FORMAÇÃO SOCIOCULTURAL E ÉTICA Organizadores Prof. Fábio Inácio Pereira Profa. Débora Azevedo Malentachi ÉTICA E ECONOMIA Introdução Esta parte da Coletânea reúne um conjunto de textos que possibilitam a aproximação com algumas das mais importantes temáticas econômicas do nosso tempo. Com isso, pretendese aproximá-lo e levá-lo a refletir sobre assuntos cotidianos de interesse social e também cultural. Textos No artigo a seguir, Martin Wolf explica que a economia mundial tomou nova forma, enfatiza que a divisão entre os países continua e aponta algumas diferenças entre países ricos e emergentes pós-crise. O autor esclarece que uma das causas da divisão é a de que os países em desenvolvimento têm demonstrado condições de gerar crescimento sustentável. Por fim, Wolf sugere que pode haver, no futuro, implicações benéficas dessas diferenças. A PÓS A CRISE GLOBAL, O MUNDO CONTINUA DIVIDIDO, MAS COM UM NOVO FORMATO Por Martin Wolf A consequência imediata da crise financeira foi um colapso econômico, que veio acompanhado por ações heroicas e foi seguido por uma recuperação bem recebida. Agora, estamos começando a ver a nova forma que a economia mundial tomou. Trata-se de um mundo dividido. A divisão se deve em parte ao fato de que a doença bolhas nos preços dos ativos, endividamento excessivo e irresponsabilidade do setor financeiro - afetou diretamente alguns países de alta renda, entre os quais o maior, os Estados Unidos. Outra causa de divisão está no fato de que alguns dos remédios que os países de alta renda estão usando causam efeitos adversos no restante do mundo. A causa fundamental de divisão, porém, é que os países emergentes estão se provando capazes de gerar crescimento sustentável. Diferenças A divergência entre o desempenho dos países de alta renda e o da maioria dos emergentes é notável. Nos primeiros, o desemprego é elevado, a produção está bem abaixo da tendência, a política monetária continua agressiva e os deficit fiscais são altos. Mas em muitos países emergentes a capacidade ociosa já foi reaproveitada e a inflação se tornou preocupação maior que a recessão. Entre os motivos para o dinamismo dos países emergentes está o efeito secundário de políticas adotadas pelos de alta renda em crise, especialmente Estados Unidos. Com apetite renovado por risco da parte dos investidores, os fluxos de capital na direção dos países emergentes se recuperaram de maneira vigorosa, ainda que se mantenham bem abaixo dos níveis de 2007. Os influxos crescentes de capital nos países emergentes fazem completo sentido. No ano passado, argumenta o Banco Mundial, as economias dos países emergentes cresceram 7%, ante apenas 2% em 2009. Mesmo excluídas China e Índia, cujas economias cresceram respectivamente 10% e 9,5%, as economias dos países emergentes e em desenvolvimento se expandiram em 5,2% em 2010. A exceção significativa a essa história feliz foi a Europa Central e Oriental, com 4,7% de crescimento em 2010, após uma contração de 6,6% em 2009. Enquanto isso, as economias dos países de alta renda continuam fracas. O Banco Mundial estima que seu crescimento médio foi de 2,8% em 2010, depois de uma contração de 3,4% no ano anterior. A economia dos Estados Unidos cresceu 2,8%, depois de encolher 2,6% em 2009, e a da zona do euro cresceu 2,7%, depois da queda de 3,5% no ano anterior. Na economia mundial como um todo, vemos preços fortes para as commodities (mercadorias) e pressões inflacionárias. Nos países de alta renda, alguns observadores contrastam a fraqueza econômica nacional aos preços mais altos para os importados, e temem o retorno da estagflação dos anos 70. Outros se preocupam com a possibilidade de que o fluxo de capital para os emergentes venha a resultar em nova e inevitável sucessão de crises financeiras no futuro. O que é certo é que o desempenho econômico parece destinado a se manter díspar por longo tempo. E, apesar de todos os desafios que a divergência atual cria, ela tem implicações benéficas. A atual disparidade indica ao menos a possibilidade de uma convergência mais profunda de rendas. O mundo dividido que temos hoje pode no futuro significar um mundo menos desunido. Fonte: WOLF, Martin. Após a crise global, o mundo continua dividido, mas com um novo formato. Folha de S. Paulo, São Paulo, 27 jan. 2011. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/me2701201117.htm> Acesso em: 27 jan. 2011. O artigo a seguir traz informações sobre os assuntos debatidos em Davos, no Fórum Econômico Mundial: o aumento da desigualdade social após a crise e a "demonização" de corporações. Entre os participantes desse debate, houve consenso sobre o superaquecimento de mercados emergentes e incerteza de recuperação no mundo desenvolvido. Os dados apresentados mostram a reconcentração da riqueza nos EUA. As perdas salariais refletem como um espelho essa reconcentração. Um assessor sindical da OCDE mostrou como nos últimos dez anos os salários perderam dez pontos percentuais de sua participação na renda nacional. D AVOS COLOCA O CAPITALISMO NO DIVÃ Por Clóvis Rossi De repente, no meio de um morno debate sobre "a nova realidade econômica", o moderador, Michael Elliott, editor da revista "Time", puxou para a mesa um artigo de Robert Samuelson, com o provocativo título de "O capitalismo sob sítio". Uma bela provocação, se se levar em conta que Elliott não estava no Senegal, no Fórum Econômico Social, mas em Davos, o coração anual do capitalismo, que todo janeiro põe os líderes das grandes corporações a debater os horizontes globais. A provocação colou. James Turley, executivo-chefe da Ernst & Young, dos EUA, queixou-se de que as corporações haviam sido excessivamente "demonizadas" no ano anterior. Devolveu a provocação: "Quanto mais se demoniza, menos empregos se criam". "Sir" Martin Sorrell, executivo-chefe da britânica WPP, o maior grupo do mundo em serviços de comunicação, com receitas de US$ 15 bilhões, ecoou: "Não temos organização internacional de negócios como o G20", em alusão ao grupo. A Zhu Min, que foi vice-presidente do BC chinês até 2010, quando passou a ser conselheiro especial do FMI, coube a tarefa de introduzir o tema que mais incomoda o capitalismo: "A desigualdade é o mais sério tema individual a enfrentar", disse. Pôs números na sua tese: até a crise de 1929, 1% dos norte-americanos ficavam com 48% da riqueza, porcentagem que caiu para 28% em 1968, mas voltou aos 48% na crise do período 2008/09. Coube a um sindicalista apresentar um número ainda mais impressionante: "Nos últimos dez anos, os salários perderam para os lucros dez pontos percentuais de sua participação na renda nacional", disparou John Evans, secretário-geral do Comitê Assessor para os Sindicatos da OCDE, o clubão dos países mais ricos do mundo. Para fechar o círculo do suposto cerco ao capitalismo, Davos incluiu uma sessão sobre "a nova realidade do capitalismo de Estado", expressão que antigamente se aplicava à URSS e agora se usa basicamente para a China. O "Consenso de Pequim", como também é chamado, prevê uma ditadura de partido único, forte intervenção na economia, mas com mecanismos de mercado. Ao colocar o capitalismo no divã, não quer dizer que Davos está minimizando a recuperação da crise. É muito mais um reflexo da profundidade do abalo havido a partir de 2008/09. Zhu Min pôs número na profundidade do buraco: a recuperação da economia mundial devolveu a produção global ao nível de 2008, o que significa que foram dois anos de crescimento zero. Duas velocidades Reflete também o fato de que a recuperação se dá em duas velocidades, constatação feita ontem. O melhor resumo é de Il Sakong, representante do presidente da Coreia para a cúpula do G20, realizada em novembro na capital coreana: "Os mercados emergentes estão superaquecidos, e, no mundo desenvolvido, a recuperação é incerta". Incerta, mas recuperação de todo modo, o que levou Nouriel Roubini, professor da Universidade de Nova York, a dizer que via o copo meio cheio, meio vazio. Seria um lugar-comum se Roubini não fosse conhecido como "Senhor Apocalipse", sempre disposto a previsões catastrofistas. A parte cheia do copo é conhecida, mas vale a pena resumir a parte que Roubini vê vazia: o crescimento na Europa e nos EUA é anêmico, até porque ainda falta corrigir o excesso de endividamento. Por mais que haja tais sombras, o capitalismo acabou saindo airoso do dia em Davos. O chinês Zhu Min diz que seus compatriotas, se consultados sobre o modelo que gostariam de ter, responderiam que querem uma casa grande, um carro grande e uma boa aposentadoria. "O modelo americano", resumiu Zhu Min, para um suspiro de alívio da plateia. Fonte: ROSSI, Clóvis. Davos coloca o capitalismo no divã. Folha de S. Paulo, São Paulo, 27 jan. 2011. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/me2701201115.htm> Acesso em: 27 jan. 2011. No artigo a seguir, Pedro Soares analisa os altos e baixos da indústria brasileira no ano de 2010 e apresenta previsões para 2011. Ele explica que, apesar de enfraquecidas pela crise, base de 2009 contribuiu para o bom resultado das indústrias e que bens de capital tiveram forte expansão em 2010. Entretanto, o autor ressalta que, em razão do impacto negativo do câmbio, o crescimento recorde de 10,5% não se repetirá. I NDÚSTRIA TEM CRESCIMENTO RECORDE, MAS JÁ SE DESACELERA Por Pedro Soares Apesar da perda de competitividade provocada pelo câmbio, a indústria brasileira deixou a crise para trás e fechou 2010 com crescimento de 10,5%, o mais elevado desde 1986. A indústria, porém, já viveu dias melhores. Seu pico de produção ocorreu em março de 2010, quando o setor ainda sentia os reflexos positivos das desonerações fiscais do governo, lançadas na crise para estimular ramos como o automotivo, a construção e o de eletrodomésticos da linha branca. Enfraquecida pela crise, a própria base de comparação de 2009 também impulsionou o resultado do setor. Já o real valorizado conteve a atividade fabril de importantes ramos, que convivem com exportações em queda e invasão de importados. Tal efeito se mostrou mais intenso ao final de 2010. Em dezembro, a produção da indústria surpreendeu e caiu 0,7% ante novembro, taxa acima do esperado. Desde agosto, a indústria vinha num processo de estagnação, mas perdeu ainda mais força em dezembro. Nem mesmo as encomendas de final de ano ajudaram. "Certamente, o câmbio contribuiu para uma desaceleração maior da indústria, o que deve se manter em 2011", prevê Sérgio Vale, economista da MB Associados. Vale diz que, diante disso, a hipótese de que um acúmulo excessivo de estoques segurava o desempenho da indústria caiu por terra. Já para André Macedo, do IBGE, esse impacto responde em parte a perda de ritmo da indústria, embora considere também "importante" o efeito do câmbio. "Há uma flagrante perda de competitividade de se produzir no país [em decorrência da valorização do real]", acrescenta o Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial). Para a LCA, a indústria perdeu ritmo e será também afetada em 2011 pela menor confiança de empresários e pela política monetária mais restritiva, com novas rodadas de alta de juros. O câmbio, avalia, também vai segurar a expansão do setor. Diante desse cenário, a consultoria revisou para baixo sua projeção de crescimento da indústria em 2011 - de 4% para 3,5%. Vale diz que o PIB, porém, tende a crescer ainda na faixa de 4,5% graças ao bom desempenho do setor de serviços, inume (enterrado, sepultado) ao impacto cambial. A indústria só não irá pior em 2011, diz Vale, porque o governo dá sinais de que manterá políticas fiscal e monetária "frouxas" neste ano, sem conseguir debelar a inflação - que deve fechar o ano em 6%, acima de 2010. Boa notícia O perfil do crescimento da indústria sinalizou, por outro lado, a retomada dos investimentos no ano passado: a categoria de bens de capital liderou a expansão, com alta recorde de 20,8% em 2010, também a maior desde 1986. O resultado mais do que devolve a retração de 17,4% de 2009, quando a crise derrubou os investimentos do setor produtivo. Fonte: SOARES, Pedro. Indústria tem crescimento recorde, mas já se desacelera. Folha de S. Paulo, São Paulo, 03 fev. 2011. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/me0302201107.htm> Acesso em: 04 fev. 2011. O PIB reflete o crescimento da economia do país. Uma queda no PIB, por exemplo, pode apontar contração de setores, como a indústria e os serviços públicos, além de altas taxas de desemprego e aumento da inflação. Além de medir a riqueza e mostrar a evolução dos agregados econômicos, o PIB é também um indicador de grande importância para a elaboração de políticas públicas e como fonte de informações para pesquisadores e acadêmicos. Abaixo, confira os números que mostram a concentração da economia em algumas regiões do país. S EIS CAPITAIS CONCENTRAM 25% DO PIB DO PAÍS, DIZ IBGE Por Pedro Soares Os seis municípios com as maiores participações no PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro, todos capitais, representam cerca de 25% da produção de bens e serviços do país, segundo dados do PIB dos Municípios do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), com dados de 2008, divulgados nesta sexta-feira. Na lista, estão: São Paulo (SP), 11,8%; Rio de Janeiro (RJ), 5,1%; Brasília (DF), 3,9%; Curitiba (PR), 1,4%; Belo Horizonte (MG),1,4% e Manaus (AM), 1,3%. Esse grupo abrigava uma fatia menor da população (13,5%), o que revela a concentração do PIB do país. Em 2004, as cinco cidades com mais altos PIBs abocanham 25% da produção de bens e serviços. Apenas a capital do Amazonas, cuja economia cresce na esteira da indústria da zona franca, passou a integrar a lista dos maiores PIBs. Na outra ponta, os 1.313 municípios com os menores PIBs (3,4% da população) respondiam por apenas 1% do PIB nacional. Entre as capitais, Palmas (TO) tinha o menor PIB de 2008. Florianópolis (SC), por sua vez, era a única que não ocupava a primeira posição em seu Estado - ficou atrás de Joinville e de Itajaí. Juntas, as 27 capitais geraram mais de um terço (33,9%) do PIB brasileiro. Outro dado revela a concentração da economia brasileira: as capitais do Norte foram responsáveis por 2,4% do PIB de 2008; enquanto as do Sudeste corresponderam por 19% da geração de riqueza do país. PIB per capita Sede da segunda maior refinaria da Petrobras, a pequena São Francisco do Conde (BA) tinha o maior PIB per capita do país: R$ 288.371. A média nacional era de R$ 15.989. Outras duas cidades ligadas à indústria do petróleo - Triunfo (RS) e Quissamã (RJ) integravam a lista das cinco maiores rendas per capitas brasileiras. Entre as capitais, Vitória (ES) possuía o mais alto PIB per capita: R$ 71.407. Em seguida, vinham Brasília (R$ 45.978), São Paulo (R$ 32.494), Porto Alegre (R$ 25.712) e Rio de Janeiro (R$ 25.122). Apesar de perder participação em anos anteriores, São Paulo se mantinha, em 2008, como principal polo industrial do país - com peso de 8,7%, abaixo dos 9,9% de 2004. Campos dos Goytacazes (norte fluminense), graças à exploração de petróleo na bacia de Campos, ficou com o segundo lugar no ranking do PIB industrial (3,4% de participação), posição alcançada desde 2005. Já na agropecuária, Sorriso (MT), produtor de soja, tem o maior PIB da atividade, valor adicionado bruto da agropecuária. Já nos serviços, apenas duas capitais (São Paulo e Rio de Janeiro) correspondiam a 25% da produção do setor. Fonte: SOARES, Pedro. Seis capitais concentram 25% do PIB do país, diz IBGE. Folha.com. 10 dez. 2010. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/mercado/843555-seis-capitaisconcentram-25-do-pib-do-pais-diz-ibge.shtml> Acesso em: 24 jan. 2011. Segundo o artigo a seguir, mesmo com a utilização de artifícios contábeis por parte do governo para engordar as receitas, o setor público não conseguiu cumprir a meta de redução de gastos e, conforme o artigo a seguir, o principal responsável por isso foi o alto investimento nas eleições 2010. Para amenizar o problema, o governo utilizou como último recurso a redução dessa meta. ETOR PÚBLICO NÃO CUMPRE META FISCAL E MERCADO PREVÊ JURO MAIOR Por Eduardo Cucolo S Pelo segundo ano seguido, União, Estados e municípios não cumpriram a meta de redução do gasto público. Para economistas, a falta de compromisso desses governos na área fiscal exigirá do Banco Central um aumento maior dos juros e mais aperto no crédito para segurar a inflação em 2011. Dessa vez, em vez da crise econômica, que reduziu a arrecadação de tributos em 2009, o principal responsável pelo resultado abaixo da meta foi o aumento de gastos nas eleições de 2010. O governo federal, por exemplo, recorreu a uma série de manobras contábeis para engordar as receitas. Estados, municípios e suas estatais economizaram apenas dois terços do esperado. A economia total do setor público para pagar os juros da dívida (superavit primário) ficou em R$ 101,7 bilhões no ano passado (2,78% do PIB). A meta era de 3,1% do PIB, ou R$ 113,4 bilhões. Como não chegou ao resultado esperado, o governo utilizou um último recurso, como em 2009, que permite reduzir a meta e considerar que, do ponto de vista formal, ela foi alcançada. Para fazer isso, o governo considera que a economia que não foi feita foi direcionada para investimentos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), que cresceram no ano eleitoral. Ao todo, mais de 40% do superavit foi obtido por meio de operações contábeis que não representaram efetivamente aumento de receita ou corte de gastos e que, por isso, não ajudam a reduzir a inflação e a dívida. Ajuda da Petrobras Em outubro, o governo fez uma operação com a Petrobras que permitiu engordar o superavit em R$ 32 bilhões. Em novembro, retirou a Eletrobras das contas públicas. No mês seguinte, incorporou mais R$ 4 bilhões às suas contas com base em depósitos judiciais na Caixa Econômica Federal e, com isso, realizou naquele mês o maior superavit para meses de dezembro em nove anos (R$ 10,8 bilhões). Apesar de ter economizado menos, a dívida do setor público caiu na comparação com o PIB de 42,8% para 40,4%. A economia brasileira cresceu mais que a dívida, que aumentou cerca de 8%. Previdência O deficit do INSS caiu 4,5% no ano passado, segundo o Ministério da Previdência, devido à arrecadação recorde. Ficou em R$ 44,35 bilhões. Para este ano, o governo prevê novo aumento na arrecadação e um deficit de R$ 41,6 bilhões. O valor pago em benefícios cresceu 7,8% no ano passado, maior crescimento registrado desde 2006. Fonte: CUCOLO, Eduardo. Setor público não cumpre meta fiscal e mercado prevê juro maior. Folha de S. Paulo, São Paulo, 01 fev. 2011. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/me0102201108.htm> Acesso em: 02 fev. 2011. Sabe-se que a exportação assume grande relevância para as empresas, pois é o caminho mais eficaz para garantir o seu próprio futuro em um ambiente globalizado cada vez mais competitivo. Para o Brasil, a atividade exportadora tem também importância estratégica, pois contribui para a geração de renda e emprego, para a entrada das divisas necessárias ao equilíbrio das contas externas e para a promoção do desenvolvimento econômico. O artigo a seguir mostra que, durante o ano passado, as empresas de Maringá comercializaram US$ 1,9 bilhão com o exterior, ficando atrás apenas de Paranaguá. E XPORTAÇÕES CRESCEM 117% E MARINGÁ FECHA ANO COMO SEGUNDA MAIOR EXPORTADORA DO PR Por Marcus Ayres As exportações feitas por Maringá ao longo de 2010 superaram a marca de US$ 1,9 bilhão colocando a cidade entre os vinte maiores exportadores do país. Foi o que revelou balanço das transações internacionais divulgado nesta quarta-feira (12) pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Com o crescimento de 117% nas vendas externas no ano passado, o município saltou 21 posições no ranking brasileiro das exportações e três no estadual, ficando atrás apenas de Paranaguá, que comercializou US$ 3,7 bilhões no ano passado. Até então, o melhor desempenho anual havia sido obtido em 2009, quando as vendas externas renderam US$ 891,6 milhões. Importações aumentaram 45% no Paraná As importações tiveram um expressivo aumento ao longo de 2010 no Paraná. Durante todo o ano passado, foram comercializados US$ 13,9 bilhões, valor próximo do arrecadado com exportações. A quantidade é 45% maior do que no ano anterior. Para o consultor especialista em comércio exterior, Gustavo Machado, os setores industrial e da construção civil estão entre os responsáveis por esse crescimento. “Tivemos um aquecimento no mercado interno que motivou a modernização das empresas. As indústrias aproveitaram o momento de janela baixa do dólar para comprar novos equipamentos. Isso significa mais competitividade para as nossas empresas”, explicou o sócio da GT Internacional. O pesquisador Wagner Godinho também vê com bons olhos a importação. “Em um espaço de carência de seis meses, isso refletirá em novas exportações”, avaliou o professor da Saint Paul Escola de Negócios. Ranking estadual de exportações* 1) Paranaguá - US$ 4,1 bilhões (8º no nacional) 2) Maringá - US$ 1,9 bilhão (18º no nacional) 3) São José dos Pinhais - US$ 1,9 bilhão (19º no nacional) 4) Curitiba – US$ 1,4 bilhão (29º no nacional) 5) Ponta Grossa – US$ 911 milhões (47º no nacional) Fonte: Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior * De janeiro a novembro de 2010 Como funciona o ranking - Os dados de exportação dos municípios são registrados pelos locais por onde a produção é escoada, como portos e aeroportos. A produção de cada cidade é identificada pelo CNPJ das empresas. Os dados são repassados para o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, que centraliza as informações e gera o ranking. De acordo com o pesquisador de Comércio Exterior da Saint Paul escola de negócios, de São Paulo, Wagner Botelho Godinho, parte do crescimento deve ser creditado ao setor de commodities e produtos naturais, como a soja, cujos grãos e produtos derivados respondem por aproximadamente 50% dos itens maringaenses embarcados para o exterior em 2010. Os grãos da oleaginosa também foram responsáveis por 17% na participação total dos produtos exportados pelo Paraná, colaborando para que as vendas externas ultrapassassem a barreira de US$ 14,1 bilhões, fechando o ano com uma alta de 26,3% em comparação com 2009. “Houve um estouro nas exportações de commodities. Isso não ocorreu tanto em função do câmbio, que não está estimulante, mas sim devido à subida de preço desses produtos”, explicou Godinho. Produtos mais exportados por Maringá Somente o grão da soja rendeu US$ 797,1 milhões, o que corresponde a 41% de participação entre os produtos vendidos ao mercado externo. Já as vendas de açúcar bruto chegaram a US$ 565,5 milhões (29,1% de participação). Entre os produtos mais vendidos também estão: milho em grão (US$ 195,9 milhões), bagaços e outros resíduos sólidos do óleo de soja (US$ 115,9 milhões); e álcool etílico (US$ 108,3 milhões). Os maiores compradores dos produtos maringaenses são os países asiáticos, que juntos desembolsaram US$ 1 bilhão (55,5% das comercializações). Com os chineses, as vendas alcançaram US$ 635,8 milhões, seguido da Coreia do Sul (com US$ 152,6 milhões) e Índia (US$ 66,8 milhões). Fora da Ásia, a Rússia (US$ 223,5 milhões) e a Croácia (US$ 69,1 milhões) são as principais parceiras. Entre os blocos econômicos, boa parte dos negócios também foi feita com a Europa Oriental (US$ 230,9 milhões), União Europeia (US$ 199,2 milhões), a África ( US$ 137,7 milhões), o Oriente Médio (US$ 99,5 milhões). Fonte: AYRES, Marcus. Exportações crescem 117% e Maringá fecha ano como segunda maior exportadora do PR. Gazeta Maringá, Maringá, 12 jan. 2011. Disponível em: <http://www.gazetamaringa.com.br/online/conteudo.phtml?id=1085969> Acesso em: 24 jan. 2011. Seja na vida profissional ou pessoal, vivenciamos no século XXI o rápido avanço tecnológico. A informática e as telecomunicações estão inseridas cada vez com maior frequência nas tarefas do dia-a-dia, atingindo grande importância. Automaticamente nos servimos de suportes tecnológicos, por vezes até sem perceber. O texto abaixo apresenta mais novidades tecnológicas e sugere reflexões sobre o poder de influência da máquina sobre o homem. C OMPUTADORES APRENDEM O QUE NOS FAZ SORRIR - E GASTAR Por Steve Lohr Computadores com visão estão se tornando comuns. Câmeras baratas e de alta resolução se proliferam em produtos como smartphones e laptops. E novos algoritmos de computação para localizar, comparar e avaliar a enxurrada de dados visuais têm progredido rapidamente. A tecnologia pode ser usada em hospitais, shopping centers, escolas, plataformas de metrô, escritórios e estádios. As máquinas nunca piscam. Tudo isso pode ser muito útil - ou alarmante. "As máquinas definitivamente serão capazes de nos observar e nos entender melhor", disse Hartmut Neven, cientista da computação do Google e especialista em visão. "Aonde isso leva é incerto", completou. O Google está na linha de frente do desenvolvimento tecnológico, e é também motivo de apreensão por causa disso. Seu serviço Street View, em que usuários da internet podem olhar um determinado local, recebeu queixas por violação de privacidade. O Google irá borrar as fotos das casas de quem assim solicitar. Com o aplicativo Goggles, do Google, as pessoas podem tirar uma foto com um smartphone e vasculhar a internet em busca de imagens semelhantes. Executivos da empresa excluíram uma ferramenta de reconhecimento facial, temendo que isso servisse na busca por informações pessoais. Cientistas preveem que as pessoas ficarão cada vez mais cercadas por máquinas que podem não só ver, mas também raciocinar a respeito daquilo que estão vendo. Segundo Frances Scott, que é especialista em tecnologias de vigilância, isso poderá permitir que autoridades localizem um terrorista ou uma criança perdida. Milhões de pessoas têm usado produtos que mostram o progresso alcançado pela visão informatizada. Os principais serviços on-line de compartilhamento de fotos já contam com reconhecimento facial. O Kinect, que pode ser agregado ao console Xbox 360, da Microsoft, usa uma câmera digital e sensores para reconhecer as pessoas e seus gestos; ele também entende comandos de voz. Com o Kinect, "a tecnologia entende você de forma mais fundamental, de modo que você não precisa entendê-la", disse Alex Kipman, engenheiro envolvido no desenvolvimento da ferramenta. 'Lave as mãos, por favor' Há três meses, o Centro Médico Bassett, de Cooperstown, em Nova York, iniciou experiências com a visão informatizada. Pequenas câmeras no teto monitoram os movimentos dos pacientes e das pessoas que entram e saem da sala. As primeiras aplicações do sistema, criado pela General Electric, são lembretes e alertas. Médicos e enfermeiros precisam lavar as mãos antes e depois de tocar em pacientes, para evitar infecções hospitalares. Quando alguém se esquece, uma voz declara: "Perdoe a interrupção; por favor, lave as mãos". O sistema é capaz de reconhecer movimentos que indicam quando um paciente corre o risco de cair do leito, e alerta uma enfermeira. Outras ferramentas podem ser acrescentadas, como um software que analisa expressões faciais em busca de sinais de dor ou outro desconforto grave, segundo Kunter Akbay, cientista da GE. Espelho, espelho meu O pós-graduando Daniel McDuff parou diante de um espelho translúcido no Laboratório de Mídia do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). Após 20 segundos, um número 65, seu batimento cardíaco por minuto, apareceu no espelho. Por trás dele, uma webcam enviava imagens de McDuff a um computador cujo software monitorava o fluxo sanguíneo em seu rosto. O programa separa as imagens de vídeo em três canais - para as cores básicas vermelho, verde e azul. Mudanças nas cores e movimentos feitos por minúsculas contrações e expansões dos vasos sanguíneos no rosto não são perceptíveis ao olho humano. "O sinal do seu ritmo cardíaco está na sua cara", disse Ming-zher Poh, também pósgraduando do MIT. Outros sinais vitais, como ritmo da respiração e pressão arterial, devem deixar pistas semelhantes. Esse projeto, descrito numa publicação feita em maio por Poh, McDuff e Rosalind Picard, professora do laboratório, está só começando, segundo Poh. Mensurações diárias feitas com esse método poderão revelar, por exemplo, que uma pessoa está ficando sob maior risco de um ataque cardíaco. "No futuro, isso estará nos espelhos", disse. Os rostos podem fornecer todo tipo de informação aos computadores. No MIT, Picard e a pesquisadora Rana el Kaliouby aplicam um software de análise da expressão facial para ajudar autistas a reconhecerem melhor os sinais emocionais. As duas cientistas fundaram a Affectiva, empresa com sede em Waltham, Massachusetts, que está produzindo softwares de análise facial para fabricantes de produtos comerciais, varejistas, profissionais de marketing e estúdios cinematográficos. John Ross, executivo-chefe da Shopper Sciences, uma empresa de pesquisa de mercado, disse que a tecnologia da Affectiva promete dar aos profissionais de marketing uma leitura imparcial sobre a sequência de emoções que levam a uma compra. "Pode-se ver e analisar como as pessoas estão reagindo em tempo real, não o que elas estão dizendo mais tarde [num grupo de pesquisas], quando com frequência estão tentando ser educadas." O software, segundo Ross, poderia ser usado em quiosques comerciais ou com webcams. A Shopper Sciences, acrescentou ele, está testando o programa da Affectiva com um grande varejista e com um site de relacionamentos amorosos. Observando o observador Maria Sonin, 33, funcionária de um escritório em Waltham, Massachusetts, assistiu o trailer de um filme enquanto o software da Affectiva acompanhava os movimentos de 12 pontos do seu rosto. Aos olhos de um humano, ela estava se divertindo. O software concordou, disse Kaliouby, mas usou uma análise mais detalhada, como ao registrar que seus sorrisos eram simétricos (o que sinaliza diversão, e não constrangimento). Christopher Hamilton, um diretor-técnico de efeitos visuais, disse que a tecnologia de análise das expressões faciais "possibilita medir a reação da audiência com um detalhamento cena a cena, o que a atual abordagem de pesquisa e questionário não permite". Um diretor pode descobrir, por exemplo, que a plateia, mesmo gostando de um filme como um todo, desaprova duas ou três cenas. Ou que determinado personagem não inspira a reação emocional pretendida. Mas a visão computadorizada também traz desafios. No trabalho ou na escola, a tecnologia abre as portas para um supervisor informatizado que está sempre observando. Um efeito sutil decorreria de a pessoa saber que está sendo observada, o que poderia ser benéfico: um criminoso iria pensar duas vezes antes de agir, por exemplo. Mas isso não levaria também a uma sociedade menos espontânea, menos criativa e menos inovadora? Como disse Hany Farid, cientista da computação no Dartmouth College, de New Hampshire: "Em toda tecnologia há um lado negro". Fonte: LOHR, Steve. Computadores aprendem o que nos faz sorrir – e gastar. Folha de S. Paulo, São Paulo, 17 jan. 2011. Disponível em: Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/newyorktimes/ny1701201103.htm> Acesso em: 24 jan. 2011. Sobre tecnologia e sociedade Fonte: http://sociobox.wordpress.com/ Fonte: http://divulgarciencia.com/categoria/mudanca-social/page/2/