirurgias com implantes de próteses, osteossínteses, cirurgias plástica, neurocirurgias e imunossuprimidos .A duração do tratamento dependerá da evolução de cada caso. O esquema antimicrobiano deve se basear em urocultura e antibiograma, assim como os dados do pacientes. Em paciente com Diabetes mellitus: na ausência de anormalidade anatômica óbvia, a bacteriúria assintomática não deve ser tratada. CAPÍTULO XII ENDOCARDITE INFECCIOSA (EI) Considerações gerais Infecção bacteriana ou fúngica da superfícies valvar ou endocárdica do coração, a sua apresentação clínica depende do organismo infectante e da valva ou valvas afetadas. Os microrganismos mais virulentos, principalmente S. aureus, costumam produzir infecção mais rapidamente progressiva, muitas vezes, ocorrendo em valva cardíaca sã, com doença febril aguda, complicações embólicas precoces, insuficiência valvar aguda e abscesso miocárdico. Outros, como S. viridans, enterococos e fungos causam um quadro subagudo. Sequela de febre reumática, atualmente, é menos comum, sendo que outros fatores predisponentes podem ser: valva aórtica bicúspide, esclerose calcificada de valva, estenose subaórtica hipertrófica, prolapso mitral e vários defeitos congênitos (Tetralogia de Fallot, coarctação de aorta, persistência de canal arterial e comunicação interventricular), bem como EI prévia. O evento desencadeador da EI, em valva nativa, é a colonização da valva pelo patógeno que invade a corrente sanguínea, depois de procedimento invasivo :dentário, broncoscópico, urológico, cirúrgico, prótese valva re, correção de defeitos cardíacos (patch) cateter intravascular e alguns outros relacionados à assistência à saúde (IRAS), além do uso de drogas intravasculares. É menos comum em procedimentos tocoginecológicos e endoscópicos altos. -Patógenos mais isolados (1.779 casos, 2000-2003:JAMA 2005;293:3012): S. aureus 32%;S. viridans, 18%;Enterococos, 11%; S.bovis, 5%;Grupo HACEK (H. influenzae, H.aphrobacilus, Cadiobactrium, Eikenella e Kingella), 2%;BGN,2%;fungos,2%.; 8%; estafilococos coagulasenegativos, 11%; bacilos Gram-negativos, 2%., com culturas negativas em . 8% dos casos. Sintomas e sinais: incluem, variando conforme forma clínica e o estágio evolutivo da EI: febre, adinamia, palidez, tosse, dispneia, mialgias, artralgias, perda de peso, sudorese noturna, sopro cardíaco ou mudança de um sopro anterior. As lesões cutâneas mais comuns são: petéquias as quais podem ocorrer no palato ou conjuntivais; hemorragias sub-ungueais (splinter), lesões violáceas e dolorosos na superfície plantar dos pododáctilos e nos quirodáctilos (nódulos de Osler), lesões eritematosas indolores das regiões palmares de plantares (lesões de Janeway) e lesões exsudativas na retina (manchas de Roth). A doença tem forma aguda e ameaçadora, quando causada, como dito antes, mais frequentemente por S. aureus. Registram-se alterações decorrentes de eventos embólicos (AVC,) em até 25% dos casos). Também por mecanismo embólico ou imune, podem ocorre alterações renais (hematúria, proteinúria e até disfunção). Exames indicados, além daqueles cabíveis em um quadro febril: Rx de tórax, ECG, hemoculturas ( de preferência 3 coletas com intervalo de 1 hora e antes de iniciado o esquema antimicrobiano) e ecocardiograma de preferência o transesofágico (sensibilidade de 90%) Diagnóstico (Critérios de Duke, modificados, 80% de acurácia): 2 critérios maiores OU 1 maior e 3 menores OU 5 menores Critérios maiores: positividade, em 2 hemoculturas, de microrganismo típico ( ou bacteriemia persistente por outros microrganismos não habituais; ecocardiograma ( de preferência transesofágico) mostrando vegetação ou abscesso miocárdico ou deiscência de uma prótese valvar); e surgimento de um sopro de insuficiência valvar, antes inexistente. Critérios menores: condição cardíaca predisponente; uso de drogas intravenosas ; febre >38oC; fenômenos vasculares (êmbolo arterial, aneurisma micótico, hemorragia cerebral hemorragia conjuntival, lesões de Janeway); fenômenos imunes (glomerulonefrite, nódulos de Osler, Manchas de Roth, fator reumatoide positivo); qualquer hemocultura positiva ou diagnóstico sorológico de uma infecção ativa. Tratamento antimicrobiano Os esquemas variam conforme o acometimento valvar (EI em valva nativa versus EI em valva prostética), a forma evolutiva (EI subaguda versus EI aguda) e os dados clínicos, epidemiológicos e microbiológicos ( patógeno causal e seu perfil de sensibilidade). Endocardite infecciosa em valva nativa Esquema empírico • EI aguda ( o agente mais comum é S. aureus) Oxacilina, 2 g, IV, 4/4 h +/- por 6 semanas. Para alérgicos a penicilina, usar Cefazolina 2 gr, IV, 8/8 h OU Vancomicina, 30 mg/kg/dia (em 2 doses). Vancomicina também está indicada na suspeita e comprovação de resistência aos betalactâmicos (v. esquema para EI em prótese, adiante). • EI subaguda (o agente mais comum é S. viridans) Pen.Cristalina 18-24 mi UI (divididos em 6 doses de 4 h), por 4 semanas + Gentamicina 1 mg/kg, IV, cada 8 h, nas 2 1as. Semanas. Para alérgicos a betalactâmicos, Vancomicina conforme o esquema acima. Outra opção para cepas sensíveis é Ceftriaxona 2 g, IV, 24/24 h, especialmente para tratamento em regime domiciliar (home care). EI em usuários de drogas IV (estafilococos, fungos, afetando particularmente o lado direito do coração): Vancomicina, 30 a 60 mg /dia, dividas em 2 a 3 doses p/atingir vancocinemia de 15 a 20 mcg/mL. OU Daptomicina 6 mg /kg/;24 h; para fungo : Anfotericina. Esquema antimicrobiano após resultado das hemoculturas ou, se estas forem negativas, conforme dados clínicos, epidemiológicos e de evolução *S. viridans ou S.bovis sensível a Penicilina - Pen. G 18-24 mi/24 milhões UI ou Ceftriaxona 2 g/24h(4 semanas) OU nos casos complicados, acrescentar Gentamicina 1 mg/kg 8/8 h(esta última por apenas 2 semanas). 30mg/kg/dia. S.viridans ou S.bovis relativamente resistentes ( MIC entre 0,12 e 0,5 mcg/ml: os mesmos ATMs acima, com Pen. G 24 milhões UI/dia. Cepas com MIC > 0,5 mcg/ml usar a mesma dose utilizada para Enterococos sp. Nos alérgicos ou intolerantes aos betalactâmicos acima, usar Vancomicina 2 g/dia ou 30mg/kg/dia. Enterococos spp resistentes a Gentamicina: trocar este aminoglicosídeo por Estreptomicina 15 mg/kg/24h (2 doses), por 4 a 6 semanas, em associação com Ampicilina 12 g/dia (ou Penicilina G 24 milhões UI/24), por 6 semanas. Nos alérgicos ou intolerantes a betalactâmico, usar Vancomicina, 6 semanas. Se gérmen resistente a Penicilina e sensível a Gentamicina, este último aminoglicosídeo deve ser usados (v. doses acima) em associação com Ampicilina/Sulbactam 12 g/dia (6 semanas).Nos alérgicos ou intolerância a betalactâmico, optar por Vancomicina (doses acima). .. *Enterococcus faecalis resistente a Penicilina e a Vancomicina(VRE): usar Ampicilina 12 g/dia + Imipenem OU Ceftriaxona 4 g/24 h (2 doses) + Ampicilina 12 g/24h (6 doses) OU Daptomicina 6-8 mg/kg/24h (uma dose) . *Enterococcus faecium resistente (VRE) aos antibióticos acima citados: usar Linezolida 1.200 mg/24 hs, IV ou VO, em 2 doses, 6 semanas (vigiar PLAQUETOPENIA). Consultar CCIH/ infectologista e/ou profissional com experiência em tais casos *Grupo HACEK : usar, por 4 semanas: Ceftriaxona 2 g/24 h (1 dose) ou outra Cefalosporina 3ª. ou 4ª. G – 4 semanas.Para pacientes alérgicos a betalactâmicos, usar Ciprofloxacino 800 mg/dia, IV (2 doses) ou 1 g, VO (2 doses) *Sthaphylococcus spp sensíveis a oxacilina – v. esquema acima *Sthaphylococcus resistentes a Oxacilina ou pacientes alérgicos a betalactâmico – v. esquema anterior. *Candida sp ou Aspergillus sp (este de difícil isolamento em hemocultura), a indicação é para Anfotericina B. DAPTOMICINA TEM SIDO CONSIDERADA EM ENDOCARDITE ESTAFILOCÓCCICA. Endocardite infecciosa em valva prostética Paciente com < 12 meses depois do implante da prótese - Microbiota hospitalar, principalmente S. aureus ou Estafilococo coagulase-negativo, bacilos Gram-negativos e fungo, principalmente se a EI ocorrer precocemente. COLHER 3 PARES DE HEMOCULTURAS, COM INTERVALO DE 20 MINUTOS, ANTES DE INICIAR A ANTIBIOTICOTERAPIA -- Tratamento empírico: Vancomicina 30 mg/kg/dia(2 doses), MAIS Amicacina, 15 mg/kg/dia (em 2 doses) (ou Gentamicina – 3 a 5 mg/dia, divididos em 3 doses). --Após identificação do agente causal e seu padrão de sensibilidade, ajustar o esquema antimicrobiano, a ser mantido por 6 a 8 semanas. Mesmo que haja a troca da prótese, o esquema deve ser mantido pelo menos por 4 semanas após a referida troca. semanas + (MAIS) Rifampicina 300 mg cada 8 h, por 6 semanas. Para S. aureus, mesmo sensível a oxacilina, acrescentar Rifampicina 300 mg,VO, 8/8h, por seis semanas e suspender o aminoglicosídeo após 2 semanas de seu uso. Para EI causada por outros microrganismos, incluindo fungo, o caso deve discutido com a CCIH ou Infectologista. Em endocardite por fungo, geralmente há indicação da troca da prótese. Paciente com > 12 meses depois do implante da prótese O tratamento empírico deve ser feito com Oxacilina 12 g/dia (6 doses) + Ampicilina 12 g/dia(6 doses) OU Gentamicina 3 mg/kg/dia (3 doses). Pode-se usar Ceftriaxona 2 g/24, h. porr4 a 6 semanas. O esquema será ajustado após a caracterização do agente etiológico e as condições do paciente. Indicações cirúrgicas, MESMO NA VIGÊNCIA DE INFECÇÃO ATIVA: insuficiência cardíaca congestiva, instabilidade hemodinâmica, etiologia fúngica, bacteriemia refratária (após 7 a 10 dias de esquema antimicrobiano racional), embolização contínua, bloqueio progressivo do sistema de condução cardíaca, abscesso do anel valvar e recaída da EI.(Embolização após a cura microbiológica não significa necessariamente recorrência da endocardite). Na ocorrência de rotura de aneurisma micótico, retardar a operação ( e a conseqüente anticoagulação), a afim de a lesão aneurismática possa cicatrizar. Após a troca valvar: manter o esquema por mais 2 semanas ( 4 a 6 semanas, se hemocultura, cultura da valva ou histopatologia identificar MO) Sobre profilaxia de EI, consultar outro CAPÍTULO XXII. CAPÍTULO XIII INFECÇÔES EM PACIENTES QUEIMADOS Etiologia microbiana: Streptococcus pyogenes é o patógeno que mais infecta os locais queimados. Outros:: Enterobactérias, E. faecalis, P. aeruginosa, fungos. Medidas iniciais: atenção para: vias aéreas e com suporte ventilatório se indicado; suporte circulatório; avaliação e cuidados quanto aos demais comprometimentos orgânicos; avaliação quanto à extensão e o tratamento das queimaduras. Conduta quanto à prevenção da infecção: Swab do nasofaringe, na admissão, p/menores de 5 anos; - Se colonizado por S.pyogenes: Profilaxia p/S.pyogenes: - Pen. G: 200 a 300.000 UI/kg, dividas de 4/4 h por 4 dias. - Manter o paciente em isolamento de contato durante o período acima. - Adiar enxertia, até o término do curso da Penicilina - Se infectado p/ S. pyogenes: tratamento com Penicilina, doses acima, por 10 a 14 dias, manter o paciente em isolamento de contato durante o período acima e adiar enxertia, até o término do curso da Penicilina.. - Cultura semanal de swab, adequadamente colhido, de cada área queimada, a ser enxertada. Técnica p/ coleta: remover antimicrobianos/substâncias tópicas; rinsagem com soro fisiológico; umedecer o swab com soro fisiológico e passa-lo, com leve pressão, sobre 1 cm2 da ferida; encaminhar imediatamente para a Microbiologia. - Imunização contra tétano – indicada para as queimaduras mais profundas do que superficiais. Usar a vacina, independentemente de já ter sido o paciente vacinado, mesmo recentemente Se o paciente não tiver sido, antes, completamente imunizado, deve receber, também, imunoglobulina antitetânica, IM, em local diferente daquele onde foi aplicada a vacina. Tratamento empírico de infecções nos queimados Indicação: pelo menos 2 dos critérios: leucopenia (<2.500) ou leucocitose; aumento do grau da queimadura (exceto em queimadura elétrica); febre (>38,5oC ) ou hipotermia (<36oC); instabilidade hemodinâmica, após correção hidroeletrolítica; confusão mental (sem outra causa ) ou hiperglicemia (>150 mg ), sem diabetes prévio; aumento de PCR ou da procalcitonina; celulite em torno da queimadura. Esquema antimicrobiano empírico. Até 72 h de internação e sem uso prévio de ATM: Oxacilina + Ciprofloxacino. Se uso prévio de ATM ou piora clínica: Vancomicina 1 g, ICV,q12h + Piop/Tazobactam; reavaliação após 48 h: se piora clínica, manter Vancomicina e trocar Pip/Tazobactam por Imipenem 500 mg 6/6 h OU acrescentar Amicacina 10 mg/kg dose inicial; depois 7,5 mg/kg q12h, IV à Pip/Tazobactam 4 g,IV,q q4h OU Meropenem 1 g , IV, q8h.( Outros esquemas conforme a epidemiologia do lugar). ANTIBIOTICOPROFILAXIA SISTÊMICA:SEMPRE, ANTES DA CIRURGIA P/ENXERTO, com base no MO identificado na cultura de vigilâncias semanal, iniciando-se na indução anestésica, podendo repetir a dose conforme a duração do procedimento e da meia-vida do ATM. Indicações de antimicrobiano tópico: - Em grande queimado (>15%): sulfadiazina de prata + nitrato de cério, usar 2 vezes ao dia (+arco de proteção), se a queimadura permanecer exposta. Usar 1 vez ao dia, se queimadura coberta e 2 x/dia, se feridas expostas. Antes de cada aplicação remover o ATM da aplicação anterior. Manter ATM até que a área queimada tenha reduzido (espontaneamente ou p/enxertia) CAPÍTULO XIV OUTRAS INFECÇÕES COMUNS Tuberculose Causada pelo complexo Mycobacterium tuberculosis (M.tuberculosis, M.bovis, M. africanum e M.microti) - BK, a tuberculose tem como reservatório principal: homem. A transmissão é de pessoa (bacilífera) a outra pessoa, pelo ar, entre 4 a 12 semanas, depois da lesão primária ( há redução acentuada da transmissibilidade após alguns dias do início do tratamento adequado) .Crianças, geralmente, não transmitem. Na Tb pulmonar há história de tosse por mais de 2 semanas, febre, sudorese noturna, perda de peso, perda de peso, podendo haver hemoptise e dor torácica. Na forma disseminada, o quadro é mais grave e envolvimento de outros órgãos. Diagnóstico: Por ser um método simples e seguro, deve ser realizado por todo laboratório publico de saúde e pelos laboratórios privados tecnicamente habilitados. A pesquisa do bacilo alcoól-ácido resistente – BAAR, pelo método de Ziehl-Nielsen, e a técnica mais utilizada em nosso meio. A baciloscopia do escarro, desde que executada corretamente em todas as suas fases, permite detectar de 60% a 80% dos casos de tuberculose pulmonar, o que é importante do ponto de vista epidemiológico, já que os casos bacilíferos são os responsáveis pela manutenção da cadeia de transmissão. a Tubeculose no Brasil 3 Exames complementares 5 A baciloscopia direta deve ser solicitada aos pacientes que apresentem: • Critérios de definição de sintomático respiratório (Sintomáticos Respiratórios – SR: indivíduos com tosse por tempo igual ou superior a três semanas. ) • Suspeita clinica e/ou radiológica de TB pulmonar, independentemente do tempo de tosse (exame de escarro); e suspeita clinica de TB extrapulmonar (exame em materiais biológicos diversos). – -A baciloscopia de escarro deve ser realizada em, no mínimo, duas amostras: uma por ocasião da primeira consulta e outra, independentemente do resultado da primeira, na manhã do dia seguinte, preferencialmente ao despertar -Nos casos em que há indícios clínicos e radiológicos de suspeita de TB e as duas amostras de diagnóstico apresentem resultado negativo, podem ser solicitadas amostras adicionais. No escarro, a pesquisa de BAAR tem sensibilidade de 50% e a cultura para BK, 80%. - Rx de tórax: infiltrado dos lobos superiores (podendo haver cavitação) Em crianças e pacientes com HIV a apresentação pode ser atípica. - PPD: não distingue doença ativa da latente. (É utilizado na pesquisa etiológica de febre desconhecida; e em pacientes com HIV. Necessita de interpretação adequada.) - Reação da polimerase em cadeia (PCR): exame oneroso, com menor sensibilidade em escarro BAAR-negativo e outros materiais com menor carga bacilífera. Há outras provas mais sofisticadas e não utilizáveis em rotina -Cultura do escarro: indicada quando BAAR negativo e persistência da suspeita; formas extrapulmonares; pacientes com HIV ( investigação de micobactéria não tuberculosa) e formas resistentes da doença; -TC do tórax (alta resolução): quando Rx do tórax não definir o diagnóstico; -Broncoscopia: indicada se BAAR do escarro negativo ou suspeita de outra doença.; Outros exames: histopatológico de peças; citobioquímico e biologia molecular de líquidos orgânicos (Reação da polimerase em cadeia (PCR) Tratamento, conforme o Ministério da Saúde Outros efeitos adversos OUTRAS MEDIDAS ISOLAMENTO DE AEROSSÓIS: PARA TODO PACIENTE COM TOSSE COM MAIS DE DUAS SEMANAS DE DURAÇÃO E ALTERAÇÕES NO RX DE TÓRAX E/OU SE FOR BACILÍFERO. Preocupação principal, também, nas seguintes situações: contactantes com pessoas imunodeprimidas; moradores de rua; pacientes de asilos. Descontinuar o isolamento se 3 pesquisas de BAAR forem negativas. : Encaminhar o paciente para posto de saúde Tratamento da infecção latente (ILTB) ou quimioprofilaxia secundária - Isoniazida – na dose de 5mg/kg a 10 mg/kg de peso ate a dose máxima de 300mg/dia. - Tempo de tratamento: um período mínimo de 6 meses. O tratamento da ILTB reduz em 60% a 90% o risco de adoecimento (SMIEJA et al., 2000). Esta variação o se deve à duração e à adesão ao tratamento. Obs 1 – Ha evidências de que o uso por nove meses protege mais do que o uso por 6 meses (Comstock, 1999), principalmente em pacientes com HIV/AIDS (AMERICAN THORACIC SOCIETY, 2000; THOMPSON, 1982). Para fazer a opção entre 6 9 meses de tratamento, considerar a viabilidade operacional e a adesão do paciente.. Obs 2 – A quantidade de doses tomadas é mais importante do que o tempo do tratamento. Por isso, recomenda-se que esforços sejam feitos para que o paciente complete o total de doses programadas mesmo com a eventualidade de uso irregular, considerando a possível prorrogação do tempo de tratamento com o objetivo de completar as doses previstas, não excedendo esta prorrogação em ate três meses do tempo inicial. INDICAÇÕES para tratamento de ILTB: Além do resultado do PPD, a indicação do uso da H para tratamento da ILTB depende de três fatores: a idade, a probabilidade de ILTB e o risco de adoecimento (Pai; Menzies). Grupos com indicação de tratamento: 1. Crianças contatos de casos bacilíferos: - PPD igual ou superior a 5mm : em crianças não vacinadas com BCG, crianças vacinadas há mais de dois anos ou qualquer condição imunossupressora. -PPD igual ou superior a 10mm em crianças vacinadas com BCG há menos de dois anos. -Crianças que adquiriram ILTB ate os 5 anos – grupo prioritário para tratamento de ILTB. 2. Adultos e adolescentes: Em adultos e adolescentes (> 10 anos) com ILTB, a relação risco-beneficio do tratamento com H deve ser avaliada. A idade ´´e um dos fatores de risco para hepatotoxicidade pela isoniazida (DOSSING et al., 1996; SENARATNE et al., 2006). Assim, é recomendado o tratamento conforme o quadro a seguir: Histoplasmose Doença fúngica sitêmica, 90% das vezes assintomática, ou, sendo ativa ou por reativação de focos latentes, pode ser fulminante, pela invasão pulmonar e em imunodeprimidos, também com comprometimento extra pulmonar e com potencial de letalidade. Etiopatogenia: A doença é causada por inalação de aerossóis contendo micélios do Histoplasma capsulatum, presente em solos ricos em substâncias orgânicas e pH ácido (dejeções de aves de criação, morcegos ou pássaros agregados), como em cavernas ou demolição de edificações antigas. Já foi documentada transmissão de pessoa a pessoa. Formas clínicas sintomáticas no hospedeiro normal Infecção pulmonar aguda: febre, sintomas respiratórios e achados estetoacústicos de envolvimento parenquimatoso pulmonar. Histoplasmose pulmonar crônica cavitária: quadro sugerindo Tb, com infiltrado reticulonoduar e/ou cavitação. Formas clínicas no hospedeiro imunocomprometido *Histoplasmose disseminada aguda: acomete pessoas imunocomprometidas: quadro clínico de infecção grave, podendo haver hepato-esplenomegalia, linfadenomegalias generalizadas, lesões cutâneas e meningoencefalite (20%). Alta letalidade. *Histoplasmose disseminada subaguda – quadro de evolução mais lenta. *Histoplasmose disseminada crônica – mais comum em homens, > 40 anos, ou com imunodeficiência não acentuada (idade avançada, alcoolismo, DM, corticoterapia, linfomas, tumores sólidos), sintomas insidiosos, lesões cutâneas e principalmente mucosas, pleomórficas. *Doença mediada imunologicamente: resposta de hipersensibilidade; histoplasmoma, fibrose mediastinal e síndrome ocular. Diagnóstico: cultura positiva de material (escarro, lesões, aspirado de medula óssea); pesquisa do antígeno em urina ou sangue. reação de fixação de complemento; exame histopatológico de órgãos afetados. Fazer diagnóstico diferencial com: aspergilose, tuberculose, leucemias, linfomas, outros. Tratamento: Infecção pulmonar aguda grave: Anfotericina B lipossomal 3 mg/kg x 2 semanas e, a seguir, se estável, Itraconazol, VO, 200mg 3x ao dia,dia x 3 dias e, então, 200 mg/dia, por 12 semanas. Forma cavitária crônica: Itraconazol, VO, 200mg, 3 x /dia, por 3 dias e, depois, 200 a 400 mg/dia, 12 a 24 meses. Em algumas formas está indicado também Prednisona 0,5-1 mg/kg, por 1 a 2 semanas. Para alguns tipo de acometimento, em particular, consultar outros protocolos ou ouvir profissional com experiência no assunto Toxoplasmose Zoonose cosmopolita, é causada pelo protozoário Toxoplasma gondii, cujos hospedeiros definitivos são gatos e outros felídeos; transmitida por: ingestão de oocistos (provindos do solo, latas de lixo e outras fontes contaminadas com fezes de gatos infectados), ingestão de carne crua ou mal cozida, especialmente carne de porco e carneiro, infectada com cistos; via transplacentária (40% de mães infectadas na gravidez). Tem grande morbidade em imunocomprometidos e grávidas/fetos. Há seroprevalência em grande parte da população. Formas clínicas: Infecção primária assintomática: daí a seroprevalência em grande parte da população. Febril aguda: em hospedeiro imunocompetente, podendo haver linfadenite indolor (geralmente cervical) e sintomas mononucleose-símile, geralmente autolimitada. Ocular (coriorretinite aguda ou crônica), predominando em adultos jovens. Neoonatal congênita: podendo ser assintomática em criança com baixo peso; prematuridade, coriorretinite, sequelas de comprometimento do SNS, estrabismo, icterícia, anemia, hepatomegalia, pneumonia, miocardite, hepatite. Toxoplasmose no imunodeprimido: envolvimento encefálico (Neurotoxoplasmose), especialmente em pacientes sido-aidéticos (com CD4<50 células/mm3), causando cefaleia, sinais focais, fraqueza, confusão; coriorretinite; infecção sistêmica: miocardite; pneumonia. Diagnóstico: anticorpos IgM (sero-conversão com aumento de título em 4 vezes) ou IgG (>1:200 - O valor dos testes sorológicos para detecção de anticorpos circulantes é discutível, em tais pacientes durante a fase avançada da imunossupressão); detecção do parasita em tecido afetado; testes biomoleculares ( PCR – sensibilidade de 50% e especificidade de 96 a 100%); TC e RM ( lesões únicas ou múltiplas, isodensas ou hipodensas, captando o contraste de forma anelar, circundada por edema e efeito de massa, comprometendo os lobos frontal parietal, além de núcleos da base) parietal, além de núcleos da base) Diagnóstico diferencial: linfoma primário de sistema nervoso central. Terapêutica. A infecção aguda, em imunocompetente, costuma ser autolimitada e não requer tratamento específico, exceto em se tratando de grávida e ou havendo envolvimento visceral. ou sintomas acentuados ou persistentes. *Em paciente imunocomprometido ou com reativação da infecção, o tratamento busca resposta clínica e radiológica, dentro de 2 semanas do seu início, até para confirmar o diagnóstico. Em HIV: Pirimetamina, 200 mg (dose de ataque), seguida de 50 a 100 mg/dia+Sulfadiazina 1 a 1,5 g 4x/dia+ Ácido folínico 10 a 20 mg/dia , até depois de 6 semanas sem sintomas/sinais, incluindo a resolução das imagens encefálicas (TC ou RM); então, continuar com Pirimetamina 25 mg/dia + Sulfadiazina 500 mg 4x/dia+ àcido folínico 15 mg/dia, indefinidamente ou até que se restaure a imunidade. Alternativas: em vez de Sulfadiazina, usar Clindamicina 600 mg 4x/dia, VO ou IV; TMP/SMX ou Atovaquone. Havendo necessidade de usar corticoide para efeito de massa no encéfalo, usá-lo pela menor duração possível. *Para grávidas no 1º. Trimestre, usar Espiramicina 3-4/dia (em 3 doses). *Nos pacientes imunocompetentes: nos três 1.os dias de tratamento: Adultos: Pirimetamina 75100 mg + Sulfadiazina 500-1.000mg – 2 a 4 x/dia MAIS Ácido Folínico 5-10 mg/dia. Do 4º. dia em diante: adultos - Pirimetamina 50 mg/ dia + Sulfadiazina 1.000 mg 4 x/dia + Ácido folínico 15 mg /dia – Duração 4 a 6 semanas. *Crianças: Pirimetamina 1 mg/ dia + Sulfadiazina 25 mg/kig/dia (4 tomadas ) + Ácido folínico 1 mg/dia – por 4 semanas. Em todas as circunstâncias consultar profissional com experiência no assunto. Leishmaniose Visceral (Calazar) Protozoose causada pela Leishmania chagasi tendo o cão como principal fonte de infecção, no ambiente urbano; , transmitida pelos insetos Lutzomya longipalpis e L. Cruzi. A infecção pode, de modo oportunista, acometer pacientes com SIDA/AIDS, com acometimento multissistêmico (febre, hepatosplenomegalia, pancitopenia, envolvendo também tratos gastrointestinal e respiratório e pele). Caso suspeito de leishmaniose visceral • Todo indivíduo com febre e esplenomegalia, proveniente de área com ocorrência de transmissão de LV. • Todo indivíduo com febre e esplenomegalia, mesmo proveniente de área sem ocorrência de transmissão, desde que descartados os diagnósticos diferenciais outas causas.. Caso confirmado de leishmaniose visceral Critério clínico-laboratorial: a confirmação dos casos clinicamente suspeitos deverá preencher no mínimo um dos seguintes critérios: • Encontro do parasita nos exames parasitológicos diretos ou em cultura. • Reação de imunofluorescência reativa com título de 1:80 ou mais, desde que excluídos outros diagnósticos. • Testes imunocromatográficos, comumente conhecidos como teste rápido, que utilizam antígenos recombinantes. Critério clínico- epidemiológico: pacientes clinicamente suspeitos, sem confirmação laboratorial, provenientes de área com transmissão de LV, mas com resposta favorável Aspectos clínicos. Fase aguda (febre =/<4 semanas, palidez cutâneomucosa e hepatoesplenomegalia), podendo os sintomas serem discretos. Na fase de estado, há emagrecimento progressivo, aumento da palidez e da esplenomegalia, além de comprometimento sistêmico. Na fase final (em paciente não tratados), há agravamento dos sintomas, sinais de desnutrição, cílios alongados, pele seca, edema, sangramento, ascite e icterícia, ocorrendo o óbito por infecções bacterianas. Laboratório - Imunofluorescência e ELISA (antígeno K39 – sensibilidade 94%, especificidade 84%); It’Leish ( sensibilidade 93%, especificidade 97%). Detecção do parasita, em: aspirado de medula óssea, linfonodo ou baço (este último com sensibilidade de 90-95%); pancitopenia, linfocitose relativa, inversão albumina-globulina. Tratamento: Antimoniato de N-metil Glucamina (Glucantime): 20 mg/kg/dia, máximo 3 ampolas por dia e por 20 a 30 dias (máximo 40 dias). Vigiar efeitos colaterais (febre, cefaleia, mialgias, artralgias, erupção cutânea, pancreatite e arritmia cardíaca). Se Calazar grave: O Ministério da Saúde ampliou a indicação de uso do medicamento anfotericina B lipossomal para o tratamento de pacientes diagnosticados com leishmaniose visceral. A medida adotada pelo Ministério, além de diminuir os efeitos adversos causados por outras drogas, garante o acesso de um maior número de pessoas ao medicamento, que é ofertado gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A anfotericina B lipossomal já era usada no tratamento da doença, mas apenas com indicação para três grupos prioritários (pessoas com idade acima dos 50 anos, pacientes com insuficiência renal e transplantados cardíacos, renais e hepáticos). A partir de agora, o Ministério da Saúde estende as indicações de uso dessa medicação como primeira escolha para pacientes com leishmaniose visceral que atendam pelo menos a um dos critérios abaixo: • Idade menor que 1 ano; • Idade maior que 50 anos; • Escore de gravidade: clínico ≥ 4 ou clínico-laboratorial ≥ 6 (Ver manual de leishmaniose visceral: recomendações clínicas para redução da letalidade); • Insuficiência renal; • Insuficiência hepática; • Insuficiência cardíaca; • Transplantados cardíacos, renais ou hepáticos; • Intervalo QT corrigido no exame eletrocardiográfico maior que 450 milissegundos (ms); • Uso concomitante de medicamentos que alteram o intervalo QT; • Hipersensibilidade ao antimoniato de N-metil glucamina ou a outros medicamentos utilizados para o tratamento da leishmaniose visceral; • Infecção pelo HIV; • Comorbidades que comprometem a imunidade; • Uso de medicação que compromete a imunidade; • Falha terapêutica ao antimoniato de N-metilp-glucamina ou a outros medicamentos utilizados para o tratamento da leishmaniose visceral; • Gestantes. OBS:Vale ressaltar que, com exceção das situações descritas acima, o Ministério da Saúde continua indicando o uso do medicamento antimoniato de N-metil glucamina como primeira escolha para o tratamento da doença. Leptospirose Doença febril, causada por espiroqueta do gênero Leptospira, transmitida por urina de ratos e gatos (principalmente), caninos, suínos, bovinos, equinos, caprinos e ovinos. A transmissão pode ocorrer em áreas rurais ou urbanas, especialmente em inundações ou em trabalhadores em fazendas, matadouros, valas; eventualmente em piscinas. Dados clínicos. Início abrupto; gravidade variável, desde leve (virose-like) até forma grave (septicêmica), com febre, cefaleia, mialgias, anorexia, náuseas/vômitos, diarreia, artralgias, hiperemia, hemorragia conjuntival (30% dos casos), fotofobia, dor torácica, tosse seca; podendo evoluir com icterícia rubínica, insuficiência renal aguda e hemorragia (síndrome de Weil). Possibilidade de haver, também: miocardite, arritmia e choque, pancreatite, anemia, envolvimento neural (central ou periférico), hemorragia pulmonar e outros. Laboratório: sorologia-IgM e microaglutinação (MA), detecção da espiroqueta no sangue (fase precoce), detecção do DNA do microrganismo (PCR) e cultura (fase tardia). Tratamento: na fase precoce e não septicêmica, por 5 a 7 dias: Amoxicilina 500 mg 8/8 h, VO ou Doxiciclina 100 mg VO 12/12 h. Na fase septicêmica: Penicilina cristalina 1,5 mi, IV 6/6 h ou Ampicilina 1 g EV 6/6 h ou Ceftriaxona 1 a 2 g, EV, 12/12 h, 7 dias. MEDIDAS DE SUPORTE. Malária Doença febril aguda, causada por protozoários (Plasmodium malariae, P. vivax e P. falciparum e, raramente, P. ovale); transmitida por: picada pela fêmea do mosquito Anopheles, transfusão de sangue e compartilhamento de seringas contaminadas (estas duas pouco frequentes). O paciente tratado pode ficar portador do plasmódio por, até, 3 anos. Aspectos clínicos. Febre alta, calafrios, sudorese profusa, cefaleia, com periodicidade variando conforme o agente causal. Outros sintomas. Nas formas graves e complicadas (P. falciparum): temperatura > 41º C, convulsão, vômitos repetidos, oligúria, dispneia, anemia intensa, icterícia, hemorragia, hipotensão, alterações do sensório. Laboratório: Exame em gota espessa (coloração pelo azul de metileno e Giemsa), com determinação da densidade parasitária (importante para o prognóstico); esfregaço delgado (menos sensível, mas adequado para diferenciação específica do parasitas); testes rápidos para detecção de componentes antigênicos do plamódio (sensibilidade >95%m quando a parasitemia> 100 parasitos/microlitro). Tratamento para o adulto P.vivax e P.ovale:1º. dia: Cloroquina 4 comprimidos + Primaquina 2 comprimidos; 2º. dia : Cloroquina 3 comprimidos + Primaquina 2 comprimidos; 3º / 7o. dias : Cloroquina 2 comprimidos; Primaquina, 14 dias P.malariae: Cloroquina: 1º. Dia, 4 comprimidos; 2º.e 3º. dias: 3 comprimidos P. falciparum (combinação de Artemeter + Lumefantrina, em 3 dias),4 comprimidos pela manhã e 4 à noite, durante os 3 dias Malária grave e complicada: Artesunato: ataque: 2,4 mg / kg, EV, seguida das doses 1,2mg/kg, depois de 12 e 24 h do ataque. Manter a dose diária de 1,2 mg/kg/dia, por mais 6 dias. Se o paciente puder deglutir, a dose de manutenção pode ser feita em comprimidos. Clindamicina: 20 mg/kg/dia, EV + solução de glicose 5%, correndo em 1 hora, por 7 dias. Quando o paciente puder deglutir, passar para forma oral. Capítulo XV INFECÇÕES POR MICRORGANISMOS MULTIRRESISTENTES 1. P.aeruginosa Bacilo Gram- negativo, não fermentador, importante agente etiológico de infecções hospitalares e a causa mais comum de infecções do trato respiratório. Resistência elevada a carbapenens e até a Polimixina. Surtos causados por P. aeruginosa multirresistente são relatados com frequência em unidades de queimados, neurocirurgia, terapia intensiva, unidades oncológicas e entre pacientes com fibrose cística. Opções terapêuticas para cepas não multirresistentes: • Penicilinas com ação antipseudomonas + inibidor de betalactamase (Piperacilina- tazobactam) • • • • Cefepima • Usar Polimixina associado ou não com outro ATM (Meropenem e/ou aminoglicosídeo). Ciprofloxacino Aminoglicosídeos Carbapenêmicos Para cepas multirressistentes aos antimicrobianos acima: Pseudomonas aeruginosa resistente a carbapenem Bacteria 1ª opção Outras opções Sensível a Piperacilina- Tazobactam Polimixina B ou E ± aminoglicosídeo Pip/tazo+ Aminoglicosídeo (se sensível) Resistente a Piperacilina-Tazobactam Polimixina B ou E ± aminoglicosídeo Polimixina B ou E 2. Acinetobacter spp. Coco-bacilo Gram negativo. Alarmante habilidade no acúmulo de mecanismos de R; emergência de cepas R a todos antibióticos (ATB) disponíveis; falta de novos ATB. Opções terapêuticas para cepas resistentes a carbapenêmicos: - Se sensíveis a Ampicilina Sulbactam: 1ª. opção: Ampicilina Sulbactam; 2ª. opção: Polimixina ou Tigeciclina - Se resistentes a Ampicilina/Sulbactam: 1ª opção Polimiixina; 2ª. opção : Tigeciclina (*) (*)Tigeciclina só é aprovada para infecções de partes moles, abdominais e pneumonia comunitária. Acinetobacter spp resistente a carbapenem Bacteria 1ª opção Sensível a ampicilina -sulbactam Ampicilina-sulbactam Resistente a ampicilina- sulbactam Polimixina B ou E ± aminoglicosídeo Outras opções (Polimixina B ou E ou tigeciclina *) + Aminoglicosídeo Tigeciclina* * Aprovada para infecções de pele e partes moles, abdominais e pneumonia comunitária Burkhoderia cepacia 1ª opção Outras opções Sulfamentazol+trimetropina 15-20 Meropenem 3-6g mg/kg/dia de trimetoprinaEV, dividido em OU 4 doses Levofloxacino 750 mg/dia Se pacientes críticos com infecção pulmonar: usar terapia combinada Stenottrophomonas maltophilia 1ª opção Outras opções Sulfamentazol+trimetropina 15-20 mg/kg/dia de trimetoprina EV, dividido em Levofloxacino 750 mg/dia 4 doses 3. Enterobactérias produtoras betalactamases de espectro amplo(ESBL) Bactérias produtoras de B-lactamase de espectro estendido (ESBL) Sítio de infecção ITU 1ª opção Aminoglicosideo OU Ciprofloxacino Pneumonia/bacteremia Imipenem OU Meropenem Meningite Meropenem Infecções intra-abdominais Imipenem, Meropenem ou Ertapenem Outras opções Pip-Tazobactam Ou Ertapenem Cipro ou Ertapenem Pip-tazobactam 4. Enterobactérias produtoras carbapenemase As opções terapêuticas para tratamento dessas cepas ainda não estão bem definidas. As principais cepas produtoras de KPC são Klebsiella spp, E. coli, Enterobacter spp, no entanto essas e outras carbapenemases também são encontradas em outros Gram-negativos, como P. aerugionsa A literatura parece demonstrar uma superioridade da terapia combinada para tratamento das infecções graves por esses agentes. No entanto, tal assunto ainda é controverso. Enterobactérias produtoras de carbapenemase (suspeita de KPC) Sítio de infecção Pneumonia 1ª opção Outras opções Meropenem ou Imipenem + Polimixina E/OU aminoglicosídeo Polimixina ITU ( sem bacteremia) Gentamicina ou Amicacina Bacteriemia Meropenem ou Imipenem + Polimixina E/OU aminoglicosídeo Polimixina Fosfomicina ( se ITU baixa) Polimixina + Meropenem Polimixina B + Meropenem + (Polimixina intratecal ou aminoglicosídeo intratecal) Tigeciclina + Tigeciclina + aminoglicosideo Aminoglicosídeo ou Polimixina SNC Pele e partes moles Meropenem + Imipenem + Tigeciclina E/OU aminoglicosideo Osteoarticular Meropenem + Imipenem + Polimixina E/OU aminoglicosideo (Tigeciclina + polimixina OU Infecção intra-abdominal (Tigeciclina +aminoglicosídeo) Doses máximas de ATB para tratamento para pacientes com função renal normal : Meropenem: 6g/d; Imipenem 2g/d; Polimixina B 30.000 UI/Kg/d; Colistina: base 300mg/d; Tigeciclina: 100mg/d; Amicacina: 15 mg/kg/d; Gentamicina: 5mg/kg/d Meropenem + Imipenem + Tigeciclina E/OU aminoglicosideo DOSES DAS POLIMIXINAS 1. Polimixina E (Colistina) -Reservar para Infecções de trato urinário por bacilos Gram-negativos multirresistentes (melhor concentração renal) Apresentações: Colistek®: 1 FA= 150 mg de Colistina base ( 4,5 milhões de UI de colistimetato ); Colomycin®: 1FA= 1 milhão de UI de Colistimetato ( 33,3 mg de Colistina base) Dose de ataque : 6-9 milhões UI ( próxima dose depois de 8-12h) -Administra em infusão lenta 1-2 h Dose máxima diária: 300mg de Colistina base( 9 milhões UI de Colistimetato) Em pacientes submetidos a diálise, administrar a dose do dia após o término da sessão Função renal( Cl/creat) Dose da Colistina base Dose de Colistimetato Normal 2,5- 5 mg/kg/dia ( a cada 8h) 6-9 milhões UI/dia (a cada 8h) 50-90 ml/min 2,5- 3,8 mg/kg/dia ( a cada 8h-12 h) 6-8 milhões UI/dia (a cada 8h-12h) 10-50 ml/min 1,5- 2,5 mg/kg/dia ( a cada 12h) 4-6 milhões UI/dia (a cada 12h) <10 ml/min 1 mg/kg/dia ( a cada 12h) 4 milhões UI/dia (a cada 12h) 2.Polimixina B - Não há estudos avaliando o benefício clinico da dose de ataque - Poucos estudos de farmacocinética /farmacodinâmica sugerem que não há necessidade de correção em pacientes com insuficiência renal Apresentação: • Polimixina B : 1 FA= 500.000 UI Dose máxima: 2.000.000 UI /dia Administrar em infusão lenta 1-2 h Em pacientes submetidos à diálise, administrar a dose do dia após o término da diálise Função renal (Cl/creat) Dose Normal 25.000- 30.000 UI/kg/dia ( a cada 12h) < 50 ml/min 15.000- 25.000 UI /kg/dia ( a cada 12h) 4.Enterococo Resistente a Vancomicina (VRE) Enterococo resistente a vancomicina Bacteria Sensível a Ampicilina e aminoglicosídeo Sensível a ampicilina e alto nível de resistência para aminoglicosídeo Resistente a ampicilina 1ª opção Outras opções Ampicilina + aminoglicosídeo (Gentamicina ou Linezolida ou Daptomicina Estreptomicina) em * ou Tigeciclina** endocardite ou infecções graves Daptomicina* OU Ampicilina+ Daptomicina * Ampicilina Ou Ampicilia + aminoglicosídeo LInezolida OU Tigeciclina ** - Se ITU baixa : Nitrofurantoina Se sensível a -Se infecções graves: aminoglicosídeo: Linezolida Daptomicina* + aminoglicosideo ( Gentamicina ou Estreptomicina) * Daptomicina: não pode ser utilizada em pneumonia, a dose aprovada pela FDA é de 4-6 mg/kg/dia; alguns especialistas recomendam doses mais elevadas (8-10 mg/kg/dia) em infecções graves ou bactérias multirresistentes. ** Tigeciclina -aprovada para infecções de pele e partes moles, abdominais e pneumonia comunitária 5. Staphylococcus aureus resistente a meticilina ( MRSA) Staphylococcus aureus resistente a meticilina ( MRSA) Sítio de infecção 1ª opção Outras opções Bacteriemia Vancomicina Teicoplanina Ou Daptomicina 6mg/kd/dia Endocardite Vancomicina Daptomicina 8-10 mg/kd/dia Pneumonia Vancomicina Infecção de pele e partes moles Vancomicina Sistema Nervoso Central Infecções osteoarticulares Linezolida ( obs: não usar Daptomicina) LInezolida OU Teicoplanina OU daptomicina 4mg/kd/dia, Vancomicina + Rifampicina Linezolida Linezolida, Daptomicina Vancomicina OU Teicoplania 4-6mg/kd/dia, + R%ifampicina Teicoplanina . • • O glicopeptídeo de escolha é a Vancomicina; Em pacientes com Clcr<50 ml/min priorizar Teicoplanina Doses da Vancomicina estão descritas no protocolo abaixo, devendo ser monitorizadas de acordo com os resultados da vancocinemia. *Dose da vancomicina: • Dose de ataque: 15-20 mg/kg (calculada pelo peso atual do paciente) o Não ultrapassar 2g por dose • Se paciente grave (sepse, meningite, endocardite): 25-30 mg/kg • Dose de manutenção: 15-20 mg/kg/dose a cada 8-12 h o Infundir em 2 horas (para evitar Síndrome do homem vermelho) o Avaliar necessidade de dose após hemodiálise em que usado capilar de alto fluxo. Indicação de coleta de vancocinemia • Pacientes sépticos • Infecções graves (endocardite, meningite, pneumonia) • Insuficiência Renal crônica • Pacientes idosos Intervalo de coleta: • 1º coleta: imediatamente antes (em até 2h antes) da 4° dose da vancomicina • Se pacientes em hemodiálise: antes da 2° dose (no mínimo de 24 h após a 1° dose) • Coletar vancocinemia 1 x por dia, até atingir nível terapêutico Objetivo terapêutico: Atingir nível de vale (antes da próxima dose): 15 a 20 µg/mL OBS: • O nível de vale é o que tem maior acurácia para monitorizar a vancocinemia • O nível de pico (após a dose) não deve ser monitorizado. • A monitorização deve ser diária mesmo nos pacientes que estão em suporte dialítico. • De acordo com o resultado da vancocinemia, o médico deverá reajustar a dose da vancomicina seguindo a tabela abaixo: Ajuste de dose recomendada Monitorização • < 15 µg/mL Diminuir o intervalo de dose, conforme o último aprazamento realizado: Se dose a cada 48h → cada24h Colher nova vancocinemia antes da próxima dose, até atingir a concentração no vale entre 15 a 20 µg/mL Se dose a cada 24h → cada 12h Se dose a cada 12h → cada 8h Se dose a cada 8h → cada 6h ou Aumentar a dose em 250 mg mantendo o aprazamento 15-20 µg/mL Sem alterações na posologia Não colher mais 20-30 µg/mL Diminuir a dose pela metade mantendo o aprazamento Colher nova vancocinemia antes da próxima dose, até atingir a concentração no vale entre 15 a 20 µg/mL >31 µg/mL Suspende até realização da próxima vancocinemia Colher nova vancocinemia após 12 h da suspensão , até atingir a concentração no vale entre 15 a 20 µg/mL 1. Dose da Teicoplanina Adultos: Dose de ataque: 6mg/kg/dose de 12/12h – 3doses (EV ou IM) Seguida de dose de manutenção: 6mg/kg/dose, 1x/dia EV ou IM - Em casos de infecções graves (sepse, infecções ósteoarticulares, endocardites) : • Dose de ataque: 12mg/kg/dose de 12/12h – 3doses (EV ou IM) • Seguida de dose de manutenção: 12mg/kg/dose, 1x/dia EV ou IM CAPÍTULO XVI TRATAMENTO DE INFECÇÕES FÚNGICAS HOSPITALARES Há diversidade de síndromes clínicas Suspeita de etiologia fúngica: quadro infeccioso em paciente grave ou imunocomprometido Fundamental: conhecimento de fatores de risco, história natural da infecção fúngica e os recursos diagnósticos e terapêuticos. INFECÇÕES POR CANDIDA SP. Gênero Candida = 80% infecções fúngicas documentadas em hospitais terciários. Micro-organismo comensal; assume patogenicidade em face de alterações dos mecanismo de defesa do paciente( Diabete Melito, uso de ATM de largo espectro, cateteres vasculares, doenças ou terapêuticas imunossupressoras ) Síndromes clínicas Mucocutâneas Invasivas ( sistêmicas ou hematogênicas e as de órgãos profundos) Formas sistêmicas (envolvimento obrigatório da corrente sanguínea, podendo afetar de diferentes órgãos): Candidíase disseminada crônica: presença de múltiplos abscessos por Candida spp em fígado, baço e eventualmente rins, com instalação insidiosa, comumente diagnosticada em pacientes com doenças hematológicas malignas, após período de neutropenia.. Candidíase disseminada aguda: documentação de fungemia concomitantemente à presença de infecção em outras vísceras (mais freqüentemente pele e/ou coriorretinite), com instalação aguda. Candidemia: documentação de fungemia sem identificação de focos infecciosos em vísceras Fatores de risco para candidemia, em pacientes hospitalizados: uso de antibióticos, quimioterapia, colonização prévia por Candida nutrição parenteral, cirurgia, hemodiálise, corticosteróides, câncer, procedimentos invasivos (cateter intravascular, hemodiálise, ventilação mecânica, cirurgia, perfuração gastrointestinal), neutropenia, múltiplas transfusões, prematuridade e baixo peso ao nascer. DIAGNOSTICO: avaliar grupo de risco, mantendo alto grau de suspeicao. Candida score (valor preditivo negativo), agregado à mensuração da betaglucana sérica. Índice de positividade de culturas: relação de culturas positivas/culturas colhidas: 0,5 Infecções por Candida spp. Candida spp - Infecções invasivas e candidemia Situação 1- Tratamento empírico 1ª opção Sem uso prévio de azólicos nos últimos 30 dias (cetoconazol, fluconazol, itraconazol, voriconazol) em paciente não neutropênico e sem instabilidade hemodinâmica Fluconazol 800 mg/dia (12mg/kg/dia)- ataque seguido de 400mg/dia EV (6 mg/kg/dia). Tempo: 14dias após negativação da hemocultura Situação 2- Tratamento empírico 1ª opção Outras opções Uso prévio de azólicos nos últimos 30 dias Uma equinocandina ou instabilidade hemodinâmica Tempo: 14dias após negativação da hemocultura Outras opções Anfotericina B 0,7- 1 mg;kg/dia Tempo: 14dias após negativação da hemocultura Situação 3- Tratamento empírico 1ª opção Neutropênico Uma equinocandina (Caspofungina ?) Tempo: 14dias após negativação da hemocultura Outras opções Anfotericina B 0,7- 1 mg;kg/dia Tempo: 14dias após negativação da hemocultura Situação 4- Espécie identificada 1ª opção Fluconazol 800 mg/dia (12mg/kg/dia)- ataque seguido de 400mg/dia EV (6 mg/kg/dia). Candida albicans, Candida tropicalis Candida parapsilosis ( MIC mais elevado que outras espécies para equinocandina) Candida glabrata Candida krusei ( resistência intrinseca a Fluconazol) Candida lusitanea ( resistência intrínseca a anfo B) Candida guillermondi Outras opções Uma equinocandina Fluconazol 800 mg/dia (12mg/kg/dia)- ataque seguido de 400mg/dia EV (6 mg/kg/dia Uma equinocandina Uma equinocandina Uma equinocandina Anfotericina B Fluconazol Equinocandina Anfotericina B Fluconazol ou Anfot. B Aspergilose invasiva Fatore de risco: neutropenia prolongada, terapia com corticosteróide, transplante (pulmão e medula óssea), neoplasias hematológicas (leucemia), quimioterapia citotóxica e AIDS (baixa contagem de CD4). Epidemiologia: é a segunda infecção fúngica mais frequente, em transplantes; mortalidade entre 40-100% (3-7% em TMO, alogênico); grau de exposição e esquemas de quimioterapia Síndromes clínicas -Sinusites -Pneumonias -Sistema nervoso central -Invasão de vasos sanguíneos Diagnóstico -deve se basear em critérios do hospedeiro, clínico-radiológico e micológico. Critérios do hospedeiro --Neutropenia <500 neutrófilos/mm3, por >10 dias] –Transplante de órgão alogênico. -Uso de corticoide > 3 semanas em dose( correspondendo a =/>0,3mg/kg/dia Critérios clínico-radiológicos -Doença do trato respiratório baixo(nódulos densos com ou sem sinal do halo, sinal do ar crescente , cavitação). -Traqueobronquite: úlceras, nódulos, pseudomembranas, placas. -Sinusite: imagem +dor localizada com irradiação ocular ou úlcera nasal com crosta negra ou invasão óssea. --Envolvimento do SNC lesão focal ou realce meníngeo à TC ou RNM Critérios Micológicos -Testes diretos ED, citologia ou cultura (escarro, escovado bronco-alveolar ou aspirado dos seios da face -Testes indiretos Galactomanana (plasma, soro, LBA ou LCR) Tratamento da aspergilose invasiva Aspergilose possível = critério hospedeiro + alterações radiológica usar Voriconazol 12/12 h, nas 1as 24h e depois 4 mg/kg 12/12 h 2ª, opção: Anfotericina B deoxicolato(*) 1 – 1,5 mg/kg/dia. Aspergilose provável = critério do hospedeiro + alterações radiológicas + critério micológico (cultura com Aspergillus sp de sítio não estéril, como LBA ou escarro) OU Galactomanana positiva em 2 medidas (> 0,5 no soro); outros materiais consultar infectologista. Usar Voriconazol ou Anfotericina B Lipossomal (*) (Ambisome 3 mg/kg/dia ) OU complexo lipídico (*) (Abelcet 5 mg/kg/dia) OU Voriconazol 6 mg/kg q12h no 1º. dia, seguido de 4 mg/kg q12h. Aspergilose confirmada = critério do hospedeiro + alterações radiológicas + critério micológico (biópsia do sítio afetado demonstrando invasão fúngica OU Aspergillus sp. em sítio estéril (LCR, líquidos pleural, líquido ascítico0) Usar o mesmo esquema para aspergilose provável e possível.. (*)A administração de todas as formulações de Anfotericina B deve ser precedida de prémedicação para minimizar efeitos colaterais: hidrocortisona 25-50 mg + dipirona 1g, antes da infusão. Adicionar, se necessário, anti-histamínico (IV). Se houver tremores que não forem controlados, usar solução decimal de Dolantina, IV. Na insuficiência renal (C lCr < 50 ml/m) o Voriconazol IV não pode ser utilizado. Em caso de contraindicação de Anfotericina B e Voriconazol, considerar o uso de Caspofugina ou Micafungina. Duração do tratamento : manter IV até redução de 50% da lesão; a seguir manter Voriconazol 200 mg VO q12 h, até a resolução da imagem. Tratamento de resgate, em caso de não resposta a um dos esquemas acima usar tratamento combinado, consultando infectologista ou outro profissional com experiência no assunto. Para estabelecer doses em pacientes com insuficiência renal, consultar tabelas. CAPÍTULO XVII INFECÕES EM PACIENTES IMUNOCOMPROMETIDOS Alguns aspectos importantes - A febre e outros sintomas podem estar mascarados por causa da imunossupressão. - Com relação a determinado tipo de infecção, o patógeno no imunocomprometido pode não ser o mesmo que causa habitualmente infecção no imunocompetente. - Assim, microrganismos, como, por exemplo, S.epidermidis, Corynebacterium jeikeium, Propionibacterium acnaes e Bacillus spp, considerados saprófitas em imunocompetentes, podem ter importante papel patogênico em pacientes imunocomprometidos, de modo que culturas positivas, que poderiam ser interpretadas com contaminadas, devem ser devidamente analisadas no contexto cada caso. - O intervalo, por exemplo, entre uma transplante e o grau de imunossupressão pode dificultar o diagnóstico diferencial. - Em tais pacientes que estejam em alto risco de complicação infecciosa, tenha ou não sintomas ou sinais de localização, pode ser necessária a utilização de esquemas antimicrobianos de espectro amplo, porquanto a infecção pode ser grave, rapidamente progressiva, com grande risco de letalidade. PRINCIPAIS TIPOS DE IMUNOCOMPROMETIMENTO PREJUIZO DA IMUNIDADE HUMORAL – frequentemente congênito, mas ocorre disgamaglobulinemias em Mieloma Múltiplo, leucemia linfocítica crônica e paciente esplenectomizados.Tais pacientes têm defeito de anticorpos para opsonização, estando em risco aumentado infecções por bactérias encapsuladas (H.influenzae, N. meningitides e S. pneumoniae). Há risco de sepse pós-esplenectomia, durante toda a vida: cerca de 5% (maior incidência em adolescentes e menores 15 anos). Mais frequente dentro dos primeiros 2 anos, após a esplenectomia. Agentes etiológicos principais: Streptococcus pneumoniae (50% a 90% de todas as infecções e 60% dos casos fatais), Haemophilus influenzae tipo B e Neisseria meningitidis. Há maior suscetibilidade também à malária. Imunoprofilaxia: vacinação contra: Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenzae (tipo B) e Neisseria meningitidis (grupos A, C, Y e W135). Os pacientes submetidos à esplenectomia eletiva devem ser vacinados, pelo menos 2 semanas antes da cirurgia. Aqueles submetidos à esplenectomia, em regime de urgência, devem ser vacinados, após 14 dias da cirurgia. Todo paciente asplênico ou hiposplênico deve ser reimunizado com vacina pneumocócica a cada 5 a 10 anos. Antibioticofilaxia Duração: em crianças, até os 5 anos de idade, ou por, pelo menos, até 2 anos após a esplenectomia (alguns autores recomendam uso da profilaxia até os 18 anos de idade). Crianças asplênicas, com anemia falciforme, talassemias e outras hemoglobinopatias, devem manter a profilaxia até os 5 anos de idade. Esquemas recomendados: Crianças< 2 anos: 125 mg de Penicilina V 12/12 h ou Amoxicilina, 20 mg/kg/dia. Crianças > 5 anos: considerar Penicilina V 250-500 mg 12/12 h ou Amoxicilina 20 mg/kg/dia. Adultos: a eficácia dessa profilaxia ainda não está definitivamente comprovada; no entanto, deve-se considerar antibioticoterapia por toda a vida em sobreviventes de sepse por Pneumococo, pósesplenectomia. Alérgicos: Sulfametoxazol-Trimetoprina ou macrolídeo. Asplênicos com febre: risco de bacteriemia. Fazer hemocultura e uso precoce de Amoxicilinaclavulanato OU Fluoroquinolona (Levofloxacino , Moxifloxacino ) - GRANULOCITOPENIA (NEUTROPENIA) - ocorre em leucemias agudas, seja pela doença ou drogas mielossupressoras utilizadas no seu tratamento assim como na terapêutica em vs infecções são principalmente por P. aeruginosa, Cocos Gram-positivos, especialmente S. aureus, S. epideermidis, Streptococcus viridans, além de Candida e Aspergillus e outros fungos( Trichosporon, Scedosporium, Fusarium e Mucor). O tratamento de tais casos é detalhado à frente. - PREJUIZO DA IMUNIDADE CELULAR – ocorre em pacientes portadores de HIV/SIDA, doenças linfoproliferativas, algumas drogas (corticoides, ciclosporina, tacroniimus, imunobiológicos, e outros medicamentos com ação citotóxica).Tais pacientes são suscetíveis a infecções por uma grande grupo de bactérias, particularmente aqueles de replicação intracelular. Exemplos dos MOs citados são : Listeria,Legionella, Salmonella, Mycobacterium, vírus (Herpes simples, varicela, CMV) fungos( Cryptococcus, Coccidiodes, Histoplasma e Pneumocystis, protozoário, incluindo Toxoplasma Sobre infecções em pacientes com HIV, v. detalhes em capítulo específico. - RECEPTORES DE TRANSPLANTES DE CÉLULAS HEMATOPOIÉTICAS - os pacientes podem se infectar com uma grande variedade de agentes cujos tipos ocorrem preferencialmente de acordo com o período de tempo do pós-transplante ( entre 3 semanas e 3 meses, são comuns, além de germens hospitalares, infecções por CMV, adenovírus, Aspergillus e Candida; pneumonia por P. jirovecii pode ocorrer se houver a doença transplante versus hospedeiro, a qual levar o risco além dos 3 meses, período em que são comuns, também, infecção por Aspergillus e CMV. A fonte da infecção é desconhecida em 60 a 70% dos casos - RECEPTORES DE TRANSPLANTES DE ÓRGÃOS SÓLIDOS – O tipo de infecção se relaciona, também, em geral, com o período de tempo após o transplante, sendo que infecções podendo ocorrer, entre a segunda e quarta semanas; pneumonia acomete e mediastinite são comuns após transplante de pulmão; após transplante de fígado, podem ocorrer abscessos intraabdominais, colangite e peritonite; após transplante renal, pode surgir infecções do trato urinário, abscesso perinefrético e linfoceles infectadas. Ocasionalmente as infecções são veiculados pelo órgão transplantado, como tuberculose e febre pelo West Nile vírus. Infecções ocorrendo entre o 1º. 6º. meses são geralmente relacionadas com a imunossupressão, tais como reativação de vírus( herpes simples, varicela-zoster e CMV), infecções fúngicas (Candida, Aspergillus, Cryptococcus, Pneumocystis) e outras (Listeria, Nocardia e Toxoplasma). Após o 6º. mês, com redução da imunossupressão, infecções que ocorram poderão ser as esperadas para a população em geral, mas pacientes com recebendo imunossupressão por longo tempo continuam em risco para infecções oportunistas. - OUTROS ESTADOS DE IMUNOCOMPROMETIMENTO - são situações em que os pacientes não têm, propriamente, um imunodeficiência, mas estão em risco aumentado para adquirirem infecção em razão a um injuria debilitante (DM, DPOC, hepatopatias, insuficiência renal, desnutrição, queimaduras, trauma grave, procedimentos invasivos, disfunção do SNC com risco de pneumonia e úlceras de decúbito, lesões obstrutivas de órgãos, como pneumonia por obstrução brônquica causada por tumor, pielonefrite casada por nefrolitíase, colangite secundária a colelitíase e uso de antibióticos de amplo espectro, Pela sua maior prevalência, se discorrerá, nestes Protocolos, com mais detalhes, sobre infecção em pacientes neutropênicos e em portadores de HIV/SIDA. INFECÇÃO NO PACIENTE NEUTROPÊNICO Definições Neutropenia febril: presença de febre (T≥37,8ºC axilar) em uma medição ou calafrios (não associados a infusão de hemocomponentes neutropenia (<500 neutrófilos ou entre 500 e 1.000/mm3, com tendência a queda) . Paciente de baixo risco: neutropenia breve (<7dias), clinicamente estável, sem comorbidades e MASCC (*) = / > 21. Paciente de alto risco (um ou mais do seguintes dados): Neutropenia > 7 dias;clinicamente instável, com comorbidades mucosite e MASCC < 21. (*) Escore MASCC (multinational Association for Suportive Care em Câncer Risk- index score . Pontuação máxima 26). Características e respectiva pontuação: Paciente sem sintomas ou oligossintomático - 5; quadro moderado = 3; quadro grave = 0; PA sistólica > 90 mmHg = 5; ausência de DPOC = 4; tumor sólido ou neoplasia hematológica sem infecção fúngica prévia = 4; ausência de desidratação =: 3; tratamento que pode ser feito ambulatorialmente = 3; idade <60 anos = 2 Exames necessários: Radiografia do tórax; hemoculturas (2 pares); urinocultura e cultura de qualquer outro sítio potencialmente envolvido na infecção. PRINCÍPIOS BÁSICOS NA TERAPÊUTICA EMPÍRICA - Considerar neutropenia febril como uma EMERGÊNCIA MÉDICA iniciar prontame antimicrobiano de amplo espectro. - Na escolha do esquema, ter em mente a epidemiologia local (prevalência e sensibilidade da microbiota), eventual uso prévio de ATM e existência de colonização microbiana, assim como os vários aspectos do (s) antimicrobiano(s) a ser(em) usado(s) - Reavaliação diária, cuidadosa e detalhadas da evolução, incluindo quanto à estabilidade do vários sistemas orgânicos. - Insistir na busca da etiologia microbiana.. Conduta (ENFERMAGEM COMUNICA AO MÉDICO ASSISTENTE E/OU TIME DE RESPOSTA RÁPIDA) Esquemas 1.ADMINISTRAR ATM EM ATÉ 2H DO INÍCIO DOS SINTOMAS 1.1. Para PACIENTE DE BAIXO RISCO VIA ORAL: Ciprofloxacino 500mg vo 12/12h + Amoxicilina/Clavulanato 875mg vo 12/12h VIA INTRAVENOSA (se Infecção grave, intolerância TGI e/ou decisão médica): Cefepima 2 gq8h ou Pip/Tazobactam 4,5 g IV q6h Se na reavaliação, paciente estável, Neutrófilos =/> 500 e apirético: suspender ATM Se instável, adotar o esquema a seguir: 1.2.PACIENTE ALTO ( especialmente se Instabilidade hemodinâmica e/ou Mucosite importante e/ou Sintomas GI e/ou Alterações do SNC e/ou Infecção de CVC e/ou Infiltrado pulmonar novo, hipoxemia ou doença pulmonar prévia e/ou Evidências de insuficiência hepática ou renal e/ou MASCC < 21): Cefepime2gq8h ou Pip-azobactam, 4,5gq6h ou meropenem2g q8h± Vancomicina 1g q12h (*) Neutropenia febril ocorrendo em Unidade de Transplante de Medula Óssea, estando o - paciente instável: optar logo por Meropenem + Polimixina B ; - se houver: instabilidade hemodinâmica; pneumonia documentada por Rx; cultura positiva para Gram-positivo; suspeita de ICS relac. a CVC; infecção de partes moles em qualquer sítio; colonização por MRSA, ou VRE ou S. pneumoniae resistente a penicilina e mucosite severa, após uso profilático de fluoroquinolona ou betalactâmico, acrescentar Vancomicina 1 g IVq12h. 2. REAVALIAR APÓS 48H e repetir hemoculturas 2.1.1Se paciente apirético e PMN > 500 céls/mm³ por 2 dias + tempo de uso de ATM≥7dias + resolução do quadro infeccioso) SUSPENSÃO dos (s) ATM (s) 2.1.2. Se paciente apirético e estável, mas com neutrófilos < 500/mm3 manter o esquema por 14 dias. 2.1.3. Se etiologia microbiana e seu perfil forem identificados e/ ou foco infeccioso definido, reajustar o esquema antimicrobiano conforme TSA, mantendo os princípios de tratamento, incluindo a duração do esquema, conforme o referido foco. Havendo recuperação da contagem de neutrófilos, resolução dos sintomas / sinais, resolução de anormalidades de imagens, negativação das culturas e após o tempo de uso adequado, suspender o(s) ATM(s). Usar Metronidazol se houver abscesso perianal ou abdominal, ou gengivite e/ou suspeita de Clostridium difficille. 2.2. SE FEBRE + INSTABILIDADE : na vigência de outro ATM para Gram-negativo, trocar para Meropenem 2 g IV q8h +/- e se houver os fatores de risco acima citados para infecção por Gram positivo, acrescentar Vancomicina 2.3. Então, se persistência da FEBRE > 24 h: 2.3.1. – Com previsão de recuperação iminente dos neutrófilos não mudar esquema, exceto se surgirem novos sinais de infecção. 2.3.2. Sem previsão de recuperação iminente dos neutrófilos ASSOCIAR ANTIFÚNGICO: Voriconazol ou Anfotericina B; considerar uma equinocandina se baixo risco para Aspergillus Realizar TC seios da face e/ou tórax + galactomana: Sugestivos de infecção fúngica invasiva (IFI) v. capítulo sobre Aspergilose Não sugestivos de IFI considerar outras causas de febre: viral etc. 3.NEUTROPÊNICO FEBRIL COLONIZADO POR BACTÉRIAS MULTIRRESISTENTES 3.1. Gram-negativos: Paciente estável Meropenem (48 h. Se necessário, usa Paciente instável e/ou colonizado por MO produtora carbapenemase, usar Moropenem + Polimixina 3.2. Gram positivos: usar Vancomicina . INFECÇÕES EM PACIENTES COM HIV / SIDA ACHADOS LABORATORIAIS ELISA: teste de screening; 50% de positividade, dentro de 22 dias depois da exposição ao vírus; 95% de positividade após 6 semanas da transmissão (sensibilidade 99.9%). Resultados positivos devem ser confirmados pelo teste Western blot. Western blot: teste confirmatório; combinado com ELISA tem especificidade >99,99%. Resultados indeterminados ocorrem em: infecção precoce, infecção pelo HIV-2, doença autoimune, gravidez e vacinação recente com o toxoide tetânico. Teste rápido: também de screening, com resultados em 10 a 20 minutos, pode ser realizado por pessoas menos habilitadas. Resultados positivos exigem confirmação. Hemograma: anemia, neutropenia e plaquetopenia ( NA INFECÇÃO AVANÇADA). Contagem absoluta de CD4: quando baixa (especialmente <,200 células/mL), prediz infecções oportunísticas ou doença maligna. Contagem relativa de CD4: mais confiável do que a contagem absoluta; risco para aquelas complicações aumenta quando <14% e/ou na ausência de tratamento. Carga viral: correlaciona-se com a progressão da doença e a resposta ao tratamento; melhor teste para o diagnóstico da infecção aguda pelo HIV, já antes da seroconversão, com a ressalva quando se detecta baixa viremia (< 500 cópias/mL) ETAPAS DO TRATAMENTO DA INFECÇÃO PELO HIV -1)Profilaxia de infecções oportunísticas, neoplasias e outras infecções, conforme protocolos. 2)Tratamento das referidas complicações, quando surgirem 3)Uso de terapia antirretroviral, conforme protocolos dos órgãos especializados Legenda: Biovir ( AZT + 3TC); 1cp, VO, 12/12h; EFZ ( efavirenz) 1cp 600mg/dia; NVP ( nevirapina ) : 200mg , VO, 12/12h; TDF( tenofovir ) 300mg. VO 1/dia; 3TC( lamivudina ) 150 mg; VO,12/12h; LPV/r( lopinavir/ rotonavir): 2cp, VO; 12/ PROFILAXIA PRIMÁRIA DE INFECÇÕES OPORTUNÍSTICAS CONFORME CONTAGEM DE CD4 Entre +/- 300 e 500 células/mL: infecções bacterianas, tuberculose pulmonar, Herpes simplex,Herpes zoster, candidíase vaginal, leucoplasias, sarcoma de Kaposi. Menos de 200 células/mL: pneumocistose, toxoplasmose, criptococose, coccidiodomicose, criptosporidiose De 50 células/mL, para baixo: Infecção disseminada pelo complexo MAC, histoplasmose, retinite pelo HIV e linfoma do SNC. ESQUEMAS PROFILÁTICOS • Pneumonia por P.jiroveci, 3 a 6 meses, até CD4 > 250: Sulmetoxazol/Trimetoprina – 1 cp. duplo 3 x por semana • Infecção pelo Complexo M. avium: Claritromicina 500 mg VO 2x/dia ou Azitromicina 1.200 mg, VO, por semana, enquanto CD4 não > 100 Infecção pelo M. tuberculosis: Isoniazida 300 mg, VO, por dia + Piridoxina 50mg/dia • 9 a 12 meses Toxoplasmose: Trimetoprina + Sulfametoxazol – 1cp. duplo/dia, enquanto CD4 não > 100 • OU Pirimetamina 25 mg/semana + Dapsona 50 mg/dia + Leucovorim 25 mg / semana TRATAMENTO DAS REFERIDAS COMPLICAÇÕES • Pneumonia por P.jiroveci: Trimetoprina + Sulfametoxazol: 15 mg/kg/dia de TMP, EV ou VO – 14 a 21 dias ou Primaquina 15-3-mg/dia, VO + Clindamicina600 mg 8/8 h , por 14—21 dias. Associar prednisona 80 mg/ di por 5 dias, seguida de 40mg/ dia por mais 5 dias, com desmame gradual se hipoxemia ( pO2 < 70 ).Esquema alternativo : Clindamicina 600 mg Ev 6/6h + primaquina 30 mg/dia . • Infecção pelo Complexo M. avium: Claritromicina: 500 mg VO 2x/dia (ou Ciprofloxacino 500 mg VO 2x/dia) MAIS Etambutol: 15 mg/kg//dia (Max 1 g)+/-Rifabutina • Toxoplasmose: Pirimetamina: 100—200 mg, VO (ataque)à 50-75 mg/dia MAIS Sulfadiazina: 4—6 g VO,por dia (4 doses) + Ac. Folínico 15 mg VO/dia; 4-8 semanas .Esquema alternativo: Clindamicina 600mg EV 6/6h + Pirimetamina 50 mg/dia + ´Ac. Folínico 15 mg/dia, ATÉ RESOLUÇÃO CLÍNICA E RADIOLÓGICA. • Linfoma: Quimioterapia conforme orientação especializada. Se envolvimento do SNC, acrescentar radioterapia + Dexametasona (se edema cerebral) • Meningite criptocócica: Vide capítulo anterior Infecção por CMV: Ganciclovir, 5mg/kg de 12/12h, EV por 21 dias à 5 mg/kg/dia, por 5 a 7 dias até CD4> 100 OU Valganciclovir, 900 mg 2x/dia, VO, por 21 dias, ingerido com alimento (ataque)à900mg/dia (com alimento); OU Foscarnet, 60 mg/kg, 8/8 h, EV, 10 a 14 dias(indução)à 90 mg/kg 1 x /dia Candidíase esofágica ou candidíase vaginal recorrente: Fluconazol : 100-200 mg, VO, • diariamente, 10 a 14 dias • Infecção pelo Herpes simples: Aciclovir, 400 mg, VO, 3 x /dia, até a cicatrização das lesões OU Aciclovir, EV, 5 mg/kg, 8/8 h, para os casos severos OU Famciclovir, 500mg, VO, 2 x / dia, até a cicatrização OU Valaciclovir, 500 mg, VO, 2 x / dia, até a cicatrização OU Foscarnet 40 mg.8/8 h ( PARA OS CASOS RESISTENTES A ACICLOVIR) • Infecção pelo Herpes zoster:Aciclovir, 800 mg, VO, 5 x/dia, por 7 dias. Para infecção ocular ou disseminada, usar a medicação por via EV, 10mg/kg, 8/8h OU Famciclovir, 500 mg VO 3 x /dia, por 7 dias OU Valaciclovir, 500 mg, VO, 3 x /dia OU Foscarnet 400mg/VO, 8/8 h(PARA OS CASOS RESISTENTES A ACICLOVIR) • Sarcoma de Kaposi. Limitado à pele: observação e uso de TARV ou Vinblastina,via intralesional. Lesão cutânea extensa ou agressiva: quimioterapia sistêmica, conforme orientação especializada. Se necessário: radioterapia. Encaminhar a oncologista.- Doença visceral: encaminhar a oncologista. CAPITULO XVIII ANTIMICROBIANOS PARA PACIENTES EM CUIDADOS PALIATIVOS - Paciente com perspectiva de intervenções modificadoras da doença: tratar conforme indicações usuais - Paciente com doença avançada sem perspectiva de terapia de cura, exceto transplante: tratar conforme indicações usuais - Paciente sem perspectiva de tratamento curativo ou de transplante -- Considerar, na decisão, a funcionalidade do paciente (antes de ele ter adquirido a infecção, conforme Karnosksky, Paliative Performace Scale, Katz, FAST etc.). -- Usar ATM para cura da infecção que puder resultar em recuperação da capacidade funcional e da qualidade de vida. -- Uso para controle de sintomas decorrentes de infecção, visando a melhorar a qualidade de vida. (Só há evidências que apenas sintomas de ITU foram minimizados por uso de ATM. PARA SINTOMAS RESPIRATÓRIOS, COMO HIPERSECREÇÃO E DISPNEIA, USAR OPIÓIDE, ESCOPOLAMINA, ATROPINA, FISIOTERAPIA E OUTROS (DIURÉTICOS, VENTILAÇÃO NÃO INVASIVA ETC.) - SE, EM QUALQUER DAS SITUAÇÕES ACIMA, HOUVER FALHA TERAPÊUTICA DO ATM ( AUSÊNCIA DE MELHORA CLÍNICA APÓS 72 DO SEU USO), O ESQUEMA ANTIMICROBIANO DEVE SER SUSPENSO). - Paciente em fase final de vida (últimos dias/semanas) . Nesta fase, quando outras medidas de suporte para continuidade da vida (diálise, drogas vasoativas etc.) forem suspensas ou não introduzidas, o esquema antimicrobiano deve também ser suspenso ou não introduzido, por configurar uso desproporcional ao contexto clínico. CAPÍTULO XIX INFECÇÕES EM OFTALMOLOGIA (SEMPRE QUE NECESSÁRIO ABORDAGEM COMPARTILHADA COM OFTALMOLOGISTA) CELULITE ORBITÁRIA: (Pneumococo,Hemófilo, Moraxela, S.aureus, anaeróbioo, Strep. A,BGN): usar Oxacilina ou Vancomicina + Ceftriaxona + Metronidazol HORDÉOLO (S. aureus –MSSA, MRSA-CA, MRSA-) Cef 1ª./2.a G, VO OU TMP/SMX CONJUNTIVITE NÃO VIRAL (S.aureus, H.influenzae, Pneumococo): usar ATM tópico (quinolona ?) CONJUNTIVITE GONOCÓCICA : usar Cefrtiaxona 1 g IM ou IV dose única CERATITE VIRAL H.simplex Trifluridina ou Aciclovir, tópicos + oclusão olho; acrescentar tratamento sistêmico com Aciclovir, conforme cada caso. H. zoster: usar Famciclovir 500 mg VO tid ou Valaciclovir1 g VO tid / 10 dias; colírio de ATM anti-zoster CERATITE BACTERIANA: a) Discreta/paciente s/ comorbidade (G+,H.influenzae, BGN): Quinolona tópica b) Usuário de drogas (P aeruginosa ) Tobramicina tópica q15 – 60 min/24 hs ; c) Olho seco,DM, Imunodeprimido (G +BGN, Listeria): usar Cefazolina + tobramicina ,tópica q 15-60min CERATITE FÚNGICA( Aspergilus, Fusarium, Candida): usar Netamicina tópica q 3-4 h CERATITE APÓS USO DE LASER(M.cheloniae) Moxifloxacino 1 g q24h, VO CERATITE EM USUÁRIOS DE LENTE DURANTE A NOITE (Protozoário): uuar Propamidina 0,1%+neomicina INFECÇÃO DO APARELHO LACRIMAL (Actinomices, principalmente):encaminhar ao oftalmologista, desde o início. DACRIOCISTITE (G+,BGN, Hemofilo, P. aeruginosa) usar ATM baseado em cultura + tsa. Encaminhar ao oftalmologista, desde o início. ENDOFTALMITE (Fazer cultura de 0,3 ml de humor vítreo/aquoso(em frasco de hemocultura, pediátrico) Esquema empírico Forma aguda, pós-operatória precoce (S.epidermidis, Strepococcu.sp., S.aureus, outros G+ BGN) usar: ( Intravítreo):Vancomicina, 0,1mg/0,1ml+ Cefepima,2,25mg/0,1 (ou Amicacina 0,4mg/0,1 ml)+ Dexametasona 0,4 mg/0,1ml Forma endógena Mesmo esquema acima, com as seguintes diferenças: Não inocular dexametasona Fazer ATM Sistêmico: Cefalosporina 3ª. geração, IV. Infecção fúngica: intravitreo: Anfotericina B, 5 a 10 mcg Sistêmico: Fluconazol(12 mg/kkg, inicialmente, seguido de 6-12mg/kg/dia Considerar resultados de exames microbiológicos Forma Crônica (P.acnes,E.epodermidis, S. aureus.) Remoção de lente implantada + Vancomicina + vitrectomia RETINITE, aguda necrotizante (V.Zoster, H.simplex) Aciclovir 10-12mg/kg Ivq8h,5-7 dias; 800mg/d,6 semanas; -HIV/SIDA(CMV) tratar p / CMV UVEITES INFECCIOSAS Dados clínicos: olho vermelho, diminuição da visão, dor ocular Diagnóstico: oftalmológico. Suporte laboratorial p/ identificar o agente (PCR p/ toxoplasmose, herpes simples, herpes zoster, CMV e vírus Eptein-Barr) e, em transporte refrigerado, enviar ao laboratório de Biologia Molecular. Se necessário (casos atípicos ou pacientes imunodeprimidos), análise do humor aquoso/vítreo (colher 0,2 a 0,5mll em frasco Eppendorf. Tratamento antimicrobiano específico, com base nos exames acima. CAPÍTULO XX INFECÇÕES ARTICULARES / ÓSSEAS Osteomielite aguda hematogênica Realizar hemocultura e cultura + bacterioscopia do osso comprometido ((S. aureus. Menos frequentes: Estreptococo e BGN): Oxacilina, 12 g/dia,(se MRSA Vancomicina 1 Teicoplanina 400mgq12h), até por 6 semanas. OSTEOMIELITE CRÔNICA Realizar cultura + bacterioscopia do osso comprometido . Agente mais comum: S. aureus, especialmente após infecções contínuas ou cirurgia, com colocação de placas, próteses e outros corpos estranhos, com infecção do sítio cirúrgico. Exemplo de esquema inicial: Clindamicina 600 mg, IV q6h+ Ciprofloxacino 400 mg IV q 12h (durante o período de internação), mudando para apresentação por via oral após a alta (tratamento prolongado, podendo durar 6 meses ou mais; reavaliação do esquema conforme o perfil do agente causal), devendo ser feito esquema antimicrobiano conforme a caracterização do agente etiológico. Participação do traumatoortopedista, para os procedimentos necessários, incluindo sequestretomia e retirada de placas ou próteses, conforme consenso. OSTEOMIELITE EM PORTADOR DE HEMOGLOBINOPATIA ( Salmonella sp e BGN) Sulfametoxazol/Trimetoprina + Cefepima até 6 g/dia (ou Ciprofloxacino + Rifampicina). ARTRITE SÉPTICA Microrganismos mais comuns: S. aureus, Estreptococo beta-hemolítico, Gonococo, BGN, Kingella kingae, afetando a articulação por via hematogênica, traumatismo, ou iatrogenismo. Realizar hemoculturas e cultura + bacterioscopia do material da infecção. Descartar artrite gotosa, AR,LES, artrite reativa, Doença de Lyme e trauma. Antibioticoterapia: basear-se em dados clínico-epidemiológicos, em cultura e bacterioscopia do material infectado: cocos G+ em cachos Estafilococo): usar Oxacilina 12 g/dia; se paciente alérgico ou suspeita de MRSA, usar Vancomicina 15 mg/kg q12h. Cocos G+ em cadeia (Estreptococo): usar Penicilina G 12 a 18 milhos UI/dia ou Ampicilina 12 g/dia; BGN: usar Cefepima 2 g q8h; Coco G negativo (Gonococo): usar Ceftriaxona 2 g/dia, 10-14 dias + Azitromicina VO 1 g, dose única, ou Doxiciclina 100 mg/dia, 10 dias. Terapia complementar: aspirações repetidas ou drenagem fechada da articulação afetada; drenagem cirúrgica precoce se necessário (especialmente em infecção por BGN ou pacientes com artrite reumatoide). ARTRITE OU OSTEOMIELITE EM ASPLÊNICO (Pneumococo, H.influenzae: usar Ceftriaxona 2 gq24h OU Ampicilina até 12 g/dia ARTRITE EM ARTICULAÇÃO MANIPULADA ( do material, fazer bacterioscopia, cultura e, se necessário, também: BAAR e pesquisa de fungo; pensar em S.aureus, S epidermidis. BGN). Usar Vancomicina + Rifampicina. Adequar o esquema ao agente etiológico. INFECÇÃO EM PRÓTESE ARTICULAR OU OUTRO “DEVICE”: adotar conduta semelhante à anterior. O tratamento pode durar meses. COGITAR TROCAR PRÓTESE OSTEOMIELITE, ARTRITE OU OUTRA INFECÇÃO APÓS TRAUMA ABERTO, OPERAÇÃO OU MANIPULAÇÃO, tratamento a ser iniciado com Oxacilina OU Cefalotina 12 g/dia (ou Cefazolina 6 g/dia). Esquema posterior conforme a caracterização do agente etiológico. ] Daptomicina tem sido cogitada quando há indicação de uso prolongado droga estafilococida para o paciente continuar o tratamento em domicílio. Profilaxia contra o tétano Compartilhamento do esquema antimicrobiano com o traumatoortopedista. CAPÍTULO XXI ANTIBIOTICOPROFILAXIA EM CIRURGIA Tipos de cirurgia, conforme o seu potencial de contaminação CATEGORIA CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO Limpa Sem abertura do trato respiratório, digestivo, genital ou urinário; Não são detectados processos inflamatórios; Não ocorrem quebras da técnica asséptica Cirurgia eletiva. Potencialmente Abertura do trato respiratório, digestivo, genital ou urinário; Contaminada Não são detectados processos inflamatórios; Ocorre pequena quebra da técnica asséptica. Contaminada Extravasamento de secreções do trato digestivo; Abertura do trato urogenital ou biliar em vigência de infecção; Processo inflamatório presente; Grande quebra da técnica asséptica; Traumas penetrantes. Infectada Extravasamento importante e não controlado de secreções viscerais; Presença de secreção purulenta com contaminação da cavidade; Traumas penetrantes com mais de4h de evolução; Feridas traumáticas com tecidos desvitalizados e/ou corpo estranho Etiologia microbiana Varia conforme o potencial de contaminação da operação, sítio/órgão manipulado, a profundidade da infecção e a natureza do processo infeccioso. Nas operações limpas, pressupondo-se correta esterilidade do material, sem quebra da técnica, se houver infecção de sítio cirúrgico (ISC) o agente causal prevalente é S. aureus, geralmente oriundo da pele do paciente ou da equipe cirúrgica. Quando tenham sido adentrados, inadvertidamente ou por acidente, os tratos digestivo, urinário ou genital, predominam bacilos Gram-negativos, Enterococo ou, mais raramente, anaeróbios. Estes últimos ocorrem se houver, pela doença de base pelo procedimento, comprometimento da irrigação do órgão ou tecido operado, o que pode levar a um componente necrotizante, com presença de gás ou odor fétido (germens anaeróbicos). Em operações com prótese ou corpo estranho, além do S. aureus, outro agente comum é o S. epidermidis. Preceitos essenciais para o uso de antibiótico profilático em Cirurgia • A utilização de antibiótico é apenas uma medida, muitas vezes desnecessária, para a prevenção das infecção do sítio cirúrgico, não substituindo as demais, estas, quase sempre, de maior importância, sendo a principal delas a boa técnica cirúrgica. • Outras medidas essenciais: - Evitar internações pré-operatórias prolongadas, isto é, que haja o menor tempo possível de internação pré operatória. - Corrigir, sempre que possível, antes da operação, disfunções orgânicas, assim como desvios importantes do estado nutricional. - Erradicar infecções à distancia. - A tricotomia deve ser realizada imediatamente antes da operação. -Técnica asséptica apropriada, pressupondo: mínimo traumatismo tecidual; mínimo tempo cirúrgico, necessário, sem prejudicar a técnica; evitar materiais estranhos e espaço morto e hemostasia adequada. -Oxigenação tecidual adequada, com FiO2 em torno de 80% durante a cirurgia e nas 2 horas de pós-operatório imediato. Se o paciente não estiver entubado, usar, naquele período de tempo, máscara de O2 com reservatório. - Drenagem de sangue e secreções, se necessário com drenos. - Não colocação dos drenos pela incisão cirúrgica. - Evitar hipotermia trans e pós-operatórias. -Manter glicemia abaixo de 150 mg/dl, tanto no transoperatório como nas primeiras 48h após a intervenção, mesmo nos não diabéticos. -Pesquisa de MRSA em muco nasal dos pacientes a serem submetidos a cirurgias ortopédicas com prótese e nas cardiovasculares. Se positiva, utilizar Mupirocin no meato nasal, 3 vezes ao dia, por dias antes da operação. Critérios para a antibioticoprofilaxia racional 1. Nas cirurgias contaminadas (risco de infecção 20 a 30%) HÁ INDICAÇÃO FORMAL DA ANTIBIOTICOPROFILAXIA. 2. Em Cirurgia limpa ou potencialmente contaminada não há, em geral indicação de antibioticoprofilaxia, com as seguintes exceções: -- Em uma situação particular, com risco óbvio e significativo de infecção -- Implante de próteses -- Pacientes imunocomprometidos --Desvios importantes do estado nutricional (desnutrição acentuada ou obesidade) -- Cirurgias de urgência -- Procedimento com extensa dissecção tecidual. -- Procedimento em órgão desvitalizado ou com circulação comprometida. -- Pacientes com idade avançada. -- Diabetes mellitus não compensado ou com importante complicação. -- Hérnia recidivada -- Reoperação, nos primeiros dias depois da primeira cirurgia -- Esplenectomia na esquistossomose -- Valvopatia cardíaca 3. Escolha do antimicrobiano. Usa-se, como profilático, um produto que se preveja ser eficaz contra o(s) patógeno(s) existente(s) no (s) tecidos(s) a ser (em) manipulado (s) cirurgicamente. Não usar, como profilático, o mesmo antimicrobiano que o paciente, eventualmente, vinha sendo usando antes, exceto se em tratamento para um processo infeccioso existente, baseando-se, sempre que possível, na sensibilidade do patógeno isolado. Em grande parte de cirurgias não infectadas, como se vê a seguir, o escolhido é Cefazolina. Em alérgicos a cefalosporinas ou outros betalactâmicos, substitui-se Cefazolina por Clindamicina 900 mg ou Vancomicina 1g. Em pacientes com internações prolongadas, no mesmo ou em outro hospital, a escolha do antimicrobiano deve ser individualizada, levando em conta dados microbiológicos e, se necessário, após discussão do caso com a CCIH ou um médico com notório saber. 4. Se, obviamente, durante a operação, for detectado um sítio infectado, o uso de antimicrobiano deixa de ser considerado profilático e, como TERAPÊUTICO, deve seguir critérios clínicos e, sempre que possível, microbiológicos. A duração do referido tratamento poderá, se ser de curso breve ou prolongado de acordo com as caraterísticas de cada caso 5. Quanto ao do antimicrobiano 5.1. Conhecimento do produto por parte do prescritor (aspectos farmacológicos, toxicidade e custo) e sua eficácia, frente ao agente causal provável da infecção a ser prevenida. 5.2. Início do uso. Deve ser na indução anestésica, seguindo um dos princípios da prevenção da infecção do sítio cirúrgico, qual seja o de garantir nível sérico adequado do antibiótico no momento da agressão tissular. Quando se opta por Vancomicina ou Ciprofloxacino, a aplicação do ATM deve ocorrer em torno de uma hora antes da incisão. 5.3 Via: geralmente endovenosa. 5.4. Posologia do antibiótico durante cirurgia. Á dose é de 1 g, para pacientes com atée 70 kg de peso. Para pacientes obesos acima de 80 kg, a usam-se 2 gramas inicialmente e mais 2 g, 3 horas após. . Se o paciente tem > 120 kg as doses serão de 3 gramas. Para operações com duração a partir de 4 h, recomenda-se que as doses sejam repetidas, cujo intervalo de tempo é o dobro da meia-vida do fármaco ( para Cefazolina = 4h). Se houver perda sanguínea de 1.000 ml ou mais dever-se-á repetir a dose inicial, independente do tempo de cirúrgico transcorrido. 5.5. Duração da profilaxia. Para a maioria dos pacientes não há vantagens em prolongar a profilaxia além do tempo cirúrgico. Grande parte dos procedimentos com duração inferior a 3 horas necessita de uma única dose de antibiótico (o que for feito na indução anestésica). Apenas nos pacientes com implante de próteses e naqueles submetidos a cirurgias cardiovasculares, recomenda-se manter a profilaxia antimicrobiana por 24 horas.. A conduta de manter a antibioticoprofilaxia, até a retirada dos drenos e/ou de cateteres, é incorreta, porquanto, além de não reduzir o percentual de infecção, aumenta a possibilidade de colonização por microrganismos resistentes aos fármacos utilizados. 5.6. Em Pacientes portadores de MRSA e que necessitam submeter-se a tratamento cirúrgico, recomenda-se a descolonização tópica prévia do MRSA; se tal for possível, e quando a profilaxia está indicada, o esquema deverá incluir o uso de glicopeptídeo. 6.7.PROCEDIMENTOS EM QUE É DESNECESSÁRIA ANTIBIOTICOPROFILAXIA - Cirurgia proctológica orificial na ausência de infecção ou pus. - Abscessos localizados - Uso de sonda vesical ou de sonda endotraqueal ou traqueostomia - Cateterismo cardíaco e vascular GINECOLOGIA (Em geral, se usa cefalosporina de 1ª. geração – Cefazolina – em dose única, na indução anestésica. Dose suplementar, se cirurgia > que 2 vezes a t1/2 ou sangramento > 1,5L PROCEDIMENTO ANTIMICROBIANO PROPOSTO Histerectomia Cefazolina 2g IV, na indução e 1 g IV 4//4 h, apenas No intraoperatório Histerossalpingografia Abortamento/Curetagem Conização Colporrafia Doxiciclina 100mg VO 12/12h por 5dias Doxiciclina 100mg VO 1h antes e 200mg após Sem recomendações claras Alguns autores sugerem doxiciclina Sem recomendações claras Alguns autores recomendam cefalosporinas Nenhuma Nenhuma Laparoscopia (limpa) Histeroscopia • MASTOLOGIA ( Mastectomia, nodulectomia, quadrantectomia e cirurgia estética): Cefazolina: 2 g na indução 1 gq4h penas no transoperatório. • OBSTETRÍCIA – v. em outra seção (anteriormente) ANTIBIOTICOPROFILAXIA CLÍNICA E CIRÚRGICA EM UROLOGIA (ADULTOS) A profilaxia antibiótica é um breve intercurso de antibióticos administrados antes ou no início de uma intervenção e é utilizada para minimizar complicações infecciosas resultantes de intervenções diagnósticas ou terapêuticas. Enquanto o fundamento para o uso de antibióticos é bem aceito, os possíveis efeitos colaterais e o desenvolvimento de resistência microbiana são riscos potenciais, tornando seu uso questionável. Por esse motivo, uma política de profilaxia antibiótica deve ser bem considerada e, idealmente, baseada em altos níveis de evidência. A Urologia é uma especialidade cirúrgica que tem sofrido muitas mudanças na última década. Procedimentos cirúrgicos consagradamente abertos deixaram de sê-los, passando a vigorar técnicas endoscópicas e laparoscópicas, concomitantemente ao maior número de pacientes idosos e de portadores de derivações urinárias temporárias (cistostomia, nefrostomia, pielostomia, entre outros). Destarte, estes desenvolvimentos podem influenciar a escolha do antibiótico profilático. Embora seja de praxe administrar antibiótico profilático em muitos procedimentos urológicos, ainda há pouca evidência para tal uso nesses procedimentos, devido à escassez de estudos bem desenhados e de definições claras de parâmetros relativos a desfechos favoráveis. Até que ponto a profilaxia antibiótica é benéfica nos diferentes procedimentos urológicos é a questão que permanece entre os urologistas. Associação Americana de Urologia (AUA) tem disponibilizado desde agosto de 2011 uma edição revisada sobre antibioticoprofilaxia em urologia, baseando-se em evidência científica, de modo que disponibilizamos uma versão resumida abaixo. Outrossim, a Associação Europeia de Urologia (EAU) em 2008 e Sociedade Internacional de Quimioterapia em (ISC) 2011 publicaram em suas periódicos revisões sistemáticas sobre antibioticoprofilaxia segundo os diversos procedimentos, tentando responder a questão acima. OUTRO ASPECTO IMPORTANTE CONCERNE À RESISTÊNCIA BACTERIANA CRESCENTE, DECORRENTE DO USO, A LARGA MANO, DE ANTIBIÓTICOS, ESPECIALMENTE AS FLUOROQUINOLONAS EM UROLOGIA. Assim, OS PROCEDIMENTOS UROLÓGICOS SÓ DEVEM SER REALIZADOS COM URINOCULTURA NEGATIVA! ESTANDO O PACIENTE INFECTADO E HAVENDO INDICAÇÃO URGENTE PARA O PROCEDIMENTO OU CIRURGIA, COMO ESSENCIAL PARA TRATAR O REFERIDO ESTADO INFECCIOSO, DEVE-SE COLHER URINA E SANGUE PARA CULTURA E INSTITUIR UM ESQUEMA ANTIMICROBIANO, AÍ JÁ A TÍTULO TERAPÊUTICO, COM BASE EM DADOS CLÍNICOS, NA EPIDEMIOLOGIA MICROBIANA DO LUGAR E SE POSSÍVEL EM RESULTADOS MICROBIOLÓGICOS REALIZADOS ANTERIORMENTE. FATORES DE RISCO RELACIONADOS AO PACIENTE QUE AFETAM A RESPOSTA DO HOSPEDEIRO A INFECÇÕES CIRÚRGICAS • Idade avançada • Anomalias anatômicas do tracto urinário • Desnutrição • Tabagismo • Uso crônico de corticoide • Imunodeficiência • Cateteres externalizados • Material exógeno/endógeno colonizado • Infecção coexistente à distância • Hospitalização prolongada ESQUEMAS RECOMENDADOS Procedimen- Organism Observações Antimicrobiano to os de escolha Baixo risco: não Estudo indicado ATM urodinâmico Norfloxacino 400 Alto risco: indicado 12/12 h Cistouretrografia e Ciprofloxacino ou cistografia TMP-SMX Alternativas Duração 24 h Ampicilina+ Gentamicina ou Cefalosporina 1ª ou 2ª =/< 24h geração ou Amoxacilina/clavulana to Cistouretrogr Tracto GU afia com manipulação Braquiterapia Pele ou crioterapia prostática Biópsia Intestino prostática transretal Litotripsia Tracto GU extracorpórea com ondas de choque Incerto Sempre -Ciprofloxacino ou Aminoglicosídeo ± ≤24h TMP/SMX ampicilina ou Cefalosporina 1ª ou 2ª geração ou Amoxacilina/clavulana to - Cefazolina 2 g IV - Clindamicina Dose única ,dose única - Pacientes sem ITU e s/uso de quinolona nos últimos 3 meses:CIPROFLO XACINO 500 mg: 12 h antes da biópsia, 1 g imediatamente antes da biópsia e 500 mg e 12 h após. Alérgicos a quinolona, Ceftriaxona 1 g na sedação prebiópsia Pacientes sem ITU mas tendo usado quinolona nos últimos 3 meses:SMX/TMP 800/160 12 h antes e 2 h antes da biópsia - Ampicilina 2 g VO + Gentamicina 240 mg, IM/IV Usar ATM APENAS se houver: cálculo infectado ou após nefrolitotomia percutânea ou DM, ou>65 a, ou hepatopatas, ou transplantados ou HIV ou manipulação recente TU Cirurgia renal Trato GU e No intra- -Se urinocultura percutânea pele operatório, PRÉVIA negativa: mandar fazer Aminoglicosídeo ≤24h isoladamente ou assoc. c/ Metronidazol ou clindamicina Dose única 1 hora antes do procedime nto Ureteroscopia Trato GU Cirurgia endourológica, ambulatorial, colocação de cateter duplo J etc. Cirurgia aberta ou laparoscópica sem entrar no trato urinário, incluindo nefrectomia Cirurgia aberta ou laparoscópica entrando no trato urinário ou RTU Cirurgia aberta ou laparoscópica envolvendo o intestino Cirurgia aberta ou laparoscópica envolvento colocação de prótese Pele cultura da Ceftriaxona 2 g urina e do IV/IM calculo -Se urinocultura prévia positiva: tratar, iniciando 7 dias antes, conf germen e TSA Colher urina -Cefriaxona 2 g durante o IV/IM procedimento e tratar se huver infecção Sem ITU prévia Ciprofloxacino ou uso de ATM 500 mg VO: na nos últimos 3 APENAS sedação meses anestésica Se uso de ATM últimos DOSE 3 meses ou na ÚNICA presença de infecção: orientar –se por TSA ou epidemiologia microbiana do lugar Se cirurgia - Cefazolina 2 g IV Se cirurgia infectada, limpa na indução, dose orientar-se por TSA ou única epidemiologia microbiológica Tracto GU Se houver ITU, URINA ESTÉRIL: e pele TRATÁ-LA CEFAZOLINA 2 g ANTES DA IV, na indução OPERAÇÃO anestésica., 1 g 4/4 h no transoperatório e depois 8/8h Trato GU e Preparo - Ceftriaxona (ou pele e intestinal gentamicina) prévio ? +_metronidazol intestino (ou clindamicina) Trato GU e pele - Gentamicina 240 mg IV/IM - Ampicilina/sulbactam ≤24h - Ciprofloxacino, 400 EV 12/12 h - Ampicilina/sulbactam OU Piperacilina/tazobacta OU Ciprofloxaciono+ Metronidazol - Cefazolina 2 gIV - Amp./sulbactam + OU Gentamicina240 Piper./tazobactam OU - Fluoroquinolona mg IV ≤24h 48 h ANTBIÓTICO PROFILÁTICO EM UROLOGIA PEDIÁTRICA: receber orientação de infectologista pediátrico. ANTIBIOTICOPROFILAXIA EM CIRURGIA DE CABEÇA E PESCOÇO Quando a operação não envolve acesso por mucosa, não há benefício comprovado para a antibioticoprofilaxia (ex.: tireoidectomia). Cirurgia oncológica potencialmente contaminada: Cefazolina, 1 a 2 g, EV, na indução anestésica , 1 gq4h no transoperatório e 1 gq8h, durante 24 hs do PO MAIS Metronidazol, 500 mg, EV, na indução anestésica , 500 mg q6h no transoperatório e 500 mgq8h durante 24 h do PO. ou Clindamicina, isolada, 600 mg, na indução, 600 mgq6h no transoperatório e durante 24 hs do PO. Cirurgia infectada: Clindamicina (mesma dose acima) + Ceftriaxona 1gq 12 no transoperatório a por 10 dias do pós-operatório. ANTIBIOTICOPROFILAXIA EM CIRURGIAS DO APARELHO DIGESTIVO ESOFAGO Cirurgias, em geral: Cefazolina. Em esofagoplastia ou cirurgia para câncer de esôfago, usar Cefazolina + Metronidazol. Fazer preparo do cólon antes da operação onde parte deste órgão possa a vir ser usado. Alternativa: Clindamicina. ESTÔMAGO Gastrostomia: Cefazolina 1 a 2 g IV, no início da sedação Vagotomia/piloroplastia NÃO INDICADA ANTIBIOTICOPROFILAXIA Gastrectomias, Gastro-enteroanastomoses, cirurgias bariátricas: Cefazolina; alternativas: Clindamicina ou Vancomicina + aminoglicosídeo.Obs.:1.Em gastrectomia com anastomose jejunal, faça-se cobertura para anaeróbios (acrescentar Metronidazol). 2- Para cirurgias de curta duração (até 2 horas), como gastrostomia percutânea endoscópica, apenas uma dose de Cefazolina durante a indução anestésica é suficiente.3.NÃO HÁ INDICAÇÃO PARA ANTIBIOTICOPROFILAXIA EM COLOCAÇÃO DE MARCAPASSO OU BALÃO DE SILICONE INTRAGÁSTRICOS. 4. Em Gastroduodenopacreatectomia: Ceftriaxona (2 g na indução e q12 h no trans e no pós-operatório + Metronidazol (500 mg, na indução, 500 mgq6h no transoperatório e q8h por 2 a 3 dias). 5. Na cirurgias de pâncreas por infecção o esquema é terapêutico, conforme normas já estabelecida. INTESTINOS Enterorrafia, enterotomia, fechamento de enterostomia - NÃO INDICADA ANTIBIOTICOPROFILAXIA, exceto se houver estase do conteúdo entérico (obstrução intestinal, por exemplo) usar ou Metronidazol Cefazolina ++ aminoglicosídeo Metronidazol Nas cirurgias dos cólons: Cefazolina + Metronidazol Clindamicina + aminoglicosídeo OU Ampicilina/Sulbactam OU Apendicectomia: Cefazolina + Metronidazol: alternativas: Clindamicina + aminoglicosídeo ou Metronidazol + aminoglicosídeo. OBS:1.Contaminação acidental da cavidade abdominal, por conteúdo intestinal, não é indicação de Cefazolinapara prolongar a duração da antibioticoprofilaxia.2- Nas perfurações intestinais, por trauma, o antibiótico é mantido por período curto (3 a 5 dias).3. Em apendicite, o esquema antibiótico é semelhante, iniciado antes da cirurgia, no momento do diagnóstico. A duração do uso do ATM variará conforme achados cirúrgicos: apenas hiperemia - 24 horas; infecção localizada - 3 a 5 dias; peritonite difusa - 7 dias. Hernioplastia: Cefazolina, alternativas: Clindamicina, Vancomicina; acrescentar droga anaerobicida se houver sofrimento de alça intestinal TRATO BILIAR Cirurgia laparoscópica: não estaria indicada antibioticoprofilaxia, porém use-se uma dose (Cefazolina), na indução anestésica; completar esquema de 24 horas, nas seguintes condições: obstrução da árvore biliar; ou icterícia com possibilidade de obstrução; vazamento de bile ou rotura da vesícula; gravidez; imunossupressão; inserção de prótese ou “devices”; cirurgias de emergências; cirurgias prolongadas; pacientes diabéticos ou com > 70 anos ou com IRIC 3 ou mais; cólica biliar nos últimos 30 dias; , reintervenção em menos de um mês, conversão para cirurgia aberta. Procedimentos abertos: Cefazolina; outro (s) antimicrobiano(s), como Metronidazol ou droga pseudomonicida quando existirem achados que os indiquem ( gangrena de vesícula etc). Na presença de infecção (colecistite, colangite etc), o uso do antimicrobiano passa a ser considerado TERAPÉUTICO, devendo ser mantido pelo tempo que for necessário. FÍGADO Ressecção de cistos hepáticos : não indicada antibioticoprofilaxia. Hepatectomia: Cefazolina OU Cefazolina + Metronidazol (500 mg e q8h no transoperatório); usar por 2 dias. Em cirurgia para colangiocarcionama, usar por 5 dias ou mais), Transplante de fígado: Pipeeracilina-Tazobactam ou Ceftriaxona+Ampicilina; alternativas: Clindamicina (ou Vancomicina) + aminoglicosídeo PANCREAS Pancreatectomia, duodeno-pancreatectomia e transplante : Cerfazolina. Para pacientes com alto risco de infecção fúngica (drenagem entérica a partir do pâncreas), acrescentar Fluconazol. ESPLENECTOMIA Nas esplenectomias por trauma, com baixo risco de infecção, a antibioticoprofilaxia não é indicada, exceto se tiver havido lesão ou manipulação de víscera oca. A vacinação contra Pneumococo deve ocorrer duas semanas antes da operação, em cirurgias eletivas. Se de urgência, a vacina de ser feita no primeiro momento possível depois da operação. Havendo processo infeccioso afetando o baço, faça-se o esquema de antibioticoterapia, conforme cada situação. CIRURGIAS CARDÍACAS Revascularização miocárdica, correção de cardiopatias congênitas, lesões valvares, com ou sem prótese: Cefazolina 2 g na indução, 1 g q4h no transoperatório . (dose pediátrica 30 mg/kg) e 1 g q8h no pós-operatório (total 6 doses). Se não usada circulação extracorpórea, apenas 4 doses. Alternativas: Vancomicina (dose pediátrica 15 mg/kg) ou Clindamicina (dose pediátrica 10 mg/kg). Na vigência de endocardite ou outra infecção, manter o esquema antimicrobiano anterior que esteja sendo eficaz. Implante de Marcapasso definitivo: total de 2 doses. Drenagem de hemopericárdio: NÃO INDICADA ANTIBIOTICOPROFILAXIA NEUROCIRURGIA O antibiótico é recomendado em todas as neurocirurgias encefálicas, mesmo as eletivas e na colocação de derivações (DVE, DVP e DLE), independente da colocação de prótese. O antibiótico é Cefazolina (v. doses anteriores), durando a profilaxia por 24 h; nos alérgicos a betalactâmicos, usar Vancomicina ou Teicoplanina. Quando o acesso cirúrgico é por mucosa, usar Clindamicina (900 mg na indução) e 600 q6h no transoperatório e no PO, conforme as doses citadas. Em correção fístula liquórica e pneumoencéfalo por trauma a antibioticoprofilaxia vai ate 5 dias. Em laminectomia para hérnia de disco, usa-se também Cefazolina.Não há consenso sobre o uso de ATM em cirurgias em nervos periféricos. . CIRURGIAS ORTOPÉDICAS Cafazolina: 2 g na indução; 1 g q4h no transoperatório e q8h no PO (24h). Se revisão de artroplastia, prolongar por 5 dias ou trocar o ATM conforme dados clínicos e, principalmente, microbiológicos. OBS: 1. Para os pacientes alérgicos e nas reoperações precoces recomenda-se esquema semelhante à cirurgia cardíaca (vancomicina + gentamicina). 2. Nas fraturas abertas os pacientes devem receber Cefazolina ou Amoxicilina/sulbactam por 5 a 7 dias, de acordo com a gravidade do trauma e a evolução do paciente. CIRURGIAS OTORRINOLARINGOLÓGICAS Timpanomasstoidectomia e Mastoidectomia: Cefazolina, 2 g, na indução, 1 g q4h, apenas no transoperatório.. .Ressecção de tumores do ângulo ponto-cerebelar, descompressão de saco endolinfático, neurectomia vestibular e implante coclear: Ceftriaxona 2 g, na indução. .Resseção de tumores glômicos: não indicada antibioticoprofilaxia .Cirurgias endoscópicas dos seios paranasais, ressecção externa de tumores nassinusaiss e ligadura de artéria esfenopalatina: Cefazolina 2 g, e 1 g q4h, apenas nos transoperatório. .Septoplastia/reinoplastia (quando ficar tampão por > 48h):Cefazolina2 g na indução e 1 g q4h no transoperatório .Amigdalectomia e Adenoamigdalectomia: Cefazolina 2 g, na indução e 1 g q4h no transoperatório .Microcirurgia (pólipos, cisto e nódulos): não indicada antibioticoprofilaxia .Hemilaringectomia e laringectomia total: Cefazolina 2 g na indução e 1 g q4h no transoperatórioa .Tireoplastia/Cirurgias de arcabouço laríngeo: Cefazolina, 2 g na indução e 1 g q4h no transoperatório .Submandibulectomia/paratidectomia:Cefazolina, 2 g, na indução e 1 g q4h no transoperatório .Mastoidectomia e timpanomastoidectomia: ANTIBIOTICOTERAPIA CONFORME ESQUEMA EM USO ANTERIOR À OPERAÇÃO. CIRURGIAS OFTALMOLÓGICAS .Não consta haver indicação de antibióticoprofilaxia sistêmica. .Caso inexista processo infeccioso (descartado em exame prévio por lâmpada de fenda), as medidas profiláticas são: a) pingar colírio de quinolona, 1 gota, aos 60, 45, 30 e 15 minutos antes da operação; b)antissepsia conjuntival com colírio de iodo-povidine 5% e, na região peri-orbitária, com iodo-povidine tópico 10%; c) pingar 1 gota de colírio de quinolona ao final da cirurgia e 1 gota do mesmo colírio, 4x/dia, por uma semana. ANTIBIOTICOPROFILAXIA EM OUTRAS OPERAÇÕES MALFORMAÇÕES CONGÊNITAS DO TUBO DIGESTIVO Em geral: Cefazolina (dose pediátrica: 30 mg/kg); em Piloromiotomia: NÃO INDICADA ANTIBIOTICOPROFILAXIA. Em Substituição esofágica com cólon, cirurgia para Atresia ileal ou Ileo meconial: Cefazolina + Metronidazol (dose pediátrica: 15 mg/kg) LAPAROTOMIAS EXPLORADORAS Laparotomia eletiva: não indicada antibioticoprofilaxia, exceto quando for constatada, no transoperatório, a necessidade de penetração nos tratos, gastrointestinal, biliar ou genitourinário; o antibiótico deve ser escolhido conforme a microbiota previsível para o referido trato e na situação encontrada. Laparotomia para obstrução intestinal: Cefazolina+Metronidazol Laparotomia diagnóstica ou para ressecção de cistos ou tumores mesentéricos: não indicada antibioticoprofilaxia, exceto se necessidade de penetração dos tratos acima citados. Biópsia percutânea de órgão intra-abdominal: conduta igual à do item anterior CIRURGIAS EM URGÊNCIAS ABDOMINAIS Trauma penetrante do esôfago c/contaminação grosseira: Clindamicina (900mg na indução,600 mgq6h, até p/7dias ) + Gentamicina(240 mg na indução e, no PO, mesma dose por dia, até reavaliação Obstrução intestinal: Usar Cefazolina + Metronidazol na indução anestésica, podendo ser modificado o esquema, conforme os achados cirúrgicos. Trauma fechado do abdome: Cefazolina, na indução anestésica; havendo lesão de íleo terminal ou cólons, acrescentar Metronidazol. Trauma penetrante (arma branca ou projétil de arma de fogo): esquema anaerobicida desde o início: Cefazolina+Metronidazol Trauma hepático: Ampicilina-Sulbactam Trauma urinário: Cefazolina CIRURGIAS DO TORAX Traqueostomia, drenagem eletiva do tórax, biópsia pleural com agulha, ressecção de tumor de parede torácica ou de mediastino, videotoracoscopia e mediatinoscopia: NÃO INDICADA ANTIBIOTICOPROFILAXIA Biópsia transbronquica, pneumonectomia, lobectomia, segmentectomia, traqueoplastia: Cefazolina; havendo processo infeccioso já estabelecido, manter o esquema, eficaz, que vinha sendo utilizado. TRAUMA BUCOMAXILO FACIAL, OSTEOPLASTIA DE FACE, PALATOPLASTIA COM ENXERTO, MANDIBULECTOMIA E FISSURAS PALATINAS: Cefazolina CIRURGIAS PLÁSTICAS ESTÉTICAS Plásticas de supercílios, orelhas, polidactilia, sindactilia, ginecomastia, queiloplastia, rinoplastia, fissura labial e lipoaspiração de pequenas áreas: NÃO INDICADA ANTIBIOTICOPROFILAXIA Lipoaspiração ampla, abdominoplastia, mamoplastia, cirurgia com prótese, plastia de mão, retalho cutâneopiloso, plástica de genitália masculina, correção de linfedema volumoso: Cefazolina, 2 g na indução, 1 g q4h no transoperatório, SEM INDICAÇÃO NO PÓS-OPERATÓRIO. Plastia de genitália feminina: Himenoplastia: Cefazolina + Metronidazol ; Neovagina: o mesmo esquema de antimicrobianos + preparo do cólon.Obs:1. Nas cirurgias plásticas estéticas Cefazolina, nas doses habituais. O ATM é opcional, quando não se coloca prótese ou não se usam grandes retalhos.2. Nas demais, o ATM só deve ser usado no trans-operatório. CIRURGIAS PLÁSTICAS REPARADORAS: use-se Cefazolina, apenas no pré e transoperatório. CIRURGIAS E PROCEDIMENTOS INVASIVOS VASCULARES Correção de varizes sem lesões tróficas ou infecções, correção de fístula AV sem enxerto, angiografias intervencionistas, restauração de fluxo venoso, ressecção de linfedema e de hemangiomas e simpatectomia lombar: NÃO INDICADA ANTIBIOTICOPROFILAXIA. Outras cirurgias vasculares diferentes das acima citadas: Cefazolina AMPUTAÇÃO DE MEMBRO INFERIOR, SUTURAS DE FERIMENTOS EXTENSOS DE FACE E MEMBROS OU DE OUTRAS TOPOGRAFIAS: Cefazolina, em caso de amputação por gangrena seca; se grangrena úmida :Clindamicina(600mg,EV,q6h)transoperatório)+Ciprofloxacino(400 mg,EV,q12h), ambos apenas no pré, transoperatório e por 24 h ou Cefoxitina ABSCESSOS (v.também.tópicos anteriores, quanto ao antibioticoterapia de infecções) Abscesso drenando por via perineal ou anal: Ciprofloxacino + Clindamicina ou Metronidazol , mantendo outro antimicrobiano eficaz, que viesse sendo usado, para infecção estabelecida. Abscesso cutâneo ou drenando pela boca: Cefazolina CAPÍTULO XXII ANTIBIOTICOPROFILAXIA EM SITUAÇÕES NÃO CIRÚRGICAS Acidente Ocupacional com Risco Biológico .Lavar ferimentos e a pele imediatamente com água e sabão (não há vantagem em utilizar soluções antissépticas). .Se houver exposição de mucosa, lavar abundantemente com água corrente. .Não realizar expressão do local ferido, pois este procedimento pode aumentar a área lesada e, consequentemente, a exposição ao material infectante. .O funcionário infectado deverá entrar em contato com sua chefia imediata ou supervisão de enfermagem para comunicar o acidente e receber as orientações quanto ao fluxograma de atendimento de acidentes com material biológico. Os esquemas com antirretrovirais, assim como o seguimento do caso são da competência dos especialistas no assunto, em geral no Hospital São José de Doenças Infecciosas, para onde encaminhados dos servidores do HGCC. Na adoção dos referidos esquemas são considerados, obviamente, aspectos do paciente-fonte (sintomas, carga viral. sorologia, ) bem como o tipo de acidente, se a pele do servidor era ou não íntegra, a profundidade da lesão, a existência ou não de sangue visível no objeto contaminante, exposição de mucosa etc.. Profilaxia de Infecção pelo vírus da Hepatite B (HBV) VACINAÇÃO DE PROFISSIONAIS DE SAÚDE Vacina dT(dupla adulto contra difteria e tétano) 3 doses, interval dose a cada 10 anos; para quem foi vacinado na infância e que receberam a última dose há 10 anos ou menos, basta uma dose da vacina. Quem fez esquema inicial incompleto devem receber as 3 doses, conforme acima citado. SCR (tríplice viral contra sarampo, caxumba e rubéola) 1 dsem precisar reforço, para ose, todos os trabalhadores de saúde, independente da sua ocupação ou de terem ou não contato com pacientes; A VACINA É CONTRAINDICADA PARA IMUNODEPRIMIDOS E GESTANTES, POR SER DE VÍRUS VIVOS ATENUADOS. Varicela 2 doses, intervalo de 2 meses; não necessita reforço; todos o profissionais de saúde suscetíveis devem ser vacinados, exceto quem já teve varicela e herpes zoster. Contraindicações: gestantes ( mulheres em idade fértil devem evitar engravidar antes do 30º. dia após a vacinação); imunodeprimidos (exceto os casos previstos casos específicos abordados em outros tópicos destes protocolos; pacientes sob terapia imunossupressora só devem, em geral, ser vacinados após pelo menos 3 meses da suspensão da referida terapia); reação anafilática à dose anterior da vacina ou a seus componentes. Influenza 1 dose; repetição anual; recomendada para todos os trabalhadores em instituições de saúde; gestação e lactação não são contraindicação a vacina. Hepatite B 3 doses (0, 1 e 6 meses); não necessita reforço; gestação e lactação não contraindicam a vacina; todos os pacientes em contato regular com pacientes e/ou com sangue e outros fluidos orgânicos devem ser vacinados, o mesmo ocorrendo para estudantes de medicina antes do início do treinamento; antes da vacinação de ser checado o estado imunológico ( anticorpos anti-HBs iguais ou maiores de 10 um/ml são tidos como protetores. PERITONITE BACTERIANA ESPONTÂNEA (PBE) Fatores predisponentes: procedimentos invasivos e o comprometimento da função hepática. Etiologia: bacilos Gram-negativos (principalmente) e Gram-positivos Indicação da profilaxia antimicrobiana: . Cirróticos com sangramento gastrointestinal: antibioticoprofilaxia por 7 dias: Ciprofloxacino 400mg IV 12/12 OU Ceftriaxona 2 g EV/dia, início precoce, enquanto sangramento ativo; a seguir substituir por Norfloxacino 400mg VO 12/12h). Associar albumina, EV, para evitar insuficiência renal . Cirróticos com episódios prévios de PBE: Norfloxacino 400mg VO 1x/dia, enquanto tiver ascite. • Nos cirróticos com ascite e baixos níveis de proteína no líquido ascítico ( < 1,0 g/dl ) a antibioticoprofilaxia é discutível. EM ENDOSCOPIA DIGESTIVA Incidência de infecção: baixa (2-5%). Risco conforme o procedimento: alto ( Dilatação de Esôfago, Escleroterapia de varizes e CPRE); baixo (Endoscopia Digestiva Alta, Colonoscopia, Sigmoidoscopia flexível e Ecoendoscopia). Nos casos de dilatação de esôfago, a taxa de bacteriemia varia :12%-22% , sendo o S.viridans responsável por 79% casos. A taxa de bacteriemia aumenta no caso de dilatação de tumores e quando são feitas múltiplas dilatações. Na escleroterapia de varizes, a taxa de bacteriemia é, em media, de 14,6% e, na ligadura endoscópica de varizes, é de 8,8%. Na CPRE, sem obstrução biliar, a média de complicação bacteriana é baixa (6,4%), aumentando nos casos de obstrução por cálculo ou tumor (18%). Na Endoscopia Digestiva Alta, com ou sem biópsia, a taxa de bacteriemia varia de 0 a 8% ( média 4,4%), sendo de curta duração e não associada a outras complicações infecciosas. Na colonoscopia,a taxa de bacteriemia varia de 0 a 25% ( média de 4,4%) e, na retosigmoidoscopia flexível, é de 0 a 1 %. A ecoendoscopia com punção tem taxa de bacteremia de 4 a 5,8%. Etiologia microbiana: S.viridans ,S.aureus e S.epidermidis Patogenia das infecções: origem endógena (translocação da microbiota do paciente, após trauma na mucosa); origem exógenas ( transmissão de patógenos de paciente para paciente através do aparelho, por falhas na desinfecção ou por microrganismos preexistentes no tubo digestivo). Há, também, casos, menos comuns, de bacteriemias causando infecções, à distância, como a Endocardite bacteriana (EI), mas houve uma mudança de orientação, com a não administração de antibioticoprofilaxia para prevenir Endocardite Infecciosa, ficando estabelecido, porém que, havendo fatores de risco alto para EI ( prótese valvar cardíaca, história prévia de Endocardite, receptores de transplante cardíaco que desenvolvem valvulopatias e pacientes com cardiopatia congênita) e, na presunção de colonização do trato gastrointestinal por Enterococo, para os pacientes, a serem submetidos a procedimentos endoscópicos com possibilidade elevada de bacterina, especialmente CPRE, se faça a antibioticoprofilaxia, com Amoxicilina ou Ampicilina. EM CPRE A antibioticoprofilaxia deve ser realizada antes da CPRE, em pacientes com suspeita ou certeza de obstrução biliar, em que o procedimento pode não vir a propiciar a drenagem completa da via biliar, como nos casos de estenose hilar ou Colangite Eslerosante Primária ( Grau 2C). Nestes casos de drenagem incompleta, o antibiótico deve ser continuado pós-CPRE. Se a via biliar for completamente drenada, não se deve continuar o antibiótico pós-procedimento, exceto nos casos de estenose biliar pós-transplante hepático, em que o antibiótico, nesta situação, é benéfico, mesmo que a drenagem tenha sido completa. Antibioticoprofilaxia também é recomendada, antes da CPRE, em pacientes com cistos pancreáticos comunicantes ou pseudocistos e antes de drenagem transmural ou transpapilar de pseudocisto. Esquema: Ciprofloxacino 1 g VO antes do procedimento EM ECOENDOSCOPIA COM PUNÇÃO A antibioticoprofilaxia não é recomendada antes de Ecoendoscopia, sem punção, ou com punção de lesões sólidas, mas está indicada antes da Ecoendoscopia, com punção de lesões císticas. Deve-se usar o esquema antes recomendado (Ciprofloxaciono 1 VO antes do procedimento). DILATAÇÃO DE ESÔFAGO E ESCLEROTERAPIA DE VARIZES ESOFÁGICAS Se paciente imunocomprometido ou ascético: Ciprofloxacino, 1 g VO antes do procedimento EM GASTROSTOMIA ENDOSCÓPICA PERCUTÂNEA Cefazolina, 2 g, IV, 30 minutos antes do procedimento. EM PACIENTE CIRRÓTICO COM HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA, MESMO NÃO SUBMETIDO A PROCEDIMENTO Norfloxacino 400 mg VO q12h ou Ciprofloxacino EV q12 h, por 7 dias DRENAGEM DE VIAS BILIARES: Ceftriaxona 2 g IV; alternativa: Ampicilina 2 g , IV + Amicacina 500 mg, IV TIPS (shunts porto-sistêmico, intrahepático, via transjugular): Ceftriaxona 2 g IV; alternativa: Vancomicina 1 g IV (ou Clindamicina 600 mg IV) + Amicacina 500 mg IVC. EM OUTROS PROCEDIMENTOS ENDOSCÓPICOS, INCLUINDO ENDOSCOPIA DIGESTIVA ALTA, LIGADURA DE VARIZES E COLONOSCOPIA, NÃO HÁ INDICAÇÃO DE ANTIBIOTICOPROFILAXIA. ANTIBIOTICOPROFILAXIA EM RADIOLOGIA INTERVENCIONISTA Indicações Angioplastia com colocação de stent: só usar em casos de reintervenção, em até 7 dias da primeira; em cateterização arterial prolongada; ou em perspectiva de longa duração do procedimento Cefazolina 2 g IV; alternat Endopróteses em aorta ou periféricas: mesmo esquema acima. Embolização das artérias uterinas (em miomatose): Ceftriaxona 2 IV; alternativas: Vancomicina 1 g ou Clindamicina 600 mg. Embolização percutânea de veia porta: indicada apenas se manipulação prévia de via biliar: Ceftriaxona 2 g IV; alternativa: Clindamicina 600 mg + Amicacina 500, ambas IV Horário de administração endovenosa do ATM: dentro de 1 hora antes do procedimento, exceto para Vancomicina e Ciprofloxacino, que devem ser infundidos a 2 horas antes do procedimento, FEBRE REUMÁTICA Prevenção Primordial Visa a prevenir as infecções estreptocócicas, nas crianças ou adolescentes que mantiveram contato com pacientes sabidamente portadores de estreptococcia aguda. Prevenção Primária Visa a tratar infecções de vias áreas superiores, com o objetivo de evitar o primeiro ou o surto subsequente de febre reumática. É sabido que, se o tratamento for iniciado até o 5º. dia do início da estreptococcia, existe, mesmo nos indivíduos predispostos, chance de 70% de “abortamento” do surto reumático. Prevenção Secundária Visa a prevenir estreptococcia, em vias áreas superiores, de paciente que, em decorrência de surto reumático anterior, tiver coreia de Syhenham ou lesão valvular com característica reumática, como, por exemplo, estenose mitral. Esquemas de Prevenção Prevenção Primária Droga Dose Via Duração Penicilina Benzatina 600.000 UI (pac. c.<25 kg) 1.200.000 UI (Pac. c/>25 Intramuscular Dose Única Penicilina V Criança:250 mg 3 x/dia Oral 10 dias Adulto: 500 mg 2 a 3x/dia Pacientes alérgicos a penicilina Droga Dose Via Duração Estolato de Eritromicina 20-40 mg/kg/dia, 2 a 4 x ao dia (máximo 1 g/dia) Oral 10 dias Etilsuccinato de Eritro40 mg/kg/dia, 2 a 4x/dia micina (máximo de 1 g/dia) Oral 10 dias Azitromimicina 500 mg – 1º. dia; 250/dia, por 4 dias Prevenção Secundária Droga Dose Via Penicilina Benzatina 600.000 UI (pac.<25 kg) 1.200.000 UI (pac.>25 kg)(ambos a cada 4 semanas) PACIENTES DE ALTO RISCO * Intramuscular 1.200.000 a cada 3 semanas Penicilina V ESQUEMA IGUAL AO DA PREVENÇÃO PRIMÁRIA Oral Sulfadiazina 0,5 g (pacientes < 27 kg) 1 g (pacientes>27 kg) Oral Eritromicina** 250 mg 2 x ao dia Oral (*) PACIENTES DE ALTO RISCO: os que têm lesão valvar reumática e/ou baixas condições socioeconômicas. (**) Eritromicina: para pacientes Alérgicos a Penicilina Duração da Prevenção Secundária Categoria Duração Febre reumática COM cardite e COM lesão valvar residual Igual ou maior de 10 anos, iniciada desde o último surto agudo e até pelo menos aos 4 anos (alguns por toda a vida) (*) Febre reumática COM cardite e SEM lesão valvar residual Igual ou maior de 10 anos, desde o último surto e até pelo menos os 21 anos de idade, Febre reumática SEM cardite Igual ou maior de 5 anos ou até a idade de 21 anos (*) Prevenção por toda a vida é indicada para pacientes com alta probabilidade de contato com população com alta prevalência de infecção estreptocóccica (professores de ensino primário, médicos e outros profissionais da saúde) ENDOCARDITE BACTERIANA (EI) A manutenção da saúde bucal é a medida mais importante para a prevenção da EI. Condições em que está indicada a profilaxia: prótese valvar cardíaca, EI prévia, cardiopatia congênita cianótica complexa (ex.: transposição das grandes artéria, tetralogia de Fallot, ventrículo único), shunt pulmonar-sistêmico, outros defeitos cardíacos reparados cirurgicamente e defeitos cardíacos residuais após correção cirúrgica, inclusive insuficiência valvar após transplante cardíaco. Procedimentos em que está indicada a profilaxia: Odontológicos: exodontia, procedimentos periodontais, incluindo cirurgias, raspagem e aplainamento radicular, sondagens e controles; implantes dentários ou reimplantes de dentes avulsionados; tratamentos endodônticos ou cirurgias periapicais; colocação de bandas ortondônticas (exceto se apenas brackets); anestesia injetável intraligamentar (periodontal) e limpeza profilática com possibilidade de sangramento. Procedimentos no trato respiratório: amigadelectomia e procedimentos que envolvam incisão ou biópsia da mucosa respiratória; broncoscopia com aparelho flexível, quando houver perspectiva de biópsia e broncoscopia com aparelho rígida. Procedimentos no trato digestivo e vias biliares: escleroterapia de varizes esofágicas, dilatação esofágica e colangiografia retrógrada, independente da existência de alguma das condições cardíacas acima citadas. ANTIMICROBIANO, A SER USADO 1 HORA ANTES DO PROCEDIMENTO Procedimento odontológico ou do trato respiratório: ATM por VO: Amoxicilina 2 g (50mg/kg) ; para uso IV ou IM: Ampicilina 2g (50mg/kg) OU Cefazolina, 2 (50 mg/kg) Ou Ceftriaxona 1 g; para alérgicos a Penicilina ou Ampicilina, uso oral: Cefalexina 2 g OU Clindamicina 600 mg (20 mg/kg) Ou Claritromicina ou Azitromicina 500 mg; para alérgicos, uso IV ou IM: Cefazolina 1 g (50 mg/kg) ou Ceftriaxona 1 (20 mg/kg) ou Clindamicina 600 g. Para procedimentos no trato genitourinário ver capítulos anteriores. DOENÇAS MENINGOCÓCCICAS Critérios diagnósticos - Clínico: quadro toxiinfeccioso agudo, acompanhado de petéquias ou sufusões hemorrágicas, com ou sem meningite. - Laboratorial: bacterioscopia, no líquor e/ou raspado de pele, mostrando diplococo Gramnegativo; detecção de antígenos por látex contraimunoeletroforese ou outros métodos confiáveis; cultura positiva para N.meningitidis em sangue ou líquor. - Epidemiológico: contato direto e recente com outro caso de doença meningocócica, confirmado por laboratório, que apresente quadro de meningite, mesmo sem os dados laboratoriais acima citados, MEDIDAS NO ATENDIMENTO DE CASO SUSPEITO DE DOENÇA MENINGOCÓCICA -Instituir precauções para gotículas - Quarto privativo, uso de máscara cirúrgica, uso de luvas se o paciente apresentar lesões cutâneas. Duração das precauções: até 24 h de antibioticoterapia efetiva contra a infecção. - Notificar o caso para o Serviço de Epidemiologia. -Adotar o esquema terapêutico para o paciente (v. capítulo anterior) -Prescrever quimoprofilaxia. Para os contactantes Definição de contactante próximo • Quem reside no mesmo domicílio do paciente com doença meningocóccia • Indivíduos que compartilharam o dormitório com o doente, nos últimos sete dias • Contactantes de creche e jardim de infância (professoras e crianças), que dividem a mesma sala com o doente • Todas as pessoas que tiveram contato com a saliva do doente, nos últimos sete dias (beijar, compartilhar alimentos e bebidas, grupo de crianças que brincam juntas, dividir a mesma escova de dentes). • Profissionais da área da saúde, que atenderam pacientes com suspeita de doença meningocócica com menos de 24 h de antibioticoterapia efetiva para a infecção e que não utilizaram máscara cirúrgica. • Profissionais de saúde que realizaram procedimentos ( entubação orotraqueal, exame de fundo do olho, passagem de cateter nasogástrico) sem utilização de material de proteção adequado (máscara cirúrgica e luvas). NÃO HÁ INDICAÇÃO DE ANTIBIOTICOPROFILAXIA PARA PROFISSIONAIS QUE ENTRARAM NO QUARTO DO PACIENTE APENAS PARA VERIFICAR SINAIS VITAIS, SEM UMA APROXIMAÇÃO MAIOR COM O PACIENTE. A quimioprofilaxia, quando indicada, deve ser iniciada o mais precocemente possível, de preferência nas primeiras 24 horas e, no máximo, até 10 dias após, pois a chance de um indivíduo evoluir com doença invasiva é maior nos primeiros cinco dias após a infecção. A eficácia da quimioprofilaxia, quando feita adequadamente, é de 90 – 95%. Portanto, mesmo os contactantes que receberam a quimioprofilaxia, podem vir a adoecer e devem estar alertas para o aparecimento dos primeiros sintomas, pois o retardo no início do tratamento implica em maior letalidade. Durante epidemias ou surtos, a quimioprofilaxia é recomendada apenas para os contactantes próximos. Para pessoas com outros fatores de risco, deve ser considerada a utilização da vacina, como medida profilática. Cabe, assim, aos serviços de vigilância epidemiológica a identificação precoce de surtos e epidemias e a definição da população alvo para a vacinação. A maioria das vacinas, disponíveis contra a doença meningocócica, é constituída por antígenos polissacarídicos da cápsula da bactéria e confere proteção por tempo limitado (cerca de três anos) e, exclusivamente, para os sorogrupos contidos na vacina, com reduzida eficácia em crianças de baixa idade (particularmente abaixo de 2 anos). As mais frequentemente empregadas são: a vacina bivalente (A+C), a tetravalente (A+C+Y+W135) e, no caso de menores de 2 anos, a monovalente A. Para a meningite meningocócica B, nenhuma vacina desenvolvida até então (inclusive a "cubana") mostrou-se eficaz, de forma inequívoca. Mais recentemente, foi desenvolvida uma vacina conjugada para a meningite meningocócica C, com elevada eficácia, proteção prolongada (possivelmente por toda a vida) e boa resposta em menores de um ano. No Brasil, as vacinas anti-meningocócicas estão disponíveis na rede pública, apenas em situações de surto e epidemias. A vacina conjugada C está disponível nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE). É destinada, exclusivamente, para pessoas, a partir dos 2 meses de idade, e que tenham doenças ou condições de base, que impliquem em um maior risco de doença meningocócica (asplenia congênita ou adquirida, esplenectomia, deficiências de complemento, anemia falciforme e talassemia). Na rede privada, podem ser encontradas as vacinas bivalente A+ C e a conjugada C. A vacina tetravalente ainda não tem registro no país. DROGAS PARA A QUIMIOPROFILAXIA 1ª. escolha: Rifampicina – 600 mg q 12 h, VO, total de 4 doses. Para crianças: 1 mês a 12 anos: 10mg/kg/dose q12h (máximo 600 mg) total 4 doses; < 1 mês: 5 mg/kg/dose 2ª. escolha: Ciprofloxacino 500 mg, VO, dose única 3ª. escolha: Ceftriaxona 250 mg IM, dose única; crianças <12 anos: 125 mg Em GESTANTES: recomenda-se o uso de Rifampicina QUIMIOPROFILAXIA PARA O PACIENTE, APÓS A SUA ALTA : Por ocasião da alta, os pacientes que adoeceram devem receber Rifampicina, nas doses acima mencionadas, porquanto as drogas usadas na terapêutica da doença meningogócica, com exceção da Ceftriaxona, não atingem a nasofaringe, não sendo, assim, indicadas como quimioprofiláticas. MENINGITE POR HAEMOPHILUS INFLUENZAE TIPO B A quimioprofilaxia deve ser instituída, o mais precocemente possível, podendo ser iniciada até 30 dias após a ocorrência do caso índice. A quimioprofilaxia da Meninigite por Haemophilus, é indicada para: • Todos os contatos domiciliares (inclusive adultos), desde que existam crianças menores de 4 anos de idade, além do caso índice, sem vacinação ou com esquema de vacinação incompleto, para Heamophilus (Hib). • Em creches ou escolas onde existam crianças expostas, com idade inferior a 24 meses; diante da ocorrência de um segundo caso confirmado, é indicada também a quimioprofilaxia para os contatos, incluindo os adultos. • Por ocasião da alta hospitalar, para aqueles pacientes que possuam, entre seus contatos domiciliares, crianças menores de 48 meses de idade não vacinadas adequadamente. • Crianças com esquema vacinal completo para Hib não necessitam fazer quimioprofilaxia. Droga de escolha: Rifampicina Duração: 4 dias com dose única diária. -Adultos: 600 mg/dia - Crianças (1 mês a 12 anos): 20 mg/kg/dia (máx: 600 mg); menores de 1 mês: 10 mg/kg/dia. A vacina contra Haemophilus influenzae tipo b (Hib) apresenta alta eficácia quando aplicada no esquema preconizado: 3 doses em menores de 1 ano, aos 2º, 4º e 6º mês de vida. Os eventos adversos locais (dor, eritema e/ou enduração) e gerais (febre, irritabilidade e/ou sonolência) são de frequência e intensidade baixas, ocorrendo em menos de 10% dos vacinados, nas 24 horas após aplicação. As contraindicações são, em geral: doenças graves ou relato de ocorrência de reação anafilática sistêmica, após aplicação de dose anterior. A vacina utilizada no Brasil é a Tetravalente - que consiste na combinação da vacina Hib com a vacina contra o Tétano, Difteria e Coqueluche (DPT), em um só produto, conferindo imunidade para estes quatro componentes. Pessoas ou grupos, em situações clínico-epidemiológicas especiais, devem procurar os Centros de Referência de Imunobiológicos Especiais (CRIE). ESTREPTOCO DO GRUPO B (EGB) NO RECÉM-NASCIDO - Rastreamento (swab retal e vaginal) da gestante entre 35 e 37 semanas. Profilaxia intraparto da infecção neonatal: Indicações para a profilaxia: positividade da cultura na parturiente; ITU ou bacteriúria pelo EGB durante a gestação atual ;se não realizada ou desconhecida a cultura no pré-natal ; TPP (<37 semanas);RPMO (>18 h) ou febre intraparto (>38oC) Esquemas (para a parturiente): Penicilina G 5 milhões UI,IV, no início do trabalho de parto, preferencialmente 4 horas antes do parto, seguidos de 2,5 milhões UI, IV q4h até o nascimento do concepto. Alternativas: Ampicilina 2 g IV, inicialmente e 1 g IV q4h até o nascimento Alérgicas a Penicilina: Clindamicinas 900 mg IV, q8h, até o nascimento Em gestantes com cultura negativa do swab no pré-parto, não está, obviamente indicada a profilaxia. Também não está indicada a antibioticoprofilaxia para parto cesáreo fora de TPP e sem RPMO. VARICELA-ZOSTER (Profilaxia pós-exposição ao vírus em ambiente hospitalar) Vacina contra varicela: indicada para o controle de surto em ambiente hospitalar, nos comunicantes suscetíveis com 9 meses de idade ou mais. A vacina, que confere proteção de longa duração) deve ser aplicada no máximo até 120 horas após o contato. Imunoglobulina antivaricela-zoster (VZIG): indicada para o controle de surto em ambiente hospitalar para os comunicantes suscetíveis com menos de 9 meses de idade, os imunodeprimidos e gestantes, devendo ser aplicada no máximo até 96 horas após a exposição) Uso de antivirais: pode ser uma alternativa, para a profilaxia pós-exposição à varicela, caso a imunoglobulina específica (VZIG) não esteja disponível. O Aciclovir deve ser administrado, do 9º. ao 14º. dia do contato, na dose de 40mg/kg/dia, q6h. Fluxograma para indicação da profilaxia Contato com varicela por mais de 1 h em ambiente fechado (ou indivíduos que tiveram contato até 48 h antes do surgimento do exantema) Não não há necessidade de profilaxia Sim: Comunicante suscetível (sem história prévia de varicela ou vacinação) Não há necessidade de profilaxia Sim indicada a profilaxia Idade < de 9 meses Sim Usar VZIG Não Imunodeprimido ( pessoas com HIV + c/ CD4<200 cels./mm3; ou, com CD4 entre 250 e 350, mas c/manifestações clínicas de imunossupressão; ou pacientes em uso de corticoide na dose equivalente de prednisona > 2mg/kg/dia; ou pacientes em uso de outras drogas imunossupressoras; ou paciente c/ outra doenças causadores de imunodepressão grave ou gestante Não vacina Sim VZIG Doses e vias de administração: Vacina: dose inicial : 0,5 ml – via IM ou subcutânea VZIG: 125 U para cada 10 kg de peso, via IM (a dose mínima é de 125 U e a dose máxima de 625 U). A meia vida da VZIG é de cerca de 3 semana. TIPOS DE PRECAUÇÕES DE ISOLAMENTO: . Varicela e herpes zoster disseminado: precauções de contato +precauções para aerossóis. . Herpes –zoster localizado: - em paciente imunodeprimido: precauções de contato + precauções para aerossóis. - em paciente imunocompetente: precauções de contato, apenas. .Pacientes que receberam profilaxia com VZIG e que permanecerem internos devem continuar em isolamento até o 28º. dia após o contato. .Pacientes que receberam profilaxia com vacina e que continuarem internados devem permanecer no isolamento até o 21º. dia após o contato. ATENÇÃO: Fora do ambiente hospitalar, só devem receber VZIG comunicantes que sejam: imunodeprimidos; gestantes; recém-nascidos de mães nas quais a varicela se manifestou nos últimos 5 dias de gestação ou até 48 h após o parto e recém-nascidos prematuros com menos de 28 semanas de gestação (ou com menos de 1.000 g ao nascimento), independente da história materna quanto à varicela. USO DE IMUNOBIOLÓGICOS E PROFILAXIA DE INFECÇÃO Exemplos de imunobiológicos: Anti-TNF:Adalimumabe (Humira), Infliximabe (Remicade), Etarnecept (Embrel), Golimumabe (Simponi), Certolizumabe pegol( Cimzia). Inibidor de linfócito B CD20: Rituximabe (Mmabthera). Inibidor da coestimulação de linfócito T: Abatacept (Orencia) Inibidor de interleucina 6: Tocilizumabe (Actemra) Recomendações gerais -Antes de todas as aplicações: avaliar os pacientes quanto a presença de sintomas sugestivos de infecção. -Conforme o tipo e gravidade da infecção: suspender a aplicação da droga, iniciar tratamento específico quando indicado e fazer nova avaliação antes de autorizar o reinicio do tratamento com o imunobiológico. Manter vacinas atualizadas (antes do início do imunobiológico): influenza, Pneumococo e tétano. Durante o uso de imunobiológicos não administrar vacinas de vírus vivos. Cuidados conforme a possibilidade de cada intercorrência infecciosa QUANTO A TUBERCULOSE - Para todos os que receberão imunobiológicos: indagar por contato com tuberculose ou diagnóstico de tuberculose prévia; realizar PPD (exceto se história de Tb.ou PPD prévios). - Solicitar radiografia do tórax (ou TC se Rx inconclusivo) e, em casos duvidosos, avaliação por pneumologista ou infectologista. Indicações de profilaxia (INH, por 6 meses): PPD =/> 5mm e/ou história de contato com Tb e/ou imagem de sequela de Tb ao Rx. Observações: iniciar o uso do imunobiológico somente 1 mês após o início da INH, a qual não deve ser mantida além de 6 meses, nem ser repetida. Em caso Tb ativa imunobiológico e só reiniciá-lo após a cura da referida infecção. QUANTO A HEPATITE B (VHB) Recomendações gerais - Realizar sorologia para todos os pacientes (há risco de reativação da hepatite B em pacientes com contato prévio, ou seja, pacientes com anti-HBc positivo). Tal reativação é geralmente subclínica ( icterícia e sintomas são incomuns), mas há elevação das transaminases , reaparecimento ou elevação da carga viral do VHB e, raramente, evolução para casos fulminantes. - A profilaxia deve ser iniciada ao mesmo tempo ou uma semana antes da aplicação do imunobiológico, sendo mantida por 12 meses após a última dose do imunobiológico ou, indefinidamente em casos de terapias em ciclos ou de longa duração. - Paciente com carga viral do VHB baixa (<2.000UI) e imunossupressão de 6 a 12 meses, usa-se Lamivudina - Se imunossupressão prolongada (>12 meses) e/ou carga .alta ( >2.000 UI), a escolha é Tenofovir ou Entecavir. - Se houve tratamento prévio, consulta especialista. Monitoramento da profilaxia: quantificação da carga viral do VHB a cada 3 a 6 meses. Em caso de HBc total negativo: HBsAg negativo Anti-HBs negativo: fazer apenas vacinação com dose dobrada,( 4 doses), sem necessidade de aguardar final da vacinação para iniciar o imunobiológico. Anti-HBs positivo (>10) paciente já imune nada a fazer Em caso de HBc total positivo HBsAg negativo e anti-HBs negativo realizar PCR detectável, fazer p/VHB profilaxia. e. se HBsAg negativo e anti-HBs positivo HBsAg positivo, anti-HBs negativo, encaminhar ao especialista. realizar PCR p/VHB e, s QUANTO A HEPATITE C, HIV, DOENÇA DE CHAGAS E SÍFILIS Não há contraindicação p/uso de imunobiológico. Se sorologia positiva, encaminhar ao especialista. QUANTO A INFECÇÃO POR VARICELA ZOSTER instituir tratamento precoce. QUANTO A CIRURGIAS ELETIVAS Descontinuar o imunobiológico, uma meia vida antes e uma meia vida depois da operação e reiniciar o imunobiológico após a retirada dos pontos. ERISIPELA A erisipela é causada em geral pelo Streptococcus pyogenes. Entretanto, nas últimas décadas, diversos outros agentes bacterianos têm sido associados em frequência maior às erisipelas, como os estreptococos, dos grupos B, C e G, o Streptococcus pneumoniae, o Staphylococcus aureus e, mesmo, bactérias Gram-negativas. A bactéria penetra na pele através de solução de continuidade desta, algumas vezes por feridas, cirúrgicas ou não. Frequentemente a porta de entrada não é reconhecida. Especialmente na presença de fatores predisponentes, a erisipela pode cursar com recorrências frequentes, existindo diversos relatos de profilaxia eficaz dessas, através do uso prolongado de antibiótico. Entretanto a proteção conferida pela profilaxia restringe-se ao período em uso de antibióticos, de modo que esse deve ser usado por tempo indeterminado. Assim, a profilaxia deve restringir-se a pacientes com fatores predisponentes bem definidos após a primeira ou segunda recorrência, ou naqueles sem fator predisponente definido, mas com uma inequívoca tendência à recorrência crônica frequente. Pode-se utilizar a penicilina benzatina intramuscular, 2.400.000 U de três em três semanas, ou a penicilina V oral 500 a 1.000 mg, de 12 em 12 horas. Nos pacientes alérgicos à penicilina, pode-se usar a eritromicina 250 mg oral, de 12 em 12 horas. TÉTANO O tétano é uma doença infecciosa grave causada por uma neurotoxina produzida pelo Clostridium tetani, uma bactéria encontrada comumente no solo, sob a forma de esporos. Doença imunoprevenível, pode acometer indivíduos de qualquer idade e não é transmissível de uma pessoa para outra. A ocorrência da doença é mais frequente em regiões onde a cobertura vacinal da população é baixa e o acesso à assistência à saúde é limitado. O tétano acidental ocorre em pessoas que não foram vacinadas ou que receberam esquemas incompletos. Embora o risco de desenvolvimento de tétano seja maior em pessoas com ferimentos mal cuidados ou com corpos estranhos (terra, café, fragmentos metálicos e de madeira), a doença pode ocorrer até mesmo sem lesão aparente (10% a 20% dos casos). Isto torna a vacinação essencial, independentemente da ocorrência de ferimentos. Imunização A vacina antitetânica, também denominada toxóide tetânico (TT), de aplicação intramuscular, contém 10 a 20 UI do toxóide, adsorvido em hidróxido de alumínio. Está indicada para indivíduos com idade acima de sete anos. A vacina antitetânica (TT) só deve ser utilizada na falta da vacina dupla do tipo adulto (dT). A imunização básica consiste na aplicação de três doses, com intervalo de dois meses entre a primeira e a segunda, sendo a terceira dose seis a doze meses após a segunda. O esquema básico de imunização às gestantes compreende a aplicação de duas doses, a partir do quarto mês de gestação, com intervalo de dois meses entre as mesmas. Para proteção adequada da mãe e prevenção do tétano neonatal, em gestação futura, é importante a aplicação de uma terceira dose - que deverá ser feita seis meses após a segunda. Quando a gestante já tiver recebido as três doses, aplicar uma dose de reforço - somente se a última tiver sido aplicada há mais de cinco anos. Os efeitos adversos locais são do tipo eritema, edema, nódulo e dor. Reações gerais, tais como artralgias, urticária e edema palpebral podem ocorrer. Complicações raras são: edema angioneurótico, nefrose, encefalite e choque anafilático. A revacinação deve ser realizada a cada 10 anos, ou quando houver indicação,em decorrência de ferimentos. PROFILAXIA DO TÉTANO APÓS FERIMENTOS 1) Limpeza do ferimento, com água e sabão e desbridamento profundo, se necessário, o mais rápido possível. 2) Não há indicação de Penicilina Benzatina. O uso de outros antibióticos não tem valor comprovado. 3) A necessidade de imunização ativa (vacina) contra o tétano, com ou sem imunização passiva (soro ou imunoglobulinas) depende do tipo e das condições do ferimento, assim como da história prévia de vacinação.. ESQUEMA: Observações: TT=toxóide tetânico ou vacina antitetânica SAT=soro antitetânico (5.000 Unidades – via intramuscular ou gama globulina hiperimune 250 a 500 Unidades via intramuscular ou subcutânea). Utilizar local diferente daquele em que foi aplicada a vacina. Para crianças abaixo de 7 anos, usar vacina tríplice (DTP) ou dupla tipo infantil (DT) se o componente pertussis for contra-indicado. A partir dos sete anos, vacina dupla tipo adulto (dT). (*) Aproveitar a oportunidade para indicar a complementação do esquema de vacinação.(1) Exceto quando o ferimento ocorreu há mais de 24 horas(2) Exceto quando a última dose foi aplicada há mais de 10 anos(3) Exceto quando a última dose foi aplicada há mais de 5 anos MORDEDURAS Humanas e de animais domésticos (cães e gatos) -Cuidados locais: limpeza vigorosa com detergente ou sabão e irrigação com soro fisiológico. -No hospital repetir a limpeza e fazer desbridamento de tecido desvitalizado. -Lesões puntiformes profundas devem ser abertas cirurgicamente e deixar haver cicatrização por 2ª. intenção. -As demais lesões devem ser desbridadas, lavadas e suas bordas devem ser aproxi9madas. -FAZER PROFILAXIA DO TÉTANO. Esquemas: - Mordedura (humana ou de cão ou gato) envolvendo cartilagem, mãos, pés, articulações ou lesões profundas ou - Qualquer mordedura em pacientes imunocomprometidos, asplênicos, etilistas, cirróticos ou diabéticos. 1ª. opção: Amoxicilina /clavulanato (500/125) VO q8h, por 5 dias. 2ª. opção Clindamicina 600 mgVO q6h+TMP-SMX (160/800) q12h OU Doxiciclina 100 mg VO q 12h, também por 5 dias Em caso em que o paciente necessite de internação: Clindamicina 600 a 900 mg,IV q8h+Ciprofloxacino 400 mg IV q12h( ou Ceftriaxona 2 g,IV q24 h) OU Pip-tazobactam4,5 g q8h IV também por 5 dias Outras mordeduras De porco ( micororganismo provável Flavobacterium2B) e animais marinhos( microrganismos prováveis Vibrio, Aeromonas e Pseudomonas spp), fazer Amoxiclina-Clavulanagto + Ciprofloxacino. USO PROFILÁTICO DE ANTIMICROBIANO EM VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA SEXUAL Atendimento inicial Coleta de material: secreção (de vagina ou uretra, ou faringe, ou ânus, de acordo com local violentado), para: Gram; , bacterioscópico de secreção vaginal, imunofluorescência direta para Chlamydia, cultura geral, cultura para Gonococo (Thayer-Martin) e cultura para fungos. Sorologias:HIV,HBV,HCV,,HTLV I e II, herpes simples 1 e 2 , sífilis, imunofluorescência indireta para Chlamydia. Para o agressor, sob consentimento informado do mesmo: HIV (teste rápido), HCV,HBsAg, VDRL. ANTIMICROBIANO(S) Contra infecções sexualmente transmissíveis: Ceftriaxona 1 g IM + Azitromicina 1 g VO + Metronidazol 2 g VO - todos em dose única Crianças:Ceftriaxona 250 mg IM+Azitromicina 20mg/kg VO+Metronidazol 15 mg/kg, por VO (este último por 7 dias). Contra HIV Penetração anal e/ou vaginal ou oral com ejaculação Fazer até 72 h do ocorrido: Adultos: AZT+3TC+Lopinavir/R.Foscarnet kit inicial para 7 dias. Manter por 4 semanas. Para paciente com hepatopatia e/ou alterações do trato gastrointestinal: AZT+3TC+Tenfoovir. Doses: AZT + 3 TC- 150 mg 1 cp q12h; Lopinavir/R: 200/50 2 cp.q12h;Tenofovir: 200 mg 1 cp/dia. Crianças: AZT+3TC+Lopinavir/R Doses: AZT 180 mg q 12h; 3TC 4 mg/kg q12 Lopinavir: 7-15 kg: 12/3mg/kg q 12 h; 15-40 kg:10/2,5 mg/kg q12 h; > 40 kg igual à dose de adultos. Contra Hepatite B Penetração anal, vaginal ou oral vacinado se paciente ou feito não esquema incompleto de vacina imunoglobulina hepatite B 1 ml IM,p/hepatite 3 doses. B:0,06 mg/kg + Vacina Contra tétano (se ferimentos ou traumas associados) Anatox tetânico 1 ampola ou 0,5 ml IM + imunoglobulina uma antitetânica 250 a 500 UI, IM OUTRAS PROVIDÊNCIAS/OBSERVAÇÕES - Anticoncepção: Levorgastrel 0,75 mg VO q12h, 2 doses (remedicar se houver vômitos). - Avisar para a vítima que a mesma deve ser seguida por 6 meses, durante o qual não poderá doar sangue ou órgão, engravidar ou amamentar. MALÁRIA Obter-se informações detalhadas sobre a viagem, incluindo roteiros e outras características descritas abaixo. Situações de risco elevado de transmissão de malária • Itinerário da viagem: destino que inclua local com níveis elevados de transmissão de malária e/ou transmissão em perímetro urbano. • Objetivo da viagem: viajantes que realizam atividades do pôr-do-sol ao amanhecer. • Condições de acomodação: dormir ao ar livre, em acampamentos, barcos, ou habitações precárias, sem proteção contra mosquitos. • Duração da viagem: período da viagem maior que o período de incubação da doença, ou seja, permanecer no local tempo maior que o período mínimo de incubação da doença (sete dias). • Época do ano: viagem próxima ao início ou término da estação chuvosa. • Altitude do destino: destinos até 1.000 m de altitude. • Acesso ao sistema de saúde no destino distante em mais de 24 horas. Pacientes que apresentam risco elevado de doença grave • Indivíduos residentes em áreas onde a malária não é endêmica. • Crianças menores de cinco anos de idade. • Gestantes. • Idosos. • Esplenectomizados os asplênicos. • Pessoas portadora ou que vivendo com portador de HIV/SIDA. • Neoplasias em tratamento • Transplantados. Independentemente do risco de exposição à malária, o viajante deve ser informado sobre as principais manifestações da doença e orientado a procurar assistência médica imediatamente ao apresentar qualquer sinal ou sintoma. As medidas de proteção contra picadas de mosquitos devem ser enfaticamente recomendadas, a todos os viajantes, com destino às áreas de risco de malária. Proteção contra picadas de insetos • Informação sobre o horário de maior atividade de mosquitos vetores de malária, do pôr-dosol ao amanhecer. • Uso de roupas claras e com manga longa, durante atividades de exposição elevada. • Uso de medidas de barreira, tais como: telas nas portas e janelas, ar condicionado e uso de mosquiteiro impregnado com piretróides. • Uso de repelente à base de DEET (N-N-dietilmetatoluamida), que deve ser aplicado nas áreas expostas da pele, seguindo a orientação do fabricante. Em crianças menores de 2 anos de idade, não é recomendado o uso de repelente, sem orientação médica. Para pessoas entre 2 e 12 anos, usar concentrações até 10% de DEET, no máximo três vezes ao dia, evitando-se o uso prolongado. Quimioprofilaxia (QPX) contra Malária Consiste no uso de drogas antimaláricas, em doses subterapêuticas, a fim de reduzir formas clínicas graves e o óbito pela infecção por P. falciparum. Atualmente existem cinco drogas recomendadas para a QPX: Doxiciclina, Mefloquina, a combinação Atovaquona + Proguanil e a Cloroquina. As duas primeiras apresentam ação esquizonticida sanguínea e a combinação Atovaquona/Proguanil possui ação esquizonticida sanguínea e tecidual. Nenhuma dessas drogas apresenta ação contra esporozoítos (formas infectantes) ou hipnozoítos (formas latentes hepáticas), não prevenindo, portanto, infecção pelo Plasmodium sp ou recaídas por P.vivax ou P. ovale. A indicação da QPX deve considerar o risco/benefício. Antes de indica-la, deve-se considerar também o perfil de resistência do P. falciparum aos antimaláricos disponíveis, na região para onde o cliente estará viajando. Viajantes em uso de quimioprofilaxia (QPX) devem realizar pesquisa de hematozoário em sangue periférico (gota espessa) ao término da profilaxia, mesmo que estejam assintomáticos e, a qualquer tempo, caso apresentem quaisquer sintomas de doença. Onde há predomínio de P. vivax, cabe lembrar que a eficácia da profilaxia para essa espécie de Plasmodium é baixa. Assim, pela ampla distribuição da rede de diagnóstico e tratamento para malária, não se indica a QPX para viajantes em território nacional. A QPX poderá ser recomendada para os que visitarão regiões de alto risco de transmissão de P. falciparum. O viajante para áreas de transmissão de malária deve, procurar orientação de prevenção, incluindo a de acessar o serviço de saúde, caso apresente sintomas de malária dentro de seis meses, após retornar de uma área de risco de transmissão da doença, mesmo que tenha realizado aquimioprofilaxia. DIARREIA DOS VIAJANTES (DV) A diarreia é o principal problema de saúde para viajantes, afetando-os em cerca de 10% (nos países desenvolvidos) e em até 50% (em países subdesenvolvidos, como o Brasil). O termo diarreia dos viajantes define um grupo de doenças, que é resultante da ingestão de água e alimentos contaminados por agentes infecciosos, tendo a diarreia como manifestação principal. Em geral, o quadro tem duração de dois a três dias, mas pode causar desconforto e impedir a realização de atividades importantes. Pode ainda evoluir com complicações, como a desidratação, o que é mais comum em crianças pequenas, idosos e portadores de doenças crônicas. Os agentes infecciosos (bactérias, vírus, helmintos e protozoários) são a principal causa de diarreia e intoxicações alimentares, em viajantes. A maioria dos agentes infecciosos pode ser adquirida através de transmissão fecal-oral, resultante da ingestão de água e alimentos contaminados por dejetos, direta ou indiretamente. A frequência de cada agente infeccioso, como causa de diarreia dos viajantes e de intoxicações alimentares pode variar de acordo com países e regiões visitadas. As bactérias são a principal causa e, dependendo do local de destino, a Escherichia coli enterotoxigênica (produtora de toxinas – ETEC) pode ser responsável por 2550% dos casos, seguida, em frequência, por espécies de Shigella, Salmonella e Campylobacter. Os vírus (adenovírus, astrovírus, rotavírus e calicivirus) podem também ser causa importante; surtos em navios causados por norovírus (um dos calicivirus) são relativamente comuns. Os parasitas intestinais (Giardia lamblia, Entamoeba histolytica, Cryptosporidium parvum e Cyclospora cayetanensis) geralmente são os responsáveis pelas diarreias mais prolongadas (duração superior 14 dias). As principais causas de intoxicações alimentares são as enterotoxinas produzidas por Staphylococcus aureus e Bacillus cereus, bactérias que podem contaminar os alimentos antes, durante ou depois da preparação. O risco de diarreia dos viajantes e de intoxicações alimentares pode ser significativamente reduzido através da adoção sistemática de medidas de proteção contra doenças transmitidas por água e alimentos. Recomendações ao Viajante/Medidas preventivas • Não fazer uso de automedicação (antibióticos e quimioterápicos), a qual deverá ser utilizada somente com a prescrição médica. • Aumentar o consumo de água e outros líquidos, para evitar a desidratação. • Não utilizar os refrigerantes para fins de reidratação (além de ineficazes podem piorar a diarreia). • Aumentar a ingestão de alimentos líquidos, como sopas, sucos, chás, soro caseiro. Utilizar água tratada/clorada. • Dar o destino adequado às fezes e ao lixo. • Realizar a lavagem correta e frequente das mãos com água e sabão: após cada evacuação; após limpar uma criança que acaba de evacuar; antes de preparar a comida; antes de comer e antes de alimentar a criança. • Lavar adequadamente os utensílios domésticos/cozinha. • Manter os cuidados adequados no preparo, armazenamento e conservação dos alimentos. • Observar as condições higiênicas dos locais de alimentação, quando fizer refeição fora do domicílio. Regras da Organização Mundial de Saúde para a preparação higiênica dos alimentos: 1)Escolher alimentos tratados por métodos higiênicos. 2)Cozinhar bem os alimentos. 3)Consumir os alimentos cozidos quando ainda quentes. 4)Guardar adequadamente os alimentos cozidos, quando destinados ao consumo posterior. 5)Reaquecer bem, antes de consumir, os alimentos cozidos que tenham sido refrigerados ou congelados. 6)Evitar o contato entre os alimentos crus e os cozidos. 7)Lavar as mãos com frequência. 8)Manter rigorosamente limpas todas as superfícies da cozinha. 9)Manter os alimentos fora do alcance de insetos, roedores e outros animais. 10)Utilizar água potável. Prevenção Não se recomenda a utilização sistemática de antibióticos profiláticos para a diarreia dos viajantes. Além do alto custo, os antibióticos podem causar efeitos adversos importantes, como fotossensibilidade (aumento da sensibilidade da pele ao sol), reações alérgicas, alteração da microbiota intestinal, desenvolvimento de infecções fúngicas, como candidose vaginal e risco de colite por Clostridium difficille. Não se recomenda também o uso, como rotina, do subsalicilato de bismuto, uma vez que a posologia (quatro doses por dia) é pouco conveniente e existe o risco de toxicidade associada ao salicilato. A utilidade do uso de probióticos (como o Lactobacillus) para evitar a diarreia dos viajantes não está claramente definida. Não existem vacinas disponíveis contra todos os agentes infecciosos que causam a diarreia dos viajantes. A E. coli enterotoxigênica pode produzir dois tipos de toxinas, isoladamente ou em associação. Uma das toxinas é sensível ao calor (toxina termolábil) e a outra é resistente (toxina termoestável). A vacina oral contra a cólera ,que contém a subunidade B da toxina colérica recombinante, pode ter algum efeito protetor, cruzado, contra a diarreia dos viajantes, exclusivamente quando esta é causada pela Escherichia coli produtora da toxina sensível ao calor, uma vez que a subunidade B e a toxina termolábil são semelhantes. O efeito protetor, cruzado, pode variar de lugar para lugar, de acordo com a frequência da E.coli, produtora de toxina termolábil, como causa da diarreia dos viajantes. Nestas circunstâncias, a eficácia da vacina oral contra a cólera, quando se consideram todas as causas de diarreia dos viajantes, é limitada. Tratamento A reidratação consiste no tratamento básico para casos de diarreia, em viagens, e deve ser iniciada o mais breve possível, após os primeiros sintomas. Ela pode ser feita por via oral, com uma solução reidratante composta de sais e glicose,, na concentração ideal. Em casos de diarreia prolongada e agravamento dos sintomas – como a presença de pus ou sangue nas fezes e evolução da febre – os viajantes devem procurar rapidamente o serviço de saúde mais próximo. O uso de qualquer medicamento só deve ser feito após a orientação médica. Os antimicrobianos estão indicados nas situações de diarreia dos viajantes, caracterizadas por 3 ou mais evacuações moles, em 8 horas, particularmente se associadas à febre, sangue nas fezes, náuseas, vômitos ou cólicas abdominais intensas. A eficácia dos antibióticos depende do agente patogênico envolvido e seu padrão de sensibilidade. De um modo geral, os fármacos com maior probabilidade de eficácia são: • Fluoroquinolonas: a mais estudada é o Ciprofloxacino – 500 mg de 12/12 horas, durante 3 dias, embora estudos recentes defendam igual eficácia de tratamentos mais curtos (até mesmo de dose única). • TMP/SMX: tem mais efeitos adversos do que as fluoroquinolonas e a resistência dos patógenos está mais disseminada. • Azitromicina: tem revelado eficácia igual ou superior às fluoroquinolonas, no tratamento da DV. Está particularmente indicada em crianças e grávidas e nos viajantes que se desloquem para áreas onde a probabilidade de resistência às quinolonas é grande (como por exemplo, a Tailândia). Administra-se na dose habitual, durante 3 dias. Outros antimicrobianos utilizados incluem antiparasitários (como o Metronidazol ou o Tinidazol), indicados em situações de diarreia persistente, Furazolidona (eficaz contra bactérias e alguns parasitas) ou a Rifaximina. CAPÍTULO XXIII DOSES DE ANTIMICROBIANOS EM OUTRAS SITUAÇÕES ESPECÍFICAS ANTIMICROBIANOS EM PACIENTES COM DISFUNÇÃO HEPÁTICA • Quanto maior a concentração do antimicrobiano na secreção biliar, melhor sua ação no tratamento de infecções nessa topografia. • Alguns antimicrobianos alcançam alta concentração na secreção biliar tais como: Rifampicina, Eritromicina, Ttetraciclinas (principalmente Doxicilina), Piperacilina, Ceftriaxona, Cefazolina, Clindamicina, Cefoxitina e Ampicilina. • Das doses habituais administradas, 40% da Ceftriaxona são eliminadas por via biliar, sob forma ativa; • As penicilinas são eliminadas usualmente pelos rins por excreção tubular, mas a maioria delas alcança concentrações terapêuticas na bile. Antimicrobianos que necessitam de ajuste da dose A utilização da Vancomicina, cujo índice de ligação às proteínas plasmáticas é muito elevado, na presença de insuficiência hepática com diminuição dos níveis plasmáticos de albumina, exige a determinação periódica de sua concentração sérica, para ajuste apropriado das doses ou de seus intervalos de administração. Entre as quinolonas, sabe-se que ofloxacino e, provavelmente, enoxacino necessitam de ajustes da dose para o uso em hepatopatas, enquanto que Ciprofloxacino e Norfloxacino, o ajuste somente na presença de insuficiência hepática grave. Quando se decidir pelo emprego da Isoniazida em doentes com insuficiência hepática grave, ela deve ser administrada em metade da dose usual. Antimicrobianos que não necessitam de ajuste da dose Podem ser usados, com segurança, em doentes com insuficiência hepática ou obstrução de vias biliares, sem necessidade do ajuste das doses, desde que não haja alterações concomitantes da função renal: • Aminoglicosídeos; • Anfotericina B; • Doxiciclina; • Fosfomicina; • Tianfenicol; • Penicilinas e • Cefalosporinas ( com exceção de oalgumas cefalosporinas que têm o radical metiltiotetrazolil em sua molécula). A Doxiciclina é eliminada no intestino grosso, independente de metabolização hepática, enquanto a Minociclina sofre metabolização em local não definido em doentes com insuficiência hepática, embora em pessoas normais seja metabolizada no fígado. Antimicrobianos que devem ser evitados As Tetraciclinas não devem ser usadas (com exceção da Doxiciclina e da Minociclina) em pacientes com insuficiência hepática, nem em pacientes com obstrução das vias biliares (com exceção da doxiciclina). Como geralmente há alternativas apropriadas para os sulfamídicos e a griseofulvina, esses antimicrobianos não devem ser utilizados em pacientes com insuficiência hepática. Quanto aos demais antimicrobianos mencionados, que sofrem intensa metabolização hepática ou que são dotados de potencial hepatotóxico, deve-se substituí-los por outros, sempre que possível, em pacientes com hepatopatia crônica e pacientes com insuficiência hepática grave. Antimicrobianos francamente hepatotóxicos Os antimicrobianos que causam, com maior frequência: lesão hepatocelular aguda são: ácido para-aminossalicílico, ampicilina, cefalexina, cetoconazol, dapsona, flucitosina, isoniazida, metronidazol, minociclina, oxacilina, pirazinamida, sulfadiazina e sulfadiazina/pirimetamina; colestase aguda são: amoxicilina, ácido clavulânico, anfotericina B, cotrimoxazol, eritromicina, etionamida, fluconazol, nitrofurantoína, rifampicina e tetraciclinas. Sempre que possível estes medicamentos não devem ser prescritos a pacientes com insuficiência hepática grave. Deve-se ressaltar a importância do cuidado na prescrição de antimicrobianos dotados de potencial hepatotóxico a pacientes com disfunção hepatobiliar e que também apresentam DOSES DE ANTIMICROBIANOS EM OBESOS Princípios Quanto aos antimicrobianos hidrofílicos (betalactâmicos, glicopeptídeos, aminoglicosídeos, polimixinas e Fosfomicina), a sua concentração sérica diminui no obeso, enquanto os antimicrobianos lipofílicos (fluoroquinolonas, macrolídeos, lincosaminas, tetraciclina, Tigeciclina, Cotrimoxazol, Rifampicina e Cloranfenicol), a concentração da concentração sérica dependen do grau de ligação proteica, da ligação no tecido adipose e magro, do fluxo sanguineo ao tecido adipose e da atividade metabólica do tecido adiposo. Vancomicina – calcular a dose baseadando-se no peso corporal: dose inicial 10-15 mg/ksg (máximo 2 g por dose) e monitorar a vancocinemia no vale. Aminoglicosídeos – dose baseada no peso corporal ajustado (PCA) e no no peso corporall ideal(PCI): PCA = PCI + [0,4 x(PCT-PCA)] Peso corporal ideal (PCI): homem= 50 kg +2,3kg por cada polegada (2,5cm) de altura acima de 1,52 m. Mulher= 45 kg + 2,3 kg por polegada (2,5 cm) de altura acima de 1,52 m. Se disponível monitorar a dose terapêutica. Betalactâmicos: Utilizar doses máximas. ANEXO MICROBIOTA EM INFEÇÕES ADQUIRIDAS NO HGCC – 2016 Microbiologia do Laboratório e do SCIH/CCIH do Hospital) (Fontes: Setor de PREVALÊNCIA E PERFIL DE SENSIBILIDADE Em INFECÇÕES DO TRATO URINÁRIO (ITU)s Patógenos isolados: 129 E. coli: 35 isolados Ertapenem:66% Amicacina: 86% Gentamicina: 60 Cefepima: 363% Pip-Tazobactam: 36% Ciprofloxacino: 46% (54% de resistência) Cefriaxona: 46% (54% de resistência) Tigeciclina: 94 % Ertapenem, Impenem/Meropenem:87% Polimixina 100% Cepas produtoras de ESBL: 64% Idem de carbapenemases: 13% Pseudomonas aeruginosa: 23 isolados Ciprofloxacino: 30% Imipenem/Meropenem: 37% (63% MR) Cefepima: 34% Pip-Tazobactam: 34% Amicacina: 48% Gentamicina: 48% Polimixina: 100% Klebsiella pneumoniae: 26 isolados Ertapenem: 49% Meropenem/Imipenem: 49% Amicacina: 91% Tigeciclina: 37% Polimixina:100% KPC:51% ESBL:100% Acinetobacter baumannii – 9 isolados Imipenem e Meropeem: 33% Amicacina: 75% Tigeciclina: 84% Polimixina: 100% E. faecalis: 8 isolados Ampicilina: 90% Gentamicina: 20% Vancomicina: 80% Teicoplanina: 80% Linezolida: 100% Tigeciclina: 87% VRE: 20% E. faecium : 5 isolados Vancomicina/Teicoplanina: ZERO (100% VRE) Tigeciclina: 100% Linezolida:100% Em PNEUMONIAS (materiais obtidos por aspirado traqueal e/ou lavado broncoalveolar) Patógenos isolados: 114 Pseudomonas aeruginosa – 33 isolados Ciprofloxacino: 37% Cefepima: 43% Pip/Tazobactam:21% Imipenem:30% Meropenem: 30% (70% produtores de carbapenemaes) Amicacina: 57% Gentamicina: 36% Polimixina: 100% Klebsiella pneumoniae : 33 isolados Ceftriaxona, Cefepima e Pip/Tazobactam: 15% Ertapenem: 50% Imipenem e Meropenem: 49% Amicacina: 50% Gentamicina: 28% Tigeciclina: 304% Polimixina: 100% Cepas produtoras de ESBL: 69% KPC: 51% Acinetobacter baumannii – 18 isolados Imipenem e Meropenem: 4% Amicacina: 30% Tigeciclina: 83% Polimixina: 100% S. aureus: 9 isolados Oxacilina: 20% TMP/SMX: 100% Ciprofloxacino: 46% Clindamicina: 33% Rifampicina: 33% Teicoplanina, Vancomicina e Linezolida: 100% Tigeciclina: 63% Gentamicina: 100% S. Coagulase-negativos: 6 isolados Oxacilina: ZERO TMP/SMX: 33% Rifampicina: 100% Teicoplanina, Vancomicina e Linezolida: 100% Tigeciclina: 83% Gentamicina: 50% Em INFECÇÕES DE CORRENTE secundárias, hemoculturas): SANGUÍNEA (bacteriemias Patógenos isolados: 84 S. aureus: 13 isolados Oxacilina: 60% TMP/SMX: 53% Gentamicina: 53% Rifampicina: 38% Vancomicina, Teicoplanina e Linezolida : 100% Tigeciclina: 100% primárias e Estafilococos coagulase-negativos: 15 isolados Oxacilina: 11% TMP/SMX: 50% Gentamicina: 67% Rifampicina: 76% Vancomicina, Teicoplanina e Linezolida : 100% Tigeciclina: 44% Klebsiella pneumoniae: 10 isolados Vários betalactâmicos e carbapenêmicos: 62% Amicacina: 94% Polimixina: 100% Tigeciclina: 44% KPC: 38% Acinetobacter baumannii: 13isolados Amp/Sulbactam e Cefepima : 25% Imipenem/Meropenem: 32% Amicacina: 74% Gentamicina: 42% Polimixina: 100% Tigeciclina: 74% Cepas multirresisentes: 68% Pseudomonas aeruginosa: 10 isolados Cefepima e Pip-Tazobactam: 54% Imipenem/Meropenem: 66% Amicacina e Ciprofloxacino :75 % Gentamicina: 54% Polimixina: 100% Candida tropicalis: 56 isolados, todos sensíveis Candida albicans: 1 isolado sensível E. coli: 4 isolados Betalacatâmicos e Ciprofloxacino: 33% Carbapenêmicos: 100% Polimixina e Tigeciclina 100% Enterocobacter sp.: 5 isolados Betalactânicos: 83% Carbapenêmicos e Ciprofloxacino: 100% Amicacina e Gentamiocina: 100% Polimixina: 100% Tigeciclina: 59% Enterococcus faecalis: 2 isolados Sensíveis a Ampicilina, Teicoplananina, Vancomicina e Linezolida Enterococcus faecium: 1 isolado Vancomicino-resistente Sensível a Tigeciclina e Linezolida Em INFECÇÕES DE SÍTIO CIRÚRGICO Patógenos isolados: 80 Klebsiella pneumoniae: 16 isolados Ertapenem, Imipenem, Meropenem: 54% Gentamicina:63% Polimixina e Amicacina: 100% Tigeciclina: 67% KPC: 46% ESBL: 65% P. aeruginosa: 12isolados Pip/Tazobactam e Cefepima: 25% Imipenem/Meropenem: 44% Amicacina, Gentamicina, Ciprofloxacino: 53% Polimixina: 100% Cepas produtoras de carbapenemases: 56% E. coli: 14 isolados Betalactâmicos: 65% Ertapenem: 100% Imipenem/Meropenem: 100% Amicacina: 100% Gentamicina:861% Polimixina: 100% Tigeciclina: 92% ESBL: 35% Acinetobacter baumannii: 5 isolados Imipenem e Meropeem: ZERO Amicacina: 53% Tigeciclina: 80% Polimixina: 100% E. faecalis: 3 isolados Penicilina, Ampicilina, Ciprofloxacino : 100% Teicoplanina e Vancomicina: 100% Linezolida: 100% E. faecium: 2 isolados Ampicilina, Penicilina, Ciprofloxacino: 50% Vancomicina e Teicoplanina: 50% Linezolida: 100% Candida tropicalis: 1 isolado – multissensível Outros Gram-negativos: 11 Outros Gram-positivos: 6 ANÁLISE E COMENTÁRIOS 1. Como tem ocorrido desde anos anteriores, predominaram as bactérias Gram-negativas habituais: E. coli, K. pneumoniae, P. aeruginosa e Enterobacter, com as Gram-positivas em menor prevalência, mesmo em pneumonias. Tal distribuição se deve a que o Hospital abriga pacientes em geral graves, com frequentes complicações e internações prolongadas, o que os torna mais suscetíveis a serem infectados por tais patógenos, geralmente resistentes a antibióticos. 2. Nas infecções de trato urinário a prevalência foi de E. coli que vem, a cada ano, exibindo aumento de resistência aos betalactâmicos (cepas produtoras de betalactamases de espectro estendido). Para Ciprofloxacino e Ceftriaxona e outros betalactâmicos a resistência continua bastante elevada, o que contraindica que os referidos antibióticos sejam usados empiricamente. Até para os carbapenenêmicos, registrou-se resistência. Assim, é mandatório que se realize urinocultura (e exame sumário de urina) em todo paciente admitido, especialmente no Serviço de Urologia, sendo que para o uso empírico devem ser observados os devidos critérios conforme consta nos protocolos e outras publicações acreditadas. P. aeruginosa continua com alto perfil de resistência não somente para betalactâmicos e ciprofloxacino, como para os carbapenêmicos., exibindo sensibilidade total apenas a Polimixina. Com relação a Klebsiella, o cenário é igualmente preocupante pela disseminação da resistência ( ESBL de 100% e KPC de 51%) o que sugere não estarem sendo seguidas adequadamente as precauções de contato exigidas no manuseio de pacientes portadores de tais patógenos. A.baumannii continua resistentes a carbapenêmicos. Vinte por cento dos isolados de E. fecalis e a totalidade dos E. faecium foram resistentes aos glicopeptídeos (VRE), o que denuncia também inadequação nas precauções de contato. 3. Na microbiota de material colhido por aspirado traqueal ou lavado bronco-alveolar as três bactérias mais prevalentes foram P.aeruginosa, Klebsiella e Acinetobacter baumannii, todas com alto perfil de resistência à maioria dos antibióticos, posto que foram isoladas, em quase todos os casos, de pacientes com pneumonia sob ventilação mecânica (PAV). Quanto a P. aeruginosa e A. baumannii, a sensibilidade aos carbapenêmicos foi desprezível, sendo algo melhor, embora não segura, quanto à Klebasiella ( mesmo assim com 51% de KPC), restando Polimixina, antibiótico antigo, algo tóxico e não ideal, por enquanto, como a única opção para o combate a tais microrganismos. S. aureus e estafilococos coagulase-negativos foram pouco prevalentes e mostraram-se sensíveis praticamente ao glicopeptídeos e a Linezolida. 4. As infecções de corrente sanguínea (ICS) tiveram uma comprovação laboratorial (hemoculturas positivas), não desejável (apenas 84 isolados), registrando-se, portanto uma maioria de sepses clínicas (quando não se tem a comprovação laboratorial). Em grande proporção de tais casos, a sepse foi secundária (a partir de um foco infeccioso, como pulmão, abdome, trato urinário etc.). Nas sepses primárias (sem foco infeccioso) continuou o predomínio de estafilococos, mesmo assim em quantitativo não expressivo. Neste sítio, registrou-se uma resistência do S.aureus a Oxacilina de 60%, condição que, contudo, não autoriza o uso empírico de tal antibiótico em se tratando de infecção relacionada com a assistência (IRAS). Os estafilococos coagulase-negativos foram, na prática, todos resistentes. Manteve-se, felizmente, ausência de resistência aos glicopeptídeos e à Linezolida. Os Gram-negativos (Klebsiella, Pseudomonas e Acinetobacter) foram isolados de sepses secundárias, geralmente de foco abdominal ou urinário e todos com a habitual resistência aumentada. A baixa prevalência de isolamento de fungos (apenas 6 casos de Candida tropicalis e 1 de Candidas albicans, todos multissensíveis) não deve corresponder à realidade, visto haver no HGCC muitos casos de pacientes com condições (gravidade, cirurgia de tubo digestivo, uso prolongado de antibióticos e nutrição parenteral) que encerram alto risco der fungemias. 5. O número de isolados (55) em infecções de sítio cirúrgico (ISC) foi muito aquém do esperado, se levada em conta a ocorrência de tais infecções. Gram-negativos predominaram, posto que a maioria da complicações infecciosas ocorreram em pacientes submetidos a operações abdominais. A multirresistência, mais uma vez, foi a regra, especialmente para Pseudomonas e Klebsiella. 6. Nas várias ocasiões em se constatou infecção ou colonização por Enterococcus faecium resistentes a glicopeptídeos (VREs) foram realizadas culturas de swab retal de pacientes da mesma enfermaria ou ala dos acometidos, com positividade, o que, mais uma vez, mostra a adesão inadequada às medidas de precaução de contato. 7. Em resumo, a microbiota identificada em pacientes que adquiriram infecção no Hospital Geral Dr. César Cals, no período estudado, continua exibindo perfil de resistência elevado, o que, obviamente, não é apanágio do ospital. Com efeito, muitos dos seus pacientes já são admitidos apresentando condições que os tornam suscetíveis a complicações infecciosas, como neoplasias em estágios avançados, doenças e condições imunodepressoras e uso prévio e muitas vezes inadequado de antibióticos especialmente os que são oriundos de outros hospitais e de unidades de pronto atendimento (UPAs). 8. Tais circunstâncias, contudo, não devem servir de justificativa para que os profissionais de saúde do HGCC deixem de observar, sempre, as várias medidas preventivas, a partir da prática sistemática e correta de higienização das mãos, adoção das precauções conforme cada situação, realização de procedimentos invasivos e cirurgias com austeridade de indicação e rigor de técnica, uso racional de antimicrobianos e germicidas, assim como todas as demais ações mirando sempre para a segurança do paciente, o bem estar das equipes e a economia de gastos pela instituição e pelo sistema público de saúde. Fortaleza, 14 de outubro de 2016 JOSÉ EDUILTON GIRÃO Pela CCIH/SCIH do HGCC FONTES CONSULTADAS • ANVISA - Ajuste da dose - USO DE ANTIMICROBIANOS EM POPULAÇÕES ESPECIAIS www.anvisa.gov.br/servicosaude/controle/.../ajuste] • Arruda EAG, Lima JMC. Abscesso hepático piogênico. In:Gastroenterologia e Hepatologia – Sinais, Sintomas, Diagnóstico e Tratamento. 1ª edição. Editora da UFC. 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