Aminoglicosídeos ( amicacina e gentamicina) Preâmbulo: São antibióticos bactericidas, absorvidos somente por via venosa ou intramuscular, pois só são estáveis em pH entre 6 e 8, portanto sendo degradados pela acidez estomacal. Sua estrutura é formada por um núcleo hexose, geralmente a 2 – desoxiestreptamina ligado a dois ou mais açúcares através de pontes glicosídicas, hidrossolúvel com penetração ruim em membranas lipídicas. In vitro, altas concentrações os aminoglicosídeos podem reagir com os β – lactâmicos, formando complexos que inativam as drogas portanto não administra-los misturados. Esse efeito in vitro não tem grande importância clínica, sendo que a associação dessas classes vem sendo utilizada com os beta-lactâmicos nas infecções graves ou no tratamento empírico na suspeita de germes multirresistentes. Mecanismo de ação: Os aminoglicosídeos começam sua ação através de uma ligação inicial promovida pela diferença das cargas catiônicas que estão presentes nos fármacos com as cargas negativas da membrana bacteriana. Essa primeira ligação é unicamente pro diferença de potencial. Muitas vezes essa ligação leva alterações na parede celular. Após esse primeiro momento o fármaco é transportado através do citoplasma bacteriano por processo que depende de energia e Oxigênio. Após penetração ocorre ligação à subunidade 30S do ribossomo interferindo na produção de proteínas por 3 meios: • • • Interferência no complexo de iniciação da formação de peptídeos Induzem a leitura errônea do RNAm Induzem ruptura dos polissomos em Ribossomos Mecanismo de Resistência: Intrínsecos: Algumas micobactérias têm mutação do 16s RNAr. Outro mecanismo de resistência é o fator de algumas bactérias por serem anaeróbias ou facultativas impedem o transporte do fármaco pelo citoplasma, pois apresentam baixos níveis de Oxigênio. Adquiridos: Para bloquear a entrada as bactérias podem sofrer alteração na sua membrana alterando a diferença de potencial. Além desse fator eletro – químico pode acontecer mutação de porinas ou proteínas que também impedem a entrada. Após a entrada algumas bactérias conseguem expulsar os antibióticos através de bombas de efluxo. Podem ocorrer também mutações de enzimas que quebram as pontes ao sitio de ação. As enzimas de inativação de antibióticos são de 3 grupos: Fosfotransferases, Adeniltransferases e Acetiltransferases. Suscetíveis: Escherichia coli, Proteus sp. (indol- positivo e indol- negativo), incluindo Proteus mirabilis, P. morganii e P. vulgaris, Pseudomonas aeruginosa, espécies do grupo Klebsiella-EnterobacterSerratia sp., Citrobacter sp., Providencia sp. incluindo Providencia rettgeri,, Staphylococcus sp. (coagulase-positivo e coagulase-negativo), Neisseria gonorrhoeae, Salmonella e Shigella, Brucella sp., Yersinia sp. e Flavobacterium. Algumas cepas de Acinetobacter também são sensíveis. Alguns gram positivos como alguns grupos de Streptococcus tornam – se suscetíveis quando associados com outros fármacos. Gentamicina: Introduzida para uso em 1963 sendo derivado de Micormonospora purpúrea. Tem sido relatado aumento da resistência intra-hospitalar a essa droga principalmente pelo mecanismo de impedimento da entrada na célula bacteriana. Tem boa ação contra microrganismos multirresistentes com Pseudomonas e Acinetobacter quando em associação a outras drogas. Dose: 3 a 5 mg/kg/dia Amicacina: Derivado semi – sintético da Canamicina, introduzido para uso em 1972. É menos tóxico que sua molécula original que se origina do Streptomyces kanamyceticus. Apresenta - se resistente às enzimas que inativam a Gentamicina tornando – se uma opção eficiente no meio intrahospitalar ou na suspeita de infecções associadas assistência da saúde. Indicações clínicas: Infecções por Gram negativos: • Trato urinário (é a principal indicação no HUPE); dose 15 mg/Kg/dia • Suspeita de microrganismos multirresistentes; dose 25 mg/Kg/dia ( dose máxima 1500 mg) • Nos tratamentos onde requerem associações de antimicrobianos como: endocardite ( não indicamos nas endocardites em válvula nativa por S.aureus), nas infecções intraabdominais e pélvicas: dose 15 mg/Kg/dia. Nos casos de suspeita de bacteremia por Pseudomanas aeruginosa, infecção por microrganismos MDR, instabilidade hemodinâmica, sepse grave, apesar poucas evidências na literatura, pelo risco de uma terapia antimicrobiana inadequada ( resistência primária ao antibiótico prescrito empiricamente) esta CCIH tem orientado associação de amicacina ( 25 mg/Kg/dia) com um β - lactâmico: cefetazidina, cefepima, pipetazo ou carbapnêmicos (meropenem ou imipenem) até resultado de cultura. Efeitos adversos: Podem ocorrer efeitos simples como dor, hiperemia local, rash máculo – papular, febre baixa, eosinofilia. Nefrotoxicidade: Associado a acumulo no córtex renal. Ocorre redução da filtração glomerular aumento de escorias. É não – oligúrica, benigna e reversível. Pode aparecer poliúria, glicosúria, proteinúria, β-2 microglobulinúria • Ototoxicidade: Associado a acúmulo na endolinfa e perilinfa do órgão de Corti, além das células vestibulares (8º par craniano). É irreversível. Podem ocorrer alterações no equilíbrio e na audição • Bloqueio da atividade neuro – muscular: Ocorre inibição da liberação pré – sináptica de Acetilcolina. Ocorre também depressão da placa mioneural. É reversível com suspensão da droga e uso de sais de Cálcio. ospitalar. Apresenta também boa atividade contra micobactérias. • Dose: 15 – 25 mg/kg/dia Pacientes graves podem usar até 25 mg/kg/dia com dose máxima de 1,5g/dia