Gramática Exemplificada

Propaganda
Gramática
Exemplificada
Lucas Henalsi
Gramática
Exemplificada
2ª edição revista
Editora Gramatiqueira
G
Copyright © 2015 by Lucas Henalsi
Este livro não pode ser reproduzido em qualquer meio sem autorização do Autor.
projeto gráfico Lucas Henalsi
edição de texto e revisão Lucas Henalsi
1ª edição iniciada em 23 de abril de 2012
1ª edição concluída em 05 de maio de 2012
2ª edição 2015
Texto revisado pelo novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
Ficha catalográfica elaborada pelo Autor.
H493g
Gramática exemplificada / Lucas Henalsi. 2. ed. rev. – Brasília: Editora
Gramatiqueira, 2015.
64 p.
Inclui referências.
1. Gramática. I. Título.
CDU: 81´36
Apresentação
Este livro é uma compilação de cinco assuntos da gramática da língua
portuguesa – colocação pronominal, concordância verbal, concordância nominal, regência verbal e regência nominal –, que frequentemente causam dúvidas
nas pessoas quando estas se veem na necessidade de utilizar a norma padrão da
língua portuguesa, tanto em situações de fala quanto de escrita.
Todo o conteúdo deste livro é resultado de uma longa pesquisa realizada exclusivamente em fontes da internet entre abril e maio de 2012 por mim
enquanto estava na segunda série do ensino médio e sentia que os livros de
gramática tinham algumas lacunas e muitas vezes não explicavam bem alguns
tópicos importantes. Para complementar meus conhecimentos, decidi realizar
uma pesquisa que abrangesse o máximo possível de casos gramaticais para
sanar quaisquer dúvidas que pudessem surgir em relação ao uso padrão da
língua. Faço questão de salientar a importância de se ter a consciência de que
língua falada e língua escrita devem ser tratadas como dois objetos distintos,
algo ainda pouco compreendido pelas pessoas. Isto significa dizer que a gramática existe, ou deveria existir, para padronizar um idioma na sua forma escrita,
de modo que cada língua, a despeito dos vários dialetos que possa ter na forma
falada, tenha uma norma padrão, uma forma escrita sistematizada por conjunto
de regras. Todas as variedades linguísticas regionais faladas devem ser respeitadas e é necessário combater o preconceito linguístico, tão presente no dia a dia.
A gramática de uma língua é apenas um parâmetro formal de padronização.
Este projeto é uma segunda edição mais aprimorada e bem diagramada da primeira versão de 2012. Apresento-o como um trabalho para avaliação
parcial da disciplina de Editoração do curso de Biblioteconomia da Universidade de Brasília (UnB), ministrada pela Prof.ª Michelli Pereira da Costa, no
segundo semestre de 2015.
Sumário
Colocação Pronominal .......................................................................... 9
Introdução ........................................................................................... 9
Próclise...................................................................................................11
Ênclise....................................................................................................14
Começo de frase ...............................................................................16
Mesóclise ...............................................................................................18
Próclise ou ênclise................................................................................19
Colocação Pronominal nas Locuções Verbais ................................20
Alterações sofridas pelos pronomes “o, a, os, as” quando
colocados em ênclise .......................................................................22
Conclusão ..........................................................................................23
Concordância Verbal ...........................................................................24
Introdução .........................................................................................24
Conclusão ..........................................................................................36
Concordância Nominal .......................................................................37
Introdução .........................................................................................37
Regra Geral........................................................................................37
Conclusão ..........................................................................................46
Regência Verbal....................................................................................47
Regência de alguns verbos ..............................................................50
Regência Nominal ................................................................................55
Regência de Advérbios ....................................................................59
Referências ............................................................................................60
Gramática Exemplificada
Colocação Pronominal
Introdução
A colocação pronominal é a posição que os pronomes pessoais oblíquos átonos ocupam na frase em relação ao verbo a que se referem. É o estudo da colocação dos pronomes oblíquos átonos (me, te, se, o, a, lhe, nos, vos,
os, as, lhes) em relação ao verbo. Esses pronomes se unem aos verbos porque
são “fracos” na pronúncia.
Embora na linguagem falada a colocação dos pronomes não seja rigorosamente seguida, algumas normas devem ser observadas, sobretudo, na
linguagem escrita. O uso dos pronomes oblíquos átonos (me, te, se, o(s), a(s),
lhe(s), nos) em relação ao verbo é bastante livre no Brasil: depende muito do
ritmo, da harmonia, da ênfase e principalmente da eufonia.
Como a pronúncia brasileira é diferente da portuguesa, a colocação
pronominal neste lado do Atlântico também difere da de Portugal. O português brasileiro é essencialmente proclítico, isto é, é mais comum usar o pronome na frente do verbo na maior parte do tempo.
Sobre os pronomes:
O pronome pessoal é do caso reto quando tem função de sujeito na
frase. O pronome pessoal é do caso oblíquo quando desempenha função de
complemento. Vamos entender, primeiramente, como o pronome pessoal
surge na frase e que função exerce.
São pronomes oblíquos átonos: me, te, se, o, os, a, as, lhe, lhes, nos e
vos.
9
Gramática Exemplificada
Observe as orações:
1. Eu não sei essa matéria, mas ele irá me ajudar.
2. Joana foi embora, pois não sabia se devia ajudá-lo.
Na primeira oração os pronomes pessoais “eu” e “ele” exercem função de sujeito, logo, são pertencentes ao caso reto. Já na segunda oração, observamos o pronome “lhe” exercendo função de complemento, e consequentemente é do caso oblíquo. Os pronomes pessoais indicam as pessoas do discurso, o pronome oblíquo “lhe”, da segunda oração, aponta para a segunda
pessoa do singular.
Importante: Em observação à segunda oração, o emprego do pronome oblíquo "lhe" é justificado antes do verbo intransitivo "ajudar" porque o pronome
oblíquo pode estar antes, depois ou entre locução verbal, caso o verbo principal (no caso "ajudar") estiver no infinitivo ou gerúndio.
Ex.: Eu desejo lhe perguntar algo.
Eu estou perguntando-lhe algo.
O pronome oblíquo átono pode assumir três posições na oração em
relação ao verbo:
1. próclise: pronome antes do verbo
2. ênclise: pronome depois do verbo
3. mesóclise: pronome no meio do verbo
A regra geral diz que se deve colocar o pronome enclítico, desde que
não haja fator de próclise, ou seja, um dos futuros do indicativo, com atenção
aos casos especiais.
10
Gramática Exemplificada
Próclise
Se o sujeito estiver logo antes do verbo, a próclise será facultativa. A
próclise é aplicada antes do verbo quando temos:
1. Palavras com sentido negativo, desde que não haja pausa entre o verbo e as
palavras de negação: não, nunca, jamais, nada, ninguém, nem, de modo algum:
Ex.: Nada me perturba.
Ninguém se mexeu.
De modo algum me afastarei daqui.
Ela nem se importou com meus problemas.
Jamais se soube a verdadeira versão dos fatos.
Nada me faz querer sair dessa cama.
Não se trata de nenhuma novidade.
Observação
Se a palavra negativa preceder um infinitivo não-flexionado, é possível a ênclise.
Ex.: Calei para não magoá-lo.
2. Advérbios
Ex.: Nesta casa se fala alemão.
Naquele dia me falaram que a professora não veio.
Aqui se tem paz.
Sempre me dediquei aos estudos.
Talvez o veja na escola.
Lá se foi nosso dinheiro.
11
Gramática Exemplificada
Devagar se vai ao longe.
Ele certamente a viu.
Observação: Se houver vírgula depois do advérbio, este (o advérbio) deixa de
atrair o pronome.
Ex.: Aqui, trabalha-se.
3. Pronomes relativos
Ex.: A aluna que me mostrou a tarefa não veio hoje.
Não vou deixar de estudar os conteúdos que me falaram.
A pessoa que me ligou era minha amiga.
4. Pronomes indefinidos
Ex.: Quem me disse isso?
Todos se comoveram durante o discurso de despedida.
Alguém me ligou?
5. Pronomes demonstrativos
Ex.: Isso me deixa muito feliz!
Aquilo me incentivou a mudar de atitude!
Isso me traz muita felicidade.
6. Formas verbais proparoxítonas
Ex.: Nós o censurávamos.
7. Frases interrogativas
Ex.: Quanto me cobrará pela tradução?
12
Gramática Exemplificada
Quem se habilita?
8. Frases exclamativas ou optativas, que exprimem desejo
Ex.: Deus o abençoe!
Macacos me mordam!
9. Preposição seguida de gerúndio
Ex.: Em se tratando de qualidade, este é o mais indicado.
Em se tratando de beleza, ele é campeão.
10. Conjunção subordinativa: quando, se, porque, que, conforme, embora,
logo, que:
Ex.: Quando se trata de comida, ele é um “expert”.
É necessário que a deixe na escola.
Vamos estabelecer critérios, conforme lhe avisaram.
Observação: O pronome poderá vir proclítico quando o infinitivo estiver precedido de preposição ou palavra atrativa.
Ex.: É preciso encontrar um meio de não o magoar.
É preciso encontrar um meio de não magoá-lo.
13
Gramática Exemplificada
Ênclise
A ênclise é empregada depois do verbo e é usada quando a próclise e
a mesóclise não forem possíveis. A norma culta não aceita orações iniciadas
com pronomes oblíquos átonos. A ênclise vai acontecer quando:
1. O verbo estiver no imperativo afirmativo
Ex.: Amem-se uns aos outros.
Sigam-me e não terão derrotas.
Procure seus colegas e convide-os.
2. O verbo iniciar a oração ou estiver no início da frase
Ex.: Diga-lhe que está tudo bem.
Chamaram-me para ser sócio.
Vou-me embora agora mesmo.
3. O verbo estiver no infinitivo impessoal
Ex.: Convém contar-lhe tudo.
Não era minha intenção machucar-te.
4. O verbo estiver no infinitivo impessoal regido da preposição "a"
Ex.: Naquele instante os dois passaram a odiar-se.
Passaram a cumprimentar-se mutuamente.
14
Gramática Exemplificada
Observação: Estando o infinitivo pessoal regido da preposição “para”, é indiferente a colocação do pronome oblíquo ante ou após o verbo, mesmo com a
presença do advérbio “não”.
Ex.: Silenciei para não irritá-lo.
Silenciei para não o irritar.
5. Os pronomes o(s)/a(s) estiverem junto ao infinitivo não flexionado, precedido da preposição “a”
Ex.: Todos corriam a escutá-lo com atenção.
Ele começou a insultá-la.
6. O verbo estiver no gerúndio
Ex.: Não quis saber o que aconteceu, fazendo-se de despreocupada.
Despediu-se, beijando-me a face.
7. Houver vírgula ou pausa antes do verbo
Ex.: Se passar no vestibular em outra cidade, mudo-me no mesmo instante.
Se não tiver outro jeito, alisto-me nas forças armadas.
Observações:
a) Existe uma ordem de prioridade na colocação pronominal: primeiramente,
tentar fazer próclise, depois mesóclise e em último caso, ênclise;
b) Quando o pronome é a/as, o/os, torna-se preferível a ênclise:
Ex.: Tenho o prazer de convidá-los a comparecer ao batismo.
Folgo por sabê-los bem.
15
Gramática Exemplificada
c) Se o gerúndio vier precedido de preposição ou de palavra atrativa, ocorrerá a
próclise:
Ex.: Em se tratando de cinema, prefiro o suspense.
Saiu do escritório, não nos revelando os motivos.
Importante:
a) Ênclise de verbo no futuro e/ou no particípio está sempre errada.
Ex.: Tornarei-me (errado) / Tornar-me-ei (correto)
Tinha entregado-nos (errado) / Tinha nos entregado (correto)
b) Ênclise de verbo no infinitivo está sempre certa.
Ex.: Entregar-lhe. (correto)
Não posso recebê-lo. (correto)
c) A ênclise com os tempos futuros; em outros termos: colocar o pronome
átono depois dos verbos no futuro do presente do indicativo, no futuro do
pretérito do indicativo e no futuro do subjuntivo está sempre errado:
Ex.: Fazerei-me (errado) / Far-me-ei (correto)
Faria-nos (errado) / Far-nos-ia (correto)
Diriam-se (errado) / Dir-se-iam (correto)
Começo de frase
Ainda não aceita na linguagem culta formal, a colocação do pronome
átono em início de frase é permitida na linguagem informal e nos diálogos pode ser “proibida”, mas não é inviável, portanto. Celso Cunha e Lindley
Cintra, na Nova Gramática do Português Contemporâneo (1985: 307), observam que essa possibilidade – especialmente com a forma me – é característica
do português do Brasil e também do Português falado nas repúblicas africanas.
16
Gramática Exemplificada
Em todo caso, deve-se evitar o uso do pronome se no começo da frase porque
ele pode induzir o leitor a pensar que se trata da conjunção condicional “se”:
Ex.: Me arrepio todo.
Se sente que o dia vai sair por detrás.
17
Gramática Exemplificada
Mesóclise
É a colocação pronominal no meio do verbo. A mesóclise acontece
quando o verbo está flexionado no futuro do presente ou no futuro do pretérito. Respeitados os princípios de próclise, haverá mesóclise caso o verbo esteja
nos tempos futuros do indicativo. A mesóclise é usada:
1. Quando o verbo estiver no futuro do presente ou futuro do pretérito, contanto que esses verbos não estejam precedidos de palavras que exijam próclise
Ex.: Realizar-se-á, na próxima semana, um evento em prol da paz.
Não fosse o meu aniversário, acompanhar-te-ia nessa viagem.
A prova realizar-se-á neste domingo pela manhã.
Far-lhe-ei uma proposta irrecusável.
Diante da plateia, cantar-se-ia melhor.
Os amigos sinceros lembrar-nos-ão um dia
Convidar-me-ão para a festa.
Convidar-me-iam para a festa.
Observação: Se houver uma palavra atrativa, a próclise será obrigatória.
Ex.: Não me convidarão para a festa.
18
Gramática Exemplificada
Próclise ou ênclise
O pronome pode ficar antes ou depois do verbo quando houver:
1. Sujeito explícito antes do verbo
Ex.: Ele se manteve/manteve-se irredutível em relação ao divórcio.
Desde os dois anos de idade, Laís se veste/veste-se sozinha.
Fazer inimigos se tornou/tornou-se uma obsessão para Ana.
2. Conjunção coordenativa
Ex.: Gostei da festa, porém me despedi/despedi-me cedo.
O governador foi taxativo e se estendeu/estendeu-se longamente sobre o
assunto.
3. Preposição antes de verbo no infinitivo
Ex.: Nas lojas esportivas encontramos o equipamento ideal para proporcionarnos/para nos proporcionar uma vida sadia.
Tenho o prazer de lhes falar/falar-lhes sobre a filosofia que norteia nossa
instituição.
19
Gramática Exemplificada
Colocação Pronominal nas Locuções
Verbais
Locuções verbais são formadas por um verbo auxiliar + infinitivo, gerúndio ou particípio. Locução verbal é a reunião de dois ou mais verbos para
exprimir uma só ação. O primeiro verbo é chamado auxiliar; o último é o
principal e está sempre no infinitivo, no gerúndio ou no particípio.
1. Auxiliar + Particípio
O pronome deve ficar depois do verbo auxiliar. Se houver palavra
atrativa, o pronome deverá ficar antes do verbo auxiliar. Se o verbo auxiliar
estiver no futuro do presente ou no futuro do pretérito, ocorrerá mesóclise,
desde que não haja palavra atrativa antes dele:
Ex.: Havia-lhe contado a verdade.
Não lhe havia contado a verdade.
Haviam-me convidado para a festa.
O povo havia-se retirado quando chegamos.
Haver-me-iam convidado para a festa.
Observação: Não é permitido o uso da ênclise com o particípio:
Ex.: Havia encontrado-se lá. (errado)
Havia-se encontrado lá. (correto)
2. Auxiliar + Gerúndio
Podem os pronomes, conforme as circunstâncias, estar em próclise
ou ênclise, ora ao verbo auxiliar, ora à forma nominal:
20
Gramática Exemplificada
Ex.: Vou-me arrastando/Vou me arrastando/Vou arrastando-me.
Não me vou arrastando/Não vou arrastando-me.
Eles foram se afastando. [colocação brasileira]
Observação: Para o gerúndio, vale a regra geral: ênclise. A próclise é obrigatória se o gerúndio vier precedido da preposição “em” ou se o gerúndio vier
precedido de advérbio que o modifique diretamente, sem pausa:
Ex.: Em se tratando de colocação pronominal, sei tudo!
3. Auxiliar + Infinitivo
Podem os pronomes, conforme as circunstâncias, estar em próclise
ou ênclise, ora ao verbo auxiliar, ora à forma nominal. Mesmo com fator de
próclise, a ênclise no infinitivo é correta. Se não houver palavra atrativa, o
pronome oblíquo virá depois do verbo auxiliar ou do verbo principal, caso
contrário, o pronome poderá ser colocado antes do verbo auxiliar ou depois
do verbo principal:
Ex.: Devo calar-me/Devo-me calar/Devo me calar.
Não devo calar-me/Não me devo calar/Não devo me calar.
Estavam chamando-me pelo telefone/Estavam-me chamando pelo telefone.
Não estavam chamando-me/Não me estavam chamando.
Devo esclarecer-lhe o ocorrido/Devo-lhe esclarecer o ocorrido.
4. Auxiliar + Preposição + Infinitivo
Admite-se a próclise se o infinitivo não-flexionado vier precedido de
preposição ou palavra negativa, se o infinitivo vier flexionado, também é preferível a próclise, desde que não inicie o período. Se o pronome for o/a (s) e o
infinitivo regido da preposição “a”, é obrigatória a ênclise:
Ex.: Para te servir/Para servir-te.
21
Gramática Exemplificada
Não o incomodar/Não incomodá-lo.
Começamos a nos preparar para o vestibular/Começamos a preparar-nos para
o vestibular.
Há de acostumar-se/Há de se acostumar.
Não se há de acostumar/Não há de acostumar-se.
Alterações sofridas pelos pronomes “o, a, os, as”
quando colocados em ênclise
Dependendo da terminação verbal, os pronomes o, a, os, as, podem
sofrer alterações em sua forma. Veja:
1. Em verbos terminados em vogal ou ditongo oral, os pronomes o, a, os, as
não se alteram
Ex.: Chame-o agora.
Deixei-a mais tranquila.
2. Em verbos terminados em r, s ou z, estas consoantes finais alteram-se
para -lo, -la, -los, -las
Ex.: Encontrá-lo é o meu maior sonho.
Fi-lo (fazer) porque não tinha alternativa.
3. Em verbos terminados em ditongos nasais (am, em, ão, õe,), os pronomes
o, a, os, as alteram-se para -no, -na, -nos, -nas
Ex.: Chamem-no agora.
Põe-na sobre a mesa.
22
Gramática Exemplificada
Conclusão
Vimos nesse tutorial o assunto colocação pronominal, ou seja, a colocação dos pronomes átonos (o, a, os, as) em relação ao verbo. Tal colocação
pode aparecer em três posições distintas; a próclise, que é a colocação dos
pronomes antes do verbo; a mesóclise, que ocorre quando o pronome é colocado no meio do verbo. Essa colocação só é utilizada no futuro do presente e
no futuro do pretérito, desde que não haja uma palavra que exija a próclise. Já
a ênclise é usada depois do verbo, quando este inicia uma oração, se o verbo
estiver no imperativo afirmativo e nas orações reduzidas de infinitivo.
23
Gramática Exemplificada
Concordância Verbal
Introdução
Ao falarmos sobre a concordância verbal, estamos nos referindo à relação de dependência estabelecida entre um termo e outro mediante um contexto oracional. Desta feita, os agentes principais desse processo são representados pelo sujeito, que no caso funciona como subordinante, e o verbo, o qual
desempenha a função de subordinado.
1. Verbo com sujeito simples
O verbo concorda em número e pessoa, não interessando a posição.
Ex.: Ele chegou tarde.
Nós voltaremos logo.
Chegaram os alunos.
2. Sujeito composto antes do verbo
a) o verbo vai para o plural:
Ex.: Recife e Jaboatão dos Guararapes são as principais cidades do litoral
pernambucano.
b) o verbo poderá ficar no singular:
• Se os núcleos do sujeito forem sinônimos:
Ex.: A decência e honestidade é coisa rara nos dias atuais.
• Quando os núcleos formam uma gradação:
Ex.: A angústia, a solidão, a falta de companhia levou-o ao vício da bebida.
• Quando os núcleos aparecem resumidos por tudo, nada, ninguém:
24
Gramática Exemplificada
Ex.: Diretores, gerentes, supervisores, ninguém faltou.
A ameaça, o terrorismo, a agressão, nada o assustava.
3. Sujeito composto depois do verbo
a) o verbo vai para o plural:
Ex.: Chegaram ao estádio os jogadores e o técnico.
Cambaleavam na rua Do Carmo e Dirceu.
b) o verbo concorda com o núcleo mais próximo:
Ex.: Chegou ao estádio o técnico e os jogadores.
4. Sujeito composto de pessoas diferentes
a) quando aparece a 1ª pessoa do singular o verbo vai para o plural:
Ex.: Jorge e eu jogaremos amanhã.
O professor e eu fotografamos vários tipos de pássaros.
b) se o sujeito for formado de segunda e terceira pessoas do singular, o verbo
pode ir para a 2ª ou 3ª pessoa do plural:
Ex.: Tu e ele ficareis atentos.
Tu e tua esposa viajarão cedo.
5. Núcleos do sujeito ligados pela conjunção “ou”
a) se houver ideia de exclusão ou retificação, o verbo fica no singular ou concordará com o núcleo do sujeito mais próximo:
Ex.: Paulo ou George será o novo gerente.
O marginal ou os marginais não deixaram nenhuma pista para os policiais.
b) se não houver ideia de exclusão o verbo vai para o plural:
25
Gramática Exemplificada
Ex.: A bebida ou o fumo são prejudiciais à saúde.
6. Núcleos do sujeito ligados pela preposição “com”
O verbo irá para o plural, mas admite-se o singular quando se quer
destacar o primeiro núcleo do sujeito.
Ex.: O marceneiro com o pintor terminaram o serviço combinado.
O marceneiro com o pintor terminou o serviço combinado.
7. Sujeito coletivo
Quando o sujeito é um coletivo, o verbo concorda com ele:
Ex.: A multidão aplaudiu o discurso do diretor.
As boiadas seguiam seu caminho pelo pantanal.
Observação: Se o coletivo vier especificado o verbo pode ficar no singular ou
ir para o plural.
Ex.: A equipe de cinegrafistas acompanhou o protesto dos professores pelas
ruas do Recife.
A equipe de cinegrafistas acompanharam o protesto dos professores pelas
ruas do Recife.
8. Sujeito é substantivo que só tem plural
Quando o sujeito é um substantivo usado somente no plural, há duas
possibilidades:
a) se o substantivo não vier precedido de artigo fica no singular:
Ex.: Estados Unidos é a maior potência econômica do mundo.
b) se o substantivo for precedido de artigo, o verbo vai para o plural:
Ex.: As Minas Gerais possuem grandes paisagens naturais.
26
Gramática Exemplificada
Os Estados Unidos são a maior potência econômica do mundo.
9. Sujeito é um pronome de tratamento
Quando o sujeito é um pronome de tratamento, o verbo vai para a 3ª
pessoa.
Ex.: Vossa Excelência agiu corretamente.
Vossas Excelências votaram a nova lei.
10. Sujeito são os pronomes relativos “que” e “quem”
a) se o sujeito for o pronome relativo “que”, o verbo concordará em número e
pessoa com o antecedente do pronome.
Ex.: Fui eu que liguei o rádio.
Fomos nós que consertamos a TV.
b) se o sujeito for o pronome “quem”, o verbo fica na 3ª pessoa do singular.
Ex.: Não sou eu quem faz o jantar.
Fui eu quem pagou o jantar.
Observação: Popularmente é comum o verbo concordar com o antecedente
do pronome “quem”.
Ex.: Não sou eu quem faço o jantar.
11. O sujeito é uma oração
Quando o sujeito for representado por uma oração, o verbo fica na 3ª
pessoa do singular.
Ex.: Ainda falta comprar vários livros.
Não adianta vocês ficarem parados na fila.
27
Gramática Exemplificada
12. Os núcleos do sujeito são infinitivos
O verbo vai para o plural se os infinitivos forem determinados por artigos. Caso os infinitivos não aparecerem determinados o verbo poderá ficar
no singular.
Ex.: Correr e caminhar é um ótimo exercício.
O cantar e o dançar divertem qualquer pessoa.
13. Verbo com a partícula apassivadora “se”
O verbo normalmente concorda com o sujeito.
Ex.: Vende-se uma geladeira.
Vendem-se carros.
14. Verbo com índice de indeterminação do sujeito
O verbo fica na 3ª pessoa do singular se a partícula “se” está ligada a
um verbo transitivo indireto ou intransitivo.
Ex.: Precisa-se de pedreiros.
Trabalha-se muito em Brasília.
15. Sujeito formado por expressões
a) um ou outro
O verbo concorda no singular com o sujeito:
Ex.: Um ou outro jogador merecia críticas.
Um ou outro levava a irmã ao colégio.
b) um e outro, nem um nem outro, nem... nem
O verbo concorda preferencialmente no plural:
Ex.: Um e outro permaneciam aguardando a chamada.
Nem um nem outro quiseram tomar banho.
28
Gramática Exemplificada
c) um dos que, uma das que
O verbo vai, de preferência, para o plural:
Ex.: Antônio é um dos que mais estudam matemática.
d) mais de, menos de
O verbo concorda com o numeral a que se refere:
Ex.: Mais de um aluno apresentou a pesquisa de campo.
Mais de cem menores fugiram do presídio.
e) a maior parte de, grande número de
Essas expressões seguidas de substantivos ou pronome no plural, o
verbo pode ir para o singular ou para o plural:
Ex.: Grande número de empresários se revoltou contra o governo.
A maioria das pessoas protestaram contra o aumento da energia elétrica.
f) quais de vós, quantos de nós, alguns de nós
O verbo concordará com os pronomes nós ou vós ou concordar na
3ª pessoa do plural:
Ex.: Alguns de nós chegaram hoje.
Muitos de nós não conhecemos as leis.
Observação: Se o pronome indefinido ou interrogativo estiver no singular, o
verbo ficará na 3ª pessoa do singular.
Ex.: Nenhuma de nós ouviu a notícia.
16. Haja vista
Podem ocorrer as seguintes concordâncias:
29
Gramática Exemplificada
a) a expressão fica invariável:
Ex.: Haja vista aos livros da escola. (atente-se)
Haja vista os livros da escola. (por exemplo)
b) a expressão vai para o plural:
Ex.: Hajam vista os livros da escola. (vejam-se)
Observações
a) quando acompanhado de verbo auxiliar, esse fica invariável na 3ª pessoa do
singular.
Ex.: Devia haver cinco anos que não falávamos com Rita.
b) verbos que exprimem fenômenos da natureza usados em sentido figurado
deixam de ser impessoais.
Ex.: Choviam lágrimas de seus olhos.
c) popularmente é comum usar o verbo ter como impessoal no lugar de haver
ou existir.
Ex.: Tem cinco anos que moravam em Portugal.
17. Concordância dos verbos “dar”, “soar” e “bater”
Esses verbos concordam regularmente com o sujeito, a não ser que
sejam usadas outras palavras como sujeito.
Ex.: Batiam cinco horas quando o alarme tocou.
Deu quatro horas e ninguém foi visto.
18. Concordância dos verbos impessoais
Ficam na 3ª pessoa do singular, pois não possuem sujeito.
30
Gramática Exemplificada
Ex.: Havia cinco anos que moravam em Portugal.
Chovia muito naquela noite.
Faz dois meses que recebemos a carta.
19. Concordância do verbo “ser”
O verbo ser ora concorda com o sujeito ora concorda com o predicativo.
a) quando o sujeito for um dos pronomes que ou quem, o verbo ser concordará
obrigatoriamente com o predicativo.
Ex.: Que são homônimos?
Quem foram os vencedores do campeonato?
b) o verbo ser concordará com o numeral na indicação de tempo, dias, distância.
Ex.: É uma hora da madrugada.
São dezenove horas em ponto.
c) quando o sujeito for os pronomes tudo, o, isso, aquilo, isto, o verbo ser concorda, preferencialmente, com o predicativo, mas poderá concordar com o
sujeito.
Ex.: Tudo são flores no início da relação.
Isto são fenômenos da natureza.
d) quando aparece nas expressões é muito, é pouco, é bastante, o verbo ser fica no
singular, quando indicar quantidade, distância, medida.
Ex.: Quatro reais é pouco para irmos ao cinema.
Seis quilos de feijão é mais do que pedi.
31
Gramática Exemplificada
e) em indicações de horas, datas, tempo, distância, a concordância será feita
com a expressão numérica.
Ex.: São nove horas.
É uma hora.
f) em indicações de datas, são aceitas as duas concordâncias, pois se subentende a palavra dia.
Ex.: Hoje são 24 de outubro.
Hoje é (dia) 24 de outubro.
g) quando o sujeito ou predicativo da oração for pronome pessoal, a concordância se dará com o pronome.
Ex.: Aqui o presidente sou eu.
h) se os dois termos (sujeito e predicativo) forem pronomes, a concordância
será com o que aparece primeiro, considerando o sujeito da oração.
Ex.: Eu não sou tu.
i) sujeito como pessoa: a concordância nunca se fará com o predicativo.
Ex.: O menino era as esperanças da família.
j) nas locuções é pouco, é muito, é mais de, é menos de, junto a especificações de
preço, peso, quantidade, distância, o verbo fica sempre no singular.
Ex.: Cento e cinquenta é pouco.
Cem metros é muito.
k) no caso da expressão é que, usada como expletivo, se o sujeito da oração não
32
Gramática Exemplificada
aparecer entre o verbo ser e o que, ficará invariável. Se aparecer, o verbo concordará com o sujeito.
Ex.: Eles é que sempre chegam atrasados.
Ex.: São eles que sempre chegam atrasados.
20. Concordância do verbo “parecer”
O verbo parecer antes de infinitivos admite duas concordâncias:
a) o verbo parecer se flexiona e o infinitivo não varia:
Ex.: As paredes do prédio pareciam estremecer.
b) não varia o verbo parecer e o infinitivo é flexionado:
Ex.: Os alunos parecia concordarem com o diretor da escola.
c) o verbo parecer concordará no singular, usando-se oração desenvolvida:
Ex.: As paredes parece que estão estremecidas.
21. Verbo antecedido de vários sujeitos
a) se houver mais de um sujeito singular antecedendo um verbo, este ficará no
singular ou irá para o plural.
Ex.: A nota fiscal e a duplicata registram informações importantes.
Registram informações importantes a nota fiscal e a duplicata.
Registra informações importantes a nota fiscal e a duplicata.
b) no caso de sujeito de números diversos (singular e plural) precedendo o
verbo, este vai para o plural. Se estes sujeitos estiverem depois dele, o verbo
poderá ficar no singular se o sujeito mais próximo estiver no singular.
Ex.: O funcionário e os clientes reconheceram-se culpados.
Reconhecera-se culpado o funcionário e os clientes.
33
Gramática Exemplificada
Reconheceram-se culpados os clientes e o funcionário.
22. Sujeito constituído “por cerca de”, “mais de”, “menos de”
a) sujeito constituído por expressões que indicam quantidade aproximada
determina que a concordância se faça com o complemento dessas expressões.
Ex.: Cerca de cem estudantes adquiriam os livros.
Menos de dez pessoas entraram na loja.
b) expressão mais de um determina o verbo no singular.
Ex.: Mais de um executivo viajou para o Rio de Janeiro.
23. Sujeito como pronome interrogativo, demonstrativo ou indefinido plural
a) se o sujeito for constituído pelos pronomes indicados, o verbo pode permanecer na 3ª pessoa do plural ou concordar com o pronome pessoal que indica
o todo.
Ex.: Quantos, entre os empregados, estariam dispostos a participar da festa?
Quantos, entre vós, estaríeis dispostos a participar da festa?
b) se o interrogativo estiver no singular, o verbo ficará no singular. Nas orações interrogativas que utilizam quem ou o que, faz-se a concordância com o
substantivo ou pronome que vier depois do verbo.
Ex.: Quem são os clientes?
Quem és tu, ó Florentina?
Quem sois vós que tanto me aperreias?
Que será isso que aconteceu?
O que são estragos, defeitos?
34
Gramática Exemplificada
24. Sujeitos ligados por conjunção comparativa
Admitem o verbo tanto no singular como no plural.
Ex.: Tanto João Carlos como Benedito participaram.
O serviço, como qualquer produto, deve ter preço justo.
25. Sujeito expresso por horas
a) se aparecer na frase a palavra relógio como sujeito, o verbo ficará no singular.
Ex.: O relógio deu 15 horas.
b) o verbo dar deve concordar regularmente com o sujeito expresso.
Ex.: Deram 10 horas no relógio da matriz.
Iam dar 18 horas, quando o diretor reuniu todos os gerentes.
Observações
a) caso o verbo aparecer anteposto à expressão de porcentagem, esse deverá
concordar com o numeral.
Ex.: Aprovaram a decisão da diretoria 50% dos funcionários.
b) em casos relativos a 1%, o verbo permanecerá no singular.
Ex.: 1% dos funcionários não aprovou a decisão da diretoria.
c) em casos em que o numeral estiver acompanhado de determinantes no
plural, o verbo permanecerá no plural.
Ex.: Os 50% dos funcionários apoiaram a decisão da diretoria.
26. Sujeito representado por expressões que indicam porcentagem
O verbo concordará com o numeral ou com o substantivo a que se
refere essa porcentagem.
35
Gramática Exemplificada
Ex.: 50% dos funcionários aprovaram a decisão.
50% do eleitorado apoiou a decisão.
27. O sujeito tiver por núcleo a palavra “gente” (sentido coletivo)
O verbo poderá ser usado no singular ou plural, se este vier afastado
do substantivo, sendo mais recomendado que o verbo fique no singular.
Ex.: A gente da cidade, temendo a violência da rua, permanece em casa.
A gente da cidade, temendo a violência da rua, permanecem em casa.
Conclusão
Como se pôde notar, concordância verbal é um assunto bastante extenso e requer muito estudo e concentração, pois apresenta várias regras e
algumas se diferenciam por pequenos detalhes.
Foi visto que, quando o sujeito é simples, o verbo concorda em número e pessoa, estando o sujeito antes ou depois do verbo. Se o sujeito for
composto, há vários casos de concordância, tais como o sujeito anteposto ao
verbo (o verbo vai para o plural, ou poderá ficar no singular); sujeito posposto
ao verbo (o verbo vai para o plural ou pode concordar com o núcleo do sujeito
mais próximo); sujeito representado por coletivo e assim por diante.
Também foi mencionado casos de concordância em que o sujeito é
uma oração; os seus núcleos são constituídos por infinitivos e até por expressões como um ou outro, um e outro.
36
Gramática Exemplificada
Concordância Nominal
Introdução
Concordância nominal consiste na adaptação de uns nomes aos outros, harmonizando-se nas suas flexões com as palavras de que dependem. A
concordância nominal baseia-se na relação entre um substantivo (ou pronome,
ou numeral substantivo) e as palavras que a ele se ligam para caracterizá-lo
(artigos, adjetivos, pronomes adjetivos, numerais adjetivos e particípios). Basicamente, ocupa-se da relação entre nomes.
Concordância nominal nada mais é que o ajuste que fazemos aos demais termos da oração para que concordem em gênero e número com o substantivo. Teremos que alterar, portanto, o artigo, o adjetivo, o numeral e o
pronome. Além disso, temos também o verbo, que se flexionará à sua maneira,
merecendo um estudo separado de concordância verbal.
Lembre-se: normalmente, o substantivo funciona como núcleo de um termo
da oração, e o adjetivo, como adjunto adnominal.
Regra Geral
O artigo, o pronome, o adjetivo e o numeral devem concordar em
gênero (masculino/feminino) e número (singular/plural) com o substantivo a
que se refere.
Ex.: O alto ipê cobre-se de flores amarelas.
Faz duas horas que cheguei de viagem.
A concordância do adjetivo ocorre de acordo com as seguintes regras
gerais:
37
Gramática Exemplificada
1. O adjetivo concorda em gênero e número quando se refere a um único substantivo
Ex.: As mãos trêmulas denunciavam o que sentia.
2. Quando o adjetivo se refere a vários substantivos, a concordância pode
variar
Podemos sistematizar essa flexão nos seguintes casos:
a) adjetivo anteposto aos substantivos
a1) o adjetivo concorda em gênero e número com o substantivo mais próximo.
Ex.: Encontramos caídas as roupas e os prendedores.
Encontramos caída a roupa e os prendedores.
Encontramos caído o prendedor e a roupa.
Observação: Quando o adjetivo exerce a função de predicativo, ele pode concordar só com o primeiro ou ir para o plural.
Ex.: Ficou reprovada a aluna e o aluno.
Ficaram reprovados a aluna e o aluno.
a2) caso os substantivos sejam nomes próprios ou de parentesco, o adjetivo
deve sempre concordar no plural.
Ex.: As adoráveis Fernanda e Cláudia vieram me visitar.
Encontrei os divertidos primos e primas na festa.
b) adjetivo posposto aos substantivos:
Quando os substantivos são do mesmo gênero há duas concordâncias:
b1) assumir o gênero do substantivo e vai para o plural.
38
Gramática Exemplificada
Ex.: Encontramos um jovem e um homem preocupados.
No exemplo acima o adjetivo assumiu o gênero masculino e foi para o plural.
b2) concordar só com o último substantivo em gênero e número.
Ex.: Ela tem irmão e primo pequeno.
Observações
a) quando os substantivos são do mesmo gênero as duas concordâncias podem
ser usadas, embora a primeira seja mais adequada porque mostra que a característica é atribuída aos dois substantivos. Se o último substantivo estiver no
plural, a concordância só poderá ficar no plural.
Ex.: Ele possui perfume e carros caros.
b) se o adjetivo funcionar como predicativo, o plural será obrigatório.
Ex.: O irmão e o primo dele são pequenos.
c) quando os substantivos são de gêneros diferentes também há duas possibilidades:
c1) ir para o masculino plural.
Ex.: “Uma solicitude e um interesse mais que fraternos.” (Mário Alencar)
c2) concordar só com o substantivo mais próximo.
Ex.: A Marinha e o Exército brasileiro estavam alerta.
Observação: No caso de substantivos de gêneros diferentes o adjetivo irá para
o masculino plural, se o adjetivo tiver a função de predicativo.
Ex.: O aluno e a aluna estão reprovados.
39
Gramática Exemplificada
3. Expressões formadas pelo verbo ser + adjetivo:
a) o adjetivo fica no masculino singular, se o substantivo não for acompanhado
de nenhum modificador.
Ex.: Água é bom para saúde.
b) o adjetivo concorda com o substantivo, se este for modificado por um
artigo ou qualquer outro determinativo.
Ex.: Esta água é boa para saúde.
4. O adjetivo concorda em gênero e número com os pronomes pessoais a que se
refere
Ex.: Juliana as viu ontem muito felizes.
Observação: Os pronomes de tratamento sempre concordam em 3ª pessoa.
Ex.: Vossa Santidade está muito preocupada.
5. Expressões formadas por pronome indefinido neutro (nada, algo, muito,
tanto, etc.) + preposição “de” + adjetivo
O adjetivo geralmente é usado no masculino singular.
Ex.: Os jovens tinham algo de misterioso.
6. Um substantivo e mais de um adjetivo
Admitem-se duas concordâncias:
a) o substantivo permanece no singular e coloca-se o artigo antes do último
adjetivo.
Ex.: Admiro a cultura espanhola e a portuguesa.
40
Gramática Exemplificada
b) o substantivo vai para o plural e omite-se o artigo antes do adjetivo.
Ex.: Admiro as culturas espanhola e portuguesa.
Observação: Veja esta construção:
Ex.: Estudo a cultura espanhola e portuguesa.
Note que ela provoca incerteza: trata-se de duas culturas distintas ou
de uma única, hispano-portuguesa? É aconselhado evitar construções desse
tipo.
7. Só
a) quando tem o significado de sozinho(s) ou sozinha(s) essa palavra vai para o
plural.
Ex.: Joana ficou só em casa. (sozinha)
Lúcia e Lívia ficaram sós. (sozinhas)
b) ela é invariável quando significa apenas/somente.
Ex.: Depois da guerra só restaram cinzas. (apenas)
Eles queriam ficar só na sala. (apenas)
8. É bom, é necessário, é proibido
Essas expressões concordam obrigatoriamente com o substantivo a
que se referem, quando for precedido de artigo. Caso contrário, são invariáveis.
Ex.: Vitamina C é bom para saúde.
É necessária muita paciência.
A entrada é proibida.
41
Gramática Exemplificada
Observação: Quando há determinação do sujeito, a concordância efetua-se
normalmente.
Ex.: É proibida a entrada de meninas.
9. Um e outro (num e noutro)
Nesse caso o substantivo fica no singular e o adjetivo vai para o plural.
Ex.: Numa e noutra questão complicadas ela se confundia.
10. Anexo, incluso, apenso, leso, próprio, obrigado
Por serem adjetivos, concordam com o substantivo a que se referem.
Ex.: Seguem anexos os acórdãos.
A procuração está apensa aos autos.
Os documentos estão inclusos no processo.
Cometeu um crime de leso-patriotismo.
Obrigado, disse o rapaz.
Elas próprias resolveram os exercícios.
Observação: A expressão em anexo é invariável.
Ex.: Em anexo segue a procuração
Em anexo segue o despacho.
11. Mesmo, bastante
Tanto pode ser advérbio como pronome. Quando for advérbio permanece invariável. Quando é pronome concorda com a palavra a que se refere.
Ex.: Os alunos mesmos resolveram a questão. (pronome)
Os alunos resolveram mesmo a questão. (advérbio)
42
Gramática Exemplificada
Havia bastantes razões para ela reclamar. (pronome)
Eles chegaram bastante cedo ao aeroporto. (advérbio)
12. Menos, alerta
Em todas as ocasiões são palavras invariáveis.
Ex.: O Amazonas é o Estado menos populoso do Brasil.
Havia menos alunas na sala hoje.
Os soldados estavam alerta.
Observação: Atualmente alerta vem sendo utilizada no plural.
Ex.: Nossos chefes estão alertas.
13. Meio
Essa palavra pode ser numeral ou advérbio. Quando for numeral é
variável e concorda com a palavra a que se refere. Se for advérbio será sempre
invariável.
Ex.: Tomou meia garrafa de champanhe. (numeral)
Isso pesa meio quilo. (numeral)
A porta estava meio aberta. (advérbio)
Ele anda meio cabisbaixo. (advérbio)
Observações
a) em "meio-dia e meia", "meia" concorda com a palavra "hora", oculta na
expressão "meio-dia e meia (hora)". Essa é a construção recomendada pela
maioria dos manuais de cultura idiomática.
b) a construção "meio-dia e meio" também ocorre na fala; a forma "meio"
permanece no masculino, por atração ou influência da forma masculina "meiodia".
43
Gramática Exemplificada
c) a palavra "meio" funciona como elemento de justaposição em "meias-luas",
"meios-termos", "meios-tons", "meia-idade", etc.
14. Muito, pouco, longe, caro
Quando essas palavras funcionam como adjetivo, variam de acordo
com a palavra a que se referem. Se funcionarem como advérbio são invariáveis.
Ex.: Muitos alunos compareceram à formatura. (adjetivo)
Os perfumes eram caros. (adjetivo)
As mensalidades escolares aumentaram muito. (advérbio)
Vocês moram longe. (advérbio)
Observação: A locução adverbial a sós é invariável.
15. Possível
Quando acompanhada de expressões superlativas (o mais, a menos, o
melhor, a pior) varia conforme o artigo que integra as expressões.
Ex.: As previsões eram as piores possíveis.
Recebemos a melhor notícia possível.
16. Tal qual
“Tal” concorda com o antecedente, “qual” concorda com o consequente.
Ex.: As garotas são vaidosas tais qual a tia.
Os pais vieram fantasiados tais quais os filhos.
44
Gramática Exemplificada
17. Ordinal + Ordinal + Substantivo
Quando dois ou mais ordinais vêm antes de um substantivo, determinando-o, este concorda com o mais próximo ou vai para o plural.
Ex.: A primeira e segunda lição.
A primeira e segunda lições.
18. Substantivo + Ordinal + Ordinal
Quando dois ou mais ordinais vêm depois de um substantivo, determinando-o, este vai para o plural.
Ex.: As cláusulas terceira, quarta e quinta.
19. Particípio + Substantivo
O particípio concorda com o substantivo a que se refere.
Ex.: Feitas as contas...
Vistas as condições...
Restabelecidas as amizades...
Postas as cartas na mesa...
Salvas as crianças...
Observação: Salvo, posto e visto assumem também papel de conectivos, sendo,
por isso, invariáveis.
Ex.: Salvo honrosas exceções.
Posto ser tarde, irei.
Visto ser longe, não irei.
45
Gramática Exemplificada
20. Casa/página (+ número) + Numeral
Na enumeração de casas e páginas, o numeral concorda com a palavra oculta "número".
Ex.: Casa dois.
Página dois.
Conclusão
Foi mostrada a concordância nominal dos substantivos perante adjetivos, advérbios, pronomes e numerais. Foi visto que adjetivos antepostos aos
substantivos concordam com o mais próximo, porém se exerce a função de
predicativo pode concordar de duas maneiras: com o mais próximo ou ir para
o plural. No caso do adjetivo vir após vários substantivos, a concordância já
muda, pois se os substantivos forem do mesmo gênero há duas possibilidades:
ir para o plural ou assumir o gênero do substantivo.
Enfim, este tutorial servirá como base de estudos com relação à Concordância Nominal, mas deve-se lembrar de que a Língua Portuguesa requer
bastante estudo e só este tutorial não suprirá tais necessidades. O aprofundamento deverá ser feito através das Gramáticas, dicionários e afins.
46
Gramática Exemplificada
Regência Verbal
termo regente: verbo
A regência verbal estuda a relação que se estabelece entre os verbos e
os termos que os complementam (objetos diretos e objetos indiretos) ou caracterizam (adjuntos adverbiais). O estudo da regência verbal permite-nos ampliar
nossa capacidade expressiva, pois oferece oportunidade de conhecermos as
diversas significações que um verbo pode assumir com a simples mudança ou
retirada de uma preposição.
Dá-se quando o termo regente é um verbo e este se liga a seu complemento por uma preposição ou não. Aqui é fundamental o conhecimento da
transitividade verbal. A preposição, quando exigida, nem sempre aparece depois do verbo. Às vezes, ela pode ser empregada antes do verbo, bastando para
isso inverter a ordem dos elementos da frase.
Ex.: Na Rua dos Bobos, residia um grande poeta.
Outras vezes, ela deve ser empregada antes do verbo, o que acontece
nas orações iniciadas pelos pronomes relativos.
Ex.: O ideal a que aspira é nobre.
Dentre os estudos linguísticos inerentes à sintaxe, encontra-se a sintaxe de regência. Ela é responsável pelo estudo das relações de dependência que
se estabelecem entre os termos da oração ou entre as orações no período.
Assim sendo, quando um desses termos diz respeito a um verbo, tem-se o que
denominamos regência verbal.
Ex.: Aspiramos a fragrância agradável do perfume.
Há muito aspiramos a este disputado cargo na empresa.
Em ambas as orações, temos um verbo (aspirar), mas esse verbo por
si só não possui sentido completo, necessitando, portanto, de um termo que o
47
Gramática Exemplificada
complemente. Nesse caso, temos o termo regente – demarcado pelo próprio
verbo; e o termo regido – representado pelo complemento. Dessa forma,
estamos fazendo referência à transitividade verbal, ou seja, em alguns casos o
verbo pode ser transitivo direto, em outras ele pode ser transitivo indireto ou
pode ocupar as duas funções ao mesmo tempo, dependendo do contexto. Esse
contexto se traduz pelo significado que ele apresenta, assim como podemos
verificar por meio dos exemplos anteriores:
a) no primeiro exemplo, o sentido do verbo em questão faz referência ao ato
de “sorver, cheirar”. Assim sendo, ele ocupa a posição de transitivo direto.
b) já no segundo, notadamente pelo emprego da preposição, o sentido diz
respeito ao ato de “almejar, pretender a algo” – razão pela qual ele se classifica
como transitivo indireto.
Diante do exposto, pudemos compreender de modo efetivo acerca da
função que se atribui à regência verbal, ou seja, ela se ocupa do estudo da
relação que se estabelece entre os verbos e seus respectivos complementos.
Enquanto usuários da língua, é necessário compreender como se dá essa relação para que possamos construir nossos discursos de forma adequada.
1. Os verbos transitivos indiretos na 3ª pessoa do singular, acompanhados do
pronome se, não admitem plural. É que, neste caso, o se indica sujeito indeterminado, obrigando o verbo a ficar na terceira pessoa do singular.
Ex.: Precisa-se de novas esperanças.
Aqui, obedece-se às leis de ecologia.
2. Verbos que podem ser usados como transitivos diretos ou transitivos indiretos, sem alteração de sentido: abdicar (de), acreditar (em), almejar (por), ansiar
(por), anteceder (a), atender (a), atentar (em, para), cogitar (de, em), consentir
48
Gramática Exemplificada
(em), deparar (com), desdenhar (de), gozar (de), necessitar (de), preceder (a),
precisar (de), presidir (a), renunciar (a), satisfazer (a), versar (sobre).
2. As variáveis na conjugação de alguns verbos:
Existem algumas variáveis na conjugação de alguns verbos. Os linguistas chamam os desvios de variáveis, enquanto os gramáticos tratam-nos
como erros.
a) verbo ver e derivados
Forma popular: se eu ver, se eu rever, se eu revesse.
Forma padrão: se eu vir, se eu revir, se eu revisse.
b) verbo vir e derivados
Forma popular: se eu vir, seu eu intervir, eu intervi, ele interviu, eles proviram.
Forma padrão: seu eu vier, se eu intervier, eu intervim, ele interveio, eles
provieram.
c) verbo ter e seus derivados
Forma popular: quando eu obter, se eu mantesse, ele deteu.
Forma padrão: quando eu obtiver, se eu mantivesse, ele deteve.
d) verbo pôr e seus derivados
Forma popular: quando eu compor, se eu disposse, eles disporam.
Forma padrão: quando eu compuser, se eu dispusesse, eles dispuseram.
e) verbo reaver
Forma popular: eu reavi, eles reaveram, ela reavê.
Forma padrão: eu reouve, eles reouveram, ela reouve.
Resumo → a regência verbal estuda a relação correta (no sentido prescritivo)
que se estabelece entre o verbo (termo regente) e seu complemento ou seu adjunto
(termo regido).
49
Gramática Exemplificada
Regência de alguns verbos
(Com algumas modificações, a presente tabela foi extraída do livro Língua
Portuguesa: noções básicas para cursos superiores, de Maria Margarida de Andrade e
Antônio Henriques, São Paulo: Atlas Editora, 1991.)
1. Verbos com variação de regência e sem variação de significado
VERBOS
SENTIDO
REGÊNCIA
Casar
Desposar, unir-se, ligar-se,
Intransitivo
harmonizar-se
Transitivo indireto
Transitivo direto e indireto
Esquecer
Faltar
Perder a lembrança, aban-
Transitivo direto
donar, deixar, relegar
Transitivo direto e indireto
Não comparecer
Intransitivo
Transitivo indireto
Observação: vale o mesmo para os verbos recordar e lembrar. Estamos assinalando apenas os casos de regência mais comuns.
Informar
Comunicar, avisar, noticiar
Transitivo direto e indireto
Observação: vale o mesmo para os verbos certificar e cientificar.
Perdoar
Absolver, desculpar, escu-
Transitivo indireto
sar
Transitivo direto
Transitivo direto e indireto
50
Gramática Exemplificada
Observação: vale o mesmo para o verbo pagar. Perdoar tem voz passiva.
Renunciar
Abandonar, desistir
Transitivo direto
Transitivo indireto
Responder
Corresponder, comunicar-
Transitivo indireto
se
Transitivo direto
2. Verbos com variação de regência e significado
VERBOS
SENTIDO
REGÊNCIA
Agradar
Acariciar, contentar
Transitivo direto
Satisfazer, ser agradável
Transitivo indireto
Desejar, querer, anelar, pre-
Transitivo indireto
Aspirar
tender
Respirar, inalar, sorver, ab-
Transitivo direto
sorver
Assistir
Atender
Soprar
Intransitivo
Presenciar, ver
Transitivo indireto
Morar, residir
Intransitivo
Socorrer, ajudar
Transitivo direto
atender, assessorar
Transitivo indireto
Competir, caber
Transitivo indireto
Servir
Transitivo indireto
Deferir, aceitar
Transitivo direto
51
Gramática Exemplificada
Chamar
Custar
Declinar
Deparar
Convocar
Transitivo direto
Invocar, dar qualidade
Transitivo indireto
Repreender
Transitivo direto e indireto
Valer, importar
Transitivo direto
Ser penoso, ser difícil
Transitivo indireto
Baixar, flexionar
Intransitivo
Recusar
Transitivo indireto
Dizer, relatar, referir
Transitivo direto
Encontrar, ver, cruzar, ofe-
Transitivo indireto
recer, aparecer
Transitivo direto e indireto
Observação: não se diz deparar-se com.
Entender
Gostar
Implicar
Precisar
Compreender, captar
Transitivo direto
Estar a par, conhecer
Transitivo indireto
Concordar, harmonizar-se
Transitivo direto e indireto
Apreciar, amar, ter afeto
Transitivo indireto
Experimentar, provar
Transitivo direto
Envolver alguém
Transitivo direto e indireto
Dar a entender, acarretar
Transitivo direto
Antipatizar
Transitivo indireto
Necessitar, carecer
Transitivo indireto
Esclarecer, especificar, de-
Transitivo direto
terminar
Proceder
Comportar-se, agir, vir de,
ter base
52
Intransitivo
Gramática Exemplificada
Convocar, marcar, estabele-
Transitivo indireto
cer
Querer
Desejar, aspirar a, mirar
Transitivo direto
Amar, ter afeto, pretender,
Transitivo indireto
prezar
Visar
Ter em vista, objetivar
Transitivo indireto
Apontar arma, dar visto
Transitivo direto
3. Outros verbos
VERBOS
SENTIDO
REGÊNCIA
Aconselhar
Orientar, dar conselho
Transitivo direto e indireto
Agradecer
Apresentar-se grato
Transitivo direto e indireto
Certificar
Conferir
Transitivo direto e indireto
Comparecer
Fazer-se presente
Intransitivo
Desfrutar
Usufruir
Transitivo direto
Ensinar
Lecionar
Transitivo direto e indireto
Namorar
Ter afeto, gostar, amar
Transitivo direto
Intransitivo
Observação: namorar com alguém é forma incorreta, segundo a norma
padrão.
Morar
Residir, situar-se
53
Intransitivo
Gramática Exemplificada
Pedir
Clamar, fazer pedido
Transitivo direto e indireto
Preferir
Ter predileção, escolher
Transitivo direto e indireto
Observação: não se diz preferir mais alguma coisa do que outra. Preferir
mais é redundância; o do que explica-se pela analogia com o verbo gostar.
Revidar
Replicar, contradizer
Transitivo indireto
Simpatizar
Ter afeto, gostar, amar
Transitivo indireto
Observação: na norma padrão seria incorreto dizer simpatizar-se com.
Sobressair
Destacar-se, ser saliente
54
Transitivo indireto
Gramática Exemplificada
Regência Nominal
Regência Nominal é a relação sintática que se estabelece entre um
termo regente ou subordinante (que exige outro) e o termo regido ou subordinado (regido pelo primeiro termo). É o nome da relação entre um substantivo,
adjetivo ou advérbio transitivo e seu respectivo complemento nominal. Essa
relação é intermediada por uma preposição. No estudo da regência nominal,
deve-se levar em conta que muitos nomes seguem exatamente o mesmo regime dos verbos correspondentes. Conhecer o regime de um verbo significa,
nesses casos, conhecer o regime dos nomes cognatos.
Há certos nomes que necessariamente precisam de um complemento
acompanhado de uma preposição para completar seus sentidos. Nomes que,
pela sua própria característica semântica, exigem uma determinada preposição
e rejeitam outra. Aos termos que pedem complementos, chamamos regentes e
aos que completam o sentido destes, regidos. Nesse sentido, podemos dizer que
a regência nominal estuda as relações de dependência entre regentes que são nomes e
os termos que os completam.
Alguns substantivos e adjetivos admitem mais de uma regência, o que
implica na escolha de uma preposição ou de outra na construção da frase.
Muitas vezes as pessoas só conhecem uma das regências e aplica-a a todos os
contextos, ou, ainda, por não conhecerem a regência do nome, empregam
erroneamente uma preposição. Mas a escolha certa é norteada por critérios de
clareza e eufonia (harmonia entre os sons das palavras), adequando-se, ainda,
aos diferentes matizes de pensamento.
É certo que alguns nomes, já bastante utilizados e comuns no vocabulário da maioria das pessoas, não representam problemas, pois têm um uso
já, de certa forma, consagrado. Mas ainda há muitos vocábulos que geram
dúvida quanto à preposição adequada para seu complemento. Não há regra
55
Gramática Exemplificada
que determine a regência de um termo, pois esta já vem como o nome desde
sua origem.
Contudo, cabe observar, que certos substantivos e adjetivos admitem
mais de uma regência, ou seja, mais de uma preposição. A escolha desta ou
daquela preposição deve, no entanto, obedecer às exigências da clareza, da
eufonia e adequar-se as diferentes nuanças do pensamento.
Observação: Merecem atenção especial as palavras que exigirem preposição a,
por serem passíveis de emprego de crase.
Ex.: O cãozinho abandonado estava ávido de carinho
É bacharel em direito.
Tenho aversão à altura.
É preciso ter amor à vida.
Morro de amor por você.
Estou acostumado a correr todos os dias.
Não estou acostumado com o trânsito de São Paulo.
Fico feliz por você.
●
●
●
Ao aprender a regência do verbo, você estará praticamente aprendendo a regência do nome cognato (que vem da mesma raiz do verbo). É o
caso, por exemplo, do verbo obedecer e do nome obediência. O verbo obedecer exige a preposição [a], que é a mesma exigida pelo nome obediência.
De maneira, que a regência deste verbo e deste nome resume-se na mesma
preposição [a].
●
●
56
●
Gramática Exemplificada
A seguir se listam alguns nomes com as preposições possíveis de os regerem:
Outros nomes e suas preposições correspondentes:
- afeiçoado a, por
- aflito com, por
- ambicioso de
57
Gramática Exemplificada
- amizade a, por, com
- amor a, por
- apaixonado de, por
- atencioso com, para
- capacidade de, para
- contíguo a
- cruel com, para
- desgostoso com, de
- desprezo a, de, por
- falta a, com, para
- falto de
- grato a
- hábil em
- imbuído de, em
- imune a, de
- inclinação a, para, por
- incompatível com
- indeciso em
- inepto para
- junto a, de
- liberal com
- longe de
- natural de
- paralelo a
- perto de
58
Gramática Exemplificada
- preferível a
- propenso a, para
- relativo a
- satisfeito com, de, em, por
- sensível a
- suspeito de
- único a, em, entre, sobre
Ex.: Está alheio a tudo.
Está apto ao trabalho.
Gente ávida por dominar.
Contemporâneo da Revolução Francesa.
É coisa curiosa de ver.
Homem inepto para a matemática.
Era propenso ao magistério.
Regência de Advérbios
Merecem menção estes três advérbios: longe
[de], perto [de] e proximamente [a, de]. Todos os advérbios formados de adjetivos +
sufixo [-mente], tendem a apresentar a mesma
preposição dos adjetivos: Compatível [com]
=> compativelmente [com]. / Relativo [a]
=> relativamente [a]
59
Gramática Exemplificada
Referências
VILARINHO, Sabrina. Colocação Pronominal. Disponível
em: <http://www.brasilescola.com/gramatica/colocacaopronominal.htm>. Acesso em: abr. 2012.
GOMES, Cristiana. Colocação Pronominal (próclise, mesóclise, ênclise). Disponível em:
<http://www.infoescola.com/portugues/colocacao-pronominalproclise-mesoclise-enclise/>. Acesso em: abr. 2012.
PCI CONCURSOS. Colocação Pronominal. Disponível em:
<www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/colocacaopronominal>. Acesso em: abr. 2012.
______ Regência Verbal. Disponível em:
<www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/regencia-verbal>.
Acesso em: abr. 2012.
______ Regência Nominal. Disponível em:
<www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/regencianominal>. Acesso em: abr. 2012.
PIACENTINI, Maria Tereza de Queiroz. Colocação Pronominal. Disponível em:
60
Gramática Exemplificada
<www.algosobre.com.br/gramatica/colocacaopronominal.html>. Acesso em: abr. 2012.
PORTUGUÊS. Colocação Pronominal. Disponível em:
<www.portugues.com.br/gramatica/colocacao-pronominal.html>. Acesso em: abr. 2012.
______ Concordância Verbal. Disponível em:
<www.portugues.com.br/gramatica/concordancia-verbal.html>. Acesso em: abr. 2012.
JÚLIO BATTISTI. Colocação Pronominal. Disponível em:
<www.juliobattisti.com.br/tutoriais/josebferraz/colocacaoprono
minal001.asp>. Acesso em: abr. 2012.
______ Concordância Verbal. Disponível em:
<www.juliobattisti.com.br/tutoriais/josebferraz/concordanciave
rbal001.asp>. Acesso em: abr. 2012.
______ Concordância Nominal. Disponível em:
<www.juliobattisti.com.br/tutoriais/josebferraz/concordanciano
minal001.asp>. Acesso em: abr. 2012.
ALGO SOBRE VESTIBULAR. Concordância Verbal. Disponível em: <www.algosobre.com.br/gramatica/concordanciaverbal.html>. Acesso em: abr. 2012.
61
Gramática Exemplificada
DUARTE, Vânia Maria do Nascimento. Concordância Verbal: sujeito simples e composto. Disponível em:
<www.brasilescola.com/gramatica/concordancia-verbal.htm>.
Acesso em: abr. 2012.
SÓ PORTUGUÊS. Concordância Nominal. Disponível em:
<www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint59.php>. Acesso
em: abr. 2012.
______ Regência Verbal e Nominal. Disponível em:
<www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint61.php>. Acesso
em: abr. 2012.
ARAÚJO, Ana Paula de. Concordância Nominal. Disponível
em: <www.infoescola.com/portugues/concordancia-nominal/>.
Acesso em: abr. 2012.
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO
GRANDE DO SUL. Concordância Nominal. Disponível em:
<www.pucrs.br/manualred/nominal.php>. Acesso em: abr.
2012.
62
Gramática Exemplificada
EDUCAÇÃO UOL. Regência Verbal: conheça a regência de
alguns verbos. Disponível em:
<www.educacao.uol.com.br/portugues/regencia-verbalconheca-a-regencia-de-alguns-verbos.jhtm>. Acesso em: abr.
2012.
______ Regência Nominal: entenda a relação entre um nome
e seu complemento. Disponível em: <
www.educacao.uol.com.br/portugues/regencia-nominalentenda-a-relacao-entre-um-nome-e-seu-complemento.jhtm>.
Acesso em: abr. 2012.
Q.I. EDUCAÇÃO. Regência Nominal. Disponível em:
<www.qieducacao.com/2011/05/regencia-nominal.html>.
Acesso em: abr. 2012.
SILVA, Marina Cabral da. Regência Nominal. Disponível em:
<www.brasilescola.com/gramatica/regencia-nominal.htm>.
Acesso em: abr. 2012.
RECANTO DAS LETRAS. Regência Nominal. Disponível
em: <www.recantodasletras.com.br/artigos/74609>. Acesso
em: abr. 2012.
63
2ª edição
impressão
fonte do miolo
papel
Novembro de 2015
Brasília – DF
Garamond
Office 75 g/m²
Download