Universidade de Brasília Centro de Desenvolvimento Sustentável Mestrado Profissional em Sustentabilidade Junto a Povos e Terras Tradicionais – MESPT Disciplina: Projetos, Desenvolvimento Sustentável e Etnodesenvolvimento Carga horária: 30 horas Crédito: 02 Período: 21 - 25 de setembro / 16 - 20 de novembro das 14.00 às 17:15 Professores: Márcia Gramkow e José Pimenta Proposta A disciplina tem como foco de análise e discussão as relações entre a ideia ocidental de “desenvolvimento” e a diversidade étnica e cultural. A partir da análise de situações empíricas, propõe-se uma reflexão antropológica sobre os conceitos de “desenvolvimento sustentável” e “etnodesenvolvimento”, relacionados com a ideia de “projeto” que orienta as políticas de desenvolvimento contemporâneas. Essa análise possibilitará uma crítica à visão universalista e hegemônica do desenvolvimento para enfatizar a importância do reconhecimento da diversidade cultural e do respeito à autonomia dos movimentos etnopolíticos locais, princípios básicos para a implementação de qualquer projeto de etnodesenvolvimento ou de desenvolvimento endógena / local. A disciplina está dividida em duas partes correspondentes às duas etapas presenciais. A primeira parte, intitulada “discussão conceitual: um olhar antropológico”, procurará trazer algumas contribuições da antropologia para a discussão dos conceitos de “cultura”, “etnocentrismo” e “identidade” (subparte 1). Seguirá uma introdução à noção de “populações/comunidades tradicionais”, assim como uma discussão da ideia de “desenvolvimento” e seus correlatos de “desenvolvimento sustentável”, “etnodesenvolvimento” e “projeto” quando aplicados aos povos indígenas (subparte 2). De modo mais detalhado e a partir de casos concretos, a segunda parte da disciplina, intitulada “exemplos e práticas etnográficas”, procurará discutir os desafios da implementação de algumas políticas contemporâneas de desenvolvimento diante da diversidade cultural. Solicitamos a leitura antecipada de todos os textos da primeira parte para o primeiro dia de aula. A participação dos estudantes nas discussões em sala de aula é imprescindível. O conteúdo da segunda parte do programa `poderá ser ajustado em função das discussões da primeira semana. ***** PRIMEIRA PARTE: DISCUSSÃO CONCEITUAL: UM OLHAR ANTROPOLÓGICO I - Cultura, Etnocentrismo e Identidade Aula 1: 21/09 LÉVI-STRAUSS, Claude. 1993. [1973]. “Raça e história”. Em: Antropologia estrutural dois. Rio de Janeiro: Tempo brasileiro. 4a. Edição, pp. 323-366. LIDERANÇAS INDÍGENAS. “Palavras indígenas. Pensamento de cinco líderes indígenas”. Em: Povos Indígenas no Brasil 2001-2005. Beto e Fani Ricardo (eds). ISA: São Paulo, pp. 19-37. Aula 2: 22/09 SAHLINS, Marshall. 1997a. “O ‘pessimismo sentimental’ a experiência etnográfica: Por que a cultura não é um ‘objeto’ em via de extinção (Parte I)”, Mana 3 (1): 41-73. SAHLINS, Marshall.1997b. “O ‘pessimismo sentimental’ a experiência etnográfica: Por que a cultura não é um ‘objeto’ em via de extinção (Parte II)”, Mana 3 (2): 103150. II – Povos indígenas, populações/comunidades tradicionais e desenvolvimento Aula 3: 23/09 LITTLE, Paul Elliot. 2002. “Territórios sociais e povos tradicionais no Brasil: Por uma antropologia da territorialidade”. Série Antropologia nº 322. LEITE, Ilka Boaventura. 2000. “Os quilombos no Brasil: questões conceituais e normativas”. Etnográfica, vol. IV (2): 333-354. Aula 4: 24/09 RIBEIRO, Gustavo. 1992. Ambientalismo e desenvolvimento sustentado: nova ideologia/utopia do desenvolvimento. Série Antropologia 123. LITTLE, Paul. 2002. “Etnodesenvolvimento local: autonomia cultural na era do neoliberalismo global”. Tellus 2 (3): 33-52. Aula 5: 25/09 ALBERT, Bruce. 2000. “Associações indígenas e desenvolvimento sustentável na Amazônia brasileira”. Em. Povos indígenas no Brasil 1996-2000. Carlos Alberto (eds). São Paulo: Instituto Socioambiental, pp. 197-207 PIMENTA, José. 2004. Desenvolvimento sustentável e povos indígenas: os paradoxos de um exemplo amazônico. Anuário Antropológico 2002/2003:115-150 DE ROBERT, Pascale. 2002. “Falar e fazer desenvolvimento numa aldeia Kayapó”. Boletim Rede Amazônia –Diversidade Sociocultural e Políticas Ambientais, Rio de Janeiro, n° 1: 67-71. SEGUNDA PARTE: EXEMPLOS alterações) E PRÁTICAS ETNOGRÁFICAS (Conteúdo sujeito a Aula 6: 16/11 LUCIANO, Gersem. 2006. “Projeto é como branco trabalha; as lideranças que se virem para aprender e nos ensinar”. Experiências dos povos indígenas do Alto Rio Negro. Dissertação de Mestrado. Departamento de Antropologia. Universidade de Brasília. Aula 7: 17/11 ÁVILA, Thiago. 2004. “Não é do jeito que eles quer, é do jeito que nós quer”. Os Krahô e a Biodiversidade. Dissertação de Mestrado. Departamento de Antropologia. Universidade de Brasília. Aula 8: 18/11 ALMEIDA, Alfredo Wagner Berno de. 2006. Os quilombolas e a base de lançamento de foguetes de Alcântara: laudo antropológico. Brasília: MMA, pp. 19-58. Filme: Terra de Quilombos - Uma dívida histórica (2004). Direção: Murilo Santos. Produção: Associação Brasileira de Antropologia - ABA Aula 9: 19/11 DIEGUES. António Carlos Diegues (Org.). 2000. Os saberes tradicionais e a biodiversidade no Brasil. São Paula: Ministério do Meio Ambiente/ Núcleo de Pesquisas sobre Populações Humanas em Áreas Húmidas, pp. 1-29. ALMEIDA, Mauro William Barbosa de. 2004. “Direito a floresta e ambientalismo: seringueiros e suas lutes”. Revista Brasileira de Ciências Sociais, vol. 19, n° 55: 3353. Aula 10: 20 /11 Painel de discussão: “Desenvolvimento e alteridades: embates e desafios.