CONCEITO DE REPRESENTAÇÕES: CONTRIBUIÇÕES

Propaganda
CONCEITO DE REPRESENTAÇÕES: CONTRIBUIÇÕES PARA A PESQUISA
SOBRE O ENSINO DE HISTÓRIA
Silvia Rachi Vartuli*
Lana Mara de Castro Siman**
Introdução
O constructo representação vem ocupando um largo espaço no interior das
ciências sociais nas últimas décadas, momento considerado por alguns como marco
inaugural de uma “era de representações”1. Observamos a partir de então, um aumento
significativo das produções acadêmicas que se orientam sob essa perspectiva. Nas mais
diversas áreas do conhecimento, especialmente nas ciências sociais, os aportes teóricos
das representações têm subsidiado trabalhos que se propõem a investigar diferentes
objetos de estudo.
Vale lembrar, que tal elaboração conceitual insere-se no amplo contexto da
chamada pós-modernidade, com suas diferentes vertentes teóricas2 e implicações,
percorrendo um longo trajeto, passando pela sociologia, filosofia, antropologia,
literatura. Portanto, merece análises mais aprofundadas sobre seu percurso histórico,
reflexão que foge ao escopo desse trabalho.
Especificamente aqui, abordaremos dois campos do saber: a psicologia social e
a História Cultural, buscando compreender a emergência e os “usos” do conceito de
representações, bem como suas contribuições para a pesquisa educacional, em especial,
relacionada ao ensino de história.
Na primeira parte do texto focalizamos nossa atenção no constructo das
Representações Sociais, elaborado no campo da psicologia social na tradição de Serge
Moscovici. Para tanto, partimos de reflexões acerca de sua obra fundadora: A
*
Mestranda do Programa de Pós-graduação em Educação da Faculdade de Educação, UFMG,
[email protected].
**
Professora orientadora do Programa de Pós-graduação em Educação da Faculdade de Educação,
UFMG.
1
CARDOSO, C. F.; MALERBA, J. (Orgs.). Representações: contribuições a um debate
transdisciplinar. São Paulo: Papirus, 2000. p. 30.
2
O pós modernismo é entendido aqui como movimento que apresenta diferentes nuances. Porém, duas
correntes teóricas básicas podem ser apontadas: o textualismo e uma outra, de caráter contrário, que
enfoca como categoria central, a relação entre poder e conhecimento.
Representação Social da Psicanálise (MOSCOVICI, 1978) bem como das correntes daí
derivadas3, exponenciadas por Denise Jodelet, Willem Doise e Jean-Claude Abric,
somando-se ainda em nossa análise as contribuições de diversos autores como Celso
Pereira de Sá, Pedrinho Guareschi, Mary Lane Spink, dentre outros.
Em seguida, nosso foco de atenção volta-se para a abordagem das
Representações na História Cultural. Pautamos nosso estudo nas definições de Roger
Chartier e resgatamos a dimensão que o autor atribui ao conceito com seus limites e
possibilidades. Realizamos dessa forma, leituras de trabalhos que se aproximam ou
esclarecem a perspectiva desenvolvida por Chartier, bem como de historiadores que
tecem críticas à sua abordagem.
Na terceira parte do artigo, desenvolvemos possíveis aproximações e
distanciamentos do conceito de representações elaborado nos dois campos do
conhecimento em questão, evidenciando suas matrizes teóricas e os movimentos que
estimularam sua elaboração. Por fim, consideramos as contribuições desse referencial
teórico no que tange à pesquisa educacional em sua articulação com os processos de
ensino-aprendizagem em História.
Trata-se, no entanto, de um primeiro exercício teórico conceitual de natureza
interdisciplinar com o intuito de construir um mosaico onde cada peça se configura
como uma possibilidade de esclarecimento da intrigada relação entre o individual e o
social, entre social e o cognitivo ou mental, entre os processos de transmissão e
apropriação do conhecimento e das práticas. Exercício delicado e desafiador que nos
propomos a dar início nesse artigo.4
A Teoria das Representações Sociais na Perspectiva Moscoviciana
3
A primeira dessas correntes refere-se aos trabalhos desenvolvidos por D. Jodelet e se orienta de
acordo com uma perspectiva etnográfica. A segunda, liderada por W. Doise articula a Teoria das
Representações Sociais com uma tendência mais sociológica. Já a terceira tem em Jean-Claude Abric
seu principal representante e enfatiza a dimensão cognitivo-estrutural das representações.
4
Lembramos contudo a existência de trabalhos referenciais sobre a temática em questão: 2003 Memoire, histoire et identites sociales: le role des representations sociales dans la formation des
identites sociales et dans la construction de la connaissance historique par les eleves. Encounters on
Education. Vol. 3 (Fall 2002). p. 79-94. e 2003- O papel das representações sociais na construção do
conhecimento histórico pelos alunos e na formação das identidades sociais. II Encontro Internacional
Linguagem, cultura e cognição : reflexões para o ensino. Ed. UNICAMP. (CD-ROM).
Para entendermos a gênese da Teoria das Representações Sociais na psicologia
social, necessariamente é preciso remetermo-nos à pesquisa empírica realizada por
Serge Moscovici, na década de 60, que deu origem ao livro: “A Representação Social da
Psicanálise”, obra fundadora do conceito e marco indiscutível na psicologia social.
Nesse trabalho, Moscovici investiga e analisa as apropriações de um determinado objeto
(a psicanálise), por grupos sociais, na intenção de verificar como esses sujeitos interiorizam
um saber científico, ou seja, como um “fato social” é trazido para o interior dos sujeitos,
assumindo um caráter simbólico.
Moscovici valorizou assim, o conhecimento do senso comum como legítimo,
sendo que, diante dos processos de comunicabilidade, os sujeitos e grupos elaboram
representações que transformam o cotidiano, orientando práticas e resignificando
saberes científicos de acordo com um conjunto de crenças, valores, interesses.
A Representação Social é entendida neste sentido, como um fenômeno que
permite a expressão de um pensamento social. Ela é produto e processo, pois constrói
interpretações, visões, percepções que condensam seu conteúdo, por meio dos processos
sócio-cognitivos da objetivação e da ancoragem.5
Segundo Jodelet (1991, p. 43), a Representação Social “[...] é uma forma de
conhecimento, socialmente elaborada e partilhada, tendo um objetivo prático e
concorrendo à Construção de uma realidade comum a um conjunto social”.
Outro importante fator a ser destacado concerne ao estatuto atribuído à relação
sujeito-objeto: De acordo com Moscovici (1978, p. 48):
[...] Quando falamos de Representações Sociais [...] Em primeiro lugar,
consideramos que não existe um corte dado entre o universo exterior e o
universo do indivíduo (ou do grupo), que sujeito e objeto não são
absolutamente heterogêneos em seu campo comum. O objeto está inscrito
num contexto ativo, dinâmico, pois que é parcialmente concebido pela pessoa
ou a coletividade como prolongamento de seu comportamento [...]
Entendidas nessa linha, as Representações Sociais são elaboradas num
movimento de presença e ausência do objeto, por sujeitos que ocupam um lugar social
5
O processo da ancoragem “consiste na integração cognitiva do objeto representado a um sistema de
pensamento social pré-existente e nas transformações implicadas em tal processo” (JODELET), isto é,
trata-se de transformar o não familiar em familiar. Já a objetivação consiste na maneira como os
elementos que integram a representação são organizados e, as formas como adquirem concretude,
tornando-se parte de uma realidade naturalizada.
determinado, portadores de um habitus incorporado, o qual é materializado por meio
dos fenômenos representacionais.
A História Cultural e as Representações
O conceito de Representação, peça chave na História Cultural, campo dotado
de certa heterogeneidade6, tem em Roger Chartier um dos seus expoentes. Para esse
autor, as representações, práticas e apropriações, apresentam uma imbricação que
proporciona a apreensão da realidade pelos sujeitos de forma plural e criativa. Essa
perspectiva evidencia e se inter-relaciona, como não poderíamos deixar de mencionar,
com transformações ocorridas dentro da própria historiografia e que desembocam em
novas possibilidades para o trabalho do historiador.
A partir de seus estudos e reflexões metodológicas acerca das práticas de
leitura, Chartier analisou as formas diversificadas de apreensão dos bens simbólicos, as
quais produzem usos e significados distintos. Destacou ainda, a importância da
materialidade dos textos, como portadora de parte do potencial criador de sentidos. O
autor enfatiza, em seus trabalhos (1985, 1989, 1990 e 1994), o caráter historicamente
determinante, do tempo e do espaço, na elaboração de representações pelos sujeitos,
além da mobilidade na recepção7 ou leitura de um dado objeto. Considera que a
atividade representativa está pautada em interesses diferenciados, produzindo estratégias
de ação e delineando práticas.
[...] As representações do mundo social assim construídas, embora aspirem a
universalização de um diagnóstico fundado na razão, são sempre
determinadas pelos interesses dos grupos que as forjam [...] as percepções do
social não são de forma alguma discursos neutros: produzem estratégias e
práticas (sociais, escolares, políticas) [...] (CHARTIER, 1990, p. 17).
Representar significa portanto, criar ou conferir sentido, numa dinâmica de
ausência e/ou presença de objeto, momento em que a dimensão sócio-histórica tanto do
sujeito como do objeto expõe-se.
Em seu posicionamento inicial, entretanto, ao compreender a própria realidade
6
C. F. Cardoso afirma existir dentro da nova História Cultural, verdadeiras famílias de posições
diferentes. CARDOSO, C. F.; MALERBA, J. (Orgs.). Representações: contribuições a um debate
transdisciplinar, 2000.
7
Chartier inspira-se nas idéias de teóricos da recepção que enfatizaram a apropriação em detrimento da
transmissão, em particular, Michael de Certeau.
como construção representativa, Chartier sofre críticas e questionamentos, por atribuir
ao social, em seu intercâmbio com o simbólico, um subposicionamento em relação ao
cultural8. Tal atitude leva ao reconhecimento da realidade enquanto discurso,
aproximando-se de concepções oriundas do linguistic turn9.
Não obstante, em um segundo momento, Chartier revalida a posição do social,
conferindo mais destaque às condições sociais objetivas que imprimem características
próprias aos grupos, valorizando a experiência em sua irredutibilidade ao discurso e,
justificando ser a história uma prática científica, produtora de conhecimentos. Essa
percepção da noção de cientificidade permite conexões com assertivas de Michael de
Certeau10.
Demonstradas, em linhas gerais, as concepções do conceito de representações
de S. Moscovici e R. Chartier tentaremos, em seguida, estabelecer elos entre as duas
perspectivas, bem como pontuar alguns distanciamentos.
Proximidades e Distanciamentos. A História Cultural e a Psicologia Social: um
diálogo possível
As aproximarmos as construções conceituais de S. Moscovici e R. Chartier,
observamos que ambos voltam-se para a sociologia, valendo-se de teorizações de
Marcel Mauss e Émile Durkheim acerca da noção de Representação Coletiva.
Tanto Moscovici quanto Chartier, preocupam-se com a dinâmica existente na
construção de sentidos que perpassam a sociedade. Distantes da concepção de que as
representações seriam apenas reflexos de uma realidade social, ambos autores
imprimem nova tonalidade aos processos interativos, às redes conversacionais e ao
papel dos sujeitos, percebendo-os como construtores de significados, num exercício
empreendido coletivamente, mas que apresenta mesmo assim, uma instância singular.
8
A esse respeito ver as críticas tecidas por Lynn Hunt (1989), Ronaldo Vainfas (1997) e Peter Burke
(1991).
9
A “virada lingüística” refere-se ao movimento que concebe a “história” como uma rede lingüística, ou
práticas discursivas relativas ao passado, se orientando de acordo com a vertente teórica do pósmodernismo denominada textualismo. O linguist turn engloba posições variadas, representadas por
autores como Paul Ricoeur, Dominick La Capra, Hayden White.
10
Acerca desse aspecto da postura de Chartier, ver Iggers (1995, p. 115) apud CARDOSO, C. F.;
MALERBA, J. (Orgs.). Representações: contribuições a um debate transdisciplinar, 2000.
Trabalham com o conceito de Representações considerando os movimentos de
presença e ausência do objeto e a capacidade dos sujeitos de criarem imagens, versões e
verbalizações desse mesmo objeto. Aproximam-se ainda, ao pontuarem a intrínseca
relação existente entre a noção de identidade e representação, sendo que esta última irá
delinear os contornos que definirão as identidades dos grupos. Outro ponto de
convergência entre as duas abordagens refere-se ao enfoque privilegiado do cotidiano e
das relações que aí se estabelecem. Os dois autores olham para o homem comum no
exercício de suas práticas e na construção de sua compreensão sobre os fenômenos
sociais.
Entretanto, algumas diferenciações entre as elaborações de Moscovici e
Chartier fazem-se marcantes. Nos dois campos do conhecimento abordados, demandas
diferenciadas acabaram por traçar objetivos distintos no trabalho com as
Representações.
Ao pensar as Representações Sociais como a capacidade do indivíduo de
simbolizar, de trazer o mundo para dentro de si, criando imagens e sentidos, no fluxo de
comunicações e num dado contexto social e histórico, Moscovici trabalha no sentido
contrário a uma tendência vigente na psicologia tradicional, que ressalta a psicologia das
atitudes limitando-se a estudar o individual, o familiar, etc..., onde o social é o espelho
do que sou. O conceito de Representação Social cristaliza-se como ponto de interseção
entre a psicologia e a sociologia, na medida que responde à tendência individualista da
psicologia tradicional com um novo enfoque do social-histórico, conferindo-lhe um
papel de destaque no processo de elaboração dos saberes. Moscovici inova ao perceber
o conhecimento do senso-comum como legítimo e imbuído de poder transformador e
criador.
No campo da história por sua vez, um amplo debate historiográfico vinha
sendo realizado englobando discussões acerca da História Cultural que passa a orientarse, principalmente a partir da década de 60, de acordo com os princípios e postulados da
História Social e da História das Mentalidades. Esse debate revelou-se profícuo,
trazendo à cena novas possibilidades para a pesquisa histórica ao vislumbrar
perspectivas interdisciplinares, momento em que a História Cultural ganha um traçado
mais firme e contornos mais bem definidos, valorizando as crenças, os costumes, as
visões de mundo do homem comum em seus trajetos cotidianos. Rompeu-se assim, a
dicotomia existente entre o conceito de cultura popular e erudita e com a definição de
ambas como categorias estanques, sendo que a primeira se constituiria por meio de
acúmulo e da reprodução de fragmentos da cultura dominante.
Nesse contexto de novas possibilidades emergentes, a História Cultural adquire
maior consistência e riqueza teórica quando o conceito de Representações, desenvolvido
por Chartier, insere-se no debate historiográfico. Esse autor alerta para o caráter
complexo na constituição de culturas e, ao pensar a relação da cultura com o social
declara: “A relação assim estabelecida não é de dependência das estruturas mentais para
com suas determinações sociais. As próprias representações do mundo social é que são
os elementos constitutivos da realidade social” (CHARTIER, 1985 apud CARDOSO,
2000). Tal posicionamento responde ao que Chartier afirma ser uma “verdadeira tirania
do social”. De acordo com esse raciocínio, o autor preocupa-se em demonstrar a
diversidade das formas de apropriação, enfatizando a singularidade dos sujeitos nos
processos de recepção. Destaca ainda, a existência de “lutas de representação”, objeto de
estudo da História Cultural e, fator primordial na construção das identidades sociais.
Para Chartier (1990 p. 17): “As lutas de representações têm tanta importância
como as lutas econômicas para compreender os mecanismos pelos quais um grupo
impõe, ou tenta impor, a sua concepção de mundo social, os valores que são os seus, e o
seu domínio”.
Percebemos, portanto, na postura de Chartier uma maior ênfase nos processos
singulares, na diversidade das formas de apropriação, do que no aspecto estrutural ou no
caráter social. Já em Moscovici, notamos a importância atribuída ao social em resposta
às abordagens individualizantes.
É fundamental ressaltar aqui, as contribuições oferecidas em especial, por
estudiosos da Teoria das Representações Sociais - ao desenvolverem recursos teóricometodológicos - como a teoria do Núcleo Central de J. C. Abric, para a compreensão
das formas de estruturação dos elementos que constituem uma representação social. A
noção de um núcleo duro e de elementos periféricos na composição de uma
Representação permite esclarecer os ritmos e transformações, rupturas e/ou
permanências (ou mesmo conflitos) de representações, de um determinado objeto,
elaboradas por um dado grupo social. Esse instrumental teórico-metodológico presente
na Psicologia Social leva-nos a acreditar que há, ainda por se realizar, um alargamento
do diálogo promissor entre a História e a Psicologia Social, uma vez que nesta última, o
manejo do conceito de representações deu-se com maior precisão e atenção às
complexidades que envolvem tal elaboração.
A despeito dos distanciamentos aqui pontuados, é possível e necessário
demonstrar a relevância de ambas teorizações para a pesquisa educacional referente aos
processos de ensino-aprendizagem em História.
Representações e a Pesquisa sobre o Ensino de História
Ao pensarmos no trabalho do historiador como um exercício de leitura de
representações passadas, sendo o próprio historiador um construtor de representações O que nos remete à idéia da história como uma ficção controlada11 - torna-se importante
assinalar nossa compreensão de que o referente da representação é sempre a realidade, o
acontecido, mas que também as representações desse acontecido corroboram para a
construção da realidade.
Acreditamos que no caso da área da educação em sua relação com o ensino de
história, o pesquisador e o professor de História devem buscar compreender as
representações elaboradas sobre o conhecimento histórico, bem como a organização e
estruturação dos elementos que a compõem.
Nesse sentido, precisa estar atento ao fato de que os grupos apropriam-se de
formas diferenciadas (ao longo do tempo) dos “saberes” que transitam no espaço social
e que, em cada presente encontramos marcas do passado. Sendo indispensável analisar
como essas “marcas” estão sendo apropriadas e constituindo-se em elementos
edificadores de representações. O historiador, enquanto pesquisador e/ou em seu
trabalho docente, deve tentar perceber as sutilezas das permanências, traços comuns nas
representações de um mesmo grupo e/ou grupos diferentes a respeito de um
determinado conhecimento histórico, além de decodificar como um conjunto de idéias,
de um tempo específico, configura-se numa mobilização simbólica, materializando-se
em discursos, ritos e práticas, inclusive escolares e pedagógicas.
Dessa forma, tem a tarefa de buscar entender como a divulgação de
11
A esse respeito ver PESAVENTO, S. J. História e história cultural. Belo Horizonte: Ed. Autêntica,
2003. p. 58.
conhecimentos relativos aos fatos históricos, difundidos no seio de uma sociedade,
modificam o social, mobilizam idéias, versões e “verdades” e contribuem na elaboração
de representações, que circulam no âmbito das relações sociais, deixando traços
marcantes na consciência coletiva e ajudando na construção da memória social,
pertencente ao senso comum, tanto no conjunto da população em geral e, no seu
interior, os professores de História e seus alunos.
Estudar as representações permite abrir assim, espaço a novas perspectivas
pedagógicas para o ensino de História, possibilitando a execução de um trabalho
comprometido com o desenvolvimento da compreensão da temporalidade, da
historicidade e da memória, entrelaçadas, num único movimento.
Registramos aqui, portanto, breves considerações que sinalizam alguns
caminhos possíveis para reflexões sobre o ensino de História. Enquanto educadores
sabemos que esses caminhos são longos e, por vezes, conflituosos, mas que convergem
em um ponto: na intenção de possibilitar a construção do raciocínio histórico como
meio de compreensão da própria existência; intenção essa, que fundamenta nosso ofício.
Referências Bibliográficas
ABREU, M.; SOIHET, R. (Orgs.). Ensino de história: conceitos, temáticos e
metodologia. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2003.
BOURDIEU, Pierre. A economia das trocas simbólicas. São Paulo: Perspectiva, 1973.
CARDOSO, C. F.; MALERBA, J. (Orgs.). Representações: contribuições a um debate
transdisciplinar. São Paulo: Papirus, 2000.
CHARTIER, R. A história cultural: entre práticas e representações. Tradução Maria
Manuela Galhardo. Rio de Janeiro: Bertrand, 1990.
CHARTIER, R. A história hoje: dúvidas, desafios, propostas. Estudos Históricos, v. 7,
n. 13, p. 100-113, 1994.
JODELET, D. (Org.). As representações sociais. Tradução Lílian Ulup. Rio de Janeiro:
Ed. UERJ, 2001.
MOREIRA, Antônia S. Paredes; OLIVEIRA, Denise C. (Orgs.). Estudos
interdisciplinares sobre representação social. Goiânia: Ed. Cultura e Qualidade, 1998.
MOSCOVICI, Serge. A representação social da psicanálise. Tradução Álvaro Cabral.
Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1978.
PESAVENTO, S. J. História e história cultural. Belo Horizonte: Ed. Autêntica, 2003.
SÁ, Celso Pereira de. A construção do objeto de pesquisa em representações sociais.
Rio de Janeiro: Ed. UERJ, 1998.
SPINK, M. L. O conhecimento no cotidiano: as representações sociais na perspectiva da
psicologia social. São Paulo: Brasiliense, 1993.
VAINFAS, Ronaldo. História das mentalidades e história cultural. In: CARDOSO, Ciro
I.; VAINFAS, Ronaldo (Orgs.). Domínios da história: ensaios de teoria e metodologia.
Rio de Janeiro: Campus, 1997. p. 127-162.
Download