Marcos Carvalho de Vasconcellos Departamento de Pediatria da FM UFMG [email protected] Caso 1: WhatsApp: “Dr. Marcos, o meu bebê de 7 dias de vida está com febre de 38,5°C. Posso dar paracetamol?”. Caso 2: Consultório: “Lactente de 63 dias de vida com febre de 39,5°C, sem outros sinais ou sintomas”. Caso 3: PA: “Lactente de 2 anos de idade com febre de 38°C, sem outros sinais ou sintomas”. Aproximadamente 25% de todas as consultas na emergência devemse à FEBRE. Após História Clínica e Exame Físico completo, na maioria dos casos é possível identificar o foco e instituir terapêutica adequada. Entretanto: Em cerca de 20% dos casos em crianças menores de 3 anos, a identificação do foco não é possível após a avaliação inicial. Esta situação é ainda mais frequente nos lactentes de baixa idade e é conhecida com FEBRE SEM SINAIS LOCALIZATÓRIOS (FSSL). A avaliação de crianças com FSSL tem sido fonte de muita controvérsia e debate. - - A maioria dessas crianças apresenta uma doença infecciosa aguda autolimitada ou está em fase prodrômica de uma doença infecciosa benigna. Porém, uma pequena proporção, que não apresenta comprometimento clínico, pode evoluir para uma infecção bacteriana grave (IBG): meningite, septicemia, pielonefrite, artrite, osteomielite, pneumonia, enterite, e outras. “GRANDE DESAFIO PARA O PEDIATRA” - Diferenciar, dentro dos quadros de FSSL, uma doença benigna auto limitada daquele pequeno, mas importante, grupo de crianças portadoras de bacteremia oculta, para tratamento específico o mais precocemente possível” Considerações epidemiológicas: ◦ Na era pré-vacina para hemófilos e pneumococos: 3 a 10 % das crianças <3 anos com FSSL e bom estado geral apresentavam BO. ◦ Após vacinação para hemófilos (1999) a incidência de BO baixou de 3% para 1,5 a 1,9%, e o pneumococo tornou-se o agente mais importante de bacteremia nessa faixa etária. ◦ Com a introdução da vacina conjugada pneumocócica (2010), os estudos tem mostrado uma diminuição rápida e dramática de BO, atingindo < de 1%. ◦ Screening pré-natal e quimioprofilaxia intra-parto contra estreptococo beta-hemolítico do grupo B. Critérios clínicos + achados laboratoriais Protocolos de manejo de crianças febris em diferentes faixas etárias até 36 meses (Critérios de Rochester e Protocolo de Baraff) CRITÉRIOS CLÍNICOS - Toxemia Urgência - Exame clínico normal Anamnese e exame físico detalhado - Dificuldade na avaliação do lactente jovem e do RN - Reexaminar quando afebril - A avaliação clínica NÃO é suficiente para distinguir entre os recém-nascidos e lactentes jovens febris com e sem infecção bacteriana. Exames complementares - Contagem global de leucócitos e de neutófilos: <5.000 ou >15.000 (>20.000) - Contagem total de neutrófilos > 10.000 - Relação bastonetes/neutrófilos > 0,2 - Quanto mais alta a febre e a leucocitose, e menor a idade, maior a possibilidade de bacteremia. Proteína C reativa > 30 mg/L; Procalcitonina (PCT): é mais sensível e mais precoce (febre com menos de 12 horas de duração). Geralmente normal nas viroses Veloc. de hemossedimentação > 30 mm; Exame de urina: - 10 ou mais leucócitos por campo - método de triagem com fitas reativas (esterase leucocitária e nitritos) - Método e técnica de coleta (saco coletor – altas taxas de falsopositivo, mas Valor Preditivo Negativo elevado) Radiografia de tórax - Na presença de taquipneia e outros sinais e sintomas respiratórios ou na criança toxemiada é obrigatória - Pesquisa de vírus: testes rápidos - Pesquisa de vírus respiratórios em secreção de nasofaringe por imunofluorescência indireta (adenovírus, vírus influenza A e B, VSR, parainfluenza 1, 2 e 3). Uma criança toxemiada encontra-se: - Letárgica, - Irritada, - Inapetente, - Pouco responsiva, - Podendo apresentar sinais de choque: pulsos finos, perfusão diminuída, dificuldade respiratória, palidez, cianose, pele mosqueada. Internação Hemograma Hemocultura Urina rotina e cultura Rx tórax Líquor ATB empírica Antibioticoterapia empírica: empírica RN (<30 dias): ampicilina e genta ou cefotaxima Lactentes jovens (30 a 90 dias), alto risco: - ampicilina e cefalosporina de terceira geração Entre 3 e 36 meses e temperatura > 39°C: - ceftriaxona??? Se pelo menos 2 doses de vacinas para hemófilos, pneumo e meningo: - observação rigorosa e retorno diário. Caso 1: WhatsApp: “Dr. Marcos, o meu bebê de 7 dias de vida está com febre de 38,5°C. Posso dar paracetamol?”. Caso 2: Consultório: “Lactente de 63 dias de vida com febre de 39,5°C, sem outros sinais ou sintomas”. Caso 3: PA: “Lactente de 2 anos de idade com febre de 38°C, sem outros sinais ou sintomas”.