A quina (Coutarea hexandra) é também confundida frequentemente com o pau-amargo (Picrasma crenata), ambas as espécies são arbóreas e detentoras de princípios medicinais amargos, utilizados nos casos de problemas estomacais. O pau-amargo ocorre em todo o Estado enquanto a quina é habitante natural do Planalto e Oeste Catarinense. O sangue-de-drago (Croton celtidifolius) constitui-se numa árvore comum na formação Ombrófila Densa, que apresenta seiva sangüínea bastante conhecida no mercado brasileiro e internacional, pelas suas propriedades anti-sépticas, antivirais, cicatrizantes e anti-inflamatórias. No entanto, ocorre também, embora com menos frequência a espécie Croton kleinii, que apresenta características de uso semelhantes, porém é menos conhecida em nível de mercado. O chapéu-de-couro (Echinodorus grandiflorus) é uma espécie registrada na farmacopéia brasileira e que foi amplamente estudado na área farmacológica e fitoquímica, constituindo-se também em matéria-primaindustrial utilizada no preparo de refrigerantes. Essa planta não raro é confundida com outra espécie paludosa, invasora em lavouras de arroz irrigado e conhecida como sagitária(Sagittaria montevidensis). Em ambos os casos há um risco muito evidente quanto ao uso extrativista estas espécies, pois normalmente são colhidas em valas de drenagem e várzeas de arrozeiras, com possibilidade de contaminação por herbicidas e outros agrotóxicos usados nessa cultura. O pau-andrade abriga algumas prováveis espécies congêneres Persea major, talvez a mais rara e ameaçada de extinção, e Persea willdenowii. A espécie é vulnerável às ações antrópicas pelo fato dos coletores extraírem a casca por anelamento, prática que deve ser abolida por causar a morte das plantas. Pelos dados coletados e também pelas informações adicionais obtidas nas entrevistas, é provável que os usuários de pauandrade utilizem as espécies congêneres indistintamente. As espécies apresentam atividade cicatrizante e antimicrobiana. Flora Catarinense Uso equivocado de plantas medicinais em Santa Catarina Bacharis articulata Maiores informações: Epagri/Estação Experimental de Itajaí Rodovia Antônio Heil, 6800 - Caixa Postal 277 CEP 88112-318 Fone/fax: (47) 3341-5244 | 3341-5255 E-mail: [email protected] www.iff.sc.gov.br Impressão: DIOESC Primeira tiragem: 7.000 exemplares Florianópolis, novembro de 2011 Bacharis crispa Governo do Estado de Santa Catarina Secretaria de Estado da Agricultura e da Pesca Epagri Empresa Catarinense de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina No período de 2010/2011 a Epagri realizou o Levantamento Socioambiental (LSA), um componente do Inventário Florístico Florestal de Santa Catarina (IFFSC), demandado pelo Governo do Estado e com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (FAPESC). O Levantamento foi realizado através de entrevistas aplicadas individualmente a 777 proprietários de florestas nativas, agricultores e outros moradores que vivem nas comunidades próximas e no entorno de pontos pré-selecionados através de um processo de amostragem sistemática, que cobriu todo Estado de SC. Entre vários outros objetivos, o Levantamento revelou as plantas bioativas mais utilizadas pelos catarinenses e alguns usos equivocados. As espécies bioativas mais citadas em todo o Estado foram o cipó-mil-homem (Aristolochia triangularis), a espinheira-santa (Maytenus ilicifolia e M. aquifolia.), o pau-amargo (Picrasma crenata), a marcela-do-campo (Achyrocline satureioides) e a carqueja (Baccharis sp.). Nomes comuns,científicos e confusões na utilização A carqueja é citada com frequência na Região Serrana, um bioma rico em espécies do gênero Baccharis. A espécie mais citada foi provavelmente a Baccharis crispa, comum como planta infestante dos pastos. O uso de carqueja pela população é motivo de preocupação, pois muitas espécies assemelhadas, embora também pertencentes ao gênero Baccharis, são relatadas como sendo tóxicas ao gado. Uma das plantas citadas pelos entrevistados é a Baccharis uncinella, conhecida pela sua toxicidade. Foram citadas também Baccharis anomala, uma espécie de carqueja conhecida como parreirinha e Baccharis pauciflosculosa, conhecida como vassourinha e utilizada para obtenção de óleo essencial. O sabugueiro (Sambucus australis) é a única espécie de sabugueiro nativa de Santa Catarina, porém ocorre também a espécie exótica de origem européia Sambucus nigra, que é cultivada amiúde em fundos de quintal como espécie medicinal.Ambas podem ser utilizadas como diaforéticas e imunoestimulante. Sambucus australis Baccharis crispa Baccharis uncinella Baccharis anomala Baccharis dracunculifolia Sambucus nigra No caso da pata-de-vaca algumas vezes a população associa a espécie nativa (Bauhinia forficata) com outra exótica (Bauhinia variegata), principalmente porque essa última é utilizada na arborização de ruas e estradas, sendo de mais fácil acesso para eventuais coletas. Apenas B. forficata apresenta ação medicinal. Bauhinia forficata Bauhinia variegata