Ivonete de Almeida Souza, Emerson Galvani

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VI Seminário Latino-Americano de Geografia Física
II Seminário Ibero-Americano de Geografia Física
Universidade de Coimbra, Maio de 2010
CLIMA E PRODUTIVIDADE DA CULTURA DA CANA-DE-AÇÚCAR NA
MICRORREGIÃO DE CAMPO MOURÃO, PR, SUL DO BRASIL
MSc. Ivonete de A. Souza1 – [email protected]
1
Aluna de Doutorado do programa de pós-graduação em Geografia Física da FFLCH
– USP
Prof. Dr. Emerson Galvani2 – [email protected]
2
Departamento de Geografia FFLCH –USP
Resumo: A microrregião de Campo Mourão localizada na região Centro-Oeste
paranaense, situada entre as latitudes e longitudes de 23º45’95’’ S e 24º35’46’’ S,
51º58’50’’ W e 52º37’24’’ W e altitudes de 349 m a 759 m. O objetivo deste trabalho
foi identificar a influência do clima (chuva, deficiencia hídrica e excedente hídrico) na
produtividade da cultura da cana-de-açúcar. Para essa cultura a temperatura ótima
situa-se entre 22 a 30°C, sendo que nessas condições a cultura apresenta seu máximo
crescimento e desenvolvimento. Nos trópicos e subtrópicos essa cultura demanda de
água de um mínimo em torno de 1200 mm/ano. As condições de variabilidades
hídricas, precipitação pluvial, os excedentes e as deficiências hídricas, são atributos
relevantes da variação anual de produção e produtividade. Uma vez que a cultura da
cana-de-açúcar tem ciclo de doze e dezoito meses. Utilizou-se na análise um período
de 30 (1977 a 2007) anos de dados do atributo do clima e para as variáveis da cultura
(área, produção e produtividade) um período de 17 anos (1990 a 2007). Dados
fornecidos pela Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento e Estação
Climatológica de Campo Mourão e pelo IBGE. O total anual de chuva variou em torno
de 1100 a 2600 mm, com média histórica de 1644,4 mm. Quanto à relação entre as
variáveis, identificou-se correlação significativa entre deficiência hídrica versus
produtividade e chuva e produtividade. Apresentando está última correlação maior
que a primeira. Os resultados indicaram que a variabilidade pluviométrica, os
excedentes hídricos e as deficiências hídricas são importantes no
acréscimo/decréscimo da produtividade da cana-de-açúcar.
PALAVRAS-CHAVE: balanço hídrico de cultura, deficiência hídrica, excedente hídrico,
variabilidade pluvial, produtividade agrícola.
1
Tema 3 – Geodinâmicas: entre os processos naturais e socioambientais
Introdução
Grande parte do território brasileiro é ocupada pela atividade primária, portanto,
com economia baseada na agricultura. Dentre seus produtos agrícolas, tem como
destaque a cultura da cana-de-açúcar. Essa cultura coloca o Brasil em primeiro lugar,
no cenário internacional, como maior produtor e exportador de açúcar de cana no
mundo. Dos vários Estados desse País, o estado do Paraná é o segundo maior
produtor, precedido apenas pelo estado de São Paulo.
A maioria das regiões paranaenses é basicamente agrícola. Em específico, destacase a região Centro-Ocidental pela dependência nessa atividade, a qual, atualmente,
emprega parte considerável de suas terras a cultura da cana-de-açúcar. Cultura esta
destinada preferencialmente a produção de combustível (etanol) e açúcar.
Essa cultura, de modo geral, exige para o seu pleno desenvolvimento condições de
clima preferencialmente Tropical, com variações sazonais bem definidas, ou seja, uma
estação chuvosa e quente e outra seca e fria. Pois sua produtividade e qualidade da
sacarose são também intensamente influenciadas pelas condições climáticas durantes
os vários subperíodos de crescimento do cultivo. A deficiencia hídrica, por exemplo, é
mais critica nos primeiros três meses de desenvolvimento da planta.
A planta da cana-de-açúcar é considerada semiperene, portanto sujeita às variações
climáticas locais durante o ano todo. É exigente, sobretudo, de chuva nas fases de
crescimento e desenvolvimento e de um período de restrição hídrica ou térmica
(repouso fisiológico) na fase de maturação para favorecer o acúmulo de sacarose
(Machado, 2008). Para tanto, pode-se dizer que o clima ideal é aquele que apresenta
duas estações distintas, uma quente e úmida, para proporcionar a germinação,
perfilhamento e desenvolvimento vegetativo, seguido de outra fria e seca, para
promover a maturação (Crispim, 2006).
A qualidade e o rendimento da cana-de-açúcar, que dá sustentação econômica da
atividade, variam, sobretudo em função do clima, em específico do atributo
pluviométrico. Para essa cultura a umidade do ar e do solo é um fator causador da
variabilidade anual de sua produção e produtividade, exigindo em regiões tropicais e
subtropicais de um mínimo em torno de 1200 mm/ano. A temperatura ótima situa-se
em torno de 22 a 30°C, sendo que nessas condições a cultura apresenta seu máximo
crescimento. Acima de 38° C não há crescimento e abaixo de 20º C o desenvolvimento
da cultura é considerado nulo (Barbieri & Villa Nova, 1977; Doorembos & Kassan,
1979; Magalhães, 1987; Alfonsi, 2000).
2
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Pesquisas sobre clima e produção da cana-de-açúcar mostraram quebra de
produtividade entre 9% e 43% em função de deficiência hídrica na cultura da cana-deaçúcar (Rossin et al., 2006). Ainda segundo Abreu (2009) a deficiência hídrica na fase
inicial de desenvolvimento vegetativo limitou o crescimento, desenvolvimento e a
produtividade dessa cultura.
Assim, este trabalho teve por objetivo verificar a relação entre desvios de
precipitação/Excedente/Deficiencia hídrica e produtividade da cultura da cana-deaçúcar nos municípios agroindustriais da microrregião de Campo Mourão, PR, no
período de 1990 a 2006.
Localização e caracterização da área estudada
O Brasil está localizado na América do Sul faz divisa com doze países e limita-se a
leste com o oceano Atlântico. O território brasileiro é composto por vinte e sete
Estados e dentre eles o Paraná, em destaque no mapa, é objeto de estudo deste
trabalho (Figura 1).
A área estudada, a microrregião de Campo Mourão, situa-se na região CentroOcidental paranaense e é composta por quatorze municípios, (Figura 1). Área está
localizada entre as latitudes de 23º46’ S, longitudes de 52º26’42’’ W e 52º16’35’’ W
respectivamente, e altitudes médias que variam de 345 a 751 metros. Possui uma área
total de 7.069,266 km2 e uma população estimada em 2006 de 205.493 habitantes.
Em função basicamente da latitude e altitude, predomina nessa região o clima
subtropical (Cfa), ou seja, clima pluvial temperado sempre úmido e temperatura média
do mês mais quente em torno de 22º C, (MAACK, 2002). Os meses mais chuvosos são
os de dezembro, janeiro e fevereiro, enquanto os mais secos são os meses de junho,
julho e agosto. As médias das temperaturas máximas variam de 27º C a 29º C e as
mínimas de 15º C a 18º C, (IAPAR, 2000). O relevo apresenta características suave
ondulado, suave ondulado a ondulado e ondulado e altimetria de 200 a 1000 metros.
3
NA
GU
IA
SU
R
VENEZUELA
I NA
ME
G
FR UIAN
AN A
CE
SA
Tema 3 – Geodinâmicas: entre os processos naturais e socioambientais
COLÔMBIA
EQUADOR
BRASIL
PERU
BOLÍVIA
PARAGUAI
CHILE
ARGENTINA
URUGUAI
0
1000
2000
3000km
Figura 1 – Localização da área estudada destacando os municípios da microrregião de
Campo Mourão, PR.
Material e Métodos
Para este estudo utilizaram-se dados de chuva e de produção da cultura da cana-deaçúcar (área plantada em hectares (ha), quantidade produzida em toneladas (ton) e
rendimento em ton/ha). Para o primeiro atributo dados de um período de trinta anos,
1977 a 2006, obtidos por meio da SEAB/ECPCM (Secretária da Agricultura e do
Abastecimento de Campo Mourão/Estação Climatológica Principal de Campo Mourão).
E para o segundo, uma série de dezessete anos, 1990 a 2006. Estes obtidos por meio
do PAM/IBGE (Produção Agrícola Municipal/Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística) e do programa Balanço Hídrico de Cultura (BHC). Empregou-se também o
BHC para determinar as condições de Excedente (EXC) e Deficiência (DEF) hídricas do
solo. Essas condições hídricas foram verificadas através do programa computacional
denominado Balanço Hídrico, desenvolvido por Rolim et al, (1998).
Os dados foram manipulados com ajuda do software Excel, para a elaboração de
tabelas e gráficos estatísticos. A análise estatística empregada nas variáveis envolveu
soma e média aritmética, diagrama de dispersão, coeficiente de correlação e
determinação (CRESPO, 2002) entre os desvios de precipitação e os desvios de
produtividade para a microrregião estudada com produção agroindustrial (Engenheiro
Beltrão, Fênix, Peabirú, Quinta do Sol e Terra Boa).
O diagrama de dispersão fornece uma idéia da correlação existente. O coeficiente
de correlação indica o grau de intensidade da correlação (que pode variar de +1
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(relação direta) e –1 (relação inversa)) entre as variáveis e o sentido dessa correlação.
Valores iguais a um ou próximos indicam forte relação entre as variáveis. Valores
próximos de zero significa que existe pouco relacionamento entre as variáveis.
Portanto, -1≤ r ≤ +1. E o coeficiente de determinação deve ser interpretado como a
proporção da variação total da variável dependente (Y) que é explicada pela variação
da variável independente(X).
Para determinar os dados de EXC e DEF utilizou-se a série de dados de chuva e
temperatura dos anos agrícolas de 1990/91 a 2006/07.
A maioria dos municípios agroindustriais da microrregião encontra-se num raio de
abrangência da estação climatológica em torno de 50 km, no máximo.
Resultados e Discussões
- Análise dos dados de chuva e produtividade
Com os dados pluviométricos foram calculados os totais anuais de chuva e a média
mensal de chuva do período de 1977 a 2007 (Figura 2 e 3). O total anual de chuva
variou entre 1143,6 mm a 2576,1 mm e a média do período de 1644,4 mm.
Do período de 31 anos de chuva analisado, constatou-se que (Figura 2): treze anos
2576,1
225
137,03
200
Chuva (mm)
1644,4
175
1143,6
150
125
100
75
50
25
Figura 2 – Total anual e média mensal de chuva, período de 1977 a 2007, região de Campo
Mourão, PR. Fonte: SEAB/ECPCM (2007).
5
Méd
Nov
Dez
Set
Out
Jul
Ago
Mai
Jun
Abr
Mar
Jan
0
Fev
2800
2600
2400
2200
2000
1800
1600
1400
1200
1000
800
600
400
200
0
1977
1978
1979
1980
1981
1982
1983
1984
1985
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
Méd
Chuva (mm)
obtiveram chuvas abaixo de 1600 mm, dos quais cinco com totais abaixo de 1400 mm.
Outros dez anos apresentaram totais entre 1400 e 1700 milímetros. Os demais anos,
portanto, com totais de chuva acima de 1700 mm. Desses destacaram-se os anos de
1983, 1990 e 1998 com chuva acima de 2000 milímetros, aumento entre 22% a 52%
acima da média.
Tema 3 – Geodinâmicas: entre os processos naturais e socioambientais
Com relação à média mensal de precipitação do período obteve-se um valor de
137,03 milímetros. Os totais de chuva acima de 150 mm mensais ocorrem nas estações
de primavera, outono e verão e abaixo de 100 mm no inverno. (Figura 3).
Os dados da cultura da cana-de-açúcar e de chuva do período de 1990/91 a
2006/07 estão representados na Tabela 2. Os municípios agroindustriais apresentaram
médias do período de área plantada de 2.070,3 ha, produção de 181.247,9 ton e
produtividade de 88,2 ton/ha. Quanto às chuvas o mais baixo total ocorreu no ano de
1995/96 com valor de 1327,6 mm e o mais elevado em 1997/98 com 2094,8 mm e
média de 1644,5 mm.
Tabela 2 – Dados dos totais anuais de chuva e média dos dados da cana-de-açúcar, para 17
anos nos municípios agroindustriais da microrregião estudada.
Ano
Chuva (mm)
1990/91
1460,3
1991/92
1768,6
1992/93
1531,4
1993/94
1955,2
1994/95
1441
1995/96
1327,6
1996/97
1972,7
1997/98
2094,8
1998/99
1901,5
1999/00
1366,8
2000/01
1582,8
2001/02
1462,7
2002/03
1787,2
2003/04
1586,3
2004/05
1591,3
2005/06
1481,1
2006/07
1698,1
Média
1644,5 / *1644,4
* média 30 anos
Produtividade (ton/ha)
86,9
88,2
94,1
100,0
90,8
87,9
83,1
93,3
95,1
77,8
79,3
86,9
80,5
96,3
89,7
76,4
92,4
88,2
Área (ha)
Produção (ton)
1.146,5
755,6
2.149,0
1.064,2
1.336,6
1.887,6
2.104,8
2.068,6
2.143,2
2.170,8
2.172,6
2.232,0
2.221,4
2.385,8
2.670,4
3.382,2
3.304,2
2.070,3
99.584,0
66.633,8
202.241,0
106.370,6
121.396,4
165.979,2
174.886,8
193.098,8
203.825,2
168.992,2
172.375,2
193.969,6
178.793,8
229.744,8
239.508,6
258.547,6
305.266,4
181.247,9
Conforme mostra o gráfico de desvio, houve cinco anos com ocorrências de
aumento na produtividade, quando o total de chuva esteve acima da média, e seis
situações de redução na produtividade quando o desvio de precipitação esteve abaixo
da média (Figura 4 A). O coeficiente de correlação foi de r=0,4 valor este considerado
como uma correlação moderada entre as chuva e produtividade, de acordo com o
gráfico de dispersão (Figura 4 B).
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-300
-400
-500
r=0,4
5
500
400
300
200
100
-5
0
-100
-200
0
-300
2006/07
2004/05
2002/03
2000/01
1998/99
1996/97
-200
1994/95
-100
1992/93
0
10
-400
100
y = 0,0109x - 0,4393
R2 = 0,1302
r=0,4
15
B
-500
200
1990/91
Chuva (mm)
400
A 300
14
12
10
8
6
4
2
0
-2
-4
-6
-8
-10
-12
-14
Produt (ton/ha)
Desvio Produt
Produt (ton/ha)
Desvio chuva
500
-10
-15
Chuva (mm)
Figura 4 – Desvios (A) e dispersão (B) anuais de chuva e de produtividade da cana-de-açúcar
nos municípios agroindustriais da área estudada.
Os anos com produtividade que não responderam à variabilidade pluviométrica, ou
seja, chuva anual acima da média e produtividade abaixo e vice versa, tiveram a
seguinte distribuição mensal e quantidade (Figura 5): Em 1992/93 a distribuição esteve
bem próxima da média mensal para a maioria dos meses; 1994/95 a maioria dos
meses da fase de maior exigência em água pela cultura tiveram chuva acima da média;
1996/97 teve sete meses com chuva abaixo da média; 2002/03 apresentou seis meses
com chuva abaixo da média, desses três no início da cultura; em 2003/04 ocorreram
cinco meses com chuva abaixo da média intercalados com meses acima da média e;
em 2004/05 os cinco primeiros meses foram intercalados com meses ora acima ora
abaixo da média.
Dentro dessa distribuição de chuva mensal os totais anuais entre 100 e 200 mm
abaixo da média mantiveram produtividade com desvio positivo em relação à média.
7
Tema 3 – Geodinâmicas: entre os processos naturais e socioambientais
350
350
300
300
350
350
300
300
450
Total=1972,7 mm
1996/97
400
350
350
300
300
Chuva (mm)
400
250
200
150
Jul
Ago
Jun
Mai
Abr
Jul
Ago
Jun
Abr
Set
Jul
Ago
Jun
Mai
Abr
Mar
Fev
Jan
Dez
0
Nov
50
0
Out
100
50
Mai
150
100
450
Fev
200
Mar
150
Total=1586,3 mm
250
Fev
200
Dez
250
2003/04
Nov
Chuva (mm)
400
Mar
Set
Jul
Ago
Abr
Mai
Jun
450
Total=1441,4 mm
400
Out
1994/95
Mar
Fev
Jan
Dez
0
Nov
50
0
Set
100
50
Jan
150
100
Set
Total=1591,3 mm
2004/05
250
200
150
100
100
50
50
Jul
Ago
Jun
Abr
Mai
Mar
Fev
Jan
Dez
Nov
Ago
Jul
Jun
Mai
Abr
Mar
Fev
Jan
Nov
Dez
Out
Set
Out
0
0
Set
Chuva (mm)
200
Dez
150
Total=1787,2 mm
250
Jan
200
Nov
250
2002/03
Out
Chuva (mm)
400
450
Chuva (mm)
450
Total=1531,4 mm
1992/93
400
Out
Chuva (mm)
450
Figura 5 – Distribuição mensal e total anual de chuva para os anos com desvio de
produtividade contrária ao desvio de chuva.
-Análise dos dados de EXC e DEF hídrica versus Produtividade
Os dados de EXC e DEF hídrica, extraídos do BH de Cultura, são para os anos
agrícolas de 1990/91 a 2006/2007. A média desse período foi de 1066,7 mm para o
EXC e de 31,2 mm para a DEF. E média de produtividade de 88,9 ton/ha. Com a média
do período de cada uma dessas variáveis e da produtividade, calculou-se o desvio
anual em relação à média. Com esses dados calculou-se também o coeficiente de
correlação entre as variáveis hídricas e produtividade (Tabela 3).
Nesse período de tempo os valores mais elevados de EXC hídrico ocorreram nos
anos agrícolas de 1996/96 a 1998/99 com desvio em relação à média de 572,4, 433,1
e 311,2 mm e os mais baixos nos anos de 1990/91, 1994/95 e 2001/02 com desvios
negativos de 914,5 , 338,4 e 333,7 mm. A DEF hídrica teve os valores mais elevados
nos anos de 1993/94, 1997/98 e 2002/03 desviando negativamente da média em 22,0,
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27,1 e 24,4 mm e os mais baixos em 1996/97, 2001/02 e 2004/05 com desvios
positivos de 23,3, 25,0 e 72,6 mm.
Tabela 3 – Dados de EXC, DEF, Produtividade, desvios (di) em relação à média e coeficiente
de correlação (r), período 1990/91 a 2006/07 nos municípios canavieiros.
Ano
1990/91
1991/92
1992/93
1993/94
1994/95
1995/96
1996/97
1997/98
1998/99
1999/00
2000/01
2001/02
2002/03
2003/04
2004/05
2005/06
2006/07
Média
(r)
EXC (mm)
di EXC
DEF (mm)
di DEF
Produt. (ton/ha)
di Produt
152,1
1267,4
1129,2
1387,4
728,3
844,0
1639,1
1499,8
1377,9
1008,0
1010,9
732,9
1125,4
1067,1
1079,0
1045,6
1039,5
1066,7
0,24
-914,5
200,7
62,6
320,7
-338,4
-222,7
572,4
433,1
311,2
-58,7
-55,8
-333,7
58,7
0,4
12,4
-21,1
-27,2
22,7
34,9
18,6
9,2
15,1
30,7
54,5
4,1
28,0
29,9
31,1
56,2
6,7
43,2
103,8
24,4
17,0
31,2
-8,4
3,7
-12,5
-22,0
-16,0
-0,4
23,3
-27,1
-3,2
-1,3
-0,1
25,0
-24,4
12,0
72,6
-6,8
-14,2
86,9
88,2
94,1
100,0
90,8
87,9
83,1
93,3
95,1
77,8
79,3
86,9
80,5
96,3
89,7
76,4
92,4
88,2
-0,8
5,2
11,0
1,9
-1,0
-5,9
4,4
6,2
-11,1
-9,6
-2,0
-8,5
7,4
0,7
-12,5
3,4
4,2
-0,57
Nesse período a variabilidade hídrica no solo e a produtividade tiveram o seguinte
comportamento: entre EXC hídrico e produtividade houve oito e nove anos,
respectivamente, com desvios positivos e os desvios negativos somaram oito anos,
tanto para EXC quanto para a produtividade (Figura 6A). Para a DEF hídrica e
produtividade foram cinco e nove anos de desvios positivos, enquanto para os
negativos foram dez e oito anos, respectivamente (Figura 6B). Embora aumento ou
diminuição da variável hídrica nem sempre coincide com aumento ou redução da
produtividade, conforme indica o gráfico de dispersão analisado na seqüência.
9
B
100
DESV DEF
DESV PRODUT
80
60
40
20
2005/06
2006/07
2004/05
2002/03
2003/04
2000/01
2001/02
1998/99
1999/00
1997/98
1995/96
1996/97
1993/94
1994/95
-40
1992/93
0
-20
1990/91
1991/92
DEF (mm)
14
12
10
8
6
4
2
0
-2
-4
-6
-8
-10
-12
-14
PRODUT (ton/ha)
2004/05
2005/06
2006/07
2001/02
2002/03
2003/04
DESV PRODUT
1998/99
1999/00
2000/01
1996/97
1997/98
DESV EXC
1993/94
1994/95
1995/96
1100
1000
900
800
700
600
500
400
300
200
100
0
-100
-200
-300
-400
-500
-600
-700
-800
-900
-1000
-1100
1990/91
1991/92
1992/93
EXC (mm)
A
-60
-80
-100
14
12
10
8
6
4
2
0
-2
-4
-6
-8
-10
-12
-14
PRODUT (ton/ha)
Tema 3 – Geodinâmicas: entre os processos naturais e socioambientais
Figura 6 – Desvios de EXC (A) e DEF (B) hídrica com a produtividade nos municípios
canavieiros da área estudada, período de 1990/91 a 2006/07.
O gráfico de dispersão apresentou linearidade, embora não perfeita, entre as
variáveis hídricas e produtividade sinalizando que existe correlação entre as variáveis.
Ou seja, o crescimento de uma variável (Y dependente) está diretamente ligado ao
crescimento da outra (X independente). Entre a variável EXC hídrico e produtividade a
linearidade foi positiva e para DEF hídrica e produtividade, linearidade negativa (Figura
7A e B).
O coeficiente de correlação para EXC hídrico e produtividade foi de r= 0,24. Este
valor, no entanto, expressa uma fraca correlação entre as variáveis. O coeficiente de
determinação foi de R2= 0,0579, ou seja, que 5,79% da variação da produtividade é
explicada pela variabilidade do EXC hídrico. Para a DEF hídrica e a produtividade o
coeficiente de correlação foi de r= 0,57, indicando intensidade moderada de
correlação entre essas variáveis. Com coeficiente de determinação de R2= 0,326,
explicando que 33,0% da variação da produtividade se deve pela variabilidade da DEF
hídrica (Figura 7A e B).
80
70
60
50
40
30
20
10
y = -0,1773x - 9E-15
R2 = 0,3262
r= -0,57
0
16
14
12
10
8
6
4
2
0
-2
-4
-6
-8
-10
-12
-14
-16
-10
-20
-30
-40
-50
-60
-70
PRODT (ton/ha)
-80
B
1000
800
600
400
y = 0,0052x - 1E-14
R2 = 0,0579
r= 0,24
200
16
14
12
10
8
6
4
2
0
-2
-4
-6
-8
-10
-12
-14
-16
EXC (mm)
0
-200
-400
-600
-800
-1000
PRODUT (ton/ha)
A
DEF (mm)
Figura 7 – Dispersão de EXC (A) e DEF (B) hídrica versus produtividade da cultura de canade-açúcar para os municípios da microrregião de Campo Mourão com produção agroindustrial,
período de 1990/91 a 2006/07.
10
VI Seminário Latino-Americano de Geografia Física
II Seminário Ibero-Americano de Geografia Física
Universidade de Coimbra, Maio de 2010
Os valores de correlação entre a variável DEF hídrica versus a variável produtividade
revelam que existe correlação significativa entre essas. E que o valor com sinal
negativo expressa que há diminuição da produtividade quando houver aumento da
DEF hídrica.
Conclusão
A menor variabilidade anual das chuvas no período de tempo estudado ficou em
torno do mínimo exigido pela cultura da cana-de-açúcar. E o ano com total mais
elevado ficou 27,4% acima da média.
Quanto ao grau de correlação entre as variáveis, só não houve correlação
significativa entre a variável EXC hídrico e produtividade. Para as demais variáveis, DEF
versus produtividade e chuva e produtividade, existe correlação significativa. Sendo
que para a segunda variável a correlação foi mais intensa que para a primeira.
A correlação positiva entre chuva e produtividade mostra que há tendência de
aumento de produtividade quando houver aumento nos totais de chuva. E a
correlação negativa entre DEF e produtividade é que normalmente ocorre quebra de
produtividade com aumento na DEF hídrica, ou seja, em anos mais secos.
Assim, as análises de correlação entre desvios de precipitação e produtividade
indicam que a variabilidade pluviométrica é um controle importante no
acréscimo/decréscimo da produtividade da cultura da cana-de-açúcar.
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Tema 3 – Geodinâmicas: entre os processos naturais e socioambientais
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