O CLIMA E A PRODUÇÃO AGRÍCOLA: UMA ANÁLISE

Propaganda
A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO
DE 9 A 12 DE OUTUBRO
DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DOS CONCENTRADOS DE FLUORETO
NOS MANANCIAIS DE ABASTECIMENTO PÚBLICO DO NORDESTE
PARANAENSE E RELAÇÕES COM A SAÚDE COLETIVA
ANGELA GOLONO DE DEUS1
JOÃO CARLOS ALVES2
JOSÉ PAULO PECCININI PINESE³
Resumo:
No estado do Paraná, um monitoramento Geoquímico realizado pela Mineropar, no início da década
de 2000, assinalou uma anomalia nas concentrações de fluoreto, compreendendo grande parte da
região Norte e Nordeste do estado, que podem repercutir negativamente na saúde coletiva local.
Buscando uma análise aprofundada da referida anomalia geoquímica, na presente pesquisa
realizou-se um levantamento detalhado dos concentrados de fluoreto nos mananciais de
abastecimento público dos municípios do nordeste paranaense. Para tanto, foram coletadas 2011
amostras de água 'in natura' e realizadas análises químicas laboratoriais. Após a obtenção e
espacialização dos dados dos concentrados de fluoreto, por meio do Arcgis 9.0, foi possível observar
que as anomalias nas concentrações de flúor estão restritas em afluentes da Bacia hidrográfica do
Rio das Cinzas.
Palavras-chave: Fluoreto; saúde coletiva; nordeste paranaense.
Abstract: In the state of Paraná, one Geochemical monitoring conducted by Mineropar in the early
2000s, pointed out an anomaly in fluoride concentrations, including much of North and Northeastern
State, which may have a negative impact on the local public health. Seeking in-depth analysis of that
geochemical anomaly, in this study it carried out a detailed survey of concentrated fluoride in public
drinking water sources of the municipalities in Parana northeast. Therefore, they collected 2011
samples of water 'in natura' and performed laboratory chemical analysis. After obtaining and spatial
distribution of data concentrated fluoride through the Arcgis 9.0, it was observed that the anomalies in
the fluoride concentrations are restricted in tributaries of the catchment area of the River Ash.
Key-words: Fluorine; public health; Northeastern Paraná;
1 – Introdução
O flúor passou a ser considerado um agente muito importante no combate à
carie dentária, sendo adicionado às águas de abastecimento público de vários
países em todo mundo. Contudo, nos últimos anos pesquisas em diferentes partes
do mundo assinalaram que o declínio da cárie dentária tem sido acompanhado de
um aumento da prevalência de fluorose dentária, mesmo em comunidades em que
não há fluoretação das águas de abastecimento, devido à disponibilidade de
diversas fontes de ingestão do flúor.
1
- Acadêmico do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Estadual de Londrina . E-mail de
contato: [email protected]
2
Docente do Departamento de Química da Universidade Estadual de Londrina.
E-mail de contato:[email protected]
³ Docente do Departamento de Geociências da Universidade Estadual de Londrina.
E-mail de contato: [email protected]
6402
A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO
DE 9 A 12 DE OUTUBRO
Sabe-se que este é um elemento químico de ampla distribuição, podendo
ser encontrado em diferentes concentrações em rochas, minerais, nos solos e nos
recursos hídricos, bem como em inúmeros seres vivos. Ademais, em decorrência de
sua ação no combate à cárie, o flúor tem sido um composto presente em produtos
de higiene bucal.
A Organização Mundial da Saúde- OMS (1984) estabeleceu o limiar de
consumo de flúor considerado sem risco para a saúde humana. Em países de clima
temperado admite-se 1,4 mg/L como teor máximo, em locais de clima tropical, nos
quais o consumo de água é maior, estabeleceu-se 0,7 mg/L.
Estes parâmetros são ideias para normatizar a fluoretação das águas de
abastecimento público em áreas em que as águas naturais possuem baixas
concentrações de flúor. Contudo, sabe-se que em alguns locais é possível encontrar
anomalias hidrogeoquímicas em que as concentrações de flúor estão naturalmente
acima deste limiar.
Conforme pode ser observado no mapa da figura 1 na região nordeste do
Paraná foi assinalada uma ampla área fluorânomola (LICHT, 2002) em águas de
abastecimento público, bem como identificados casos de fluorose dentária, patologia
associada ao consumo de flúor.Considerando tal problemática na presente pesquisa
tem-se como objetivo central obter dados quantitativos das concentrações de flúor
específicos dessa área e buscar dados sobre a ocorrência de patologias associadas
ao consumo deste elemento químico.
Figura 1- Concentrações de flúor no Estado do Paraná.
Fonte: LICHT, O. A. 2006.
6403
A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO
DE 9 A 12 DE OUTUBRO
Para tanto foram coletadas 260 amostras de água dos principais mananciais
de abastecimento público dos municípios do nordeste paranaense: Rio das Cinzas,
Paranapanema I e II, Baixo Rio Paraná, Tibagi e Itararé. Posteriormente foram
realizadas análises químicas laboratoriais, por meio da técnica de potenciomêtria
para quantificar as concentrações de flúor em cada amostra.
Por meio do software Arcgis 9.0 foram confeccionados mapas da
concentração de flúor na área de estudo, auxiliando na visualização espacial de
anomalias geoquímicas. Buscando identificar possíveis correlação entre os teores
de flúor assinalados e possíveis prejuízos à saúde coletiva, por meio de consulta ao
banco de dados do DATASUS, buscou-se dados de ocorrência de patologias
associadas ao consumo de flúor na área de estudo; nos últimos cinco anos.
2.-RELAÇÃO COM A SAÚDE COLETIVA
Os fluoretos são considerados nutrientes essenciais para a saúde, sendo
incluído na lista dos 14 elementos reconhecidos como fundamentais para o
desenvolvimento dos seres humanos. Contudo, quando ingerido em excesso é
considerado um elemento tóxico que pode ocasionar disfunções no organismo, seu
consumo prolongado é capaz de desenvolver patologias.
A toxidade do flúor ao organismo de humanos e de alguns animais, pode
ocorrer de forma aguda ou crônica. A primeira ocorre pelo consumo de alta dosagem
do elemento de uma única vez. A forma crônica resulta da ingestão de flúor em
concentrações acima do limite adequado por período prolongado de tempo
(FUNASA, 2012)
Uma série de patologias vem sendo, principalmente por grupos de oposição
à fluoretação das águas, levantadas como relacionadas ao consumo de flúor. Dentre
elas destacam-se: a fluorose dentária e esquelética, comprovadamente associadas
à ação tóxica do flúor no esmalte dentário e tecido ósseo.
Embora os tecidos mineralizados sejam os mais acometidos pela ação do
íon de fluoreto, os tecidos moles também podem ser atingidos, considerando que o
consumo sistêmico do fluoreto pode levar a absorção e condução do elemento por
diferentes órgãos (CHIOCA; LOSSO; ANDRATINI, 2009). De acordo com
Dissanayake e Chandajith (2009) existem hipóteses acerca da correlação da
6404
A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO
DE 9 A 12 DE OUTUBRO
exposição ao flúor e ocorrência de patologias, que ainda não foram comprovadas,
conforme será descrito na sequência.
2.1- Fluorose
A fluorose dentária é o distúrbio mais comum causado pelo efeito tóxico do
flúor, sendo considerada uma lesão hipomineralizada, que pode ser sub-superficial
ou profunda, dependendo do grau de severidade (FEJERSKOV; YANAGISAWA;
TOHDA, 1991). A fluorose dentária decorre de depósitos de flúor na estrutura dos
dentes, “[...] levando a alterações nos ameloblastos, modificações na homeostase do
cálcio e na formação dos cristas de apatita” (FRAZÃO et al., 2004, p. 3).
O quadro clínico da fluorose esquelética, em estágio inicial, apresenta dores
no ossos, rigidez nas articulações, fraqueza muscular e fadiga crônica. O quadro
pode evoluir para deformações irreversíveis nos ossos, como a calcificação dos
ligamentos e a hiperdensidade óssea. Em estágio mais avançado a patologia pode
evoluir para invalidez, acompanhada de distúrbios e complicações neurológicas
causadas por compressão da medula espinhal, que podem levar o enfermo a óbito
(GUIMARÃES, 2001; REDDY, 2009).
2.2- Sistema endócrino
O consumo de flúor pode ocasionar um excessivo funcionamento das
glândulas
paratireoides,
uma
disfunção
hormonal
denominada
de
hiperparatiroidismo. Isto ocorre porque o fluoreto diminuir a absorção de cálcio a
partir do trato gastrointestinal, aumentando a necessidade de cálcio no organismo.
Se a dieta de cálcio é insuficiente, ocorre o hiperparatiroidismo secundário. A
deficiência de cálcio e hiperparatiroidismo podem contribuir para o desenvolvimento
de outras complicações, incluindo osteoporose, hipertensão, arteriosclerose,
doenças neurológicas degenerativas, diabetes mellitus e câncer colorretal (CDC,
2001).
2.3- Rins
Dentre os tecidos moles, o maior alvo da toxidade do fluoreto são os rins,
por serem responsáveis pela sua eliminação. Análises histológicas tem assinalado
6405
A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO
DE 9 A 12 DE OUTUBRO
degeneração celular, alterações na mofologia dos tubulos renais, congestão
vascular, bem como infiltração de celulas inflamatórias (KARAOZ et al., 2004).
Para Whitford (1994) o flúor interfere nas principais vias metabólicas,
funcionando como inibidor de atividades enzimáticas, podendo causar várias
alterações bioquimicas, incluindo alterações protéicas nos rins.
2.4- Fígado
Por receber as subtancias absorvidas pelo trato gastrointestinal, o fígado é
um orgão de acesso para acão de qualquer composto, incluindo o flúor. Ao tentar
eliminar tais compostos é possível que haja estresse celular de diferentes graus de
gravidade (PEREIRA, 2011).
Conforme Pereira (2011) existem trabalhos experimentais que demonstram
correlacão entre a toxicidade cronica do flúor e aumento do estresse oxidativo no
fígado de animais e também de humanos.
2.5- Neoplasias
Estão sendo realizados estudos com humanos e animais para buscar
estabelecer uma correlação conclusiva entre consumo de flúor e ocorrência de
osteossarcoma. Alguns estudos assinalaram algumas diferenças na incidência
dessa patologia entre locais em que há fluoretação das águas de abastecimento de
locais em que não há. Por outro lado, muitas pesquisas apontaram que tais
correlações são negativas e inexistentes. Estas contradições não permitem afirmar
que a toxicidade do flúor seja responsável pelo desenvolvimento deste tipo de
câncer ósseo (LEVY; LECLERC, 2011).
3- RESULTADOS E DISCUSSÃO
Conforme
antecipado,
buscando
obter
dados
quantitativos
do
comportamento geoquímico do flúor especifico da região nordeste do Paraná,
obteve-se amostras de águas in natura das principais bacias hidrográficas utilizadas
para o abastecimento público da região. Os dados dos concentrados de flúor obtidos
foram sintetizados no mapa da figura 2.
6406
A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO
DE 9 A 12 DE OUTUBRO
Figura 2- Concentração de flúor nas águas superficiais dos municípios estudado
Uma primeira analise do mapa da figura 2 permite identificar que existem
anomalias nas concentrações de flúor na área de estudo, contudo duas observações
diferem dos resultados apresentados por Licht (2002):

Anomalia difusa com limites pouco marcados e valores dispersos:
ao contrário de uma extensa área fluorânomala, identificou-se
concentrações irregulares de flúor em três pontos específicos, que
não apresentam continuidade ou proximidade entre sí.

Os
pontos
de
amostragem
em
que
foram
identificados
concentrações anômalas de flúor estão localizadas na área de
abrangência
da
bacia
hidrográfica
do
Rio
das
Cinzas,
especificamente nos municípios de Santo Antônio da Platina e
Ribeirão do Pinhal. oscilando de 0,7 mg/L a 1,0 mg/L.
O gráfico 1 demonstra os teores assinalados em cada amostra obtida em
Santo Antônio da Platina. Conforme é possível observar, em três amostras
identificou-se concentrações superiores ao teor considerado ideal – 0,82 mg/L, 1,1
mg/L e 1,2 mg/L. Em Ribeirão do Pinhal apenas uma amostra de água coletada
estava acima do valor de referencia permitido para o consumo.
6407
A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO
DE 9 A 12 DE OUTUBRO
Gráfico 1- amostras obtidas
em Santo Antônio da Platina
Gráfico 1- amostras obtidas em Ribeirão do Pinhal
Não objetiva-se no presente trabalho estabelecer uma relação causal,
identificando as concentrações de flúor na área de estudo e relacionando de
maneira determinística com os efeitos a saúde humana. Contudo, considerando a
estreita relação entre o consumo de teores elevados de flúor e sinais de toxicidade
ao organismo humano, evidencia-se a possibilidade de ocorrência de patologias em
função do consumo prolongado de flúor na área de estudo.
De acordo com Pires (2008), no município de Itambaracá, localizado na área
de estudo do presente trabalho, estudos epidemiológicos realizados por Morita et al.
(1998) constataram a prevalência de fluorose dentária em 72% de crianças em idade
escolar, sendo 61% considerados casos de gravidade severa
Tendo em vista que no banco de dados do DATASUS não há informações
acerca da ocorrência de fluorose dentária, buscou-fazer um paralelo inicial entre as
concentrações de flúor obtidas na área de estudo com dados secundários da
ocorrência de algumas das outras patologias supracitadas. Contudo, ao contrário da
fluorose, reafirma-se que ainda não estudos conclusivos que comprovem de fato que
tais patologias são causadas pelo consumo excessivo e prolongado de flúor. Foram
obtidos dados de: Insuficiência renal, neoplasia maligna dos ossos e cartilagem,
doenças do fígado e transtornos da tireoide nos últimos cinco anos.
Conforme é possível observar na tabela 1, casos de internação por
insuficiência renal foram registrados em todos os municípios da área de estudo nos
últimos cinco anos. Em termos absolutos, Cornélio Procópio foi o município em
houve maior numero de internações, seguido por Jacarezinho e Santo Antonio da
Platina. Contudo, uma analise equivalente aponta que em Leópolis, Itambaracá e
6408
A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO
DE 9 A 12 DE OUTUBRO
Santa Amélia os casos de insuficiência renal são mais frequentes entre a população
residente.
Tabela 1- Casos de internação por insuficiência renal na área de estudo, nos últimos cinco anos.
INSUFICIÊNCIA RENAL
Por local de residência
Município
Total
(%) em relação a população
Abatiá
Andirá
Assaí
Bandeirantes
Barra do Jacaré
Cambará
Carlópolis
Congoinhas
Conselheiro M.
Cornélio Procópio
Guapirama
Ibiporã
Itambaracá
Jacarezinho
Jataizinho
Joaquim Távora
Jundiaí do Sul
Leópolis
Nova América da Colina
Nova Fátima
Primeiro de Maio
Ribeirão Claro
Ribeirão do Pinhal
Santa Amélia
Santa Mariana
Santo Antonio da Platina
Santo Antonio do Paraíso
Sertaneja
Sertanópolis
Uraí
35
138
32
168
9
144
50
60
4
359
25
105
60
206
25
53
11
41
18
54
27
33
94
31
90
210
4
24
46
76
0.44
0.65
0.19
0.42
0.31
0.57
0.34
0.69
0.11
0.74
0.63
0.20
0.87
0.51
0.20
0.46
0.31
0.98
0.5
0.64
0.24
0.30
0.68
0.83
0.72
0.46
0.16
0.41
0.28
0.64
As neoplasias malignas nos ossos são recorrentes nos estudos que
analisam os malefícios do flúor para a saúde humana. Conforme é possível observar
na tabela 2, na área de estudo, foram registrados 196 casos dessa patologia nos
últimos cinco anos. Em Abatiá e Andirá foram registrados o maior número absoluto
de casos. Abatiá, juntamente com Cambará foram os municípios que registraram a
maior porcentagem da patologia entre a população.
Tabela 2- Casos de internação por neoplasia maligna dos ossos e cartilagem articular na área de
estudo, nos últimos cinco anos.
6409
A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO
DE 9 A 12 DE OUTUBRO
NEOPLASIA MALIGNA DO OSSO E CARTILAGEM ARTICULAR
Por local de residência
Município
Total
(%) em relação a população
Abatiá
35
0.44
Andirá
33
0.15
Assaí
5
0.03
Bandeirantes
9
0.02
Cambará
13
0.46
Congoinhas
2
0.02
Conselheiro M.
1
0.02
Cornélio Procópio
7
0.01
Ibiporã
19
0.03
Itambaracá
1
0.01
Jacarezinho
8
0.01
Jataizinho
2
0.01
Joaquim Távora
2
0.01
Jundiaí do Sul
3
0.08
Nova América da Colina
12
0.33
Nova Fátima
1
0.01
Primeiro de Maio
6
0.05
Ribeirão Claro
2
0.01
Ribeirão do Pinhal
6
0.04
Santa Amélia
3
0.08
Santa Mariana
1
0
Santo Antonio da Platina
12
0.02
Santo Antonio do Paraíso
2
0.08
Sertaneja
4
0.06
Sertanópolis
3
0.01
Uraí
3
0.02
Conforme antecipado, alguns estudos afirmam que a toxicidade do flúor
pode ocasionar malefícios ao funcionamento do fígado. No banco de dados do
DATASUS existem três categorias de doenças relacionadas ao fígado: Neoplasia,
doenças alcoólica do Fígado e outras doenças. Considerando que na literatura
consultada não há definição de qual malefício especifico o flúor pode acarretar ao
fígado optou-se pela categoria outras doenças. Na tabela 3, observa-se que em
Jacarezinho, Uraí e Cornélio Procópio foram registrados o maior número de
internações nesta categoria analisada. Em Uraí mais de 1% da população
enquadrou-se na categoria analisada.
6410
A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO
DE 9 A 12 DE OUTUBRO
Tabela 3- Casos de internação por outras doenças do fígado na área de estudo, nos últimos cinco
anos.
OUTRAS DOENCAS DO FIGADO
Por local de residência
Município
Abatiá
Andirá
Assaí
Bandeirantes
Barra do Jacaré
Cambará
Carlópolis
Congoinhas
Conselheiro M.
Cornélio Procópio
Guapirama
Ibiporã
Itambaracá
Jacarezinho
Jataizinho
Joaquim Távora
Jundiaí do Sul
Leópolis
Nova América da Colina
Nova Fátima
Primeiro de Maio
Ribeirão Claro
Ribeirão do Pinhal
Santa Amélia
Santa Mariana
Santo Antonio da Platina
Santo Antonio do Paraíso
Sertaneja
Sertanópolis
Uraí
Total
24
34
14
34
8
68
4
17
4
108
2
89
2
200
22
17
4
5
3
11
8
49
13
4
18
64
7
17
21
174
(%) em relação a população
0.30
0.16
0.08
0.10
0.28
0.27
0.02
0.19
0.11
0.22
0.05
0.17
0.02
0.49
0.17
0.14
0.11
0.11
0.08
0.13
0.07
0.44
0.09
0.10
0.14
0.14
0.29
0.29
0.12
1.48
Conforme antecipado, o flúor tem sido apontado como prejudicial para o bom
funcionamento do sistema endócrino, sobretudo no que se refere à glândula tireoide.
Na tabela 4 é possível observar que foram registrados na área de estudo, nos
últimos cinco anos, um total de 43 internações por transtornos tireoidianos, sendo 21
deles em Jacarezinho; isto se explica, em partes, por este ser um dos municípios
com maior contingente populacional da área de estudo.
6411
A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO
DE 9 A 12 DE OUTUBRO
Tabela 4- Casos de internação por transtornos tireoidianos na área de estudo, nos últimos cinco
anos.
TRANSTORNOS TIREODIANOS
Por local de residência
Município
Abatiá
Bandeirantes
Cornélio Procópio
Ibiporã
Jacarezinho
Jataizinho
Joaquim Távora
Jundiaí do Sul
Primeiro de Maio
Ribeirão Claro
Santa Mariana
Santo Antonio da Platina
Uraí
Total
1
4
3
4
21
2
1
1
1
2
1
1
1
(%) em relação a população
0
0.01
0.01
0.01
0.02
0.01
0
0
0
0.01
0
0
0
4-Considerações finais
A análise hidrogeoquímica das concentrações de flúor identificou teores
anômalos em três pontos da Bacia hidrográfica do Rio das Cinzas, apontando que
diferente do que foi assinalado por Licht (2002), a área fluorânomala não atinge todo
sistema hidrográfico do Nordeste paranaense.
Não foram encontradas correlações positivas entre as patologias analisadas
e os municípios em que foram assinalados concentrações elevadas de flúor.
Contudo, a Bacia do rio das Cinzas é responsável pelo abastecimento público de um
considerável
contingente
populacional,
o
que
reforça
a
necessidade
de
aprofundamento nos estudos hidrogeoquímicos e epidemiológicos nos municípios de
Jundiaí do Sul e Santo Antônio da Platina, visando obter maior quantidade de
amostras de águas de consumo público, incluindo os recursos hídricos
subterrâneos, e avaliar in loco se há de fato registros de casos de fluorose dentária.
5- Referencias
CDC- CENTER FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION. Recommendations
for using fluoride to prevent and control dental caries in the United States. Morb
Mortal Wkly Rep. 2001, v. 50, n. 14, p. 1-42.
CHIOCA, L.R.; LOSSO, E.M.; ANDRATINI, R. Efeitos da intoxicação do flúor no
sistema nervoso central. Neurobiologia. v. 72, n. 2. p- 117-126.
COLQUHOUN, J. Why I changed my mind about water fluoridation. Perspectives in
Biology and Medicine. Baltimore, v,41, n.1, 1997.
6412
A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO
DE 9 A 12 DE OUTUBRO
CONNET, P. 50 Reasons to Oppose Fluoridation. Disponível em:
http://fluoridealert.org/articles/50-reasons/. uptadet september 2012. Acesso em: 28
jun 2015.
DISSANAYAKE, C.B; CHANDRAJITH, R. Introduction to medical geology: Focus
on tropical environments. Berlin: Springer, 2009.
FEJERSKOV, O.; YANAGISAWA, T.; TOHDA, H. Posteruptive changes in human
dental fluorosis – a histological and ultrastrutuctural study. Proc Finn Dent Soc,
v.87, n.4, p. 607-619, 1991.
FRAZÃO, PAULO; PEVERARI, ADRIANA CAMPO; FORNI, TANIA IZABEL
BIGHETTI; MOTA, ANDERSON GOMES; COSTA, LESLI ROBERTA. Fluorose
dentária: comparação de dois estudos de prevalência. Cad. Saúde Pública, Rio de
Janeiro, v. 20, n. 4. p. 1050-1058, jul-ago, 2004.
FUNASA. Manual de fluoretação da água para o consumo humano, Brasília,
2012.
GUIMARÃES, R. B. Saúde urbana: velho tema, novas questões. Terra Livre, São
Paulo, v. 17, p. 155-170, 2001.
KARAOZ, E.; ONCU, M.; GULLE, K.; KANTER, M.; GULTEKIN, F.; KARAOZ, S.;
MUMCU, E. Effect of chronic fluorosis on lipid peroxidation and histology of kidney
tissues in first and second generation rats. Biol. Trace elem. Res. 2004, v. 102, n. 3,
p. 199-208.
LEVY, M.; LECLERC, B. S. Fluoride in drinking water and osteosarcoma incidence
rates in the continental United States among children and adolescents. Cancer
Epidemiology, v. 36, dez. 2011, p. 83–88
LICHT, A. B. O. Geoquímica multielementar de superfície na delimitação de riscos e
impactos ambientais, estado do Paraná, Brasil. SILVA, C. R; FIGUEIREDO, B. R;
CAPITANI, e. M; cunha, F. G. (Org.). Geologia Médica no Brasil: efeitos dos
materiais e fatores geológicos na saúde humana e meio ambiente. Rio de Janeiro:
CPRM- Serviço Geológico do Brasil, 2002. p. 21-35.
MORITA, M.C ; CARRILHO, A.; LICHT, O. A. B. Use of geochemistry data in the
identification of endemic fluorosis areas. 1st World Congress of Health and
Urban Environment. Anais, p.244. Madrid, jul, 1998.
PEREIRA, H. A. B. S. Análise proteômica em fígado de ratos submetidos à
exposição crônica ao flúor. Dissertacão ( Mestrado em odontologia). Faculdade de
odontologia da Universidade de Sao Paulo, Bauru, 2011.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE (OMS). Aplicaciones de la epidemiología
al estudio de los ancianos. Informe de un grupo científico de la OMS sobre la
epidemiología del envejecimiento, Genebra,1984.
REDDY, D. B.; RAO, C. M.; SARADA, D. Endemic fluorosis. J Indian Med Assoc,
India, v. 53, p. 275-281, 1969.
WHITFORD, G.M. F. Intake and metabolism of fluoride. Adv Dent Res. 1994 8 (1) 514.
6413
Download