Questões sociais «PROGRAMA NACIONAL DE REFORMAS» O «Programa Nacional de Reformas» (PNR), aprovado pelo Governo, tem como desígnio: «mais crescimento, melhor emprego, maior igualdade». A primeira parte do documento respeita ao diagnóstico» económico-social do país; e a segunda aos pilares estratégicos. Estes pilares são: qualificar os portugueses; promover a inovação na economia; valorizar o território; modernizar o Estado; capitalizar as empresas; reforçar a coesão e a igualdade social. No tratamento de cada pilar, o projeto considera: o diagnóstico respetivo; os eixos de intervenção e objetivos; as medidas; e as metas. Numa apreciação muito geral, dir-se-á que o documento abrange áreas fundamentais para o desenvolvimento do país, mas corre três riscos antigos e estruturais, nunca ultrapassados. O primeiro consiste na subalternização do domínio social: com efeito, este é tratado como resultante dos outros pilares, e não como determinante; se fosse tratado como determinante, o PNR incluiria os vários problemas sociais a que os outros pilares devem responder, sem prejuízo da identidade e exigências básicas de cada um. O segundo risco é o da irresponsabilidade económica. Apesar de a economia ser claramente assumida no Programa, ficam de fora algumas vertentes fundamentais, como por exemplo: os vários tipos de empresas, incluindo as mais débeis; a integração da luta pela subsistência nas políticas económicas; a relação entre as empresas e o Estado; a inserção de cada uma em processos de desenvolvimento local, a projetar no nacional; o papel dos trabalhadores nas empresas... O terceiro risco é o menosprezo da vertente financeira: na verdade, o projeto de PNR quase ignora a grave crise económico-financeira estrutural, com défices e endividamento elevadíssimos, exigindo uma forte contenção da despesa e um esforço permanente para que isso não seja promotor de empobrecimento e injustiça. Esperemos que se desencadeie um esforço bem firme para que estes riscos sejam neutralizados. (Continua) Acácio F. Catarino