EDUCAÇÃO PARA FRATERNIDADE COMO MEIO CONSTRUTOR DA PAZ Ana Paula Cavalcante Luna de Andrade 1 RESUMO No Presente trabalho abordamos a educação para fraternidade como meio viabilizador da paz. Mediante a revisão de literatura, perpassamos pelo conceito de fraternidade, suas dimensões e relevância social. Nos detivemos em pensar e refletir um processo educativo embasado na fraternidade que permeei a formação do indivíduo na sociedade. Vislumbramos que só por uma ação educativa que dê prioridade a relações fraternas poderá abrir cominhos para a formação de homens que priorizem as relações humanas, numa dimensão de ver o outro como o seu semelhante. Portanto o passo emancipatório da humanidade, ou seja, a via de concretização de uma sociedade mais justa, menos conflituosa, a criação de novos paradigmas, onde todos são importantes e podem falar livremente e ser ouvido e também ouvir o outro despido de quaisquer preconceitos ou barreiras, sejam religiosas, políticas, filosóficas apenas é possível quando sentimo-nos unidos por laços mais estreitos nos relacionamentos, neste sentido, a inserção do princípio da fraternidade nas relações humanas, via processo educacional é indispensável à construção de uma sociedade plural, mais justa e mais fraterna. Palavras-Chave: Educação, Fraternidade, Paz. 1. Introdução Na sociedade contemporânea, percebemos um quadro de ansiedade causado por modificações sociais, culturais, econômicas, políticas e tecnológicas. A desestabilidade cresce e a globalização, trazida a reboque pelo neoliberalismo, e o processo de reestruturação produtiva da sociedade, trazem consequências sociais gravíssimas, aumentando a distância social e econômica entre incluídos e excluídos 2. 1 Graduada em Pedagogia pela Universidade de Pernambuco (UPE), Especialista em Coordenação Pedagógica pela Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP) e Mestre em Filosofia pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Docente e Coordenadora da CPA da Faculdade ASCES. 2 Segundo MARTINS, Washington. Repensar a democracia, a tecnologia e o pluralismo. Recife: Ed. do Autor, 2005. p. 21: “A interatividade, assim, é um valor de espír ito pragmático, positivo, podendo fazer tanto o bem como mal. Daí que a interatividade deve fazer prevalecer o indivíduo e não a individualidade. O individualismo caracteriza -se pela identidade pessoal, pela autonomia e pelo juízo. A globalização facilita a individualidade e gera riscos negativos como a exclusão social, sociedade dual na fratura do seu interior (…) há progressos para uns e retrocesso para outros ocasionando o confuso entendimento de diversidade como variedade”. No âmbito da ética, por exemplo, convivemos com uma crise de valores onde predomina um relativismo moral e os valores humanos entram em jogo. O individualismo torna-se cada vez mais acentuado, conduzindo a supressão da solidariedade, aumento da violência e o distanciamento da paz. Nesse contexto de desestabilidade social e moral, a exclusão surge como reflexo para a compreensão da sociedade contemporânea, mas em contrapartida de uma sociedade que impõe essa lógica, cresce a necessidade da análise de novos modelos que possibilitem a saída do individualismo e a promoção da paz. Nessa perspectiva adentramos no pensamento que só por um novo processo educativo, embasado na fraternidade se poderá abrir cominhos para a formação de homens que priorizem as relações humanas, numa dimensão de ver o outro como o seu semelhante.Segundo Chiara Lubich 3: “A fraternidade liberta cada homem das amarras que o prendem, das multiformas de subordinação e de escravidão, de qualquer relacionamento injusto, realizando, assim, uma autêntica revolução existencial, cultural e política.” 2. A fraternidade: suas Dimensões e Relevância Social Fraternidade significa amor ao próximo, união ou convivência como de irmãos, harmonia, paz, concórdia, fraternização. É a fraternidade identificada por Antonio Baggio como solidariedade horizontal que pode ser abstraído de um necessário “socorro mútuo” entre os próprios cidadãos 4. Tosi defende a ideia de que o grande desafio da humanidade (via direitos humanos) no atual século é desvincular o sentido de fraternidade dos laços de sangueampliando-o para laços universais que busquem um reconhecimento efetivo de alteridade, da diversidade e da reciprocidade. Deste modo, segundo Pizzolato, a fraternidade 3 Chiara Lubich, fundadora do Movimento dos Focolares. Discurso: O espírito de fraternidade na política como chave da unidade da Europa e do mundo. 4 BAGGIO, AntonioMaria (org). O princípioesquecido. SãoPaulo: Cidade Nova, 2008, p. 114. tem o condão de provocar o comportamento individual a responsabilizar -se pela condição em que se encontra o irmão 5. A relevância histórica da Fraternidade no mundo ocidental tem o seu ponto alto na revolução francesa 6 que teve como lema a Liberdade, Igualdade e Fraternidade, nasce em contrapartida a uma sociedade profundamente marcada pela injustiça social e que tinha anseios de políticas e novos modelos que promovessem a justiça e a paz.Antonio Baggio 7discorre que: A fraternidade no decorrer da história, foi adquirindo um significado universal, chegando a identificar o sujeito ao qual ela pode referir-se plenamente: o sujeito “humanidade” – comunidade de comunidades-, o único que garante a completa expressão também aos outros dois princípios universais, a liberdade e a igualdade. O conceito de Fraternidade traz em si a potencialidade da plena cidadania entre os homens, quando se reconhecem como iguais, irmãos, fraternos, que fazem parte de uma mesma família. Podemos apontar esta como uma dimensão da fraternidade que adentra no reconhecimento do outro por um ato de amor um ato de comunhão. Quando tratamos alguém como irmão, quer dizer que tratamos o outro de igual para igual. Agindo assim nos aproximamos da regra de ouro descrita por Mahatma Gandhi: “A regra de ouro é ser amigo do mundo é considerar ‘uma só’ toda a família humana”, portanto, a vivência da fraternidade possibilita ao homem buscar não só o seu próprio bem, mas o bem comum da sociedade. 5 PIZZOLATO, Filippo. Afraternidadeno ordenamento jurídico italiano. In:BAGGIO, Antônio Maria. O princípio esquecido. São Paulo: Cidade Nova, 2008, p. 113. 6 A Revolução Francesa foi um acontecimento apontado como um grande marco de entrada para o início da Idade Contemporânea, proclamando os princípios universais de "Liberdade, Igualdade e Fraternidade". 7 BAGGIO, Antonio Maria. O princípio Esquecido I. São Paulo: Cidade Nova, 2008, p. 21. Nessa perspectiva a fraternidade retoma a sua proposta original e revolucionaria de mudança e transformação social, e se efetiva quando encontra uma sociedade politicamente solidária, de individuos livres e iguais. 3. Perspectivas de um processo Educativo embasado na Fraternidade A formação humana perpassa por um constante processo educativo, seja de quem aprende ou de quem ensina, considerando assim como educadores, pais, professores, orientadores educacionais, assistentes sociais autoridades políticas e religiosas. Todos direta ou indiretamente são responsáveis pelo proce sso de formação do individuo na sociedade. No artigo 1º da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional há a afirmação que a educação: “abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais” 8. A Educação perpassa por toda a vida do ser humano, que é em si mesmo um ser de relações, e a sua realização como sujeito se constrói no seio social, nas suas mais variadas formas, mas é sempre uma relação com o outro que a torna dinâmica e constante. Chiara Lubich questiona: “O que é educação? Ela pode ser definida como o itinerário que o educando (indivíduo ou comunidade) percorre, com a ajuda do educador ou dos educadores, na direção de um dever ser, de um objetivo considerado válido para o homem e para a humanidade” 9. Assim entendemos que é necessária uma reflexão e uma tomada de consciência da importância da fraternidade nas relações entre quem ensina e quem aprende, pois só assim podemos vislumbrar uma sociedade onde os indivíduos imbuídos do espírito de fraternidade promovam uma cultura geradora de paz. “Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas às outras com LDBN – Lei de diretrizes e Bases da Educação Nacional. LUBICH, Chiara. Lição em Pedagogia. In: ARAÚJO, Gilda Maria Lins de. (org.) Educação para a Paz – A Arte de Amar. Vol I, Recife: Editora Universitária da UFPE, 2009, p. 31. 8 9 espírito de fraternidade.” 10 Esses princípios são fundamentais ao convívio humano. Para garantir um ambiente de Paz 11 que contraponha as crises vividas pelo homem na atualidade a fraternidade não pode ser vista apenas como um sentimento, mas um princípio norteador das relações humanas onde o bem comum perpasse na vivência, no agir de cada indivíduo e tenha como fim o bem estar da coletividade. Chiara Lubich discorre que a fraternidade é a “categor ia de pensamento capaz de conjugar a unidade e a distinção a que anseia a humanidade contemporânea”. Nos quatro pilares da educação 12 propostos pela UNESCO para o século XXI direcionando o agir educativo ao longo da vida, postulam o aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender e a conviver e aprender a ser como um norte para a educação do novo milênio. Nos deteremos nos dois últimos como expressão educativa promotora de fraternidade e paz. “Aprender a conviver, desenvolvendo a compreensão do outro e a percepção das interdependências – realizar projetos comuns e prepararse para gerenciar conflitos – no respeito pelos valores do pluralismo, da compreensão mútua e da paz.” É apresentada aqui uma formação que deve perpassar portoda a vida do ser humano, diante dos desafios e conflitos, mas aponta para o respeito como garantia da dignidade humana. Nas adversidades do mundo atual, aprender a conviver é fundamental para compreensão do outro da busca pelo bem comum do exercício constante e prático da fraternidad e. Aprender a ser traz o conhecimento da identidade do individuo como cidadão e podemos afirmar como cidadão do mundo e esse conhecimento direciona-o para a responsabilidade das suas ações do seu agir no mundo. Aprender a ser para melhor desenvolver a sua personalidade e estar à altura de agir com cada vez maior capacidade de autonomia, de discernimento e de responsabilidade pessoal.Para 10 Art. I. Da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Segundo BOBBIO, Norberto. Teoria Geral da Política. Rio de janeiro: Elsevier, 2000, p. 497: “A solução do problema da paz depende a nossa própria sobrevivência”. 12 Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI, coordenada por Jacques Delors. 11 isso, não negligenciar na educação nenhuma das potencialidades de cada indivíduo: memória, raciocínio, sentido estético, capacidades físicas, aptidão para comunicar-se. 13 Antídoto ao individualismo é formar o estudante em uma cultura de paz, esta considerada como uma questão cultural, não se pode desconsiderar que o ambiente escolar (educacional) possui um papel fundament al nesta construção. A educação é um vetor de transformação da realidade social e quando há o direcionamento das ações para uma prática pedagógica voltada ao compromisso de educar para a paz torna-se um ambiente de repúdio a toda forma de exclusão e intolerância. Segundo Borin: “Uma educação para a paz pressupõe-se uma educação comprometida com a vida, em uma constante busca de respeito à dignidade humana, baseada na igualdade, na justiça e na fraternidade ”. 14Neste sentido, segundo Leite e Silva, a paz não é somente a falta de violência, mas é uma “cultura, construída, conquistada e vivenciada por toda a comunidade, onde são vivenciados valores como o respeito mútuo, diálogo, amor ao próximo, a justiça, entre outros” 15. A construção de uma cultura de paz via processo educacional pressupõe, segundo o Seminário de Educação para a Paz / APDH- CIP: Trabalhar por um processo educativo que signifique contribuir para afastar o perigo da guerra; por um fim ao esbulho das zonas empobrecidas do planeta; ensinar a partir da e para a não-violência; aprender a considerar o conflito como um veículo de mudança, se sabermos resolvê-lo sem recorrer a violência; integrar o/a aluno/a em um processo de transformação da sociedade rumo à 13 Educação um tesouro a descobrir. Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI JACQUES DELORS(org.) 14 BORIN, Luiz Cláudio. Educação para a Paz: uma proposta pedagógica para a não violência. Disponível em: http://www.faac.unesp.br/pesquisa/tolerancia/texto_educacao_borin.htm , acesso em 30.08.2012. 15 LEITE, Andréa Varela. SILVA, Elizabeth Ângela de Macêdo. Evolução do Conceito de Paz. In: ARAÚJO, Gilda Maria Lins de. (org.) Educação para a Paz – A Arte de Amar. Vol I, Recife: Editora Universitária da UFPE, 2009, p. 77. justiça... definitivamente, este vem a ser o compromisso de educar para a paz 16. Entendemos que é no processo educativo onde há uma postura de respeito e diálogo, uma ação comunicativa livre de coaçõesondepode se estabelecer o consenso na busca do bem comum. Nesse contexto adentraremos no tópico seguite na importância de uma ação comunicativa na educação. 4. A ação comunicativa no processo educativo e construção de uma cultura de paz A ação comunicativa 17está direcionada à interação (verbal ou não verbal) de dois ou mais sujeitos que visam chegar a um entendimento mútuo acerca de algo, numa relação interpessoal. Os atores buscam entender-se numa determinada situação para poderem assim coordenar de comum acordo seus planos de ação. Pelo fato da ação comunicativa encontrar-se permeada pela linguagem. A esfera da sociedade participa de uma interação em que normas sociais se constituem a partir da convivência entre os sujeitos, capazes de comunicação e ação, e que prevalece, assim, uma ação comunicativa, a qual se orienta segundo normas de vigência obrigatória, que definem as expectativas recíprocas de comportamento e que têm de ser entendidas e reconhecidas, pelo menos, por dois agentes. Esse processo de interação mediado pela linguagem, é fundamental e relevante nas relações nas quais os sujeitos capazes de falar e agir estabelecem com o mundo; consiste portanto em suceder uma atividade segundo os fins, uma ação sujeito-objeto para uma ação comunicativa que busca chegar a um entendimento. A linguagem é concebida no pensamento habermasiano como meio de interação entre os indivíduos, comum a todos os homens e proporciona uma abertura ao diálogo, necessitando sempre de um outro para se efetivar, tornando se portanto um referencial social. Nesse contexto, “a linguagem orientada ao entendimento é fonte de integração social. Os participantes da comunidade 16 Apud BORIN, Luiz Cláudio. Educação para a Paz: uma proposta pedagógica para a não violência. Disponível em: http://www.faac.unesp.br/pesquisa/tolerancia/texto_educacao_borin.htm , acesso em 30.08.2012. 17 HABERMAS, Jürgen. Teoria de la Acción ComunicativaI. Madrid:Taurus, 2003.p.9 interpretam coletivamente uma situação e tentam chegar a um consenso quanto a uma interpretação que contemple interesses comuns e seja o factualmente possível daquilo que é idealmente postulado” 18. Brandão entende que: “como construção, a paz é, uma criação do exercício generoso do diálogo entre as pessoas que não pode ser outorgado. Um dever de direitos que nos cabe, por quem somos individual e coletivamente responsáveis, seres da sociedade, dos povos e nações da Terra”. 19 Freire sempre enfatizava a importância do diálogo para a construção do saber, segundo ele: "Dialogar é criar espaços para com que cada um possa dizer a sua palavra" 20 Mas esta opção pela linguagem não é propriamente nova na filosofia contemporânea e em várias correntes das ciências sociais. Tendo como ponto de partida a antropologia cultural, muitos estudiosos consideram a linguagem simbólica e articulada como perfil marcante da natureza humana, e ainda há aqueles que vêem a linguagem não apenas como um elemento a mais no homem, mas como o elemento principal e definitório do seu comportamento social. É o caso dos estudos realizados nas correntes analíticas da filosofia, nas lógico formais e nas investigações sintático-semânticas do círculo de Viena. Habermas, na Teoria da Ação Comunicativa, em meio ao contexto da guinada comunicativa por ele proposta, trava intenso debate com Wittgenstein, Pierce, Chomsky, Searle, Austin, entre outros. Estes são considerados por Habermas como grandes impulsionadores na mudança do paradigma da filosofia da consciência, pois foram responsáveis por inúmeras críticas a esta filosofia, abrindo caminho para uma reflexão aprofundada sobre as condições do entendimento subjetivo enraizado na linguagem. Para Habermas, a linguagem não se encontra no plano precisamente gramatical, mas principalmente como um meio de atingir o entendimento 18 EFKEN, Karl-Heinz. Razão comunicativa e integração social em Jürgen Habermas. Revista Symposium, Recife, Vol. 8, nº 1, Jan./Jun. 2004. p. 5. 19 Apud LEITE, Andréa Varela. SILVA, Elizabeth Ângela de Macêdo. Evolução do Conceito de Paz. In: ARAÚJO, Gilda Maria Lins de. (org.) Educação para a Paz – A Arte de Amar. Vol I, Recife: Editora Universitária da UFPE, 2009, p. 83. 20 FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2011. recíproco acerca de algo. A sua proposta está direcionada para uma teoria social enquanto comunicação intersubjetiva, teoria da intercompreensão. Esta, por sua vez, é instaurada pelas ações linguísticas que, através da argumentação racional, possibilita a obtenção do consenso, numa perspectiva real de emancipação dos homens. Consideramos de suma importância no processo educacional a ação comunicativa, essa por sua vez possibilita um entendimento livre de coações entre quem ensina e e aprende, entre o eucador e o educando. Numa sociedade onde permita tal concepção a fraternidade, o agir fraterno, será uma resposta ao desejo permanente da humanidade de paz. Borin corrobora nossa assertiva, pois: “Reconhecer o outro como irmão exige uma atitude de diálogo, ou seja, ir ao encontro do irmão e desarmar -se, reconhecendo sua individualidade e o amando como realmente é. O amor é capaz de transformar a sociedade violenta em uma sociedade com os princípios da Cultura de Paz” 21. Portanto, somente uma autêntica relação interpessoal de doação recíproca será capaz de favorecer a plena formação do ser humano e construir um diálogo fraterno propiciador da paz. Os percursos pedagógicos da educação devem ser permeados pelo princípio da fraternidade voltado à construção de homens novos e promotores da paz e do bem comum, neste sentido, o aspecto conteudístico das disciplinas ministradas deve ser tão relevante quanto sua formação humana pautada em valores universais com o intuito precípuo de oportunizar aos estudantes a interiorização das mensagens e transmudá-las em estilo de vida, donde todos são protagonistas nas ações de solidariedade e partilha e construtores ativos de um mundo permeado pela fraternidade e busca pela paz. Segundo Borin, “A maior causa da violência social é decorrente de uma sociedade 21 BORIN, Luiz Cláudio. Educação para a Paz: uma proposta pedagógica para a não violência. Disponível em: http://www.faac.unesp.br/pesquisa/tolerancia/texto_educacao_borin.h tm, acesso em 30.08.2012. intransigente, sociedade que não aprendeu a amar e perdoar, que visa suas próprias conveniências e não busca comunicações possíveis” 22. Considerações Finais Após adentramos no pensamento da educação para fraternidade entendemos que tal processo é indispensável para a formação doindivíduo na sociedade que pense e tenha o seu agir direcionado para o bem da coletividade. É mister dizer que só por uma ação educativa que dê prioridade a relações fraternas poderá abrir cominhos para a formação de homens que priorizem as relações humanas, numa dimensão de ver o outro como o seu semelhante. Consideramos ainda de suma importância no processo educacional a ação comunicativa, a qual quando exercida possibilita um entendimento livre de coações entre quem ensina e quem aprende, entre o educador e o educando. Numa sociedade onde permita tal concepção, a fraternidade, o agir fraterno, será uma resposta ao desejo permanente da humanidade de paz. Portanto, a inserção do princípio da fraternidade nas relações humanas, via processo educacional é indispensável à construção de uma sociedade plural, mais justa e mais fraterna. Referências BOBBIO, Norberto. Teoria Geral da Política. Rio de janeiro: Elsevier, 2000. BAGGIO, Antonio Maria (org). O princípio esquecido. Nova, 2008. São Paulo: Cidade BORIN, Luiz Cláudio. Educação para a Paz: uma proposta pedagógica para a não violência. Disponível em: 22 BORIN, Luiz Cláudio. Educação para a Paz: uma proposta pedagógica para a não violência. Disponível em: http://www.faac.unesp.br/pesquisa/tolerancia/texto_educacao_borin.htm , acesso em 30.08.2012. http://www.faac.unesp.br/pesquisa/tolerancia/texto_educacao_borin.h tm, em 30.08.2012. acesso EFKEN, Karl-Heinz. Razão comunicativa e integração social em Jürgen Habermas.Revista Symposium, Recife, Vol. 8, nº 1, Jan./Jun. 2004. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2011. HABERMAS, Jürgen. Teoria de la Acción ComunicativaI. Madrid:Taurus, 2003. LEITE, Andréa Varela. SILVA, Elizabeth Ângela de Macêdo. Evolução do Conceito de Paz.In: ARAÚJO, Gilda Maria Lins de. (org.) Educação para a Paz – A Arte de Amar. Vol I, Recife: Editora Universitária da UFPE, 2009. LUBICH,Chiara. Lição em Pedagogia. In: ARAÚJO, Gilda Maria Lins de. (org.) Educação para a Paz – A Arte de Amar. Vol I, Recife: Editora Universitária da UFPE, 2009. MARTINS, Washington. Repensar a democracia, a tecnologia e o pluralismo. Recife: Ed. do Autor, 2005. PIZZOLATO, Filippo. A fraternidade no ordenamento jurídico italiano. In: BAGGIO, Antônio Maria. O princípio esquecido. São Paulo: Cidade Nova, 2008.