Nossa proposta Para ampliar as trocas de experiências já realizadas nos encontros do Business Club Healthcare, a TM Jobs e a Integrare 360° Marketing de Conteúdo deram início a uma série de estudos de mercado para, ao longo do ano, mapear a abordagem dos hospitais e operadoras com relação aos principais assuntos de Gestão em Saúde. Seguindo o tema de cada evento, lançamos, em 2014, 11 documentos para abordar as tendências no Brasil e no exterior em relação ao temas abordados pelos anfitriões do Club. O resultado você confere aqui! Somos uma empresa de consultoria e assessoria em marketing, vendas e eventos especializada no segmento saúde. Nosso propósito é apoiar nossos clientes na concretização de seus objetivos estratégicos, a partir de um profundo conhecimento do setor. Empresas de referência são sempre formadoras de opinião: elas produzem e compartilham conteúdo de extrema qualidade e relevância. Criada por três profissionais especializadas em mídias de negócios, Adriele Marchesini, Cylene Souza e Silvia Paladino, a Integrare 360° utiliza habilidades de jornalismo e técnicas de marketing de conteúdo para ajudá-lo a contar ao mundo tudo o que você sabe, promovendo relações de confiança e geração de negócios. índice Estudo I 12 98 Pagamento por pacotes Green line 98 e tabelas compactadas Estudo II 100 20 Dilema Jaleco e Gravata Estudo III 30 Estudo V 40 Estudo VI 50 58 Estudo VII 64 72 BCH 126 BCH Hospital das Clínicas 126 76 A figura do médico hospitalista na gestão assistencial Estudo X 124 IGESP 124 Gestão de Saúde Populacional Estudo XI BCH Jorge valente 122 Boas Práticas Assistenciais Estudo VIII BCH São Cristóvão 114 122 gestão em TI BCH Abramge 108 114 Sustentabilidade da BCH Hospitalar 104 108 Pay for Performance BCH Hospital Vera Cruz 102 104 Panorama de OPME BCH Lifecenter 100 102 Maturidade da gestão Estudo IV BCH 82 3 proposta 8 Carta ceo 10 artigo 96 anfitriões 2014 O papel da Engenharia Clínica na gestão de tecnologias médicas Estudo XI Logística e gestão de suprimentos de saúde 90 130 bibliografia 132 COmitê BCH Seguindo em frente Tania Machado* Estou há 16 anos na Saúde e há quase três Após ouvir tantas discussões relevantes sobre os ência e decisão na cadeia produtiva de saúde. decidi empreender, fundando a TM Jobs, principais temas do setor, percebi a importância Então, para fortalecer as relações entre essas co- empresa que nasceu da minha experiência e de abrir mais um canal de benchmark, o Club de munidades, criamos uma agenda de encontros meu olhar sobre as inúmeras oportunidades Médicos Assistenciais (CMA), para que diretores que perpassa a pirâmide decisória do segmento: de negócios nesse mercado. Com um tra- clínicos e profissionais da linha de frente de UTIs, balho de consultoria, temos o propósito de pronto socorros e enfermarias pudessem expor apoiar nossos clientes na concretização de suas vivências. seus objetivos estratégicos, a partir de um profundo conhecimento do setor e da nossa rede de relacionamento com os principais agentes da cadeia. Com as alianças que estabelecemos entre consultores, participantes, anfitriões e patrocinadores, formamos uma agregadora rede de conhecimento. Hoje, o BCH conta com especialistas que CEOs - Presidentes e Diretores de Hospitais e Operadoras; CMOs - Diretores Clínicos, Técnicos e Operacionais; CIOs - Diretores e Gerentes de TI; CE – Engenharia Clínica Uma de nossas iniciativas foi a criação do colocam sua experiência a serviço do nosso con- Business Club Healthcare, que surgiu da de- teúdo. Também estreitamos laços com importan- Os encontros vão discutir o que é valor para essas manda, explicitada a mim, de um grupo de tes instituições, como a Hospitalar, a maior feira comunidades e para o mercado, como identificar CEOs de operadoras e hospitais verticaliza- do setor da saúde na América Latina, a ASAP as oportunidades e permitir que o relacionamen- dos por um espaço para trocar ideias, sem (Aliança para a Saúde Populacional) e Abramge to e as lições aprendidas nestes grupos façam a discutir questões políticas e promovendo (Associação Brasileira de Medicina de Grupo). diferença no dia a dia de suas organizações. O ano de 2014 foi repleto de conquistas e alian- Há muito a ser feito e, por isso, agradeço e con- ças importantes, mas sabemos que mudanças to, sempre, com a colaboração da minha equipe, são necessárias e reconhecemos o enorme de- do comitê de CEOs e dos consultores que fize- O projeto cresceu muito mais rápido do que safio que temos pela frente. Pensando nisso, ram do Business Club Healthcare um novo meio eu poderia imaginar. As reuniões presenciais, gostaria de compartilhar com você algumas no- de conexão na Saúde. que são complementadas por um portal de vidades para 2015. Vamos trabalhar fortemente conteúdo exclusivamente técnico para o a geração de valor compartilhado e sustentável, segmento, já atraíram mais de 700 profis- que consiste em conscientizar e sensibilizar as sionais de hospitais, operadoras, governo e comunidades de profissionais do setor para a instituições de Saúde. construção de valor em todos os níveis de influ- um benchmark que propiciasse aumento da qualidade assistencial, da eficiência e do retorno financeiro. Até 2015! *Tania Machado é fundadora e diretora da TM Jobs Nenhum negócio é uma ilha Cylene Souza* No clássico da literatura “Por quem os sinos não se engajam, porque não têm visão do todo, va, financeira e assistencial, e acompanhar a dobram”, Ernest Hemingway cita o poeta há um esforço hercúleo - de tempo, energia e gestão logística do maior complexo hospitalar John Donne: “Nenhum homem é uma ilha, dinheiro - para se criar caminhos muitas vezes da América Latina, o Hospital das Clínicas de sozinho em si mesmo; cada homem é parte já trilhados por outras organizações e perde-se São Paulo. do continente, parte do todo (...) a morte de a chance de buscar sinergias benéficas para o qualquer homem me diminui, porque eu sou setor como um todo. parte da humanidade”. Para dar continuidade a esse benchmark, o seu engajamento é fundamental. Os Estudos BCH Mudar esse cenário requer um grande repo- são uma oportunidade para que você exponha Vejo um claro paralelo entre essa frase e o sicionamento: é preciso deixar as trincheiras, suas práticas e as compare com o que está sen- mundo dos negócios em Saúde. Muito se abaixar a guarda e atravessar o front para con- do feito ao redor do mundo. Compartilhe seus fala na “solidão do líder”, que tem a atri- versar com quem está do outro lado. sucessos e fracassos e vamos, juntos, construir buição de definir as metas e estratégias da companhia e é, inexoravelmente, o primeiro a ser responsabilizado pelo sucesso ou fra- Iniciativas como o Business Club Healthcare têm dado sua contribuição para que um acordo uma Saúde mais profissionalizada e com grandes resultados financeiros e assistenciais. de paz seja alcançado. Os comandantes mais Lembrando Hemingway, se “a morte de qual- corajosos já entenderam o recado e se dispu- quer homem me diminui, porque eu sou parte Para amenizar o sentimento de se estar sozi- seram a receber os concorrentes em suas ca- da humanidade”, o mesmo vale para a Saúde: nho na hora da decisão, é preciso dialogar – sas, compartilhar estratégias e resultados e até esconder uma estratégia de gestão e deixar seu e muito – com funcionários, pares, clientes, mesmo debater e questionar os caminhos por concorrente, que pode precisar de uma solução fornecedores e, por que não, concorrentes. eles escolhidos. já testada por você, morrer, também faz seu ne- casso dessas iniciativas. Entretanto, é justamente o oposto do que acontece no mercado. Qualquer prática de gestão, por mais comum que seja, é vista como uma estratégia de guerra, a ser escondida dos inimigos e até mesmo dos colaboradores, para evitar o risco de “vazar” a informação para fora da organização. O resultado é catastrófico: os colaboradores Para citar apenas alguns exemplos, nesse ano, gócio morrer um pouco a cada dia. os participantes do Club puderam entender como a Greenline conseguiu adotar um modelo de remuneração por pacotes, tendo seu hospital próprio como referência de custo, ver o plano desenhado pelo São Cristóvão para geração de indicadores de TI que realmente fizessem diferença no dia a dia das áreas administrati- Cylene Souza é jornalista especializada em saúde e co-fundadora da Integrare 360º Marketing de Conteúdo ESTUdO i pagaMENto por pacotes E tabelas compactadas C om custos crescentes e recursos limi- os pagamentos por pacotes tiveram início em tados, o setor de saúde busca formas 1984, nos Estados Unidos, com as cirurgias de equilibrar suas receitas, garantindo cardíacas no texas Heart Institute, e, posterior- bom atendimento aos beneficiários e a viabili- mente, outra experiência similar foi relatada no dade econômica de todos os seus players. Ingham regional Medical Center, com cirurgias ortopédicas. Em nível nacional, o sistema Me- Atualmente, no País, prevalece a remuneração dicare testou o modelo em 1991, com coloca- fee for service, em que cada item é pago se- ção de marcapassos em quatro hospitais e, em paradamente. Porém, operadoras de planos 1993, outras três instituições foram incorporadas de saúde e provedores de serviços buscam ao projeto. alternativas mais adequadas de pagamento, já que o atual modelo demanda uma grande es- Uma análise dos Centros de Serviços Medicare e trutura administrativa, não possibilita prever os Medicaid, realizada em 1998, mostrou que estes custos finais, não privilegia a visão holística do sete hospitais teriam gastos de US$ 438 milhões paciente e causa desgastes na relação entre no período para implantar marcapassos nos be- fontes pagadoras e instituições assistenciais, neficiários deste programa de saúde, mas, com o seja pelos prazos estendidos para análise das pagamento por pacotes, foi possível economizar contas e pagamentos, seja pela glosa de pro- US$ 50,3 milhões. Outras vantagens relatadas cedimentos e taxas considerados inadequados foram o controle de fatores de risco em pacientes ou excessivos. crônicos e redução do índice de mortalidade de pacientes internados. Entre os aspectos negati- Entre as propostas de remuneração disponíveis vos estavam as dificuldades de prestar e pagar hoje no mercado, a que parece atender melhor as contas médicas. aos interesses de operadoras, instituições de saúde e pacientes é o pagamento por paco- Agora, na reforma de saúde proposta pelo go- tes ou suas variações, como o procedimento verno de barack obama, os Centros de Serviços gerenciado e a conta aberta aprimorada (ou ta- Medicare e Medicaid trabalham, juntamente com bela compacta). os prestadores de serviços, na bundled Payment www.BCHweB.CoM.br - 13 Estudo I Pagamento por pacotes e tabelas compactadas Considerações para Considerações para as operadoras os hospitais • • for Care Improvement Initiative (Iniciativa de Pa- rurgias de alta frequência e baixa variabilidade dos gamento por Pacote para Melhoria do Cuidado). processos assistenciais e determina um preço O projeto começou em 2012 e deve durar três global para concentrar itens que compõem o pro- anos. O objetivo é encorajar hospitais e médicos cedimento. A principal diferença deste modelo e a trabalharem juntos para coordenar a assis- do pagamento por pacote é que o valor estabele- cada procedimento, mas negociar com recomendada para procedimentos tência em saúde e melhorar o atendimento nas cido está baseado em protocolos clínicos, não na base em estatísticas; médico-hospitalares cirúrgicos de alta transições, reduzindo reinternações e garantindo média das contas hospitalares pagas pelas ope- cuidados apropriados após a alta. radoras. A operadora não deve impor o preço de frequência, com baixa variabilidade baseado em protocolos clínicos e uso de recursos e baixa prevalência de complicações; A conta aberta aprimorada ou tabela compacta associado ao controle da qualidade e blica. No modelo das Organizações Sociais de deve ser aplicada nos casos em que os proce- resolutividade dos procedimentos; Saúde, em que instituições privadas prestam ser- dimentos hospitalares ofereçam dificuldades de viços ao Estado, há contratualização por metas, padronização dos insumos e serviços e prevê a com pagamentos definidos por evento e bônus uniformização nas tabelas de preços de diárias e utilizados nos procedimentos devem ser em casos de bom desempenho. São exemplos taxas dos prestadores de serviços hospitalares. A padronizados; o programa Hosp SUS, do Paraná, e Pro-Hosp, expectativa é que se alcance o equilíbrio na forma de Minas Gerais. de cobrança dos serviços hospitalares, com mi- • • • Identificar todos os custos associados; Sempre que possível, os insumos Deve-se implantar um sistema de gração de preços dos insumos para diárias, taxas acompanhamento dos procedimentos e procedimentos. empacotados, para verificar, além da Nacional de Saúde Suplementar, a Associação de: desfecho, processo assistencial, •O sistema de remuneração deve estar No Brasil, a iniciativa também partiu da área pú- Na esfera privada, com o incentivo da Agência Inicialmente, essa modalidade é qualidade e resolutividade, os preços dos Brasileira de Medicina de Grupo (Abramge), a As novas propostas objetivam aumentar a eficiên- medicamentos, materiais, gases, órteses e Associação Nacional dos Hospitais Privados cia do sistema, eliminando custos de transação próteses. (Anahp), a Confederação das Santas Casas de que não agregam valor ao paciente e tornando a Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópi- gestão de sinistros das operadoras mais previsível. •Relacionar todos os serviços prestados dentro daquele evento assistencial; • Calcular quanto seria o reembolso por aquele evento assistencial; •Revisar periodicamente os preços dos itens que compõem o procedimento; • Elegibilidade dos pacientes para a realização do procedimento; cas (CMB), a Confederação Nacional de Saúde (CNS), a Federação Brasileira de Hospitais (FBH), Este mecanismo também deve ajudar a reverter a a Federação Nacional de Saúde Suplementar pressão financeira em saúde, promovendo a ra- frequentes para o procedimento, que (Fenasaúde), a União Nacional das Instituições cionalização dos custos, à medida que estimula caracterizariam a mudança na forma de de Autogestão em Saúde (Unidas) e a Unimed a obtenção de melhores resultados assistenciais, cobrança. do Brasil montaram um grupo de trabalho para com previsibilidade, controle e garantia de preços estudar formas de remuneração e, em dezem- adequados. • Indicação das intercorrências mais bro de 2012, assinaram um acordo que prevê dois modelos: procedimento gerenciado e conta No longo prazo, deve ser percebida a substituição aberta aprimorada. da precificação baseada na relação das despesas pela identificação de valor agregado aos serviços O procedimento gerenciado foi indicado para ci14 - Estudo Business Club Healthcare 2014 médicos oferecidos. www.bchweb.com.br - 15 Estudo I vantagens • Processos de autorização, faturamento e cobrança mais ágeis; • Diminuição de glosas e divergências entre as partes envolvidas; • Previsibilidade de custos; • Racionalização de recursos; • Redução da sinistralidade; • Fluxo de caixa estável; • Discussão prévia sobre Pagamento por pacotes e tabelas compactadas Quando não é Sete passos possível trabalhar para instituir a O caminho percorrido por cada paciente no com a remuneração remuneração por atendimento e nos custos gerais. As diferen- por pacotes pacotes ças neste caminho são geralmente atribuídas 1. Crie eventos clínicos. Inicie com um ga- mas examinando esta trilha e garantindo tilho que aciona o evento, como internação que os pacientes receberão o conjunto de ou índice de admissão por uma condição cuidados mais adequados às suas necessi- particular ou procedimento, e finalize com dades, os prestadores de serviços poderão um desfecho claro, como a alta hospitalar aumentar a qualidade e reduzir custos. • Complicações de qualquer natureza que levem o paciente a uma acomodação não prevista ou que prolonguem a internação por um período superior ao previsto; • Em casos de complicações ocorridas durante a cirurgia, que alterem o prognóstico e acrescentem morbidade ou alta médica após um período específico, por exemplo, um mês. A partir daí, relacione todos os serviços que integrarão este atendimento. 4. Mapeie o “caminho” do atendimento. hospital terá grande influência no curso do às necessidades clínicas de cada paciente, 5. Examine os padrões de prática médica. Isso permitirá a identificação de áreas com potencial para serem mais bem gerenciadas. Olhe a informação por trás das solicitações. 2. Analise a distribuição de custos pelos Diferenças no atendimento dos médicos serviços. Depois de construir os pacotes, podem indicar a necessidade de implantar faça uma análise financeira para determinar protocolos para reduzir complicações, me- procedimento diferente do proposto quais eventos seriam os melhores candidatos lhorar a qualidade e reduzir os custos. As inicialmente; para este tipo de remuneração e quais fatores áreas a serem examinadas incluem o uso de devem ser considerados para se estabelecer insumos, medicamentos e dispositivos, indi- os preços. Entender onde os custos estão cação para UTI, tempo de internação, orien- ao ato cirúrgico; • Achados intraoperatórios que levem a • Em casos de complicações no a inclusão de novas pós-operatório, em que apenas a concentrados ajuda a identificar oportunida- tação e acompanhamento pós-alta, índices tecnologias, medicamentos permanência do paciente se prolonga des para reduzi-los ou para formar parcerias de readmissão e complicações. além do previsto, mas sem graves com outros prestadores para alguns tipos de intercorrências ou mudanças de intervenções. e materiais. acomodação para unidades mais complexas, pode-se propor uma remuneração mista, com a cobrança separada das diárias extras até a alta do paciente. 16 - Estudo Business Club Healthcare 2014 6. Analise os níveis e tipos de riscos que você quer correr. Além disso, será impor- 3. Localize fontes de variação. A habilidade tante definir ações para mitigá-los. A varia- de identificar, entender e eliminar as variações ção nos custos de um evento é tanto um em práticas de saúde será crítica para o su- indicador de oportunidade para redução de cesso deste modelo de remuneração. Apon- custos como um sinal de risco potencial. te onde estas variações ocorrem. Uma forma Os custos dos eventos podem aumentar de identificar oportunidades de redução de com fatores como condições crônicas e a custos é olhar que percentual de variação do propensão de readmissões, que variam de custo é devida a cada tipo de serviço. acordo com as características demográficas www.bchweb.com.br - 17 Estudo I do público-alvo de seu hospital. Por isso, é condições selecionadas, quanto este cus- aconselhável trabalhar com risco ajustado to poderá ser reduzido e uma avaliação de de acordo com o perfil médio dos seus pa- onde sua instituição está posicionada quan- cientes. do comparada aos seus concorrentes. Será 7. Desenvolva um preço para o pacote. O valor será baseado no histórico para as preciso negociar um fator para reajustes financeiros e outro para ajustar os riscos. Perguntas que você deve responder antes de instituir este modelo 1. Você tem volume Você tem um processo suficiente para fazer o efetivo em prática, com investimento valer a pena, uma liderança clínica sem se submeter a riscos sólida, para rapidamente desnecessários? implementar mudanças Você tem as informações necessárias para avaliar os atuais padrões de atendimento e identificar 2. possíveis áreas de melhoria? 18 - Estudo Business Club Healthcare 2014 3. nos processos 4. Você já sabe quais são assistenciais? estas mudanças? ESTUdO ii dIlEMa Jaleco E Gravata P rogramas de fidelização dos médicos publicada pelo Institute for Innovation and Im- são comuns aos hospitais que trabalham provement (Instituto para Inovação e Melhoria), com corpo clínico aberto, já que, embora do National Health Service (NHS – Serviço Na- não tenham vínculos empregatícios, eles é que cional de Saúde), do Reino Unido, constatou-se respondem pela maior parte da receita com pro- que, mais do que não ajudar, profissionais não- cedimentos cirúrgicos, diárias e outras taxas. -engajados podem atrapalhar o desempenho Porém, integrar um nome estrelado da medici- da instituição. o estudo sugere que os médicos na ao corpo clínico é apenas a primeira etapa têm a maior influência no que se refere à imple- para atingir maior receita, prestígio e efetividade mentação de mudanças operacionais com foco nos tratamentos. em melhoria do desempenho e que falhas ou erros no atendimento são frequentemente causa- Para que a relação seja a mais proveitosa possí- dos por uma liderança médica inadequada, falta vel para os dois lados, é necessário que o pro- de comunicação e desconexão entre médicos e fissional se sinta identificado com a instituição e, executivos administrativos, entre outros fatores. mais do que isso, alinhe-se às práticas de gestão, qualidade e segurança do paciente daque- No Canadá, um estudo desenvolvido pela Doc- la unidade. Por isso é necessário, mais do que tors of bC (Associação de Médicos de british cativá-lo, engajá-lo. Columbia), constatou que médicos em posição de liderança podem até mesmo reduzir o risco Países como Estados Unidos, com atendimen- de perda de qualidade e segurança em caso de to à saúde essencialmente privado, e Canadá mudanças de altos executivos da área adminis- e Reino Unido, com sistemas majoritariamente trativa. Informalmente, os médicos podem en- públicos, perceberam, de diferentes formas, corajar e guiar os esforços para reduzir os cus- que para atingir metas clínicas e financeiras se- tos e aumentar a qualidade, baseados em suas ria preciso envolver o médico na gestão. experiências pessoais. Na revisão de literatura “Engaging Doctors - Can Neste cenário, engajar o médico é o primeiro doctors influence organisational performance?”, passo de qualquer ação que vise melhorar resulwww.BCHweB.CoM.br - 21 Estudo II Dilema Jaleco e Gravata Falhas ou erros no atendimento são frequentemente causados res dificuldades, porque, em geral, suas agendas eficiência operacional fazem os médicos se sen- hierárquicas para que os médicos tenham e per- estão tomadas por consultas, agendamentos de tirem desrespeitados e sem poder. Apenas infor- cebam oportunidades para colaborar e influen- cirurgias e outros procedimentos. Além disso, os má-los sobre as decisões não ajuda a engajá-los; ciar nas mudanças; compartilhar informações importantes e evidências; e promover líderes mé- médicos são céticos quanto à utilidade de gastar seu tempo em programas de liderança e enga- Abordagem top-down – Uma abordagem cen- jamento, ao invés de tratar de seus pacientes. tralizada da liderança médica pode aumentar a Na medida do possível, as instituições terão de desconfiança do corpo clínico. Para desenvolver As iniciativas também passam por incentivos se adaptar ao profissional e valorizar seu tempo, líderes com credibilidade, construir o engajamen- financeiros, mas isso não é o mais importante. comunicação e desconexão organizando horários mais flexíveis de reuniões, to e produzir mudanças, a liderança deve ser di- Remuneração maior ou outros benefícios nem oferecendo apoio administrativo e respondendo fundida por toda a organização, em vez de ficar sempre se traduzem em engajamento. O maior entre médicos e em tempo hábil às suas sugestões e solicitações. centralizada no topo. Isso inclui indicar médicos desafio é integrar as culturas médica e adminis- por uma liderança médica inadequada, falta de executivos administrativos, entre outros fatores tados financeiros ou assistenciais. Para planejar um programa de relacionamento com o médico, é preciso levar em conta as principais barreiras para o engajamento, saber o que motiva o corpo clínico, estabelecer ações para manter o diálogo constante, envolvê-los nas principais iniciativas do hospital e desenvolver métricas para avaliar os resultados do programa. Os obstáculos dicos nas áreas clínica e operacional. para cargos estraté- trativa, não tentar com- Treinamento limitado – Médicos são acostuma- gicos, identificar os lí- prar o comprometimen- dos a pensar apenas em seu paciente, individual- deres em governança mente, e trabalhar de forma autônoma, enquanto clínica e construir um os executivos se preocupam com a organização modelo de liderança e são treinados para pensar de forma sistemáti- compartilhada. ca e colaborativa. Para construir uma ponte entre estas duas áreas, é necessário ampliar os conhe- Para reverter este qua- cimentos do corpo clínico em assuntos como o dro, os papéis de cada funcionamento do sistema de saúde e os mode- agente los de cuidado. Também é importante oferecer bem definidos. No mo- treinamento em áreas consideradas administrati- delo canadense, eles vas, como liderança, planejamento estratégico e foram especificados da gestão de projetos. seguinte forma: devem estar Remuneração maior to destes profissionais, ou outros benefícios nem atesta o estudo. sempre se traduzem em O órgão canadense engajamento. O maior enfatiza que as ins- desafio é integrar as culturas focam em construir e médica e administrativa, não tentar comprar tituições de sucesso manter relacionamentos, ao invés de dedicar todos os seus o comprometimento esforços a processos do médico niões e bate-papo ten- e procedimentos: reu- Cultura organizacional – É preciso criar con- Cabe ao médico: par- dem a ser mais efeti- No artigo “Partnering with physicians” (Fazendo fiança entre os médicos e a organização. Quando ticipar da tomada de vos do que inúmeras parcerias com os médicos), a associação de mé- o hospital é muito hierárquico e a comunicação é decisão; apoiar seus líderes; tomar para si a li- iniciativas de Recursos Humanos. O estudo dicos de British Columbia destacou algumas bar- falha ou inexistente, e os médicos não são cha- derança, a melhoria do cuidado em saúde e o constata que, especialmente nos hospitais pri- reiras ao sucesso da iniciativa. Aqui, seleciona- mados a dar sua opinião ou são apenas consul- treinamento em gestão; e ser sensível às neces- vados, não há sinais de iniciativas para controlar mos as quatro de maior impacto para a realidade tados quando a decisão está tomada, os profis- sidades organizacionais. o comportamento dos médicos, mas, pelo con- do sistema privado de saúde no Brasil: sionais perdem o interesse em se envolver com a Falta de tempo do médico – É uma das maio- 22 - Estudo Business Club Healthcare 2014 trário, estas instituições primam por promover a gestão. Relações restritas com o corpo diretivo e Cabe ao hospital: criar uma cultura que promo- voz e o êxito destes profissionais e envolvê-los metas centralizadas relacionadas às métricas de va confiança e respeito; revisar suas estruturas na governança. www.bchweb.com.br - 23 Estudo II Ações do corpo diretivo para aumentar o nível de engajamento: • Participação dos executivos nos programas desenvolvidos com este objetivo; • Reuniões regulares e formais entre os médicos e executivos para discutir qualidade, segurança e desempenho; • Oportunidades informais para encontrar com os executivos e também discutir qualidade, segurança e desempenho; • Dedicar um tempo significativo para envolver os médicos em aspectos da gestão, para que saibam como é gerenciar um hospital; • Garantir recursos e acesso aos programas de desenvolvimento de líderes. Ações da organização para promover o engajamento: • Certificação e credenciamento; • Incentivos econômicos; 24 - Estudo Business Club Healthcare 2014 Dilema Jaleco e Gravata • Identificação de padrões mais altos dos que os seguidos para mostrar o que pode ser alcançado. Desenvolvimento de um estudo de caso a favor das melhorias nas práticas médicas; • Identificação e treinamento de líderes para melhoria da qualidade e segurança; “A contribuição ativa e positiva dos médicos, sabilidade pelo sucesso da organização e seus dentro de suas funções normais, para manter serviços. O quadro de competências abaixo foi e melhorar o desempenho do hospital, o que, estabelecido considerando: habilidades pes- por si só, leva ao comprometimento e encora- soais, capacidade de trabalhar em equipe, jamento da entrega de cuidados com alta qua- gerenciar serviços, melhorar estes serviços e lidade.” estabelecer diretrizes. A figura abaixo sintetiza as iniciativas recomendadas para engajar os médicos. • Desenvolvimento de uma mensagem Demonstrar qualidades pessoais externa positiva que comunique o comprometimento da organização em se Forme grupos de trabalho para estabelecer a visão tornar um hospital de alto desempenho; • Criação de premiações para indivíduos, grupos e organizações que demonstrem Garanta foco nas áreas em que os médicos querem contribuir Apoie o engajamento com desenvolvimento e premiações Entrega do serviço desempenho excepcional; • Relatórios públicos com informações sobre qualidade e segurança do paciente. O modelo de engajamento Trabalhar em equipe Orientar Identifique os “campeões” em liderança médica para apoiar o engajamento e a competência de liderança Médicos engajados Crie oportunidades para a liderança compartilhada em todos os níveis Compare o alcance e o nível de engajamento com os benchmarks Melhorar os serviços Gerenciar os serviços Crie oportunidades para que os médicos liderem iniciativas de qualidade e segurança médico do NHS O NHS aponta que, para que os médicos façam O engajamento é benéfico tanto para a orga- mente com o sistema, é necessário considerar uso destas competências e se envolvam ativa- nização, quanto para o médico. Os hospitais Um modelo específico de indicadores pesso- os aspectos motivacionais. Médicos engajados conseguem melhorar seu desempenho, a satis- ais também foi criado para avaliar as compe- são reconhecidos por: acreditar e se orgulhar fação dos pacientes, reduzir a rotatividade e o tências necessárias aos líderes de saúde, que de trabalhar naquela instituição; comprome- absenteísmo e os médicos, individualmente, re- devem estar ativamente envolvidos no plane- timento com a melhoria dos produtos e resul- latam mais satisfação no trabalho e sofrem me- jamento, entrega e informação dos serviços tados assistenciais; entendimento do contexto nos com a síndrome de burnout. Na definição de saúde. Para o NHS, a liderança deve ser organizacional além de suas funções; respeito do NHS, engajamento é: compartilhada e implica um senso de respon- pelos colegas; e vontade de ir além do solicita- www.bchweb.com.br - 25 Estudo II Dilema Jaleco e Gravata do e dar o melhor de si. Para avaliar os médicos gajamento, o NHS criou a escala representada e apurar os resultados de seu programa de en- no quadro seguinte: Os resultados apurados nesta escala levaram à estratificação do engajamento em cinco níveis: Escala de engajamento médico e suas definições Índice: Engajamento Médico Os médicos adotam uma ampla perspectiva organizacional no que diz respeito às suas responsabilidades clínicas e accountability (prestação de contas, responsabilização) Meta Escala 1: Trabalhar em uma cultura aberta Os médicos têm a oportunidade de autenticamente discutir assuntos e problemas do trabalho com todos os grupos de equipes de forma aberta e honesta Meta Escala 2: Ter propósito e direção A equipe médica compartilha um senso de propósito comum e direção acordada com outros no trabalho, particularmente no que diz respeito a planejar, definir e entregar os serviços Meta Escala 3: Se sentir valorizado e empoderado Os médicos sentem que suas contribuições são apropriadamente apreciadas e valorizadas pela organização e não vão passar despercebidas Subescala 1: Clima para o aprendizado positivo Subescala 2: Boas relações interpessoais 1. Todas as equipes são amigáveis e empáticas com relação à carga de trabalho dos médicos e suas prioridades Os médicos consideram que seu trabalho está alinhado aos objetivos e missões mais amplos da organização Subescala 4: Participação na tomada de decisão e mudança Os médicos se consideram capazes de gerar um impacto positivo por meio da tomada de decisão sobre os planos futuros Subescala 5: Orientação para o desenvolvimento Os médicos sentem que são encorajados a desenvolver suas habilidades e progredir em suas carreiras Subescala 6: Compromisso e satisfação com o trabalho Os médicos estão satisfeitos com suas condições de trabalho, acreditam ter um vínculo real e se sentem recompensados por fazer parte da organização 26 - Estudo Business Club Healthcare 2014 Observador: O médico está completamente entende a importância envolvido em todos de começar a se os níveis no que diz envolver nas pautas de respeito a liderar a O clima de trabalho para os médicos é favorável e os problemas são resolvidos compartilhando ideias e com aprendizado conjunto Subescala 3: Avaliação e recompensa efetivamente alinhadas Incorporado: O médico definição e entrega de gestão. Excluído: O médico não inovações nos serviços. é parte do processo de Expandido: O papel gestão e suas atividades tradicional do médico estão confinadas ao seu foi expandido e engloba 2. 4. 5. papel tradicional. alguns aspectos da gestão em saúde. Energizado: O médico está entusiasmado para se envolver mais no 3. planejamento, definição e entrega dos serviços. www.bchweb.com.br www.bchweb.com.br - 27 - 27 Estudo II O impacto do relacionamento e das percepções dos médicos individualmente e da organização como um todo deram origem à seguinte matriz, que resume os fatores que levam à desmotivação ou ao completo engajamento médico: Matriz do engajamento médico Muitas oportunidades organizacionais Médicos se sentem desafiados Médicos se sentem engajados Capacidades individuais restritas Capacidades individuais expandidas Médicos se sentem sem poder Médicos se sentem frustrados Poucas oportunidades organizacionais Com um programa bem estruturado e métricas atingimento das metas de serviço e melhor ges- claras para avaliação, o NHS elencou, entre os tão financeira, o que culminou no aumento do ín- principais benefícios: menor índice de mortalida- dice de satisfação do paciente. de dos pacientes, melhor utilização dos recursos, 28 - Estudo Business Club Healthcare 2014 ESTUdO iii maturIdade da gEstão C onsideradas “as mais complexas organizações humanas já concebidas” pelo guru da administração Peter Dru- cker, as instituições de saúde, em especial os hospitais, requerem um grande esforço de gestão para manterem-se financeiramente viáveis, eficientes, eficazes e seguras aos pacientes e funcionários. desafIos dos prestadores de servIços • possuem características físicas e quem compra não detém posse sobre eles; Caracterizadas pela dependência da comunidade em que estão inseridas, demandas de natureza emergencial e não adiáveis e atendimento variável • hora e existe menor tolerância ao erro; definidos, entre outros fatores críticos, é primorsob pena de comprometer a viabilidade des- • tro de uma mesma organização, o que leva a variações, mesmo que haja pro- No brasil, estas organizações começam a se cessos padronizados; atentar a tais fatores e, especialmente nos granaquisição de conhecimento e adoção de conceitos de administração, já bastante difundidos em outras indústrias. Aqui, o instrumento de gestão mais utilizado é o orçamento, que serve como varIabIlIdade – os serviços são prestados por pessoas diferentes den- tas instituições. des centros urbanos, estão em processo de InseparabIlIdade – os serviços são produzidos e entregues na mesma e com volumes que não podem ser previamente dial que haja um plano bem estabelecido a seguir, IntanGIbIlIdade - os serviços não • perecIbIlIdade – não é possível estocar serviços, por isso, é necessário manter uma excelente gestão da para que o hospital se mantenha sustentável. base para definição das metas para o ano seguinte ou, no caso de instituições públicas, para fonte: André Carneiro, gerente de marketing da Santa Casa de Maceió e professor adjunto na faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade Federal de Alagoas o repasse de verbas pelo governo. www.BCHweB.CoM.br - 31 Estudo III Maturidade Da gestão O orçamento é geralmente elaborado de duas além dos indicadores financeiros. Entre as fontes formas. Na primeira, as unidades operacionais internas estão os bancos de dados, que permi- definem suas necessidades em função da proje- tem mapear a cobertura e compará-la ao per- O forte foco financeiro do planejamento em ins- ção de atendimentos para o ano seguinte. Estas fil epidemiológico da região em que o hospital tituições nacionais também aparece no estudo, propostas são consolidadas pelo departamento está inserido. quando se pergunta quais são as principais con- de custos e encaminhadas para a aprovação da de um novo empreendimento ou projeto. De acordo com a pesquisa, nos EUA, as seguintes ações foram postas em prática para conseguir aumentar a rentabilidade: • Redução do tempo médio de permanência; quistas almejadas para os próximos anos. Fo- diretoria, que verifica o resultado final de acordo Algumas instituições também possuem ferra- ram elencados os seguintes objetivos: melhoria com a expectativa de desempenho. Em institui- mentas para identificar os serviços mais rentá- da qualidade e redução dos custos; eficiência • Redução do custo do atendimento farmacêutico; ções que utilizam me- veis, de acordo com operacional; boa rela- todologias mais sofis- os grupos de diagnós- ção custo-benefício no • ticadas de gestão, as tico (DRG – Diagnostic processo assistencial; administrativa: metas do planejamento Related Groups). É o bom atendimento ao que mostra a análise paciente; melhor ge- comparativa “Admi- renciamento financeiro Estratégica e de recursos orça- estratégico são o ponto de partida para o processo de elaboração do orçamento. Já em mercados mais maduros, como nos Estados Unidos, onde Ainda há pouca informação para subsidiar os planos de negócios de organizações de nistração em Hospitais”, realiza- mentários; da com hospitais de nalização do hospital, São Paulo, no Brasil, e melhoria da gestão e Atlanta, nos EUA, pela promoção da assistên- coordenadora do GV cia interdisciplinar. profissio- Planejamento estratégico em instituições brasileiras ainda está muito focado no aspecto financeiro. Principais conquistas estão saúde brasileiras e Saúde (Centro de EstuCom problemas pare- o conceito de plane- o benckmark não é dos em Planejamento e Gestão de Saúde da cidos, as instituições de custos e melhor jamento estratégico já difundido Fundação Getúlio Var- brasileiras podem se gas), Ana Maria Malik. espelhar em suas equi- gerenciamento dos a saúde é de fato vista como um negócio, está bem difundido. Obrigadas a reportar valentes americanas relacionadas à redução recursos orçamentários Reestruturação organi- zação segundo linhas de cuidado; • Gestão de Recur- sos Humanos: retenção do quadro de enfermagem; • Satisfação do pa- ciente e do funcionário e melhor relacionamento com os médicos; • G e re n c i a m e n t o da qualidade: ben- seus dados de atendi- Entre os hospitais bra- para buscar as melho- chmarking de indicado- mento constantemente sileiros, as informações res ferramentas de ges- res de desempenho clí- aos órgãos públicos, que subsidiam os pla- tão. Ambas precisam nico, gerenciamento de as organizações norte-americanas estão adap- nos para os anos seguintes são geralmente co- tratar de questões como: dificuldades na con- tadas a trabalhar com indicadores e a utilizar letadas internamente e se restringem a volume tenção de custos, no atendimento da demanda benchmarking na tomada de decisões, já que de produção e resultados financeiros. No nível in crescente dos serviços de saúde, no equilíbrio • Investimento em tecnologia da informação: o suas bases de dados são mais confiáveis. Já termediário, algumas instituições encomendam entre esta e a capacidade instalada, no melhor uso de prescrição informatizada, prontuário nos Estados Unidos, é comum a utilização de relatórios de mercado para ter acesso a informa- aproveitamento de recursos e na definição de eletrônico, bancos de dados compartilhados benchmark e informações externas e internas, ções externas que permitam avaliar a viabilidade padrões de qualidade. entre instituições parceiras. 32 - Estudo Business Club Healthcare 2014 processos médicos, revisão de processos; www.bchweb.com.br - 33 Estudo III Maturidade Da gestão Por que elaborar um planejamento O que considerar estratégico? antes de começar o processo De acordo com o artigo “Strategic Planning in Foco não somente na Healthcare Organizations”, publicado na Revista qualidade Espanhola de Cardiologia pela Sociedade Espanhola de Cardiologia, cinco pontos indicam a oferecido ao cliente e a tégico: 1. informados, exigentes e 4. menos fiéis; cionalmente e que levarão apenas as melhores e mais eficientes organi- 3. nho, perfil epidemiológico zações a se manterem no mercado; 34 - Estudo Business Club Healthcare 2014 e opções de diagnóstico 5. e tratamento disponíveis para a população. ou perda de tempo. Pode revelar diferenças ou conflitos que ficavam mais ou menos escondidos e com quais os membros haviam aprendido a conviver, tornando a situação durante o O planejamento estratégico tem um propósito processo pior do que antes. Não é uma ciência transformacional: identificar as características exata, por isso há o temor que, mesmo que bem atuais específicas àquela organização e o ce- desenvolvido, a organização ainda fracasse. nário em que está inserida; gerar uma visão de Entretanto, em tempos de mudança e de am- como a organização quer ser no futuro; e defi- bientes turbulentos, o risco de fracasso é maior nir o caminho e ações requeridas para mudar a quando não há nenhum plano para embasar atual situação para o cenário desejado. as ações. vantagens fluenciados pelo tama- especializada; obrigam a alocação ra- o atendimento; de das instituições, in- cia profissionalizada e Recursos limitados, que experiência dele durante Tamanho e complexida- Aumento da concorrên- 2. serviço, mas na forma como é necessidade de se adotar o planejamento estra- Pacientes cada vez mais do níveis da organização, e pode parecer tedioso O processo pode revelar oportunidades ou ameaças escondidas, o que permitirá tomar providências antes que o problema surja. O quadro é claro e explícito, com critério para a tomada diária de decisões e identificação/inibição de escolhas fragmentadas ou desalinhadas ou julgamentos de valor pessoais. O desenvolvimento do planejamento estratégico encoraja a participação e comprometimento de todos para alcançar o objetivo definido, tor- Os erros mais comuns Dois erros comuns são: não envolver as pessoas certas e não tratar de assuntos realmente relevantes, por eles serem muito complexos ou muito onerosos; e falhar em ligar o planejamento estratégico à organização de recursos necessários para levá-lo a cabo. Talvez problema mais comum seja colocar todo o esforço na parte de planejamento e não conseguir colocá-lo em prática da maneira adequada. Quem deve promover o planejamen- De acordo com a publicação, estas instituições nando-se um importante elemento de coesão estão imersas em um ambiente de constante e institucional. As organizações com bons plane- repentina mudança, devido a circunstâncias in- jamentos estratégicos e que o aplicam consis- ternas e externas. Os autores cravam o veredito: tentemente têm mais credibilidade e são reco- O principal executivo, seja ele CEO, presiden- se o planejamento estratégico não for adequada- nhecidas externamente por sua boa reputação. te, superintendente ou diretor geral, tem o de- mente conduzido, em poucos anos, estas organizações poderão tornar-se irrelevantes ou deixar to estratégico na organização ver de promover o planejamento estratégico e desvantagens de existir. fornecer à organização um plano para o futuro. Esta função é sua razão de existir e não pode É caro, especialmente quando se considera ser delegada. Estes executivos podem e de- o tempo investido por membros de diferentes vem confiar em seus times para criar o plano www.bchweb.com.br - 35 Estudo III Maturidade Da gestão projeto. Também é necessário incluir alguém familiarizado com a metodologia. O grupo precisa ter real poder de execução e poder, para Razão de existir do CEO é promover evitar ser percebido como um mero time de Transformação estratégica dos custos Esta gestão dos custos considera uma abordagem significativa para redesenhar e redefinir os dispêndios melhorando o planejamento e execução das operações atuais e atacando funções sem valor agregado. As oportunidades planejamento. A American Hospital Association (AHA – Asso- o planejamento Um aspecto que poderá ter impacto negati- ciação Americana de Hospitais, na sigla em in- vo no processo é a relativa ausência de pen- glês) elaborou um compêndio para que seus as- estratégico e fornecer à samento estratégico entre os profissionais de sociados identifiquem seus negócios e serviços organização um plano saúde. Eles lidam cotidianamente com situa- estratégicos e consigam equilibrar os custos ao ções de curto prazo e tomam decisões rápidas mesmo tempo em que garantem melhorias na para o futuro baseadas no diagnóstico atual, modelos de tra- qualidade do atendimento. podem ser melhor exploradas se a organização: 1. Entender que está preparada para a transformação; 2. Definir metas de redução de custos baseadas no déficit de capital; tamento e algoritmos. Por isso, as características de longo prazo são raras em seu dia a dia. O Guia para a Transformação Estratégica dos 3. Usar benchmarks internos e externos para Seu trabalho requer respostas imediatas para Custos foi criado tendo em vista a limitada ca- identificar possíveis fontes de economia; problemas específicos, que são geralmente pacidade de remuneração das fontes pagado- e também contar com consultorias. Contudo, tangíveis e quantificáveis. Em contraste, médi- ras, em oposição à expectativa de melhorias de ninguém pode substitui-lo na tarefa de analisar cos têm dificuldade para lidar com incerteza e qualidade, resultados assistenciais, acesso e efi- a situação atual, criar uma visão compartilhada imprecisão e não têm o hábito de procurar por ciência – os mesmos desafios enfrentados pelas de futuro e identificar as melhores formas de problemas, já que estes rotineiramente chegam instituições brasileiras. superar o degrau entre expectativa e realidade. a ele. O planejamento estratégico representa um uma gestão estratégica dos custos são: desafio, porque os médicos precisarão ficar Organizando o processo cara a cara com problemas que não são bem definidos, não têm precedentes conhecidos, • Garantir que o CEO seja o líder do processo de transformação; envolvem imprevisibilidade, mal são quantificáveis e ainda assim precisam de uma • Desenvolver e implementar um plano estra- Deve ser definido um grupo para liderar, desen- resposta. Médicos têm problemas para tra- volver e implementar o planejamento estratégico, balhar com ambiguidade e problemas que que deve representar todos os interesses e incluir não podem ser sistematizados. Isso deve • Reforçar a plataforma de negócios da organi- pessoas com perfil de liderança. Idealmen- ser levado em conta para reduzir efeitos zação e garantir sua funcionalidade em todos te, o grupo deve ser liderado pelo seu chefe indesejados os níveis; representativo, que irá agir como o direciona- forem convidados a participar do planeja- dor e mostrar forte comprometimento com o mento estratégico. 36 - Estudo Business Club Healthcare 2014 dos analíticos; De acordo com o documento, as premissas para Um corpo executivo que não planeja está falhando em sua tarefa mais fundamental. 4. Suplementar o benchmark com outros da- quando estes profissionais tégico de transformação dos custos; Desafio é conciliar a limitada capacidade de remuneração em oposição às expectativas por mais qualidade, acesso e eficiência assistencial • Criar e apoiar a mudança de cultura. www.bchweb.com.br - 37 Estudo III 5. Entender e focar nos direcionadores-chave de problemas com equipe e produtividade; 6. Pesquisar a metodologia de trabalho dos funcionários; 3. Use um processo estruturado para analisar os negócios e serviços core; 4. Implemente um quadro de análise dos negócios e serviços de acordo com a missão da instituição e o cenário de mercado; 7. Racionalizar funções caras; 5. Entenda quando e por que o planejamento 8. Garantir que os alvos da redução estão in- da distribuição de serviços será necessário; tegrados com o planejamento e orçamento. 6. Inicie o processo de definição da distribuiO caminho para a reestruturação deve ser ava- ção de serviços mais eficiente e efetiva; liado sob a luz das mudanças nas condições de mercado e requerimentos para o sucesso futuro do novo modelo de negócios. Oito 7. Use um quadro estruturado para planejar a distribuição dos serviços; ações podem ajudar as instituições de saúde a definir as estratégias mais adequadas para sua organização. 8. Garanta um embasamento sólido e factível para justificar o plano de distribuição dos serviços. 1. Comece com uma avaliação de suas opções estratégicas; Com base nestas diretrizes, caberá à instituição refletir sobre suas condições no mercado e de- 2. Avalie cada unidade de negócios e serviço para identificar os elementos core; 38 - Estudo Business Club Healthcare 2014 senhar o melhor plano para manter-se perene e competitiva no atual cenário brasileiro de saúde. www.bchweb.com.br - 39 ESTUdO iv paNoraMa dE opme A s Órteses, Próteses e Materiais Espe- responde a aproximadamente 10% do sinistro ciais (oPME) respondem pela movimen- total das operadoras e em torno de 20% do tação de mais de R$ 8 bilhões na cadeia custo em internações. de saúde no brasil1 e são utilizadas, majoritariamente, pelas especialidades de cardiologia, Em levantamento de 2012, a federação Nacio- neurologia e ortopedia. os implantes ortopédi- nal de Saúde Suplementar (fenasaúde) tam- cos representam R$ 1,1 bilhão deste montante bém comprova o alto impacto destes disposi- e, os cardiovasculares, R$ 1,2 bilhão2. tivos em suas despesas. dos R$ 15,8 bilhões gastos em internações, 66% foram destinados o mercado tem crescimento médio estimado para órteses, próteses e materiais de alto cus- em 5% ao ano e é dominado por grandes em- to. Nas Unimeds, o valor despendido chegou a presas, com participações distintas em cada R$ 2,5 bilhões (2010) e, no SUS, foram investi- especialidade. Cinquenta e seis por cento das dos quase R$ 1 bilhão (2012). 3 4 órteses e próteses comercializadas no País são importadas. Cientes do peso destes produtos de alto custo em seus balanços financeiros, as operadoras, Se, do ponto de vista da indústria, o mercado sejam elas seguradoras, cooperativas ou me- parece promissor, do lado das operadoras de dicinas de grupo, passaram a mapear a cadeia saúde e prestadores de serviços ele é nebuloso de fornecimento, identificar problemas e propor e marcado por conflitos. soluções conjuntas que visem o equilíbrio econômico em toda a cadeia de saúde. De acordo com dados compilados por Eduardo Dourado Medeiros, auditor especialista em No sistema Unimed, a análise levou à estima- análises de Contas Hospitalares, Honorários tiva de um aumento médio de 230% do preço Médicos e oPME, o custo destes insumos cor- de uma oPME desde sua fabricação até a im- 1 Associação brasileira de Importadores e Distribuidores de Implantes (Abraidi). Dado de 2010. 2 Programa Inova Saúde - bNDES 3 Idem 4 Departamento do Complexo Industrial e Inovação em Saúde (Deciis), Ministério da Saúde www.BCHweB.CoM.br - 41 Estudo IV Panorama de OPME 20% a 50% do valor do produto para os hospitais. Características no fim da cadeia. Entre os problemas verificados Outro estudo, realizado pela Fenasaúde com • Maioria dos produtos são importados e re- • Hospitais cobram taxas de comercialização estão a variação de preços entre os estados para dados do mercado norte-americano, mostrou gistro na Anvisa é feito pela indústria subsi- de materiais e taxas de utilização de instru- o mesmo dispositivo, que em alguns casos pode que se todos os prestadores de serviços nos diária ou distribuidor master; mentais e aparelhos acessórios para reali- ultrapassar 1.000%, o monopólio de hospitais em Estados Unidos pagassem o preço médio de determinadas regiões, o que dificulta negociações mercado pelas OPMEs, a economia total de re- • Distribuidor eventualmente provê recursos e comparações dos preços praticados, fornece- cursos seria de cerca de US$ 5 bilhões por ano. acessórios para a realização do procedi- • Operadoras pagam aos hospitais, mas co- dor único para um determinado dispositivo e a Porém, os contratos permitem que os fornece- mento e negocia com médicos e hospitais; meçaram a adquirir materiais diretamente divisão de zonas de vendas por parte dos distri- dores cobrem valores diferentes pelo mesmo buidores, com tentativa de impedir a compra de material, dependendo do cliente ou localidade fornecedores de outras regiões, o que constitui atendida. No Brasil, com o objetivo de reduzir prática ilegal. a assimetria de informação, a Agência Nacional plantação no paciente. Porém, levantamentos da auditoria encontraram preços até 2.000% maiores de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulga os preAs taxas de comercialização também são apon- ços máximo, mínimo e médio de alguns mate- tadas como vilãs: fornecedores relatam pagar de riais médicos, entre eles as principais OPMEs. Cadeia de utilização de OPME Indústria / Distribuidor Master Distribuidor Médicos zação de procedimentos; com os distribuidores, remunerando o hos- • Médicos são decisores da utilização do material; pital por meio da taxa de comercialização pela manipulação dos insumos. Crédito das informações: Orizon/Fenasaúde Principais dilemas relacionados às OPMEs Hospitais Operadoras • Elevado custo dos materiais; • Diferentes formas operacionais; • Falta de padronização; • Segregação e desorganização das operações. • Ausência de uniformidade dos preços; Fonte: Conduta Saúde 42 - Estudo Business Club Healthcare 2014 www.bchweb.com.br - 43 Estudo IV Panorama de OPME Fraudes a informação. Foram analisados 500 mil proce- comissão - que não deveria receber - porque é Do lado das operadoras, a Associação Brasileira dimentos para a colocação de stents e consta- uma falta de ética e aumenta o preço do produ- de Medicina de Grupo (Abramge), solicitou ao po- Graves e recorrentes, as fraudes envolvendo OP- tou-se que, em metade dos procedimentos não to final. É o hospital que superfatura a nota. Uma der público o monitoramento das empresas forne- MEs contribuem para o aumento dos custos as- urgentes, os benefícios foram considerados incer- prótese que custa R$ 15 mil em um lugar custa R$ cedoras, frente às incongruências na comerciali- sistenciais e resultam em quebra de confiança e tos ou inadequados. Os custos destes implantes 50 mil em outra região do País, isso não tem ex- zação de órteses, próteses e materiais especiais. conflitos no relacionamento entre fontes pagado- excederam US$ 12 bilhões. plicação nenhuma”, declarou o deputado Ricardo Em comunicado, a Abramge explica que o objeti- Izar (PSD-SP) à Agência Câmara de Notícias. vo é estabelecer parâmetros para impedir abusos ras e prestadores de serviços. nos valores cobrados. Em outra reportagem, a Folha de S. Paulo apon- De fato, os médicos Existem materiais que ta que quase metade não deveriam receber chegam a custar até 10 principais fraudes dos médicos receita o comissão. De acordo vezes mais de uma re- que o fabricante indica com o Código de Ética o superfaturamento e que, para o Conse- Médica, do Conselho anualmente US$ 800 de procedimentos lho Regional de Medi- bilhões e já são cem ve- hospitalares e Reportagem publicada pela Folha de S. Paulo em 31 de maio de 2010 apontava que “as fraudes globais em sistemas de saúde atingem zes maiores do que os crimes cometidos contra sistemas financeiros. Só nos Estados Unidos, foram US$ 100 bilhões em perdas. Entre os crimes mais comuns estão Figuram entre as falsificações cometidas pelos próprios médicos e enfermeiros, que declaram ter usado equipamentos, materiais Disparidade nos preços gião para outra. “A ca- Federal de Medicina das OPMEs, que o distribuidor nacional, o cina de São Paulo (Cre- (CFM), “é vedado ao distribuidor local, o hos- mesp), um terço destes médico exercer simul- chegam a custar até profissionais taneamente 10 vezes mais de uma uma equação que vai mantém a Medi- uma “relação contami- cina e a Farmácia ou nada com a indústria obter vantagem pelo farmacêutica e de equi- encaminhamento pamentos, que ultra- procedimentos, passa os limites éticos”. comercialização de medicamentos, de pela órteses, região para outra, levou o Denasus a investigar 20 hospitais de grande deia entre o fabricante, pital e os médicos tem crescendo exponencialmente, levando a esta diferença brutal que tem afetado o sistema de saúde como um todo.” porte por suspeita de Entre os prestadores No Brasil, em 2013, o próteses ou implantes ou medicamentos não Departamento Nacional de qualquer natureza, solicitados de Auditoria do Sistema cuja compra decorra práticas na utilização e Único de Saúde (De- de influência direta em comercialização de OP- fraudes o superfatura- nasus), investigou 20 virtude de sua atividade MEs resultaram em limi- mento de procedimen- grandes hospitais por profissional”. tações de atendimento a falsificação de recibos de consultas, exames e cirurgias. Também figuram entre as principais superfaturamento de serviços, as más e burocracia excessiva para liberação dos pro- tos hospitalares e falsificações cometidas pelos suspeita de superfaturamento em órteses e pró- próprios médicos e enfermeiros, que declaram ter teses e, agora, em 2014, o assunto virou pauta na Para coibir os desvios de conduta e disciplinar a cedimentos por parte das operadoras, o que tem usado equipamentos, materiais ou medicamentos Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara relação com os fornecedores, o CFM publicou a contribuído para o desgaste do relacionamento não solicitados.” dos Deputados. resolução 1.956/10, em que estipula que o médi- em toda a cadeia. “Hoje, é virtualmente impossível co deve determinar as características das OPMEs a realização de um procedimento com a utilização Um estudo realizado pelo Journal of the American “Está havendo um desvio de conduta e de recur- e justificá-las clinicamente, mas fica vedada a in- de materiais especiais em um prazo menor do que Medical Association (Jama), em 2011, comprova sos em todas as esferas. É o médico que recebe dicação de fornecedor ou de marcas exclusivas. 72 horas, contando com que todas as exigências 44 - Estudo Business Club Healthcare 2014 www.bchweb.com.br - 45 Estudo IV Panorama de OPME de que “há razões plausíveis para acreditar que Hoje, é virtualmente a gestão por meio das soluções compartilhadas impossível a realização de parque de relações historicamente desgastadas e é o caminho mais promissor para harmonizar um um procedimento com cheias de paradigmas”. a utilização de materiais O papel de cada elo especiais em um prazo menor do que 72 horas, contando com que todas as exigências das operadoras sejam atendidas das operadoras tenham sido atendidas e, mesmo • Criar sólidos manuais de conduta; pacientes; • Melhorar os controles e processos de compras; • Analisar a possibilidade de realizar compras • Utilizar ferramentas como pregão eletrônico e portais de cotação; rísticas de OPMEs utilizadas em cirurgias. Entre as possibilidades para as operadoras co-comercial, busca conjunta pela redução da estão: sejam necessários durante o procedimento e mento e materiais; • Em auditoria, verificar se realmente as OPMEs variabilidade, compromisso compartilhado com os resultados; diminuição do tempo de espera • Analisar, antes da internação, a requisição do foram usadas, conferindo embalagens, notas (documental e de atendimento), comunicação em uso de OPME e, quando for o caso, discutir, fiscais, prontuários e outros itens que com- todas as direções e confiança mútua. com o médico solicitante, alternativas com provem a utilização efetiva destes insumos no custo mais baixo, mas com o mesmo resulta- procedimento; Há, porém, iniciativas que podem trazer bons o ex-diretor comercial do Hospital Santa Paula e resultados isoladamente, se aplicadas em cada atual diretor do MTS Health Partners LP, Roberto parte da cadeia. do para o paciente; • Negociar valores de materiais e taxas de comercialização mais baixas com os hospitais; Schahin, em artigo para o Saúde Business 365. A atual situação - em que as operadoras se dizem Para os prestadores de serviços, as reco- vítimas de superfaturamento e fraudes, o médico mendações são: percebe sua atuação sendo restringida, presta- • Comprar diretamente as OPMEs, disponibilizá-las para as cirurgias e pagar apenas a taxa dores de serviços reclamam de glosas e demo- • Escolher fornecedores considerando a RDC ra na autorização de procedimentos e em que o 59, que dispõe sobre os procedimentos e re- paciente fica à mercê de tudo isso - mostra-se quisitos técnicos para a notificação e o regis- • Desenhar pacotes cirúrgicos que incluam o insustentável. Qual é, então, o caminho para que tro de produtos saneantes, e RDC 16, que re- uso de OPME e pagar um valor fechado ao as OPMEs sejam adequadamente produzidas, gulamenta as Boas Práticas de Fabricação de prestador de serviços; comercializadas e utilizadas? Produtos Médicos, da Anvisa; além de avaliar sua capacidade logística e de estoque; Em entrevista para o Saúde Business 365, o es- 46 - Estudo Business Club Healthcare 2014 • Facilitar a autorização de insumos extras que confirmar mudança ou acréscimo de procedi- os agentes; avaliação do custo-benefício técni- processo de tramitação das autorizações”, relata da Conduta Saúde, Ronie Oliveira Reyes, defen- conseguir preços menores em aquisições de • Definir, juntamente com o corpo clínico, proto- nição de protocolos que sejam aceitos por todos assim, sabemos que haverá algum desgaste no pecialista em gestão de suprimentos e diretor conjuntas com parceiros e concorrentes, para grandes volumes; colos que padronizem quantidades e caracteReyes recomenda ações conjuntas, como: defi- • Sugerir consultas de segunda opinião para os de manipulação para o hospital; • Estabelecer protocolos de autorização base- Ações conjuntas figuram como a melhor forma para harmonizar essas relações desgastadas e promover o bom uso das OPMEs ados em diretrizes das sociedades médicas • Contratar e qualificar criteriosamente seus profissionais de compras; e precificar os materiais previamente, após acordo com o prestador de serviços; www.bchweb.com.br - 47 Estudo IV • Antes de recomendar ou solicitar a OPME, o médico deve: e Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) a adoção de medidas que estimulem as boas práticas e coíbam abusos, como au- • Verificar se o procedimento a ser realizado mento da fiscalização em todas as etapas, da consta da Classificação Brasileira Hierarqui- fabricação ao uso das OPMEs; revisão e apri- zada de Procedimentos Médicos (CBHPM) e moramento das normativas para que sejam conta com estudos de Medicina Baseada em incorporadas apenas novas tecnologias viá- Evidências que comprovem sua eficiência e veis do ponto de vista farmacoeconômico e eficácia; com benefícios aos pacientes comprovados; e criação de tabela de preços de referência. • Em caso de atendimento a usuários de planos de saúde, checar se o procedimento consta do rol da ANS; • A agenda regulatória dos dois órgãos deve incluir desafios como: reduzir a assimetria de informações; analisar a qualidade e equiva- • Certificar-se de que o insumo tem seu regis- lência dos produtos; aumentar a concorrên- tro devidamente atualizado junto à Anvisa e se cia na cadeia produtiva e de comercialização; este registro está de acordo com a utilização revisar as barreiras à entrada de competido- pretendida; res; e promover mais transparência quanto à formação de preços. • Ponderar os riscos que o aparelho, técnica ou exame podem apresentar ao paciente; • Com a participação ativa de cada membro da cadeia de saúde e compartilhamento de • Avaliar os benefícios trazidos com seu uso; responsabilidades, a expectativa é que as decisões pelo uso de OPMEs tragam os melho- • Fazer a análise da relação Custo X Benefício. res resultados clínicos para os pacientes, sem que a viabilidade econômica do sistema de • Reguladoras do mercado, espera-se da Agên- saúde seja comprometida. cia Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) 48 - Estudo Business Club Healthcare 2014 www.bchweb.com.br - 49 ESTUdO v pay for performance A s primeiras iniciativas de pagamento por lidade no paciente e eficiência”. O documento desempenho (pay for performance, P4P) recomendava o P4P como “uma oportunidade surgiram no início dos anos 2000, nos imediata de alinhar incentivos em prol da melho- Estados Unidos e Reino Unido, como alternativa ao usual modelo de pagamento por procedimento (fee for service), considerado dispendioso e pouco efetivo. No modelo proposto, a remuneração dos prestadores de serviços fica ria de desempenho.” o proGrama calIfornIano atrelada a metas de qualidade assistencial e efi- Em 2001, grupos de médicos e planos de saú- ciência e hoje, nos EUA, já é aplicado em nível de da Califórnia definiram métricas para avaliar a federal e em mais de 100 instituições privadas. qualidade dos serviços de saúde, que culminaram na criação do Programa de Pagamento por Per- No mundo, dos 31 países da organização para formance da Califórnia, hoje o maior dos Estados Cooperação e Desenvolvimento Econômico Unidos. O projeto visava reformar a visão que os (oCDE), 19 já têm políticas de P4P e, entre os prestadores de serviços tinham do modelo de re- países em desenvolvimento, 20 começam a de- muneração atrelada ao desempenho dos anos senhar seus programas. 1990, acusado de focar apenas em custos e restringir a prática médica. o atual modelo california- Em 2006, o Institute of Medicine (IoM, Institu- no é de adesão voluntária, gera um ranking das to de Medicina), dos Estados Unidos, publicou instituições e profissionais que mais pontuaram o relatório “rewarding Provider Performance: nas avaliações e garante incentivos financeiros Aligning Incentives in Medicare” (Premiando baseados nestas pontuações. o Desempenho do Prestador de Serviços: Alinhando Incentivos no Medicare), em que procla- Na esfera pública e em âmbito nacional, os centros mava que o modelo corrente, o fee for service, para serviços do Medicare e Medicaid (CMS) esta- “não reflete o valor relativo dos serviços de saú- beleceram também seu modelo de P4, o Premier de em aspectos como qualidade clínica, centra- Hospital Quality Incentive Demonstration (HQID, www.BCHweB.CoM.br - 51 Estudo V Pay for Performance criança, serviços de maternidade e contracepção, redesenhar as políticas de valorização do trabalho Como lição, a Unimed-BH diz que: os incenti- programas anti-tabagismo, etc.), qualidade e pro- médico, alinhado-as à qualidade assistencial, e re- vos para médicos devem ultrapassar 10% da Embora largamente empregado no país, o pay for dutividade, considerando o uso mais efetivo dos munerar adequadamente a assistência a pacien- sua renda anual; não pode haver caráter pu- performance não está imune a críticas. O Ameri- recursos do sistema e a experiência do paciente. tes com múltiplas morbidades. nitivo no programa; os indicadores devem ser Incentivo a Demonstração de Qualidade Premier). poucos e significativos; e, o mais importante, can College of Physicians (Colégio Americano de Médicos) afirma que: “a adoção de estratégias A adesão foi massiva: estudos da época mostram Médicos cooperados e a rede credenciada são constatou que a consulta bonificada é ineficien- para melhoria da qualidade, se executada corre- que, num universo de 8 mil médicos pesquisados, avaliados quanto à qualidade clínica, satisfação te e não contribui para a melhoria da qualidade. tamente, resultará em mais qualidade na assistên- 97% dos pontos foram conquistados e o bônus do cliente, medicina baseada em evidências e es- Para extinguir esta política, foi instituída a prá- cia, levando ao aumento da satisfação tanto do individual foi de cerca de £40 mil por ano. trutura de atenção à saúde. Os indicadores foram tica médica orientada por Medicina Baseada estabelecidos em comum acordo com os parcei- em Evidências. próprio paciente, quanto do médico. O Cólegio, porém, se preocupa com o fato de que estas mu- No biênio 2013/2014, será possível somar no má- ros de negócios e ficou determinado que dados danças podem gerar mais burocracia, despesas ximo 900 pontos na avaliação e cada ponto cor- como custos, utilização dos recursos e serviços O bônus é definido segundo critérios estipulados e redução das receitas; diminuir o tempo que os responderá a um pagamento médio de £150. De só devem ser aplicados em conjunto com resulta- pelo Institute of Medicine (IoM), dos Estados Uni- internistas passam com os pacientes e ter conse- acordo com a pesquisadora da Escola Nacional dos de qualidade. dos, conforme tabela: quências não-intencionais adversas para pacien- de Saúde Pública/Fiocruz, Margareth Crisóstomo tes mais doentes ou em não-conformidade com Portela, “da experiência britânica, em andamen- Entre os hospitais, por exemplo, foi estimulada a as metas. Também nos preocupa o uso de um to, apreende-se a aceitação do pagamento por acreditação: eles ganham um adicional sobre suas conjunto limitado de parâmetros clínicos para ava- desempenho como parte da rotina na atenção diárias e taxas ao iniciar os processos, seguir os liar a qualidade, especialmente se o pagamento primária e a base em evidência dos indicadores prazos determinados pelo órgão certificador, con- por um bom desempenho for combinado ao atual como um fator chave para o seu sucesso. Mas quistar o certificado ou manter a certificação. No sistema, que não premia um atendimento abran- também são reconhecidos os impactos negativos período inicial do programa, entre 2005 e 2009, gente e robusto.” no profissionalismo médico, com indução de con- a cooperativa mineira investiu R$ 30,5 milhões Satisfação sultas focadas em “checar itens”, alguma perda e teve, como resultado, 16 prestadores de servi- do Cliente de autonomia, e a tendência de uma minoria em ços certificados. O Quadro de Qualidade e Resultados do NHS No Reino Unido, as iniciativas de remuneração por performance começaram em 2004, quando o National Health Service (NHS, Serviço Nacional de Saúde), instituiu o Quadro de Qualidades e Resultados (Quality and Outcomes Framework). No caso dos médicos, a mudança na redistribui- Centro Brasileiro de Estudos da Saúde (Cebes). ção de recursos levou a melhores resultados no Efetividade tratamento da asma em crianças, entre outros Clínica no Brasil Destaque em fóruns internacionais de P4P, o mo- um adicional conforme sua pontuação em 146 delo de remuneração por desempenho da Unime- indicadores clínicos de qualidade, que cobriam d-BH foi estabelecido para valorizar as especialida- 10 doenças crônicas, saúde pública (saúde da des básicas, como clínica, pediatria e ginecologia, Informação Orientação Qualidade de Vida Confiança e Satisfação pacientes”, afirma em artigo publicado no site do Iniciativas Indicador Acesso priorizar o seu pagamento e não os interesses dos Na época, os clínicos gerais passaram a receber 52 - Estudo Business Club Healthcare 2014 Dimensão da Qualidade resultados positivos. Com pagamento 23,36% Prevenção, promoção da saúde e gerenciamento de doenças maior, devido aos critérios de performance, e sem sentir-se restringido em sua prática, o médico passou a pedir mais exames laboratoriais e de ima- Eficiência gem (10,7% e 31,84% de acréscimo, respectiva- Técnica mente). As internações, porém, caíram 46,53%, e Exames solicitados dentro da evidência CID em consulta eletiva as entradas no pronto-socorro, 22,45%. www.bchweb.com.br - 53 Estudo V Pay for Performance Indicadores Essenciais Desafios para a implantação do P4P Ciente dos desvios de conduta em algumas ini- Para adotar um programa de P4P, as operado- ciativas de P4P implantadas no Brasil, a Agência ras precisarão, além de vencer a desconfiança Nacional de Saúde Suplementar (ANS) publicou, gerada em médicos e demais provedores de ser- em 2011, a súmula 16, que veda a “utilização de viços, estabelecer critérios mais abrangentes de mecanismos de regulação baseados meramente qualidade assistencial, que tenham o custo como em parâmetros estatísticos de produtividade, os apenas um de seus indicadores. quais impliquem inibição à solicitação de exames Qualiss foi criado para ampliar o poder de escolha dos beneficiários da saúde privada e instituiu indicadores em diagnósticos complementares pelos prestadores seis áreas: segurança, de serviços de saúde”. efetividade, eficiência, equidade, acesso e Desafios para a implantação do P2P Éticos • Vinculação do ganho De gestão • • não integrados, com já que a prática é vedada ferramenta de gestão informações limitadas pelo código de ética do e de governança clínica; a custo e utilização; • “Subordinar os honorários ao resultado do tratamento ou à cura do paciente”; • Performance; sistemas avaliação e escolha dos estabelecimentos por de informação; parte dos beneficiários de planos de saúde. A Transação de informações clínicas e de CID; Divulgação do desempenho; Fonte: César Abicalaffe, no portal Ibedess de registros eletrônicos em saúde; adesão ao Qualiss é voluntária para prestadores de serviços, a menos que façam parte de • Conformidade com os padrões de cirurgia segura. Efetividade • Taxa de mortalidade neonatal de recémnascidos com menos de 1,5 kg • Taxa de mortalidade neonatal de recémnascidos entre 1,5 e 2,5 kg uma operação verticalizada da fonte pagadora, quando se torna obrigatória. Eficiência Na primeira etapa, foram estabelecidos indica- • Taxa de ocupação operacional geral dores apenas para hospitais, em seis domínios: segurança, efetividade, eficiência, equidade, acesso e centralidade no paciente. 54 - Estudo Business Club Healthcare 2014 (CVC) na UTI adulto, pediátrica e neonatal • Taxa de mortalidade cirúrgica foi criado com o objetivo de ampliar o poder de Resistência para uso • Taxa de utilização de cateter venoso central Instituído pela ANS, o Programa de Qualificação dados registrados nos • pediátrica e neonatal • Taxa de mortalidade institucional x Pagamento por Modelos “caseiros”; teter venoso central (CVC), na UTI adulto; Qualiss de Prestadores de Serviços de Saúde (Qualiss) • ção de corrente sanguínea associada a ca- clínicos Baixa qualidade dos Avaliação de Desempenho • Taxa de densidade de incidência de infec- • Implantação de diretrizes e protocolos Sistemas de Informação de desempenho como Medicina, no artigo 62: • Operacionais (ou parte) ao resultado, Conselho Federal de • A importância de avaliação centralidade no paciente Segurança • Taxa de ocupação operacional na maternidade, UTI adulto e pediátrica www.bchweb.com.br - 55 Estudo V • Média de permanência geral • Média de permanência na maternidade, UTI Centralidade no paciente • Satisfação do cliente adulto e pediátrica • Monitoramento da manifestação do cliente: Equidade • Acessibilidade à pessoa com deficiência avaliação de reclamações e sugestões Na próxima etapa, o Qualiss será estendido para serviços de apoio à diagnose e terapia (SADT) e • Medidas para garantir atendimento prioritá- abrangerá novos indicadores em todos os seus rio às pessoas vulneráveis (com deficiência, domínios, como incidência de úlcera por pressão idoso, crianças, gestantes e lactantes), ex- em Efetividade, média de permanência em algu- cluindo urgência e emergência mas patologias em Eficiência, notificação de eventos adversos em Segurança, acesso a cuidados Acesso paliativos em Equidade, avaliação médica do paciente internado nas primeiras 24 horas em Aces- • Acolhimento com classificação de risco so, e presença de resumo de alta em Centralidade do Paciente. • Tempo de espera na Urgência e Emergência 56 - Estudo Business Club Healthcare 2014 ESTUdO vi sustENtaBIlIdadE da Gestão em tI O setor de saúde é um dos mais promis- crescem, problemas endêmicos podem com- sores do brasil sob a ótica de peso x prometer voos mais altos: escassez de profis- Produto Interno bruto (PIb): sua traje- sionais capacitados (78%), a falta de infraestru- tória de crescimento moderada, porém contí- tura adequada (76%) e a ausência de recursos nua, levará aos US$ 225 bilhões de gastos em financeiros (60%) são os três grandes obstáculos 2017, ou 9,1% de toda a economia brasileira, para o avanço das tICs no segmento, pontua um frente aos 8,9% verificados em 2011 (deloitte, documento da organização Pan-Americana da 2014). os tempos de incerteza sobre a capa- Saúde (oPAS), ligada à organização Mundial da cidade de investir em tecnologia da informação Saúde (oMS). ficaram no passado. Não somente por demandas regulatórias, que obrigam a utilização de Quando os olhos se fixam na realidade brasi- tI em algumas atividades, como a troca de leira, é perceptível que a profissionalização da Informações em Saúde Suplementar (tISS), a área de tI em Saúde ainda está mais próxima urgência por uma gestão mais eficiente nos âm- do discurso do que da prática. A primeira cons- bitos operacional e financeiro estimulam pers- tatação envolve a remuneração dos líderes do pectivas positivas. departamento, a menor entre os segmentos analisados pelo estudo “Antes da tI, a estraté- De acordo com o levantamento “Antes da tI, gia em Saúde 2013”. resultado disso ou não, a estratégia em Saúde 2013”, realizado pela apenas metade das empresas inquiridas cum- It Mídia, 73% das 167 entidades pesquisadas priram a estratégia planejada para tI em 2012. afirmam que a tecnologia é essencial. de forma geral, 64,7% das empresas investem até R$ 2 Já a pesquisa tIC Saúde 2013, divulgada milhões em tI ao ano. pelo Centro de Estudos sobre as tecnologias da Informação e Comunicação (CEtIC.br), Contudo, ao mesmo tempo em que os números levanta bandeira ainda mais alarmante: entre os www.BCHweB.CoM.br - 59 Estudo VI Sustentabilidade da gestão estabelecimentos, 59% sequer possuem departamento ou área de tecnologia da informação, proporção maior nas instituições públicas (66%) do que nas privadas (54%). Vale destacar, ainda, que uma minoria dos profissionais de TI nessas organizações (14%) possui formação em saúde. Desenvolvimento necessário Olhar com mais atenção para a tecnologia da informação, na visão da consultoria global Deloitte, é imperativo para a continuidade do próprio setor. “[...] apenas alguns hospitais brasileiros seguem protocolos de diagnóstico ou diretrizes A pesquisa apontou também que: para medicação. Além disso, muitas decisões tecnologias digitais e melhorar o seu compromisso com os pacientes. A Healthcare Information and Management Systems Society (HIMSS – Sociedade de Sistemas de Informação e Gestão em Saúde), reconhecida mundialmente como fomentadora de conhecimento na área de TI em saúde, pontua que existem cinco esferas de benefícios quando a tecnologia é vista como aliada: lhões (66% do total). Erros de transcrição foram praticamente eliminados e médicos e farmacêuticos economizam cerca de 30 minutos ao dia graças à facilitação trazida pela tecnologia. Vale citar, ainda, que prescrições eletrônicas também estão difundidas na Austrália (com taxas estimadas entre 93% e 98%), Dinamarca (97%), Suécia (81%) e Países Baixos (71%) (Schoen et al, 2009 - TIC em Saúde, 2013). são tomadas, aparentemente, por intuição, e não • Apenas 25% dos estabelecimentos possuem registros totalmente eletrônicos gestão e indicadores-chave geralmente não são e 52% os têm parcialmente eletronizados. utilizados para medir o desempenho”, identifica a Os documentos apenas em papel ainda são consultoria. A companhia indica, como forma de utilizados por 23% dos pesquisados. resolver a questão, “investir em sistemas de TI e ferramentas que ajudem a monitorar, controlar e • O setor público é o que concentra a maior reportar indicadores de desempenho”. parte das organizações de saúde não digitalizadas: apenas 9% possuem registros Inegavelmente, ainda há um longo caminho a ser eletrônicos de forma exclusiva. Entre os pri- percorrido. “O uso das tecnologias de informação e comunicação (TIC) no setor de saúde ainda vados, a proporção é de 35%. • Desempenho da rede: com uma equi- com base em dados, ao passo que relatórios de Satisfação pe de 350 pessoas, mais de 8,5 mil usuários em 25 instalações físicas e mais de 900 aplicativos diferentes, o Hospital Infantil de Informação Eletrônica / Dados Tratamento / Clínico os 5 benefícios da implantação de TI em Saúde Seattle se vale de prontuário eletrônico, sistema de gestão financeira, uma nuvem privada e infraestrutura de desktop virtual (VDI, na sigla em inglês) para integrar quase 3 mil máquinas Windows 7 em um ambiente Citrix. A VDI deu velocidade ao atendimento Economia está defasado em relação a muitas outras áreas Prevenção e educação do paciente dos pacientes, mas tinha como revés sua instabilidade. Cada vez que havia um in- • Em telessaúde, o destaque é para a intera- da economia, embora as vantagens e o poten- ção assincrônica (que não ocorre em tem- cial de redução de custos sejam evidentes. Me- Corroborando a teoria, alguns exemplos mos- diferentes ferramentas de monitoramento, po real, como por e-mail), disponível em dições sólidas dos obstáculos e incentivos para tram como diferentes escolhas geram resulta- uma vez que não havia uma solução que 70% sua adoção podem ajudar muito a eliminar essa dos significativos. fornecesse visão contextual em tempo real das organizações com conexão à internet. lacuna”, afirmam Elettra Ronchi e Fabio Senne em artigo publicado no TIC Saúde 2013. • A interação sincrônica (em tempo real, como teleconferência) está presente em 25% dos estabelecimentos, seguida de educação a distância em saúde (22%), atividades de pesquisa a distância (19%) e monitoramento remoto de pacientes (6%). 60 - Estudo Business Club Healthcare 2014 cidente, a equipe de TI tinha de consultar Benefícios mensuráveis Na visão da Deloitte, as organizações devem pensar em como aproveitar, efetivamente, as dos dados. Para solucionar este problema, • Prescrição Eletrônica: o processa- que consumia cerca de 20% do time de tec- mento de receitas ficou mais seguro, rápido nologia, foi implantada a solução ExtraHop, e fácil desde que a Apoteket, empresa es- que garante mais estabilidade ao sistema. tatal de venda de medicamentos na Suécia, Estima-se que a tecnologia ajudou a institui- decidiu, em 2001, implementar a prescrição ção a economizar cerca de US$ 336 mil ao eletrônica. Cerca de sete anos depois, o vo- ano – ou US$ 28 mil por mês – no primeiro lume de prescrições eletrônicas passou de ano. Além disso, a estabilidade do sistema 100 mil (3% do total) para mais de 2 mi- gera a possibilidade de mover a tecnologia www.bchweb.com.br - 61 Estudo VI Desempenho da rede assistencial, prescrições eletrônicas mais seguras, economia de tempo e redução dos custos operacionais estão entre os benefícios trazidos pelo uso de TI em Saúde Sustentabilidade da gestão pedidos de reembolso, que custavam US$ As 4 habilidades que diferenciam departamentos 5 para serem enviados, foram processados de TI de sucesso em organizações de saúde: eletronicamente por US$ 0,15 por transação após a introdução da New England Healthcare Electronic Data Interchange Network 1. Necessidades internas: profissionais que equilibrem conhecimento tecnológico e estratégias de negócios sempre com foco em antecipar as necessidades de clientes internos; 2. Visão ampla: capacidade de debater o que terceirizar ou mover para a nuvem. Usualmente, quando não se tratam de soluções core, muitos optam por essa alternativa, o que demanda colaboradores dotados da capacidade de se relacionar com fornecedores; (Rede de Intercâmbio de Dados Eletrônicos em Saúde da Nova Inglaterra – NEHEN). PASSO A PASSO Um dos principais entraves no desenvolvimento de TI em saúde é a falta de profissionais qualificados. O estudo “Resolvendo a equação do talento para a TI em saúde” (tradução livre para Solving the talent equation for health IT), para UTIs e outras áreas sensíveis do hos- apresentado em março de 2013 pela consul- pital. As informações foram publicadas em toria PwC, aponta que ao mesmo tempo em 2014 pela InformationWeek EUA. que executivos seniores se preparam para fazer grandes investimentos, encontram dificulda- • Radiologia: Na Colúmbia Britânica (Ca- des em montar times adequados. Isso, revela nadá), onde o Sistema de Comunicação e a análise, gera preocupações a respeito da ha- Arquivamento de Imagens (PACS - Picture bilidade de absorver as transformações e inte- Archiving and Communication System, na grar novos fluxos de trabalho: ao menos meta- sigla em inglês) foi adotado amplamente, de acredita que não conseguirá se manter em 87% dos radiologistas notaram melhora na consonância com a velocidade das mudanças. eficácia da produção de laudos e realização 3. Tendência de dados: conhecimento em extração de informações e geração de relatórios com base em ferramenta de Big Data (geração não-estruturada de dados), como forma de ajudar na tomada de decisão inteligente da equipe estratégica; 4. Parceria: trabalhar lado a lado com o time executivo, a fim de criar uma visão de futuro que use agressivamente a tecnologia com foco em geração de valor, e não somente como apoio operacional. Fonte: PwC A tecnologia da informação passa por uma for- uma visão estratégica e equiparando sua rele- de consultas, e 93,6% indicaram ter redu- Para competir neste mercado, companhias de te transformação em todos os setores da eco- vância aos demais segmentos da economia; zido o tempo gasto procurando exames saúde “tomam emprestado” de outras indús- nomia, graças a tendências disruptivas que se atender às novas demandas das dinâmicas radiológicos para análise, segundo levanta- trias, com cada vez mais frequência, especia- desdobram a partir de quatro principais pilares: sociais, que pedem mais colaboração da po- mento da Organização para a Cooperação listas em tecnologia. Apesar da dificuldade em big data, analytics, cloud computing e social pulação e melhor qualidade do atendimento ao e Desenvolvimento Econômico (OCDE) cita- explicar as complexidades e nuances do setor, business. O setor de saúde tem, portanto, um paciente; e, por fim, conquistar profissionais de da no TIC Saúde 2013. eles consideram este método mais fácil do que triplo desafio: acelerar a profissionalização do qualidade, que combinem expertise de saúde ensinar aos empregados os novos conheci- departamento em suas organizações, evoluin- e de TI, qualidades essenciais para garantir o mentos de TI. do do caráter meramente de suporte para o de cumprimento das duas primeiras necessidades. • Custos operacionais: Na Europa, 62 - Estudo Business Club Healthcare 2014 www.bchweb.com.br - 63 ESTUdO vii boas prátIcas assIstENCIaIs A busca pela melhoria contínua na assis- qualidade quando se contabilizam os exames re- tência é premissa de qualquer instituição petidos e desnecessários, os gastos com com- de saúde. Mais do que garantir a exce- plicações e reinternações e o aumento das taxas lência nos resultados clínicos, as boas práticas de permanência hospitalar. têm impacto significativo nos resultados administrativo-financeiros e na imagem da organização. Em artigo publicado na revista de Administra- Elas se mostram fundamentais em um cenário de ção em Saúde, do CQH (Compromisso com a custos crescentes, aumento das preocupações Qualidade Hospitalar), o consultor especializado com segurança e qualidade, falta de mão-de-o- em acreditação Antonio Quinto Neto enumera bra qualificada e insatisfação dos pacientes. as implicações das más práticas e os benefícios da adoção de boas práticas em diversos setores o Instituto de Estudos de Saúde Suplementar das instituições de saúde. (IESS) estima que, nos Estados Unidos, as falhas assistenciais decorrentes da falta de monitoramento e da definição de políticas e protocolos, como erros durante cirurgias, prescrição e administração incorreta de remédios e falhas na higiene hospitalar, acarretem gastos desnecessários da ordem de, pelo menos, US$ 17 bilhões por a organização Mundial de saúde estima que de ano. globalmente, a organização Mundial de 20% a 40% dos gastos Saúde estima que de 20% a 40% dos gastos são são desperdiçados desperdiçados com assistência de má qualidade. com assistência de má No brasil, segundo um levantamento do IESS, pelo menos 5% dos eventos adversos podem qualidade ser prevenidos. Não há dados consolidados que mostrem o impacto financeiro dessas intercorrências, porém, é clara a relação entre custo e www.BCHweB.CoM.br - 65 Estudo VI VII Áreas Boas Práticas Assistenciais Impacto das más práticas assistenciais Impacto das boas práticas assistenciais • • • Diminui margens de lucro Aumenta custos diretos e indiretos Ameaça a sobrevivência organizacional • • Diminui custos Prepara para o pagamento por desempenho • • • • • • Compromete a qualidade da assistência Reduz o desempenho organizacional Gera variação na prestação de serviços Aumenta a assistência inapropriada Promove duplicação de serviço • • Melhora os indicadores de qualidade clínica Aumenta a aderência aos protocolos de cuidados Proporciona melhor assistência ao paciente Aumenta a eficiência do fluxo de trabalho Fortalece o processo de planejamento Como implantar boas práticas Clínica • • • em instituições de saúde Em blog no portal Saúde Business 365, o espe- tamento e adoção de ações para evitar essas cialista em gestão da qualidade assistencial San- intercorrências. dro Scárdua enumera ações para garantir, efetivamente, as boas práticas assistenciais: 6. Incentivar os trabalhos de auditoria e revisão, mantendo diálogo aberto com auditores ex- Tecnológica Cultural Legal • • • • • Mantém registros ilegíveis e incompletos • • • • Diminui erros de medicação Apoia a gestão da assistência integrada Aperfeiçoa o acesso aos dados clínicos Implanta a prescrição eletrônica Promove a cultura da culpa Aumenta o temor da revelação de falhas e incidentes • • Adota uma cultura da segurança Maximiza a interceptação de incidentes assistenciais Consome recursos com processos judiciais movidos por pacientes e familiares Ameaça de sanções jurídicas • • • • Recursos Humanos • • • Mensuração • • • Aumenta os custos de recrutamento de recursos humanos escassos Compromete a motivação dos funcionários Reduz a satisfação do paciente e da família • Ameaça a transparência e a prestação de contas Reduz o retorno do sistema Demora na melhoria da segurança do paciente • • • • • • • Marketing Acreditação/ stakeholders • • • • • Desabona a reputação institucional Diminui a confiança pública Diminui as iniciativas de novos negócios Aumenta os custos regulatórios Duplica os esforços e as mensagens • • • • • Reduz a exposição à responsabilidade legal Aumenta a precisão dos documentos Reduz prejuízos econômicos decorrentes de ações judiciais Atende aos padrões de segurança do paciente Aumenta a satisfação do prestador e do paciente Melhora a comunicação prestador-paciente Eleva a produtividade com processos eficientes Facilita o recrutamento de colaboradores Fortalece a vigilância e o monitoramento Prepara para o relato público Fortalece o benchmarking e as metas estabelecidas. Aumenta a confidencialidade do paciente Constrói reputação positiva Eleva a imagem da marca Aumenta a receita pela atração de novos pacientes Atende aos requisitos das agências de acreditação Alinha-se com outras organizações 1. Criar um banco de dados com informações assistenciais, compilando aquelas que contri- ternos e formando uma equipe interna representativa, prestigiada e bem dimensionada. buam para o planejamento estratégico e tomada de decisões em nível gerencial. 7. Dar autonomia para as comissões de revisão de óbitos, do prontuário do paciente e de 2. Avaliar a necessidade de geração de indica- longa permanência. Elas devem ter a chance- dores que situem a instituição frente à média la da direção para propor, implantar e monito- de mercado ou aos índices preconizados por rar boas práticas relacionadas à permanência órgãos reguladores. hospitalar dos pacientes internados; 3. Conceder privilégios ou oferecer prêmios para 8. Privilegiar a Emergência com espaço físico, colaboradores e membros do corpo clínico que equipe e logística adequados à resolução atinjam os critérios de qualidade e excelência rápida de problemas, de forma a evitar inter- pré-definidos pela diretoria da instituição. nações e aumentar a rotatividade dos leitos. 4.Definir diretrizes e protocolos assistenciais de 9. Incentivar a criação de comissões de cuida- forma efetiva, considerando o setor em que dos paliativos para evitar as chamadas “tera- serão aplicados, peculiaridades locais, carac- pias fúteis”. terísticas e motivação de quem deve seguir essas recomendações, perfil da instituição e 10.Avaliar criteriosamente o custo-benefício de implementação de uma rotina de acompa- insumos a serem incorporados na rotina de nhamento e revisão dos processos. cuidados com o paciente internado, de forma a controlar os custos, sem perder a qualidade 5.Gerenciar rigorosamente os eventos adversos, desenhando claramente as etapas 11.Por fim, o mais difícil: transformar a mentalida- e definindo responsáveis pela notificação, tra- de dos principais gestores e da organização. Fonte: Antonio Quinto Neto, no artigo “Riscos assistenciais hospitalares: questão humana e econômica”, publicado na Revista de Administração em Saúde – CQH, volume 13, nº 50 66 - Estudo Business Club Healthcare 2014 www.bchweb.com.br - 67 Estudo VI Boas Práticas Assistenciais 30 práticas que devem ser aplicadas universalmente para reduzir os danos ao paciente 11.Certifique-se de que as preferências no que se 21.Avalie o risco de infecção de sítio cirúrgico no refere a tratamentos de suporte à vida estejam pré-operatório, faça a profilaxia com antibióti- bem visíveis na documentação do paciente. cos apropriados e tome outras medidas preventivas com base nessa avaliação. 12. Implemente um sistema de prescrição eletrônica. 22.Utilize protocolos validados para avaliar e redu13.Implemente um protocolo padronizado para evi- O Fórum Nacional de Qualidade, promovido pela do, no mínimo, estar disponível para consulta tar o erro de etiquetagem/rotulagem de exames AHRQ, elegeu 30 ações para reduzir eventos adver- com os prescritores sobre a ordenação, inter- de imagem. sos. As práticas foram escolhidas por seu benefício pretação e análise de pedidos, preparação, comprovado na redução de danos ao paciente, e distribuição, administração e monitoramento de capacidade de serem adotadas em diversos tipos medicamentos. de instituições e casos clínicos. São elas: 6. Ordens verbais devem ser gravadas ou registra1. Crie uma cultura de segurança em saúde. zir os riscos de insuficiência renal causada pelo uso de contraste. 23.Avalie cada paciente no momento da admis- 14.Implemente protocolos padronizados para evitar são, e em seguida, periodicamente, para o ris- a ocorrência de procedimentos em local inade- co de desnutrição. Empregue estratégias clini- quado ou de forma errada (checklist da cirurgia camente adequadas para evitar a desnutrição. segura). 24.Sempre que um garrote pneumático é usado, das sempre que possível e imediatamente repetidas para o médico prescritor, ou seja, um pro- 15.Avalie cada paciente submetido a procedimen- avaliar o paciente para o risco de complicação 2. Para procedimentos de alto risco, cirurgias eleti- fissional de saúde que recebe uma ordem verbal tos eletivos sobre o risco de um evento cardíaco trombótica e utilizar medidas profiláticas ade- vas ou outros cuidados eletivos, o paciente deve deve repetir novamente a informação transmitida isquêmico agudo durante a cirurgia e forneça quadas. ser informado dos riscos e da possiblidade de para o médico, a fim de verificar a acuracidade tratamento profilático nestes casos, com beta- continuar seu tratamento em outra instituição do que foi ouvido. bloqueadores. contato direto com o paciente ou objetos ime- especializada ou com melhores resultados naquela determinada área. Se for de sua preferência, deve ser encaminhado a este outro presta- 7. Use apenas abreviaturas padronizadas e as doses designadas. 16.Avalie e previna o desenvolvimento de úlceras de para assegurar um nível adequado de cuidados 26.Vacine os trabalhadores da saúde contra 8. Resumos do caso ou outros registros seme- 17.Avalie e previna o desenvolvimento de trombose lhantes não devem ser preparados a partir da venosa profunda (TVP) / tromboembolismo ve- memória. noso (TEV). pe de enfermagem. a gripe. 27.Mantenha os espaços de trabalho onde os medicamentos são preparados limpos, orde- assistenciais, baseado em seu mix habitual de pacientes e formação e experiência de sua equi- diatamente em torno do paciente. pressão. dor de serviços. 3. Especifique um protocolo explícito a ser usado 25.Lave e descontamine as mãos antes e após o 9. Garanta que as recomendações assistenciais, 18.Utilize protocolos dedicados de anticoagulação, especialmente mudanças em pedidos e novas que facilitem a gestão coordenada de cuidados. nados, bem iluminados, e livres de distração e ruído. informações de diagnóstico, sejam transmitidas 4. Todos os pacientes em unidades de terapia in- de uma forma claramente compreensível para 19.No momento da admissão, e em seguida, perio- tensiva (adultos e pediátricos) devem ser geridos todos os profissionais de saúde que atuam no dicamente, avalie cada paciente sobre o risco de por médicos com formação específica e certifi- cuidado desse paciente. aspiração. no processo de uso de medicamentos, incluin68 - Estudo Business Club Healthcare 2014 gem e armazenamento de medicamentos. 29.Identifique todas as drogas de alto alerta. cação em medicina intensiva. 5. Os farmacêuticos devem participar ativamente 28.Padronize os métodos de rotulagem, embala- 10.Peça a cada paciente ou a seu representante le- 20.Adira a métodos eficazes de prevenção de infec- gal para recontar o que tenha sido dito durante a ções de corrente sanguínea associada a cateter explicação sobre o consentimento informado. venoso central. 30.Dispense medicamentos em doses unitárias sempre que possível. www.bchweb.com.br - 69 Estudo VI VII O que fazem as organizações altamente confiáveis As organizações de saúde que são reconhe- 3. Preocupação com o fracasso - Essas or- cidas por seu grau de confiabilidade possuem ganizações estão focadas em prever e eliminar cinco características específicas, segundo a desastres, em vez de reagir a eles. Os “near Agency for Healthcare Research and Quality misses” são vistos como oportunidades para (AHRQ - Agência de Pesquisa e Qualidade em melhorar os sistemas atuais, examinando os Saúde): pontos fortes, pontos fracos e empenho de recursos para melhorar e resolvê-los. 1. Sensibilidade para as operações - Esos 4. Deferência à perícia - Cultivam uma cultura manuais e as políticas mudam cons- na qual os membros da equipe e líderes or- tantemente e estão conscientes da com- ganizacionais reportam e delegam a solução plexidade dos sistemas em que trabalham. de um caso para a pessoa com o maior co- São rápidas para identificar, corrigir e ado- nhecimento relevante para aquela questão, tar ações para a redução de independentemente de hierarquia ou tempo sas instituições reconhecem que anomalias e problemas. de experiência. 2. Relutância em simplificar - Elas se recu- 5. Resiliência - Prestam muita atenção à capa- sam a simplificar ou ignorar as explicações cidade de conter os erros e improvisar quando para as dificuldades e problemas que en- ocorrem dificuldades. Assim, o sistema pode frentam. Isso significa que todos os fun- funcionar, a despeito das adversidades. As or- cionários são incentivados a reconhecer a ganizações altamente confiáveis se preparam variedade de coisas que podem dar errado para essas ocorrências treinando suas equi- e não assumir que as falhas ou riscos são o pes para fazer avaliações situacionais e ofere- resultado de uma única causa simples. cer respostas rápidas às falhas. 70 - Estudo Business Club Healthcare 2014 ESTUdO viii gEstão dE saúde populacIonal A gestão de Saúde Populacional (gSP) para a promoção de saúde da população. tem o objetivo de apoiar a avaliação e definição de ações relacionadas às condi- A gSP conduz e coordena os fornecedores, ções de saúde e riscos de uma população. Está respeitando a cultura e o ambiente desta po- baseada na pesquisa, compilação e divulgação pulação, de forma a conquistar os melho- de melhores práticas e apuração e medição de res resultados em saúde, qualidade de vida e resultados a partir de indicadores populacionais. uso consciente dos recursos assistenciais disponíveis. Na definição da PHA: A gSP surge como ferramenta para combater os custos assistenciais crescentes e trazer mais qualidade de vida para os usuários dos sistemas de saúde. Estudos demonstram que os hábitos e estilo de vida representam 50% da responsabilidade na manutenção da saúde, a genética, 20%, o ambiente, 20%, e as condições de acesso aos serviços, 10%, o que indica ser possível realizar contribuições importantes para a manutenção da saúde e prevenção de doenças atuando apenas na mudança destes hábitos e melhoria do ambiente, que representam 70% deste total. globalmente, os esforços de gSP são liderados pela Population Health Alliance (PHA). No brasil, a Aliança para Saúde Populacional (Asap) tem evangelizado empresas e fornecedores de saúde sobre a necessidade de mapear e definir ações “Um programa de gestão de saúde populacional se esforça para endereçar as necessidades de saúde em todos os pontos ao longo dos cuidados continuados de saúde e bem estar, por meio da participação, engajamento e intervenções direcionadas para a população. o objetivo é manter ou melhorar as condições físicas e psicossociais dos indivíduos, com custo-efetividade e soluções de saúde específicas.” www.BCHweB.CoM.br - 73 Estudo VI VIII Gestão de Saúde Populacional Principais empresas fornecedoras da cadeia Como avaliar o valor de saúde populacional sobre o investimento 6. Resultados do programa 7. Incentivos e recompensas Assistência Médica Medicina Ocupacional 8. Processo de melhoria da qualidade Gerenciamento de Saúde Pessoal Entre os provedores de serviços e operadoras de planos de saúde, este é o roteiro sugerido para implementar uma gestão precisa da saúde da popu- Saúde lação: Populacional Empresas de educação e conteúdo para saúde PBM/ Indústria Farmacêutica • Estabelecer registros precisos dos pacientes; • Determinar atribuições de pacientes e presta- Bem-estar em GSP A métrica comumente utilizada para avaliar os programas de GSP é o VOI (Value on Investment Impacto na saúde: Avalia o impacto dos – Valor sobre o Investimento, da sigla em inglês), programas na saúde geral da população atingida. que considera aspectos adicionais ao simples reProdutividade e desempenho: Analisa torno financeiro. como a saúde afeta três áreas: tempo fora do Na publicação Program Measurement Evaluation trabalho por más condições físicas/psíquicas Guide – Core Metrics for Employee Health Ma- (absenteísmo), perda de produtividade por pro- nagement (Guia de Avaliação dos Programas de blemas de saúde (presenteísmo) e desempenho Medição – Métricas Centrais para a Gestão de dos funcionários. Saúde dos Funcionários), a PHA propõe o seResultados financeiros: Recomenda guinte esquema: métricas financeiras específicas e metodologias para mensurar a economia com as ações, de forma a monetizar os resultados. Apoio organizacional nanceiros; Participação: Como medir a participação Impacto na Saúde Satisfação Um programa de GSP deve ser estruturado da • Se engajar em iniciativas de gestão de risco; 1. Avaliação da saúde • Adquirir informações externas; Valor do investimento 3. Estratégias de inclusão / engajamento • Zelar pela coordenação efetiva entre o time as4. Modalidades de comunicação / intervenção 5. Intervenções de gestão da saúde 74 - Estudo Business Club Healthcare 2014 funcionário. Satisfação: Inclui indicadores como efetivida- Produtividade/ desempenho • Comunicar-se, engajar-se e educar os pacientes; baseada no tipo de programa e modalidade do de, valor, conveniência e experiência, tanto para Participação 2. Estratificação do risco por meio de programas formais e informais, polídável ser a escolha certa. • Monitorar e medir os indicadores clínicos e fi- seguinte forma: ganizacional para o bem-estar dos funcionários, ticas e procedimentos que fazem a escolha sau- dores de serviços; • Aderir às diretrizes clínicas; Apoio organizacional: Avalia o apoio or- Resultados financeiros o participante, como para a organização-cliente. Valor sobre o investimento: Como tomar decisões utilizando os demais domínios e uma análise custo-efetiva. sistencial e o paciente; • Mapear os resultados da prática assistencial. www.bchweb.com.br - 75 ESTUdO iX a fIGura do médIco hospItalIsta Na Gestão assIstencIal A partir dos anos 1990, com mudanças veis pela gestão dos pacientes hospitalizados, no perfil epidemiológico e nas formas assim como os clínicos gerais eram responsá- de pagamento, prestadores de serviços veis pelos pacientes de seus consultórios. assistenciais norte-americanos começaram a perceber uma pressão maior dos custos sobre Para wachter e goldman, seria improvável que hospitais, grupos de médicos e operadoras, “uma assistência de alta qualidade pudesse ser além do aumento do número de casos agudos entregue por médicos que passavam apenas e do passo acelerado das internações. Por ou- uma pequena parte de seu tempo no hospital tro lado, nos consultórios, os médicos genera- (12%, segundo a Sociedade de Medicina Hospi- listas tiveram de organizar suas agendas para talista dos EUA). Ao passo que as estadias hos- atender cada vez mais pacientes, como forma pitalares ficam mais curtas e os cuidados com o de conseguir uma remuneração adequada, e paciente internado se tornam mais intensos, mais notaram uma redução de volumes de atendi- valor se dará à habilidade, experiência e disponi- mento nos serviços primários. bilidade de médicos que cuidem exclusivamente de pacientes hospitalizados.” Então, em 1996, robert watcher e lee goldman, ambos, na época, professores da facul- Com o aumento da importância de seu papel, os dade de Medicina da Universidade da Califór- hospitalistas passaram a acumular mais funções, nia, nos Estados Unidos, publicaram o artigo “O como liderar os esforços para a implementação papel emergente dos ‘hospitalistas’ no sistema do prontuário eletrônico e outras iniciativas de tI norte-americano de saúde”, no New England na área assistencial, gerir o desempenho e ajudar Journal of Medicine. o texto propunha uma a melhorar as transições assistenciais. Passaram nova função para os médicos generalistas que também a trabalhar com os setores de emergên- cuidavam de pessoas internadas. Na visão dos cia e fazer o co-manejo de pacientes cirúrgicos, autores, esses profissionais ficariam responsá- entre outras atribuições. www.BCHweB.CoM.br - 77 Estudo IX A figura do médico hospitalista na gestão assistencial e segurança no ano anterior. Outras atividades in- hospital, a operadora e o corpo clínico”, o con- agilidade com autorizações prévias e poste- cluem o desenvolvimento, implantação e aprimo- sultor especializado em gestão da saúde Gené- riores; redução do índice de glosas; fluxo de ramento de rotinas e protocolos clínicos, ensino e sio Korbes ressalta as principais vantagens de se caixa mais oxigenado; agenda positiva para o treinamentos. contar com esse profissional na área assistencial: relacionamento comercial. Segundo o especialista brasileiro Guilherme Brau- • Ganhos para o hospital: agilidade nos proces- Nos Estados Unidos, os números comprovam presentes em quase ner Barcellos, um dos fundadores da Pan Ame- sos assistenciais; apoio à equipe multidiscipli- essas vantagens. Cinco anos depois do início do rican Society of Hospitalists (Pasha – Sociedade nar e ao Time de Resposta Rápida; segurança movimento hospitalista, Wachter e Goldman pu- 70% dos hospitais e Pan-Americana de Hospitalistas, na sigla em in- do paciente; redução do tempo de internação blicaram novo artigo, tendo como base de dados somam mais de 30 mil glês) e médico hospitalista do hospital Divina Pro- e aumento da rotatividade dos leitos; organi- Medline, Biosis, Embase e Biblioteca Cochrane, vidência (RS), “outros exemplos da atuação do zação do prontuário; interação com os servi- em que apuraram queda média de 13,4% dos profissionais hospitalista são: medicina perioperatória, cuidado ços de diagnóstico; apoio ao faturamento e à custos nos hospitais pesquisados e redução paliativo, procedimentos, Times de Resposta Rá- auditoria; instrumento de avaliação das equi- de 16,6% no período de permanência. A con- pida, nutrição e segurança do paciente.” pes médicas do Corpo Clínico; assessoria à clusão dos autores foi que o modelo melhora a Direção Médica. eficiência, sem efeitos danosos à qualidade ou Nos Estados Unidos, os hospitalistas já estão Hoje, os hospitalistas estão presentes em quase 70% dos hospitais dos Estados Unidos e já so- Temas-chave para o médico hospitalista mam mais de 30 mil profissionais. Para mapear o perfil dos médicos nessa especialidade, a de • Melhorar a comunicação com o médico dade de Medicina Hospitalar, na sigla em inglês) • Explicar claramente ao paciente os cuidados pós-alta • Melhorar a reconciliação medicamentosa para o Engajamento da Comunidade na Melhoria da Qualidade). é ainda mais favorável: até 30% de redução no o médico-assistente; suporte médico em ca- tempo de permanência do paciente e de 20% nos sos emergenciais, gerando satisfação do custos hospitalares. Corpo Clínico e aumentando a segurança do tando uma assistência fragmentada; gerenciamento das intercorrências; diferencial da qualidade médica assistencial; estímulo à melhoria realizou, no biênio 2011/2012, a Quality Improvement Community Engagement Survey (Pesquisa • Ganhos para o Corpo Clínico: segurança para paciente; contínua presença do médico, evi- maior crescimento na história da medicina moderna, a Society of Hospital Medicine (SHM - Socie- à satisfação do paciente. A estimativa da SHM • Melhorar a comunicação entre médico e paciente contínua da assistência; monitoramento do Em instituições com desempenho do Corpo Clínico; contribuição à hospitalistas, os custos qualidade do prontuário, ordenado, revisado e com as prescrições corretas. O estudo apontou que é frequente o envolvimento desses médicos em atividades não-clínicas: 92% dos entrevistados declaram integrar comissões hospitalares e 86% participam de projetos de melhoria da qualidade e segurança do paciente. No que tange à formação, 54% têm treinamento formal em melhoria da qualidade e 96% estiveram envolvidos em projetos de melhoria da qualidade 78 - Estudo Business Club Healthcare 2014 Por que implantar um modelo assistencial com hospitalistas? No artigo “Médico hospitalista: ganhos para o caem, em média, 13% • Ganhos para a operadora: critérios e proto- e a permanência dos colos definidos para o faturamento da con- pacientes é reduzida ta; diminuição da necessidade de auditorias; prontuário do paciente “limpo”; diferencial em 16% competitivo, menor custo, mais organização, documentação em ordem e válida, tempo de entrega de conta e rotatividade do paciente; www.bchweb.com.br - 79 Estudo IX O que considerar ao organizar os serviços com hospitalistas 6. Determinar com precisão a infraestrutura de trabalho e as regras para manter a harmonia entre hospitalistas e corpo clínico, como os protocolos para tratar cada especialidade. Em obstetrícia, por exemplo, os profissionais 1. É essencial que esse médico tenha disponibi- devem chegar a um consenso sobre indica- lidade presencial nas unidades de internação ções para indução do parto ou abordagem e vínculo institucional. Os pacientes tendem de pré-eclâmpsia, entre outras situações. a formar uma imagem positiva do hospital ao conseguirem se familiarizar com o médico res- 7. Manter o foco em melhoria contínua, gestão ponsável por seu acompanhamento durante a de riscos, facilitação da comunicação e pre- internação. Além disso, a alta disponibilidade é venção de erros. que torna possível antecipar problemas e responder rapidamente às mudanças das condições do doente. 8. Envolver o hospitalista na criação e implementação do programa. Eles são parte integral da equipe de gestão e precisam manter 2. Estabelecer claramente o papel do hospitalista. um vínculo forte e próximo com a direção. Exagerar em suas atribuições pode ter como efeitos indesejados: fragmentação ainda maior 9. Inspirar-se em programas como o Combi- do cuidado, erro de comunicação e troca de in- ning Incentives and Continuity Leading to formações, diminuição do senso de responsabi- Efficiency (Cicle – Incentivos Combinados lidade por parte do time efetivamente cuidador, e Liderança Contínua para a Eficiência), do erros e insegurança, de acordo com Barcellos. hospital Johns Hopkins, considerado o melhor dos EUA. O modelo busca a melhoria 3. Criar condições favoráveis para que o médico aceite se vincular a um único hospital. contínua, tentando vincular cada paciente a apenas um médico, que seja responsável por seu atendimento durante toda a inter- 4. Definir o modelo a ser implementado, com base nação. Outro efeito positivo do programa é nas particularidades da legislação e no mercado incentivar os médicos a planejarem cuidado- brasileiro de saúde. samente a alta do paciente e liberá-los no tempo adequado. 5. Cuidado na passagem de plantão e após a alta, para evitar quebra na continuidade do tratamen- 10.Desenvolver indicadores para promover in- to. Falhas nesse momento levam a problemas centivos, como: produtividade, métricas de de comunicação, uso excessivo de recursos e qualidade, medidas clínicas, comitê de tra- aumento das taxas de permanência. balho e tempo de permanência. 80 - Estudo Business Club Healthcare 2014 www.bchweb.com.br - 81 ESTUdO X o papel da enGenharIa clínIca Na Gestão dE tecnoloGIas médIcas O cargo de engenheiro clínico surgiu há Entre os principais impactos a serem analisa- mais de 40 anos, com a função de aten- dos pelos engenheiros clínicos estão: der à necessidade por um profissional que combinasse conhecimentos de engenharia e • sociais – envelhecimento da população, gestão de tecnologias para a saúde, de acordo aumento dos casos de doenças crônicas, com a American College of Clinical Engineering pessoas mais exigentes, com a expectativa (ACCE - Colégio Americano de Engenharia Clíni- de receber, prontamente, assistência médi- ca). Sua principal função era garantir que o time ca de qualidade, por um valor que caiba no assistencial tivesse acesso a tecnologias efetivas e seu bolso. adequadas para prover os melhores cuidados em saúde. Porém, hoje, esse profissional precisa tam- • tecnológicos – a indústria irá se desenvol- bém ter profundo conhecimento das tecnologias ver para atender a essas demandas, mas existentes e em desenvolvimento, para que possa precisa ficar atenta à acessibilidade dos medir as implicações do uso desses recursos. diagnósticos e tratamentos. como deve atuar o • dem a melhorar a integração entre serviços enGenheIro clínIco • foco na assistência • Visão integrada de processos e sistemas • Participar ativamente nos processos críticos: UTI, Centro Cirúrgico, unidades de Hemodiálise, Imagem e laboratórios Clínicos regulatórios – os órgãos reguladores tene qualidade assistencial. • econômicos – as análises de custo-benefício precisarão ser cada vez mais frequentes e precisas, para que o maior número de pessoas tenha acesso ao melhor tratamento, considerando a limitação natural de recursos. www.BCHweB.CoM.br - 83 Estudo X O papel da Engenharia Clínica na gestão de tecnologias médicas Hoje, função da Engenharia Clínica vai além de garantir que o time • Velocidade e eficiência na provisão da as- trizes do tratamento. nologia proveem dados para o processa- sistência • Custo-efetividade do processo assistencial assistencial tenha acesso Incorporação e às melhores tecnologias uso da tecnologia para atender o paciente. É nos processos preciso, também, analisar assistenciais • Sistemas especialistas: utilizam inteli- mento da informação, como nos sistemas gência artificial, com base em uma série especialistas, e então analisam, interpre- de parâmetros desenvolvidos por médicos tam e entregam a terapia em sistemas de consultores especializados em uma deter- tratamento minada área. Esses sistemas oferecem res- a tecnologia. inseridas. Esses componentes definem os quatro níveis de uso da tecnologia em diagnósticos e terapias: As tecnologias em saúde são classificadas de desses recursos acordo com seus propósitos: preventivas, diag- • Nível 0 - Diagnóstico e Terapia sem auxílio nósticas, terapêuticas e de reabilitação. De da tecnologia: diagnóstico por observação acordo com Grimes, os componentes essen- direta, microgestão do cuidado pelo médi- ciais para a assistência são: co, tratamento direto e manual. engenharia clínica Stephen L. Grimes, membro de associações como ACCE, Healthcare Information Management Systems Society (HIMSS – Sociedade de Sistemas de Gestão da Informação Gestão em Saúde) e Association for the Advancement of Medical Instrumentation (AAMI – Associação para o Avanço da Instrumentação Médica), a meta é a melhoria contínua em assuntos como: • Qualidade da saúde • Segurança do paciente • Confiança nos processos • Disponibilidade de recursos 84 - Estudo Business Club Healthcare 2014 também aprimorados com postas seguindo informações previamente as implicações do uso De acordo com o consultor especializado em mas de diagnóstico aprimorados com tec- Instituições de saúde, usualmente, querem evitar o nível 0 e, na medida do possível, atingir o nível 3, automatizando e trazendo inteligência para o maior número de processos assistenciais. Para isso, faz-se necessário um sólido planejamento para traçar o caminho entre a solicitação e a entrada em uso de um determinado equipamento ou dispositivo. • Sistemas de diagnósticos: tecnologias • Nível 1 - Diagnóstico e Terapia com auxí- De acordo com o professor da Unicamp usadas para identificar a natureza de uma lio da tecnologia: diagnóstico com auxílio Saide Jorge Calil, doutor em Engenharia doença, desordem ou problema (equipa- da tecnologia, microgestão do cuidado pelo Biomédica mentos de imagem, monitoramento ou de médico, terapia com auxílio da tecnologia. e membro da International Federation for pela Universidade de Londres Medical and Biological Engineering (IFMBE – análises clínicas). • Nível 2 - Diagnóstico, Interpretação e Tera- Federação Internacional para Engenharia • Sistemas de tratamento e terapia: tecno- pia com auxílio da tecnologia: diagnóstico Médica e Biológica), o procedimento de incor- logias envolvidas no tratamento de doenças com auxílio da tecnologia, médicos utilizam poração de um novo equipamento se divide ou distúrbios (desfibriladores, marca-pas- sistemas especializado e de apoio à decisão em três fases: planejamento, com a avaliação sos, bombas de infusão, etc.) para auxiliá-los a interpretar as informações da tecnologia propriamente dita; elaboração obtidas no diagnóstico e definir as diretrizes da proposta, que deve ser minuciosamente do tratamento, terapia com auxílio da tec- escrita e analisada, para evitar gastos inespe- nologia. rados; e recebimento, instalação e o geren- • Sistemas para o processamento de informações: incluem sistemas de apoio à ciamento de tecnologia, o que também leva tomada de decisão, que utilizam computação para integrar dados clínicos e oferecer • Nível 3 - Diagnóstico, Interpretação e apoio para que os médicos definam as dire- Terapia integradas com a tecnologia: siste- a um custo alto se a incorporação não for feita corretamente. www.bchweb.com.br - 85 Estudo X O papel da Engenharia Clínica na gestão de tecnologias médicas O ciclo de aquisição dos equipamentos to) e o custo de operação? • Quais serão os custos das manutenções preditivas e corretivas? vidido em Opex (Operational Expenditure), que incluirá as despesas operacionais do Departa- • Qual é seu ciclo de vida? Planejamento e Orçamento Avaliação Tecnológica • O que é preciso instalar? Seleção e Aquisição • Quanto custará a instalação? • O que é necessário construir para adquirir e A partir do levantamento, o orçamento será di- Tais questionamentos servirão para estimar o custo mento de Engenharia Clínica e reparos e ma- total de propriedade, que inclui gastos como: aqui- nutenções dos equipamentos; e Capex (Capi- sição do equipamento; obras e reformas; consumo tal Expenditure), parcela destinada à aquisição de água, energia elétrica e outros insumos; manu- de novas tecnologias, planos de substituição tenção; software; atualização; treinamento; impacto e expansões. ambiental; seguro e padronização. incorporar essa tecnologia? Recebimento, Pré-instalação e Instalação Manutenção e Inspeções Treinamento • Quais serão os recursos utilizados para seu funcionamento? O ciclo de vida da tecnologia médica • Na sequência, é necessário definir as rotinas de uso e manutenção: Calil sugere a formação de um grupo para desenvolver o planejamento de tecnologia da instituição. Esse time ficaria responsável por avaliar as soluções disponíveis no mercado e revisar as existentes no próprio hospital, respondendo a questões como: • No que e onde é necessário investir hoje? • Qual é a demanda e o desempenho da tecnologia a ser adquirida? • Por que essa nova tecnologia é necessária? • O que vai melhorar com a incorporação ou substituição da tecnologia? • Qual será o ROI (retorno sobre o investimen86 - Estudo Business Club Healthcare 2014 • Quanto será gasto para treinar, proteger e monitorar os usuários? Inovação Registro Difusão Inicial Incorporação Uso em larga escala Abandono/ Desuso • Como será a aceitação do corpo clínico? • Quais são os treinamentos, ferramentais e espaço físico necessários para a manutenção do equipamento? • Quais são os suprimentos essenciais para seu funcionamento? O que esperar da Engenharia Clínica • Melhoria dos resultados assistenciais: os engenheiros clínicos são responsáveis por inspecionar, instalar e reparar equipamentos e dispositivos; educar médicos e • Será preciso mudar algum protocolo de No estudo Healthcare Technology Management enfermeiros sobre a forma segura de utili- – Tackling your top priorities (Gestão de tec- zar esses recursos; gerir redes de tecnolo- • Quais índices de mortalidade, morbidade nologia médica – Lidando com suas principais gia clínica para garantir segurança elétrica e e qualidade de vida serão proporcionados prioridades), a AAMI lista os benefícios trazidos contra o fogo; acompanhar recalls e outros ao paciente? pela engenharia clínica: alertas; preparar salas de cirurgia e demais atendimento? www.bchweb.com.br - 87 Estudo X O papel da Engenharia Clínica na gestão de tecnologias médicas áreas destinadas ao atendimento; investigar hospital para acreditação e outras normas Atribuições do engenheiro clínico: falhas nos equipamentos. previstas em lei. presente e futuro • Apoio clínico: amparar as equipes do hos- • Controle de custos: avaliação tecnológi- pital com expertise técnica, no local, em sis- ca; planejamento estratégico para aquisição tema 24/7; manterem-se atualizados sobre e substituição de equipamentos; gestão de as últimas tendências tecnológicas; ofere- fornecedores responsáveis por contratos cer direcionamentos para o planejamento, milionários; coordenação de recursos para compra e instalação dos equipamentos; maximizar sua utilização e efetividade; me- atuar de forma essencial em assuntos re- lhoria da eficiência clínica por meio de exce- lacionados à segurança e preparação para lência nos serviços ao cliente; obtenção do catástrofes; garantir a conformidade do melhor uso dos recursos de TI. Entre as responsabilidades usuais dos enge- tificação, educação dos usuários, rastreamento nheiros clínicos, de acordo com a AAMI, estão: dos equipamentos e dispositivos e relatórios de serviços técnicos, inspeção e testes, calibração, incidentes e investigação. manutenção preventiva, reparos, gestão da tecnologia (análise e controle de riscos, de ciclo de E qual será seu papel no futuro? Em apresentação vida e custo-efetividade), gerenciamento dos for- no Business Club Healthcare, o gerente de enge- necedores, garantia da conformidade com nor- nharia clínica do Hospital Albert Einstein, Antonio mas de órgãos reguladores e organismos de cer- Gibertoni, elencou alguns dos novos desafios: Qual será o papel da Engenharia Clínica no Futuro? Como tirar o melhor proveito de sua equipe de engenharia clínica? Gerenciamento de inventário • Fornecer dados que subsidiem a preparação do orçamento para substituição de equipamentos obsoletos ou atualização das tecnologias existentes; • 1. Certifique-se de que ela está incluída no processo de planejamento financeiro, orçamento e aprovação de compra. Convide o gestor do departamento para 2. suas reuniões com os líderes da instituição 88 - Estudo Business Club Healthcare 2014 3. Convide-a para participar ativamente em comitês, como: segurança, meio ambiente, orçamento, avaliação de produtos e gestão de riscos, entre outros. Preparar e conduzir análise de riscos, inclusive planos de contingência e catástrofe; • Ser capaz de fazer o orçamento anual de serviços, peças de reposição, materiais e recursos humanos; • Incentivar e promover a padronização de equipamentos e materiais; • Planejar os tipos de manutenção necessários para cada equipamento e sua respectiva programação; • Planejamento estratégico de longo prazo Qualidade e segurança Fonte: AAMI Programa de gerenciamento de riscos Analisar a qualidade e efetividade dos serviços técnicos realizados. • Conhecer os diversos processos da unidade assistencial, de forma a participar ativamente no planejamento estratégico; • Planejar novos equipamentos e integrá-los com os existentes; • Analisar o ROI (retorno sobre o investimento), custo-benefício e ciclo de vida útil. • Atender a padrões de qualidade: ONA, ISO 9000, Joint Commission; • Incentivar a criação de metas e o monitoramento de objetivos por meio de indicadores; • Desenvolver o conceito de melhoria contínua; • Analisar a causa-raiz das ocorrências ou falhas, propondo ações preventivas e melhorias. • Criar programas de identificação de riscos e análise das implicações em caso de falhas; • Identificar causa-raiz dos problemas; • Propor ações preventivas. www.bchweb.com.br - 89 ESTUdO Xi loGístIca e Gestão dE suprImentos dE saúdE R epresentados por materiais, medicamen- AbC para programação, dentro daqueles que tos, órteses, próteses e materiais espe- possuem uma relação de produtos para compra. ciais (oPME), os insumos de saúde são Em geral, essas instituições estimam seus esto- a primeira fonte de receita (48,6%) e a segunda ques por cálculos de consumo médio, não por de custos (30%) dos hospitais privados, de acor- gerenciamento de demanda. do com o observatório Anahp 2014 (Associa- Na tese de mestrado ção Nacional de Hospi- “Análise da integração Embora os suprimentos tais Privados). da cadeia de fornecimento: um estudo de Apesar de sua impor- de saúde sejam a tância financeira, a ges- primeira fonte de privados de pequeno e receitas e a segunda de São Paulo”, o en- tão desses suprimentos parece não estar na lista de prioridades estratégicas das organizações de saúde, fato comprovado pelo mau desempenho da área de logística. Um estudo de custos dos hospitais privados, ainda não há a cultura de investir em gestão da logística caso entre hospitais médio porte na grangenheiro de produção Enio rodrigues mostra que apenas 27% das compras de insumo são por programação, 11% decorrem de con- realiza- tratos de longo perío- do pela Escola Nacio- do, 35% de reposição nal de Saúde Pública contínua e, 23%, aqui- recentemente (Ensp/Fiocruz) com hospitais públicos do Rio de sições emergenciais. Entre os principais motiva- Janeiro mostrou que apenas 10% das farmácias dores para o empenho de recursos estão o baixo hospitalares fazem seu planejamento com obje- nível dos estoques (33%) e a total indisponibilida- tivos e metas e somente 15% utilizam a curva de do produto (13%). www.BCHweB.CoM.br - 91 Estudo XI Logística e gestão de suprimentos de saúde A falta de gestão tem seu preço: sem planeja- cionamento e apenas 1,28% passou por instru- mento e controle de aquisição e uso dos su- mentos formais de avaliação de desempenho. primentos, os índices de desperdícios chegam a 30% do estoque e os de obsolescência de Embora declarem ver os fornecedores como medicamentos a 20%, de acordo com a con- parceiros estratégicos, são poucos os hospitais sultoria McKinsey. que os envolvem no planejamento e melhoria Num cenário em que os executivos de saúde Relacionamento com o cliente Devolução da América Latina têm entre suas principais preocupações a conformidade com a regulação Relacionamento com o fornecedor Desenvolvimento e comercialização (54%), segurança dos produtos (48%), custo de gestão da cadeia de suprimentos (44%) e danos ou desperdícios (48%), de acordo com O ciclo de de processos: 86,2% dos entrevistados fre- gestão da cadeia Pesquisadoras da Fundação Getúlio Vargas quentemente resolvem problemas junto deles, de suprimentos (FGV-EAESP), em São Paulo, Aline Cassi Yuki- mas menos da metade os envolve em progra- mitsu e Susana Carla Farias Pereira consta- mas de melhoria contínua (44,8%), atividades taram, no estudo “A utilização de práticas de de planejamento e definição de metas (27,5%) gestão da cadeia de suprimentos e o desem- e nos processos de desenvolvimento de novos penho operacional em hospitais brasileiros”, produtos/ serviços (55,2%). a pesquisa Pain in the Supply Chain, realizada Serviço ao cliente pela multinacional de logística UPS, é primordial adotar estratégias para reduzir os riscos e aumentar a competitividade, como formar Fluxo de produção parcerias com fornecedores e investir em tecRealização de pedidos Demanda nologia para aumentar a eficiência e o controle dos processos. que as instituições ainda têm dificuldades para estimar os custos dos insumos e faltam polí- As pesquisadoras apontam como problemas ticas consistentes para as práticas de gestão no relacionamento a desconfiança em abrir in- da cadeia de suprimentos. No que tange, por formações estratégicas e a dificuldade em pa- exemplo, aos critérios de seleção dos fornece- dronizar, precificar e desenvolver ações conjun- dores, 61,4% das fontes de fornecimento são tas com essas empresas. avaliadas em decorrência do histórico de rela- Vantagens da Gestão da Cadeia de Suprimentos Gestão da Cadeia de Sem controle de aquisição e uso dos insumos, os índices de desperdícios chegam a 30% do estoque e os Suprimentos • Melhora no compartilhamento de informações Gerir os mais de 50 mil itens do universo de • Sinergia fornecimento para o setor da saúde não é tarefa fácil, mas o segmento pode se beneficiar • Redução no lead-time de um conceito já aplicado a outras indústrias desde os anos 1980: a Gestão da Cadeia de • Redução nos níveis de estoque Suprimentos (GCS). • Diminuição dos custos de obsolescência de A prática visa à melhoria de processos de ne- medicamentos a 20% coordenação de fluxos físicos, financeiros, de gócios, conciliando oferta e demanda com a informação e relacionamento. • Melhoria nos processos • Mais satisfação dos clientes Fontes: Aline Yukimitsu e Susana Pereira, da FGV-EAESP 92 - Estudo Business Club Healthcare 2014 www.bchweb.com.br - 93 ESTUdO Xi loGístiCa e Gestão dE suprimentos dE saúdE o Que consIderar na como orGanIzar a loGístIca hospItalar atividade deverá ser executada pela Comissão de far- cialmente, considerar o quê, quancipais objetivos, de acordo com a Comissão de farmácia Hospitalar 1. do Conselho federal de farmácia que a entrega seja feita de maneira correta; desenvolver e manter boas 2. relações com os fornecedores. Para isso, é necessário haver sinergia entre a equipe farmacêutica 3. e os departamentos administrati- ciação das melhores condições de compra; seleção e qualificação de máximo e ponto de ressuprimento), dados de consumo, demandas atendidas e não- Comissão de Controle de Infecção Hospitalar. comprovadamente mais eficazes na prevenção, tratamento ou diagnóstico e definir protocolos para a utiliza- atendidas; • Manter custos dos produtos atualizados; • Estabelecer políticas de cobertura, de acordo com a criticidade de cada item; ção dos insumos. Especificação – determinar dosagem, forma, volume • 4. fornecedores; e administração de distinção entre suprimentos que possam ser confundidos, seguindo critérios como ordem alfabética, forma farmacêutica ou curva AbC. • • Determinar o custo de falta de cada produto; • realizar inventários físicos periódicos e comparar os resultados com os dados de controle do estoque; o conteúdo de informações necessárias sobre aquele mo e nível de reposição. 5. insumo, sem deixar margem para interpretações duvidosas. Um código nunca deve ter mais que um item e um item nunca deve ter mais que um código. programação – Planejar as compras considerando gestão de estoque e demanda, a partir da observação 6. 94 - ESTUdO Business CluB HealtHCare 2014 de variações de consumo, causas e efeitos de problemas como desperdícios e obsolescência. Dessa maneira, é possível detectar tendências e prever o desem- Controlar permanentemente a disponibilidade do estoque, para suprir as faltas rapidamente; Codificação – simbolizar, com números ou letras, todo indicadores, como estoque máxi- reduzir ou evitar estoques de insumos em desuso; ou peso do medicamento ou material a ser utilizado no paciente. Acompanhar o histórico da movimentação (entradas e saídas), níveis de estoque (mínimo, Classificação – agrupar os insumos para facilitar a vos, como Suprimentos e finanças, para atividades como nego- • meiros, farmacêuticos, administradores e membros da substituir itens em desuso, incluir produtos que sejam ços na quantidade certa, com qua- Gestão de estoQue mácia e terapêutica, que contará com médicos, enfer- listagem dos insumos – é o processo de excluir ou (Cff), são: obter produtos e servilidade e o menor custo; garantir como eficácia, segurança, qualidade e custo, selecionar os itens que serão utilizados pela instituição. Essa A logística hospitalar deve, essendo e quanto comprar. Seus prin- seleção e padronização – com base em critérios • Integrar os sistemas de informações para acesso e consulta imediata da quantidade disponível de cada material em estoque. como GerIr a demanda • Prever a curva abc A curva ABC foi criada para classificar os itens de maior importância e estabelecer uma gestão apropriada de cada insumo em relação ao valor total dos estoques. A metodologia segue o princípio de Pareto, que afirma que, para muitos fenômenos, 80% das consequências advêm de 20% das causas. No caso da logística, na classe A ficam os insumos que correspondem a 20% dos itens e 80% do valor total dos estoques. A meta para essa linha é a redução dos prazos de abastecimento. Na classe b estão aqueles de nível intermediário, que representam 15% do total e consomem 15% dos recursos. o objetivo nessa faixa é a redução dos estoques. A classe C agrupa os 65% a 70% dos itens restantes, com pequena importância em valor e que devem ser reduzidos nos estoques de reserva. Aplicando as boas práticas de logística e gestão da cadeia de suprimentos, a expectativa é que as instituições de saúde sejam capazes de melhorar seus padrões de entrega de serviços, garantir a segurança do paciente e ampliar suas margens financeiras, com a otimização dos recursos empregados na área assistencial. • Priorizar e alocar • Planejar e distribuir penho dos estoques. www.BCHweB.CoM.br - 95 anfItrIões 2014 Nesses dois anos de business Club Healthcare todos os participantes puderam perceber a evolução do projeto. Inicialmente com os encontros acontecendo no octavio Café, o bCH ganhou forma e vem alcançando, a cada edição, mais um degrau de seu objetivo, que é reunir profissionais do setor em busca de informações, troca de experiências e benchmark para melhores práticas em saúde do País, agora em Hospitais, operadoras e Entidades do setor. o Club transitou pela capital de São Paulo, Campinas, Campos os anfItrIões de 2014 foram: do Jordão, belo Horizonte e Salvador. Cada instituição e entidade anfitriã compartilha um case e leva o grupo para um tour pelas dependências internas com o Hospital Experience. Para 2015 vamos trabalhar com muita geração de valor , linhas temáticas e manter o modelo Hospital Experience ampliando os encontros para as regiões Nordeste e Sul. Veja o resultado desses encontros com assuntos de extrema relevância e discussões ricas para todos os envolvidos. • greenline • hospital lifecenter • hospital Vera Cruz • hospitalar • abramge • hospital são Cristóvão saúde • hospital Jorge Valente • hospital Igesp • hospital das Clínicas bCH Greenline das contas, mas isso nem sempre correspondia à empacotamento da cirurgia bariátrica. “fizemos realidade da instituição. Éramos um pouco enges- um acordo com a equipe cirúrgica para que ela sados. Com a construção do hospital Salvalus, pu- determinasse o pacote e para que não houvesse demos aprimorar o pagamento por pacote”, conta fornecedor exclusivo de oPME. Nossa premissa é o diretor médico e administrativo, Clóvis otávio de qualidade e negociação. Aceitamos novos forne- Miranda ferreira. cedores, desde que cheguem aos preços com os quais já trabalhamos”, explica. o Hospital Salvalus atua como uma unidade de negócios diferente da greenline, mas o custo tem de o executivo destaca que todas as instituições de- ser compatível com o balanço da operadora. “Na vem estar atentas às contas com oPME, já que realidade do pacote, o hospital trabalha em função elas respondem por cerca de 10% da sinistrali- do cálculo autuarial do plano de saúde, para equi- dade de empresas bem ajustadas e 20% das in- parar o custo, mas a operadora revisa os valores ternações. “Se não tivermos cuidado nesta área, quando necessário”. podemos afundar o negócio”. Com esta estratégia, a operadora consegue refe- também no fee for service, a greenline bus- renciar suas despesas. “Pagamos o histórico do ca obter previsibilidade dos custos, adotando a parceiro da rede credenciada e, em alguns casos, conta aberta com tabela compactada na forma BCh Greenline de hospitais especializados, o gasto é até menor de diárias de enfermaria e apartamentos. “Agru- do que o da greenline. Aí abrimos mão de receber pamos os serviços de enfermagem, administrati- Como instituir e negociar pacotes e tabelas compactadas de serviços entre operadoras e hospitais o paciente na unidade própria para ter um atendi- vo, recursos físicos e honorários médicos”, conta mento mais dinâmico, apropriado e de menor pre- ferreira. Este é o modelo adotado para parcei- ço no parceiro”, explica ferreira. ros estratégicos em uma determinada região ou que são referência para a venda do plano de Com 460 mil vidas e foco nas classes C e D (tíque- A rede própria, formada pelos hospitais Itamaraty te médio de R$ 120), a operadora de planos de e Salvalus e pelo centro de diagnósticos biomas- saúde greenline apostou no pagamento por pa- ter, responde por 90% das internações e 70% do cotes e tabelas compactadas para controlar seus atendimento ambulatorial e se tornou o balizador custos e manter o índice de sinistralidade em torno dos valores a serem pagos para cada evento clíni- de 75%. co ou cirúrgico. “Calculávamos o custo pela média dr. clovis otávio miranda ferreira, diretor médico e administrativo da greenline o diretor pondera que é mais fácil estabelecer saúde e que estejam resistentes à remuneração pacotes para atendimentos de baixa e média por pacotes. complexidade, mas aponta caminhos para englobar a alta complexidade neste modelo de pa- Mesmo buscando formas alternativas de paga- gamento. “Nestes casos, é possível empacotar mento, ferreira acredita que as normas regula- o procedimento e tirar as intercorrências, que tórias brasileiras encaminham as operadoras de seriam pagas separadamente. Em situações ex- planos de saúde para a verticalização. “A Agência tremas, após análise, é possível optar por tirar Nacional de Saúde Suplementar (ANS) nos leva o procedimento do pacote e voltar à remuneração para este caminho. Para manter uma boa gestão fee for service”. de custos e cumprir as exigências regulatórias, precisamos manter o que é mais caro dentro de No caso de uso de órteses, próteses e materiais casa”, conclui. especiais (oPME), a greenline teve sucesso no 98 - ESTUdO Business CluB HealtHCare 2014 www.BCHweB.CoM.br - 99 bCH lifecenter que tem, entre seus objetivos, reduzir as ten- objetivos: incentivar a interação médico-hos- sões entre médicos, operadoras e executivos pitalar, mudar de transacional para relacional do hospital. e usar recursos institucionais racionalmente. Uma pesquisa realizada pelo jornal ‘Valor Econô- Quatro ações são desenvolvidas simultanea- mico’, em junho de 2012, mostrou que 84% dos mente para atingir os resultados esperados: médicos sentiam um aumento na pressão para formação do núcleo de gestão médica, pontu- uso de produtos ou procedimentos de custo me- ação participativa, reunião de especialidades e nor e que 50% avaliavam como ruim a relação gestão médica à vista. com diretores sem formação em medicina. o lifecenter também fez seu diagnóstico e percebeu A pontuação participativa é uma forma de uma tendência de intensificar as diferenças, em oferecer benefícios não-financeiros aos mé- vez de procurar a interação. dicos com as melhores classificações, levando em conta indicadores como núme- o primeiro passo para reverter esse quadro foi ro de cirurgias realizadas, cancelamento analisar as diferenças em oito aspectos: relação em menos de 24 horas, alta antes das 9h e com o hospital, bases de conhecimento, percep- taxa de permanência por tipo de procedi- ção da evidência, foco, tempo para ação e ciclo mento, entre outros. Estes dados são indivi- BCh lifecenter de decisão, percepção do recurso, identidade dualizados e enviados ao médico por e-mail, profissional e entendimento dos papéis do mé- para que ele acompanhe periodicamente Dilema Jaleco e gravata dico e do hospital. Com base nisso, elaborou-se seu desempenho. uma proposta para aumentar a confiança no rela- tendo em vista fatores como envelhecimento buscando agilidade, melhor gestão financeira e da população, concentração das operadoras e maior interação entre seus diferentes públicos. aumento da verticalização, o Hospital lifecenter, em belo Horizonte, começou a trabalhar Desta forma surgiu o programa de Progra- em novas formas de administrar seus recursos, ma de relação Médico-Hospitalar (PrMH), cionamento entre médicos e executivos, tornan- A gestão médica à vista leva ao médico informa- do as relações mais pessoais e menos pautadas ções sobre os custos da estrutura e dos proce- pela lógica de mercado, priorizando acordos, en- dimentos, como hora do bloco, uso de material tendimentos internos e compromissos definidos fora do gabarito, glosas e cobrança indevida, entre as partes. entre outros. Na avaliação do hospital, em essência, o executi- os primeiros resultados já estão aparecendo. vo via o plano de saúde e o médico, seu paciente As cirurgias de obeso passaram de 871 em individualmente. A partir desse diagnóstico, bus- 2012 para 1047 em 2013, e também percebe- cou-se potencializar as igualdades e trazer o mé- mos um incremento na receita. dico para perto da administração. Glauco michelotti, CEo do Hospital lifecenter 100 - ESTUdO Business CluB HealtHCare 2014 No longo prazo, o programa deve levar à criao PrMH está hoje baseado em quatro premis- ção de ambulatórios para compor o cuidado sas: respeitar as pessoas, respeitar os médicos, ao paciente, potencializar a receita e reduzir não trair a confiança e ser transparente; e três custos em áreas como UTI e pronto-socorro. www.BCHweB.CoM.br - 101 bCH Hospital vera Cruz mento para pessoa física desenvolvido no rio dade com a necessidade. Por exemplo, ao longo de Janeiro. do tempo, sabemos a sinisitralidade e o custo da operadora e tentamos adequar o hospital a esta “Na época da fundação, o hospital atendia o realidade de pagamento.” setor público, pelo Inamps (Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social), o executivo explica que a administração é con- antecessor do Sistema Único de Saúde (SUS), duzida levando em conta o desempenho das que pagava muito mal, e também clientes par- duas instituições ao mesmo tempo, mas não há ticulares, que começavam a rarear. No AbC “troca de dinheiro” no dia a dia. “É uma adequa- paulista, começavam a surgir os planos para ção por um período de tempo determinado. Aí o pessoa jurídica nas metalúrgicas e, no rio, ha- plano gera a prestação do serviço e, quando há via este modelo de pré-pagamento. fizemos necessidade, antecipamos ou atrasamos o pa- um teste e deu certo”, relembra o diretor pre- gamento ao hospital, por exemplo.” sidente do hospital Vera Cruz, gustavo Carvalho, que também acumula o cargo de diretor Para evitar prejuízos à operação, a estrutu- financeiro da operadora. ra acionária da operadora é composta por membros já acionistas do hospital, o que Embora operadora e hospital sejam independen- garante BCh hospital vera cruz tes, hoje, 98% dos pacientes da primeira são dos 144 acionistas, 45 majoritários são associados atendidos na segunda e a rede credenciada é da operadora. Maturidade da gestão basicamente composta por consultórios e centros de diagnóstico. o alinhamento dos interesses: No dia a dia, Carvalho, que é eleito para a diretoria e acumula cargos nas duas unidades de o hospital é contratualizado e atua como uma negócio, lidera a tomada de decisões em am- organização credenciada do plano. “A diferença bas as empresas. “Não pode haver visões dife- fundado há 70 anos, o Hospital Vera Cruz, em Em 1975, a instituição foi adquirida por um gru- para uma operação verticalizada é que as uni- rentes, porque isso geraria conflitos. Se fôsse- Campinas (SP), sempre esteve atento aos movi- po de médicos, que percebeu a oportunidade de dades próprias das operadoras são focadas no mos olhar individualmente, uma das operações mentos do mercado para construir sua estratégia constituir uma operadora para a venda de planos atendimento pelo menor preço possível. Aqui em poderia quebrar.” financeira. de saúde, inspirada num modelo de pré-paga- Campinas, o Vera Cruz é referência em alta com- Gustavo carvalho, diretor presidente do Hospital Vera Cruz 102 - ESTUdO Business CluB HealtHCare 2014 plexidade e não consegue trabalhar só pensando o modelo atual, inspirado na teoria dos Va- em custo. Por isso, nosso foco é nas classes A e sos Comunicantes, da física, garantiu que o b, já que para estas pessoas o preço é importan- Vera Cruz sobrevivesse a todas as mudanças te, mas não limitante”, explica. e marcos regulatórios do setor de saúde, mas seria difícil replicá-lo hoje. “o modelo acabou A gestão financeira leva em conta as realidades sendo substituído pela verticalização, que é o das duas unidades de negócios, que atuam como contrário da nossa proposta. Nós também te- irmãs: são independentes, mas uma ajuda a outra mos dúvidas sobre até quando este modelo sempre que necessário. “relacionamos a capaci- será viável”, finaliza. www.BCHweB.CoM.br - 103 bCH Hospitalar E para o engenheiro lauro Miquelin, sócio di- sileiros. Por aqui a unitarização é geralmente retor da l+M gets, os obstáculos vão além manual. Uma pessoa recorta as embalagens, disso. Miquelin transita por inúmeros hospitais retira as cápsulas, separa diversos tipos em prestando serviços de consultoria, arquitetura, recipientes. Em seguida, distribui os medica- construção, tecnologia, gestão e manutenção, mentos nos quartos para a administração das e sua expertise no setor da saúde lhe permite doses. Se não houver uma boa gerência, inú- identificar gargalos muitas vezes deixados de meros problemas podem ser causados. lado pelas instituições. o processo tem muiPara o executivo, mais tas etapas, qualquer do que a pouca ras- distração treabilidade dos lotes, hospitais convivem com erros humanos que podem acarre- tar problemas sérios. BCh na hospitalar Perder o controle dos gestão de medicamentos em hospitais por exemplo, leva ao prazos de validade, tos. É por isso que, se o ambiente de saúde de: a dos pacientes e a financeira. Cerca de não adotar uma gestão de medicamentos efi- 50% das receitas dos hospitais que atuam na ciente, corre o risco de ter altos prejuízos com medicina suplementar provém de medicamen- roubos e evasão. as ocorrências de erros humanos está na tecnologia. Na Europa, a unitarização de prejudicial. A ser chan- ce de falha humana é grande. Então, o que os europeus perceberam? Passaram a usar o conceito de picking nesse processo, o medicamentos é feita mesmo da indústria de sos importantes. Dar de modo automatizado nes celulares. A dife- o medicamento errado há alguns anos rença é que, em vez de lauro miquelin, sócio da l+M gets os comprimidos que desperdício de recur- pode causar até mesremédios têm impacto em dois tipos de saú- a resposta para reduzir pode mo danos irreversíveis à saúde das pessoas. montagem dos telefo- peças eletrônicas, são as máquinas colocam dentro das caixas, o “A resposta para redu- que reduz as chances zir a ocorrência des- de erros. ses problemas está na dra. Waleska santos, CEo e fundadora da Hospitalar tecnologia. Na Europa, a unitarização de medi- A robotização ainda ajuda a embalar, etique- camentos tem suporte de máquinas de última tar e identificar os kits que serão distribuídos geração, é comum e feita de modo automatiza- nos quartos. A administração dos medicamen- do há alguns anos”. tos é monitorada via código de barras e o processo todo controlado inclusive com a ajuda o dia a dia por lá é diferente dos hospitais bra- 104 - ESTUdO Business CluB HealtHCare 2014 de softwares. www.BCHweB.CoM.br - 105 bCH A decisão de inserir tecnologia no processo adotar esses equipamentos, temos a obriga- precisa estar alinhada com outras áreas para ção de projetar espaços que absorvam esses que se consiga melhores resultados. Hoje em avanços no futuro”. dia, todas as decisões dentro de um hospital, inclusive as do corpo clínico, devem fazer parte do planejamento estratégico da instituição. lauro miquelin, Suprimentos, logística, engenharia clínica e far- sócio-diretor da mácia, por exemplo, são peças fundamentais l+M gets num projeto como esse. Quando se tem um planejamento é possível criar possibilidades que facilitam e aumentam a qualidade do serviço e do atendimento. Mesmo que as realidades, sobretudo na área da saúde, sejam bem distintas entre brasil, Europa e Estados Unidos, devemos criar - e praticar - a cultura de não ficar de fora das evoluções, principalmente quando falamos em soluções e, mais ainda, com grande parte da população sedenta por novidade e praticidade. Um número muito expressivo de nossos médicos se forma ou se especializa fora do País. É muito importante que esse conhecimento seja replicado para os hospitais brasileiros e que haja investimento não só na tecnologia, mas também em treinamento para os profissionais. Ainda com todas as dificuldades e obstáculos a serem ultrapassados na nossa saúde, lauro acredita que essa tecnologia precisa ser incorporada aos projetos apresentados no brasil. “Mesmo que os clientes levem tempo para 106 - ESTUdO Business CluB HealtHCare 2014 bCH abramge Não acredito em um modelo único. o melhor mo- começa com o relacionamento aberto e trans- delo é aquele que se ajusta perfeitamente entre as parente, é preciso estabelecer confiança entre partes interessadas. o mercado, porém, precisa- as partes. Os conflitos diminuiriam naturalmente va de uma orientação. Por isso foi instituída a Câ- desta forma e as auditorias, por exemplo, passa- mara técnica que desenhou estas duas formas riam a ser avaliações técnicas, em vez de serem de remuneração. A Câmara técnica permitiu que detalhistas e operacionais. Isso permitiria ajustes fossem estabelecidas diretrizes para o procedi- de risco para o procedimento gerenciado ou mu- mento gerenciado e a conta aberta aprimorada, dança para a diária global, quando fosse o caso. de forma que houvesse a migração das receitas As autorizações também ficariam mais rápidas. de materiais e medi- Não é possível falar de camentos para diárias pay for performance e taxas, que são o antes de considerar es- verdadeiro tes fatores: não se con- dos negócio prestadores de serviços. BCh abramge Avaliação de desempenho em saúde x modelos de remuneração modelo de remuneração prestadores de serviços e operadoras de planos de saúde assinaram um acordo para que seja JaIr monacI adotada a remuneração por conta aberta apri- 1) Recentemente, a ANS e representantes de morada ou procedimento gerenciado. Qual é a sua opinião sobre estes modelos? serta uma coisa sem acertar a outra. 2) Consultores espe- começa com o 3) O Qualiss poderia cializados em saúde relacionamento aberto e ser usado como um `também não acreditam indicador “neutro” (já num modelo de remu- transparente, é preciso neração “puro”, como, pela ANS, e não direta- por exemplo, somente estabelecer confiança pagamento por paco- entre as partes ou pelo prestador de tes ou por captação. entrevIsta com acredito que o melhor Em sua opinião, quais seriam as melhores Jair monaci, membro do grupo técnico da aNs pela abramge que é estabelecido mente pela operadora serviços) para remunerar de forma diferente os integrantes da rede combinações entre os credenciada? Você modelos para que haja acredita que isso traria menos conflitos entre mais qualidade à assis- operadoras e presta- tência? dores de serviços e mais satisfação dos benefici- arlindo almeida, presidente da Associação brasileira de Medicina de grupo (Abramge) 108 - ESTUdO Business CluB HealtHCare 2014 ários? A mudança total para o pay for performan- o Qualiss ainda está sendo sistematizado, o que ce resolveria os problemas? significa que vai passar por adaptações e fiscalização dos serviços prestados. A forma de remu- os modelos precisam ser adaptados de acordo neração mudará quando os players perceberem com as características de cada operadora e pres- ganhos bilaterais e houver melhoria de qualidade tador de serviços. Acredito que o melhor modelo concreta do atendimento, com valor percebido www.BCHweB.CoM.br - 109 bCH abramge trário. No primeiro caso, pode haver utilização pelo paciente. Hoje o cliente vê o plano de saúde de falta de transparência, imprevisibilidade e da como inimigo. Se essa percepção mudar, muda- diferença entre os valores de mercado para insu- rá também a visão do sistema como um todo, mos e medicamentos e o valor real cobrado pe- que passará a atuar de forma integrada efetiva- los hospitais, por exemplo. Em contrapartida, os mente, com todos os agentes voltados a um úni- prestadores de serviços se queixam das glosas, 1) No Brasil, muito se fala no esgotamento do co caminho, que é a qualidade, o cliente sentir restrições de atendimento, longas esperas para modelo de remuneração “fee for service”. Em 2) É característica dos prestadores de serviços que é bem atendido. autorização de procedimentos e prazos de paga- busca de uma solução, a ANS e representan- atender passivamente à demanda do cliente / mento estendidos. Será preciso uma total refor- tes de prestadores de serviços e operadoras paciente e, por este motivo, ter como principal 4) Na agenda regulatória da ANS para o biênio mulação das formas de pagamento ou é possível de planos de saúde assinaram um acordo para fonte de receita o tratamento de doenças, não a 2013/2014 está um projeto para “desenvolver realizar adaptações no atual sistema, que tornem que seja adotada a re- promoção da saúde. O metodologia de hierarquização de procedimen- esta relação mais harmônica? muneração por conta impacto disso é a ma- aberta aprimorada ou nutenção ou aumento da sinistralidade nas tos”, como forma de melhorar os critérios para entrevIsta com césar abIcalaffe excessiva de recursos e, no segundo, subutilização, com seleção de pacientes de menor custo ou alta precoce, por exemplo. a remuneração do médico. O programa, porém, Estas adaptações já existem, mas são discus- procedimento não trata de incentivos para a implementação de sões particularizadas. funcionam de acordo com ciado. Qual é a sua programas de gerenciamento de crônicos ou de as necessidades de cada um. Porém, ainda com opinião promoção da saúde. Como estas ações pode- estas adaptações, os conflitos são os mesmos. modelos? riam ser englobadas no pagamento? A mudança na forma de remuneração é neces- sobre gerenestes o fee for service tem operadoras. Como re- um incentivo perverso: verter este quadro? quanto pior o cuidado, abicalaffe: Este é o mais se ganha. incentivo perverso do sária, mas não vai ser feita de um dia pro outro. abicalaffe: Participei Na atual relação dos médicos com as operado- Será preciso considerar fatores como regionali- deste grupo de traba- ras, falta o entendimento de que a diminuição dade, introduzir o fornecedor na discussão, ava- lho e fiz o contraponto o que esse modelo de dos custos não significa cerceamento da prática liar o perfil de cada organização e inserir o médico do pagamento por de- mais se ganha. Por médica e nem queda de qualidade. todo proto- no debate. o caminho é uma mudança paulatina, sempenho. Não adian- remuneração sinaliza colo assistencial passa pela aceitação dele, que ainda mais num país tão diverso quanto o brasil. ta sair de um modelo para o mercado? procedimento cirúrgi- define as diretrizes em conjunto com o hospital A compreensão de que somos parceiros é funda- retrospectivo, como o e a operadora. É preciso participação ativa das mental para a melhoria do sistema, especialmen- fee for service, em que sociedades médicas, para que conheçam mais o te para o beneficiário, que paga a conta e tem de só se sabe o custo de- sistema e discutam proposições para melhorá-lo, perceber o melhor custo – benefício. pois da alta, para um UTI, a conta cresce inclusive no que tange a remuneração. temos de modelo prospectivo, exponencialmente. buscar uma situação que beneficie toda a cadeia como o procedimento o que este modelo de gerenciado, em que remuneração e se reflita na satisfação do paciente. Saúde é um ecossistema: se alguma parte não funcionar, o problema se refletirá em todos os lados. 5) Embora sejam interdependentes, operadoras e prestadores de serviços ainda mantêm uma relação muito conflituosa, especialmente no que se refere à remuneração. Operadoras reclamam 110 - ESTUdO Business CluB HealtHCare 2014 Jair monaci membro do grupo técnico da Agência Nacional de Saúde pela Abramge e exvice presidente da lincx césar abicalaffe, presidente da 2iM Inteligência Médica o custo é conhecido antes de ocorrer, se não fee for service: quanto pior o cuidado, exemplo, se em um co simples o paciente contrair uma infecção e passar 30 dias na sinaliza para o mercado? houver uma métrica de desempenho atrelada ao pagamento. Isso não resolve o problema de A remuneração por desempenho pode mudar qualidade assistencial. essa lógica, ao considerar, na análise de desempenho, o resultado das ações assistenciais. No modelo fee for service, quanto mais o pres- Entre as questões para remunerar o prestador tador faz, mais ganha. No prospectivo, é o con- por desempenho estão: avaliar se as diretrizes www.BCHweB.CoM.br - 111 abramge bCH do bom atendimento foram seguidas, se os opinião, vai ser o grande precursor do P4P no 5) Que estímulo os prestadores de serviços te- 6) No caso dos médicos/corpo clínico, como procedimentos e protocolos estão amparados futuro. A agência vai definir os indicadores de riam para aceitar serem avaliados por desem- vencer as possíveis resistências ao P4P? O que pela medicina baseada em evidências, etc. A qualidade mais adequados e aí será mais fácil penho? Quais seriam os parâmetros conside- eles teriam a ganhar com este sistema? análise é outra quando se coloca o componen- negociar com os prestadores de serviços. rados justos para que as operadoras fizessem esta avaliação? No caso dos médicos, por Para vencer as resistências é preciso ter clareza 4) Os prestadores de serviços se queixam do exemplo, a queixa recorrente é que esta avalia- de que a avaliação de desempenho é adequa- E este componente não pode representar um achatamento da remuneração para procedi- ção premiaria volume de atendimentos,em vez da e que resultará em melhoria da qualidade da percentual pequeno da remuneração. No rei- mentos, diárias e taxas e justificam, com isso, de qualidade, e restringiria seu atendimento, saúde. o paciente deve ser o centro, a razão no Unido, o NHS determinou que o percentual o aumento de suas receitas com a cobrança punindo os profissionais que solicitam muitos da existência de operadoras, médicos e presta- da remuneração de seus médicos atrelado ao por materiais e medicamentos. De que forma as exames (critério este definido pela operadora). dores de serviços. É possível medir o valor com desempenho será de 25%. operadoras podem estimulá-los a reduzir cus- te de ganho de qualidade da assistência. tos com insumos? Nos Estados Unidos, a operadora Blue Cross, uma fórmula simples: é só dividir os benefícios abicalaffe: Esta é uma questão procedente. o pelo esforço. benefício é qualidade de vida, es- conceito anteriormente adotado de P4P é muito forço é preço e acesso. Quanto pior o aces- Blue Shield declarou que, de cada US$ 5 pagos abicalaffe: Novamente, a solução está na re- equivocado. No passado, foi adotado um mo- so, pior será a percepção de valor do paciente. para sua rede credenciada, US$ 1 já está atre- forma do modelo de remuneração. Estudos da delo nocivo, em que a operadora pagava mais Quanto maior a satisfação, melhor a percepção lado a desempenho. Há cinco anos, a remu- década de 1990 já mostravam que não adianta por consulta para o médico que pedisse menos de valor. É necessário focar em ações do pro- neração por performance representava 4% das congelar honorários, porque o resultado, auto- exames ou que tivesse um custo menor que a fissional que gerem valor. Se for possível medir despesas, e hoje já é um quinto. maticamente, será o aumento da complexidade média estatística. ou seja, só se levava em con- estas iniciativas, se o médico estiver de acordo e dos custos do serviço. É triste ver que, qua- ta o componente financeiro. É preciso fazer uma com esta avaliação e se houver uma remune- se em 2015, o mercado ainda faz exatamente avaliação multidimensional, em que o custo seja ração digna caso ele atinja a meta, as coisas isso. o resultado é o aumento da utilização de apenas uma parte e que se priorize a qualidade tendem a melhorar. abicalaffe: Há movimentos isolados em algu- recursos e dos ganhos com insumos, que é por da assistência. Já sabemos que medicina cara mas Unimeds, Medicinas de Grupo com mé- onde vem a renda dos hospitais atualmente. É é medicina mal feita. É preciso medir eficiência, dicos assalariados e no SUS, por incrível que um disparate: o hospital sobrevive vendendo efetividade, segurança do paciente, acesso ao césar abicalaffe pareça. Aliás, o sistema público está até mais materiais e medicamentos, e não serviços. serviço de saúde e evitar excesso ou falta de médico e presidente tratamento. Se mantivermos a centralidade no da 2iM Inteligência Para mudar, é preciso fazer uma análise sistêmi- paciente, os indicadores serão ligados à expec- Médica Em Curitiba há um grande percentual da remu- ca. Não adianta instaurar auditoria, determinar tativa, necessidade e ao valor que o paciente dá neração do médico atrelado ao desempenho. que o hospital só compre do fornecedor com à assistência, incluindo aí a percepção sobre o o projeto Pro-Hosp, no Paraná, também é um menor custo ou comprar os insumos direta- atendimento. Nos Estados Unidos, a satisfação exemplo: os hospitais que divulgam seus indi- mente e entregá-los ao hospital para realizar o do paciente é um indicador de resultado tão cadores para a Secretaria de Saúde e são ava- procedimento. Estas são ações pontuais e toda importante quanto os índices de mortalidade liados de forma positiva recebem um adicional ação pontual para resolver um problema sistê- ou de infecção. mensal por serviços prestados. mico está fadada ao insucesso. A solução está 3) E no Brasil? avançado neste aspecto. numa profunda reforma do modelo de remune- o segredo é ter um modelo desenhado com Na rede privada, a ANS começou a dar os pri- ração, que considere um modelo prospectivo, muito cuidado e com a participação de quem meiros passos com o Qualiss, que, na minha com componente de desempenho. será avaliado. 112 - ESTUdO Business CluB HealtHCare 2014 www.BCHweB.CoM.br - 113 bCH são Cristóvão As metas são negociadas pela gerência e de saúde e subsidiou a estratégia comercial, diretoria com o CEo e, a cada dois meses, além de propiciar controles para o melhor uso são realizadas reuniões de acompanhamen- dos recursos e seguir as normas da acredi- to. Para que todos os colaboradores este- tação. “Em processos de vários setores, te- jam alinhados com estes objetivos, há painéis mos controles sistêmicos, visando ações de instalados em diversos pontos da instituição, redução de desperdícios. Em segurança as- que apresentam as sistencial, informações preconizam os órgãos coleta- dos em tempo real. Dessa forma, as decisões podem ser tomadas rapidamente. A informatização teve como um de seus BCh são cristóvão marcos a implanta- Sustentabilidade da gestão: tI contribuindo com novas soluções para a operação e melhoria de processos eletrônico, em 2009. ção do prontuário “Envolvemos os mé- vários setores, temos controles sistêmicos, visando ações acreditadores, foram criados controles para auxiliar os profissionais nos caminhos críticos dos pacientes.” de redução de desperdícios. Em segurança assistencial, conforme preconizam os órgãos acreditadores, foram os clientes podem confirmar e cancelar consultas em totens de autoatendimento ou pela internet e os criados controles para auxiliar sistemas de gestão in- tuada a prescrever os profissionais nos pamentos de controle caminhos críticos de acesso permitem a dos pacientes cias no pronto-socor- dicos, cuja grande maioria estava habiEm busca de controle, competitividade e inova- dores e, para 2015, devemos monitorar o dobro manualmente, e aqui ção na gestão, o grupo São Cristóvão se apoiou desse número. É com base nesses índices que percebemos na tI para desenvolver indicadores e melhorar os gestores fazem os ajustes necessários para cativas melhorias nos processos nas áreas assistenciais e administrati- o aprimoramento contínuo de seus processos”, processos. o acesso vas. “Hoje trabalhamos com cerca de 80 indica- conta o gerente de tI do grupo, Valter Carillo. rápido, a legibilidade valdir ventura, CEo do grupo São Cristóvão Saúde Em processos de conforme signifi- valter carillo, gerente de tI do são Cristóvão tegrados com os equi- priorização de urgênro. Na unidade avançada, como forma de e o compartilhamen- diminuir a utilização de to das informações papel e aumentar a se- do paciente trouxeram segurança, redução de gurança dos documentos, foi adotada a assi- tempo e, consequentemente, redução de cus- natura eletrônica. tos”, relembra Carillo. Para 2015, os investimentos serão destinao uso da tecnologia também apoiou o plano 114 - ESTUdO Business CluB HealtHCare 2014 dos para concluir a implantação do software www.BCHweB.CoM.br - 115 bCH são Cristóvão boas prátIcas Em 2015, devemos assIstencIaIs definição de planos terapêuticos alinhados às Com estas medidas, o São Cristóvão con- práticas do São Cristóvão e organização das seguiu reduzir o tempo de permanência visitas multiprofissionais. do paciente, tornar a previsão de alta mais assertiva, baixar os índices de infecção hos- monitorar 160 indicadores. Em busca de um modelo assistencial que ga- Na Unidade de Apoio ao Pronto Socorro, o pitalar e diminuir os custos com o consumo é com base neles que rantisse os melhores resultados clínicos e cus- foco foi na estabilização dos casos de urgên- de antimicrobianos de amplo espectro. tos compatíveis às necessidades do hospital cia. “Começamos a estabilizar o paciente antes os gestores fazem os e da operadora de planos de saúde, o grupo da internação, tanto para liberá-lo para a alta, “Essas mudanças na cultura assistencial ajustes necessários para São Cristóvão apostou em novas estratégias, como para que ele já chegue mais tranquilo e levaram à racionalização de recursos, ao em- com foco no gerenciamento do paciente, seja compensado ao tratamento”. Já no ambulató- poderamento dos colaboradores e à cria- no pronto socorro, na área de internação ou rio pós-alta, o atendimento tem o objetivo de ção de linhas de cuidado para acompanhar nos cuidados pós-alta. evitar reinternações e garantir a continuidade o paciente de ponta a ponta”, conclui do tratamento em casa. o executivo. o aprimoramento contínuo de seus processos. valter carillo, gerente de tI do são Cristóvão “Queríamos agregar indicadores para gerenciar melhor os casos clínicos e tornar o traba- Para coroar o trabalho, que já trouxe signi- lho mais assertivo”, relembra o diretor técnico, ficativo impacto financeiro, está nos planos Marcelo Severino. para 2015 a conquista de uma acreditação Mudanças na cultura de gestão da operadora, implantar o PACs, o grupo, então, criou o cargo de gestor as- instalar câmeras de segurança e redes sem sistencial médico, implantou um time de res- fio, projeto que deve viabilizar a prescrição na posta rápida, intensificou o gerenciamento de beira do leito. o projeto-piloto de utilização de leitos e desenvolveu duas novas áreas para pulseiras rfID, inicialmente para recém-nasci- garantir a horizontalidade do tratamento e dos e suas mães, também deverá ser estendi- a melhor gestão do paciente: a Unidade de colaboradores e à criação do a outros pacientes. Apoio ao Pronto Socorro (UAPS) e o ambulatório pós-alta. “Dessa forma, acompanhamos de linhas de cuidado para o paciente em toda a cadeia de cuidados, da acompanhar o paciente de valter carillo CIo do São Cristóvão Saúde chegada ao hospital até a volta à sua casa e evitamos a fragmentação da assistência”, explica Severino. internacional. assistencial levaram à racionalização de recursos, ao empoderamento dos dr. marcelo severino diretor técnico São Cristóvão Saúde ponta a ponta marcelo severino, diretor técnico do são Cristóvão o gestor assistencial, hoje, é responsável por: gerenciamento de pacientes de longa permanência, identificação dos riscos assistenciais, 116 - ESTUdO Business CluB HealtHCare 2014 www.BCHweB.CoM.br - 117 BCH São Cristóvão Gestão de Saúde Populacional: entrevista com Paulo Marcos Senra Souza ao seu redor, também vai pagar pelos outros. podem apoiar uma mudança no sistema? Quanto à mudança da forma de pagamen- A primeira coisa é mapear sua população. Se 1) Há dois anos, foi criada a Asap, seguin- 2) Muito se fala que os sistemas em geral, to, quem vai impulsioná-la é o pagador. sua empresa não sabe que tem, por exem- do os moldes da Population Health Alliance. são perversos, por trabalharem na lógica do Para o prestador de serviços e a indústria for- plo, 20 obesos, não consegue definir ações Quais mudanças em GSP você já percebeu quanto pior, melhor, já que os prestadores de necedora, não há grande interesse em adotar de controle e combate à obesidade. serviços são remune- neste período? um novo modelo. Outro exemplo: a de- rados por tratarem de Percebemos a doenças, não por pro- Embora, prin- pressão é pouco diag- ficha começa a cair. moverem a saúde. A cípio, se pense no nosticada no ambiente GSP vem como alter- cliente nativa para contornar como agente desta esta situação? mudança, o funcio- As pessoas que enten- dem que a Gestão de Saúde Populacional vai fazer a diferença. O número de pessoas interessadas A dor no bolso vai fazer as pessoas tomarem consciência de que, quem não se cuidar, vai em empresarial nário também precisa Uma saúde cara tem dois reflexos: redução de trabalho, mas é a maior causa do presenteísmo, com grande queda de produtividade. A GSP não é só uma se engajar. Ele pensa do acesso ou aumento alternativa, é um im- que quem paga o pla- Então, é preciso ma- perativo. Traçando no de saúde é a em- de impostos para cobrir esses gastos. Então, agrupar e estratificar no tema é cada vez pagar mais caro. E se não maior, embora a ma- um paralelo, há al- presa, mas é ele. Se turidade das empre- influenciar as pessoas ao guns anos, todo o os custos com este sas com relação ao seu redor, também vai mundo queria comer benefício em churrascarias de outros deixam de ser rodízio, locais em que oferecidos, inclusive se saía mais gordo e reajustes financeiros. mais satisfeito. O pre- Na área pública, é a programa de GSP da ço subiu e hoje são mesma coisa. Uma evita o desperdício de companhia no Bra- poucos os restauran- saúde cara tem dois recursos. sil conseguiu reduzir tes que atuam neste reflexos: redução do para menos de 8% o modelo. Em contra- acesso ou aumento tema esteja próxima de zero, com alguns exemplos louváveis, como o da Vivo. O pagar pelos outros Paulo Marcos Senra Souza, presidente da Asap crescem, o custo é sempre do indivíduo Paulo Marcos Senra Souza, presidente da Asap pear a população, os funcionários e direcionar as ações, primeiro com campanhas e, depois, com programas específicos para cada grupo. Assim se 4) Quais são as princi- percentual de seguro de saúde na folha partida, cresceu a oferta de comida a quilo. de impostos para cobrir estes gastos. O custo pais diferenças e expectativas com relação à de pagamento mensal do grupo, enquan- Da mesma forma, a dor no bolso vai fazer as é sempre do indivíduo. gestão de saúde entre esta geração Y e as to a média entre outras empresas brasileiras pessoas tomarem consciência de que, quem chega a 20%. Considero que estamos na fase não se cuidar, vai pagar mais caro pela assis- 3) De que forma os grandes clientes dos pla- de evangelização. tência médica. E se não influenciar as pessoas nos de saúde, que são as pessoas jurídicas, 118 - Estudo Business Club Healthcare 2014 gerações anteriores? Esta geração mais recente é mais consciente www.bchweb.com.br - 119 bCH são Cristóvão da responsabilidade com sua própria saúde. so a informação e serviços. Por outro lado, esta- o setor de tecnologia pode ter uma grande ex- Em telemedicina, é preciso expandir o uso para os jovens de hoje quase não fumam, procuram mos numa transição demográfica, envelhecendo pansão com a gSP. Na áfrica, os agentes de saú- além da comunicação em locais distantes ou sem se alimentar de forma mais saudável. o acesso rapidamente. A frança levou 100 anos para ter de estão utilizando celulares comuns, pré-pagos, acesso a serviços mais complexos de saúde. Hos- à tecnologia e informação também aumentou. a proporção de idosos que o brasil chegará em para ligar para os médicos nas capitais e orientar pitais próximos, com especialidades complemen- os aparelhos para medir a pressão e os testes pouco mais de 15 anos, em 2030. Isso terá um mulheres grávidas, por exemplo. Quando o bebê tares, podem trocar informações e atender a al- de diabetes estão muito mais baratos. Porém, impacto tremendo e não estamos preparados nasce, informações como peso e tamanho são guns casos conjuntamente por esta via. ainda falta fidelização aos para esta situação. tratamentos. É comum a A não As fontes pagadoras também podem ser troca de programas e o tem poupança para beneficiar com a TI. No varejo, o consumi- sedentarismo, as pesso- suportar o aumento dor consegue acompanhar o produto do as parecem não acredi- da longevidade, os tar que aquela ação vai ter resultado. É preciso uma doutrinação para que as pessoas percebam o prêmio e o castigo. o prêmio é a longevidade, a saúde na velhice. o castigo é doença e o custo de bancar seu tratamento e de terceiros. As pessoas ainda não percebem isso. previdência o Brasil vai pagar caro ônibus, ruas e edifí- por não se planejar e só tados para a redução pensar no curto prazo. Vamos envelhecer sem ter renda e infraestrutura para suportar isso paulo marcos senra souza, presidente da asap cios não estão adapda mobilidade destas pessoas e, os latinos, que em geral cuidavam dos parentes idosos, não conseguem mais assumir é preciso uma doutrinação para que as pessoas percebam o prêmio e o castigo de acordo com seu nível de cuidados com esta tarefa, porque a saúde. O prêmio é a todos os membros longevidade, a saúde da família trabalham. o brasil vai pagar 5) De que forma os as- caro por não se pla- pectos demográficos e nejar e pensar só no epidemiológicos no Bra- curto prazo. Vamos sil terão impacto na Ges- envelhecer sem ter tão de Saúde Populacional? transmitidas via SMS. renda e infraestrutura para suportar isso. Estamos numa fase de bonificações e transições. 6) Quais são as principais oportunidades de mer- Muitas pessoas passaram da pobreza extrema cado trazidas pela GSP? na velhice. O castigo é a doença e o custo de bancar seu tratamento e momento do pagamento até a chegada à sua casa. Na Saúde, só descobrimos que o usuário do plano está doente quando chega a conta do hospital. Esta seria uma grande oportunidade. Em outra ponta, empresas que fazem gestão de doenças crônicas, homecare e hospitais que integrem a gSP aos cuidados de saúde deverão expandir sua atuação. paulo marcos senra souza presidente da Aliança para a Saúde Populacional (Asap) de terceiros paulo marcos senra souza, presidente da asap para a classe média emergente, com mais aces- 120 - ESTUdO Business CluB HealtHCare 2014 www.BCHweB.CoM.br - 121 bCH Jorge valente tão da segurança, controle da qualidade, acom- “Essas melhorias impactam diretamente na maior panhamento de indicadores e conformidade com oferta de leitos e consequente melhoria do fatura- os requisitos da acreditação. mento hospitalar além de, indiretamente, reduzir a superlotação na emergência”, enumera Eliane. o projeto deu resultados e, em 2012, foi ampliado, para também abranger as áreas de obstetrí- Embora, nesse caso, o modelo tenha sido apli- cia, infectologia e oncologia. “Integramos toda a cado numa operação verticalizada, hospitais inclusive que atuam de manei- nas questões adminis- ra independente, sem trativas relacionadas às estarem vinculados a fontes pagadoras, que uma operadora, podem assistência, Medidas impactam passaram a ter, nesse profissional, um ca- nal direto para interfa- diretamente na maior oferta de leitos e consequente ce com suas áreas de auditoria médica”, conta a diretora técnica Eliane Noya. BCh Jorge valente A figura do médico hospitalista na gestão assistencial Em face de desafios como o aumento da com- bilizá-las com a segurança do paciente e o con- plexidade da assistência, o envelhecimento trole de custos. A medicina hospitalar foi a forma populacional e o alto custo da saúde, o Hos- encontrada para unir a gestão dos processos as- pital Jorge Valente, parte do grupo Promédica, sistenciais aos cuidados clínicos”, relembra o ge- decidiu estruturar, em 2007, um modelo de rente médico luiz Augusto Vasconcellos. medicina hospitalar. Com a nova área, foi criada a figura do médico “Precisávamos atender as demandas e compati- hospitalista, que ajuda na governança clínica, ges- Jorge oliveira, diretor financeiro do Hospital Jorge Valente Para o corpo clínico, a estruturação do progra- também se beneficiar da prática. “Entendemos que esse aumento do faturamento modelo atende a todos hospitalar, além de, pois visa à otimização os tipos de hospitais, indiretamente, reduzir a da internação, o au- superlotação na emergência a satisfação plena dos ma de medicina hospitalar, com um médico eliane noya, diretora técnica do hospital Jorge Valente mento da segurança e pacientes e familiares. No caso de hospitais que passa a ocupar o que operam de manei- posto de gestor clínico ra independente, ocorre do paciente, também uma redução do custo trouxe benefícios. “os por internação, porém, especialistas que atendem aqui no Jorge Valente há um aumento na capacidade de atendimento e compreendem a atuação dessa equipe como um na oferta de leitos da unidade”, conclui a diretora. apoio ao seu trabalho, com uma presença mais ampliada no hospital, facilitando a avaliação de dr. luiz exames solicitados e agilizando questões admi- vanconcellos nistrativas”, avalia a executiva. gerente médico do Hospital Jorge Dentro do Jorge Valente, os principais benefícios Valente foram: redução do tempo de permanência hospitalar, aumento do giro e diminuição do intervalo de substituição do leito. 122 - ESTUdO Business CluB HealtHCare 2014 www.BCHweB.CoM.br - 123 bCH iGesp A boa gestão se traduz, imediatamente, em au- sentar e conversar. Um profissional tem de enten- mento da receita, como explica o especialista em der a necessidade do outro e as opiniões técni- engenharia clínica Antonio gibertoni, que também cas de ambos devem ser respeitadas. o objetivo é responsável pela área no Hospital Albert Einstein. é buscar o que for melhor para o hospital e para o “Atuando apenas no conceito básico, de diminuir paciente”, analisa gibertoni. as paradas dos equipamentos, a engenharia clínica já contribui diretamente para o aumento de É nessa etapa que se faz todo o detalhamento da receita e redução de despesas. outra forma mui- tecnologia a ser adquirida, com as especificações, to efetiva para que o engenheiro clínico contribua necessidades técnicas de instalação, treinamento, para os resultados é mantendo sua equipe sempre manutenção, etc. muito próxima das áreas que exercem a medicina de fato, como centro cirúrgico, diagnóstico por No Igesp, o corpo clínico indica a melhor opção de imagem, UTI, etc.” investimento em novas tecnologias, considerando o que é prioritário para o atendimento do perfil de No Hospital Igesp, o setor é responsável pela estra- pacientes da instituição. A partir daí, áreas técnicas tégia de gestão da vida útil da tecnologia incorpo- e administrativas do hospital partem para o plane- rada, de forma a aumentar a produção da equipe jamento e implementação dos novos equipamen- de assistência com toda a segurança. “A relação tos, como no recente processo de incorporação BCh IGesp do corpo clínico com a engenharia clínica se dá de de telemedicina, telerradiologia e telecirurgia. o papel da Engenharia Clínica na gestão de tecnologias médicas ser implantada deve ter o aval da engenharia e é o Nesse ponto, a diretoria técnica exerce papel pre- setor que mantem o parque tecnológico em perfei- ponderante na conciliação de interesses entre to- to estado de funcionamento”, comenta a diretora das as áreas. “Atuamos como ponte entre o corpo técnica walkiria Perin. clínico e o planejamento estratégico da empresa. forma simbiótica, posto que toda nova tecnologia a Nosso papel é adequar os desejos de novos invesEstar em linha com as mais recentes tecnologias to de engenharia clínica ganha cada vez mais da medicina sem comprometer as finanças é um projeção, como forma de não só garantir a ges- dos desafios diários dos gestores de Saúde. tão do parque tecnológico como também fornecendo informações essenciais à avaliação de Para ajudá-los nesse papel, o departamen- compra de equipamentos. esle luiz trevisan, superintendente corporativo do Hospital Igesp No momento da aquisição de uma nova tecnolo- timentos do médico assistencial à nossa realidade gia, um bom canal de comunicação entre Enge- empresarial, priorizando as boas práticas”, conclui nharia Clínica e Corpo Clínico é essencial para que walkiria. se alcance o melhor custo-benefício. “É preciso dra. Walkíria perin antônio Gibertoni diretora técnica do gerente de engenha- Hospital Igesp ria clínica do Hospital No bCH, proferiu a Albert Einstein palestra “o papel do Corpo Clínico nos Processos de gestão” 124 - ESTUdO Business CluB HealtHCare 2014 www.BCHweB.CoM.br - 125 bCH Hospital das Clínicas para centralizar as operações do setor de supri- chegam a 99,9%, como de qualquer boa institui- mentos. ção privada”. “fizemos um estudo para analisar a estoca- A centralização do estoque com um serviço ter- gem e percebemos que o complexo funcionava ceirizado, embora não seja total, já que o HC como 10 unidades separadas, cada uma com ainda opera com farmácias-satélite, vem trazen- seus procedimentos e controles de estoque do benefícios como gestão e distribuição melhor próprios, embora a compra de insumos fosse dos recursos, sem que sobrem produtos numa centralizada. Se reade- área e faltem em outra, quássemos cada um foco maior no aten- desses hospitais para dimento ao paciente, Melhorias na logística e redução de custos, um tempo imenso para permitiram mais vestimento na própria obter retorno. Por isso, visibilidade do estoque, aquisição de insumos. o que leva a um “Conseguimos provar depois organizar a distribuição, levaríamos criamos um Centro de Distribuição com um fornecedor responsá- BCh hospital das clínicas vel pelos serviços, o logística e gestão de suprimentos na saúde águas”, falar de logística no Hospital das Clínicas de São lhões de medicamentos consumidos mensal- Paulo é tratar de grandes números: 10 unidades mente fosse grande, até bem pouco tempo atrás compõem o complexo, o maior da América la- o processo era quase artesanal, com baixo índi- tina, que, apenas entre a compra de insumos e ce de automação e utilização de uma solução serviços para a área de Suprimentos gasta, por caseira para informatizar os dados. ano, R$ 500 milhões. Para mudar esse quadro, há cerca de três anos, Embora o desafio de gerir e controlar os 50 mi- a instituição apostou na terceirização da logística que foi um divisor de relembra o diretor de logística e infraestrutura do complexo, Marco bego. Como em todo início de projeto, foi necessá- planejamento melhor. os níveis de serviços chegam hoje a 99,9%, como em qualquer boa o que permitiu o rein- que o estoque centralizado é melhor e concentramos nossos recursos na área de gestão, com a criação de grupos especializa- instituição privada dos de compras, re- marco bego, diretor de infraestrutura e logística do hC-fMusp de falta e falha e defi- latórios de prevenção nição de um manual rio superar obstáculos, de procedimentos. foi como a falta de infor- um salto de qualidade mação, a reestrutura- e estamos observando ção de processos e o um retorno muito rápi- estabelecimento de novos controles – agora ele- do sobre o investimento”. trônicos. “Agora temos um sistema para o hosengenheiro antônio José rodrigues pereira, CEo do Hospital das Clínicas da faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo 126 - ESTUdO Business CluB HealtHCare 2014 pital e um para operação, o que permite mais vi- o desempenho do fornecedor é controlado por sibilidade do estoque e, consequentemente, leva SlA (Service level Agreement – indicador que a um planejamento melhor. Houve também uma garante os níveis de serviço) e há punições caso evolução nos níveis de serviços, que hoje as metas não sejam cumpridas. “Nunca precisa- www.BCHweB.CoM.br - 127 bCH Hospital das Clínicas mos acionar o SlA e ainda fomos percebendo torre de babel na tI: havia uma malha de siste- ciente estava. Quando tiramos o papel, isso se ganhos agregados, como no planejamento de mas não integrados, do ponto de vista tático, o perdeu. Não foi um problema trivial. Precisamos compras, que era quadrimestral e agora é anual, que dificultava a adoção de uma ferramenta de criar novos indicadores para que, no sistema in- e na retirada de custos adicionais, por exemplo, apoio à decisão. de embalagem, o que nos dará base para negociar uma redução de preços na hora da compra”, Em 2011, esse cenário começou a mudar. “traça- enumera bego. mos como objetivo a criação de uma espinha dor- precisamos tirar o chapéu da tI e formatizado, esse ciclo fosse restabelecido e os médicos e enfermeiros pudessem identificar o estado de seus pacientes”. sal sistêmica administrativa e assistencial e defini- colocar o do usuário, Embora ainda não tenham sido atingidas todas Em 2015,o projeto entrará em sua segunda fase, mos onde estávamos e onde queríamos chegar: as metas, o sistema integrado já opera em veloci- cuja meta é expandir a automatização até chegar um estágio em que seja possível retirar o papel e para entender seus à dispensação final e reduzir as perdas de rece- não duvidar dos números apresentados”, conta o apontamentos negativos duas grandes conquistas: a própria aquisição do bimento em 10%. diretor coordenador de tI do HC, Jacson Venâncio de barros. engo. marco bego diretor coordenador o projeto foi concretizado no último trimestre de do Núcleo de 2012 e começou a sair do papel em janeiro de Infraestrutura 2013. A implantação teve início na área admi- e logística do nistrativa, passou para gestão e seguiu pelos HCFMUSP departamentos de logística e suprimentos, sen- e propor melhorias para destacar os aspectos positivos do projeto um sIstema de Gestão hospItalar Entre os benefícios apurados no ano pós-im- plicadores pela própria equipe de tI, com didática plantação estão: revisão processual, tratamento e real interesse em transferir seus conhecimentos automatizado dos números, sem input manu- sobre o projeto. Uma equipe também foi prepara- al, gestão da informação e mais segurança no da para lidar com descobertas e dificuldades pós- tratamento do paciente, já que agora as con- -implantação. “Precisamos tirar o chapéu da tI e dutas estão legíveis e devidamente registradas colocar o do usuário, para entender seus aponta- no sistema. mentos negativos e propor melhorias para desta- finaliza Barros. Especializado em tecnologia da Informação do HCFMUSP car os aspectos positivos do projeto.” o processo, porém, não foi livre de obstáculos. A resistência dos usuários, relato comum dos gesto- Um dos exemplos foi a nova demanda criada res de tI, também se fez presente. Para contornar com a retirada do papel. “o trânsito e o proces- Com 10 unidades assistenciais, 20 mil funcioná- o problema, foi realizada uma pesquisa para iden- so de anos criado com a documentação em pa- rios e 3 mil leitos, o complexo que forma o Hospital tificar os pontos de risco à adoção do sistema, pel permitia que a equipe assistencial soubesse das Clínicas, em São Paulo, tinha uma verdadeira como tempo e treinamento, entre outros. onde, como e em que etapa do tratamento o pa- 128 - ESTUdO Business CluB HealtHCare 2014 e com as pessoas cada vez mais envolvidas”, de tI - Núcleo Ao longo dos treinamentos, foram definidos multi- adoção estratéGIca de com resultados já muito melhores do que antes diretor coordenador Paciente (PEP)”. consIderado na Estamos em um processo de maturidade, mas Jacson barros minou na adoção do Prontuário Eletrônico do o Que deve ser sistema e sua implantação no pronto-socorro. Jacson barros, diretor de tI do hC-fMusp do finalizado na área assistencial. “Isso tudo cul- Gestão de mudança: dade de cruzeiro e se mantém estável. “tivemos www.BCHweB.CoM.br - 129 Bibliografia Bibliografia Bibliografia 5. HealthForum Overview - PwC (http://pwchealth.com/cgi-local/hregister.cgi/reg/pwc-180-health-forum-overview.pdf) - (http://pwchealth. com/cgi-local/hregister.cgi/reg/pwc-data-driven-progress-himssmay-2014.pdf) 6. The golden age of health informatics - Information Week (http:// www.informationweek.com/healthcare/leadership/the-golden-age-ofhealth- informatics/d/d-id/898894?f_src=informationweek_gnews) 7. Gestão de TI em Saúde - Renato Sabbatini (http://www.sabbatini. com/renato/slides/GestaoTISaudeGESITI.pdf) 8. IT Forum 365 (http://www.itforum365.com.br/noticias/detalhe/49956/ tecnologias-menos-atraentes,-porem-cruciais-para-a-ti-em-saude) (http://www.itforum365.com.br/noticias/detalhe/19610/ quase-60-dos-estabelecimentos-de- saude-do-brasil-nao-possuemdepartamento-ou-area-de-ti) Estudo I - Pagamento por pacotes e tabelas compactadas Estudo IV - Panorama de OPME 1. American Hospital Association (www.aha.org/content/13/ 13jan-bundlingissbrief.pdf) 1. 2. Associação dos Hospitais do Estado do Rio de Janeiro (www. aherj.com.br/admin/_lib/file/doc/correio93.pdf) 2. Associação Brasileira de Medicina de Grupo (www.abramge.com.br) 3. Associação Nacional de Saúde Suplementar (www.ans.gov.br/ images/stories/noticias/pdf/procedimento%20gerenciado.pdf) 3. Conselho Federal de Medicina (www.cfm.org.br) 4. Associação Nacional de Saúde Suplementar (www.ans.gov.br/ images/stories/noticias/pdf/conta%20aberta%20aprimorada.pdf) 4. Conduta Saúde (www.condutasaude.com.br) 5. Federação Nacional de Saúde (www.cnseg.org.br/fenasaude/) 5. Centers for Medicare & Medicaid Services (www.innovation.cms. gov/initiatives/Bundled-Payments/learning-area.html) 6. 9. 6. HealthAffairs (www.healthaff.highwire.org/content/28/5/1418.full) Folha de S. Paulo (http://www1.folha.uol.com.br/colunas/claudiacollucci/2012/12/1196026-conflitos-de-interesses-e-cirurgias-desnecessarias.shtml) 7. RAND (www.rand.org/topics/bundled-payment-for-health-services. html) 7. Gestão em Saúde (http://gestsaude.blogspot.com.br/) 8. GV Saúde (www.gvsaude.fgv.br) 10. Global Health Care Outlook 2014 (http://www2.deloitte.com/ content/dam/Deloitte/dk/Documents/life-sciences-health-care/Globalhealth-care-2014.pdf) 9. Instituto de Estudos da Saúde Suplementar (www.iess.org.br) 8. Saúde Business 365 (http://saudebusiness365.com.br//blogs/ post/34916/o-que-e-pagamento-baseado-em-valor) 9. Wikipedia (http://en.wikipedia.org/wiki/Bundled_payment) Agência Câmara de Notícias (http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/) Sustainable Health Systems Report - World Economic Forum (https://www.yumpu.com/en/document/view/8565765/wef-sustainablehealthsystems-report-2013) 8. The Emerging Role of “Hospitalists” in the American Health Care System (http://www.nejm.org/doi/full/10.1056/ NEJM199608153350713) 9. Creating the hospital of the future The Implications for Hospital-Focused Physician Practice (http://www.ahaphysicianforum.org/ team-based-care/hospital-medicine/index.shtml) 10. Se extiende el nuevo modelo “hospitalista” en los Estados Unidos (http://www.scielosp.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1020-49891999000300011) 11. Modelo hospitalista é alternativa econômica (http://saudebusiness365.com.br/noticias/detalhe/32253/modelo-hospitalista-e-alternativa-economica) 12. Semelhanças e diferenças na Medicina Hospitalar entre Estados Unidos e Brasil (http://saudebusiness365.com.br/blogs/post/25678/ medicina-hospitalar-e-medicos-hospitalistas-semelhancas-e-diferencas-entre-estados-unidos-e-brasil) 13. Desafios a serem enfrentados por hospitais e hospitalistas (http://saudebusiness365.com.br/noticias/detalhe/28302/5-desafios-a-serem-enfrentados-por-hospitais-e-hospitalistas) 14. Os hospitalistas estão chegando – Folha de São Paulo (http:// www1.folha.uol.com.br/fsp/saude/sd1911201002.htm) 10. Portal Segs (www.segs.com.br) 11. HIMSS (http://www.himss.org/ResourceLibrary/ValueSuite.aspx#/ steps-app) 11. Saúde Business 365 (www.saudebusiness365.com.br) Estudo VII - Boas Práticas Assistenciais Estudo X - O papel da Engenharia Clínica na gestão de tecnologias médicas Estudo II - Dilema Jaleco e Gravata 12. Unidas (www.unidas.org.br) 1. 1. 1. Medical Engagement Scale (http://www.nhsemployers.org/SiteCollectionDocuments/PS%20NHS%20Employers%20presentation%20 11th%20Sept%2012.pdf) 13. Unimed (www.unimed.coop.br) Revista de Administração em Saúde (RAS) - CQH Vol. 13, No 50 (http://cqh.org.br/portal/pag/doc.php?p_ndoc=176) 2. 2. Engaging Doctors: What Can We Learn From International Experience and Research Evidence? (http://www.aomrc.org.uk/doc_ view/198-engaging-doctors-what-can-we-learn-from-international-experience-and-research-evidence) 1. Saúde Business 365 (http://saudebusiness365.com.br/blogs/pagamento-por-performance) Saúde Business 365 (http://saudebusiness365.com.br/noticias/detalhe/41908/nos-eua-desperdicio-de-recursos-chega-a-us-500-bilhoes http://saudebusiness365.com.br/blogs/post/43990/a-solucao-perfeitapara-os-hospitais) Association for the Advancement of Medical Instrumentation (AAMI) (http://www.aami.org/publications/brochures/CSuiteBrochure. pdf) American College of Clinical Engineering (ACCE) (http://accenet. org/default.asp?page=publications&section=reference) Centro Brasileiro de Estudos em Saúde (Cebes) (http://cebes. com.br/2014/04/pagamento-por-desempenho-no-cuidado-a-saude/) 3. Rede Brasileira de Avaliação de Tecnologias em Saúde (Rebrats) (http://200.214.130.94/rebrats/) 3. Engaging Doctors: Can Doctors Influence Organisational Performance? (http://www.aomrc.org.uk/doc_view/197-engaging-doctors-can-doctors-influence-organisational-performance) 4. 3. Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) (http://www.ans. gov.br/espaco-dos-prestadores/qualiss/2042-monitoramento-da-qualidade-dos-prestadores-de-servicos-) Agency for Healthcare Research and Quality (http://www.ahrq. gov/professionals/quality-patient-safety/patient-safety-resources/resources/toolkit/toolkit3.html http://www.ahrq.gov/professionals/quality-patient-safety/patient-safety-resources/resources/nqfpract/index.html) 3. 2. The Future of Clinical Engineering: The Challenge of Change (http://www.shcta.com/ftp/Articles/Future%20of%20CE%20 (Grimes,%20IEEE-EMBS%20Mag%20~%20March-April%20 2003)%20w%20card.pdf) 4. Policy Paper: Partnering with Physicians (https://www.bcma.org/ files/Policy-PartneringwithPhysicians-FinalJanuary212014.pdf) 4. Universidade Corporativa Abramge (http://mbagestaosaude3.org. br/?q=node/257) 5. 5. Exploring the Dynamics of Physician Engagement and Leadership for Health System Improvement (http://www.cfhi-fcass. ca/SearchResultsNews/13-04-16/c2dcf12c-680f-4b63-91abbc3e726b523f.aspx) 5. Fundação Unimed (http://www1.unimed.com.br/nacional/boletim_ modelo/borem_p4p.pdf) 1. Asap (www.asapsaude.org.br) Clinical Engineers: Stewards of Healthcare Technologies (http:// www.shcta.com/ftp/Articles/Clinical%20Engineers%20-%20Stewards%20of%20Healthcare%20Technologies%20(Grimes,%20IEEEEMB%2004-0506).pdf) 6. American College of Physicians (http://www.acponline.org/running_practice/ethics/issues/policy/p4p_ba.pdf) 2. Relatório de Diretrizes e Resultados Asap (http://www.asapsaude. org.br/~/admin/uploads/pdfs/eventos_83_78.pdf) 6. Atividades para incorporação de equipamentos médico-hospitalares (http://gvsaude.fgv.br/sites/gvsaude.fgv.br/files/UNICAMP_DR_ SAIDEJORGECALIL.pdf) 7. Health and Social Care Information Center (Reino Unido) (http:// www.hscic.gov.uk/catalogue/PUB12262) 3. Population Health Alliance (www.populationhealthalliance.org) 4. Program Measurement Evaluation Guide (http://www.populationhealthalliance.org/publications/program-measurement-evaluation-guide-core-metrics-for-employee-health-management.html) 5. Global Population Health Report – Brazil (http://www.populationhealthalliance.org/publications/global-population-health-report-brazil. html) 2. 6. 7. The Staff Engagement Challenge – A Factsheet For Medical Directors (http://www.nhsemployers.org/Aboutus/Publications/Documents/Medical_Director_Factsheet_WEB.pdf) Medical Engagement: Too Important To Be Left To Chance (http://www.kingsfund.org.uk/sites/files/kf/medical-engagement-nhs-john-clark-leadership-review2012-paper.pdf) Estudo V - Pay for Performance 8. Institute of Medicine (http://www.iom.edu/reports/2006/rewarding-provider-performance-aligning-incentives-in-medicare.aspx) 9. Integrated Healthcare Association (http://www.iha.org/p4p_california.html) Estudo III - Maturidade da gestão 1. Saúde Business School - Revista FH 209 Estudo VI - Sustentabilidade da Gestão em TI 2. Saúde Business School - Revista FH 210 1. 3. Os desafios da gestão e do marketing hospitalar – Portal Administradores (www.administradores.com.br/artigos/marketing/ os-desafios-da-gestao-e-do-marketing-hospitalar/69099/) IT Forum 365 (http://www.itforum365.com.br/noticias/detalhe/19610/ quase-60-dos-estabelecimentos-de-saude-do-brasil-nao-possuemdepartamento-ou-area-de-ti) 2. Solving the talent equation for health IT - Health Research Institute - PwC (http://pwchealth.com/cgi-local/hregister.cgi/reg/pwc-hri-healthcare-it-staffing-strategies.pdf) 3. Needles in a haystack - PwC (http://www.pwc.com/us/en/health-industries/publications/needles-in-a-haystack.jhtml) 4. 5. 6. 7. Planejamento estratégico com foco na Gestão Hospitalar (www. convibra.com.br/dwp.asp?id=822&ev=5) Administração estratégica em hospitais – Fundação Getúlio Vargas (http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/handle/10438/3155) A Guide to Strategic Cost Transformation in Hospitals and Health Systems – American Hospital Association (www.hpoe.org/ resources/hpoehretaha-guides/806) Strategic Planning in Healthcare Organizations - Revista Española de Cardiologia (http://www.revespcardiol.org/en/strategic-planning-in-healthcare-organizations/articulo/90147901/) 130 - Estudo Business Club Healthcare 2014 4. Top Health Industry Issues - PwC (http://www.pwc.com/us/ en/health-industries/top-health-industry-issues/social-mobile-analytics-cloud.jhtml) - (http://www.pwc.com/us/en/health-industries/ top-health-industry-issues/health- workforce.jhtml) - (http://www. pwc.com/us/en/health-industries/our-perspective/clinical-informatics-himss-2014.jhtml) 4. GV Saúde (http://gvsaude.fgv.br/sites/gvsaude.fgv.br/files/EspecialQualihospCompleto.pdf) Estudo VIII - Gestão de Saúde Populacional Estudo IX - A figura do médico hospitalista na gestão assistencial 1. Society of Hospital Medicine (http://www.hospitalmedicine.org/) 2. Pan American Society of Hospitalists (PASHA) (http://www.panamericanhospitalists.blogspot.com.br/) 3. Medicina Hospitalar (medicinahospitalar.blogspot.com.br) 4. Medicina Hospitalar de Futuro (medicinahospitalardefuturo.com.br) 5. The Hospitalist (thehospitalist.org) 6. Wachter’s World (http://community.the-hospitalist.org/) 7. Korbes Consulting (http://www.korbesconsulting.com/artigos/ item/31-m%C3%A9dico-hospitalista-ganhos-para-o-hospita l-a-operadora-e-o-corpo-cl%C3%ADnico.html) Estudo Xi - Logística e gestão de suprimentos de saúde 1. Observatório Anahp (http://anahp.com.br/produtos/revista-observat%C3%B3rio/observat%C3%B3rio-anahp-2014) 2. Fundação Getúlio Vargas – GV Saúde (http://www.simpoi.fgvsp.br/ arquivo/2010/artigos/E2010_T00493_PCN73802.pdf) 3. McKinsey (http://www.mckinsey.com/client_service/healthcare_systems_and_services) 4. Conselho Federal de Farmácia (http://www.cff.org.br/sistemas/geral/revista/pdf/137/encarte_farmAcia_hospitalar_85.pdf) 5. Avaliação do processo de integração e colaboração na cadeia de suprimentos hospitalares: um estudo de caso sobre hospitais de médio porte da grande São Paulo (http://www.unip. br/ensino/pos_graduacao/strictosensu/eng_producao/download/ eng_eniorodrigues.pdf) 6. Avaliação dos serviços de farmácia dos hospitais estaduais do Rio de Janeiro, Brasil (http://www.scielosp.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232013002000017) 7. Pain in the Supply Chain (http://www.ups.com/content/us/en/bussol/ browse/industries/pain-in-the-chain.html) www.bchweb.com.br - 131 Comitê BCH Alexandre Hermini Hospital da Mulher – CAISM – UNICAMP Cleber Amorim Consultor BCH Clóvis Otávio Miranda Ferreira GreenLine Sistema de Saúde David Oliveira Hospital Sepaco e VP de Inovação e Conhecimento na ABCIS Euler de Paula Baumgratz Hospital Vila da Serra BH Gustavo Sergio Carvalho Hospital Vera Cruz Hiran Alencar Mora Castilho Hospital Santa Rita Paraná Jacqueline Portela Hospital Socor – BH João Sabino Fundação Bradesco José Miranda da Cruz Neto Grupo São Francisco Marcio Assis Hospital Ana Costa Michel Eduardo Consultor BCH Orlando Nista Junior Hospital Vera Cruz Campinas Rafael Antônio Parri Hospital Sepaco e Operadora de Auto Gestão Ronaldo Elchemr Kalaf Santa Helena Assistência Médica Valdir Ventura São Cristóvão Saúde Wilson Jerônimo de Andrade Hospital Santa Rita PR expediente Conselho editorial e conteúdo Pesquisas e textos Projeto gráfico, Arte e digital publishing Tania Machado CEO Cylene Souza Jornalista e co-fundadora da Integrare Bruno Gonçalves Digital Publishing Manuela Pastore Consultora de Conteúdo Adriele Marchesini Jornalista e co-fundadora da Integrare Jonatas Vasconcelos Relacionamento e Novos negócios Silvia Paladino Jornalista e co-fundadora da Integrare Ricardo Belo Direção de Criação