Faculdade de Medicina da Universidade do Porto Biopatologia Prof. José Manuel Lopes Aula desgravada nº 13 – Patologia Geriátrica O tema desta aula refere-se à patologia encontrada nas pessoas idosas, que é um pouco diferente da patologia do envelhecimento. 1º Parte da aula: Gerontobiologia – mecanismos implicados no envelhecimento/senescência (“ não há nada de concreto nesta área, muitas experiências e poucas ideias definidas”. 2ª Parte da aula: exemplos de patologia mais frequentes no grupo geriátrico (doenças cardiovasculres, osteoporose, cancro…) É importante salientar que expectativa de vida é diferente de longevidade. A longevidade é muito heterogénea entre as espécies, por exemplo, a longevidade máxima do macaco é diferente da do Humano e porquê? Porque têm mecanismos de regulação diferentes. Aqui temos duas imagens, a primeira é Bertrand Russel de aspecto idoso mas a sua mente continuava brilhante, assim, a senescência que reconhecemos nesta face não é igual em todos os tecidos, nem é igual em todas as pessoas sujeitas às mesmas condições, nem em gémeos univitelinos. A segunda imagem é um caso de envelhecimento precoce, síndrome de Werner, síndrome raro pró-geróide, que é um adolescente com aspecto de idoso. Neste caso, o aumento da helicase do ADN promove alterações graves dos tecidos que levam à senescência muito precocemente. Neste gráfico surviving/age (não colocamos) vemos que a longevidade ronda os 100, 120 anos, esta longevidade é heterogénea mesmo a nível individual e a nível tecidual. Entre 1900 e 1990 o aumento da expectativa de vida deve-se ao bom conhecimento da prevenção primária, aos cuidados de saúde, alimentação, etc. Teorias do envelhecimento • • • • Hipóteses que incluem mecanismos genéticos constitucionais (senescência clonal) e “wear and tear” – “uso/gasto” (senescência replicativa). O envelhecimento é influenciado por factores genéticos e ambientais. Há um limite para a capacidade replicativa de células não-transformadas (limite de Hayflick). A agressão intracelular (organelos, membranas, capacidade funcional das células) mediada pela acumulação de radicais livres pode ser importante. Este gráfico (foi feito por nós, não liguem ao mau jeito!) : Birth Survivig % Protected Maximal life span Wild Age representa uma situação de protecção artificial que aumenta a expectativa de vida. A restrição calórica faz com que a longevidade aumente cerca de 30 a 40%. Este gráfico (o professor disse que era uma imagem do nosso livro, mas não encontramos) representa uma experiência que demonstra o princípio de Hayflick, isto é, as células têm uma capacidade de duplicação limitada, que a partir da qual c´est finiz! Neste gráfico vemos que o nº de proliferação de fibroblastos num indivíduo com síndrome de Werner é menor do que num indivíduo de 100 anos e este é menor do que num recém-nascido. A senescência dos tecidos também depende se as células que o constituem são lábeis, estáveis ou permanentes. A célula gonadal germinativa é um protótipo das “células imortais” dividem-se sem cessar. O que acontece numa célula germinativa normal é que a actividade da telomerase não sofre nenhuma agressão externa. Este gráfico (imagem da página 30 do Robbins da 7ªedição) representa a capacidade proliferativa das células. Numa célula somática normal não existe a actividade da telomerase e assim os telómeros vão ficando progressivamente mais pequenos à medida que se dão as divisões, até que o crescimento cesse ou que a senescência ocorra. As células germinativas e estaminais contêm actividade da telomerase, mas apenas as células germinativas têm níveis suficientes da enzima para manter o comprimento do telómero. No cancro a activação da telomerase desliga o “telomeric clock” que normalmente limita a capacidade de proliferação as células somáticas, resultando na imortalização das células tumorais. Esta imagem (página 10 do Robbins da 7ªedição) representa a interacção entre a senescência e os factores ambientais. Quando há desregulação das enzimas que eliminam os radicais livres estes ficam em excesso e podem condicionar lesão, primeiro subletal e depois uma lesão letal. Macromoléculas como o ADN, o ARN, lipídeos, proteínas dão origem a alterações moleculres irreversíveis que condicionam a senescência celular. Esta imagem (página 17 do Robbins da 7ªedição) representa os mecanismos de protecção de erros do dia-a-dia. Estes mecanismos reparam os erros dos processos genéticos. Quando estes estão alterados as células começam a dar aprogenia celular que produz fenótipos neoplásicos. As chaperonas conseguem regular e identificar a conformação das proteínas de forma a elas serem bem produzidas, com capacidade funcional. Por agressões que são múltiplas (radiações UV, carcinogéneos, calor, radicais livres) as proteínas maduras formam alterações que perturbam a célula e que são identificados pelo mecanismo da ubiquitina, que identifica a proteína errada e encaminha para o proteossoma – ETAR celular que degrada a proteína e formam fragmentos peptídicos que depois podem ser reutilizados, mas quando estes mecanismos de ubiquitinização estão alterados devido a mutação de genes vai haver acumulação de substâncias anormais. (imagem de cardiomiócitos envelhecidos) Aqui vemos um pigmento castanho lipofuscínico que resulta do remanescente das glicoproteínas anormais que as células não podem reutilizar e que se acumulam em lisossomas que passam a ser fagolisossomas que indicam que a célula é senescente. Quanto mais desgaste mais diminuição da capacidade funcional. Pele velha e enrugada é uma característica de envelhecimento, há atrofia de epiderme e a derme contém menos fibras elásticas havendo elastose senil (falta de elastecidade da pele, rugas e deformações características do evelhecimento). Não é possíve inverter o processo de envelhecimento. Este gráfico representa as alterações fisiológicas do envelhecimento para cada órgão, há diminuição da velocidade da condução nervosa (diminuição da contractilidade cardíaca), filtração glomerular deficiente (diminuição da capacidade vital), etc. Agora passemos à segunda parte da aula, vamos ver exemplos de patologia mais frequentes no grupo geriátrico: Os órgãos endócrinos sofrem atrofia (as gónadas também), é frequente que o pâncreas sofra atrofia aumentando a prevalência de Diabetes tipo II em resultado da senescência. A partir dos 5 anos perdemos milhares de neurónios por dia, uns mais depressa que outros há uma senescência individual heterogénea. Verifica-se que as circunvoluções estão separadas entre si talvez esta imagem represente uma doença degenerativa, doença de Alzheimer, é muito difícil distinguir a nível macroscópico uma doença de Alzheimer de senescência. Osteoporose: perda de esterogénios que é importante para o mecanismo fosfo-cálcio. A osteoporose aparece principalmente nas mulheres depois que estão na menopausa, consiste na perda de massa óssea, as trabéculas embora duras ficam finas e facilmente quebráveis. Arteriolosclerose hialina, alteração que é comum na senescência, responsável pelo aumento da resistência periférica e por uma hipertensão relativa que pode ocorrer nos idosos. Hipertrofia ventricular esquerda: resposta mais frequente a uma situação de hipertensão sistémica. As consequências são a insuficiência cardíaca e consequente falência cardíaca. Aterosclerose Enfarte do miocárdio: vemos aqui dois enfartes, no primeiro, mais antigo, o músculo cardíaco foi substituído por tecido fibroso e o segundo enfarte, mortal, nota-se que é mais recente porque é uma área de necrose. Trombo da artéria mesentérica: o intestino fica necrosado. Diverticulite. Por falta de tonicidade dos músculos há uma diminuição do trânsito intestinal, aumenta assim a pressão intraluminal que leva a formação de divertículos. Se inflamar leva a uma diverticulite que é uma situação de emergência. Hiperplasia nodular da próstata. A diminuição de testosterona e aumento de esterogéneos produzidos no tecido adiposo podem levar a uma hiperplasia nodular. O cancro da próstata é muito frequente. (N.B. hiperplasia verdadeira não é precursora de neoplasia). Carcinoma do endométrio: mulher pós-menopáusica RESUMO: Factores responsáveis pela senescência: • • • • • • • • • Perda de controlo do influxo de cálcio; Lesões do ADN mitocondrial; Alterações das pontes entre proteínas; Perda de mecanismos de reparação do ADN; Peroxidação das membranas; Excesso de radicais livres Genes que determinam a senescêcia (?será que existe?) Mutações do ADN; Acumulação de produtos do metabolismo, exemplo, lipofuscina; Características do idoso • • • • • • • • • • • • Calvo Surdo Demência senil Cataratas Perda de dentes Elastose dérmica Osteoporose Hipertensão arterial e doença cardíaca isquémica Hiperplasia da próstata Doença diverticular do cólon Doença degenerativa das articulações Edemas dos membros inferiores devido a insuficiência cardíaca Aqui está mais uma aula desgravada. Tentamos fazer os possíveis para arranjar todas as imagens (até suamos!!) esta aula é uma desgravação integral com algumas ideias do Robbins 7ª edição. Boa sorte para os exames..e cést finit… Liliana Teixeira Maria João Sá