Filogeografia e validação taxonômica

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51º Congresso Brasileiro de Genética
Resumos do 51º Congresso Brasileiro de Genética • 7 a 10 de setembro de 2005
Hotel Monte Real • Águas de Lindóia • São Paulo • Brasil
www.sbg.org.br - ISBN 85-89109-05-4
[email protected]
Palavras chave: Petunia; filogeografia; taxonomia
Longo, D; Stehmann, JR; Bonatto, SL; Salzano, FM; Freitas, LB
Depto. de Genética, Instituto de Biociências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Filogeografia e validação taxonômica
Os ‘complexos de espécies’ são definidos como grupos de organismos que compartilham características
morfológicas muito semelhantes. Eles representam um problema para os sistemas de classificação
baseados em caracteres morfológicos, uma vez que os critérios para delimitação de espécies são
subjetivos. O complexo integrifolia reúne diversos taxa com características florais muito semelhantes à
espécie Petunia integrifolia (Hook.) Schinz & Thell, sendo um exemplo dessa problemática taxonômica.
A determinação de espécies dentro desse complexo, baseada apenas em caracteres morfométricos, é
ainda muito controversa. O objetivo desse trabalho é analisar esse complexo de espécies em nível
molecular e traçar sua história evolutiva, contribuindo para sua correta delimitação taxonômica.
Nesse trabalho, os espaçadores internos transcritos do DNA nuclear ribossomal (ITS1 e ITS2) e dois
espaçadores intergênicos (trnS-trnG e psbA-trnH) do DNA plastidial (cpDNA) foram seqüenciados em
69 indivíduos pertencentes a cinco entidades taxonômicas do complexo integrifolia: Petunia integrifolia
subsp. integrifolia, Petunia integrifolia subsp. depauperata, Petunia littoralis, Petunia riograndensis e Petunia
interior. Análises populacionais e filogeográficas dos três marcadores do cpDNA mostraram que apenas
Petunia interior representa uma linhagem monofilética e, portanto, pode ser considerada uma espécie
distinta. As demais estão divididas em duas linhagens monofiléticas e alopátricas, separadas pela
Lagoa dos Patos. Uma dessas linhagens, chamada “costeira”, é composta por Petunia littoralis e alguns
indivíduos de Petuna integrifolia e é encontrada na Planície Costeira do Rio Grande do Sul e Santa
Catarina. A outra linhagem, “continental”, é composta por Petunia riograndensis e Petunia integrifolia
e se distribui na porção continental do RS, a oeste da Lagoa dos Patos. Os padrões filogeográficos
observados, aliados a análises de mismatch distribution e de autocorrelação espacial, indicam que as
linhagens continental e costeira surgiram mais ou menos na mesma época, após um evento de diminuição
populacional, seguido de rápida expansão. Há indícios de que um processo de especiação por adaptação
a dois ambientes distintos (alta salinidade e baixa salinidade) esteja envolvido na divergência dessas
linhagens. Uma explicação alternativa seria a colonização das áreas por representantes distintos do
pool gênico ancestral. Nesse caso, a separação genética observada entre as linhagens seria resultado de
um evento aleatório de deriva genética. No entanto, são necessários estudos adicionais para definir se
a diferenciação genética entre as duas linhagens é resultado de um processo adaptativo ou casual. De
qualquer forma, esse estudo mostra claramente que as entidades taxonômicas descritas como Petunia
integrifolia, P. riograndensis e P. littoralis não representam grupos monofiléticos. Portanto, os critérios
taxonômicos empregados para sustentar seu status específico devem ser revistos.
Apoio financeiro: PRONEX, CNPq, FAPERGS, PROPESQ-UFRGS.
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