Apresentação - ICB

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Manejo farmacológico da dor no câncer
Medicina M2 BMF224
AAS 600 mg < Codeína 60 mg < Morfina 6 mg
Escada terapêutica OMS
Analgésicos-Antitérmicos-AINES
Newton G. de Castro
Professor Associado, MD, DSc
Lab. de Farmacologia Molecular
CCS – sala J1-029
Sumário
NG Castro
Efeitos principais da classe
• Analgésico (central e periférico)
• Introdução: efeitos principais, classificação
– pode envolver prostaglandinas e outros mecanismos
• Fisiopatologia: inflamação, hiperalgesia, febre
• Antipirético
p
((central))
• Anti-inflamatório *
• Ácido acetilsalicílico (aspirina): protótipo AINE
• AINEs por classe
– principalmente por inibição de síntese de prostaglandinas
• Outros (alguns fármacos)
• Outros analgésicos-antipiréticos:
paracetamol e dipirona
–
–
–
–
NG Castro
• Destaques da farmacologia
clínica
antiagregante e inibidor de ativação plaquetária
inibidor de adesão e função de neutrófilos
uricosúrico
indutor de fechamento do ductus arteriosus
(*) Paracetamol e dipirona não são anti-inflamatórios
NG Castro
Out/16
NG Castro
+/-
1
Inflamação: fármacos anti-inflamatórios
Inflamação: sinais cardeais
Inflamação ou flogose
• os AINEs podem aliviar todas as 5 manifestações
flogísticas:
• Anti-Inflamatórios Não Esteroidais (AINEs)
•
AAS, diclofenaco, indometacina, celecoxib, ibuprofeno, etc.
• Anti-inflamatórios
A i i fl
ó i esteroidais
id i
•
glicocorticóides: dexametasona, etc.
• Inibidores de 5-LOX e receptores de leucotrienos
•
montelucaste, zileuton
• Fármacos Anti
Anti-Reumáticos
Reumáticos Modificadores de
Doença (FARMD)
Mediadores pró-inflamatórios
Mediador
•
•
cininas (bradicinina)
citocinas (IL-1, 2, 3,
TNF-α)
neurotrofinas (NGF)
glutamato
•
•
Vasodilatação
•
•
•
•
prostaglandinas
leucotrienos
óxido nítrico
radicais livres de
oxigênio
Permeabilidade
vascular
Quimiotaxia
Dor
histamina
++

-
-
serotonina
+/
+/-

-
-
bradicinina
+++

-
+++
prostaglandinas
+++

+++
+
leucotrienos
-

+++
-
… de Hipócrates aos Cherokees ao
Rev. Edward Stone (1760s)
NG Castro
histamina
serotonina
substância P
íons H+ e K+
CGRP
Os salicilatos
NG Castro
•
•
•
•
•
NG Castro
anti-TNF-α: etanercepte, adalimumabe; antagonista de IL-1R:
anakinra; inibidor linfocitário: abatacepte, etc.
NG Castro
•
2
Desenvolvimento do AAS
AINEs originais inibem a síntese de PGs
• 1853: Guerhardt sintetizou o ácido acetilsalicílico
• 1874: produção industrial de ácido salicílico
189 F
li H
ff
í i pesquisador
i d d
• 1897:
Felix
Hoffman,
químico
da
"Farbenfabrikin vorm. Freidr. Bayer and Co."
desenvolveu o ácido acetilsalicílico
• 1/2/1899: registro de Aspirin® como uma marca
Síntese de prostaglandinas em tecido pulmonar de cobaio
NG Castro
NG Castro
• 1971: Sir John Vane descreveu o
mecanismo de ação da aspirina, e...
• 1981: ganhou o Nobel de Medicina
por isso
Eicosanoides
• Ácidos graxos insaturados de 20 carbonos,
geralmente derivados do ácido araquidônico
liberado da membrana por fosfolipases
Prostanoides, produtos de
ciclo-oxigenases (COX1/2)
Rajakariar (2006) MI doi: 10.1124/mi.6.4.6
Arterioscler Thromb Vasc Biol. 2011 May; 31(5): 986–1000.
NG Castro
Prostaglandinas
Tromboxanos
Leucotrienos
Lipoxinas
NG Castro
–
–
–
–
3
Prostanoides
Dano, inflamação e reparo tecidual
mucosa gástrica
(gastroproteção)
Rajakariar (2006) MI doi: 10.1124/mi.6.4.6
Eicosanoides: receptores
PGs: iniciação, manutenção e resolução do processo inflamatório
NG Castro
NG Castro
leucócitos,
macrófagos
Analgésicos
- Fármacos usados para controle da dor Ações no SNC e periféricas:
• Analgésicos
A l é i
opioides
i id
• Analgésicos não opioides (AINEs, paracetamol,
dipirona)
• Esteroides (glicocorticóides)
• Adjuvantes,
Adjuvantes etc.
etc (clonidina,
(clonidina anti
anti-epilépticos,
epilépticos BZD)
• Anestésicos locais
BZD = benzodiazepínicos
NG Castro
Goodman & Gilman, 12 ed.
NG Castro
Ações periféricas:
4
Fisiopatologia da dor: estímulo nociceptivo
Hiperalgesia primária
Descartes: via específica da dor, levando o
estímulo periférico a uma região do cérebro
(ca. 1664)
Julius e Basbaum (2001) Nature 413:203
PGs e hiperalgesia: terminal nociceptor
Vias nociceptivas (ascendentes)
Córtex somatossensorial
potencial de ação
Ca2+
Na+
NG Castro
NG Castro
Disparo de PAs evocado pela bradicinina numa fibra aferente
nociceptiva antes e depois da sensibilização da fibra pela PGE2
Núcleos talâmicos
ATP
PGE2 e talvez PGD2, PGI2
e PGF2α aumentam
excitabilidade e
transmissão das vias
nociceptivas centrais
Substância cinzenta
periaquedutal
(+)
Formação reticular
K+
Modif. de Julius e Basbaum (2001) Nature 413:203
NG Castro
opióides
(ou canabinóides)
Fibras A e C
NG Castro
Neoespinotalâmico
Paleoespinotalâmico
5
Antipiréticos
Efeitos adversos comuns dos AINEs
Hipotálamo, área pré-óptica:
• indução de COX-2 e PGES-1
• síntese de PGE2
• Gastrite, ulcerações e sangramento GI
• Disfunção plaquetária e sangramentos
• Retenção de Na+ e água, edema
• Insuficiência renal reversível (em indivíduos
suscetíveis)
• Nefropatia analgésica (altas doses, crônico)
• Hipersensibilidade cutânea (talvez não imune)
NG Castro
IL-1β, IL-6, TNF-α
(pirogênios endógenos)
Sangramento gastrointestinal
NG Castro
• Prolongamento da gestação e inibição do
trabalho de parto
Disfunção renal por AINEs
Prevalence of NSAID Use in Patients Presenting with
Upper GI Bleeding
Patient History (n = 411)
50
40
20
10
14 %
7%
9%
0
Non-Aspirin
NonNSAIDs
Aspirin
Wilcox et al;
al; Arch Int Med 1994; 154:42
•
•
redução da filtração glomerular reversível
se persistente, ou com contração de volume, pode evoluir para
INSUFUCIÊNCIA RENAL AGUDA
NG Castro
NSAIDs
35 %
30
NG Castro
Percent using
Prescribed
OTC
6
Classificações dos AINEs
COX-2 é rapidamente induzida na inflamação
Ex.: modelo de
inflamação gástrica
em ratos
Induzida no endotélio
vascular por estresse
mecânico e na
arteriosclerose
●
Vermelho: coxibes
COX-2
seletivos
Modif. de Goodman & Gilman, 12 ed.
Seletividade COX-1 vs. COX-2
•
•
Uma via sozinha:
pouco dano
NG Castro
•
coxibes foram desenvolvidos como COX-2 seletivos e induzem
MENOS LESÃO
à GÁSTRICA
Á
outros AINEs também são seletivos:
• nimesulida, etodolaco, meloxicam
VIGOR (2000): rofecoxibe aumenta eventos cardiovasculares
isquêmicos
rofecoxibe e valdecoxibe retirados do mercado (2004-2005)
Slomiany (2012) Am. J. Mol. Biol. DOI:10.4236/ajmb.2012.22013
AINEs e lesão gástrica: 3 vias
OBS: a enzima ocorre como dímero
•
... mas também é
“constitutiva” em:
• SNC; hipotálamo
• células justaglomerulares
Wallace (2008) Physiol.Rev. DOI: 10.1152/physrev.00004.2008
NG Castro
Dipirona
Nimesulida
NG Castro
Nimesulida
NG Castro
Nimesulida ●
7
AINEs e lesão gástrica
AINEs e lesão gástrica: COX-1 pode proteger
Lesão por cetorolaco depende de dose:
só quando inibe ambas as COX
Salicilatos
Wallace (2008) Physiol.Rev. DOI: 10.1152/physrev.00004.2008
AAS, salicilatos: estrutura e biotransformação
AINEs não seletivos:
• Ácido acetilsalicílico (AAS), salicilato de sódio, salsalato,
diflunisal, sulfasalazina, olsalazina.
•
O
O
H 3C
H
•
O
Ácido acetil salicílico
Aspirina®
•
•
AAS acetila irreversivelmente ambas as
isoformas de COX (Ser530 na COX-1 e
Ser516 na COX-2)
Único AINE com esse mecanismo
Hipersensibilidade ao AAS - geralmente
comum a todos os AINES
Risco para crianças: síndrome de Reye
(encefalopatia, disfunção hepática e
infiltração gordurosa no fígado).
•
•
Rapidamente desacetilado (t1/2 ~20 min)
Efeito antiagregante por ação no sistema porta, antes da
1ª passagem – cumulativo mesmo com baixas doses
Katzung, 12 ed.
NG Castro
O
NG Castro
•
Gastroproteção: associação com
• misoprostol (PG)
• inibidores de bomba de prótons
NG Castro
NG Castro
Wallace (2008) Physiol.Rev. DOI: 10.1152/physrev.00004.2008
Indometacina (COX-1 & COX-2)
DuP-697 (COX-2)
8
AAS e epi-lipoxinas
Efeitos adversos do AAS
•
Gastrointestinais
enzima
acetilada
•
•
Efeito irritante, além de inibição de COX
Hepatite
p
((dependente
p
de dose))
•
Síndrome de Reye
•
Metabólicos
•
Desacoplamento da fosforilação
oxidativa
•
Hiperglicemia
Hi
li
i e depleção
d l ã de
d glicogênio
li
ê i
muscular e hepático
Intoxicação por AAS: Salicilismo
NG Castro
Fenamatos
• Cefaleia - tinnitus – perda auditiva - tonteira
•
Derivados do ácido antranílico (fenamatos)
•
Ácidos mefenâmico e meclofenâmico e diclofenaco
O
• Confusão mental e sonolência
• Sudorese e hiperventilação
N
•
O
OH
H
H
CH 3
Cl
Cl
CH 3
ácido mefenâmico
O
ácido meclofenâmico
O
OK
ONa
• Desidratação
D id t ã
• Colapso cardiovascular e respiratório, coma,
convulsões e óbito
N
H
Cl
NG Castro
uso p
para dismenorréia: reduz
formação de PGF2
•
uso de curta duração na artrite
reumatóide
•
sem vantagens específicas
CH 3
Ponstan®
• Hiperpirese
•
N
• Náusea, vômitos
• Distúrbios do equilíbrio ácido-base
Ácido mefenâmico e meclofenâmico:
OH
N
Cl
diclofenaco de potássio
Voltaren®
Cl
H
•
Diclofenaco:
•
seletividade
l ti id d COX-2
COX 2 moderada
d d
•
mais potente que o AAS,
indometacina e o naproxeno
•
indicado para o tratamento da
artrite reumatóide
Cl
diclofenaco de sódio
Cataflan®
NG Castro
Rajakariar (2006) MI doi: 10.1124/mi.6.4.6
Endócrinos: corticosteroides, tiroide
NG Castro
•
9
Derivados heteroaril acéticos
OH
•
Cetoprofeno, ibuprofeno, flurbiprofeno e naproxeno
Indometacina
• mais potente que o AAS na inibição de COX
• mais gastro-irritante
Efeito da classe mais p
pronunciado que
q os
salicilatos na artrite reumatóide
• exceção: Etodolaco: COX-2 seletivo, menos
gastro-irritante Flancox®
O
CH3
N
O
•
Cl
Indometacina
Indocid®
CH3
O
CH3
OH
OH
O
O
Fl bi
f
F Flurbiprofeno
Ansaid®
Cetoprofeno
Ibuprofeno
Perfil anti-inflamatório bastante parecido para todos os
derivados dessa classe
•
Inibição de COX-1 geralmente menos potente que do AAS com
exceção do naproxeno
•
Mesmas indicações terapêuticas que os salicilatos
H 3C
S
S
analgésico >> anti-inflamatório
(sublingual, gotas oftálmicas)
sulindaco
(Pró-fármaco)
O
ca. 500 vezes + ativo
NG Castro
Toragesic®
O
Oxicans e Pirazolonas
Dipirona
Piroxicam e meloxicam
OH
OH
O
N
N
S
O
O
N
N
N
H
S
CH 3
O
O
piroxicam
N
O
S
CH3
H
CH3
meloxicam
Dipirona sódica
Piroxicam: muito mais anti-inflamatório que analgésico
•
(Metamizol)
Utilizado na artrite reumatóide
(Novalgina®)
Meloxicam: seletividade de 10X para a COX-2 e t1/2 longa
•
Comum no uso crônico – AR, etc.
p
e dipirona
p
Pirazolonas: fenilbutazona, oxifenilbutazona, aminopirina
O
HO
CH3
H3C
N
O
N
O
fenilbutazona
N
N
O
CH3
CH3
aminopirina
CH 3
N
O
oxifenilbutazona
• Excelente analgésico, antipirético e
espasmolítico
• Ação rápida, disponível também
j
injetável
• i.v. pode causar hipotensão
• Mecanismo de ação em debate:
• inibição fraca da COX in vitro
• metabólitos ativos – MAA, etc.
• endocanabinoides, opiodes
• TRPA1
•
Pirazolonas banidas do mercado americano por associação com
agranulocitose irreversível
•
Meta-análises de 40 anos de uso indicam menor risco de efeitos
adversos graves que AAS e outros AINEs
•
Bastante utilizada na Europa, Ásia e América Latina
N
NG Castro
CH 3
N
NG Castro
Cetorolaco
S
•
Flanax®
•
(Z)
•
Naproxeno
20 x + potente que AAS
CH 3
H 3C
H3CO
O
F
O
OH
O
Advil®
OH
H3C
CH3
Profenid®
NG Castro
H3CO
Derivados do ácido propiônico
10
Inibidores seletivos de COX-2
•
Meloxican e etodolaco – citados anteriormente
•
Nimesulida (Scaflam®) – seletividade COX-2 (5-50X)
•
•
“atípico”: mecanismo adicional antioxidante, baixa incidência
de úlcera péptica ou efeitos cardiovasculares
•
hepatotóxico no uso prolongado
Coxibes
Efeitos pró-trombóticos
celecoxibe (Celebra®), rofecoxibe (Vioxx®), valdecoxibe (Bextra®),
etoricoxibe (Arcoxia®), lumiracoxibe (Prexige®) , parecoxibe (Dinstat®)
Antiagregante
Pró--agregante
Pró
PGI2
Endotélio vascular
TXA2
Plaqueta
COX-2
COX-1
PGI2
Diaril heterocíclicos
Paracetamol
• Derivado do para-aminofenol
• Excelente analgésico e antipirético
• Sem irritação gástrica ou ação
antiplaquetária: uso em pacientes de risco
• Efeito anti-inflamatório negligível
• Mecanismo de ação ainda em debate:
• inibição fraca de COX-1 e COX-2
• efeito reduzido na presença de EROs
(peróxidos),
(p
), como no tecido inflamado
• endocanabinoides
• inibição da COX-3 (?) – var. de COX-1
• Metabólitos citotóxicos
Tratamento da
intoxicação:
N-acetilcisteína
N-acetiliminoquinona
(metabólito tóxico)
NG Castro
(Tylenol®)
Rofecoxibe – muito seletivo para COX-2
Paracetamol: toxicidade hepática e renal
NG Castro
Paracetamol
NG Castro
NG Castro
TXA2
11
Manejo farmacológico da dor no câncer
AAS 600 mg < Codeína 60 mg < Morfina 6 mg
Escada terapêutica OMS
NG Castro
+/-
12
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