Macro Visão terça-feira, 30 de junho de 2015 A Índia será a nova China? • Quando um país com população acima de um bilhão de pessoas cresce rapidamente, especula-se sobre o seu futuro. Aonde chegará? Será a nova China? • A Índia pode crescer entre 7% e 8% ao ano até 2025, desde que mantenha o ímpeto com as reformas. • Mas não será a nova China. Apesar dos avanços, o crescimento da Índia, ajustado ao estágio de desenvolvimento, ainda fica abaixo do observado nas potencias asiáticas. E ainda não está claro se passará a chamada “armadilha da renda média”, quando chegar nesse ponto. • Para o crescimento global, a China continuará sendo a economia mais importante. Somente em 2025 a Índia contribuirá o equivalente à China em 2000. Crescimento da Índia é menor do que o das potências asiáticas. O crescimento potencial da Índia deve ficar abaixo do observado nos tigres asiáticos (ou na China). A Índia deve ter crescimento abaixo de 8%, mesmo com uma demografia favorável. Tanto a China quanto a Coreia do Sul sustentavam taxas de crescimento próximas de 10% ao ano, quando estavam no mesmo nível de renda per capita em relação aos EUA (ver gráfico). Ainda assim, o crescimento elevado até 2025 pode levar a Índia ao nível relativo de renda per capita similar ao da América Latina. A partir daí, a continuidade da convergência da renda per capita para a dos EUA – como a Coreia e o Japão fizeram – é mais desafiadora. A dúvida é se a índia ficará presa na armadilha da renda média – como a América Latina. Crescimento potencial abaixo das economias asiáticas no mesmo estágio de desenvolvimento Crescimento médio do PIB 14 América Latina (após 1960) Japão (após 1960) China (após 1980) Coreia do Sul (após 1960) India (após 1980) 12 10 8 6 4 2 0 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% Renda per Capita (PPP relativo aos EUA) 70% 80% Fonte: Banco Mundial, Penn Table, IBGE, FMI, Itaú A questão é que, apesar dos avanços e da perspectiva de algumas reformas à frente, a Índia deve manter um conjunto de instituições desfavoráveis ao crescimento. Os governos estaduais e o poder judiciário são muito influenciados pelas elites locais, que se beneficiam de distorções na economia e limitam a implantação de reformas amplas. O mau desempenho na comparação de países pela qualidade regulatória (122º entre 187 países) ou pela facilidade para fazer negócios (132º entre 187 países), segundo estudos do Banco Mundial, ilustram esses fatores limitantes. A última página deste relatório contém informações importantes sobre o seu conteúdo. Os investidores não devem considerar este relatório como fator único ao tomarem suas decisões de investimento. Macro Visão – terça-feira, 30 de junho de 2015 Mesmo com reformas Índia não terá o impacto global da China Em um cenário de crescimento entre 7% e 8%, a Índia vai ter contribuição cada vez maior no crescimento global – avançando de 0,4 ponto percentual na década passada para até 0,6 p.p. em 2025. Ainda assim, o impacto para o mundo será menor do que o da China. Com a desaceleração do PIB para 4% ao ano em 2025, a contribuição da economia chinesa para o crescimento global deve recuar de 1,1 p.p. nos últimos dez anos para 0,8 p.p., ficando acima da contribuição da Índia. A avaliação por uma ótica mais favorável é de que a contribuição da Índia em 2025 estará próxima da observada na China em 2000. Índia pode ter contribuição para o crescimento global da China de 2000 em 2025 1,6% Contribuição para o crescimento global 1,4% China India 1,2% 1,0% 0,8% 0,6% 0,4% 0,2% 0,0% 2000 2005 2010 2015 2020 2025 Fonte: Itaú, FMI Melhora dos fundamentos desde meados de 2013 Até meados de 2013, a Índia era um dos países emergentes mais vulneráveis à alta dos juros longos dos EUA. O déficit em conta corrente estava em cerca de 5% do PIB (2T13) e a dívida externa correspondia a 130% das reservas internacionais. No âmbito fiscal, o déficit nominal estava acima de 8% no PIB e a dívida do governo era elevada para o grau de desenvolvimento do país (em 67% do PIB). O baixo crescimento do PIB, segundo as medidas da época, agravava a vulnerabilidade fiscal. A forte desvalorização da rúpia entre maio e agosto coincidiu com o início de um processo de ajustes macroeconômicos. Em primeiro lugar, ajudou o déficit em conta corrente a recuar para menos de 1% do PIB no 2T14 (ver gráfico), com o ajuste nos preços relativos entre bens domésticos e bens externos. É verdade que a queda do petróleo ajudou, tendo em vista que as importações líquidas do petróleo correspondem a 6% do PIB. A recuperação parcial do petróleo e o crescimento robusto da demanda doméstica devem fazer com que o déficit em conta corrente suba para 2% a 3% do PIB, mas esse patamar não deve levar a restrições ao financiamento externo do país. Em segundo, o governo realizou um ajuste fiscal reduzindo o déficit nominal de 6% do PIB em 2012 para 4,2% nos 12 meses até abr./15 (ver gráfico). A maior parte da melhora ocorreu com o primeiro orçamento do novo governo, eleito em maio de 2015, que foi marcado por melhora na qualidade dos gastos e alguma redução do déficit. Página2 Macro Visão – terça-feira, 30 de junho de 2015 2% Ajuste na conta corrente após a desvalorização cambial... ...déficit fiscal em queda 8% 0% 6% -2% 4% -4% 2% -6% 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 0% 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 Fonte: Haver, Itaú Fonte: CEIC, Itaú Adicionalmente, ainda antes da eleição, o governo nomeou para o banco central um presidente de renome e capacidade internacional, que implementou reformas no sistema financeiro e um regime de metas de inflação. Por último, uma nova metodologia de cálculo do PIB aumentou o crescimento dos últimos anos e reduziu o nível da série antes de 2014, reforçando a avaliação de melhora dos fundamentos externos e fiscais. A melhora dos fundamentos continuou com a troca do governo por uma coalização que defende reformas que melhoram o crescimento potencial. Reformas nas leis trabalhistas e incentivos aos investimentos em infraestrutura devem permitir um crescimento potencial entre 7% e 8% ao ano, com redução dos gargalos logísticos e aumento da competitividade da mão de obra local na indústria manufatureira. Artur Manoel Passos Pesquisa Macroeconômica – Itaú Ilan Goldfajn – Economista-chefe Para acessar nossas publicações e projeções visite nosso site: http://www.itau.com.br/itaubba-pt/analises-economicas/publicacoes/ Página3 Macro Visão – terça-feira, 30 de junho de 2015 Informaçõesrelevantes Este relatório foi preparado e publicado pelo Departamento de Pesquisa Macroeconômica do Banco Itaú Unibanco S.A. (“Itaú Unibanco”). Este relatório não é um produto do Departamento de Análise de Ações do Itaú Unibanco ou da Itaú Corretora de Valores S.A. e não deve ser considerado um relatório de análise para os fins do artigo 1º da Instrução CVM n.º 483, de 6 de Julho de 2010. 2. Este relatório tem como objetivo único fornecer informações macroêconomicas, e não constitui e nem deve ser interpretado como sendo uma oferta de compra ou venda ou como uma solicitação de uma oferta de compra ou venda de qualquer instrumento financeiro, ou de participação em uma determinada estratégia de negócios em qualquer jurisdição. As informações contidas neste relatório foram consideradas razoáveis na data em que o relatório foi divulgado e foram obtidas de fontes públicas consideradas confiáveis. O Grupo Itaú Unibanco não dá nenhuma segurança ou garantia, seja de forma expressa ou implícita, sobre a integridade, confiabilidade ou exatidão dessas informações. Este relatório também não tem a intenção de ser uma relação completa ou resumida dos mercados ou desdobramentos nele abordados. 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