Revista Viva Saúde Ed fev -163-Matéria sobre

Propaganda
Quando a
infertilidade é
PROBLEMA
48 vivasaúde
www.revistavivasaude.com.br
Qual é o impedimento?
Esta é a dúvida do casal que
não engravida. Saiba o que
esperar quando a causa se
relaciona ao homem
texto letícia ronche
A
procriação faz parte da natureza humana. É por essa razão
que quando um casal não consegue ter filhos logo surgem
preocupações, até mesmo para todos a sua
volta. Afinal, ter um bebê não deveria ser
um desafio, certo? “Quando falamos de infertilidade (mais de um ano de tentativas
adequadas para engravidar sem sucesso)
sempre precisamos levar em consideração que esta não é uma doença do homem
ou da mulher, mas do casal”, afirma Valter
Javaroni, coordenador do Departamento de
Medicina Sexual e Infertilidade Masculina
da Sociedade Brasileira de Urologia Rio de
Janeiro (SBU – RJ).
Por esse motivo, o homem e a mulher devem ser examinados para saber a causa da infertilidade e então tratá-la. Assim, o sonho de
ter um filho fica mais perto de se tornar realidade. Javaroni diz que estudos mostram que
em torno de 15% dos casais demoram mais de
um ano para engravidar. “Desse grupo considerado infértil, 50% dos casos envolvem problemas na mulher; 30%, fatores masculinos;
e em 20%, ambos contribuiriam para a infertilidade. Portanto, em metade dos casos existem fatores relacionados ao homem”, considera. Por isso é que hoje vamos focar neles.
FOTOS: SHUTTERSTOCK.
As causas masculinas
Newton Eduardo Busso, ginecologista e obstetra, membro da Associação de
Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São
Paulo (Sogesp), conta que, na prática, passa-se a desconfiar do homem quando há um
histórico familiar, ou quando ele passou por
www.revistavivasaude.com.br
alguma cirurgia. “Mas, independente disso,
ambos serão investigados”, fala. Podemos dividir as causas de infertilidade masculina em
dois grupos: as obstrutivas, responsáveis por
40% do total, e as de produção, 60% do total.
“Dentre as causas obstrutivas mais comuns temos a vasectomia, obstruções do
epidídimo causadas por infecções (DSTs,
como a gonorreia), cistos na próstata, e
malformações dos ductos deferentes”,
informa Filipe Tenório, urologista do
Hospital Santa Joana (PE). O médico conta que, entre as causas de produção, destacam-se a varicocele (dilatação das veias do
testículo que faz com que o sangue fique
preso e aumente a temperatura, diminuindo a produção de espermatozoides), doenças genéticas, uso de anabolizantes, deficiência de testosterona, infecção pelo vírus
da caxumba e dano testicular causado por
radioterapia e quimioterapia.
Além disso, acidentes podem tornar os homens estéreis. “Traumas, infecções, torções,
cirurgias e tumores. Exemplos: infecção por
caxumba que atinge os testículos produzindo
a chamada orquite viral, ou a criptorquidia
(testículo que não desceu completamente
durante a gestação) corrigida tardiamente”,
exemplifica o urologista da SBU. Contudo,
ele declara que, apesar dos avanços da medicina, “ainda consideramos cerca de 40% dos
casos de infertilidade como de origem idiopática, ou seja, sem uma causa definida”.
A queda na
qualidade
do sêmen
pode estar
relacionada
a poluição
ambiental,
hábitos de vida
e alimentação
não balanceada
Pode ser uma varicocele
Esta é a principal causa modificável de queda na qualidade de
sêmen. “Varicocele significa dilatação das veias que drenam
os testículos”, explica Valter Javaroni, urologista da Sociedade
Brasileira de Urologia (SBU-RJ). Seriam varizes como as das
pernas, mas localizadas na bolsa escrotal. O médico conta que
essa dilatação permite um refluxo de sangue para os testículos
aumentando a temperatura e prejudicando o ambiente de
produção de espermatozoides. Para o adolescente que tem
varicocele e diminuição testicular recomenda-se a cirurgia.
“Quando esta é a causa de um esperomograma de qualidade ruim,
o tratamento cirúrgico precisa ser considerado”, informa.
vivasaúde 49
SAÚDE DOS HOMENS
um panorama da fertilidade deles
15%
dos casais
demoram mais
de um ano para
engravidar –
são inférteis
Desse grupo:
50%
Fatores associados à
infertilidade:
Diabetes
Hipertensão
Sedentarismo
Obesidade
Tabagismo
Doenças Sexualmente
Transmissíveis (DST)
Uso de anabolizantes
dos causas se dão por
problemas femininos
30%
por complicações
entre os homens
20%
têm contribuição de
AMBOS na infertilidade
40%
dos casos de
infertilidade não têm
uma causa definida
Entenda o percurso do espermatozoide
Os espermatozoides ficam nos testículos.
A partir da puberdade e obedecendo ao estímulo da
testosterona, hormônio masculino, os meninos começam a
produzir células feitas para a reprodução.
Para que esse mecanismo funcione, são necessárias algumas
condições especiais, como a temperatura um grau mais baixa
do que a do resto do corpo. Este é o motivo de a bolsa escrotal
se afastar do corpo nos dias quentes e se aproximar nos frios.
Após a produção de espermatozoides no testículo, eles vão
para o epidídimo, que fica colado no testículo e forma um
verdadeiro labirinto de túbulos que os armazenam dando
tempo para prepará-los para a fertilização.
Feito isso, eles passam pelo ducto deferente, que é um
tubo grosso – aquele que é interrompido na vasectomia –, e
“deságuam” na parte posterior da uretra.
50 vivasaúde
A hora do espermograma
Esse é o principal exame para a avaliação de
fatores masculinos de infertilidade, com a finalidade de análise seminal. Javaroni fala que
este é um teste específico que exige condições
de coleta, processamento e análise para que
os resultados sejam confiáveis. “É preciso respeitar um período de abstinência sexual e não
perder nenhuma gota do ejaculado.”
Para o ginecologista, todo homem deve fazer um espermograma ao iniciar a vida sexual. “Assim já é possível identificar problemas
que vão piorar com o tempo e tomar as medidas necessárias, caso haja uma complicação
e o rapaz queira ser pai, como congelamento
de espermatozoides”, justifica Busso. Além
disso, 1% dos homens possui ejaculação sem
espermatozoides. Se ele já souber disso, evita que sua parceira utilize métodos anticoncepcionais, como pílulas hormonais ou DIU.
Além desse teste, pode ser solicitado um
exame de sangue com os hormônios envolvidos na produção de espermatozoides e uma
ultrassonografia da bolsa escrotal, que avalia
o volume e aspecto testicular e a presença de
varicocele. “Quando a contagem de espermatozoides é baixa ou ausente, solicitamos
a avaliação genética do homem em busca de
alterações na contagem de cromossomos e de
defeitos nos genes”, esclarece o urologista.
O caminho para a paternidade
O tratamento dependerá da causa. “No
grupo das obstrutivas, a melhor medida é a
reconstrução por microcirurgia (reversão de
vasectomia ou do epidídimo)”, diz Tenório. A
varicocele pode ser tratada por microcirurgia.
Quando o problema está no esperma, há
duas opções. Nos casos em que haja mais
de dez milhões de espermatozoides de boa
qualidade e as tubas uterinas estão normais,
pode-se adotar a inseminação intrauterina.
Quando há apenas cinco milhões de espermatozoides capacitados, a fertilização in vitro
(FIV) apresenta maiores chances de sucesso.
A taxa de sucesso é variável. Geralmente é
necessário tentar mais de uma vez. Por isso,
recomenda-se buscar informações e comprová-las antes de assumirem-se compromissos.
www.revistavivasaude.com.br
Download