eficiência de adaptações morfológicas de insetos aquáticos

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EFICIÊNCIA DE ADAPTAÇÕES MORFOLÓGICAS DE INSETOS
AQUÁTICOS DE AMBIENTES LÓTICOS
Morgado, B. M.¹*, Bechara, I. B.¹, Silva, N. C. S.¹ & Nessimian, J. L.¹
Universidade Federal do Rio de Janeiro, RJ, Brasil. [email protected]
Palavra-Chave: Correnteza
INTRODUÇÃO
Distúrbios, como enxurradas, podem alterar cadeias tróficas e selecionar genótipos favoráveis a
esse meio, proporcionando uma elevada diversidade tanto de espécies quanto de adaptações
morfológicas para cada micro-habitat. A intensidade da correnteza junto com a natureza do
substrato são fatores determinantes na composição e abundância de insetos aquáticos de
ambientes lóticos, podendo constituir um desafio para a adaptação desses insetos (HERSHEY &
LAMBERTI, 2001). Para enfrentar as dificuldades impostas pelo intenso hidrodinamismo, a
seleção natural favoreceu um conjunto de características que permitissem o ajuste ao ambiente
lótico.
Um dos maiores desafios para os insetos de ambientes lóticos é a locomoção (WILLIAMS &
FELTMATE, 1992). Além do fato de existir um fluxo intenso, em comparação com os ambientes
lênticos, a própria movimentação no meio aquático é limitada pela maior viscosidade e
densidade da água em relação ao ar, permitindo aos insetos basicamente dois tipos de
locomoção: através da natação, o que requer o desenvolvimento de adaptações morfológicas
e/ou fisiológicas; e através da deriva. Para os insetos aquáticos, são reconhecidas como
adaptações morfológicas para correnteza aquelas que permitem sua fixação no substrato
evitando a deriva passiva, como garras, ventosas e abrigos fixos e/ou aquelas que podem tornálos mais hidrodinâmicos, como o corpo achatado pisciforme. Associações entre traços de um
grupo e o tipo de fluxo do ambiente em que habitam podem fornecer uma maneira útil de prever
características da história de vida de uma comunidade, dado o tipo de regime do fluxo
(WILLIAMS & FELTMATE, 1992).
Partindo da premissa de que indivíduos com maior número de adaptações morfológicas à
correnteza e/ou com adaptações mais eficientes têm maior chance de permanecer fixos ao
substrato num ambiente de corredeira. Este estudo teve como principal objetivo quantificar e
verificar a eficiência das adaptações morfológicas à correnteza na capacidade de se manter fixo
ao substrato diante de um aumento no fluxo e na turbulência d’água.
METODOLOGIA
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Foram escolhidas sete áreas de 30 cm2 ao longo do afluente, as quais foram amostradas no
sentido montante. Em cada área, foram medidas a velocidade da correnteza e a profundidade e
em seguida foi simulado um distúrbio através do despejo de 70 litros de água sobre a área
delimitada por um coletor de Surber (30 cm2). Os insetos capturados pelo coletor foram
retirados e considerados como tendo derivado com o distúrbio (situação distúrbio). Após o
distúrbio, o substrato da área foi coletado e vistoriado para remoção de todos os insetos que não
foram deslocados. Estes insetos foram considerados como resistentes ao distúrbio (situação pósdistúrbio). Em laboratório o material coletado foi triado e identificado sob microscópio
estereoscópico e com o auxílio de chaves de identificação e especialistas. Em todos os indivíduos
foram também observadas e contadas possíveis adaptações morfológicas à correnteza. Estas
foram ordenadas quanto a sua eficiência.
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O estudo foi realizado no Parque Nacional da Serra dos Órgãos (PARNASO) na sede Teresópolis.
A região passa por um período superúmido a maior parte do ano, sendo o período de inverno os
meses com menores valores de umidade relativa e precipitação. O estudo foi realizado em maio
de 2011 em um trecho de um afluente de 2ª ordem do Rio Paquequer.
RESULTADOS & DISCUSSÃO
Nesse estudo, os insetos com maior número de adaptações foram encontrados nas situações
pós-disturbio; e o mesmo se deu para a qualidade das adaptações. A produção de seda e
aspectos comportamentais (Hydropsychidae) mostraram-se mais importantes do que a
presença de características morfológicas em um evento de enxurrada. Baetidae foi o grupo mais
abundante na situação de distúrbio. Uma possível explicação para isso é o fato das ninfas
apresentarem a cabeça hipognata, ou seja, com menor hidrodinamismo que insetos prognatos e
terem hábito de nadar, estando, portanto, mais sujeitas a variações da correnteza na coluna
d’água. Além disso, possuem o corpo fusiforme que apesar de ser adequado para natação em
ambientes lóticos, não parece ser eficaz em enxurradas. Já Hydropsychidae foi o grupo mais
abundante na situação pós-distúrbio. Uma possível explicação para isso é que as larvas exibem a
orientação da cabeça prognata, tornando-os mais hidrodinâmicos e a produção de seda, através
da qual constroem abrigos onde se escondem quando necessário. Hydropsychidae é um grupo
extremamente importante na ecologia de ambientes lóticos devido à sua elevada abundância e
por sua participação no fluxo de energia e ciclagem de nutrientes no meio aquático (SGANGA &
FONTANARROSA, 2006).
CONCLUSÃO
Além da correnteza, insetos aquáticos sofrem influência de outros fatores físicos que atuam
simultaneamente, como abrasão do tegumento por sólidos suspensos, fricção e a tendência a
ascender à superfície. Seria fisicamente impossível uma espécie apresentar uma só adaptação às
pressões exercidas por todos os fatores presentes em ambientes lóticos. A combinação de
adaptações morfológicas e comportamentais parece ser o método mais eficiente de locomoção
em ambientes lóticos sujeitos a enxurradas.
BIBLIOGRAFIA CITADA
HERSHEY, A. & LAMBERTI, G.A. 2001. Aquatic insect ecology. In: Ecology and classification
of North American Freshwater Invertebrates, Academic press, 2ª ed, pp. 733-774.
SGANGA, J. & FONTANARROSA, S. 2006. Contribution to the knowledge of the preimaginal
stages of the genus Smicridea Mc Lachlan in South America (Trichoptera: Hydropsychidae:
Smicrideinae). Zootaxa, 1258: 1-15.
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WILLIAMS, D. D., FELTMATE, B. W. 1992. Aquatic Insects. C.A.B. Inst., Wallingford, Oxon,
UK. Division of Life Sciences Scarborough Campus University of Toronto Canada.
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