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Vizinhos do Lago
Itá, 1 de setembro, 2010
Edição 04
Ictiofauna
Foto: Arquivo
O monitoramento da ictiofauna tem como objetivo a prevenção e a manutenção da diversidade genética das espécies
A América do Sul possui a maior diversidade de peixes de água doce do mundo, sendo que,
para o Estado de Santa Catarina foram reportadas mais de 250 espécies. Porém, durante os últimos 30 anos,
devido a fatores como o desmatamento da vegetação ciliar, a pesca excessiva, a poluição das águas, a
introdução de espécies exóticas e, mais recentemente, a construção de barragens, o número de espécies de
peixes da Bacia do Rio Uruguai diminuiu drasticamente. As alterações no meio afetaram de forma variada as
diferentes espécies reduzindo e até restringindo a sua incidência a somente pequenas regiões da Bacia.
Para ampliar os conhecimentos em relação à biologia e cultivo de espécies de peixes da parte alta da
Bacia do Rio Uruguai, a Usina Hidrelétrica Itá implantou o Programa de Monitoramento e Manejo da
Ictiofauna. O estudo previa a manutenção da diversidade genética das espécies a partir da formação de
plantéis reprodutores, produção de alevinos e reintegração desses ao ambiente natural. O programa previa
também a Educação Ambiental junto às comunidades lindeiras, como forma de promover a conscientização
da população sobre a importância da manutenção da diversidade íctica.
Várias ações foram desenvolvidas ao longo dos anos. Em 1995, a World Fisheris Trust (Canadá)
realizou treinamento de transferência de tecnologia ao setor produtivo da região do município de São
Carlos/SC; em 1997 e, com recursos do MMA/FNMA, iniciou-se o Projeto Preservação de Peixes Migratórios
do Rio Uruguai, esse projeto visou a implantação da Estação de Piscicultura (EPISCar) na cidade de São
Carlos/SC, a implantação de um banco vivo de reprodutores, a implantação do Banco Regional de Sêmen de
Peixes do Alto Uruguai (mediante financiamento pela Canadian International Development Agency (CIDA) e,
viabilizou práticas de Conservação in vitro dos recursos genéticos de espécies de peixes migradores da
região.
Em 1998, outras cinco estações de piscicultura realizaram testes de reprodução induzida, essas foram:
Campo Experimental de Piscicultura de Camboriú (Camboriú/SC), na fazenda Panamá (Paulo Lopes/SC), na
Estação de Pesquisas e Desenvolvimento Ambiental Volta Grande (CEMIG, em Conceição de Alagoas/MG) e
no Laboratório de Biologia e Cultivo de Peixes de Água Doce (LAPAD-UFSC, em Florianópolis/SC). Da
mobilização surge a parceria entre a EPISCar e o LAPAD que rende uma produção de quase meio milhão de
larvas da espécie Curimbatã (Prochilodus lineatus). Sendo que as atividades técnicas da EPISCar foram além,
instituindo programas de Educação Ambiental que contemplaram, junto com a Associação de Municípios do
Oeste de Santa Catarina (AMOSC), em 1999, a soltura dos alevinos produzidos e visitas à Estação mediante
parceria com o Colégio Agrícola 25 de Julho, do município de São Carlos.
Monitoramento da Ictiofauna do Rio Uruguai
Em 2000, com o objetivo de determinar os meses, horários do dia, o nicho dentro da coluna da água e
os pontos do rio com maior presença de ovos e larvas de peixes no reservatório da UHE Itá. O LAPAD, em
parceria com o Consórcio Itá, desenvolveu o Projeto de Monitoramento da Ictiofauna do Rio Uruguai. Neste
projeto foram coletados e identificados ovos e larvas de diferentes grupos taxonômicos de peixes em
diferentes pontos do reservatório e determinada a estação em que se observou a maior reprodução. A
pesquisa contou com a cooperação dos pescadores da área abrangida, os quais providenciaram informação
com relação aos locais preferidos para a pesca e os materiais utilizados. Eles também preenchiam um
formulário onde reportavam espécies observadas, o horário de avistamento e as características dos
indivíduos. Dentre as atividades desenvolvidas pelo LAPAD também estava o monitoramento mediante
biotelemetria, onde, até maio de 2002 haviam sido implantados 74 rádio-transmissores em exemplares
pertencentes a quatro espécies, à jusante da UHE Itá. A partir dos dados foram obtidos indícios da época de
piracema e dos deslocamentos migratórios das espécies marcadas.
Com o objetivo de avaliar a possibilidade de reproduzir espécies de peixes nativos do Rio Uruguai, o
LAPAD instalou 32 tanques-rede em uma baía da área de segurança do reservatório da UHE Itá, testando,
num primeiro momento, as espécies Dourado e Jundiá.
Em 2002 foi iniciada a reprodução induzida da Piracanjuba na EPISCar, espécie considerada
ameaçada de extinção e que é encontrada somente em pequenas áreas da bacia do Rio Uruguai. Com a
reprodução desta espécie surgiu o Projeto Achei uma Piracanjuba, onde os pescadores deveriam informar ao
Centro de Divulgação Ambiental (CDA), da captura de qualquer um dos três mil indivíduos de Piracanjuba
marcados e soltos em três pontos do reservatório. Os pescadores que aderiram ao projeto ganhavam brindes
alusivos ao mesmo.
Devido às dificuldades para reproduzir espécies para o repovoamento do Rio Uruguai na EPISCar, em
2004, foi assinado um convênio entre o Consórcio Itá e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis (IBAMA), com o objetivo de auxiliar na manutenção da ictiofauna da região. As atividades
compreendem a reprodução e soltura de alevinos de espécies de peixes nativas nos afluentes da parte alta da
Bacia do Rio Uruguai, desde os seus principais tributários, Rios Canoas e Pelotas até o Rio Chapecó. O
processo foi estruturado de forma a colocar, num primeiro momento, espécies consideradas base (Jundiá,
Curimbatã etc.) na cadeia alimentar. Os alevinos soltos são produzidos na Base Avançada de Pesquisa (BAP)
do IBAMA em Chapecó e repassados para soltura para a BAP Painel (Lages/SC) ou para a Polícia Militar
Ambiental.
Eventualmente, são recebidas e estudadas solicitações de alevinos por parte de prefeituras da área de
abrangência da UHE Itá. As Prefeituras de Marcelino Ramos, Itatiba do Sul, Severiano de Almeida, Concórdia
e Coronel Freitas/SC já tiveram as suas solicitações atendidas. Mediante o convênio, já foram colocados mais
de três milhões de alevinos.
Outras ações
Das ações desenvolvidas pelo Consórcio Itá em relação à ictiofauna, surgem várias ações pontuais e
permanentes. Como parte das atividades permanentes, placas informativas foram fixadas nos pontos de
desova e foi incorporado ao Salão de Exposições Permanentes do CDA, o “Espaço Cultural da Ictiofauna
ECI”. Dentre as ações pontuais podem ser destacadas as atividades do projeto de divulgação ambiental dos
trabalhos realizados pela EPISCar e pelo LAPAD. A iniciativa estendeu-se às escolas e comunidades linderias
em 2005.
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