Senhor Presidente, Senhores Deputados, Senhoras Deputadas Hoje venho a esta tribuna me pronunciar sobre um olhar estrangeiro sobre a mulher na TV brasileira, visando não apenas denunciar as críticas, mas sobretudo provocar uma reflexão e ação sobre este fenômeno. Nós brasileiras fomos alvos de críticas preconceituosas e de sarcasmos da apresentadora de TV Daisy Donovan, britânica. Dizendo adotar uma visão antropológica, ela resolveu analisar programas de TV de países de culturas bem diversas, como Japão, Índia, entre outros. E, no caso brasileiro, selecionou os programas Domingo Legal (SBT), O melhor do Brasil (Record) e Na mira (TV Aratu/ SBT), segundo ela “programas superficiais de domingo”, destacando somente programas que exibem mulheres nuas ou seminuas e concluiu que eram programas para ‘puxar’ audiência. A apresentadora iniciou o The Greatest Shows On Earth (Os melhores espetáculos da terra) – about Brazil – com o famoso Concurso da Miss Bumbum. E se dirigiu às mulheres brasileiras que participavam do concurso como “meras esculturas de corpos perfeitos e sem capacidade intelectual”. Mais surpreendente é que, ao questionar um jornalista da Folha de S. Paulo sobre o porquê do tal concurso fazer tanto sucesso no Brasil, ela se espanta com a resposta dele: “A mulher brasileira é assim. Ela é vaidosa e gosta de aparecer. Mesmo sendo feia, ela sempre dirá que é linda”. Estranhamos que um jornalista brasileiro tenha dado uma declaração tão estapafúrdia a uma jornalista estrangeira e como ele tirou essa conclusão sobre a mulher brasileira. Também no seu programa televisivo The Greatest Shows On Earth, a britânica fez referência ao Programa Pânico, antes na Rede TV e agora na Band. Na visão de Daisy, o programa Pânico na Band é terrível e incita ainda mais a curiosidade em descobrir o porquê da “fixação questionável da TV brasileira com as mulheres”. Daiysy Donovan se refere aos espetáculos de mulheres de biquíni lutando num ringue ou na lama e ‘pagando micos’ humilhantes caso não vençam o desafio proposto pela produção. O objetivo dos quadros bizarros é proporcionar ao cinegrafista os melhores ângulos eróticos das mulheres. Ainda numa análise sobre o Brasil, Daisy abordou dados positivos da nossa economia. Patrícia Abravanel explica à Daisy que o Brasil está numa evolução cultural pragmática e que os meios de comunicação e entretenimento deverão acompanhar a exigência do público. Em tese, os canais abertos são inquestionavelmente acessíveis à grande porcentagem da população, sem critérios de exibição. Na Bahia, por exemplo, um programa de crimes é transmitido no horário do almoço, logo após os desenhos animados, despertando, assim, sensações confusas em crianças e adultos. Mas, qual a conclusão de tudo isso? Podemos proibir nossas meninas de assistir a concurso da Miss Bumbum e o Pânico na Band? Qual é a solução? O Brasil, em dez anos, tem conquistado espaço na economia mundial, na diplomacia, na geração de novos empregos e na inserção de jovens nas universidades. Numa enorme força-tarefa, 20 milhões de pessoas saíram da miséria e mais de dois milhões fazem um curso superior através de programas do governo federal. A preocupação social é a chave para uma sociedade criteriosa e exigente e que transforma a cronologia da mídia, em que o povo faz a notícia e não a notícia faz o povo. Esta transformação já está ocorrendo. As mulheres têm sofrido os raios do preconceito e humilhação por idolatrar o corpo que nada mais é do que uma ferramenta de trabalho instantânea e sem poder de fixação. Os brasileiros, diferente do que os estrangeiros e alguns outros brasileiros pensam, estão em plena evolução política, social e intelectual. O Brasil é, hoje, referência no combate à miséria e em programas de distribuição de renda. As mulheres, por sua vez, são profissionais de sucesso e com bagagem política, inclusive e principalmente, com capacidade para competir de igual para igual com um homem, em qualquer cargo de chefia. Para aproveitar o gancho da Daisy Donovan, que termina o programa com a seguinte conclusão. “O Brasil me recebeu de braços abertos, mas este país não é para os fracos de coração”, eis algo em que eu concordo com a britânica. O Brasil é um país de pessoas fortes e trabalhadoras. Reconhecemos as nossas limitações e estamos em intenso processo de implementação de políticas para o desenvolvimento, buscando superar as desigualdades de classe e de gênero. Mesmo reconhecendo que ainda há baixa a qualidade no entretenimento brasileiro, uma vez que as políticas de igualdade ainda são recentes, estamos no rumo da construção de uma educação e uma cultura de qualidade para alcançar o alto nível, que nós brasileiros tão criativos merecemos. O nosso forte são o trabalho, a diversidade e a criatividade não a baixaria em destaque.