Informe Técnico - Febre Chikungunya

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Informe Técnico
Febre Chikungunya
A febre de chikungunya é uma arbovirose
causada pelo vírus Chikungunya (CHIKV),
transmitida pela picada de fêmeas dos
mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus
infectadas. O período de incubação é em média
de 3 a 7 dias (podendo variar de 1 a 12 dias) e o
período de viremia no ser humano pode perdurar
por até dez dias e, geralmente, inicia-se dois
dias antes da apresentação dos sintomas,
podendo perdurar por mais oito dias.
Neste ano, até o dia 4 de junho, foram
confirmados 2.234 casos de chikungunya no
Ceará. Dos 135 municípios com casos suspeitos
notificados, foram confirmados casos em 44,
conforme Nota Técnica (www.saude.ce.gov.br).
A alta taxa de ataque e de casos sintomáticos
(cerca de 70%) aumenta a procura de pacientes
às unidades de saúde.
Junho/2016
Embora o chikungunya não seja uma doença
de alta letalidade, comporta-se de forma
epidêmica, com elevada taxa de morbidade
associada à artralgia persistente, tendo como
consequência a redução da produtividade e da
qualidade de vida.
O espectro clínico da doença (Figura 1) mostra
a relevância da atenção continuada aos casos
clínicos.
Para
o
manejo
adequado,
disponibiliza-se,
nesta
Nota
Técnica,
orientações para: diagnóstico diferencial,
classificação de risco, orientação para
tratamento, conduta clínica dos pacientes e
orientação para o domicílio, que tem como
fonte o
Manual: Febre de chikungunya:
manejo clínico/MS/SVS disponível em:
(ttp://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/febre_chi
kungunya_manejo_clinico.pdf)
Figura 1 – Espectro clínico chikungunya
Casos
assintomáticos
Formas
típicas
Infecção
Casos
sintomáticos
Fonte: SVS/MS
Fase
aguda
Fase
subaguda
Formas
atípicas
Casos
graves
Fase
crônica
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Tabela 1 – Formas atípicas de chikungunya
Sistema/órgão
Nervoso
Manifestações
Meningoencefalite, encefalopatia, convulsão, síndrome de
Guillain-Barré, síndrome cerebelar, paresias, paralisias e
neuropatias
Olho
Neurite óptica, iridociclite, episclerite, retinite e uveite
Cardiovascular
Miocardite, pericardite, insuficiência cardíaca, arritmia e
instabilidade hemodinâmica
Pele
Hiperpigmentação por fotossensibilidade, dermatoses
vesiculobolhosas e ulcerações aftosa-like
Rins
Nefrite e insuficiência renal aguda
Outros
Discrasia sanguínea, pneumonia, insufuciência respiratória,
hepatite, pancreatite, síndrome da secreção inapropriada do
hormônio antidiurético e insuficiência adrenal
Fonte: SVS/MS - adaptado de Rajapakse et al. (2010)
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Tabela 2 – Diagnóstico diferencial: dengue x chikungunya
Manifestação clínica/
laboratorial
Chikungunya
Intensidade da febre
+++
Exantema
++(D1-D4)
Mialgia
+
++
Artralgia
+++
+/-
Dor retrorbital
+
+++
Sangramentos
-/+
++
Choque
-
-/+
Plaquetopenia
+
+++
Leucopenia
++
+++
Linfopenia
+++
++
Neutropenia
+
Artralgia
Evolução após fase aguda crônica
Dengue
++
+ (D5-D7)
+++
Fadiga
Fonte: SVS/MS - adaptado de Rajapakse et al. (2009)
Comparação da frequência de sintomas entre pacientes com dengue e chikungunya; +++ = 70-100%
dos pacientes; ++ = 40-69%; + = 10-39%; +/- = <10%; - = 0%.
D= dia do aparecimento do exantema.
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Figura 2 – Classificação de risco do paciente com suspeita de chikungunya
Caso suspeito – fase aguda – paciente com febre por até 7 dias acompanhada de artralgia(s)
intensa de início súbito
Pode estar associado à cefaleia, a mialgia e a exantema.
Considerar história de deslocamento nos últimos 15 dias para áreas
com transmissão de chikungunya.
Grupos de risco:
•Gestantes
•Maiores de 65 anos
•Menores de 12 anos
(neonatos considerar critério
de internação)
•Pacientes com comorbidades
Avaliar sinais de
gravidade, critérios
de internação e
grupos de risco
Sinais de gravidade e
critérios de internação
•Acometimento neurológico
•Sinais de choque:
extremidades frias, cianose,
tontura, hipotensão,
enchimento capilar lento ou
instabilidade hemodinâmica
•Dispneia
•Dor torácica
•Vômitos persistentes
•Neonatos
•Descompensação de doença
de base
•Sangramentos de mucosas
Pacientes sem sinais de
gravidade, sem critério de
internação e ou condições
de risco
Paciente do grupo de risco
em observação
Pacientes com sinais de
gravidade e ou critério de
internação
Acompanhamento
ambulatorial na Atenção
Básica
Acompanhamento ambulatorial
em observação na Atenção
Básica
Acompanhamento em
internação
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Tabela 3 – Orientação para tratamento de pacientes na fase aguda de chikungunya
Droga
Apresentação
Dipirona
Comprimido 500 mg ou 1 g
Comprimidos
Dipirona
gotas
Paracetamol
comprimido
500 mg/ml
(1 ml=20 gotas=500 mg
1 gota= 25 mg)
Comprimido de 500 mg e 750
mg
Posologia
Adultos e >15 anos:
1 a 2 comp. de 500 mg até 4 x/dia ou
½ a 1 comp. de 1 g até 4 x ao dia
Adultos e >15 anos:
20 a 40 gotas 4 vezes ao dia
<15 anos: as crianças devem receber dipirona
monitorada conforme seu peso e recomendações do
fabricante
500 mg a intervalos de 4 a 6 horas (não exceder 8
comprimidos/dia
ou
Paracetamol
gotas
200 mg/ml
(1 ml=15 gotas=200 mg;
1 gota=13 mg)
Codeina
Comprimido 30 mg
Solução oral 3 mg/ml
750 mg a intervalos de 6 a 8 horas (não exceder 5
comprimidos/dia)
Menores de 12 anos:
1 gota/kg de peso a intervalo de 4 a 6 horas (não
exceder 35 gotas, nem exceder 5 administração/24h)
Observações
Crianças menores de 3 meses de
idade ou pesando menos de 5 kg não
devem ser tratadas com dipirona
Não se utiliza comprimido em
menores de 12 anos
Dose máxima de paracetamos: 4
gramas/dia
< 12 anos: não exceder 35 gotas,
nem exceder 5 administração/24h
>12 anos: não exceder 4 gramas/dia
Maiores de 12 anos: 35 a 55 gotas, 3 a 5 vezes ao que corresponde a 275 gotas/dia
dia (não exceder 4 gramas/dia que corresponde a 275 Dose máxima 55 gotas até o máximo
gotas/dia. Dose máxima 55 gotas até o máximo de 5 de 5 tomadas/dia
tomadas/dia)
Adulto: 30 mg (de 15 a 60 mg), a cada 4 a 6 horas
Indicado para casos de dor refratária
(dose máxima 360 mg)
a paracetamol e dipirona
Criança> 1 ano: 0,5 mg/kg/peso corporal ou 15
mg/m2 de superfície corporal a cada 4 a 6 horas
(dose máxima 60 mg/dia)
Tramadol
Comprimido 50 mg
Solução oral: 1 ml=40
gotas=100 mg)
Não recomendado para crianças
prematura ou recém-nascido
Adultos e > 14 anos: 1 comp. de 50 mg ou 20 gotas Contraindicado até os 14 anos de
que podem ser repetidas, a cada a 4 -6 horas. Não se idade
devem exceder doses de 400 mg/dia (correspondente
a 8 comprimidos de 50 mg ou 160 gotas)
Fonte: SVS/MS
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Figura 3 – Conduta clínica dos pacientes com suspeita de chikungunya
Exames:
1 – Específicos: conforme
orientação da vigilância
epidemiológica (isolamento
viral, PCR ou sorologia).
2 – Inespecífico: hemograma
com contagem de plaquetas a
critério médico.
Conduta clínica na unidade:
1 – Droga de escolha:
paracetamol ou dipirona. Evitar
uso de aspirina e antiinflamatórios.
Em caso de dor refratária,
seguir as recomendações de
Febre de Chikungunya: manejo
clínico.
2 – Hidratação oral: avaliar
grau de desidratação e estimular
a ingestão de líquidos.
3 – Avaliar hemograma para
apoio no diagnóstico
diferencial: dengue, malária e
leptospirose.
4 - Encaminhar para unidade
de referência a partir do
surgimento dos sinais de
gravidade ou de critérios de
internação.
5 – Notificar.
6 – Orientar retorno no caso de
persistência da febre por mais
de 5 dias ou no aparecimento de
sinais de gravidade.
Exames:
1 – Específicos: conforme
orientação da vigilância
epidemiológica (isolamento
viral, PCR ou sorologia).
2 – Inespecífico: hemograma
com contagem de plaquetas
(auxiliar no diagnóstico
diferencial).
3 – Complementares:
conforme critério médico
Conduta clínica na unidade:
1 – Droga de escolha:
Paracetamol ou dipirona.
Evitar uso de aspirina e antiinflamatórios.
Em caso de dor refratária,
seguir as recomendações de
Febre de Chikungunya:
manejo clínico.
2 – Hidratação oral: avaliar
grau de desidratação e
estimular a ingestão de
líquidos.
3 – Avaliar hemograma para
apoio no diagnóstico
diferencial: dengue, malária e
leptospirose.
4 - Encaminhar para unidade
de referência a partir do
surgimento dos sinais de
gravidade.
5 – Notificar.
6 – Orientar retorno diário até
o desaparecimento da febre.
Exames:
1 – Específicos: obrigatório
(isolamento viral, PCR ou
sorologia).
2 – Inespecífico:
hemograma com contagem
de plaquetas (auxiliar no
diagnóstico diferencial).
3 – Bioquímica: função
hepática, transaminases,
função renal e eletrólitos.
4 – Complementares:
conforme critério médico
Conduta clínica na unidade:
1 – Avaliar o grau de
desidratação e sinais de choque
para instituir terapia de
reposição volêmica.
2 – Droga de escolha:
Paracetamol ou dipirona. Evitar
uso de aspirina e antiinflamatórios.
Em caso de dor refratária, seguir
as recomendações de Febre de
Chikungunya: manejo clínico.
3 – Avaliar hemograma para
apoio no diagnóstico
diferencial: dengue, malária e
leptospirose.
4 - Tratar complicações graves
conforme quadro clínico e
recomendações do de Febre de
Chikungunya: manejo clínico
5 – Notificar.
6 – Critérios de alta: melhora
clínica, ausência de sinais de
gravidade, aceitação de
hidratação oral e avaliação
laboratorial.
Fonte: Classificação de risco e manejo do paciente com chikungunya, Ministério da Saúde
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Figura 4 – Orientação para o domicílio
Conduta no domicílio:
1 – Seguir as orientações médicas.
2 – Evitar automedicação.
3 – Repouso – evitar esforço.
Fundamental para a dor articular.
4 – Utilizar compressas frias para
redução de danos articulares.
5 – Seguir orientação de exercício
leves recomendados pela equipe
de saúde.
6 – Retornar à unidade de saúde
no caso de persistência de febre
por 5 dias ou no aparecimento de
fatores de gravidade.
Conduta no domicílio:
1 – Seguir as orientações médicas.
2 – Evitar automedicação.
3 – Repouso – evitar esforço.
Fundamental para a dor articular.
4 – Utilizar compressas frias para
redução de danos articulares.
Não utilizar calor nas articulações.
5 – Seguir orientação de exercício
leves recomendados pela equipe
de saúde.
6 – Retornar diariamente à
unidade de saúde até o
desaparecimento da febre.
Fonte: Classificação de risco e manejo do paciente com chikungunya, Ministério da Saúde
Encaminhamentos
1. Pacientes classificados nos grupos verde e amarelo (pacientes sem gravidade sem
condições de risco e sem critérios de internação e os pacientes com condições de
risco, mas sem sinais de gravidade), deverão ser acompanhados na atenção básica.
2. Pacientes que apresentem sinais de gravidade devem procurar diretamente uma
UPA ou emergência hospitalar, pois precisam ser internados.
3. Os pacientes devem ser alertados sobre os sinais de gravidade e todos os
profissionais médicos e enfermeiros da atenção básica, serviços de pronto
atendimento e emergência devem ser treinados para identificar os sinais de
gravidade.
4. A orientação da vigilância epidemiológica mencionada na figura 3 à página 7 é:
a) todos os casos suspeitos devem ser notificados;
b) os exames para comprovação diagnóstica devem ser solicitados somente para
os primeiros casos suspeitos ou para casos que apresentem sinais de gravidade;
c) a partir da confirmação dos primeiros casos advindos de uma mesma área
(distrito, bairro ou pequeno município), pode-se considerar que há circulação do
vírus na área e todos os casos típicos devem ser conduzidos como tal.
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