VI Seminário Latino-Americano de Geografia Física II Seminário Ibero-Americano de Geografia Física Universidade de Coimbra, Maio de 2010 CLIMA E PRODUTIVIDADE DA CULTURA DA CANA-DE-AÇÚCAR NA MICRORREGIÃO DE CAMPO MOURÃO, PR, SUL DO BRASIL MSc. Ivonete de A. Souza1 – [email protected] 1 Aluna de Doutorado do programa de pós-graduação em Geografia Física da FFLCH – USP Prof. Dr. Emerson Galvani2 – [email protected] 2 Departamento de Geografia FFLCH –USP Resumo: A microrregião de Campo Mourão localizada na região Centro-Oeste paranaense, situada entre as latitudes e longitudes de 23º45’95’’ S e 24º35’46’’ S, 51º58’50’’ W e 52º37’24’’ W e altitudes de 349 m a 759 m. O objetivo deste trabalho foi identificar a influência do clima (chuva, deficiencia hídrica e excedente hídrico) na produtividade da cultura da cana-de-açúcar. Para essa cultura a temperatura ótima situa-se entre 22 a 30°C, sendo que nessas condições a cultura apresenta seu máximo crescimento e desenvolvimento. Nos trópicos e subtrópicos essa cultura demanda de água de um mínimo em torno de 1200 mm/ano. As condições de variabilidades hídricas, precipitação pluvial, os excedentes e as deficiências hídricas, são atributos relevantes da variação anual de produção e produtividade. Uma vez que a cultura da cana-de-açúcar tem ciclo de doze e dezoito meses. Utilizou-se na análise um período de 30 (1977 a 2007) anos de dados do atributo do clima e para as variáveis da cultura (área, produção e produtividade) um período de 17 anos (1990 a 2007). Dados fornecidos pela Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento e Estação Climatológica de Campo Mourão e pelo IBGE. O total anual de chuva variou em torno de 1100 a 2600 mm, com média histórica de 1644,4 mm. Quanto à relação entre as variáveis, identificou-se correlação significativa entre deficiência hídrica versus produtividade e chuva e produtividade. Apresentando está última correlação maior que a primeira. Os resultados indicaram que a variabilidade pluviométrica, os excedentes hídricos e as deficiências hídricas são importantes no acréscimo/decréscimo da produtividade da cana-de-açúcar. PALAVRAS-CHAVE: balanço hídrico de cultura, deficiência hídrica, excedente hídrico, variabilidade pluvial, produtividade agrícola. 1 Tema 3 – Geodinâmicas: entre os processos naturais e socioambientais Introdução Grande parte do território brasileiro é ocupada pela atividade primária, portanto, com economia baseada na agricultura. Dentre seus produtos agrícolas, tem como destaque a cultura da cana-de-açúcar. Essa cultura coloca o Brasil em primeiro lugar, no cenário internacional, como maior produtor e exportador de açúcar de cana no mundo. Dos vários Estados desse País, o estado do Paraná é o segundo maior produtor, precedido apenas pelo estado de São Paulo. A maioria das regiões paranaenses é basicamente agrícola. Em específico, destacase a região Centro-Ocidental pela dependência nessa atividade, a qual, atualmente, emprega parte considerável de suas terras a cultura da cana-de-açúcar. Cultura esta destinada preferencialmente a produção de combustível (etanol) e açúcar. Essa cultura, de modo geral, exige para o seu pleno desenvolvimento condições de clima preferencialmente Tropical, com variações sazonais bem definidas, ou seja, uma estação chuvosa e quente e outra seca e fria. Pois sua produtividade e qualidade da sacarose são também intensamente influenciadas pelas condições climáticas durantes os vários subperíodos de crescimento do cultivo. A deficiencia hídrica, por exemplo, é mais critica nos primeiros três meses de desenvolvimento da planta. A planta da cana-de-açúcar é considerada semiperene, portanto sujeita às variações climáticas locais durante o ano todo. É exigente, sobretudo, de chuva nas fases de crescimento e desenvolvimento e de um período de restrição hídrica ou térmica (repouso fisiológico) na fase de maturação para favorecer o acúmulo de sacarose (Machado, 2008). Para tanto, pode-se dizer que o clima ideal é aquele que apresenta duas estações distintas, uma quente e úmida, para proporcionar a germinação, perfilhamento e desenvolvimento vegetativo, seguido de outra fria e seca, para promover a maturação (Crispim, 2006). A qualidade e o rendimento da cana-de-açúcar, que dá sustentação econômica da atividade, variam, sobretudo em função do clima, em específico do atributo pluviométrico. Para essa cultura a umidade do ar e do solo é um fator causador da variabilidade anual de sua produção e produtividade, exigindo em regiões tropicais e subtropicais de um mínimo em torno de 1200 mm/ano. A temperatura ótima situa-se em torno de 22 a 30°C, sendo que nessas condições a cultura apresenta seu máximo crescimento. Acima de 38° C não há crescimento e abaixo de 20º C o desenvolvimento da cultura é considerado nulo (Barbieri & Villa Nova, 1977; Doorembos & Kassan, 1979; Magalhães, 1987; Alfonsi, 2000). 2 VI Seminário Latino-Americano de Geografia Física II Seminário Ibero-Americano de Geografia Física Universidade de Coimbra, Maio de 2010 Pesquisas sobre clima e produção da cana-de-açúcar mostraram quebra de produtividade entre 9% e 43% em função de deficiência hídrica na cultura da cana-deaçúcar (Rossin et al., 2006). Ainda segundo Abreu (2009) a deficiência hídrica na fase inicial de desenvolvimento vegetativo limitou o crescimento, desenvolvimento e a produtividade dessa cultura. Assim, este trabalho teve por objetivo verificar a relação entre desvios de precipitação/Excedente/Deficiencia hídrica e produtividade da cultura da cana-deaçúcar nos municípios agroindustriais da microrregião de Campo Mourão, PR, no período de 1990 a 2006. Localização e caracterização da área estudada O Brasil está localizado na América do Sul faz divisa com doze países e limita-se a leste com o oceano Atlântico. O território brasileiro é composto por vinte e sete Estados e dentre eles o Paraná, em destaque no mapa, é objeto de estudo deste trabalho (Figura 1). A área estudada, a microrregião de Campo Mourão, situa-se na região CentroOcidental paranaense e é composta por quatorze municípios, (Figura 1). Área está localizada entre as latitudes de 23º46’ S, longitudes de 52º26’42’’ W e 52º16’35’’ W respectivamente, e altitudes médias que variam de 345 a 751 metros. Possui uma área total de 7.069,266 km2 e uma população estimada em 2006 de 205.493 habitantes. Em função basicamente da latitude e altitude, predomina nessa região o clima subtropical (Cfa), ou seja, clima pluvial temperado sempre úmido e temperatura média do mês mais quente em torno de 22º C, (MAACK, 2002). Os meses mais chuvosos são os de dezembro, janeiro e fevereiro, enquanto os mais secos são os meses de junho, julho e agosto. As médias das temperaturas máximas variam de 27º C a 29º C e as mínimas de 15º C a 18º C, (IAPAR, 2000). O relevo apresenta características suave ondulado, suave ondulado a ondulado e ondulado e altimetria de 200 a 1000 metros. 3 NA GU IA SU R VENEZUELA I NA ME G FR UIAN AN A CE SA Tema 3 – Geodinâmicas: entre os processos naturais e socioambientais COLÔMBIA EQUADOR BRASIL PERU BOLÍVIA PARAGUAI CHILE ARGENTINA URUGUAI 0 1000 2000 3000km Figura 1 – Localização da área estudada destacando os municípios da microrregião de Campo Mourão, PR. Material e Métodos Para este estudo utilizaram-se dados de chuva e de produção da cultura da cana-deaçúcar (área plantada em hectares (ha), quantidade produzida em toneladas (ton) e rendimento em ton/ha). Para o primeiro atributo dados de um período de trinta anos, 1977 a 2006, obtidos por meio da SEAB/ECPCM (Secretária da Agricultura e do Abastecimento de Campo Mourão/Estação Climatológica Principal de Campo Mourão). E para o segundo, uma série de dezessete anos, 1990 a 2006. Estes obtidos por meio do PAM/IBGE (Produção Agrícola Municipal/Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e do programa Balanço Hídrico de Cultura (BHC). Empregou-se também o BHC para determinar as condições de Excedente (EXC) e Deficiência (DEF) hídricas do solo. Essas condições hídricas foram verificadas através do programa computacional denominado Balanço Hídrico, desenvolvido por Rolim et al, (1998). Os dados foram manipulados com ajuda do software Excel, para a elaboração de tabelas e gráficos estatísticos. A análise estatística empregada nas variáveis envolveu soma e média aritmética, diagrama de dispersão, coeficiente de correlação e determinação (CRESPO, 2002) entre os desvios de precipitação e os desvios de produtividade para a microrregião estudada com produção agroindustrial (Engenheiro Beltrão, Fênix, Peabirú, Quinta do Sol e Terra Boa). O diagrama de dispersão fornece uma idéia da correlação existente. O coeficiente de correlação indica o grau de intensidade da correlação (que pode variar de +1 4 VI Seminário Latino-Americano de Geografia Física II Seminário Ibero-Americano de Geografia Física Universidade de Coimbra, Maio de 2010 (relação direta) e –1 (relação inversa)) entre as variáveis e o sentido dessa correlação. Valores iguais a um ou próximos indicam forte relação entre as variáveis. Valores próximos de zero significa que existe pouco relacionamento entre as variáveis. Portanto, -1≤ r ≤ +1. E o coeficiente de determinação deve ser interpretado como a proporção da variação total da variável dependente (Y) que é explicada pela variação da variável independente(X). Para determinar os dados de EXC e DEF utilizou-se a série de dados de chuva e temperatura dos anos agrícolas de 1990/91 a 2006/07. A maioria dos municípios agroindustriais da microrregião encontra-se num raio de abrangência da estação climatológica em torno de 50 km, no máximo. Resultados e Discussões - Análise dos dados de chuva e produtividade Com os dados pluviométricos foram calculados os totais anuais de chuva e a média mensal de chuva do período de 1977 a 2007 (Figura 2 e 3). O total anual de chuva variou entre 1143,6 mm a 2576,1 mm e a média do período de 1644,4 mm. Do período de 31 anos de chuva analisado, constatou-se que (Figura 2): treze anos 2576,1 225 137,03 200 Chuva (mm) 1644,4 175 1143,6 150 125 100 75 50 25 Figura 2 – Total anual e média mensal de chuva, período de 1977 a 2007, região de Campo Mourão, PR. Fonte: SEAB/ECPCM (2007). 5 Méd Nov Dez Set Out Jul Ago Mai Jun Abr Mar Jan 0 Fev 2800 2600 2400 2200 2000 1800 1600 1400 1200 1000 800 600 400 200 0 1977 1978 1979 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Méd Chuva (mm) obtiveram chuvas abaixo de 1600 mm, dos quais cinco com totais abaixo de 1400 mm. Outros dez anos apresentaram totais entre 1400 e 1700 milímetros. Os demais anos, portanto, com totais de chuva acima de 1700 mm. Desses destacaram-se os anos de 1983, 1990 e 1998 com chuva acima de 2000 milímetros, aumento entre 22% a 52% acima da média. Tema 3 – Geodinâmicas: entre os processos naturais e socioambientais Com relação à média mensal de precipitação do período obteve-se um valor de 137,03 milímetros. Os totais de chuva acima de 150 mm mensais ocorrem nas estações de primavera, outono e verão e abaixo de 100 mm no inverno. (Figura 3). Os dados da cultura da cana-de-açúcar e de chuva do período de 1990/91 a 2006/07 estão representados na Tabela 2. Os municípios agroindustriais apresentaram médias do período de área plantada de 2.070,3 ha, produção de 181.247,9 ton e produtividade de 88,2 ton/ha. Quanto às chuvas o mais baixo total ocorreu no ano de 1995/96 com valor de 1327,6 mm e o mais elevado em 1997/98 com 2094,8 mm e média de 1644,5 mm. Tabela 2 – Dados dos totais anuais de chuva e média dos dados da cana-de-açúcar, para 17 anos nos municípios agroindustriais da microrregião estudada. Ano Chuva (mm) 1990/91 1460,3 1991/92 1768,6 1992/93 1531,4 1993/94 1955,2 1994/95 1441 1995/96 1327,6 1996/97 1972,7 1997/98 2094,8 1998/99 1901,5 1999/00 1366,8 2000/01 1582,8 2001/02 1462,7 2002/03 1787,2 2003/04 1586,3 2004/05 1591,3 2005/06 1481,1 2006/07 1698,1 Média 1644,5 / *1644,4 * média 30 anos Produtividade (ton/ha) 86,9 88,2 94,1 100,0 90,8 87,9 83,1 93,3 95,1 77,8 79,3 86,9 80,5 96,3 89,7 76,4 92,4 88,2 Área (ha) Produção (ton) 1.146,5 755,6 2.149,0 1.064,2 1.336,6 1.887,6 2.104,8 2.068,6 2.143,2 2.170,8 2.172,6 2.232,0 2.221,4 2.385,8 2.670,4 3.382,2 3.304,2 2.070,3 99.584,0 66.633,8 202.241,0 106.370,6 121.396,4 165.979,2 174.886,8 193.098,8 203.825,2 168.992,2 172.375,2 193.969,6 178.793,8 229.744,8 239.508,6 258.547,6 305.266,4 181.247,9 Conforme mostra o gráfico de desvio, houve cinco anos com ocorrências de aumento na produtividade, quando o total de chuva esteve acima da média, e seis situações de redução na produtividade quando o desvio de precipitação esteve abaixo da média (Figura 4 A). O coeficiente de correlação foi de r=0,4 valor este considerado como uma correlação moderada entre as chuva e produtividade, de acordo com o gráfico de dispersão (Figura 4 B). 6 VI Seminário Latino-Americano de Geografia Física II Seminário Ibero-Americano de Geografia Física Universidade de Coimbra, Maio de 2010 -300 -400 -500 r=0,4 5 500 400 300 200 100 -5 0 -100 -200 0 -300 2006/07 2004/05 2002/03 2000/01 1998/99 1996/97 -200 1994/95 -100 1992/93 0 10 -400 100 y = 0,0109x - 0,4393 R2 = 0,1302 r=0,4 15 B -500 200 1990/91 Chuva (mm) 400 A 300 14 12 10 8 6 4 2 0 -2 -4 -6 -8 -10 -12 -14 Produt (ton/ha) Desvio Produt Produt (ton/ha) Desvio chuva 500 -10 -15 Chuva (mm) Figura 4 – Desvios (A) e dispersão (B) anuais de chuva e de produtividade da cana-de-açúcar nos municípios agroindustriais da área estudada. Os anos com produtividade que não responderam à variabilidade pluviométrica, ou seja, chuva anual acima da média e produtividade abaixo e vice versa, tiveram a seguinte distribuição mensal e quantidade (Figura 5): Em 1992/93 a distribuição esteve bem próxima da média mensal para a maioria dos meses; 1994/95 a maioria dos meses da fase de maior exigência em água pela cultura tiveram chuva acima da média; 1996/97 teve sete meses com chuva abaixo da média; 2002/03 apresentou seis meses com chuva abaixo da média, desses três no início da cultura; em 2003/04 ocorreram cinco meses com chuva abaixo da média intercalados com meses acima da média e; em 2004/05 os cinco primeiros meses foram intercalados com meses ora acima ora abaixo da média. Dentro dessa distribuição de chuva mensal os totais anuais entre 100 e 200 mm abaixo da média mantiveram produtividade com desvio positivo em relação à média. 7 Tema 3 – Geodinâmicas: entre os processos naturais e socioambientais 350 350 300 300 350 350 300 300 450 Total=1972,7 mm 1996/97 400 350 350 300 300 Chuva (mm) 400 250 200 150 Jul Ago Jun Mai Abr Jul Ago Jun Abr Set Jul Ago Jun Mai Abr Mar Fev Jan Dez 0 Nov 50 0 Out 100 50 Mai 150 100 450 Fev 200 Mar 150 Total=1586,3 mm 250 Fev 200 Dez 250 2003/04 Nov Chuva (mm) 400 Mar Set Jul Ago Abr Mai Jun 450 Total=1441,4 mm 400 Out 1994/95 Mar Fev Jan Dez 0 Nov 50 0 Set 100 50 Jan 150 100 Set Total=1591,3 mm 2004/05 250 200 150 100 100 50 50 Jul Ago Jun Abr Mai Mar Fev Jan Dez Nov Ago Jul Jun Mai Abr Mar Fev Jan Nov Dez Out Set Out 0 0 Set Chuva (mm) 200 Dez 150 Total=1787,2 mm 250 Jan 200 Nov 250 2002/03 Out Chuva (mm) 400 450 Chuva (mm) 450 Total=1531,4 mm 1992/93 400 Out Chuva (mm) 450 Figura 5 – Distribuição mensal e total anual de chuva para os anos com desvio de produtividade contrária ao desvio de chuva. -Análise dos dados de EXC e DEF hídrica versus Produtividade Os dados de EXC e DEF hídrica, extraídos do BH de Cultura, são para os anos agrícolas de 1990/91 a 2006/2007. A média desse período foi de 1066,7 mm para o EXC e de 31,2 mm para a DEF. E média de produtividade de 88,9 ton/ha. Com a média do período de cada uma dessas variáveis e da produtividade, calculou-se o desvio anual em relação à média. Com esses dados calculou-se também o coeficiente de correlação entre as variáveis hídricas e produtividade (Tabela 3). Nesse período de tempo os valores mais elevados de EXC hídrico ocorreram nos anos agrícolas de 1996/96 a 1998/99 com desvio em relação à média de 572,4, 433,1 e 311,2 mm e os mais baixos nos anos de 1990/91, 1994/95 e 2001/02 com desvios negativos de 914,5 , 338,4 e 333,7 mm. A DEF hídrica teve os valores mais elevados nos anos de 1993/94, 1997/98 e 2002/03 desviando negativamente da média em 22,0, 8 VI Seminário Latino-Americano de Geografia Física II Seminário Ibero-Americano de Geografia Física Universidade de Coimbra, Maio de 2010 27,1 e 24,4 mm e os mais baixos em 1996/97, 2001/02 e 2004/05 com desvios positivos de 23,3, 25,0 e 72,6 mm. Tabela 3 – Dados de EXC, DEF, Produtividade, desvios (di) em relação à média e coeficiente de correlação (r), período 1990/91 a 2006/07 nos municípios canavieiros. Ano 1990/91 1991/92 1992/93 1993/94 1994/95 1995/96 1996/97 1997/98 1998/99 1999/00 2000/01 2001/02 2002/03 2003/04 2004/05 2005/06 2006/07 Média (r) EXC (mm) di EXC DEF (mm) di DEF Produt. (ton/ha) di Produt 152,1 1267,4 1129,2 1387,4 728,3 844,0 1639,1 1499,8 1377,9 1008,0 1010,9 732,9 1125,4 1067,1 1079,0 1045,6 1039,5 1066,7 0,24 -914,5 200,7 62,6 320,7 -338,4 -222,7 572,4 433,1 311,2 -58,7 -55,8 -333,7 58,7 0,4 12,4 -21,1 -27,2 22,7 34,9 18,6 9,2 15,1 30,7 54,5 4,1 28,0 29,9 31,1 56,2 6,7 43,2 103,8 24,4 17,0 31,2 -8,4 3,7 -12,5 -22,0 -16,0 -0,4 23,3 -27,1 -3,2 -1,3 -0,1 25,0 -24,4 12,0 72,6 -6,8 -14,2 86,9 88,2 94,1 100,0 90,8 87,9 83,1 93,3 95,1 77,8 79,3 86,9 80,5 96,3 89,7 76,4 92,4 88,2 -0,8 5,2 11,0 1,9 -1,0 -5,9 4,4 6,2 -11,1 -9,6 -2,0 -8,5 7,4 0,7 -12,5 3,4 4,2 -0,57 Nesse período a variabilidade hídrica no solo e a produtividade tiveram o seguinte comportamento: entre EXC hídrico e produtividade houve oito e nove anos, respectivamente, com desvios positivos e os desvios negativos somaram oito anos, tanto para EXC quanto para a produtividade (Figura 6A). Para a DEF hídrica e produtividade foram cinco e nove anos de desvios positivos, enquanto para os negativos foram dez e oito anos, respectivamente (Figura 6B). Embora aumento ou diminuição da variável hídrica nem sempre coincide com aumento ou redução da produtividade, conforme indica o gráfico de dispersão analisado na seqüência. 9 B 100 DESV DEF DESV PRODUT 80 60 40 20 2005/06 2006/07 2004/05 2002/03 2003/04 2000/01 2001/02 1998/99 1999/00 1997/98 1995/96 1996/97 1993/94 1994/95 -40 1992/93 0 -20 1990/91 1991/92 DEF (mm) 14 12 10 8 6 4 2 0 -2 -4 -6 -8 -10 -12 -14 PRODUT (ton/ha) 2004/05 2005/06 2006/07 2001/02 2002/03 2003/04 DESV PRODUT 1998/99 1999/00 2000/01 1996/97 1997/98 DESV EXC 1993/94 1994/95 1995/96 1100 1000 900 800 700 600 500 400 300 200 100 0 -100 -200 -300 -400 -500 -600 -700 -800 -900 -1000 -1100 1990/91 1991/92 1992/93 EXC (mm) A -60 -80 -100 14 12 10 8 6 4 2 0 -2 -4 -6 -8 -10 -12 -14 PRODUT (ton/ha) Tema 3 – Geodinâmicas: entre os processos naturais e socioambientais Figura 6 – Desvios de EXC (A) e DEF (B) hídrica com a produtividade nos municípios canavieiros da área estudada, período de 1990/91 a 2006/07. O gráfico de dispersão apresentou linearidade, embora não perfeita, entre as variáveis hídricas e produtividade sinalizando que existe correlação entre as variáveis. Ou seja, o crescimento de uma variável (Y dependente) está diretamente ligado ao crescimento da outra (X independente). Entre a variável EXC hídrico e produtividade a linearidade foi positiva e para DEF hídrica e produtividade, linearidade negativa (Figura 7A e B). O coeficiente de correlação para EXC hídrico e produtividade foi de r= 0,24. Este valor, no entanto, expressa uma fraca correlação entre as variáveis. O coeficiente de determinação foi de R2= 0,0579, ou seja, que 5,79% da variação da produtividade é explicada pela variabilidade do EXC hídrico. Para a DEF hídrica e a produtividade o coeficiente de correlação foi de r= 0,57, indicando intensidade moderada de correlação entre essas variáveis. Com coeficiente de determinação de R2= 0,326, explicando que 33,0% da variação da produtividade se deve pela variabilidade da DEF hídrica (Figura 7A e B). 80 70 60 50 40 30 20 10 y = -0,1773x - 9E-15 R2 = 0,3262 r= -0,57 0 16 14 12 10 8 6 4 2 0 -2 -4 -6 -8 -10 -12 -14 -16 -10 -20 -30 -40 -50 -60 -70 PRODT (ton/ha) -80 B 1000 800 600 400 y = 0,0052x - 1E-14 R2 = 0,0579 r= 0,24 200 16 14 12 10 8 6 4 2 0 -2 -4 -6 -8 -10 -12 -14 -16 EXC (mm) 0 -200 -400 -600 -800 -1000 PRODUT (ton/ha) A DEF (mm) Figura 7 – Dispersão de EXC (A) e DEF (B) hídrica versus produtividade da cultura de canade-açúcar para os municípios da microrregião de Campo Mourão com produção agroindustrial, período de 1990/91 a 2006/07. 10 VI Seminário Latino-Americano de Geografia Física II Seminário Ibero-Americano de Geografia Física Universidade de Coimbra, Maio de 2010 Os valores de correlação entre a variável DEF hídrica versus a variável produtividade revelam que existe correlação significativa entre essas. E que o valor com sinal negativo expressa que há diminuição da produtividade quando houver aumento da DEF hídrica. Conclusão A menor variabilidade anual das chuvas no período de tempo estudado ficou em torno do mínimo exigido pela cultura da cana-de-açúcar. E o ano com total mais elevado ficou 27,4% acima da média. Quanto ao grau de correlação entre as variáveis, só não houve correlação significativa entre a variável EXC hídrico e produtividade. Para as demais variáveis, DEF versus produtividade e chuva e produtividade, existe correlação significativa. Sendo que para a segunda variável a correlação foi mais intensa que para a primeira. A correlação positiva entre chuva e produtividade mostra que há tendência de aumento de produtividade quando houver aumento nos totais de chuva. E a correlação negativa entre DEF e produtividade é que normalmente ocorre quebra de produtividade com aumento na DEF hídrica, ou seja, em anos mais secos. Assim, as análises de correlação entre desvios de precipitação e produtividade indicam que a variabilidade pluviométrica é um controle importante no acréscimo/decréscimo da produtividade da cultura da cana-de-açúcar. Referencias Bibliográficas Abreu, M. L., at al., 2009, ‘Balanço hídrico, crescimento e produtividade de cana-deaçúcar em Alagoas’, In: XVI Congresso Brasileiro de Agrometeorologia, Belo Horizonte, UFV, pp. 1-5. Alfonsi, R.R., 2000, ‘Agrometeorologia e sua importância para uma agricultura racional e sustentável’, In: Sant’anna Neto; Zavatini, J. A. (Org.), Variabilidade e mudanças climáticas: Implicações ambientais e socioeconômicas. Maringá: EDUEM, pp. 213223. Barbieri, V. e Villa Nova, N. A., 1977, ‘Climatologia e a cana-de-açúcar’, In: PLANALSUCAR, Coordenadoria Regional Sul, COSUL, Araras, pp. 1-22. Crespo, A. A., 2002, Estatística fácil, 17 ed., São Paulo, Saraiva, 224 p. 11 Tema 3 – Geodinâmicas: entre os processos naturais e socioambientais Crispim, J.E. 2006, ‘Manejo correto da cana é essencial para alta produtividade’, Rev. Campo&Negócios, Uberlândia, MG, Ano IV, n.37, p.16-18. Doorenbos, J. & Kassam, A.H., 1979, Yield response to water, Rome: Food and Agriculture Organization of the United Nations, 193 p. (FAO-Irrigation and Drainage Paper n.33). Maack, R., 2002, Geografia Física do estado do Paraná, 3ª ed., Curitiba, Imprensa Oficial. Machado, R.S., Ramos, R.A., Machado, D.F.S.P., RIBEIRO, R.V and Machado, E.C., 2008, ‘Fotossíntese e conteúdo foliar de carboidratos em cana-de-açúcar’. In: Simpósio Brasileiro sobre ecofisiologia, maturação e maturadores em cana-de-açúcar, Botucatu: UNESP/FCA, pp. 11-15. Magalhães, A. C. N., 1987, ‘Ecofisiologia da cana-de-açúcar: aspectos do metabolismo do carbono da planta’. In: Castro, P. R. C.; Ferreira, S. O.; Yamada, T. (Coord.) 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