Brasil: Tranquilidade temporária Cenário Externo: Complacência

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Não confunda ausência de volatilidade com estabilidade, nunca.
Nassim Nicholas Taleb
Entre Fev/2012 e Nov/2013, o Índice Bovespa caiu 10.200 pontos (cerca de 16%). A empresa OGX foi
responsável, sozinha, por mais de 80% deste movimento. O império X fez um estrago ainda maior se
considerarmos a mineradora MMX, que contribuiu com mais 1.000 pontos de queda no índice. Empresas como
Cielo, Hypermarcas, Brasil Foods e os Bancos foram o que salvaram o índice de uma catástrofe. O estrago foi
tão grande que, a partir destes eventos, a Bolsa teve que refazer sua metodologia de cálculo.
Enquanto o recesso parlamentar neste começo de ano parece dar uma falsa impressão de
tranquilidade em relação aos muitos desafios que o Brasil enfrentará em 2017, os depoimentos do empresário
preso Eike Batista, as delações já homologadas da empreiteira Odebretch e a retomada dos trabalhos no
Congresso podem abrir um novo capítulo na operação Lava-Jato e prometem uma agenda nacional intensa.
Brasil: Tranquilidade temporária
Juros – O risco de o Banco Central intensificar os cortes de juros – que antecipávamos na Carta de dezembro
– se materializou, e hoje o mercado já precifica a Selic abaixo de 10% até o fim deste ano. Após este movimento
de ajuste, o espaço para novas surpresas parece ter diminuído, assim como a expectativa de retornos
adicionais investindo-se em Títulos Pré-fixados. Novas alocações em juros, hoje, parecem fazer sentido apenas
através de títulos atrelados à Inflação com destaque para Crédito Privado (Debêntures Incentivadas). A
recuperação da economia ao longo deste ano deve impulsionar o mundo corporativo a buscar recursos no
mercado, e a nova política de financiamento do BNDES deve forçar as empresas a contarem cada vez menos
com recursos desta instituição.
Dólar – O movimento de valorização do Real desde o começo do ano foi uma boa ajuda ao Banco Central no
controle da inflação, porém acreditamos que ao longo do ano o câmbio deve retornar à tendência de
desvalorização frente ao Dólar – muito em razão da política econômica a ser adotada pelo governo Trump nos
EUA. Vale lembrar que, dentre as principais economias do mundo, os Estados Unidos devem ser os únicos
subindo juros em 2017, além da eventual retirada de estímulos monetários pelo Banco Central Europeu.
Bolsa – O corte mais acentuado de juros no Brasil parece ter dado um fôlego adicional à Bolsa, com uma
valorização de +7.38% em janeiro. A busca por maiores retornos através da Renda Variável deve se intensificar,
mas requer uma seleção cuidadosa e tática. Algumas das melhores empresas brasileiras ainda parecem ter
incorporado um excesso de otimismo ainda bastante vulnerável a turbulências que o país pode enfrentar
adiante.
Cenário Externo: Complacência
Nas últimas semanas pudemos observar as primeiras medidas do governo Trump, e os mercados
estrangeiros ainda parecem um tanto complacentes em relação aos impactos dessas medidas. O índice que
mede a volatilidade da bolsa americana (VIX) permanece nos níveis mais baixos da história e os investidores,
nesse momento, parecem aguardar novos fatos.
Entendemos que a economia da Europa poderá retomar um crescimento consistente a partir desse
ano – mesmo com o Brexit –, o que pode beneficiar o mercado de ações nesse continente.
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